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RECURSOS HUMANOS E
PSICODINÂMICA DO TRABALHO

“PENSAMENTO DE CHRISTOPHE
DEJOURS SOBRE O HOMEM NO
AMBIENTE DE TRABALHO:

DA PSICOPATOLOGIA À
PSICODINÂMICA DO TRABALHO”

MBA – 2011 – OUTUBRO – 1 - FEG –
UNESP – GUARATINGUETÁ/SP
PROFA. DRA. WILMA LUCIA
 CASTRO DINIZ CARDOSO



DPD – Departamento de
Produção – FEG – UNESP –
GUARATINGUETÁ - SP
. Christophe Dejours, como médico psicanalista e
psicossomático, desenvolveu pesquisas buscando
encontrar, no ambiente de trabalho, a existência de
psicopatologias.

. Fundamentado em 3 décadas de pesquisas e trabalhos
de campo, possui uma visão fértil e dinâmica acerca das
relações entre saúde e trabalho, para além do
reducionismo médico-biológico.


. Procura tratar do trabalho não só em seu negativo, mas
nos instrumentaliza para perceber novas possibilidades do
trabalho como estruturante psíquico – do sofrimento para o
prazer e a saúde.
. Visa sempre a restauração da integridade e dignidade do
homem no papel de “produtor”.


. Voltado para a “Clínica do Trabalho”, fala que “o conflito
entre a organização do trabalho e o funcionamento
psíquico, vai além do modelo causalista”.

. Vê o trabalho não como fundamentalmente
enlouquecedor, mas como algo que pode levar o homem
ao sofrimento psíquico, dependendo do ambiente de
trabalho em que ele se encontra.
. Isso porque em suas pesquisas os trabalhadores não se
mostraram passivos, mas capazes de se protegerem dos
efeitos nefastos do ambiente de trabalho à sua saúde
mental...
... Eles sofriam, mas sua liberdade era exercida, mesmo de
forma limitada, na construção de sistemas defensivos,
fundamentalmente coletivos.


. Isso fez com que o foco fosse modificado: saiu da
preocupação de buscar doenças mentais geradas pelo
trabalho para o sofrimento e as defesas contra esse
sofrimento (por exemplo, a sublimação). Daí, o enigma é a
normalidade, mesmo com sua instabilidade, a busca
constante de equilíbrio, precariedade, entre sofrimentos e
defesas.

. Das doenças mentais, passa, então a considerar o
sofrimento e o prazer como existentes no trabalho.
. Novo nome de sua linha de pesquisa se estabiliza: de
Psicopatologia para Psicodinâmica do Trabalho.


. Baseado no estudo do modelo japonês organizado por
Hirata em 1990, Dejours apresentou as características e
condições de mobilização no trabalho como um tipo de
Inteligência Criativa, Astuciosa e Corporal, passando
depois à Inteligência Prática e à Sabedoria Prática,
chegando ao conceito de FATOR HUMANO que será visto
por nós ainda nesta primeira aula.


. Utiliza a sua intervenção no debate acerca da perda de
centralidade e significado do trabalho.
. Vê o trabalho em seu caráter sempre enigmático,
ressaltando três dimensões essenciais: a engenhosidade,
a cooperação e a mobilização subjetiva.



. Segundo Dejours, cabe ao seu pensamento a tarefa de
mediação na relação entre psicanálise (sua teoria de
suporte) e a política, tendo como horizonte a conservação
e a realização do Homem no mundo social.
. Funciona como “mediador privilegiado” entre inconsciente
(do próprio Homem) e ordem coletiva (ou social).


. O trabalho é visto, então, como “operador fundamental da
própria construção do sujeito, colocado no centro da
Psicologia, no mesmo nível da sexualidade”.
. Na realidade, Dejours deseja deixar claro que o objeto da
psicodinâmica do trabalho é o “sentido do trabalho”, ou seja,
o seu significado para o sujeito, possibilitando seu
crescimento pessoal e o reencontro com sua subjetividade (e
criatividade), tão esquecida atualmente no modelo de
organização do qual muitos de nós ainda fazemos parte.



. Vamos parar um pouquinho agora e vamos pensar no
significado do trabalho para todos nós...

. Vamos parar também ainda para pensar: “qual é o nossa
VISÃO DE HOMEM = DE SER HUMANO”? E a que isso
nos leva...
CRÍTICA DE CHRISTOPHE DEJOURS AO
                TAYLORISMO

. No seu livro “A loucura do trabalho: estudo da
psicopatologia do trabalho”, no início de suas pesquisas,
Dejours faz fortes críticas ao taylorismo através de sua
teoria “Organização Científica do Trabalho”.



. Segundo Dejours, o taylorismo é responsável por uma
tripla divisão: divisão do modo operatório, divisão do
organismo entre órgãos de concepção intelectual; enfim,
divisão dos homens, compartimentados pela nova
hierarquia (contra-mestres, chefes de equipe...).
. Afirma ainda que o homem “artesão”, do trabalho,
desapareceu para dar a luz a um “aborto”, isto é, um corpo
instrumentalizado-operário de massa, despossuído de seu
equipamento intelectual e de seu trabalho mental.


. O taylorismo não é apenas uma realidade do século XX
(1911), mas ainda se encontra presente em muitas empresas.
Mesmo pregando uma administração participativa e
realização pessoal há o abuso constantemente com o que
chamamos hoje de sobrecarga de trabalho ou situações de
“mobbing” ou “bullying” sobre seus funcionários,
principalmente entre aqueles que trabalham no chamado
“chão de fábrica”.
. Não se pode, entretanto, apontar para o capitalismo e dizer
que ele é o responsável pelo sofrimento psíquico no ambiente
de trabalho, ou dar ênfase aos socialismo/populismo, que
também não se apresentam como modelos exemplares.




 . Por isso Dejours faz essas críticas, pesquisando
 diretamente no meio das empresas, através de entrevistas
 individuais, procurando encontrar não as psicopatologias
 em si mesmas, mas sim, entender como os
 trabalhadores conseguem manter um equilíbrio
 psíquico e manter-se na normalidade, isto é,
 saudáveis...
. Para Dejours o sofrimento varia de acordo com a política
administrativa de cada empresa e vai começar quando
ocorrer o “choque entre a história individual (do trabalhador),
portadora de projetos, de esperanças e de desejos, e uma
organização do trabalho que o ignora”.


. Quando o trabalhador é privado da possibilidade de
adaptar o seu trabalho às suas necessidades físicas e
psicológicas, abre-se a guarda para que o sofrimento se
instaure.


. Baseando-nos no conceito de saúde da Organização
Mundial de Saúde (O.M.S.), “o completo bem estar físico,
mental e social”, vamos pensar aqui sobre esse sofrimento
psíquico, mas tirando de nós a experiência... Pensemos...
. O conceito de normalidade, para Dejours, é dividido em 3
partes:
=> Equilíbrio precário (psíquico);
   Constrangimentos desestabilizantes do trabalho; e
   Defesas psíquicas.

. O sofrimento é então definido como o espaço de luta
que cobre o campo situado entre, de um lado, o “bem
estar”, e, de outro, a doença mental.

 . Foi somente na década de 80 que se entende que os
 transtornos psíquicos e a saúde mental são
 desencadeados pela organização do trabalho (condições
 físicas, biológicas, químicas e divisão de tarefas), levando
 em consideração as relações humanas nela existentes... a
 que Dejours chama de Fatores Humanos.
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  • 1. RECURSOS HUMANOS E PSICODINÂMICA DO TRABALHO “PENSAMENTO DE CHRISTOPHE DEJOURS SOBRE O HOMEM NO AMBIENTE DE TRABALHO: DA PSICOPATOLOGIA À PSICODINÂMICA DO TRABALHO” MBA – 2011 – OUTUBRO – 1 - FEG – UNESP – GUARATINGUETÁ/SP
  • 2. PROFA. DRA. WILMA LUCIA CASTRO DINIZ CARDOSO DPD – Departamento de Produção – FEG – UNESP – GUARATINGUETÁ - SP
  • 3. . Christophe Dejours, como médico psicanalista e psicossomático, desenvolveu pesquisas buscando encontrar, no ambiente de trabalho, a existência de psicopatologias. . Fundamentado em 3 décadas de pesquisas e trabalhos de campo, possui uma visão fértil e dinâmica acerca das relações entre saúde e trabalho, para além do reducionismo médico-biológico. . Procura tratar do trabalho não só em seu negativo, mas nos instrumentaliza para perceber novas possibilidades do trabalho como estruturante psíquico – do sofrimento para o prazer e a saúde.
  • 4. . Visa sempre a restauração da integridade e dignidade do homem no papel de “produtor”. . Voltado para a “Clínica do Trabalho”, fala que “o conflito entre a organização do trabalho e o funcionamento psíquico, vai além do modelo causalista”. . Vê o trabalho não como fundamentalmente enlouquecedor, mas como algo que pode levar o homem ao sofrimento psíquico, dependendo do ambiente de trabalho em que ele se encontra. . Isso porque em suas pesquisas os trabalhadores não se mostraram passivos, mas capazes de se protegerem dos efeitos nefastos do ambiente de trabalho à sua saúde mental...
  • 5. ... Eles sofriam, mas sua liberdade era exercida, mesmo de forma limitada, na construção de sistemas defensivos, fundamentalmente coletivos. . Isso fez com que o foco fosse modificado: saiu da preocupação de buscar doenças mentais geradas pelo trabalho para o sofrimento e as defesas contra esse sofrimento (por exemplo, a sublimação). Daí, o enigma é a normalidade, mesmo com sua instabilidade, a busca constante de equilíbrio, precariedade, entre sofrimentos e defesas. . Das doenças mentais, passa, então a considerar o sofrimento e o prazer como existentes no trabalho.
  • 6. . Novo nome de sua linha de pesquisa se estabiliza: de Psicopatologia para Psicodinâmica do Trabalho. . Baseado no estudo do modelo japonês organizado por Hirata em 1990, Dejours apresentou as características e condições de mobilização no trabalho como um tipo de Inteligência Criativa, Astuciosa e Corporal, passando depois à Inteligência Prática e à Sabedoria Prática, chegando ao conceito de FATOR HUMANO que será visto por nós ainda nesta primeira aula. . Utiliza a sua intervenção no debate acerca da perda de centralidade e significado do trabalho.
  • 7. . Vê o trabalho em seu caráter sempre enigmático, ressaltando três dimensões essenciais: a engenhosidade, a cooperação e a mobilização subjetiva. . Segundo Dejours, cabe ao seu pensamento a tarefa de mediação na relação entre psicanálise (sua teoria de suporte) e a política, tendo como horizonte a conservação e a realização do Homem no mundo social. . Funciona como “mediador privilegiado” entre inconsciente (do próprio Homem) e ordem coletiva (ou social). . O trabalho é visto, então, como “operador fundamental da própria construção do sujeito, colocado no centro da Psicologia, no mesmo nível da sexualidade”.
  • 8. . Na realidade, Dejours deseja deixar claro que o objeto da psicodinâmica do trabalho é o “sentido do trabalho”, ou seja, o seu significado para o sujeito, possibilitando seu crescimento pessoal e o reencontro com sua subjetividade (e criatividade), tão esquecida atualmente no modelo de organização do qual muitos de nós ainda fazemos parte. . Vamos parar um pouquinho agora e vamos pensar no significado do trabalho para todos nós... . Vamos parar também ainda para pensar: “qual é o nossa VISÃO DE HOMEM = DE SER HUMANO”? E a que isso nos leva...
  • 9. CRÍTICA DE CHRISTOPHE DEJOURS AO TAYLORISMO . No seu livro “A loucura do trabalho: estudo da psicopatologia do trabalho”, no início de suas pesquisas, Dejours faz fortes críticas ao taylorismo através de sua teoria “Organização Científica do Trabalho”. . Segundo Dejours, o taylorismo é responsável por uma tripla divisão: divisão do modo operatório, divisão do organismo entre órgãos de concepção intelectual; enfim, divisão dos homens, compartimentados pela nova hierarquia (contra-mestres, chefes de equipe...).
  • 10. . Afirma ainda que o homem “artesão”, do trabalho, desapareceu para dar a luz a um “aborto”, isto é, um corpo instrumentalizado-operário de massa, despossuído de seu equipamento intelectual e de seu trabalho mental. . O taylorismo não é apenas uma realidade do século XX (1911), mas ainda se encontra presente em muitas empresas. Mesmo pregando uma administração participativa e realização pessoal há o abuso constantemente com o que chamamos hoje de sobrecarga de trabalho ou situações de “mobbing” ou “bullying” sobre seus funcionários, principalmente entre aqueles que trabalham no chamado “chão de fábrica”.
  • 11. . Não se pode, entretanto, apontar para o capitalismo e dizer que ele é o responsável pelo sofrimento psíquico no ambiente de trabalho, ou dar ênfase aos socialismo/populismo, que também não se apresentam como modelos exemplares. . Por isso Dejours faz essas críticas, pesquisando diretamente no meio das empresas, através de entrevistas individuais, procurando encontrar não as psicopatologias em si mesmas, mas sim, entender como os trabalhadores conseguem manter um equilíbrio psíquico e manter-se na normalidade, isto é, saudáveis...
  • 12. . Para Dejours o sofrimento varia de acordo com a política administrativa de cada empresa e vai começar quando ocorrer o “choque entre a história individual (do trabalhador), portadora de projetos, de esperanças e de desejos, e uma organização do trabalho que o ignora”. . Quando o trabalhador é privado da possibilidade de adaptar o seu trabalho às suas necessidades físicas e psicológicas, abre-se a guarda para que o sofrimento se instaure. . Baseando-nos no conceito de saúde da Organização Mundial de Saúde (O.M.S.), “o completo bem estar físico, mental e social”, vamos pensar aqui sobre esse sofrimento psíquico, mas tirando de nós a experiência... Pensemos...
  • 13. . O conceito de normalidade, para Dejours, é dividido em 3 partes: => Equilíbrio precário (psíquico); Constrangimentos desestabilizantes do trabalho; e Defesas psíquicas. . O sofrimento é então definido como o espaço de luta que cobre o campo situado entre, de um lado, o “bem estar”, e, de outro, a doença mental. . Foi somente na década de 80 que se entende que os transtornos psíquicos e a saúde mental são desencadeados pela organização do trabalho (condições físicas, biológicas, químicas e divisão de tarefas), levando em consideração as relações humanas nela existentes... a que Dejours chama de Fatores Humanos.
  • 14. . Vamos parar um pouco por aqui... . Voltamos após o nosso café...