3. Da fome, da Peste e
da Guerra…
Livrai-nos, Senhor!
Leitura do documento da pág. 44
4. No século XIII a população aumentou
no Ocidente, no século XIV tornou-
se impossível alimentá-la:
•Esgotamento dos solos
•Mudanças climáticas (a temperatura
média baixou, as chuvas aumentaram)
•As chuvas e o frio faziam apodrecer
as sementes e as colheitas perdiam-
se.
•Os preços subiram, a fome instalou-
se.
As fomes e as doenças que se lhes
seguiam deixavam um rasto de
miséria e de morte… Corpos mal
alimentados não conseguiram resistir
às doenças.
6. No ano do Senhor de 1347, três galeras carregadas de
especiarias chegavam ao porto de Génova, vindas à pressa
do Oriente mas horrivelmente infectadas. Estes navios
como estavam contaminados foram retirados do porto com
ajuda de flechas inflamadas e outros engenhos.
Empurrados de porto em porto, um dos três navios chegou
a Marselha. Aqui foram fechadas as portas da cidade, com
excepção de duas pequenas pelo que morreram quatro
quintos da população.
Carta de Inês de Boering, 1348
7. A Peste Negra propaga-se por toda a Europa de finais
de Setembro de 1348 aos inícios de 1349.
Yersinia pestis
Ampliada 2000x
8. OS CAMINHOS DA PESTE NEGRA
A Peste Negra surgiu na China, em 1340. Nessa época havia uma rota de caravanas
que atravessava a Ásia trazendo produtos para vender na Europa, como por exemplo
a seda.
Em 1346, a peste seguiu essa rota e chegou à Península da Crimeia (no Mar Negro),
mais precisamente à cidade de Caffa, onde se tinham instalado vários comerciantes
genoveses. Em 1347, um grupo de tártaros atacou Caffa, mas os genoveses não se
renderam. Entretanto, a peste espalhou-se entre os tártaros. Diz-se que estes,
antes de retirarem, decidiram catapultar por cima das muralhas alguns cadáveres de
soldados mortos com a peste. Queriam «empestar» os inimigos e conseguiram. Caffa
livrou-se da guerra, mas acolheu a doença. Os genoveses adoeceram, alguns
morreram e outros levaram a epidemia nos seus navios para várias cidades do
Mediterrâneo. Daí se foi espalhando para toda a Europa e pelo Norte de África,
semeando o pânico, o terror, a miséria e a morte.
Em Portugal, a peste entrou em 1348, no reinado de D. Afonso IV. Foi uma espécie de
«praga-relâmpago», massacrando a população durante alguns meses. D. Filipa de
Lencastre, esposa do rei D. João I, foi uma das vítimas da doença em Portugal.
9. Trazida do Oriente (
Crimeia ) por marinheiros
genoveses, a Peste Negra
foi a mais grave epidemia
de que há memória. Num
ápice atingiu a Sicília e a
Toscana, propagando-se
por toda a Europa, até à
França, Península Ibérica,
Inglaterra, Alemanha,
Escandinávia.
10. Peste Negra ou Peste
Bubônica
A Peste Negra era
transmitida através da picada de
pulgas de ratos doentes. Estes
ratos chegavam à Europa nos
porões dos navios vindos do
Oriente. A doença transmitia-se ao
ser humano pela mordedura das
pulgas. As pessoas infectadas
manifestavam sintomas invulgares
que começavam por pequenas
manchas negras à volta de cada
picada de pulga, gânglios
inflamados no pescoço, nas axilas e
nas virilhas, febres altas, calafrios e
enjoos. cuspia sangue e morria
rapidamente.
11. Quando atacava o sangue, o doente
morria poucas horas depois de sentir os
primeiros sintomas.
O nome «peste negra» derivou das tais
manchas pretas que apareciam na pele, à
volta das mordeduras e nos bubões
resultantes do inchaço dos gânglios
12. Condições favoráveis à propagação da peste
Como as cidades medievais não
tinham condições higiénicas
adequadas, os ratos
espalharam-se facilmente.
Crescimento rápido e desordenado
das cidades:
falta de esgotos
excrementos nas ruas,
Acumulação de lixo,
vestuário, predominantemente de
lã,
falta de banho
Escassez de alimentos:
13. A Peste Negra não
poupou nenhuma classe
social: nobres, servos,
comerciantes e artesãos
foram afetados direta ou
indiretamente pela
doença!
14. [...] Pai abandonava filho, esposa abandonava marido, irmão
abandonava o outro; porque a enfermidade parecia atacar
através da respiração e da visão. E assim eles morriam.
Ninguém podia ser encontrado para enterrar os mortos por
dinheiro ou amizade. Os membros de uma família traziam
seu morto para o fosso da melhor maneira que podiam, sem
sacerdotes, sem ofícios divinos. Nem o sino (dos mortos)
tocava. E em vários locais de Siena, grandes valas foram
cavadas, onde eram empilhadas grande quantidade de
cadáveres [...] E eu, Agnoldo di Tura, chamado o Gordo,
enterrei meus cinco filhos com minhas próprias mãos. Houve
também muitos cadáveres que foram tão mal cobertos de
terra, que eram arrastados para fora e devorados pelos cães,
por todas as partes da cidade. [...]
Agnolo di Tura, apud William Borwssky, Social and economic
foundations of the italian Renaissance, p. 32.)
15.
16. [...] A peste, em Florença, não teve o mesmo
comportamento que no Oriente. Neste, quando
o sangue saía pelo nariz, fosse de quem fosse, era
sinal evidente de morte inevitável. Em Florença,
apareciam no começo, tanto no homem como
nas mulheres, ou na virilha ou na axila, algumas
inchações. Algumas destas cresciam como
maçãs; outras, como um ovo; cresciam umas
mais, outras menos; chamava-as o populacho de
bubões. Dessas duas referidas partes do corpo
logo o tal tumor mortal passava a repontar e
surgir por toda a parte. [...]
(Decamerão, p. 12)