6. Descrição
Árvore com copa espalhada com galhos arqueados
deixando passar bastante luz, ocupando no geral apenas
um quarto do total da altura da árvore. Nos solos férteis e
profundos, tem caule ereto, porém nos solos de tabuleiro,
nas ladeiras, tem caule tortuoso. Na caatinga, tem altura
entre 3 a 15 m, em outros ecossistemas atinge 20 ou até 30
m com diâmetro de até mais de um metro. A casca tem
muitas variações, tanto na cor (clara, acinzentada,
castanho avermelhada, escura) como na textura
(completamente coberta de acúleos, escura,
profundamente gretada, áspera, apresentando arestas
salientes; ou com poucos acúleos; ou lisa, totalmente
desprovida de acúleos e com fissuras longitudinais pouco
profundas.).Ao ser ferida, ela exsuda uma goma-resina
amarelada a avermelhada. Os ramos novos podem
apresentar acúleos.
7. Folhas
Folhas compostas bipinadas, com até 30 pares de pinas
opostas, estas medindo 4-8 cm; folíolos 50-60 pares,
opostos, sésseis, em geral medindo 3-6 x 1-2 mm; pecíolo
com glândula preta eliposóide, localizada junto à inserção
e mais algumas menores entre os últimos pares de folíolos.
Folha composta: (l.compositus= colocado conjuntamente):
Folha cujo limbo encontra-se dividido em folíolos
totalmente independentes. Difere da folha seccionada
pela presença de um pulvino na base de cada folíolo e
também pela raque sem vestígio algum da lâmina.
Folha bipinada ou bipenada: (l. bi ou bis=duplo; l.
pennatus, em alusão a l. penna ou pinna=pena): Diz-se
da
8. folha composta pinada onde cada um dos folíolos também são
compostos pinados, gerando um padrão recorrente
9. Flor
Flores brancas ou amareloesverdeadas, pequeninas,
dispostas em capítulos globosos axilares ou terminais,
de 3-5 cm, com cheiro característico e suave.
Capítulo (l. capitulum, diminutivo de l.
caput=pequena cabeça) – Inflorescência
densamente condensada, discoide ou arredondada,
com flores sesseis.
10. Fruto
O fruto é uma vagem castanho-avermelhada,
achatada, grande, de até 32 cm de comprimento,
com superfície rugosa e dotada de pequenas
excrescências e com bordos espessados e levemente
constritos entre as sementes. Contém 8 a 15 sementes
e se abre, de início, apenas por um dos lados.
11. Sementes
Sementes marrom-avermelhadas até escuras,
brilhantes, com diâmetro entre 1 a 2 cm, achatadas.
12. Raiz
A planta jovem forma tubérculos lenhosos pequenos na
raiz principal, que é pivotante e acentuada em relação às
laterais. Na planta adulta não se encontram mais
tubérculos e as raízes superficiais são mais desenvolvidas.
Madeira castanho-amarelada quando recém-cortada,
passando a castanhoavermelhada e escurecendo para
vermelho-queimado; apresenta abundantes veios ou
manchas arroxeadas, que são mais destacadas quando
recém-cortada e produzem um belo desenho na madeira.
A superfície é pouco lustrosa e irregularmente áspera. A
madeira é pesada (até mais de 1 g/cmj), compacta e rija,
tem elasticidade baixa, grande durabilidade natural e alta
resistência ao apodrecimento. Cheiro imperceptível e
gosto ligeiramente adstringente.
13. Como reconhecer a planta
Pela casca característica, o porte ereto e a floração
característica durante a estação seca. Não confundir
com: Piptadenia peregrina - o "angico" da Amazônia,
nem com Piptadenia colubrina - o "angico-branco"
de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
14. Ocorrência e amplitude
ecológica
Regional: Ocorre em todas as regiões do Estado do
Ceará, exceto nos tabuleiros da costa e na mata
úmida das serras. É uma das espécies de mais ampla
distribuição no espaço das caatingas.
Habita também as florestas decíduas altas, a Mata
Atlântica, o cerrado, o Pantanal Mato-Grossense
(nas partes secas calcárias) e campos rupestres ou
de altitude, ocorrendo desde o Maranhão até o
norte da Argentina, Peru, Bolívia, Paraguai e de
Minas Gerais até Mato Grosso.
Entre os angicos brasileiros é o que tem a maior
abrangência geográfica e o que prefere as matas
mais secas.
15. Informações ecológicas
Planta decídua, heliófila, que tolera sombreamento leve na fase
juvenil, pioneira ou secundária inicial, de rápido crescimento,
que vegeta indiferentemente à sombra ou ao sol, em solos
secos e úmidos, preferindo solos férteis e profundos, mas com
grande adaptabilidade a diferentes tipos de solos; tolera solos
rasos e compactados mas não gosta de solos inundados. Na
região Nordeste, ocorre nos solos de origem sedimentar,
principalmente areníticos, calcários e aluviais. A regeneração
natural ocorre por sementes, apresentando também rebrotação
de tocos. Tem produção anual de grande quantidade de
sementes viáveis, que são dispersadas pela ação do peso ou
por formigas. Apresenta reprodução vigorosa, rapidez na
germinação, ausência de dormência nas sementes, alta
germinabilidade em uma ampla faixa de temperatura,
resistência das plântulas ao dessecamento pela presença de
órgão de reserva de água e amido nas plantas estabelecidas.
Tem crescimento rápido, mas não atinge grande
número de anos. A formiga da roça (saúva) sobe nos seus ramos
mais altos para colher as flores.
16. Fenologia
Inicia a queda das folhas nos primeiros dias do período
seco e reveste-se de folhas no final da estação seca/início
da estação chuvosa. A floração ocorre na estação seca
“(setembro-novembro)” com a árvore quase totalmente
despida da folhagem. O início de floração e outros
fenômenos do ciclo vital variam de planta para planta.
Por isso, a época em que se pode achar indivíduos de
angico em floração estende-se por vários meses. A
frutificação tem lugar a partir do fim da floração, seguida
da maturação e dispersão gradativa das sementes. As
vagens deiscentes permanecem presas à planta-mãe
após a dispersão das sementes até o outro período de
frutificação. O angico pode começar a florir e frutificar a
partir de 3 anos de idade.
17. Propagação
• Por sementes, estaquia e rebrotação do toco.
18. Obtenção de sementes
Colher os frutos diretamente da árvore quando
iniciarem a abertura espontânea. Em seguida levá-los
ao sol para completar a abertura e liberação das
sementes. Um quilo contém entre 6.400 e 23.000
sementes. Devem ser usadas sementes frescas, pois o
poder germinativo decresce rapidamente em
condições naturais enquanto se armazenadas em
câmara fria é mantido por mais de um ano. As
sementes não apresentam dormência e germinam
logo com as primeiras chuvas
19. Cultivo de mudas
Colocar as sementes para germinar logo que colhidas e
sem nenhum tratamento em canteiros semi-sombreados
contendo substrato organo-arenoso, ou diretamente em
recipientes individuais. Cobri-las com uma leve camada
de substrato peneirado e irrigar duas vezes ao dia. A
emergência ocorre em 5-10 dias e a taxa de germinação
geralmente é alta (mais de 80%) para sementes frescas.
Transplantar as mudas para canteiros individuais quando
atingirem 4-5 cm (3 a 4 semanas após semeadura). O
desenvolvimento das plantas no viveiro é bom, sendo
relativamente fácil a formação das mudas, e, no campo,
o crescimento também é bastante rápido. Também pode
ser efetuada a semeadura direta em recipiente ou na
cova defInitiva.
20.
21. Por causa da
Plantio
sua rápida germinação e rusticidade,
demonstra boas possibilidades de utilização em
semeadura direta no campo, mesmo em locais de solos
pobres e erodidos de encostas desnudas. Mudas maiores
que 1,50 m são dificeis de transplantar. O angico pode ser
plantado em plantio puro a pleno sol, embora seja mais
aconselhável em plantio misto com espécies nativas da
região. A associação com espécies pioneiras de
crescimento rápido ajuda a melhorar sua forma e ele
pode ser utilizado no tutoramento de espécies nativas
secundárias-clímaxes. Outra forma de plantio é em faixas
abertas na vegetação existente, para enriquecer
capoeiras ou outras formas de vegetação degradada. Por
apresentar brotação após corte, o angico pode ser usado
em sistemas agroflorestais.
22. Constituintes químicos e
psicodélicos
Já foram identificados:
tanino (até 32%),
bufotemina,
ácido cianídrico,
DMT e 5-MeO-DMT .
Índios da Selva de Orinoco, na Colombia e
Venezuela deram o nome de Yopo. Possivelmente,
este era o mesmo nome dado a esta mistura
psicodélica pelos Indios que habitavam a parte sul do
Amazonas. O Yopo é inalado, utilizando longos
bambus ou tubos, feitos a partir de ossos de pássaros.
23. [...]
Podendo ser pequena, delicada, muito leve
Ou grande, rústica e muito pesada
A semente guarda inúmeros segredos
Revelados um pouco quando pesquisada.
A semente; Ismar S. Moscheta
24. BIBLIOGRAFIA
• Caracterização citogenética em Anadenanthera
colubrina (Vell.) Brenan (Mimosoideae) eGuazuma
ulmifolia Lam. (Sterculiaceae); Flavia Aparecida
Ortolani; extraído de:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
33062010000200001&script=sci_arttext&tlng=es
Em: 06/09/2012
• MORFOLOGIA VEGETAL, Organografia e Dicionário
Ilustrado de Morfologia das Plantas Vasculares; Eduardo
Gomes, Harri Lorenzi; 2ª ed. São Paulo: Instituto
Plantarum de Estudos da Flora, 2011.
• avisospsicodelicos.blogspot.com.br; acessado em:
06/09/2012