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HISTÓRIA
CONTEMPORÂNEA
DISCIPLINA: HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA II
ALUNOS: JOÃO GUSTAVO DE OLIVEIRA,
BRENDA PIMENTEL
CURSO: 1 ANO DE JORNALISMO, 2° SEM.
ÍNDICE ANALÍTICO
PARTE 1
GUERRA FRIA
Antecedentes .......................................................................................................... 4
Ideologia dos Titãs ................................................................................................. 4
Corrida armamentista e a “Paz Armada” ............................................................... 5
My name is bond, James Bond …………………………………………………….…… 6
Consequências da Guerra Fria …………..........................................................…… 6
PARTE 2
ERA VARGAS
Pai Patrão ............................................................................................................... 8
O quadro econômico ............................................................................................... 8
A política externa brasileira e a “boa vizinhança” ................................................... 9
O declínio do Estado Novo ..................................................................................... 10
Todos pela democracia ........................................................................................... 10
Queremismo …….......................................................................................……….. 11
“Publicidade” no Brasil …………………............................................................…. 12
A queda do poder e o suicídio de Vargas ................................................................ 13
Carta Testamento .................................................................................................. 16
2
Bibliografia e referências ....................................................................................... 18
Guerra Fria
Na Europa e na América
Há um crescente sentimento de histeria
Condicionada para responder a todas as ameaças
Na retórica dos discursos soviéticos
O senhor Khrushchev disse, "nós vamos enterrar vocês"
Eu não aprovo seu ponto de vista
Isso seria uma coisa muito ignorante a fazer
Se os Russos amam suas crianças também (...)
(Sting. Russians, 1986)
3
ANTECEDENTES
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e, consequentemente, a “derrubada” de Hitler,
iniciou-se um período de forte tensão entre as emergentes potências EUA e URSS, que
instauraram no mundo uma espécie de “paz armada”. Essa disputa foi um embate que só
ficou no campo ideológico, mas trouxe como consequência diversos pontos positivos e,
também, negativos como, por exemplo, um desenvolvimento tecnológico muito acentuado.
A IDEOLOGIA DOS TITÃS
Com o pós-guerra iniciou-se um período que, ao contrário da falsa harmonia e o inicio de
uma nova belle époque, foi marcado por uma tensão que duraria até meados de 1986 entre os
Americanos e os Soviéticos, entendendo-se para o resto do mundo – que, por sua vez,
ficaram submetidos aos desejos de ambas as potências.
De um lado estava o EUA, que saiu da Segunda Guerra Mundial mais forte do que entrou.
Sua política imperialista e seu desejo de espalhar a influência do sistema capitalismo ao
mundo que, apesar de se mostra falho em meados de 29, mostrou ser um sistema que, apesar
das constantes crises, era capaz de crescer dos erros e se mostrava o mais útil sistema de
acumulação de capital (e consequentemente de poder). Os Estados Unidos também defendia
o direito da propriedade privada, a democracia e a política de mercado – base do sistema
capitalista.
Já a URSS, que como o próprio nome deixa implícito, defendia o socialismo. O socialismo –
hoje “fora dos trilhos” – era um sistema baseado na economia planificada. Esse sistema
econômico entra em contraste puro com a economia de mercado – vigente quase que em todo
o mundo atualmente –, que é à base do sistema capitalista, pois seria uma espécie de
economia baseada no planejamento e acompanhada por especialistas do Estado,
principalmente com relação aos meios de produção; esse sistema detém o poder sobre os
meios de produção e vai controlar as atividades econômicas, ao passo que a economia de
mercado baseia-se nos interesses individuais, onde a produção, distribuição, investimentos e
preços caberão única e exclusivamente ao proprietário privado, sem a intervenção do Estado.
Não sendo esta a característica exclusiva deste sistema socialista, o mesmo irá defender a
4
existência de um partido político único (o comunismo) e, também, uma igualdade social
muito marcada. Estranho pensar que um sistema assim, onde é vigente a falta de democracia
– muito difundida como o sistema máximo de participação popular na política do Estado e
que, como sabemos, só funciona no imaginário – pudesse dar certo. Mas deu, em partes.
O fato de o socialismo surgir como uma nova ideia que possivelmente daria certo, reforçada
com a crise de 29 que deixou claro que os braços do “polvo capitalista” somente não
alcançavam a URSS, os Estados Unidos passou a temer sua perda de influência e, logo,
inicia-se uma corrida pela hegemonia dos sistemas: Os EUA com o Bloco Capitalismo e a
URSS com o Socialismo. Ambos tentando espalhar e aumentar suas áreas de influência.
CORRIDA ARMAMENTISTA E A “PAZ ARMADA”
Como citado, na busca pela disseminação de suas ideologias, os países em questão iniciou
uma corrida armamentista espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos
territórios aliados1
. Essa “paz armada” funcionou muito bem na prática e na teoria, pois uma
vez que houvesse o equilíbrio bélico entre as duas super potências – EUA e URSS – a paz
estaria garantida, já que a existência do ataque inimigo era iminente.
Nesse meio tempo, para defender os interesses militares de seus países e membros aliados,
tanto os EUA quanto a URSS criam dois blocos militares. Os EUA lideravam a OTAN
(Organização do Tratado do Atlântico Norte), que surgiu em 1949 e integrava o Canadá e os
países da Europa Ocidental. A OTAN tinha como objetivo assegurar uma manutenção
coletiva dos países aliados contra um possível ataque diretos dos soviéticos, contudo isso só
funcionou ideologicamente, pois nunca aconteceu. Já a URSS que liderava o Pacto de
Varsóvia, defendia militarmente os países que faziam parte do bloco socialista como, por
exemplo, Cuba, China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia,
Tchecoslováquia e Polônia.
1
SUA PESQUISA. História da Guerra Fria. Disponível em: < http://www.suapesquisa.com/guerrafria/>.
Acesso: 12 de outubro de 2011.
5
MY NAME IS BOND, JAMES BOND.
James Bond, personagem fictício criado pelo agente de serviço secreto em Moscou nos anos
50, Ian Fleming, era o perfil e a imagem perfeita que as potências do ocidente gostariam de
transmitir ao mundo. Um agente bonito, irresistível às mulheres e, mais do que isto,
extremamente competente. Com suas armas de alta tecnologia, o Inglês “boa pinta”, Bond,
salvava o mundo constantemente do monstro soviético - quase sempre sem suar a camisa. A
propaganda anti-soviética feita de forma tão acentuada tinha um único propósito: estigmatizar
o comunismo e socialismo e mostrar que o capitalismo era a forma econômica mais benéfica
para o mundo. Outros heróis também entraram para o “cardápio” propagandístico de
Hollywood como Indiana Jones e Rambo (desenho que mais tarde entraria para o cinema
estrelado por Silvéster Stallone).
Contudo, isso não se restringiu apenas ao universo adulto, a ameaça comunista também era
uma realidade no mundo infantil. Temos como exemplo os desenhos do Capitão América,
que lutava incansavelmente contra a Caveira Vermelha. Wolverine, em um dos episódios da
série X-mens (1993 a 1997), enfrenta o terrível e indestrutível vilão Omega Red, um soldado
soviético criado para lutar ao interesses Russos.
Essa imagem “diabólica” do comunista foi algo que realmente surtiu efeito e até hoje as
pessoas têm certo receio quando tratamos de comunismo. Devemos isto à indústria
cinematográfica e aos quadrinhos da época.
CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA FRIA
Foram muitos as consequências que surgiram deste tenso conflito como, por exemplo, um
desenvolvimento bélico muito acentuado para garantir o equilíbrio armamentista. Entretanto
um ponto forte, se não o principal, foi o desenvolvimento tecnológico provido dessa disputa
de egos, com destaque para a produção de lixo atômico. A “corrida espacial” foi outro
importante fator deste processo, com destaque para o lançamento do primeiro satélite pelos
russos, assim como a construção de estações espaciais. Alem disto, temos o pouso dos
americanos à lua. Em suma, o medo e as incertezas sobre uma provável Terceira Guerra
Mundial foi o que vigorou neste período.
6
ERA VARGAS
“Agora eu vou mudar minha conduta,
Eu vou pra luta
Pois eu quero me aprumar.
Vou tratar você com força bruta,
Pra poder me reabilitar.
Pois esta vida não está sopa
E eu pergunto: com que roupa,
Com que roupa eu vou
Ao samba que você me convidou?”
(Noel Rosa, Com que roupa, 1931)
7
PAI PATRÃO
Getulio Vargas entrou para a história como o presidente mais popular de todos os tempos.
Amado pelas massas de nosso país, apesar do autoritarismo característico de seu governo,
Getulio chega ao poder em 1930, através de um golpe militar, e governaria o país ao longo de
quase 20 anos, deixando seu posto como desejava: morto, apenas. E de fato: Getulio se
suicida em agosto de 1954.
Deixando um vazio, ou não, para a história, o fato é que Getulio Vargas, apesar do alto grau
populista, não foi tão bom quanto se pensava. Seu autoritarismo, pouco sentido e camuflado
pelo sorriso gentil e pela lábia persuasiva, foi algo gradativo, que se intensificava conforme o
surgimento de revoltas e manifestações populares, como a de 34. Apesar dos “poréns”,
Vargas sem dúvida trouxe um progresso, até então inimaginável, para o país. Rompendo com
o passado, a República Nova agora crescia, tanto economicamente quanto “humanamente”
(ao que se diz respeito à classe operária).
O QUADRO ECONÔMICO
Podemos destacar a economia brasileira até a década de 1930, como um modelo
agroexportador, ou seja, a economia brasileira era voltada para o modo de produção rural:
café, tabaco, algodão, entre outros produtos que consolidaram a economia brasileira. Em
suma, o Brasil era um país que vendia matéria primas e gêneros tropicais e, no entanto,
comprava grande parte dos produtos industrializados de potências como a Inglaterra, EUA,
Alemanha e outros países europeus. Entretanto, com a crise de 1929, este quadro mudaria
consideravelmente, pois a retração do mercado externo, mediante a crise, obrigou o governo
brasileiro a voltar-se para o seu interior, estimulando atividades que pudessem substituir as
importações. Contudo, é a partir de 1937, com o Estado Novo, que se definiu a implantação
do modelo de substituição de importação, ou seja, através de uma intervenção econômica, o
Estado restringiu a importação de bens de consumo não duráveis e estimulou a importação de
bens de produção de produto e bens de consumo duráveis como máquinas, equipamentos e
automóveis.
8
Não foi uma medida, de toda nacionalista. No mundo inteiro as trocas comerciais decaiam
em virtude da crise de 1929 e pela tendência monopolista do capitalismo mundial. Neste
período, o Estado populista direcionou seus investimentos para garantir a montagem de uma
infra- estrutura que permitisse a expansão do capitalismo nacional ao mesmo tempo em que
socorria o setor cafeeiro com a compra e a queima da produção de excedentes.
A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA E A BOA VIZINHANÇA
Apesar da desastrosa crise, o Brasil soube tira certo proveito da situação. O Estado manteve
estreitas relações diplomáticas e econômicas tanto com o EUA quanto com a Alemanha.
Devido à indefinição do quadro internacional, no que se diz respeito aos benefícios que as
potências podiam oferecer, sem contar as divisões internas das alianças políticas brasileiras, o
país ficou limitado a qualquer relação direta com essas mesmas potências. Com a invasão da
Polônia pelas tropas alemãs, inicia-se, então, a Segunda Guerra Mundial, e, para o Brasil, este
era o momento de definições. Em 1942 sobre o pretexto de navios brasileiros terem sido
atingidos por torpedos alemães, Vargas declara Guerra às forças do Eixo. Entretanto, esta
aliança aos EUA não seria gratuita. O Estado Americano emprestaria ao país 20 milhões de
dólares para a construção de uma usina siderúrgica no país, em troca de utilizar o Brasil em
caso de necessidade militar.
Em abril de 1942, Vargas, inicia a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN),
em Volta redonda. Em janeiro daquele mesmo o ano o governo rompeu relações, por
definitivo, com o Eixo e, quando os alemães atacaram as embarcações brasileiras, na prática,
o Brasil já não estava mais em uma situação de neutralidade. A intenção dos americanos, em
suma, com esta relação Brasil-EUA, era impedir que os alemães tivessem “livre transito”
pelo hemisfério sul. Segundo Flavio Campos e Renan Garcia2
“antes de entrar na guerra, os
EUA garantiram sua retaguarda com uma ampla ofensiva política, cultura e econômica que,
alem do Brasil, também se dirigiu a Argentina e ao México. Foi à política de “boa
vizinhança”, criada oficialmente a partir de 1940”.
Além da CSN, foi criada, também, em 1942, a Campainha do Vale do Rio Dose. Essas
empresas buscavam abastecer o mercado interno com matérias-primas, bens intermediários a
2
CAMPOS, Flavio de; MIRANDA, Renan Garcia. A escrita da História: Política Externa Brasileira, pag. 524.
1. ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005.
9
produção de outros bens e a diversificação industrial. Apesar dos avanços advindos desta
modernização e impulso da industrialização, tudo se fazia ao sigilo do autoritarismo e do
pragmatismo diplomático. Contudo, tal ambigüidade de Vargas teia o seu preço.
O DECLÍNIO DO ESTADO NOVO
Embora tivesse influências fortemente fascistas, a estrada do Brasil na guerra ao lado dos
Aliados expôs suas próprias contradições, enfraquecendo, assim, o governo varguista. Com
os avanços das forças aliadas, a partir de 1943, Vargas comprometeu-se a realizar eleições
gerais ao final dos conflitos militares. Com isto, o processo de democratização passaria a ser
alvo de intensa disputa. Com a iminente reabertura do poder legislativo, isto só se agravaria.
O Estado Populista teria de se adaptara a democracia representativa e os compromissos entre
diversos grupos sociais teriam que ser atualizado.
TODOS PELA DEMOCRACIA
Com a participação do Brasil na guerra, manifestações de contestações a ditadura varguista
foram ganhando forças. No aniversário de 13 anos da “Revolução” de 30, representantes da
oligarquia Mineira laçaram o “Manifesto dos Mineiros”, defendendo o estabelecimento da
normalidade democrática no País. Uma passeata de estudantes da Faculdade de Direito do
Largo São Francisco, no mesmo ano, em São Paulo, resultou na morte de dois jovens devido
à repressão. A mascara literalmente havia caído, e o governo autoritário, desnudo, mostrava,
agora, sua verdadeira face. Apesar da repressão, a UNE (União Nacional dos Estudantes)
levantou-se em todo o país contra a ditadura varguista. O estrago já estava feito. Estudantes,
intelectuais, jornalistas, advogados e artistas se uniram a favor da democracia. Pouco a pouco
a repressão ia perdendo força frente às manifestações e, até mesmo as representantes mais
conservadores como Góis Monteiro, pronunciava-se a favor das eleições. A ditadura tinha,
agora, seus dias contados.
Contudo, as promessas de uma nova eleição e um futuro democrático eram incertos, ao longo
de seus 15 anos de governo a população havia se acostumado a ditadura de Vargas. Desde o
início das manifestações pela democracia, em 1943, correram diversos conflitos entre
cidadãos, forças políticas, e prisões de liderança política. Entretanto, ainda sim, Vargas
prometia a democracia e afirmava que não concorreriam as eleições para presidência daquele
10
ano, agora marcadas para dezembro de 1945. Mas o que era de se esperas, suas declarações
não eram tidas com muita credibilidade. Contudo, a oposição tentaria antecipar-se ao ditador.
QUEREMISMO
Em meio às inseguranças que cercavam as eleições, um fato surpreendeu a nação: Prestes, em
um comício, em São Paulo, defendeu a permanecia de Getúlio Vargas ao poder até a
elaboração de uma nova constituinte para o Brasil. O lema dos comunistas recém-libertados
das prisões do Estado Novo passou a ser “Constituinte com Getúlio”. Com o
enfraquecimento de seu poder frente ao Exército e Oligarquias, principalmente à oposição,
Vargas buscou se aproximar mais dos movimentos populares, na tentativa de equilibrar o
poder.
Não demorou muito para a massa começar a exigir que Getúlio ficasse no poder nesta
transição ditadura-democracia. Seus manifestantes e seguidores passaram a ser conhecidos
por “queremistas”: queremos Getúlio!
Com o temor de que os grupos mais conservadores, sob influência das oligarquias e a pressão
norte-americana, tomassem o poder, o PCB seguiu orientações de Moscou para apoiar
Vargas. Sob a óptica de seus dirigentes, uma constituinte com Getúlio traria mais avanços à
classe trabalhadora. Todavia, um ato político-administrativo acabou por atrapalhar os planos
de Vargas.
O ex-tenente João Alberto, que desde agosto de 1945, daquele ano, tentava impedir, sem
sucesso, as campanhas e comícios queremistas, mais tarde, em 29 de outubro, comunicou seu
remanejamento da Chefia da Policia para a prefeitura do Distrito Federal. Horas depois do
comunicado, Góis Monteiro e seu Ministro da Guerra na ocasião e os chefes das Forças
Armadas depuseram Vargas. Como medida provisória, José Linhares, presidente do Supremo
Tribunal, assumiu a presidência da república. Apesar de tudo e do tumultuado momento,
manteve-se o calendário eleitoral, assim, em 2 de dezembro de 1945, Eurico Gaspar Dutra
ganha às eleições.
11
Apesar de deposto e recolhido a sua fazenda em São Borja, no Rio Grande do Sul, Vargas
ainda viria a exercer forte influência na política nacional.
“PUBLICIDADE” NO BRASIL
Uma característica importante que podemos destacar do período populista no Brasil, que se
inicia com o rearranjo da democracia ao final do Estado Novo, por Vargas, e segue até a
ditadura militar, em 1964, no país, é a intensa participação das massas na política nacional.
Como artistas, os presidentes deste período arrastavam multidões em comícios e nutriam
verdadeira veneração em seus fãs, sobretudo Vargas, o presidente mais popular deste período.
O carisma e o forte poder de influência sobre as massas eram as características mais
marcantes em Vargas, contudo ele não foi único. Verdadeiros lideres carismáticos como
Evita Perón, na Argentina e Evo Morales, na Colômbia, também faziam essa linha de “pai
dos pobres”.
O populismo, em temos técnicos, foi um período em que o governo encontrava apoio nas
massas, utilizando-se disto para obter o apoio popular.
Esses líderes tinham a simpatia e feição da população muito facilmente, estabelecendo,
assim, laços emocionais e não racionais. Esse contato popular, muitas vezes era direto,
desprezando, assim, qualquer intermediário. E era esta aproximação que iria gerar o
sentimento de feição e simpatia do líder. Outras causas como, por exemplo, a intervenção que
o Estado passou a ter nas relações patrão-empregado, com o pacto populista, foi um fator que
contribui muito para essa proximidade. Vargas, assim, passou a ser conhecido como “pai dos
pobres”. Sua liderança carismática e sua contribuição para a aprovação de reformas
trabalhistas que favoreciam os operariados fizeram com que ele, fosse aclamado, ainda mais,
pela população.
O movimento populista, como já citado, não foi um movimento exclusivamente brasileiro.
Podemos referir, no mundo, ao populismo russo no final do século XIX, que propunha uma
radical reforma agrária. Atualmente, podemos citar como exemplo de populismo o Hugo
12
Chávez, na Venezuela e, até mesmo no Brasil, o ex-presidente Lula, exemplo máximo de
carisma nos dias atuais e o que mais seguiu a “linha” varguista.
A QUEDA DO PODER E SUICÍDIO DE VARGAS
Duas vezes presidente da Republica, sendo a primeira pela revolução de 30, e a segunda por
voto direto, em 1950, a missão de Vargas aparentava-se bastante longa. Após eleito em 1950,
Getúlio tomou o poder novamente no ano seguinte, em 31 de Janeiro de 1951, carregando
consigo todo nacionalismo e claro, o populismo característico de seu governo.
Amado pelo povo, mas já enfrentando problemas com grandes empresários por
consequências de aumentos do salário mínimo em 100%, o “pai dos pobres” caminhava para
a sua crise política.
Como se já não bastasse à insatisfação dos empresários, também, com as medidas que
levaram ao monopólio da exploração de petróleo no Brasil, Vargas enfrentou uma forte
pressão pela oposição sobre o envolvimento de Gregório Fortunato, comandante de sua
Guarda Pessoal, no atentado contra o Jornalista Carlos Lacerda que, diga-se de passagem, era
um ferrenho opositor ao governo getulista.
Diante de todos esses acontecimentos do governo de Getúlio em 1954, os militares reuniram-
se com o presidente e recomendaram-lhe que renunciasse. Por desventura desse pedido, a
história brasileira foi marcada pela fala de Getúlio como resposta aos militares: “Só morto
sairei do catete”.
Massacrado pela oposição, pela imprensa e não mais resistindo às pressões exercidas sobre
seu governo, Getúlio Vargas suicidou-se, com um tiro no peito, na madrugada de 23 para 24
de agosto do ano de 1954. Deixando como legado a famosa carta-testamento – parcialmente
exibida pelos jornais do dia seguinte como o Ultima Hora –. A publicação de que Vargas
havia se matado provocou um profundo espírito comoção na população brasileira. Seguiu-se
para as ruas multidões que depredaram e incendiaram vários lugares que supostamente eram
oposicionistas a Vargas. Ao serem noticiados pequenos fragmentos da carta, ações como
13
essas se multiplicaram pelo país e representam, até hoje, uma das maiores comoções
nacionais da história.
14
3
3
Foto/divulgação: WEB
15
CARTA TESTAMENTO
Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se
desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me
dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu
não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos
econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o
trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao
governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à
dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros
extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se
desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas
através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A
Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
16
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária
que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até
500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas
de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso
principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a
nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante,
incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para
defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu
sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo
brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma
sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia
para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a
força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de
luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a
vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.
E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e
hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo
de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu
resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado
de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha
vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no
caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.
(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)
17
Bibliografia e Referências
CAMPOS, Flavio de; MIRANDA, Renan Garcia. A escrita da História. 1. ed. São Paulo:
Escala Educacional, 2005.
SCHILLING, Voltaire. Educa Terra: Os Estados Unidos e o início da Guerra Fria.
Disponível em: < http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/guerra_fria.htm >. Acesso: 12
de outubro de 2011.
MOREIRA, Fernando. Cultura Mix: Economia Planificada. Disponível em: <
http://economia.culturamix.com/mercado/economia-planificada >. Acesso: 13 de outubro de
2011.
GOMES, Cristiana. Info Escola: Guerra Fria. Disponível em: <
http://www.infoescola.com/historia/guerra-fria/ >. Acesso: 14 de outubro de 2011.
MARINHO, Jaison. Mundo Vestibular: Era Vargas. Disponível em: <
http://www.mundovestibular.com.br/articles/4375/1/ERA-VARGAS/Paacutegina1.html >.
Acesso: 11 de novembro de 2011.
18
BUENO, Newton Paulo. Scielo Brasil: A crise política do final da era Vargas: uma
interpretação sob a ótica da economia política neo-institucionalista. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-41612006000100008&script=sci_arttext >.
Acesso: 11 de novembro de 2011.
SUA PESQUISA. Era Vargas. Disponível em: < http://www.suapesquisa.com/vargas/>.
Acesso: 12 de novembro de 2011.
SANTANA, Miriam Ilza. Info Escola: Era Vargas. Disponível em: <
http://www.infoescola.com/historia/era-vargas/ >. Acesso: 12 de novembro de 2011.
GAMA, Allan. Historiateca Brasil: Populismo no Brasil. Disponível em: <
http://www.historiatecabrasil.com/2010/05/o-populismo-no-brasil.html >. Acesso: 15 de
novembro de 2011.
ÁTICA EDUCACIONAL. O suicídio de Vargas. Disponível em: <
http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/secoes/datas_hist.aspx?cod=543 >. Acesso: 18 de
novembro de 2011.
MANIA DE HISTÓRIA. Carta testamento. Disponível em: <
http://maniadehistoria.wordpress.com/carta-testamento-de-getulio-vargas/ >. Acesso: 24 de
novembro de 2011.
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A guerra fria e era Vargas

  • 1. HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DISCIPLINA: HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA II ALUNOS: JOÃO GUSTAVO DE OLIVEIRA, BRENDA PIMENTEL CURSO: 1 ANO DE JORNALISMO, 2° SEM.
  • 2. ÍNDICE ANALÍTICO PARTE 1 GUERRA FRIA Antecedentes .......................................................................................................... 4 Ideologia dos Titãs ................................................................................................. 4 Corrida armamentista e a “Paz Armada” ............................................................... 5 My name is bond, James Bond …………………………………………………….…… 6 Consequências da Guerra Fria …………..........................................................…… 6 PARTE 2 ERA VARGAS Pai Patrão ............................................................................................................... 8 O quadro econômico ............................................................................................... 8 A política externa brasileira e a “boa vizinhança” ................................................... 9 O declínio do Estado Novo ..................................................................................... 10 Todos pela democracia ........................................................................................... 10 Queremismo …….......................................................................................……….. 11 “Publicidade” no Brasil …………………............................................................…. 12 A queda do poder e o suicídio de Vargas ................................................................ 13 Carta Testamento .................................................................................................. 16 2
  • 3. Bibliografia e referências ....................................................................................... 18 Guerra Fria Na Europa e na América Há um crescente sentimento de histeria Condicionada para responder a todas as ameaças Na retórica dos discursos soviéticos O senhor Khrushchev disse, "nós vamos enterrar vocês" Eu não aprovo seu ponto de vista Isso seria uma coisa muito ignorante a fazer Se os Russos amam suas crianças também (...) (Sting. Russians, 1986) 3
  • 4. ANTECEDENTES Com o fim da Segunda Guerra Mundial e, consequentemente, a “derrubada” de Hitler, iniciou-se um período de forte tensão entre as emergentes potências EUA e URSS, que instauraram no mundo uma espécie de “paz armada”. Essa disputa foi um embate que só ficou no campo ideológico, mas trouxe como consequência diversos pontos positivos e, também, negativos como, por exemplo, um desenvolvimento tecnológico muito acentuado. A IDEOLOGIA DOS TITÃS Com o pós-guerra iniciou-se um período que, ao contrário da falsa harmonia e o inicio de uma nova belle époque, foi marcado por uma tensão que duraria até meados de 1986 entre os Americanos e os Soviéticos, entendendo-se para o resto do mundo – que, por sua vez, ficaram submetidos aos desejos de ambas as potências. De um lado estava o EUA, que saiu da Segunda Guerra Mundial mais forte do que entrou. Sua política imperialista e seu desejo de espalhar a influência do sistema capitalismo ao mundo que, apesar de se mostra falho em meados de 29, mostrou ser um sistema que, apesar das constantes crises, era capaz de crescer dos erros e se mostrava o mais útil sistema de acumulação de capital (e consequentemente de poder). Os Estados Unidos também defendia o direito da propriedade privada, a democracia e a política de mercado – base do sistema capitalista. Já a URSS, que como o próprio nome deixa implícito, defendia o socialismo. O socialismo – hoje “fora dos trilhos” – era um sistema baseado na economia planificada. Esse sistema econômico entra em contraste puro com a economia de mercado – vigente quase que em todo o mundo atualmente –, que é à base do sistema capitalista, pois seria uma espécie de economia baseada no planejamento e acompanhada por especialistas do Estado, principalmente com relação aos meios de produção; esse sistema detém o poder sobre os meios de produção e vai controlar as atividades econômicas, ao passo que a economia de mercado baseia-se nos interesses individuais, onde a produção, distribuição, investimentos e preços caberão única e exclusivamente ao proprietário privado, sem a intervenção do Estado. Não sendo esta a característica exclusiva deste sistema socialista, o mesmo irá defender a 4
  • 5. existência de um partido político único (o comunismo) e, também, uma igualdade social muito marcada. Estranho pensar que um sistema assim, onde é vigente a falta de democracia – muito difundida como o sistema máximo de participação popular na política do Estado e que, como sabemos, só funciona no imaginário – pudesse dar certo. Mas deu, em partes. O fato de o socialismo surgir como uma nova ideia que possivelmente daria certo, reforçada com a crise de 29 que deixou claro que os braços do “polvo capitalista” somente não alcançavam a URSS, os Estados Unidos passou a temer sua perda de influência e, logo, inicia-se uma corrida pela hegemonia dos sistemas: Os EUA com o Bloco Capitalismo e a URSS com o Socialismo. Ambos tentando espalhar e aumentar suas áreas de influência. CORRIDA ARMAMENTISTA E A “PAZ ARMADA” Como citado, na busca pela disseminação de suas ideologias, os países em questão iniciou uma corrida armamentista espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos territórios aliados1 . Essa “paz armada” funcionou muito bem na prática e na teoria, pois uma vez que houvesse o equilíbrio bélico entre as duas super potências – EUA e URSS – a paz estaria garantida, já que a existência do ataque inimigo era iminente. Nesse meio tempo, para defender os interesses militares de seus países e membros aliados, tanto os EUA quanto a URSS criam dois blocos militares. Os EUA lideravam a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que surgiu em 1949 e integrava o Canadá e os países da Europa Ocidental. A OTAN tinha como objetivo assegurar uma manutenção coletiva dos países aliados contra um possível ataque diretos dos soviéticos, contudo isso só funcionou ideologicamente, pois nunca aconteceu. Já a URSS que liderava o Pacto de Varsóvia, defendia militarmente os países que faziam parte do bloco socialista como, por exemplo, Cuba, China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia. 1 SUA PESQUISA. História da Guerra Fria. Disponível em: < http://www.suapesquisa.com/guerrafria/>. Acesso: 12 de outubro de 2011. 5
  • 6. MY NAME IS BOND, JAMES BOND. James Bond, personagem fictício criado pelo agente de serviço secreto em Moscou nos anos 50, Ian Fleming, era o perfil e a imagem perfeita que as potências do ocidente gostariam de transmitir ao mundo. Um agente bonito, irresistível às mulheres e, mais do que isto, extremamente competente. Com suas armas de alta tecnologia, o Inglês “boa pinta”, Bond, salvava o mundo constantemente do monstro soviético - quase sempre sem suar a camisa. A propaganda anti-soviética feita de forma tão acentuada tinha um único propósito: estigmatizar o comunismo e socialismo e mostrar que o capitalismo era a forma econômica mais benéfica para o mundo. Outros heróis também entraram para o “cardápio” propagandístico de Hollywood como Indiana Jones e Rambo (desenho que mais tarde entraria para o cinema estrelado por Silvéster Stallone). Contudo, isso não se restringiu apenas ao universo adulto, a ameaça comunista também era uma realidade no mundo infantil. Temos como exemplo os desenhos do Capitão América, que lutava incansavelmente contra a Caveira Vermelha. Wolverine, em um dos episódios da série X-mens (1993 a 1997), enfrenta o terrível e indestrutível vilão Omega Red, um soldado soviético criado para lutar ao interesses Russos. Essa imagem “diabólica” do comunista foi algo que realmente surtiu efeito e até hoje as pessoas têm certo receio quando tratamos de comunismo. Devemos isto à indústria cinematográfica e aos quadrinhos da época. CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA FRIA Foram muitos as consequências que surgiram deste tenso conflito como, por exemplo, um desenvolvimento bélico muito acentuado para garantir o equilíbrio armamentista. Entretanto um ponto forte, se não o principal, foi o desenvolvimento tecnológico provido dessa disputa de egos, com destaque para a produção de lixo atômico. A “corrida espacial” foi outro importante fator deste processo, com destaque para o lançamento do primeiro satélite pelos russos, assim como a construção de estações espaciais. Alem disto, temos o pouso dos americanos à lua. Em suma, o medo e as incertezas sobre uma provável Terceira Guerra Mundial foi o que vigorou neste período. 6
  • 7. ERA VARGAS “Agora eu vou mudar minha conduta, Eu vou pra luta Pois eu quero me aprumar. Vou tratar você com força bruta, Pra poder me reabilitar. Pois esta vida não está sopa E eu pergunto: com que roupa, Com que roupa eu vou Ao samba que você me convidou?” (Noel Rosa, Com que roupa, 1931) 7
  • 8. PAI PATRÃO Getulio Vargas entrou para a história como o presidente mais popular de todos os tempos. Amado pelas massas de nosso país, apesar do autoritarismo característico de seu governo, Getulio chega ao poder em 1930, através de um golpe militar, e governaria o país ao longo de quase 20 anos, deixando seu posto como desejava: morto, apenas. E de fato: Getulio se suicida em agosto de 1954. Deixando um vazio, ou não, para a história, o fato é que Getulio Vargas, apesar do alto grau populista, não foi tão bom quanto se pensava. Seu autoritarismo, pouco sentido e camuflado pelo sorriso gentil e pela lábia persuasiva, foi algo gradativo, que se intensificava conforme o surgimento de revoltas e manifestações populares, como a de 34. Apesar dos “poréns”, Vargas sem dúvida trouxe um progresso, até então inimaginável, para o país. Rompendo com o passado, a República Nova agora crescia, tanto economicamente quanto “humanamente” (ao que se diz respeito à classe operária). O QUADRO ECONÔMICO Podemos destacar a economia brasileira até a década de 1930, como um modelo agroexportador, ou seja, a economia brasileira era voltada para o modo de produção rural: café, tabaco, algodão, entre outros produtos que consolidaram a economia brasileira. Em suma, o Brasil era um país que vendia matéria primas e gêneros tropicais e, no entanto, comprava grande parte dos produtos industrializados de potências como a Inglaterra, EUA, Alemanha e outros países europeus. Entretanto, com a crise de 1929, este quadro mudaria consideravelmente, pois a retração do mercado externo, mediante a crise, obrigou o governo brasileiro a voltar-se para o seu interior, estimulando atividades que pudessem substituir as importações. Contudo, é a partir de 1937, com o Estado Novo, que se definiu a implantação do modelo de substituição de importação, ou seja, através de uma intervenção econômica, o Estado restringiu a importação de bens de consumo não duráveis e estimulou a importação de bens de produção de produto e bens de consumo duráveis como máquinas, equipamentos e automóveis. 8
  • 9. Não foi uma medida, de toda nacionalista. No mundo inteiro as trocas comerciais decaiam em virtude da crise de 1929 e pela tendência monopolista do capitalismo mundial. Neste período, o Estado populista direcionou seus investimentos para garantir a montagem de uma infra- estrutura que permitisse a expansão do capitalismo nacional ao mesmo tempo em que socorria o setor cafeeiro com a compra e a queima da produção de excedentes. A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA E A BOA VIZINHANÇA Apesar da desastrosa crise, o Brasil soube tira certo proveito da situação. O Estado manteve estreitas relações diplomáticas e econômicas tanto com o EUA quanto com a Alemanha. Devido à indefinição do quadro internacional, no que se diz respeito aos benefícios que as potências podiam oferecer, sem contar as divisões internas das alianças políticas brasileiras, o país ficou limitado a qualquer relação direta com essas mesmas potências. Com a invasão da Polônia pelas tropas alemãs, inicia-se, então, a Segunda Guerra Mundial, e, para o Brasil, este era o momento de definições. Em 1942 sobre o pretexto de navios brasileiros terem sido atingidos por torpedos alemães, Vargas declara Guerra às forças do Eixo. Entretanto, esta aliança aos EUA não seria gratuita. O Estado Americano emprestaria ao país 20 milhões de dólares para a construção de uma usina siderúrgica no país, em troca de utilizar o Brasil em caso de necessidade militar. Em abril de 1942, Vargas, inicia a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta redonda. Em janeiro daquele mesmo o ano o governo rompeu relações, por definitivo, com o Eixo e, quando os alemães atacaram as embarcações brasileiras, na prática, o Brasil já não estava mais em uma situação de neutralidade. A intenção dos americanos, em suma, com esta relação Brasil-EUA, era impedir que os alemães tivessem “livre transito” pelo hemisfério sul. Segundo Flavio Campos e Renan Garcia2 “antes de entrar na guerra, os EUA garantiram sua retaguarda com uma ampla ofensiva política, cultura e econômica que, alem do Brasil, também se dirigiu a Argentina e ao México. Foi à política de “boa vizinhança”, criada oficialmente a partir de 1940”. Além da CSN, foi criada, também, em 1942, a Campainha do Vale do Rio Dose. Essas empresas buscavam abastecer o mercado interno com matérias-primas, bens intermediários a 2 CAMPOS, Flavio de; MIRANDA, Renan Garcia. A escrita da História: Política Externa Brasileira, pag. 524. 1. ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005. 9
  • 10. produção de outros bens e a diversificação industrial. Apesar dos avanços advindos desta modernização e impulso da industrialização, tudo se fazia ao sigilo do autoritarismo e do pragmatismo diplomático. Contudo, tal ambigüidade de Vargas teia o seu preço. O DECLÍNIO DO ESTADO NOVO Embora tivesse influências fortemente fascistas, a estrada do Brasil na guerra ao lado dos Aliados expôs suas próprias contradições, enfraquecendo, assim, o governo varguista. Com os avanços das forças aliadas, a partir de 1943, Vargas comprometeu-se a realizar eleições gerais ao final dos conflitos militares. Com isto, o processo de democratização passaria a ser alvo de intensa disputa. Com a iminente reabertura do poder legislativo, isto só se agravaria. O Estado Populista teria de se adaptara a democracia representativa e os compromissos entre diversos grupos sociais teriam que ser atualizado. TODOS PELA DEMOCRACIA Com a participação do Brasil na guerra, manifestações de contestações a ditadura varguista foram ganhando forças. No aniversário de 13 anos da “Revolução” de 30, representantes da oligarquia Mineira laçaram o “Manifesto dos Mineiros”, defendendo o estabelecimento da normalidade democrática no País. Uma passeata de estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no mesmo ano, em São Paulo, resultou na morte de dois jovens devido à repressão. A mascara literalmente havia caído, e o governo autoritário, desnudo, mostrava, agora, sua verdadeira face. Apesar da repressão, a UNE (União Nacional dos Estudantes) levantou-se em todo o país contra a ditadura varguista. O estrago já estava feito. Estudantes, intelectuais, jornalistas, advogados e artistas se uniram a favor da democracia. Pouco a pouco a repressão ia perdendo força frente às manifestações e, até mesmo as representantes mais conservadores como Góis Monteiro, pronunciava-se a favor das eleições. A ditadura tinha, agora, seus dias contados. Contudo, as promessas de uma nova eleição e um futuro democrático eram incertos, ao longo de seus 15 anos de governo a população havia se acostumado a ditadura de Vargas. Desde o início das manifestações pela democracia, em 1943, correram diversos conflitos entre cidadãos, forças políticas, e prisões de liderança política. Entretanto, ainda sim, Vargas prometia a democracia e afirmava que não concorreriam as eleições para presidência daquele 10
  • 11. ano, agora marcadas para dezembro de 1945. Mas o que era de se esperas, suas declarações não eram tidas com muita credibilidade. Contudo, a oposição tentaria antecipar-se ao ditador. QUEREMISMO Em meio às inseguranças que cercavam as eleições, um fato surpreendeu a nação: Prestes, em um comício, em São Paulo, defendeu a permanecia de Getúlio Vargas ao poder até a elaboração de uma nova constituinte para o Brasil. O lema dos comunistas recém-libertados das prisões do Estado Novo passou a ser “Constituinte com Getúlio”. Com o enfraquecimento de seu poder frente ao Exército e Oligarquias, principalmente à oposição, Vargas buscou se aproximar mais dos movimentos populares, na tentativa de equilibrar o poder. Não demorou muito para a massa começar a exigir que Getúlio ficasse no poder nesta transição ditadura-democracia. Seus manifestantes e seguidores passaram a ser conhecidos por “queremistas”: queremos Getúlio! Com o temor de que os grupos mais conservadores, sob influência das oligarquias e a pressão norte-americana, tomassem o poder, o PCB seguiu orientações de Moscou para apoiar Vargas. Sob a óptica de seus dirigentes, uma constituinte com Getúlio traria mais avanços à classe trabalhadora. Todavia, um ato político-administrativo acabou por atrapalhar os planos de Vargas. O ex-tenente João Alberto, que desde agosto de 1945, daquele ano, tentava impedir, sem sucesso, as campanhas e comícios queremistas, mais tarde, em 29 de outubro, comunicou seu remanejamento da Chefia da Policia para a prefeitura do Distrito Federal. Horas depois do comunicado, Góis Monteiro e seu Ministro da Guerra na ocasião e os chefes das Forças Armadas depuseram Vargas. Como medida provisória, José Linhares, presidente do Supremo Tribunal, assumiu a presidência da república. Apesar de tudo e do tumultuado momento, manteve-se o calendário eleitoral, assim, em 2 de dezembro de 1945, Eurico Gaspar Dutra ganha às eleições. 11
  • 12. Apesar de deposto e recolhido a sua fazenda em São Borja, no Rio Grande do Sul, Vargas ainda viria a exercer forte influência na política nacional. “PUBLICIDADE” NO BRASIL Uma característica importante que podemos destacar do período populista no Brasil, que se inicia com o rearranjo da democracia ao final do Estado Novo, por Vargas, e segue até a ditadura militar, em 1964, no país, é a intensa participação das massas na política nacional. Como artistas, os presidentes deste período arrastavam multidões em comícios e nutriam verdadeira veneração em seus fãs, sobretudo Vargas, o presidente mais popular deste período. O carisma e o forte poder de influência sobre as massas eram as características mais marcantes em Vargas, contudo ele não foi único. Verdadeiros lideres carismáticos como Evita Perón, na Argentina e Evo Morales, na Colômbia, também faziam essa linha de “pai dos pobres”. O populismo, em temos técnicos, foi um período em que o governo encontrava apoio nas massas, utilizando-se disto para obter o apoio popular. Esses líderes tinham a simpatia e feição da população muito facilmente, estabelecendo, assim, laços emocionais e não racionais. Esse contato popular, muitas vezes era direto, desprezando, assim, qualquer intermediário. E era esta aproximação que iria gerar o sentimento de feição e simpatia do líder. Outras causas como, por exemplo, a intervenção que o Estado passou a ter nas relações patrão-empregado, com o pacto populista, foi um fator que contribui muito para essa proximidade. Vargas, assim, passou a ser conhecido como “pai dos pobres”. Sua liderança carismática e sua contribuição para a aprovação de reformas trabalhistas que favoreciam os operariados fizeram com que ele, fosse aclamado, ainda mais, pela população. O movimento populista, como já citado, não foi um movimento exclusivamente brasileiro. Podemos referir, no mundo, ao populismo russo no final do século XIX, que propunha uma radical reforma agrária. Atualmente, podemos citar como exemplo de populismo o Hugo 12
  • 13. Chávez, na Venezuela e, até mesmo no Brasil, o ex-presidente Lula, exemplo máximo de carisma nos dias atuais e o que mais seguiu a “linha” varguista. A QUEDA DO PODER E SUICÍDIO DE VARGAS Duas vezes presidente da Republica, sendo a primeira pela revolução de 30, e a segunda por voto direto, em 1950, a missão de Vargas aparentava-se bastante longa. Após eleito em 1950, Getúlio tomou o poder novamente no ano seguinte, em 31 de Janeiro de 1951, carregando consigo todo nacionalismo e claro, o populismo característico de seu governo. Amado pelo povo, mas já enfrentando problemas com grandes empresários por consequências de aumentos do salário mínimo em 100%, o “pai dos pobres” caminhava para a sua crise política. Como se já não bastasse à insatisfação dos empresários, também, com as medidas que levaram ao monopólio da exploração de petróleo no Brasil, Vargas enfrentou uma forte pressão pela oposição sobre o envolvimento de Gregório Fortunato, comandante de sua Guarda Pessoal, no atentado contra o Jornalista Carlos Lacerda que, diga-se de passagem, era um ferrenho opositor ao governo getulista. Diante de todos esses acontecimentos do governo de Getúlio em 1954, os militares reuniram- se com o presidente e recomendaram-lhe que renunciasse. Por desventura desse pedido, a história brasileira foi marcada pela fala de Getúlio como resposta aos militares: “Só morto sairei do catete”. Massacrado pela oposição, pela imprensa e não mais resistindo às pressões exercidas sobre seu governo, Getúlio Vargas suicidou-se, com um tiro no peito, na madrugada de 23 para 24 de agosto do ano de 1954. Deixando como legado a famosa carta-testamento – parcialmente exibida pelos jornais do dia seguinte como o Ultima Hora –. A publicação de que Vargas havia se matado provocou um profundo espírito comoção na população brasileira. Seguiu-se para as ruas multidões que depredaram e incendiaram vários lugares que supostamente eram oposicionistas a Vargas. Ao serem noticiados pequenos fragmentos da carta, ações como 13
  • 14. essas se multiplicaram pelo país e representam, até hoje, uma das maiores comoções nacionais da história. 14
  • 16. CARTA TESTAMENTO Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. 16
  • 17. Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História. (Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas) 17
  • 18. Bibliografia e Referências CAMPOS, Flavio de; MIRANDA, Renan Garcia. A escrita da História. 1. ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005. SCHILLING, Voltaire. Educa Terra: Os Estados Unidos e o início da Guerra Fria. Disponível em: < http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/guerra_fria.htm >. Acesso: 12 de outubro de 2011. MOREIRA, Fernando. Cultura Mix: Economia Planificada. Disponível em: < http://economia.culturamix.com/mercado/economia-planificada >. Acesso: 13 de outubro de 2011. GOMES, Cristiana. Info Escola: Guerra Fria. Disponível em: < http://www.infoescola.com/historia/guerra-fria/ >. Acesso: 14 de outubro de 2011. MARINHO, Jaison. Mundo Vestibular: Era Vargas. Disponível em: < http://www.mundovestibular.com.br/articles/4375/1/ERA-VARGAS/Paacutegina1.html >. Acesso: 11 de novembro de 2011. 18
  • 19. BUENO, Newton Paulo. Scielo Brasil: A crise política do final da era Vargas: uma interpretação sob a ótica da economia política neo-institucionalista. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-41612006000100008&script=sci_arttext >. Acesso: 11 de novembro de 2011. SUA PESQUISA. Era Vargas. Disponível em: < http://www.suapesquisa.com/vargas/>. Acesso: 12 de novembro de 2011. SANTANA, Miriam Ilza. Info Escola: Era Vargas. Disponível em: < http://www.infoescola.com/historia/era-vargas/ >. Acesso: 12 de novembro de 2011. GAMA, Allan. Historiateca Brasil: Populismo no Brasil. Disponível em: < http://www.historiatecabrasil.com/2010/05/o-populismo-no-brasil.html >. Acesso: 15 de novembro de 2011. ÁTICA EDUCACIONAL. O suicídio de Vargas. Disponível em: < http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/secoes/datas_hist.aspx?cod=543 >. Acesso: 18 de novembro de 2011. MANIA DE HISTÓRIA. Carta testamento. Disponível em: < http://maniadehistoria.wordpress.com/carta-testamento-de-getulio-vargas/ >. Acesso: 24 de novembro de 2011. 19