1. No século XVII, a sociedade holandesa era composta principalmente por uma burguesia rica e próspera dedicada ao comércio, em contraste com as sociedades aristocráticas da Europa.
2. Esta burguesia cultivava valores como a poupança, a contenção nos gastos e o empenho no trabalho, o que permitiu à Holanda desenvolver uma economia próspera baseada no comércio marítimo.
3. A Holanda opunha-se à doutrina do "mare clausum" defendida por Portugal e E
2. Indicadores de aprendizagem
• Caracteriza a organização social, política
e económica da Holanda
• Relaciona o desenvolvimento económico
da Holanda com as teorias defendidas por
Hugo Grócio
4. No século XVII, a Holanda e a
Inglaterra constituíram dois modelos
de sociedades e de Estados
diferentes dos restantes países
europeus. No século XVII mais de
metade da população holandesa era
já urbana. A estrutura da sociedade
holandesa apresentava um aspecto
diferente:
-A sua nobreza era numericamente
reduzida
-A maior parte da sua população
pertencia à burguesia
-O nível de vida da sua população
era dos mais elevados da Europa
A Burguesia Holandesa teve um
papel fundamental na formação de
uma “república de mercadores” no
século XVII.
5. A República das Províncias
Unidas
Datas Acontecimentos
1568-1648 Os Países Baixos levaram a cabo uma guerra contra
o domínio espanhol( Filipe II)
1579 Guilherme de Nassau , governador das províncias da
Holanda e Ultrecht reúne as 7 províncias do Norte
dos Países Baixos ( províncias protestantes) e
declara a sua independência
1648 Assinatura do tratado de Munster ou Haia onde a
Espanha reconhece a independência das Províncias
Unidas
6. Formada por 7 pequenos estados sob a Hegemonia da Holanda, esta nova
república edificou-se sob o signo da tolerância religiosa, liberdade de
pensamento e de valor do individuo.
7. Na Holanda criou-se um Estado
federativo que se caracteriza pela
descentralização governativa e
domínio de uma burguesia
enriquecida com o comércio
marítimo: aos nobres cabiam as
funções militares, enquanto que as
grandes famílias burguesas
controlavam o poder político
8. • formados pelos delegados das
7 províncias que decidiam
sobre assuntos ligados às
Finanças e Defesa, elegem os
magistrados dos Estados
Provinciais
Estados
Gerais
• Chefiados pelo Stathouder (
nobre com funções militares) e
pelo Pensionário ( burguês
com funções administrativas)
• reuniam a aristocracia e
burguesia e tomavam medidas
a nível local
Estados
Provinciais
9. Conclusão: ao poder centralizado do rei e à preponderância da nobreza que
marcaram o século XVII europeu, opunham as Províncias Unidas uma
descentralização governativa e o domínio da burguesia.
Nesta “ República de mercadores” os interesses do estado e os do comércio
uniam-se estreitamente, o que fez da Holanda uma das maiores potências
marítimas e coloniais no século XVII.
10. BURGUESIA PRÓSPERA E AUSTERA
O comércio fez crescer uma activa burguesia nas cidades, sobretudo em
Amesterdão. Era uma burguesia de hábitos simples e austeros,
maioritariamente protestante, que investia todos os seus lucros no
desenvolvimento do negócio.
Por outro lado a tolerância religiosa, que se fazia sentir em todo o país,
atraía muitos capitalistas estrangeiros, entre os quais numerosos judeus.
Dispondo de apoios do estado e de capitais a burguesia holandesa fundou
companhias de comércio e lançou-se no tráfico colonial. As maiores fortunas
vêem-se entre os mercadores cuja preocupação é acumular riquezas
satisfazendo –se com uma modesta participação no governo e desejando
apenas a segurança daquilo que possuem. No entanto, quando se tornam
muitos ricos , mandam educar os filhos fora da cidade e casam as filhas
com os que têm mais crédito nas cidades e estão sempre ocupados nos
cargos de magistrados . Por este meio fazem a sua família penetrar em
lugares de governo e adquirir honra, que não consiste em títulos , mas em
empregos públicos.
William Temple, embaixador das províncias Unidas
11. 1
• Existência de um ambiente de tolerância social e
religiosa de inspiração calvinista
• Sociedade composta por imigrantes, judeus e
protestantes que fugiram da Inquisição
2
• Existência de uma burguesia rica, instruída, culta e capaz de
tomar iniciativas
• Sociedade composta por uma maioria burguesa autónoma que
não queria imitar nem copiar o modo de vida da aristocracia
3
• Dominavam os órgãos políticos
12. Há hábitos e maneiras de ser que são comuns a todas estas pessoas , como
é o caso da contenção e da ordem que põem nas suas despesas. A sua
riqueza residem em cada um gastar menos dinheiro do que aquilo que tem,
por pouco que seja. Não passa pela cabeça de ninguém que as despesas
igualem o rendimento e se tal acontece, dão o ano por perdido. Isto permite
que cada um suporte o peso dos impostos com mais facilidade do que
noutros locais o que contribui para a beleza, utilidade e por vezes
magnificiência das obras públicas que todos pagam de boa vontade e das
quais tiram tanto prazer e orgulho como o que nos outros países se põe nos
bens e fortunas pessoais. O que podem gastar depois de proverem às
despesas domésticas, aos pagamentos ao estado e ao aumento das suas
poupanças é aplicado na construção , adorno e mobiliário das suas casas.
Coisas não tão fugazes nem vãs como os gastos extravagantes em roupas e
criadagem
William temple
1-Que valores cultivam os holandeses?
2-Em que diferem do resto da Europa?
13.
14.
15.
16. 1
• Sociedade composta por uma maioria burguesa
autónoma que não queria imitar nem copiar o modo de
vida da aristocracia
2
• A burguesia vivia de modo simples, com espírito de
poupança dedicando-se com empenho às suas
actividades profissionais permitindo obter grandes
fortunas
3
•Seguiam na sua maioria a doutrina calvinista que defendia que o
êxito económico era uma forma de santidade e que os lucros não
deviam ser gastos numa existência de esbanjamento e prazer. Os
lucros e a procura deviam ser utilizados para promover o progresso
da sociedade
17. A HEGEMONIA MARÍTIMA HOLANDESA
Na Ásia a Companhia das Índias Orientais desalojou os portugueses
de quase todos os seus pontos estratégicos. Passaram a dominar a
Rota do Cabo, tornando-se a principal fornecedora da Europa em
especiarias, sedas, chá e porcelanas.
No Atlântico, a Companhia das Índias Ocidentais apoderou-se da
Mina e de algumas Antilhas. Mas a sua ambição de controlar o
comércio de açúcar e de escravos não foi bem sucedida.
Ao longo do século XVII, a Holanda manteve a supremacia dos
mares.
18. Willem van de Velde, o Jovem
Gouden Leeuw
1686
Historisch Museum, Amsterdão
Os holandeses possuíam uma
poderosíssima frota marítima, era a
marinha mercante mais importante.
21. •Desenvolvimento da construção
naval que permitiu criar uma
grande frota mercantil que
transportava mercadorias a
baixo custo no Mar Báltico,
assumindo o papel de
intermediários entre a Norte da
Europa e a Península Ibérica
•Prática de uma política de pirataria e
conquista de colónias aos países
ibéricos o que levou à criação de um
grande império colonial ( Indonésia,
Malaca, Ceilão, China, África do Sul,
Nordeste do Brasil,S Jorge da Mina e
S. Tomé
22.
23. •Criação de um império colonial apoiado
em Companhias
Comerciais ( associações por acções)
-Companhia das Índias Orientais
-Companhia das Índias Ocidentais
•Criação do Banco de Amesterdão
•Criação da Bolsa de Valores
Sede da Companhia das Índias em Amesterdão
24.
25. À doutrina do mare clausum, contrapunham os
holandeses o princípio do mare liberum.
Hugo Grotius [Hugo de Groot ou Hugo Grócio]
1583 - 1645
Wikipedia
O debate entre nós e os Espanhóis incide
sobre os seguintes pontos: o mar imenso e
sem limites poderá ser pertença de um só
reino? Uma nação terá o direito de proibir
às outras de vender, trocar ou entrar em
relação com outros povos? Uma nação
poderá dar o que nunca lhe pertenceu ou
descobrir o que pertencia já a outrem?
Uma injustiça flagrante poderá tornar-se,
com o tempo, um direito?
Hugo Grócio; Mare Liberum, 1609
26. As diversas bulas papais e o Tratado de Tordesilhas constituíram os
fundamentos do direito exclusivo de navegação e comércio dos
portugueses e espanhóis, nas suas áreas de influências. Garantia-lhes
o monopólio da exploração económica , baseado no princípio de
descoberta.
Contudo, franceses , ingleses e holandeses sempre se opuseram a
esta política do mare clausum, através do corso e da pirataria.
Faltava-lhes a fundamentação jurídica para o domínio efectivo que já
vinham exercendo nos mares.
Assim, no século XVII, Hugo Grócio, encarregou-se de formular os
fundamentos jurídicos que consolidaram o domínio holandês e inglês
e impuseram uma nova política- mare liberum. Segundo ele o mar era
um espaço comum essencial à sobrevivência da Humanidade e
ninguém tinha direito a dominá-lo exclusivamente.
Esta teoria era uma forma de legitimar as pretensões da Holanda em
relação ao domínio do comércio internacional.