2. PLANO DE AULA
O objetivo desta aula é discutir a
construção de um Plano de Aula
para comentar, analisar e interpretar
um poema com alunos do ensino
médio a partir do suporte teórico
desenvolvido durante a disciplina
Introdução aos Estudos Literários I.
3. Tema
Neste tópico você vai delimitar
o assunto a ser trabalhado em 2
aulas de 45 min (1h30min).
4. Exemplo de Tema
O tema desta aula é o poema ―A valsa‖, de
Casimiro de Abreu.
5. Pré-requisitos
Aqui você vai identificar o nível de ensino para o qual
planejou a aula (esta aula será proposta para turmas de
Ensino Médio, mas você pode escolher a série).
Vai descrever os conhecimentos prévios que o aluno
deve ter para realizar as atividades que serão propostas
(lembre-se de que terá apenas 1h30min para desenvolver
a aula).
Vai enumerar as competências e/ou as habilidades
necessárias para iniciar o trabalho. Para escolhê-las, você
deve consultar o material do INEP (a competência
referente à Literatura é a de número 5, com as habilidades:
H15, H16 e H17).
6. Exemplo de pré-requisitos
Esta aula será proposta para alunos de 2ª série do
ensino médio. Para realizar as atividades propostas, o
ideal é que já tenham ocorrido aulas de introdução ao
Romantismo no Brasil, nas quais tenham sido trabalhadas
as gerações românticas (1ª, 2ª e 3ª).
Também já devem ter sido trabalhados os aspectos
sonoros, morfo-sintáticos e semânticos da construção
poética.
As competências que serão mobilizadas para iniciar o
trabalho são analisar, interpretar e aplicar recursos
expressivos das linguagens.
7. Objetivos
Aqui você vai explicitar o(s) objetivo(s) da
aula.
Vai enumerar as habilidades que irá
trabalhar durante a aula (aquelas que
buscará desenvolver com os alunos).
8. Exemplo de Objetivo(s)
O objetivo desta aula é trabalhar com os alunos o
comentário, a leitura, e a análise do poema ―A valsa‖, de
Casimiro de Abreu, por meio de uma sequência de
atividades, para que eles possam chegar a uma
interpretação válida deste e posteriormente recriar o
poema na forma de um texto narrativo em prosa cujo
narrador é o eu-lírico e outro cujo narrador é a moça que
valsa.
As habilidades que se pretendem desenvolver são a de
relacionar informações sobre concepções artísticas e
procedimentos de construção do texto literário e a de
estabelecer relações entre o texto literário e o momento de
sua produção, situando aspectos do contexto histórico,
social e político.
9. Desenvolvimento do tema
Sequência de Atividades:
Aqui você vai enumerar o passo a passo de
como será a aula, colocando em ordem
cronológica todas as etapas da aula, do início até
o fim.
Tente propor atividades pertinentes em relação
ao tempo de aula proposto e às habilidades que
pretende desenvolver.
10. Sequência de atividades
Leitura “desarmada”: ―é mister fazer abstração
de todos os conhecimentos anteriores que
possuímos ou acreditamos possuir acerca do texto
e do escritor em questão(...) cumpre considerar
somente o texto propriamente dito e observá-lo
com uma atenção intensa, sustentada, de modo
que nenhum dos movimentos da língua e do fundo
nos escape.‖ (CANDIDO, 1993)
11. Exemplo de Sequência de
Atividades – Leitura Desarmada
A valsa (Casimiro de Abreu)
12. A valsa (Casimiro de Abreu)
Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co'as faces
Em rosas
Formosas
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranqüila,
Serena,
Sem pena
De mim!
13. A valsa (Casimiro de Abreu)
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...
14. A valsa (Casimiro de Abreu)
Valsavas:
— Teus belos
Cabelos,
Já soltos,
Revoltos,
Saltavam,
Voavam,
Brincavam
No colo
Que é meu;
E os olhos
Escuros
Tão puros,
Os olhos
Perjuros
Volvias,
Tremias,
Sorrias,
P'ra outro
Não eu!
15. A valsa (Casimiro de Abreu)
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...
16. A valsa (Casimiro de Abreu)
Meu Deus!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Mas esse
Sorriso
Tão liso
Que tinhas
Nos lábios
De rosa,
Formosa,
Tu davas,
Mandavas
A quem ?!
17. A valsa (Casimiro de Abreu)
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...
18. A valsa (Casimiro de Abreu)
Calado,
Sozinho,
Mesquinho,
Em zelos
Ardendo,
Eu vi-te
Correndo
Tão falsa
Na valsa
Veloz!
Eu triste
Vi tudo!
Mas mudo
Não tive
Nas galas
Das salas,
Nem falas,
Nem cantos,
Nem prantos,
Nem voz!
19. A valsa (Casimiro de Abreu)
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...
20. A valsa (Casimiro de Abreu)
Na valsa
Cansaste;
Ficaste
Prostrada,
Turbada!
Pensavas,
Cismavas,
E estavas
Tão pálida
Então;
Qual pálida
Rosa
Mimosa
No vale
Do vento
Cruento
Batida,
Caída
Sem vida.
No chão!
21. A valsa (Casimiro de Abreu)
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...
22. Sequência de atividades
• Comentário ―O comentário pode conter toda
sorte de coisas: explicações de termos difíceis;
resumos ou paráfrases do pensamento do
autor; remissões a outras passagens onde o
autor diga algo de parecido; referências a outros
autores que falaram do mesmo problema ou
empregaram um torneio de estilo semelhante;‖
(CANDIDO, 1993)
23. Exemplo de Sequência de
Atividades - Comentário
―Casimiro de Abreu (1837-1860) foi um poeta brasileiro.
Autor de "Meus Oito Anos", um dos poemas mais
populares da literatura brasileira. Pertence à segunda
geração do romantismo. Enviado para Lisboa, com apenas
16 anos, inicia sua vida literária. É nesse período que
escreve a maior parte dos poemas de seu único livro
Primaveras. Escreve a peça Camões e o Jau, que é
aplaudida no Teatro D. Fernando, em Lisboa. Casimiro é
patrono da cadeira nº 6 da Academia Brasileira de Letras.‖
(E-BIOGRAFIAS, 2013)
24. Exemplo de Sequência de
Atividades - Comentário
―Casimiro de Abreu escreveu pouco. Seu lirismo tinha
como temas o amor, a tristeza da vida, a saudade da
Pátria e da infância, o que o tornou um poeta muito
popular após a sua morte. Seu poema "Meus oito anos",
escrito em Lisboa em 1857, retrata bem a nostalgia da
infância: Oh! que saudades que tenho/Da aurora de minha
vida,/Da minha infância querida/Que os anos não trazem
mais!/Que amor, que sonhos, que flores,/Naquelas tardes
fagueiras/A sombra das bananeiras,/Debaixo dos
laranjais!.‖ (E-BIOGRAFIAS, 2013)
25. Exemplo de Sequência de
Atividades - Comentário
Algumas palavras podem comprometer o entendimento do texto. O ideal é
perguntar aos alunos que palavras eles não compreenderam e estar preparado
para esclarecer as dúvidas de vocabulário:
Lascivo – sensual; Carmim – vermelho; Perjuro – juramento falso
Volvias, verbo volver – dirigir(-se) para outra direção, virar(-se), voltar(-se)
Silfo – espírito elementar do ar, segundo os cabalistas
Gala – grande fartura; riqueza, abundância, fausto, conjunto de ornamentos
ricos, preciosos
Prostrada – abatida (física ou psiquicamente); alquebrada, debilitada, sem
ânimo, sem forças; derrubada, desanimada
Turbada – preocupada, aflita, agoniada, transtornada
Cismavas, verbo cismar – ficar absorto em pensamento; andar preocupado
Cruento – cruel, ferino, pungente
26. Exemplo de Sequência de
Atividades - Comentário
―O título em si é elucidativo e referencial ao
assunto tratado no poema, uma composição
musical e um tipo de dança específicos. É comum
na literatura brasileira essa ocorrência em relação
aos títulos. Temos, por exemplo, ―Quadrilha‖, do
Drummond (1979), ―Canção do exílio‖, de
Gonçalves Dias (1952), ―Ladainha‖, de Cassiano
Ricardo (1972).‖ (REIS; CAMPOS, 2007)
27. Exemplo de Sequência de
Atividades - Comentário
Embora se tenha notícia da valsa como gênero desde o
século XV, ligada à história das danças alemãs deutsche e
länder, ela teve ampla aceitação européia no início do
século XIX, como uma das danças de salão mais
valorizadas no Ocidente, mesmo tendo em vista as muitas
oposições feitas, algumas bastante curiosas, como a dos
médicos, que achavam prejudicial a velocidade com que
os dançarinos rodopiavam pelo salão e também objeções
morais, pois foi o primeiro gênero que se dançou estando
os pares enlaçados, em abraço muito estreito
(SADIE,1994, p.977). (APUD: REIS; CAMPOS, 2007)
28. Sequência de atividades
Análise
• Explorar
os
aspectos
sonoros
• Ritmo – simetria ou assimetria;
• Metrificação;
• Estrofação;
• Rimas;
• Figuras de efeito sonoro
(Assonância, Aliteração, Repetição
de palavras, Onomatopéia)
• Poemas de forma fixa;
29. Exemplo de Sequência de Atividades –
Análise de aspectos sonoros
1- Quantas estrofes temos no poema?
2- Quantos versos temos em cada estrofe?
3- Quantas sílabas poéticas temos em cada verso?
4- Observem quais são as sílabas fortes e fracas de cada
verso. Há alguma mudança de uma estrofe para a outra?
5- Há rimas no poema? Quais são? De que tipos são?
6- Há aliterações e assonâncias no poema?
7- Há repetições de palavras no poema? Quais?
30. Exemplo de Sequência de Atividades –
Análise de aspectos sonoros
O poema A valsa é composto por 155 versos
breves, com métrica dissilábica e acento
regular, divididos em estrofes combinadas, quatro
de vinte versos cada uma, alternadas com um
refrão de onze versos que se repete quatro vezes
e a 7ª e 8ª estrofes de dez versos combinadas
com um refrão que se divide em uma estrofe (9ª)
de seis versos e outra (10ª) de cinco versos.
31. Exemplo de Sequência de Atividades –
Análise de aspectos sonoros
Há uma frequência considerável de rimas as mais variadas,
toantes, consoantes, assonantes e aliterações que não
obedecem a nenhum esquema fixo. Em conjunto com os versos
curtos, que acentuam o ritmo, e as demais alternâncias,
sobretudo a métrica e o acento sugerem uma leitura em
compasso ternário.
Tu,/ on/ tem, Quebra do ritmo com:
fraca/ forte/ fraca eu/ vi
Na/ dan/ ça fraca/ forte
Que/ can/ sa,
Vo/ a/ vas
32. Exemplo de Sequência de Atividades –
Análise de aspectos sonoros
Rimas ricas e consoantes: dança (substantivo) e
cansa (verbo usado como adjetivo cansativa);
rosas (substantivo) e formosas (adjetivo).
Repetição das palavras rosa, formosa, valsa,
falsa, olhos, pálida, etc.
Repetição de uma estrofe, funcionando como
refrão.
33. Sequência de atividades
Análise
• Explorar os aspectos
morfo-sintáticos
• Nível lexical
• Nível sintático
(paralelismo;
encadeamento ou
―enjambement‖)
34. Exemplo de Sequência de Atividades –
Análise de aspectos morfo-sintáticos
1- Há enjambement ou cavalgamento de versos no
poema?
2- Há repetição de estruturas sintáticas no poema? Quais?
3- Há paralelismos no poema? Quais?
4- Localize os verbos do poema e indique o sujeito e o
tempo verbal de cada um.
5- Localize os adjetivos ou locuções adjetivas do poema e
a que palavra eles se referem.
35. Exemplo de Sequência de Atividades –
Análise de aspectos morfo-sintáticos
Há vários enjambements, conforme se pode ver
em: ―Teus belos / cabelos / já soltos‖.
Há repetição de estruturas sintáticas:
―Saltavam, / Voavam, / Brincavam‖ ou ―Valsando, /
Sorrindo, / Fugindo‖ (três versos seguidos
formados por verbos).
Há paralelismo em: ―Nem falas, / Nem cantos, /
Nem prantos, / Nem voz!.‖
36. Exemplo de Sequência de Atividades –
Análise de aspectos morfo-sintáticos
Verbos com sujeito TU: voavas, corrias, fugias,
sintas, não negues, não mintas, valsavas, volvias,
tremias, sorrias, eras, tinhas, davas, mandavas,
cansaste, ficaste, pensavas, cismavas, estavas.
Verbos com sujeito EU: senti, vi, tive.
Verbos com outros sujeitos: saltavam, voavam,
brincavam (teus cabelos); nos vem (silfo risonho).
37. Exemplo de Sequência de Atividades –
Análise de aspectos morfo-sintáticos
Verbos no pretérito imperfeito do indicativo:
voavas, corrias, fugias, valsavas, volvias, tremias, sorrias,
eras, tinhas, davas, mandavas, pensavas, cismavas, estav
as, saltavam, voavam, brincavam.
Verbos no pretérito perfeito do indicativo:
cansaste, ficaste, senti, vi, tive.
Verbos no imperativo negativo: não negues, não mintas.
Verbo no presente do subjuntivo: sintas.
Verbo no presente do indicativo: vem.
38. Exemplo de Sequência de Atividades – Análise
de aspectos morfo-sintáticos
Para o substantivo faces: em rosas, formosas, carmim.
Para o substantivo rosas, rosa:
formosas, formosa, pálida, mimosa, batida, caída, sem
vida, no chão (advérbio com sentido de adjetivo).
Para o adjetivo carmim: de vivo, lascivo.
Para o pronome tu:
ardente, contente, tranquila, serena, sem
pena, bela, donzela, falsa, prostrada, turbada, pálida.
Para o substantivo donzela: bela.
Para o substantivo cabelo: belos, soltos revoltos.
Para o substantivo olhos: escuros, tão puros, perjuros.
39. Exemplo de Sequência de Atividades –
Análise de aspectos morfo-sintáticos
Para o pronome eu: louco, calado, sozinho, mesquinho,
em zelos, triste, mudo.
Para o substantivo silfo: risonho.
Para o substantivo riso: liso.
Para o substantivo lábios: de rosa.
Para o substantivo vento: cruento.
Para o substantivo dança: que cansa.
Para o substantivo valsa: veloz.
40. Sequência de atividades
Análise
• Explorar os
aspectos
semânticos
• Figuras de similaridade;
• Figuras de contiguidade;
• Figuras de oposição;
41. Exemplo de Sequência de Atividades –
Análise de aspectos semânticos
1- Há sinédoques ou metonímias no poema?
Quais?
2- Há comparações no poema? Quais?
3- Há metáforas no poema? Quais?
4- Há antíteses ou oposições no poema? Quais?
42. Exemplo de Sequência de Atividades –
Análise de aspectos semânticos
Sinédoque: teus cabelos saltavam, voavam,
brincavam.
Comparação: eras bela qual silfo risonho, pálida
qual rosa mimosa.
Oposição: eu-lírico - EU estático em oposição ao
movimento da moça que valsava – TU; tudo o que
―pertencia‖ ao eu-lírico (que é meu) era dado a
outro (não eu), sequência de negativas ligadas ao
eu-lírico.
43. Sequência de atividades
Análise
• Selecionar os
dados que
articulam fundo
e forma
• Como o critério é a
articulação, nem todos os
dados analisados são
selecionados.
44. Exemplo de Sequência de atividades –
Articulação entre fundo e forma no poema
―Além da indicação do próprio título, ―A
Valsa‖, a métrica e o acento sugerem uma leitura
em compasso ternário, que causa um
deslizamento na leitura, apontando para o fato de
que há uma relação motivada da forma com o
conteúdo do poema – a imagem coreográfica e o
tempo da valsa.‖ (REIS; CAMPOS, 2007)
45. Exemplo de Sequência de atividades –
Articulação entre fundo e forma no poema
―Dois motivos guiam a ―melodia‖ do poema: a 2ª
pessoa, o ―tu‖, que está em movimento e a 1ª, um eu lírico
estático e lastimoso, voz centralizadora, cujo conflito é
colocado não apenas uma vez, mas em refrão, repetindo-
se no percurso temporal demarcado nos versos – o desejo
de que a amada sinta o ciúme que ele, intensamente –
―louco‖-, sentiu, por ela ter valsado com outro no dia
anterior, e denuncia a traição com o imperativo
negativo, de acusação, e afirmativo, de ter testemunhado o
fato, em discurso direto exclamativo – ―não negues, / não
mintas/ - Eu vi!...‖.‖ (REIS; CAMPOS, 2007)
46. Exemplo de Sequência de atividades –
Articulação entre fundo e forma no poema
―A repetição mostra o crescente desespero do eu lírico,
cuja situação não se resolve, o que já estava previsto pelo
uso da subordinada volitiva ―quem dera/que sintas/as
dores/de amores‖. O refrão aparece alternado com as
estrofes, que apresentam sinedoquicamente o eu feminino,
o ―tu‖, suas faces, cabelos, colo, olhos, boca (sorriso),
lábios, com uma beleza pintada em cores românticas e,
por isso, divina, fluida - ―voavas‖.‖ (REIS; CAMPOS, 2007)
47. Exemplo de Sequência de atividades –
Articulação entre fundo e forma no poema
―A primeira estrofe traz a situação
temporal, ―ontem‖, sócio-espacial, ―na dança‖ – expressão
que se alarga para indicar a ação vivida pelos sujeitos. O
verbo imperfeito ―voavas‖ é uma prolepse, uma
antecipação da fala enciumada do eu masculino para dizer
que há um distanciamento na relação amorosa. O tom
acusativo se mantém em todos os versos revelando-
se, inclusive, de modo impressionista no qualificativo das
―faces‖ do eu ―lascivo/carmim‖.‖ (REIS; CAMPOS, 2007)
48. Exemplo de Sequência de atividades –
Articulação entre fundo e forma no poema
―O eu masculino vai reconhecendo o desabrochar de
uma ―donzela‖, não para ele, mas para outro/outros, o que
faz aumentar a sua beleza e a sensualidade e a
intensidade da paixão, expressas em fartas enumerações
de verbos, adjetivos, substantivos, num percurso similar
em cada estrofe: o eu apresenta a jovem mulher –
―faces/em rosas/ formosas‖, ―eras bela/donzela‖; afirma a
traição – ―tão falsa/corrias/fugias‖, ―os olhos perjuros‖, e
fala do desprezo manifesto em relação a ele – ―sem
pena/de mim‖, ―sorrias/p’ra outro/não eu‖.‖ (REIS;
CAMPOS, 2007).
49. Exemplo de Sequência de atividades –
Articulação entre fundo e forma no poema
―O poema se encerra cumprindo o que foi vaticinado no
início (3º verso da 1ª estofe), ―Tu, ontem, /na dança/que
cansa‖. Esse ―tu‖ resta ―prostrada‖, pelos excessos da
dança,com um comparativo – ―qual pálida rosa/caída/sem
vida/ no chão‖, uma desqualificação do eu feminino, que
jaz sem valor, após ter desrespeitado a si mesma num
movimento exaustivo e ficado com outros, preterindo
aquele que lhe dedicava tão grande sentimento, segundo a
visão dominadora e ferida do eu masculino.‖ (REIS;
CAMPOS, 2007).
50. Sequência de atividades
Interpretação
Elabore um texto coerente, articulando a
primeira leitura ―desarmada‖ aos dados do
comentário e aos da análise. A partir daí, articule
sua construção à área com a qual você tem maior
afinidade, por exemplo, História, Sociologia,
Filosofia, Psicanálise, entre outras.
51. Exemplo de Sequência de atividades
- Interpretação
O poema ―A valsa‖, de Casimiro de Abreu, artista da 2ª geração
romântica no Brasil, traduz algumas características fundamentais do
pensamento romântico no Brasil. Inspirados nas obras dos
poetas Lord Byron, Goethe, Chateaubriand e Alfred de Musset, os
autores dessa geração também são conhecidos como "byronianos". As
principais características da geração são: o individualismo,
egocentrismo, negativismo, dúvida, desilusão, tédio e sentimentos
relacionados à fuga da realidade, que caracterizam o chamado
ultrarromantismo.
George Gordon Byron foi um poeta romântico inglês que
influenciou toda uma geração de escritores com sua poesia
ultrarromântica. A ele estão associados termos como o spleen, que
significa tédio, mau humor e melancolia, geralmente causados por
amores não correspondidos ou pela descrença na vida em razão da
aproximação da morte, temáticas comuns na poesia ultrarromântica.
52. Exemplo de Sequência de atividades
- Interpretação
O poema ―A valsa‖ mistura elementos líricos, narrativos e
dramáticos para compor uma cena em que o eu-lírico, devastado pelo
ciúme, constata o desabrochar da beleza da sua amada, que não
corresponde aos seus sentimentos. A construção desta beleza que
causa tanto sofrimento é feita por meio de sinédoques e adjetivações:
faces, cabelos, olhos, sorrisos e lábios da amada são comparados em
cor e beleza com rosas vermelhas, formosas e sensuais.
O eu-lírico deseja o tempo inteiro que a amada sofra como ele está
sofrendo a cada giro da valsa que ela está dançando, o que é
constatado pela repetição do refrão, quase uma maldição que ele joga
sobre ela. Em tom acusatório, ele se coloca como uma testemunha
ocular que se sente paralisada pela dor de constatar que tudo o que
ele deseja é direcionado para outro, ficando sem fala, sem canto, sem
pranto, sem voz.
53. Exemplo de Sequência de atividades -
Interpretação
A escolha da valsa, uma dança de salão em que um casal enlaçado
rodopia pelo salão em um compasso ternário com a condução do cavalheiro
faz oposição com a ideia de passividade deste eu-lírico, incapaz de tomar a
iniciativa e exteriorizar suas emoções, enquanto a donzela, que deveria ser
conduzida na dança e na vida, de acordo com os parâmetros sociais da
época, demonstra os seus sentimentos por outro, que não o eu-lírico. O ritmo
da valsa é quebrado a cada acusação no final do refrão: ―— Eu vi!...‖, fazendo
um contraste entre o movimento da donzela e a imobilidade do eu-lírico, como
se a cada giro dela quem perdesse o fôlego fosse ele.
A figura feminina tem uma beleza quase demoníaca, que
enfeitiça, paralisa, deixa o eu-lírico sem ação, desejando-a, ao mesmo tempo
em que deseja o seu mal. A distância entre eles se dá muito mais pela não
correspondência amorosa do que pela idealização de uma figura feminina
pura, santa e inatingível, já que a outro e não a ele ela devota o seu
amor, além dos traços da sua beleza serem sensuais e provocantes.
54. Exemplo de Sequência de atividades -
Interpretação
Ao final do poema, é como se todo o mal que o eu-lírico desejou à
donzela se concretize. Exausta pelos movimentos da valsa ela fica
prostrada, turbada, pálida, batida, caída, sem vida, no chão. Ao mesmo
tempo, os verbos pensavas e cismavas sugerem a ideia de que ela
possa estar sentindo o mesmo que o eu-lírico sentiu, ao ver que o seu
amor também não era correspondido.
Este poema corresponde à fase ultrarromântica do romantismo
brasileiro, mostrando a exacerbação dos sentimentos de um eu-lírico
egocêntrico e egoísta que sofre tanto por um amor não correspondido
a ponto de desejar transferir para a mulher amada todo este sofrimento
que o imobiliza, o que ocorre no final do poema no qual o movimento
da donzela cessa e ela fica prostrada e sem vida, caída no chão. É
como se o eu-lírico sugasse a vida, a cor e a beleza da donzela, por
não suportar que ela não lhe pertencesse.
55. Modo de avaliar o aprendizado
Aqui você irá explicitar detalhadamente
quais atividades serão desenvolvidas ao
final da aula, ou propostas para casa, com o
intuito de avaliar de que forma o aluno
desenvolveu as habilidades mobilizadas e
se o conteúdo foi bem assimilado.
56. Exemplo de Modo de Avaliar o
Aprendizado
Proposta de produção textual:
Reescreva o poema transformando o texto em
versos em um texto narrativo em prosa.
Agora reescreva o poema como um texto narrativo
em prosa mudando o foco narrativo para mostrar o
ponto de vista da moça que valsava.
57. Referências bibliográficas
Aqui você irá explicitar todas as
obras consultadas para montar este
plano de aula, seguindo as normas de
apresentação já estudadas.
58. Exemplo de Referências
Bibliográficas
ABREU, Casimiro de. Obras De Casimiro De Abreu. Belo Horizonte:
Itatiaia, 1999.
AUERBACH, Erich. Introdução aos estudos literários. Trad. José
Paulo Paes. São Paulo: Cultrix, 1972.
CANDIDO, A. Na sala de aula: caderno de análise literária. 2ªed. São
Paulo: Ática, 1986.
__________. O estudo analítico do poema. São Paulo: FFLCH-USP,
1993.
CUNHA, Celso e CINTRA, Luís F. L. Nova Gramática do Português
Contemporâneo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
D’ONOFRIO, Salvatore. Poema e Narrativa: Estruturas. São Paulo:
Duas Cidades, 1978.
59. Exemplo de Referências
Bibliográficas
E-BIOGRAFIAS. Casimiro de Abreu. Disponível em: http://www.e-
biografias.net/casimiro_abreu/ Acesso em: 04 out. 2013.
GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. 13ª ed. São Paulo: Ática,
2003.
KAYSER, Wolfgang. Análise e interpretação da obra literária. 7ª ed.
Rev. Paulo Quintela.Coimbra: Arménio Amado, 1985.
MARTINS, Nilce S. Introdução à estilística: a expressividade na língua
portuguesa. São Paulo: TAQ e EDUSP, 1989.
PIGNATARI, Décio. Comunicação poética. 2ª ed. São Paulo: Cortez &
Moraes, 1978.
REIS, C. M. D. R.; CAMPOS, M. D. Entre o poema e a partitura: “A
Valsa” de Casimiro de Abreu. Per Musi: Belo Horizonte, n.15, 2007, p.
55-66.