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CURSO NOME
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
QUESTÕES DA CESP – UNB
TEXTO I
CONCURSO: MINISTÉRIO DA ASSISTÊNCIA E PREVIDÊNCIA SOCIAL –
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS – FISCAL DE
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS
A ROTINA E A QUIMERA
Sempre se falou mal de funcionários, inclusive dos que passam a hora do expediente
escrevinhando literatura. Não sei se esse tipo de burocrata-escritor existe ainda. A racionalização
do serviço público, ou o esforço por essa racionalização, trouxe modificações sensíveis ao
ambiente de nossas repartições, e é de crer que as vocações literárias manifestadas à sombra de
processos se hajam ressentido desses novos métodos de trabalho. Sem embargo, não se terão
estiolado de todo, tão forte é, no escritor, a necessidade de exprimir-se, dentro ou fora da rotina
que lhe é imposta. Se não escrever no espaço de tempo destinado à produção de ofícios, escreverá
na hora do sono ou da comida, escreverá debaixo do chuveiro, na fila, ao sol, escreverá até sem
papel — no interior do próprio cérebro, como os poetas prisioneiros da última guerra, que voltaram
ao soneto como a uma forma que por si mesma se grava na memória.
E porque se maldizia tanto o literato-funcionário ? Porque desperdiçava os minutos do seu
dia, reservado aos interesses da Nação, no trato de quimeras pessoais. A Nação pagava-lhe para
estudar papéis obscuros e emaranhados, ordenar casos difíceis, promover medidas úteis, ouvir com
benignidade as “partes”. Em vez disso, nosso poeta afinava a lira, nosso romancista convocava
suas personagens, e toca a povoar o papel da repartição com palavras, figuras e abstrações que em
nada adiantam à sorte do público.
É bem verdade que esse público, logo em seguida, ia consolar-se de suas penas na trova do
poeta ou no mundo imaginado pelo ficcionista. Mas, sem gratidão especial ao autor, ou talvez
separando neste o artista do rond-de-cuir, para estimar o primeiro sem reabilitar o segundo.
O certo é que um e outro são inseparáveis, ou antes, este determina aquele. O emprego do
Estado concede com que viver, de ordinário sem folga, e essa é condição ideal para bom número
de espíritos: certa mediania que elimina os cuidados imediatos, porém não abre perspectiva de ócio
absoluto. O indivíduo tem apenas a calma necessária para refletir na mediocridade de uma vida que
não conhece a fome nem o fausto; sente o peso dos regulamentos, que lhe compete observar ou
fazer observar; o papel barra-lhe a vista dos objetos naturais, como uma cortina parda. É então que
intervém a imaginação criadora, para fazer desse papel precisamente o veículo de fuga, sorte de
tapete mágico, em que o funcionário embarca, arrebatando consigo a doce ou amarga intenção, que
irá maravilhar outros indivíduos, igualmente prisioneiros de outras rotinas, por este vasto mundo
de obrigações não escolhidas. ( ... )
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, Passeios na ilha. In: Poesia completa e prosa. Rio de
Janeiro; José Aguilar, 1973.
Questão 01)
No que diz respeito ao conteúdo do texto, julgue os itens que se seguem.
1. Somente o funcionário “burocrata-escritor”(linha 2) tem sido criticado pela população.
2. A verdadeira vocação literária só se manifesta no ambiente do serviço público.
3. Infere-se do texto que as produções literárias em versos rimados são mais facilmente retidas
pela memória.
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4. Em virtude das mudanças ocorridas no ambiente do serviço público, o “burocrata-escritor”
desapareceu por completo.
5. Infere-se do texto que, no Brasil, o Estado tem, indiretamente, subvencionado a literatura
nacional.
Questão 02)
Com base nas informações contidas no texto, julgue os itens seguintes.
1. Por causa do grande número de literatos-funcionários existentes no ambiente das repartições, o
Estado se viu forçado a tomar medidas para racionalizar o serviço público.
2. Do ponto de vista do serviço público, o trabalho burocrático dos literatos-funcionários é inútil.
3. São tarefas do funcionário público: estudar papéis obscuros e emaranhados, ordenar casos
difíceis e promover medidas úteis.
4. O público preferiria que o poeta, em vez de afinar a lira, afinasse a ponta do lápis e que o
romancista, em vez de convocar suas personagens, convocasse as partes interessadas.
5. Infere-se do texto que a expressão francesa “rond-de-cuir” (linha 19) significa burocrata.
Questão 03)
Ainda quanto ao conteúdo do texto, julgue os itens abaixo.
1. A condição de escritor determina a condição de funcionário público.
2. É o estado mediano entre a fome e o fausto que permite, a bom número de espíritos, produzir a
sua obra literária.
3. A literatura é, para o “burocrata-escritor”, assim como para alguns leitores, um modo de
escapar às rotinas e às obrigações do serviço público.
4. Se o “literato-funcionário”(linha 11) dispusesse de mais tempo livre para escrever, produziria
uma obra literária mais volumosa.
5. O termo “autor” (linha 18) refere-se ao próprio Carlos Drummond de Andrade.
TEXTO II
CONCURSO: MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL –
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS – FISCAL DE CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIAS
Leia o texto seguinte e responda às questões de 04 a 07.
PONTUALIDADE LÍRICA
Sinto remorsos de chegar primeiro,
Antes de todos,
Na Repartição.
Tenho piedade do José Ribeiro,
Que inventa modos
De chegar lampeiro,
Sem afobação.
Sempre sou eu a estrela matutina
Que antes de todos
Da Repartição
Surge assobiando pela mesma esquina
Que todos dobram
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Cheios de aflição
A pobre Antônia tem, nos olhos grandes,
( Menores que a tristeza cansativa
De não passar de simples Barnabé),
Uma esquisita, insólita leveza,
Quando, ofegante, vem chegando a pé ...
E o funcionário humilde, que se dobra
Num cumprimento cheio de esperança,
Fica intrigado e busca, nos meus olhos,
Qual o segredo da pontualidade
Exagerada
Que me faz notado
Por todo mundo na Repartição
Por todo o mundo ?
Disse mas não repito ...
Existe alguém de olhar azul, vestidos lindos,
Brincos mimosos e pulseiras
Feiticeiras
Que ri de mim, quando eu gaguejo
Ao responder-lhe a mínima pergunta.
E não percebe que o Relógio Tagus
Não passa de um moderno realejo
Onde a canção “Pontualidade”
É a rima certa de “felicidade”.
Sou pobre cego em busca de uma esmola:
Seja sorriso, olhar ou simplesmente
O mais normal de todos os “bons-dias” !
MARQUES OLIVEIRA, Canção do funcionário pontual. Brasília: Uberaba, 1977.
Questão 04)
Com relação às idéias do texto, julgue os itens seguintes.
1. O autor do poema Pontualidade lírica é um bom exemplo do “burocrata-escritor”, referido
por Carlos Drummond de Andrade em A rotina e a quimera.
2. O poeta é o primeiro funcionário a chegar à Repartição porque é encarregado do controle do
ponto.
3. O poeta sente remorso porque chega à Repartição de automóvel, enquanto os funcionários
mais humildes chegam a pé.
4. O centro das atenções dos funcionários mencionados no texto é a moça de olhar azul.
5. O nome completo da funcionária mencionada na terceira estrofe é Antônia Barnabé.
Questão 05)
De acordo com o texto, julgue os itens que se seguem.
1. Na Repartição em que trabalha o poeta, não existem diferenças sociais.
2. Por ser pobre, Antônia cobiça a posição dos funcionários mais bem situados hierarquicamente.
3. O poeta é, provavelmente, um funcionário de escalão médio ou alto.
4. Parafraseando-se o poema, é correto afirmar que, no serviço público, “Pontualidade” é rima
errada de “conspicuidade”.
5. O poeta acredita no ditado popular que diz: “Deus ajuda quem cedo madruga”.
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Questão 06)
Com base no texto, julgue os itens a seguir.
1. A funcionária de olhar azul conquistou o poeta porque é dada à prática da feitiçaria.
2. O nervosismo do poeta perante a funcionária de olhar azul é compreensível por ser ela a sua
chefe imediata.
3. Ao descrever a funcionária de olhar azul e ao afirmar que ela usa brincos mimosos, o poeta
insinua que ela recebe muitos presentes de seus admiradores.
4. O poeta e a funcionária de olhar azul têm visões diferentes do “Relógio Tagus”.
5. Os últimos versos do poema revelam o verdadeiro motivo de o poeta chegar sempre primeiro à
Repartição: ele tem dificuldade de se locomover por ser um deficiente visual.
Questão 07)
No texto, é correta a substituição, sem alteração de sentido, de
1. “lírica” por poética
2. “piedade” por devoção
3. “lampeiro” por despercebido
4. “gaguejo” por tartamudeio
5. “uma esmola” por um agrado
TEXTO III
CONCURSO: SENADO FEDERAL – PODER LEGISLATIVO – ANALISTA
LEGISLATIVO/COMUNICAÇÃO SOCIAL, CONTATOS E EVENTOS – ÁREA 3:
IMPRENSA ESCRITA
ENTREVISTA
Um livro nasce sempre das mãos criativas do seu autor. Não é fruto de magia, coisa que
aconteça de repente. É suor, cansaço, entrega total. Luta difícil e demorada com as palavras
sempre arriscadas e fugidias. Muitas envelheceram no tempo, outras desgastaram-se no uso
intenso e já pouco dizem, não significam mais. Não importam as dificuldades, o escritor sabe da
urgência do seu ofício, da importância da sua missão.
Ivan Ângelo, escritor nascido em Barbacena (MG), em 1936, concedeu uma entrevista
no livro PARA GOSTAR DE LER, VOLUME 10, DA EDITORA ÁTICA, 1988. Vamos ler,
conhecer e refletir um pouco sobre o que é, enfim, o ATO DE ESCREVER.
“ESCREVO PARA MEXER COM AS PESSOAS”
— Você escreve os seus textos à mão ou à máquina ?
Eu escrevo à mão e à máquina. À mão, quando o texto é mais difícil. E geralmente é.
Depois passo tudo à máquina, corrigindo, reescrevendo, e guardo. Deixo chocar uns dois, três
meses. Aí pego de novo e reescrevo, emendo — à mão. Depois eu mesmo datilografo tudo de
novo, ainda mudando coisas.
— Você escreve com algum objetivo específico ?
Eu escrevo para mexer um pouco com a cabeça das pessoas, escrevo contra o tirano e o
opressor que está dentro das pessoas. Eu mostro como é horrível sermos como somos. E
escrevo também CONTRA um jeito quadrado de escrever.
— E para quem é que você e outros autores brasileiros escrevem hoje em dia ?
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Certamente não é para o povo, mas é seguramente SOBRE esse povo. Escrevemos para
um público limitado, para estudantes e para as pessoas mais sofisticadas da chamada classe
média para cima. Quando a arte saiu das praças e das igrejas e entrou para os teatros, salões,
galerias e livros, começou um processo de exclusão do povo por causa do preço, das roupas que
ra preciso vestir para ir a esses lugares, da hora, do conhecimento, do trabalho etc. “ A
marginalização foi aumentando até chegar ao que temos hoje: o povo NÃO ENTENDE mais a
arte que uma parte do povo produz”. ( ... )
R.MAGALHÃES E C.M.CARDOSO, texto 21, In PALAVRA CHAMA PALAVRA, 7ª série, São
Paulo, Ed. do Brasil, 1994, p 91 ( com adaptações ).
Questão 08)
Quanto ao conteúdo do texto, julgue os itens que se seguem.
1. O texto está dividido em três partes: uma introdução sobre o nascimento dos livros, uma
bibliografia e a entrevista propriamente dita.
2. A entrevista do escritor Ivan Ângelo foi originalmente concedida a R. Magalhães e C. M.
Cardoso.
3. O ponto de vista da introdução concorda com o de Carlos Drummond de Andrade, quando este
afirma que “ Lutar com palavras / é a luta mais vã. / ( ... ) Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e
súbito fogem / e não há ameaça / e nem há sevícia / que as traga de novo / ao centro da praça.”
4. Os escritores trabalham com urgência porque algumas palavras tendem a envelhecer
rapidamente, sendo preciso registrá-las antes que se desgastem e desapareçam.
5. Na linha 2, é usado o recurso da personificação para referir-se à maneira como se comportam
as palavras.
Questão 09)
Ainda quanto ao conteúdo do texto, julgue os itens abaixo.
1. Infere-se do texto que, além de escritor, Ivan Ângelo é também psiquiatra.
2. A visão que Ivan Ângelo tem do ser humano é, no mínimo, negativa.
3. Ivan Ângelo escreve sobre os estudantes e as pessoas mais sofisticadas da chamada classe
social média para cima porque tem consciência de que não será lido pelo povo.
4. Infere-se do texto que, no passado, quando arte e povo estavam mais intimamente interligados,
o povo entendia a arte produzida por seus artistas.
5. Nos dias de hoje, o povo saiu das praças e igrejas porque a violência urbana na sociedade
brasileira aumentou consideravelmente.
TEXTO IV
CONCURSO: SENADO FEDERAL – PODER LEGISLATIVO – ANALISTA
LEGISLATIVO/COMUNICAÇÃO SOCIAL, CONTATOS E EVENTOS – ÁREA 3:
IMPRENSA ESCRITA
BRASIL
A mais bem comentada e bem-sucedida campanha publicitária de 1996 foi “Mamíferos”,
da agência DM9, que anunciou os produtos Parmalat com crianças fantasiadas de bichos. A
agência registrou um faturamento de 210 milhões de reais, 26% a mais que no ano anterior, e foi
apontada pela revista Advertising Age como uma das três agências mais premiadas do mundo.
Fenômeno no mercado publicitário, a campanha foi a mais lembrada pelos consumidores mesmo
depois de quatro meses fora do ar.
Pelo menos duas campanhas veiculadas por revistas pegaram carona no êxito da “
Mamíferos”: a churrascaria Marius, do Rio de Janeiro, usou crianças vestidas de adultos a quem
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chamava de “carnívoros”, e o Sustagen, alimento lácteo da Mead Johnson, mostrou uma menina
com expressão de ferocidade que convidava os pais a reforçarem o leite de seus mamíferos. A
carona em campanhas de sucesso parece ter sido uma tendência da publicidade em 1996. A
controvertida campanha da Rider, “Dê férias para seus pés”, que teve de ser reformulada depois
que uma concorrente pôs no ar um grupo de gordinhos suando na academia de ginástica e
queixando-se das nefastas conseqüências das férias sobre seu peso, inspirou um bem-humorado
out-door espalhado pelo Nordeste que anunciava o inseticida Rodasol com o slogan “Dê férias
para seu Rider”, sugerindo que mosquito se mata com o produto específico e não com chinelo.
Para anunciar sua conta-aposentadoria, a Bradesco Previdência contratou talentosos atores
da televisão brasileira e dois excepcionais maquiadores americanos, Karen Westerfield e Rick
Straton, campeões de bilheteria com Família Adams, Eduardo mãos de tesoura e Drácula. A dupla
envelheceu Glória Pires, Diogo Vilela e Marco Nanini, numa campanha que custou três milhões de
reais. A Bradesco Previdência vendeu em novembro, quando a campanha começou a ser veiculada,
trinta por cento mais que no mês anterior.
O chamado merchandising ( publicidade dissimulada embutida em telenovelas, como parte
das falas e gestos dos atores ) ganhou força em 1996. Aos já tradicionais anunciantes — cervejas,
refrigerantes e bancos — somou-se um fundo de investimento em pecuária, Fazendas Reunidas
Boi Gordo, que aumentou suas vendas de trinta mil para 42.000 cabeças por mês desde que seu
merchandising foi inserido na novela O rei do gado. Para ser anunciado pelo ator Antônio
Fagundes, a empresa pagou setecentos mil reais.
PUBLICIDADE, In Livro do Ano, São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1977, p.212 ( com
adaptações ).
Questão 10)
Com base nas informações contidas no texto, julgue os itens abaixo.
1. A campanha “Mamíferos” demonstrou, de forma inequívoca, que colocar animais nos
anúncios publicitários leva as pessoas a consumir mais.
2. Por sua campanha “Mamíferos”, a Advertising Age foi uma das três agências publicitárias mais
premiadas em 1996.
3. Comparado ao de 1996, o faturamento dos produtos da Parmalat foi 36% menor em 1995.
4. Infere-se do texto que, salvo algumas exceções, os consumidores tendem a esquecer
rapidamente as mensagens veiculadas pelas campanhas publicitárias.
5. Infere-se do texto que as agências que imitam as campanhas publicitárias bem-sucedidas de
suas concorrentes não se preocupam com os efeitos negativos que possam provocar na
campanha original.
Questão 11)
No que diz respeito ao conteúdo do texto, julgue os itens que se seguem.
1. A churrascaria Marius, do Rio de Janeiro, pôde tirar partido do sucesso da campanha
publicitária da agência DM9 porque todo mamífero é carnívoro.
2. Em sua campanha publicitária, a Mead Johnson tentou veicular a idéia de que, quando está
com fome, o mamífero é uma fera.
3. A campanha “Dê férias para seus pés”, da Rider, tinha como objetivo levar as pessoas a passar
as férias deitadas, dormindo de pernas pro ar.
4. A concorrente da Rider, que pôs no ar um grupo de gordinhos exercitando-se na academia de
ginástica para perder peso, procurou veicular a mensagem de que dar férias para os pés faz as
pessoas engordarem.
5. A Rider reformulou a sua campanha publicitária porque as pesquisas comprovaram que, no
Nordeste, os seus chinelos estavam sendo usados para matar mosquitos.
Questão 12)
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Ainda quanto ao conteúdo do texto, julgue os itens seguintes.
1. A Bradesco Previdência pagou três milhões de reais aos maquiadores americanos Karen
Westerfield e Rick Straton para que envelhecessem Glória Pires, Diogo Vilela e Marco Nanini.
2. Grande parte do sucesso de bilheteria alcançado pelos filmes Família Adams, Eduardo Mãos
de Tesoura e Drácula se deve ao excepcional trabalho de maquilagem realizado por Karen
Westerfield e Rick Straton.
3. O merchandising é uma forma subliminar de publicidade, procurando atingir indiretamente o
consumidor.
4. O resultado do merchandising das Fazendas Reunidas Boi Gordo na novela O rei do gado foi
o aumento de doze mil cabeças de gado em seus rebanhos.
5. As Fazendas Reunidas Boi Gordo pagaram setecentos mil reais para que a Globo colocasse
Antônio Fagundes no elenco da novela O rei do gado, possibilitando, assim, ao ator, anunciar
o fundo de investimento em pecuária daquela empresa.
Questão 13)
No texto, é correta a substituição, sem alteração de sentido, de
1. “bem-sucedida”(§ 1) por vitoriosa.
2. “Fenômeno”( § 1) por Prodígio.
3. “carnívoros”(§ 2) por antropófagos.
4. “ferocidade”(§ 2) por braveza.
5. “nefastas”(§ 2) por nocivas.
TEXTO V
CONCURSO: SENADO FEDERAL – PODER LEGISLATIVO – ANALISTA
LEGISLATIVO/COMUNICAÇÃO SOCIAL, CONTATOS E EVENTOS – ÁREA 3:
IMPRENSA ESCRITA
THE GLOBE
LONDRES – Na réplica do teatro Globe tem-se uma idéia aproximada do que era ver uma
peça de Shakespeare, talvez com o próprio autor num dos papéis menores, no século XVII. Tudo
no novo Globe é aproximado. O antigo não ficava ali e ninguém sabe como ele era, exatamente. A
reconstituição seguiu, tanto quanto possível, as técnicas de construção da época, inclusive com o
telhado de palha, mas há um moderno complexo de apoio em volta da réplica e recursos de
segurança como o de prevenção de incêndio – afinal, o velho Globe queimou duas vezes. A
experiência também não é porque, se você fosse um londrino no verão de, digamos, 1600, veria a
peça a pé, cercado por uma multidão participante, que freqüentemente atirava coisas no palco ou
xingava um vilão, e fedorenta. As pessoas não costumavam se lavar, nem as suas roupas, na época.
As apresentações eram à tarde e vendedores percorriam a platéia oferecendo comida, que
seguidamente acabava no palco. Pode-se imaginar laranjas bem miradas interrompendo solilóquios
e algum Iago bem descontrolado pulando do palco em cima de um crítico mais loquaz.
Havia apresentações de peças todas as tardes, contra a vontade das autoridades. O teatro,
além de ser uma manifestação profana e muitas vezes subversiva, estimulava a falta ao trabalho e a
promiscuidade. E podia ser uma ameaça à saúde pública, tanto que o governo da cidade só
conseguia proibi-lo sem protestos durante as epidemias. O teatro era tolerado, com relutância,
porque as duas únicas outras formas de diversão profissional oferecidas ao público de Londres
eram as touradas e as brigas de urso. O futebol veio depois. Shakespeare enriqueceu com o teatro,
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mas o seu ofício nunca foi muito respeitável. Ele nunca imaginaria a cara reverencial dos turistas
que lotam o Globe hoje, em homenagem à sua arte. Ou o seu asseio.
VERÍSSIMO, Correio Braziliense, 26/7/97, com adaptações.
Questão 14)
Com relação às idéias do texto, julgue os itens seguintes.
1. O novo teatro Globe é, na verdade, apenas uma réplica aproximada de uma casa que existiu, no
século XVII, em Londres.
2. Shakespeare era um ator medíocre; por isso só representava pequenos papéis em suas peças.
3. Com vistas a evitar catástrofes, foi construído, por baixo do telhado de palha do novo Globe,
um moderno complexo de prevenção de incêndio.
4. O novo teatro Globe de Londres é o terceiro prédio construído a receber esse nome.
5. Em 1600, os espectadores do Globe assistiam às peças de pé porque o velho teatro não tinha
cadeiras.
Questão 15)
De acordo com o texto, julgue os itens que se seguem.
1. O inglês do século XVII não primava pela higiene pessoal.
2. Os espectadores ingleses contemporâneos de Shakespeare não gostavam de monólogos; eles
preferiam os diálogos.
3. Os espectadores do século XVII participavam mais ativamente da representação do que os
turistas que vão ao Globe assistir às peças de Shakespeare.
4. No século XVII, as peças eram representadas à tarde para que os trabalhadores londrinos
pudessem aproveitar a hora do almoço, assistindo aos espetáculos enquanto comiam.
5. O governo da cidade de Londres tolerava o teatro porque havia poucas opções de diversão
pública na cidade.
Questão 16)
Com base no texto, julgue os itens a seguir.
1. As autoridades londrinas consideravam o teatro uma atividade subversiva porque era durante
os espetáculos que os conspiradores políticos organizavam manifestações contra o governo da
cidade.
2. Somente por graves motivos de saúde pública, os londrinos não protestavam contra o
fechamento de seus teatros.
3. Nos dias atuais, o futebol substituiu o interesse dos ingleses pelo teatro.
4. Apesar de haver ficado rico, Shakespeare nunca foi muito aceito pela sociedade inglesa de seu
tempo.
5. Se Shakespeare pudesse assistir à representação de uma de suas peças no novo Globe, ficaria
surpreso com duas coisas: a reverência por sua obra e o asseio dos espectadores.
TEXTO VI
CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO – MPU – NÍVEL ASSISTENTE
– ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ATIVIDADE-FIM
A VERDADEIRA REVOLUÇÃO
deciosena@email.com 9
Qualquer pessoa da década de 60 sabe: os anos 60 foram os melhores do século. A
gente nunca ouve alguém dizer que é “da década de 80” ou qualquer outra. Só o pessoal dos
anos 60 viveu um decênio de uma vez. É verdade que uma pá de novidades apareceu lá nos
anos 60, mas também não vamos exagerar: eu tinha um estilingue, mas se pudesse optar teria
preferido um videogame. E só pulava muros para comer goiabas no pé porque as redes de fast
food ainda não tinham chegado ao Brasil.
De uma coisa eu nunca tive dúvida: foi na década de 60 que aconteceu a transição entre
o velho e o novo estilo de convivência corporativa. Também foi lá que os empregados se deram
conta de que “carreira” poderia ser uma questão de escolha pessoal, e não uma imposição da
santa madre empresa, que tudo provia sem admitir réplicas ou súplicas.
Foi nessa fase de ruptura que eu consegui meu primeiro emprego. Pude observar as
mudanças sem influir nelas, de uma posição no rodapé do organograma, a de aprendiz de
arquivista (office boy seria mais charmoso, mas o título só surgiu na década de 70). E hoje
acredito que as grandes mudanças no cotidiano dos empregados nada tiveram a ver com teorias
revolucionárias ou novas técnicas de administração de pessoal. Tudo isso foi apenas o efeito.
As verdadeiras causas foram as pequenas mudanças às quais ninguém deu muita importância.
Diploma de datilografia – Durante décadas, para alguém ser admitido no escritório, o
único requisito era “ser alfabetizado” (um enorme plus curricular em um país de analfabetos).
Depois veio a obrigatoriedade de ser diplomado em datilografia. Mas foi nos anos 60 que se
introduziu a exigência do “algo mais”: o Certificado de Proficiência Datilográfica. Ele era
concedido aos poucos capazes de bater 150 toques por minuto, com os dedos certos nas teclas
certas. Nas décadas seguintes, os certificados de proficiência foram sendo gradativamente
substituídos por outros símbolos mais alegóricos de “algo mais”, sendo que o atualmente em
moda se chama MBA.
(continua)
Questão 17)
De acordo com as idéias do texto, assinale a opção correta acerca da década de 60.
a) O texto relata um fato bastante conhecido por todos os brasileiros: os anos 60 foram para todos
os melhores do século.
b) Nessa década, a Igreja era uma empresa dura, mas maternal.
c) Por causa da ruptura política ocorrida nessa década, o autor conseguiu um emprego.
d) Nessa fase, os empregados viviam grandes mudanças no trabalho, graças a técnicas
revolucionárias de administração de pessoal.
e) Nos anos 60, o trabalho dos empregados de escritório sofreu significativos efeitos causados
por pequenas mudanças em seu cotidiano.
Questão 18)
Ainda com relação às idéias do texto, assinale a opção correta.
a) Por estar escrito em primeira pessoa, o texto constitui uma página do diário do autor.
b) No primeiro parágrafo, o autor apresenta um fato significativo da época: apesar de ser uma
década de muito progresso, as crianças eram indisciplinadas por falta de opções de lazer.
c) No segundo parágrafo, o autor classifica os dois estilos de vida religiosa e política dos anos 60:
o velho e o novo.
d) No terceiro parágrafo, o autor conta que seu primeiro trabalho foi o de office boy, como era
conhecido, na década de 70, o “aprendiz de arquivista”.
e) No último parágrafo, o autor apresenta uma das mudanças sem muita importância para os
empregados da época: não bastava mais ser alfabetizado; era preciso ter “algo mais”: diploma
de datilografia.
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TEXTO VII
CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO – MPU – NÍVEL ASSISTENTE
– ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ATIVIDADE-FIM
A VERDADEIRA REVOLUÇÃO (continuação)
Pasta 007 – Quando Seann Connery disse, em 1963, “Bond, James Bond” pela primeira
vez, 98% da platéia predominantemente masculina no cinema estava prestando atenção à atriz,
Ursula Andress. Os 2% restantes notaram que Bond, para onde ia, carregava uma pasta. Foram
aquela pasta e os 2% de visionários que criaram a linha divisória entre quem tinha “um cargo
importante” no trabalho e quem só trabalhava ali e andava de mão no bolso. Mesmo que dentro da
pasta só houvesse a carteira e um sanduíche de mortadela. Hoje, quem é (ou quer ser) “alguém” na
vida corporativa já não se preocupa com esses adereços que servem para pouco, mas dizem muito.
Exceto, claro, os 2% de visionários que carregam, para onde vão, uma bolsa de laptop.
Caneta esferográfica – Ter um título de “gerente” até os anos 50 correspondia a ser piloto
de Fórmula 1 na atualidade: não existiam mais de 100 no país inteiro. “Diretor”, então, seria o
próprio dono da escuderia. Gerentes e diretores possuíam canetas-tinteiro de fino trato e só eles
assinavam documentos. O resto usava lápis preto número 2 e tinha de devolver o toco do velho
para requisitar um novo. Com o advento da caneta esferográfica, abriu-se um enorme leque de
possibilidades: todo mundo podia ter uma caneta “a tinta”, logo todo mundo podia assinar
documentos. Para isso, era preciso criar mais documentos para serem assinados, de preferência
muitas vias. Como mesmo assim havia mais canetas que documentos, cada documento passou a ter
no mínimo três assinaturas.
A prática persiste até hoje, e se fortalece cada vez mais. E o círculo está se fechando,
porque as canetas de fino trato voltaram.
(continua)
Questão 19)
Com relação aos símbolos de poder apresentados no texto VII, há equivalência entre
a) “Pasta 007” e “caneta esferográfica”.
b) “Pasta 007” e “canetas-tinteiro de fino trato”.
c) “98% da platéia” e “tocos de lápis número 2”.
d) “2% de visionários” e “diretores”.
e) “Diretor” e “piloto de Fórmula 1”.
TEXTO VIII
CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO- MPU – NÍVEL ASSISTENTE
– ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ATIVIDADE-FIM
A VERDADEIRA REVOLUÇÃO (continuação)
Salinha 3 por 2 – Os escritórios dos anos 60 eram enormes salões abertos. Ninguém, nem
mesmo o dono, tinha sala privativa. O cafezinho era servido duas vezes ao dia, e ao tomá-lo era
proibido levantar da mesa e formar grupinhos. Aí apareceram as salinhas de divisórias de madeira
e vidro canelado fosco. Os gerentes puderam se esconder dentro delas, mas o resto ganhou a
liberdade de se organizar fora delas, criando um poder paralelo que se reunia em volta dos
mimeógrafos e bebedouros para conspirar contra as mazelas internas.
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Hoje, os mimeógrafos viraram salas com máquinas copiadoras, e os bebedouros se
transformaram em áreas de lanche e tabaco. Mas ainda é nelas que os empregados ficam sabendo
de tudo o que a diretoria pensa que eles não sabem.
( ... )
E teve mais, muito mais: bloquinho de papel personalizado, plaquinha de “Pense” na mesa
do chefe, gravata cor-de-abóbora e outras amenidades que mudaram radicalmente o universo
corporativo. Por isso, quem encontrar uma pessoa remanescente “dos anos 60” deve olhar para ela
com a reverência que se dedica aos pioneiros. Não é preciso acreditar em tudo o que ela diz sobre
os Beatles, mas em uma coisa ela tem carradas de razão: não se fazem mais revistas em quadrinhos
como nos anos 60. As gerações modernas jamais saberão como era bom ler gibi, e não jornal, no
banheiro do escritório.
MAX GEHRINGER, in EXAME, 24/3/99, p.22, com adaptações.
Questão 20)
Assinale a opção que esteja coerente com o conteúdo do texto VIII.
a) Quando ainda trabalhavam em amplos salões comunitários, os empregados de escritório eram
disciplinados e dedicados ao dono da empresa; por isso, não havia formação de grupinhos nem
na hora do café.
b) Na década de 60, os grandes salões foram divididos em salinhas, uma para cada empregado,
para que, isolados e concentrados no trabalho, pudessem ser controlados pelos chefes.
c) Ao darem privacidade aos gerentes, as salinhas deram ensejo aos demais empregados de, livres
da fiscalização constante, reunirem-se e desenvolverem, no horário de trabalho, um poder
paralelo.
d) Atualmente, não há mais sinal de mimeógrafos nos escritórios; com eles desapareceu o
costume de “conspirar contra as mazelas internas” das empresas.
e) Como empregado de baixo escalão, na década de 60, o autor também abusava da liberdade que
tinha, lendo no banheiro do escritório, prazer que os empregados de hoje não têm.
Questão 21)
De acordo com os textos VI, VII e VIII,
a) dentro dos escritórios ocorreram, na década de 60, mudanças interessantes mas banais, sem
repercussão para os dias de hoje.
b) teorias revolucionárias e novas técnicas de administração de pessoal provocaram, nos anos 60,
mudanças dentro dos escritórios, as quais persistem até hoje.
c) os empregados de hoje que desejem algum prestígio devem ter diploma e usufruir de algumas
amenidades, como uma sala pequena mas exclusiva, caneta esferográfica, mimeógrafo e
bloquinho de papel personalizado.
d) a época do surgimento da pasta 007, da troca do lápis pela caneta esferográfica e da exigência
de proficiência em datilografia, entre outras pequenas mudanças, na verdade, foi crucial para
uma ruptura no estilo da convivência dentro dos escritórios.
e) os empregados públicos dos anos 60 foram pioneiros na luta contra a opressão dentro dos
escritórios.
TEXTO IX
CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO – MPU – NÍVEL ASSISTENTE
– ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TRANSPORTE/ATIVIDADE-MEIO
FIM DO BACHAREL
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Entre as profissões tradicionais, o direito era a única que se mantinha relativamente intacta
às mudanças econômicas e aos avanços tecnológicos. A medicina é outra depois do computador. A
engenharia de antigamente chega a ser engraçada para quem trabalha com novos métodos de
construção e materiais de ponta. Agora chegou a vez dos advogados. A transformação começou
com a abertura econômica e intensificou-se com a entrada em bloco de empresas estrangeiras no
país. Até pouco tempo atrás, o mundo do direito era dividido em áreas bem definidas, como a
trabalhista, a comercial, a criminal e tributária. Agora, os escritórios que trabalham com direito
empresarial são muito mais segmentados. O efeito mais curioso das mudanças foi a criação de
frentes de trabalho – uma surpresa em uma profissão que as pessoas se acostumaram a associar à
tradição e ao formalismo.
VEJA, 17/3/99, com adaptações.
Questão 22)
Assinale a opção que melhor resume as idéias do texto.
a) Grandes escritórios de advocacia, especialmente os que trabalham com direito empresarial,
estão criando frentes de trabalho e oferecendo salários acima da média para trazer para o país
profissionais mais qualificados e novos métodos de trabalho.
b) Direito perdeu muito de sua tradição e respeitabilidade quando sofreu influência das mudanças
na economia e na tecnologia, mas esse é um processo inevitável na moderna economia e
tecnologia, como demonstram as mudanças já ocorridas na medicina e na engenharia.
c) Até pouco tempo atrás, o mundo era dividido em áreas bem definidas. As mudanças
econômicas e os avanços tecnológicos estão tornando essas áreas mais segmentadas.
d) Por causa do avanço tecnológico e das mudanças na medicina e na engenharia, a área do
direito, antes tão formal e tradicional, já se rende às mudanças na economia.
e) As profissões tradicionais já estão sofrendo a influência da abertura econômica com a entrada
de empresas estrangeiras no Brasil, haja vista as mudanças na medicina e na engenharia.
Questão 23)
Algumas idéias ficam subentendidas na estrutura textual. No entanto, não se subtende no
texto a idéia de
a) profissão depois de “única”;
b) medicina depois de “outra”
c) novos antes de “materiais”;
d) econômica depois de “transformação”;
e) área antes de “trabalhista”, “comercial”, “criminal” e “tributária”.
TEXTO X
CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO – MPU – NÍVEL ASSISTENTE
– ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TRANSPORTE/ATIVIDADE-MEIO
TRIBUTOS E POLÍTICAS DE EMPREGO
É claro que a maneira mais eficaz de combater o desemprego seria ampliar diretamente a
atividade econômica. O desemprego cairia rapidamente se pudéssemos aumentar os gastos do
governo, reduzir a taxa de juros, ampliar o crédito, e assim por diante.
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Mas essa não é a única maneira de enfrentar o problema. É possível manter e até mesmo
ampliar o emprego com outros tipos de políticas: as que focalizam o lado da oferta. Por exemplo, a
diminuição dos custos de produção dos bens e dos serviços. Com menores custos, os preços caem
– e os consumidores ganham um forte incentivo para comprar. Resultado: a demanda aumenta,
induzida pelo lado da oferta.
HÉLIO ZYLBERSAN, Folha de São Paulo, 13/3/99, com adaptações.
Questão 24)
De acordo com as idéias do texto, assinale a opção incorreta.
a) A expressão “maneira mais eficaz” pressupõe a existência de outras maneiras.
b) Pelas demais idéias do texto, a ampliação da “atividade econômica” é identificada como um
tipo de política.
c) As políticas bem sucedidas de combate ao desemprego incluem sempre aumento dos gastos do
governo.
d) Custos e preços mantêm entre si uma relação de causa e efeito.
e) O “lado da oferta” está em oposição à política de redução dos juros e da ampliação do crédito.
TEXTO XI
CONCURSO: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – CASA MILITAR -
SUBSECRETARIA DE INTELIGÊNCIA – ANALISTA DE INFORMAÇÕES
O real não é constituído por coisas. Nossa experiência direta e imediata da realidade nos
leva a imaginar que o real é feito de coisas (sejam elas naturais ou humanas), isto é, de objetos
físicos, psíquicos, culturais oferecidos à nossa percepção e às nossas vivências.
Assim, por exemplo, costumamos dizer que uma montanha é real porque é uma coisa. No
entanto, o simples fato de que essa “coisa” possua um nome, que chamemos “montanha “, indica
que ela é, pelo menos, uma “coisa-para-nós “, isto é, algo que possui um sentido em nossa
experiência. Suponhamos que pertencemos a uma sociedade cuja religião é politeísta e cujos
deuses são imaginados com formas e sentimentos humanos, embora superiores aos dos homens, e
que nossa sociedade exprima essa superioridade divina fazendo que os deuses sejam habitantes dos
altos lugares. A montanha já não é uma coisa: é a morada dos deuses. Suponhamos, agora, que
somos uma empresa capitalista que pretende explorar minério de ferro e que descobrimos uma
grande jazida numa montanha. Como empresários compramos a montanha, que, portanto, não é
uma coisa, mas propriedade privada. Visto que iremos explorá-la para obtenção de lucro, não é
uma coisa, mas capital. Ora, sendo propriedade privada capitalista, só existe como tal se for lugar
de trabalho. Assim, a montanha não é coisa, mas relação econômica e, portanto, relação social. A
montanha, agora, é matéria-prima num conjunto de forças produtivas, entre as quais se destaca o
trabalhador. Suponhamos, agora, que somos pintores. Para nós, a montanha é forma, cor, volume,
linhas, profundidade — não é uma coisa, mas um campo de visibilidade.
MARILENA CHAUI. O que é ideologia (com adaptações).
Questão 25)
Com base nas idéias do texto, assinale a opção correta.
a) O conhecimento da realidade é causa imediata dos objetos físicos psíquicos e culturais.
b) A percepção da realidade depende do modo como os homens relacionam-se entre si e com a
natureza; depende dos propósitos dos investimentos simbólicos de cada cultura.
c) O exemplo da montanha, estendido a todos os entes reais, é utilizado no texto para provar que
só a propriedade privada oferece campo real de trabalho, independentemente da ideologia
adotada.
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d) É necessária uma visão de artista e uma sensibilidade de pintor para absorver todas as
possibilidades de existência de uma “coisa”, como a montanha, por exemplo.
e) Seria mantida a coerência na argumentação se a primeira oração do texto fosse substituída por:
O real é constituído apenas de idéias.
Questão 26)
A ligação, a conexão entre palavras, frases ou expressões de um texto chama-se coesão. Os
elementos que retomam um mesmo referente formam os elos de uma cadeia coesiva. Assinale a
opção em que os elementos sublinhados e numerados não formem uma cadeia coesiva.
a) O simples fato de que essa “coisa” ( I ) possua um nome, que a ( II ) chamemos “montanha”,
indica que ela ( III ) é, pelo menos, uma “coisa-para-nós”.
b) Pertencemos a uma sociedade ( I ) cuja ( II ) religião é politeísta e cujos ( III ) deuses são
imaginados com formas e sentimentos humanos.
c) Somos uma empresa capitalista ( I ) que ( II ) pretende explorar minério de ferro e que
descobrimos uma grande jazida ( III ) numa montanha.
d) Compramos a montanha ( I ), que ( II ), portanto, não é uma coisa., mas propriedade privada.
Visto que iremos explorá-la ( III ) para obtenção de lucros, não é uma coisa.
e) Sendo propriedade privada capitalista ( I ), só existe como tal ( II ) se for lugar de trabalho.
TEXTO XII
CONCURSO: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – CASA MILITAR –
SUBSECRETARIA DE INTELIGÊNCIA – ANALISTA DE INFORMAÇÕES
Antes de continuar esta leitura, pare um instante e olhe à sua volta. O mundo que você vê é
real ou imaginário? A luz que se projeta a seu redor seria observada e sentida da mesma forma se
você não estivesse aqui? Os sons produziriam o mesmo efeito se não existissem ouvidos para
captá-los? Tudo o que se vê, ouve e sente reflete o mundo exterior.
A forma como alguém percebe, interpreta ou reage a isso, no entanto, é pura criação do
cérebro, a mais maravilhosa e elaborada produção da vida na Terra. “O que o cérebro faz o tempo
todo, dormindo ou acordado, é criar imagens”, diz o neurocientista Rodolfo Llinas. “Luz nada mais
é do que radiação eletromagnética. Cores não existem fora da nossa mente. Nem os sons. O som é
um produto da relação entre uma vibração externa e o cérebro. Se não existisse o cérebro, não
haveria som, nem cores, nem luz, nem escuridão”.
Desde que os seres humanos adquiriram a capacidade de pensar sua própria existência, o
cérebro é um desafio permanente ao entendimento. Nada se compara, porém, aos avanços obtidos
nessa área nos últimos anos. Uma infinidade de novas descobertas, feitas em laboratórios e centros
de estudos, tem revelado o cérebro como um órgão mais fascinante, complexo e poderoso do que
antes se imaginava.
Descobriu-se que, ao contrário dos outros órgãos do corpo humano, ele pode melhorar seu
desempenho durante a vida. A única exigência é que seja permanentemente treinado e exercitado
em atividades intelectuais.
VEJA, 19/8/98 ( com adaptações )
Questão 27)
Assinale a opção correta quanto às idéias do texto.
a) O texto defende a tese de que tudo o que existe no mundo é irreal ou imaginário.
b) A argumentação do texto demonstra que as atividades do cérebro humano dependem da visão
de mundo de cada indivíduo.
c) As afirmações expressas no terceiro parágrafo são desmentidas no parágrafo seguinte.
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d) A aventura humana de desvendar os segredos da mente é uma curiosidade despertada apenas
recentemente.
e) O conhecimento que o ser humano tem do mundo exterior é um reflexo que o cérebro produz
dos fenômenos experienciados.
Questão 28)
Assinale a opção correta a respeito da organização dos parágrafos no texto.
a) O texto começa dirigindo-se ao leitor porque se desenvolve em forma de carta.
b) Dirigir-se diretamente ao leitor, como se estivesse conversando com ele, é uma estratégia
argumentativa para atraí-lo para os pontos de vista que serão defendidos.
c) O texto dirige-se, inicialmente, ao leitor, para que este explicite suas respostas, necessárias ao
desenvolvimento das teses que serão defendidas nos parágrafos seguintes; sem as respostas do
leitor, perde-se a coerência do texto.
d) Referir-se ao leitor como “você”( l. 1 ), no primeiro parágrafo, e mudar para “alguém”( l. 4 ) e
depois para “seres humanos”( l. 11 ), no parágrafo seguinte, torna a argumentação do texto
vaga e imprecisa.
e) O primeiro parágrafo deveria ter sido omitido porque as respostas do leitor às perguntas nele
apresentadas poderiam pôr em risco a argumentação do texto.
Questão 29)
Assinale a opção que não constitui uma continuação coerente às idéias do último parágrafo
textual.
a) Dessa forma, ler, estudar e desenvolver ações mentalmente desafiadoras é imprescindível para
manter e aprimorar a capacidade cerebral.
b) Assim, buscar atividades cerebrais novas e originais, fora do cotidiano, é salutar para provocar
um alargamento no campo de atuação das funções cognitivas.
c) Logo, para memorizar melhor, um caminho é associar aquilo que se quer lembrar com outras
atividades cerebrais, como imagens, emoções, sons ou qualquer conhecimento já familiar.
d) Desse modo, o cérebro bem estimulado em tarefas como resoluções de problemas matemáticos
pode manter em atividade por mais tempo a capacidade cognitiva e mental de uma pessoa.
e) Por isso, o cérebro, que é uma máquina maravilhosa, com pouco mais de um quilo, representa
2% do peso de um homem adulto e desempenha múltiplas tarefas biológicas.
Questão 30)
Após comparar o texto XI e o texto XII, julgue os itens que se seguem.
I Os dois textos têm em comum a idéia de que a apreensão da realidade não é direta: é
sociocultural, no primeiro; mental, no segundo.
II Os dois textos completam-se quando uma afirmação do texto XII explica a primeira
afirmação do texto XI: o “real não é constituído por coisas” (texto XI, l. 01) porque
é “pura criação do cérebro” (texto XII, ls. 05/06)
III A figura da “montanha”, no texto XI, tem a função de ilustrar a argumentação; no
texto XII, essa mesma função é desempenhada pela figura do cérebro
Assinale a opção correta
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas o item III está certo.
d) Apenas os itens I e II estão certos.
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e) Apenas os itens I e III estão certos.
TEXT0 XIII
CONCURSO: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – CASA MILITAR –
SUBSECRETARIA DE INTELIGÊNCIA – ANALISTA DE INFORMAÇÕES
As redes neurais são a soma das conexões entre bilhões de neurônios (células nervosas) e
as diferentes sinapses, as “rotas ”que a informação percorre no cérebro. Não se conhecem os
limites das redes neurais, mas sabe-se que elas aumentam conforme são adquiridos conhecimentos.
FOLHA DE S. PAULO, 22/8/98 ( com adaptações )
Questão 31)
Assinale a opção que apresenta uma reescritura correta do fragmento acima, mantendo as
mesmas relações semânticas.
a) Embora não se conheçam os limites das redes neurais, sabe-se que elas aumentam conforme os
conhecimentos adquiridos; por isso, elas são a soma das conexões entre bilhões de neurônios
(células nervosas) e as diferentes sinapses, as “rotas” que a informação percorre no cérebro.
b) Não se conhecem os limites das redes neurais, isto é, da soma das conexões entre bilhões de
neurônios ( células nervosas ) e as diferentes sinapses, as “rotas” que a informação percorre no
cérebro. Sabe-se, no entanto, que essas redes aumentam conforme os conhecimentos
adquiridos.
c) Já que não se conhecem os limites das redes neurais, sabe-se que as “rotas” que a informação
percorre no cérebro são as sinapses e que estas aumentam conforme os conhecimentos
adquiridos pelos neurônios, as células nervosas.
d) Os limites das redes neurais são a soma das conexões entre bilhões de neurônios (células
nervosas); essas sinapses, ou “rotas” que a informação percorre no cérebro, aumentam
conforme os conhecimentos adquiridos. Isso é sabido.
e) Sabe-se que, conforme os conhecimentos são adquiridos, as redes neurais aumentam a soma
das conexões entre os bilhões de neurônios (células nervosas) e as diferentes “rotas” que a
informação percorre nas sinapses do cérebro.
Questão 32)
Analise os seguintes fragmentos e ordene-os de forma que constituam um texto coerente e
coeso.
I Nesse processo, algumas regiões do cérebro funcionam com maior intensidade, de
acordo com as atividades exercidas pelo indivíduo em determinado momento.
II Além disso, os neurônios não-utilizados degeneram. Se 90% do cérebro humano
não fosse utilizado, os neurônios atrofiariam.
III Tem origem incerta, foi popularizada por meios de comunicação, tenta impor
“limites” a nosso cérebro, mas está equivocada.
IV Trata-se da idéia de que usamos somente 10% da nossa capacidade cerebral.
V Mesmo com os avanços da ciência, ainda não existe um método para medir o que
seria essa capacidade cerebral. Do ponto de vista fisiológico, o sistema nervoso
funciona 24 horas por dia.
Fragmentos adaptados de FOLHA DE S. PAULO, 22/8/98
Assinale a opção que apresenta a ordem correta dos fragmentos.
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a) I – III – II – V – IV
b) I – III – V – II – IV
c) III – IV – I – V – II
d) III – II – I – IV - V
e) IV – V – III – I – II
TEXTO XIV
CONCURSO: ACADEMIA NACIONAL DE POLÍCIA – ANP –
PAPILOSCOPISTA POLICIAL FEDERAL
POLÍCIA
O primeiro elemento de avaliação dos corpos de Polícia está na análise do tipo de
recrutamento adotado. Os corpos que recrutam seu pessoal em todo o território nacional podem
realmente organizar-se de forma que contem com unidades e grupos constituídos por elementos
provindos de regiões diferentes das regiões de operações: o emprego de corpos de Polícia contra
populações que não possuem vínculos sociais, econômicos e culturais com eles foi sempre a
melhor solução para uma política repressiva antipopular. Daí o envio do pessoal de Polícia para
regiões distantes da região de origem com um duplo resultado, o do isolamento social e cultural
com relação às populações controladas e o do conseqüente aferro psicológico ao corpo a que se
pertence e às suas estruturas. Os corpos de Polícia que têm um recrutamento circunscrito à zona de
controle (por exemplo, os guardas urbanos alistados pelas comunas onde se encontram
trabalhando) não se prestam diretamente a ações antipopulares e repressivas pelos ligames sociais e
políticos que existem entre seus componentes e as populações controladas. Sua utilização fica,
pois, restrita ao desempenho de funções de Polícia urbana, rural etc., em tarefas que não
apresentam um imediato aspecto político e que envolvem mormente a defesa da segurança pública
em sentido lato e não tanto a ordem pública. O segundo elemento de avaliação dos corpos de
Polícia está no seu grau de especialização funcional e na correspondência deste com a estrutura
orgânica dos corpos. A especialização da Polícia de estradas, por exemplo, é um elemento positivo
para a explicação do controle do trânsito e da rede rodoviária; o mesmo se pode dizer da Polícia
científica, onde o funcionamento dos corpos apresenta aspectos substancialmente positivos. Onde,
pelo contrário, a especialização não se acha acompanhada de uma estrutura organizacional
apropriada, as funções de Polícia apresentam problemas que não podem ser desprezados.
NORBERTO BOBBIO et al, Dicionário de Política, Editora da UnB, p.946-947,1995, com
adaptações.
Questão 33)
Obra de consulta indispensável quando se quer aprofundar os conhecimentos acerca de um
assunto, um dicionário especializado caracteriza-se, primordialmente, por apresentar as
informações em linguagem clara, objetiva, seqüencialmente coerente e em ordem direta.
Considerando a tipologia textual do verbete acima, julgue os itens a seguir.
1. A linguagem do texto é predominantemente denotativa, devido à tipologia do parágrafo, de
natureza argumentativa.
2. Apesar de transcrito em um único bloco formal, o verbete admite uma subdivisão em partes
menores, segundo as idéias expostas, conforme indicação a seguir: introdução – apresentação
do assunto: avaliação versus tipo de recrutamento(ls. 01-02); desenvolvimento – recrutamento
versus atuação(l. 01-15); conclusão – avaliação versus(l. 15-21).
3. Com referência ao primeiro aspecto abordado no verbete, verifica-se muita exemplificação e
pouca argumentação; já quanto ao segundo elemento de avaliação, dá-se o contrário: rara
explicação e argumentação suficiente.
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4. Durante o desenvolvimento do verbete, observa-se uma posição desfavorável à seleção
circunscrita à zona de atuação, para que seja possível a expansão da atuação repressiva dos
corpos de Polícia.
5. A análise do “segundo elemento de avaliação dos corpos de Polícia (l.15) contempla uma
valoração positiva da especialização, em detrimento da estrutura organizacional apropriada.
Questão 34)
Evidenciando a leitura compreensível do texto quanto às relações entre a forma de
recrutamento da Polícia e a comunidade de atuação, julgue os itens abaixo.
1. O recrutamento em todo o território nacional favorece ações mais amplas, devido à diversidade
de origem dos componentes das corporações.
2. Segundo o texto, convém que as ações repressivas contra as populações desordeiras sejam
executadas por pessoas que conheçam bem a realidade social em que atuam.
3. As atividades repressivas da polícia, quando os agentes ficam em comunidades com as quais
têm vínculos afetivos, sociais e políticos, são desviados para outras áreas de atuação,
mormente a segurança pública.
4. Os corpos de polícia selecionados de maneira circunscrita à zona de controle têm sua atuação
primordial restrita a tarefas que não apresentam aspectos políticos, como a defesa dos bens
pessoais, por exemplo.
5. Segundo o texto, a atuação policial em áreas de alta periculosidade, como as zonas urbanas,
por exemplo, propicia que guardas alistados tornem-se marginais.
Questão 35)
Tendo em vista o tipo de publicação de onde o verbete foi retirado, julgue os itens que se
seguem, com referência ao valor semântico de termos ou expressões utilizados no texto.
1. Entre os diversos fatores de avaliação possíveis de serem utilizados para os corpos de polícia,
o texto explora somente dois: a forma de recrutamento e a quantidade de estudos específicos
ao cargo.
2. Há dois tipos de recrutamento explicitados no texto: o individual e o coletivo, que
correspondem ao recrutamento local e nacional, respectivamente.
3. O termo “comunas”(l. 10) está empregado com o mesmo sentido que “populações”.(l. 05)
4. As expressões “especialização funcional”(l. 16) e “estrutura orgânica dos corpos”(ls. 16-17)
significam, respectivamente, qualificação para o exercício da função e sistema hierárquico
das corporações.
5. No último período do texto lê-se que não podem ser desconsiderados os impasses decorrentes
da inexistência, nas atividades de Polícia, da associação entre o treinamento específico para o
exercício da função e a estrutura sistêmica adequada ao organismo.
TEXTO XV
CONCURSO: MINISTÉRIO DA JUSTICA – ACADEMIA NACIONAL DE
POLÍCIA – ANP – PAPILOSCOPISTA POLICIAL FEDERAL
BRASILEIRO CEM MILHÕES
Telefonei para a maternidade indagando se havia nascido o bebê nº 100.000.000, e não
souberam informar-me:
De zero hora até este momento nasceram oito, mas nenhum foi etiquetado com esse
número.
É uma falha do nosso registro civil: as crianças não recebem número ao nascer. Dão-lhes
apenas um nome, às vezes surrealista, que as acompanhará por toda a vida como pesadelo, quando
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a numeração pura e simples viria garantir identidade insofismável, poupando ainda o vexame de
carregar certos antropônimos. Centenas de milhares nascem João ou José, mas o homem ou a
mulher 25.786.439 seria uma única pessoa viva, muito mais fácil de cadastrar no Imposto de
Renda e nos dez mil outros fichários com que é policiada a nossa existência.
Passei por baixo do viaduto, onde costumam nascer filhos do vento, e reinava uma paz de
latas enferrujadas e grama sem problemas. Ninguém nascera ali depois de meia-noite. O dia 21 de
agosto, marcado para o advento do brasileiro cem milhões, transcorria sem que sinal algum, na
terra ou no ar, registrasse o acontecimento.
Seria vaidade irrisória proclamar-se ele o 100.000.000º brasileiro, membro eufórico da
geração dos 100 milhões, e saber-se apenas mais um marginalizado, que só por artifício de média
ganha sua fatia no bolo do Produto Nacional Bruto.
Não o desejo herói de monumento nem mártir anônimo. Prefiro vê-lo como um ser capaz
de fazer alguma coisa de normal numa sociedade razoavelmente suportável, em que a vida não seja
obrigação estúpida, sem pausa para fruir a graça das coisas naturais e o que o lhes acrescentou a
imaginação humana.
Olho para esse brasileiro cem-milhões, nascido ontem ou por nascer daqui a algumas
semanas, como se ele fosse meu neto ... bisneto, talvez. Pois quando me dei conta de mim, isto aí
era um país de 20 milhões de pessoas, diluídas num território quase só mistério, que aos poucos se
foi desbravando, mantendo ainda bolsões de sombra. Vi crescer a terra e lutarem os homens, entre
desajustes e sofrimentos. Os maiorais que dirigiam o processo lá se foram todos. Vieram outros e
outros, e encontro nesta geração um novo rosto de vida que se interroga. Há muita ingenuidade,
também muita coragem, e os problemas se multiplicaram com o crescimento desordenado. Somos
mais ricos ... e também mais pobres.
Meu querido e desconhecido irmão nº 100.000.000, onde quer que estejas nascendo, fica
de olho no futuro, presta atenção nas coisas para que não façam de ti subproduto de consumo, e
boa viagem pelo século XXI a dentro.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. De notícia & não notícias faz-se a crônica, José
Olympio, p. 3-5, 1975, com adaptações.
Questão 36)
Comparando este texto com o anterior (número XIV), julgue os itens abaixo.
1. Este texto expande uma situação apresentada no texto anterior: há um certo laço afetivo entre
as pessoas, quando os indivíduos de uma comunidade são sensíveis aos ligames sociais e
políticos.
2. A multiplicidade de parágrafos, um dos quais introduzido por travessão, indica que este texto
é, diferentemente do anterior, uma peça em que se dá a transposição da oralidade para a
escrita.
3. O narrador deste texto, ao dizer “que é policiada a nossa existência”(l. 10) revela a sua crítica à
atuação repressora da polícia – conforme apresentada no texto anterior – , mas o faz de forma
emotiva.
4. Apesar da ausência de diálogo, todo este texto é uma grande conversa com o leitor e, ao final,
com o brasileiro cem-milhões, que dá título à crônica.
5. Nas linhas 15 a 17, o autor traça uma previsão pessimista, de base econômica e social, para o
esperado brasileiro cem-milhões.
QUESTÃO SEM BASE EM TEXTO
CONCURSO: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA – ACADEMIA NACIONAL DE
POLÍCIA – ANP – PAPILOSCOPISTA POLICIAL FEDERAL
Questão 37)
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Uma reportagem a respeito das vantagens e desvantagens do porte de armas pelos
cidadãos, publicada na revista VEJA de 25 de setembro de 1996, p. 30-36, apresenta vários
depoimentos de pessoas entrevistadas. Julgue os itens abaixo, com referência à adequação entre a
compreensão das mensagens e as afirmativas acerca do porte de armas por civis, a elas
relacionadas.
1. posição favorável: “Em meio à onda de banditismo, o cidadão comum enfrenta o dilema:
Devo ou não ter uma arma?”
2. argumentação favorável: “Os bandidos são covardes. Entre uma vítima potencial que esteja
armada e outra desarmada, ele opta pela última.”
3. posição dubitativa: “A posse de armas estimula a violência e torna as pessoas mais
agressivas.”
4. argumentação contrária: “Num confronto, o bandido – que está disposto a tudo e
acostumado a atirar – tem muito mais chances de levar a melhor.”
5. argumentação desfavorável: “Querer que o cidadão honesto se desarme é deixá-lo à mercê
dos bandidos, que continuarão armados.”
TEXTO XVI
CONCURSO: MINISTÉRIO DO TRABALHO – ENGENHEIRO E MÉDICO DO
TRABALHO
Segurança e saúde são imprescindíveis quando o propósito é manter um ambiente de
trabalho hígido e produtivo. Tais questões estão diretamente ligadas à valorização do elemento
humano como primordial para o sucesso de qualquer organização.
Em um mundo em que, a cada dia, são crescentes as descobertas e inovações tecnológicas,
a disseminação de informações sobre a prevenção de acidentes e doenças do trabalho se torna
decisiva para que a qualidade de vida no ambiente laboral seja valorizada. O trabalho educativo
dentro das empresas permite que haja cada vez mais trabalhadores e empresários conscientes da
importância da Saúde e Segurança do Trabalho.
FERNANDO BEZERRA, Informações básicas sobre saúde e segurança no trabalho. São Paulo,
CIPA, p. 5, 1997.
Questão 38)
Considerando a tipologia do texto acima, julgue is itens a seguir.
1. A linguagem do texto é, predominantemente, denotativa.
2. Apesar de transcrito em apenas dois blocos formais, podem-se perceber subdivisões em partes
menores, como indicado a seguir: introdução – apresentação do assunto(ls. 01-02);
desenvolvimento – valorização do elemento humano(ls. 02-03); conclusão – fechamento.(ls.
04-08)
3. Percebe-se que a natureza do texto é, predominantemente, narrativa.
4. Observa-se, pelo conteúdo do texto, que o autor do texto é favorável a um trabalho educativo
nas empresas em relação à segurança e à saúde laborais.
5. Observa-se, nas linhas 06 a 08, uma informação argumentativa com base em testemunho.
Questão 39)
Em relação às idéias do texto, julgue os itens abaixo:
1. As empresas não têm valorizado seus funcionários como deveriam, por isso é grande o número
de acidentes de trabalho.
2. Uma empresa que investe na informação de seus funcionários em relação à segurança e à
saúde no trabalho está prevenindo acidentes.
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3. A diminuição da incidência de doenças nos funcionários está diretamente ligada à introdução
de inovações tecnológicas na empresa.
4. O investimento em trabalho educativo em relação à segurança acarreta o imediato aumento da
produção da empresa.
5. Quando a organização investe na segurança de seu funcionário, ela valoriza-o.
Questão 40)
Com relação ao emprego de palavras no texto, julgue os itens que se seguem.
1. A palavra “imprescindíveis”(l. 01) poderia ser substituída por indispensáveis, sem prejuízo
semântico.
2. O vocábulo “hígido”(l. 02)equivale a salutar.
3. A palavra “primordial”(l. 03) poderia ser corretamente substituída por principal,
fundamental, essencial.
4. A expressão “elemento humano”(ls. 02-03) poderia ser substituída por homem, sem alteração
de sentido.
5. A palavra “disseminação”(l. 05) é o mesmo que erradicação.
TEXTO XVII
CONCURSO: MINISTÉRIO DO TRABALHO – ENGENHEIRO E MÉDICO DO
TRABALHO
Os testes para saber se empregados ou candidatos a empregos são usuários de drogas não
são novidade nas empresas americanas. Segundo a American Management Association, 81% das
maiores companhias dos Estados Unidos os fazem. Algumas empresas brasileiras também já
aderiram aos exames. A novidade que vem da terra de Tio Sam nessa área é um novo objeto de
investigação: o cabelo. Nos Estados Unidos, 2% das companhias já coletam fios de cabelo dos
empregados para fazer testes de uso de drogas. A maior vantagem para as empresas é que,
enquanto os exames de urina detectam resquícios de drogas nas duas ou três semanas anteriores à
sua realização, os exames de cabelo revelam qualquer uso por vários meses. Talvez anos. Foram
testes como esses que revelaram que Beethoven não tomava morfina e que o poeta americano John
Keats era usuário de ópio.
Os testes de drogas a partir do cabelo já eram feitos, por exemplo, na Bic Corporation, na
General Motors e na rede de varejo Sports Authority. Os empregados dessas companhias ficaram
alarmados. É que a análise do cabelo pode expor informações genéticas contidas no DNA, tais
como defeitos hereditários e a predisposição genética para desenvolver certas doenças como
diabetes. Teoricamente, companhias de seguro poderiam negar cobertura para essas doenças. Outra
hipótese é empresas passarem a barrar promoções por causa de uma doença hereditária que talvez
nunca venha a se manifestar. Segundo a revista Fortune, dois empregados da Vyvx, uma fábrica de
fibras ópticas de Oklahoma, perderam seus empregos porque se negaram a se submeter ao teste de
drogas por meio dos cabelos. Portanto, de agora em diante, cuidado com os fios de cabelo que você
deixa por aí.
EXAME, p. 14, 19/11/97, com adaptações.
Questão 41)
Com relação à compreensão do texto, julgue os itens a seguir.
1. Pelo tom crítico do texto, o autor posiciona-se favoravelmente ao uso de testes para saber se
empregados são usuários de drogas.
2. Algumas empresas já dominam a técnica de exames de drogas pelo método da investigação a
partir de fios de cabelo.
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3. Além da identificação de usuários de drogas, os testes com fios de cabelo podem fornecer
outras informações, como defeitos genéticos.
4. Os empregados das empresas que optam por testes em fios de cabelo estão alarmados porque,
de posse dos resultados, muitos empregadores têm demitido seus empregados pelo fato de
estes terem doenças como diabetes ou predisposições hereditárias.
5. Algumas empresas de seguro já pensam em fazer testes a partir de fios dos cabelos de seus
segurados e, em caso de identificação de doenças, negar cobertura.
TEXTO XVIII
CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO – NÍVEL TÉCNICO – ÁREA
DE CONCENTRAÇÃO: INFORMÁTICA
Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande
do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era
antes de tudo um brasileiro. Não tinha predileção por esta ou aquela parte de seu país, tanto assim
que aquilo que o fazia vibrar de paixão não eram só os pampas do Sul com o seu gado, não era o
café de São Paulo, não era o ouro e os diamantes de Minas, não era a beleza da Guanabara, não era
a altura da Paulo Afonso, não era o estro de Gonçalves Dias ou o ímpeto de Andrade Neves – era
tudo isso junto, fundido, reunido, sob a bandeira estrelada do Cruzeiro.
Logo aos dezoito anos quis fazer-se militar; mas a junta de saúde julgou-o incapaz.
Desgostou-se, sofreu, mas não maldisse a pátria. O ministério era liberal, e ele se fez conservador e
continuou mais do que nunca a amar a “terra que o viu nascer”. Impossibilitado de evoluir-se sob
os dourados do Exército, procurou a administração e dos seus ramos escolheu o militar.
Era onde estava bem. No meio de soldados, de canhões, de veteranos, de papelada inçada
de quilos de pólvora, de nomes de fuzis e termos técnicos de artilharia, aspirava diariamente aquele
hálito de guerra, de bravura, de vitória, de triunfo, que é bem o hálito da Pátria.
Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estudou a Pátria, nas suas riquezas naturais,
na sua história, na sua geografia, na sua literatura e na sua política. Quaresma sabia as espécies de
minerais, vegetais e animais, que o Brasil continha; sabia o valor do ouro, dos diamantes
exportados por Minas, as guerras holandesas, as batalhas do Paraguai, as nascentes e o curso de
todos os rios. Defendia com azedume e paixão a proeminência do Amazonas sobre todos os demais
rios do mundo. Para isso ia até ao crime de amputar alguns quilômetros ao Nilo e era com este
rival do “seu” rio que ele mais implicava. Ai de quem o citasse na sua frente! Em geral, calmo e
delicado, o major ficava agitado e malcriado, quando se discutia a extensão do Amazonas em face
da do Nilo.
Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani. Todas as manhãs, antes que a
“Aurora, com seus dedos rosados abrisse caminho ao louro Febo”, ele se atracava até ao almoço
com o Montoya, Arte y dicionario de la lengua guaraní ó más bien tupi, e estudava o jargão
caboclo com afinco e paixão. Na repartição, os pequenos empregados, amanuenses e escreventes,
tendo notícia desse estudo do idioma tupiniquim, deram não se sabe por que em chamá-lo –
Ubirajara. Certa vez, o escrevente Azevedo, ao assinar o ponto, distraído, sem reparar quem lhe
estava às costas, disse em tom chocarreiro: “Você já viu que hoje o Ubirajara está tardando?”
Quaresma era considerado no Arsenal: a sua idade, a sua ilustração, a modéstia e
honestidade de seu viver impunham-no ao respeito de todos. Sentindo que a alcunha lhe era
dirigida, não perdeu a dignidade, não prorrompeu em doestos e insultos. Endireitou-se, concentrou
o pince-nez, levantou o dedo indicador no ar e respondeu:
Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar ao ridículo aqueles que trabalham
em silêncio, para a grandeza e a emancipação da Pátria.
LIMA BARRET0. Triste Fim de Policarpo Quaresma. RJ, Record, 2ª ed. , 1988. p.17-8.
Questão 42)
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Em Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance publicado originalmente em 1915,
Lima Barreto narra uma história ocorrida durante os primeiros anos da República brasileira. Com
base no conteúdo dessa obra apresentada acima, assinale a opção correta.
a) Quaresma era, na verdade, carioca, pois vivia na cidade do Rio de Janeiro.
b) Quaresma gostava de comer carne do Sul e de tomar café de São Paulo.
c) Quaresma era muito religioso, por isso imaginava o Brasil unificado “sob a bandeira estrelada
do Cruzeiro”.
d) Ao se ver recusado pela junta de saúde do Exército, Quaresma tornou-se conservador, em
oposição ao governo que era então liberal.
e) Quaresma queria ser militar por causa dos excelentes salários pagos pelo Exército.
Questão 43)
Tendo como referência as idéias contidas no texto, assinale a opção incorreta.
a) Não obstante o seu modo pacato de viver, Quaresma perdia a calma quando se discutiam certos
assuntos de seu interesse.
b) Quaresma passou a estudar o tupi-guarani para poder trabalhar junto aos índios, incutindo-lhes
o sentimento patriótico que o dominava.
c) Infere-se do texto que os estudos feitos por Quaresma sobre o Brasil poderiam tê-lo
influenciado na assimilação de um sentimento ufanista.
d) Na linha 21, o narrador usou aspas para enfatizar o sentimento de posse e de nacionalismo da
personagem em relação ao rio Amazonas.
e) Quaresma antipatizava com o rio Nilo por ser este mais extenso que o rio Amazonas.
Questão 44)
Ainda com base no texto, assinale a opção correta.
a) Todas as manhãs, Quaresma discutia com Montoya, um colega de trabalho que vivia
zombando do interesse do herói pelo estudo do tupi-guarani.
b) Infere-se do texto que o antropônimo “Ubirajara” é de origem indígena.
c) Quaresma não gostava da língua espanhola, por isso a classificava de “jargão caboclo”.
d) Foi o escrevente Azevedo que deu a Quaresma a alcunha de “Ubirajara”.
e) Por causa de suas excentricidades, Quaresma não gozava do respeito de seus colegas de
trabalho.
Questão 45)
No texto, não constitui qualidade característica de Quaresma a
a) modéstia.
b) cultura.
c) honestidade.
d) jocosidade.
e) respeitabilidade.
Questão 46)
No texto, por uma questão de elegância e estilo, alguns pronomes foram usados em
substituição a seus referentes. Assinale a opção que apresenta associação incorreta entre o
pronome sublinhado e o referente.
a) “terra que o viu nascer”(l. 10) / Quaresma
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b) “Ai de quem o citasse”(l. 21) / o rio Nilo
c) “deram não se sabe por que em chamá-lo”(l.28) / Quaresma
d) “impunham-no ao respeito de todos”(l.32) / Quaresma
e) “Sentindo que a alcunha lhe era dirigida”(ls. 32/33) / escrevente Azevedo
Questão 47)
Assinale a opção em que o fragmento reescrito não apresenta o mesmo sentido daquele
encontrado no texto.
a) Linhas 01,02 e 03: Quem quisesse nele encontrar qualquer regionalismo errava: antes de
tudo, Quaresma era brasileiro.
b) Linha 08: Quis fazer-se militar logo aos dezoito anos, mas foi julgado incapaz pela junta
de saúde.
c) Linhas 21, 22 e 23: Quando se discutia a extensão do Amazonas em face da do Nilo, o
major, em geral, calmo e delicado, ficava agitado e malcriado.
d) Linhas 29 e 30: O escrevente Azevedo, certa vez, ao assinar distraído o ponto, disse em
tom chocarreiro, sem reparar que lhe estava às costas: “Você já viu que o Ubirajara hoje
está tardando?”
e) Linhas 31 e 32: No Arsenal, Quaresma era considerado. Impunham-no ao respeito de
todos a sua idade, a sua ilustração, a modéstia e a honestidade do seu viver.
Questão 48)
No que diz respeito à tipologia textual, assinale a opção incorreta.
a) Apesar de conter passagens narrativas, o texto é fundamentalmente uma descrição de Policarpo
Quaresma.
b) Há, no texto, três ocorrências de discurso direto.
c) Em “do Amazonas em face da do Nilo”(ls. 22/23), o vocábulo extensão é subentendido.
d) Na linha 25, o trecho entre aspas não se identifica com o estilo predominante no texto.
e) A expressão “louro Febo”(l. 25) é uma alusão ao Sol.
TEXTO XIX
CONCURSO: SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO DISTRITO
FEDERAL – POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA
A OCASIÃO DESFEZ O LADRÃO
Chácaras sempre foram lugares de pequenos furtos. Pás, enxadas, rastelos, galinhas, porcos
e cavalos costumam desaparecer mato a dentro e como a polícia não dá conta nem mesmo dos
crimes contra o patrimônio urbano, a população rural costuma dar por encerrado o assunto.
Mas como nem todo mundo é todo mundo, o caseiro Raimundo das Chagas não se
contentou em ver desaparecer do quintal do patrão, no Lago Oeste, um carrinho de mão que usava
para carregar adubo. Era um veículo velho, rodas desgastadas e desajeitadas, que costumava ranger
quando convocado ao trabalho.
Desapareceu, no mesmo dia, um botijão de gás. Pois carrinho e botijão sumiram entre o
entardecer e o dia claro. Com certeza, saíram um furto sobre o outro.
Raimundo foi criado para ver as coisas sempre no lugar, com um sentimento de justeza
raro nesses dias. Resolveu sair a esmo, conversando nos botecos, perto das mesas de sinuca,
relatando – com falsa ingenuidade – o sumiço do carrinho de mão.
Soube num quiosque bem mais adiante, quase chegando no Poço Azul, que um rapaz de
nome João estava vendendo um botijão de gás. O tal não trabalhava, vivia encostado na casa da
mãe, na rua de baixo, e era suspeito de vários outros furtos nas proximidades.
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Não passou meia hora e Raimundo chegava à casa de João, um barraco descascado, de um
rosa pálido e manchado, que um dia foi pintado de cal misturada com um pouquinho de tubo
xadrez vermelho. O carro de mão encostara-se perto da porta da cozinha e o botijão podia ser visto
do outro lado, quase beirando o poço.
João estava lá ouvindo rádio sentado sobre uma tora de madeira. Raimundo não planejou
nem avaliou o risco da empreitada. Aproximou-se do moleque – porque o rapaz era franzino,
pouco mais que um menino - , levantou a voz apenas um tom acima do habitual, pegou o garoto
pela orelha, como um pai à moda antiga, e o obrigou a levar o carrinho de mão e o botijão, sete
quilômetros acima, até o lugar de onde havia sido tirado.
Não falou muito, não deu lição de moral, tão inevitável numa situação dessas.
O pequeno ladrão obedeceu, pálido, resmungando alguma coisa bem baixinho – não se
sabe o quê.
Muitos os viram passar, subindo a ladeira que margeia o Parque Nacional, na DF-001, mas
quase ninguém supôs que ali se aplicava um castigo educativo.
Nunca mais ele mexe no que é dos outros, repete Raimundo nas poucas vezes em que
fala do assunto.
A lição parece ter servido. Desde então não mais se teve notícias de furtos naquelas
proximidades.
CADERNO CIDADES: Coisas da Vida. Correio Braziliense, 26/01/98, com adaptações.
Questão 49)
O entendimento do vocabulário é essencial à compreensão de um texto. Com referência ao
emprego vocabular, assinale a opção correta.
a) Nas linhas 01, 15 e 32, a palavra “furtos” pode ser substituída por roubos, assaltos e
latrocínios, respectivamente, sem alteração de sentido.
b) O termo “rastelos”(l. 01) é típico da linguagem vulgar e costuma ser empregado no sentido de
quinquilharias.
c) A expressão “não dá conta”(l. 02) pode ser substituída, sem prejuízo para o contexto, por é
incapaz, encontra-se inabilitada.
d) A repetição de “todo mundo”(l. 04) é um exercício de pleonasmo, ou seja, a aproximação de
duas palavras ou expressões com o mesmo significado.
e) O vocábulo “quiosque”(l. 13) tem o sentido de banca, na qual pessoas podem comprar
miudezas em geral, como jornais, cigarros ou bebidas.
Questão 50)
Ainda com referência ao vocabulário do texto, assinale a opção incorreta.
a) Nas linhas 10 e 11, as palavras “justeza” e “raro” apresentam significados antagônicos,
caracterizando um paradoxo.
b) Nas linhas 14 e 18, o verbo encostar, empregado de duas formas, tem sentidos distintos.
c) O período “Raimundo não planejou nem avaliou o risco da empreitada.”(ls. 20/21) informa
que Raimundo agiu destemidamente.
d) O adjetivo “franzino”(l. 21), com que é caracterizado João, indica que ele é magro, débil.
e) Por “castigo educativo”(l. 29), deve-se entender uma punição instrutiva.
Questão 51)
Evidenciando a compreensão das idéias veiculadas por este texto, assinale a opção correta.
a) O texto conta as peripécias de um caseiro para recuperar, sem o auxílio da polícia e o uso de
violência, os seus objetos que foram furtados.
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b) O texto exemplifica o descrédito na atuação policial para resolver pequenos problemas em
comunidades afastadas das grandes metrópoles.
c) Trata-se da honradez de pequenos servidores da construção civil, que zelam pelos bens
entregues a sua guarda.
d) O autor defende e ilustra a atuação policial ostensiva.
e) Infere-se que é melhor prevenir que punir.
Questão 52)
Quanto à tipologia textual apresentada, assinale a opção incorreta.
a) “A OCASIÃO DESFEZ O LADRÃO” é um texto predominantemente narrativo.
b) No primeiro parágrafo, ocorre uma passagem dissertativa: a reflexão acerca dos crimes contra
o patrimônio urbano e rural.
c) As indicações “Lago Oeste”(l. 05) e “Parque Nacional”(l. 28) não são suficientes para se
concluir que o episódio narrado é um fato verídico.
d) A descrição do ladrão, feita pelo autor, encontra-se, principalmente, nos parágrafos quinto e
sétimo.
e) O penúltimo parágrafo, iniciado por um travessão, evidencia a presença de um diálogo,
ratificando aquele insinuado no parágrafo oitavo.
TEXTO XX
CONCURSO: SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO DISTRITO
FEDERAL – POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA
SEGURANÇA DAS PESSOAS
Para garantir a segurança das pessoas, já que os aparelhos policiais e jurídicos não
conseguem responder com eficiência e responsabilidade às necessidades e aos interesses da
população, e que os confrontos e conflitos fazem parte do cotidiano do povo brasileiro, tanto no
campo, quanto na cidade, o Programa Nacional de Direitos Humanos determina que se priorize
a seleção, capacitação e o aperfeiçoamento dos quadros policiais; que se equipem os organismos
policiais; que se reveja a legislação sobre compra e utilização de armas e munições; que se criem e
se fortaleçam as corregedorias de polícia, visando limitar abusos e erros em operações de
segurança; bem assim indica como fundamental a revisão da legislação que regula os serviços
privados de segurança.
Para garantir e promover a segurança das pessoas, é urgente uma ampla mobilização da
sociedade no sentido de apoiar a execução de programas de desarmamento da população e prevenir
comportamentos violentos no trânsito.
Para garantir e promover a segurança das pessoas, é importante estimular programas de
cooperação e entrosamento entre policiais civis e militares e o Ministério Público.
Para garantir e promover a segurança das pessoas, é fundamental que os policiais se
identifiquem com a causa dos direitos humanos; que troquem experiências e informações entre as
corporações; que multipliquem experiências de policiamento comunitário e interativo, e,
finalmente, que a população encontre no policial segurança e respeito.
Para garantir e promover a segurança das pessoas, é imprescindível que sejam asseguradas
aos policiais e às suas famílias condições de proteção e dignidade.
Para garantir e promover a segurança das pessoas, é preciso que o sentimento de respeito
ao outro seja um sentimento de todos e que todos respeitem a lei.
ANGÉLICA MONTEIRO e GUARACIARA BARROS LEAL. Direitos Humanos: um compromisso
de todos. Brasília, Instituto Teotônio Vilela, 1997, p. 17-9, com adaptações.
Questão 53)
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Assinale a opção que não contempla uma idéia apresentada no primeiro parágrafo.
a) O cotidiano de uma representativa parcela da população urbana e rural é marcado por
confrontos e conflitos.
b) A qualificação dos quadros da polícia é prioridade para o Programa Nacional de Direitos
Humanos.
c) O aparato legal que normaliza a compra e utilização de armas por policiais deve ser revisto,
para que se evitem abusos e desvios.
d) Os serviços de segurança a cargo de empresas privadas não estão imunes de uma revisão com
respeito ao aspecto legal.
e) Os mecanismos utilizados pelo aparelho policial são insuficientes para responder às
necessidades da população rural.
TEXTO XXI
CONCURSO: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA – DEPARTAMENTO DE POLÍCIA
FEDERAL – DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL
MERECEMOS UMA CHANCE
Até amanhã.
Eram mais de 22 horas de uma segunda-feira quando me despedi de minha amiga e colega
M. “Até amanhã”, respondeu M. E no amanhã M. não estava mais dando duro em sua cadeira,
linda e jovial como a cada dia, cumprindo compromissos e agendando tarefas. No dia seguinte M.
estava num hospital, com hematomas da cabeça aos pés, nariz quebrado, dentes amolecidos e
hemorragia interna.
Acontece que entre o até amanhã e a o amanhã a juventude e a jovialidade de M. deram de
cara com três psicopatas em busca de diversão. Eles a levaram até Osasco, na Grande São Paulo, e
bateram nela até se cansar. M. foi abandonada numa estrada, seminua e ensangüentada, enquanto
seus carrascos procuravam outra vítima, “mais nova do que essa”. Que tipo de pessoa é capaz de
cometer uma brutalidade dessas? Não basta uma classificação psiquiátrica ou sociológica. Tente
imaginar a alma de um sujeito assim, e o que se vê é um poço sem fim, o mal em estado puro. O
horror, o horror.
Certos tipos de crime são independentes da sociedade em que se inserem. Em países ricos
ou pobres, em povos cultos ou ignorantes, materialistas ou religiosos, capitalistas ou social-
democratas, entre suecos ou tanzanianos, sempre existirá gente que sai às ruas para brutalizar
mulheres. Assim como existem torturadores compulsivos, assassinos seriais, estupradores, etc. De
alguma maneira, isso faz parte da natureza humana.
Não se trata aqui de uma aposentada na miséria furtando remédios na farmácia (e
provavelmente sendo presa). Estamos falando no crime como modo de vida. Existe gente que
literalmente vive disso. Se quer dinheiro, rouba. Não para “matar a fome”, mas para comprar a
melhor cocaína e o último Honda. Se gente assim quer se divertir, junta alguns amigos do mesmo
caráter e escolhe mulheres ao acaso no trânsito. Na mesma delegacia onde M. prestou queixa,
estavam arquivadas 10 outras ocorrências iguais.
Para casos assim existe essa instituição chamada polícia. Polícia é um serviço público,
pago com nossos impostos, e não a encarnação do mal, este papel simplista que intelectuais,
jornalistas e artistas costumam lhe reservar. Seu dever é proteger os não-criminosos dos
criminosos. Mas a polícia não está cumprindo o seu papel. Há guerras nas ruas. É um assalto dos
marginais ao resto da sociedade. E as primeiras vítimas dessa guerra são os mais pobres, os
marginalizados, a tão decantada classe trabalhadora. É na periferia das grandes cidades que esses
degenerados fazem suas primeiras vítimas. Assassinatos, crimes sexuais, roubo, tudo acontece
primeiro e pior em bairros populares.
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Qual a solução? Educação? Sim, mas ... Um marmanjo que escolhe suas vítimas ao acaso
não precisa exatamente de educação. Aliás, muitos criminosos têm educação esmerada, e até
mesmo dinheiro. São violentos porque são. Policiamento? Óbvio. Mas no Brasil a segurança da
população não é prioridade. O salário dos policiais foi enterrado no último prejuízo do Banco do
Brasil. A verba das armas foi distribuída entre cabides de empregos de prefeituras falidas. Sem
estrutura, paralisada pela burocracia, a polícia brasileira não protege a sociedade de seus
criminosos. É o tipo de problema que parece não ter solução. Mas pode ter. Temos que buscar
opções, e não chorar o sangue derramado. O importante é que M. não seja mais atacada por
psicopatas sem freios. Nem N., nem O., nem P. Nós, os não-criminosos, merecemos uma chance.
DAGOMIR MARQUEZI, EXAME, p. 126, 17/12/97, com adaptações.
Questão 54)
A compreensão de um texto decorre de vários fatores. Com referência à tipologia textual e
ao nível de linguagem utilizado pelo autor, julgue os itens a seguir.
1. O texto é eminentemente dissertativo, apesar de conter trechos narrativos.
2. O primeiro parágrafo reproduz, em discurso direto, as última palavras que o autor ouviu de M.,
na noite anterior à morte de sua amiga.
3. Há, no segundo e no terceiro parágrafos, passagens descritivas relativas à vítima e aos seus
assaltantes.
4. A intensa pontuação, a repetição de vocábulos e de estruturas frasais semelhantes e o emprego
de aspas são indicações de que, no texto, se mesclam as funções emotiva e referencial da
linguagem.
5. No texto, predomina o registro coloquial culto.
Questão 55)
Ler não é só compreender a superfície textual, mas estabelecer inferências. A partir da
leitura do texto, julgue se os itens abaixo constituem inferências corretas.
1. M., com sua beleza, juventude e jovialidade, sobrevivia da prostituição.
2. O autor manifesta uma posição favorável à pena de morte, para criminosos como os que
assaltaram.
3. O autor partilha do seguinte pensamento: o homem é naturalmente bom; a sociedade é que os
corrompe.
4. A crítica à atuação policial deve-se ao fato de que, com baixos salários, não há estímulos para
a exposição pessoal aos riscos decorrentes da ação dos criminosos.
5. Fatos como os apresentados, que necessitam da repressiva atuação policial, ocorrem
exclusivamente na periferia das grandes cidades.
Questão 56)
Analisando a semântica, o vocabulário e o estilo utilizado no texto, julgue os itens
seguintes.
1. O vocábulo “segunda-feira”(l. 02) e a expressão segunda feira têm o mesmo sentido.
2. A construção “o até amanhã e o amanhã”(l. 07) apresenta um pleonasmo, devido à
aproximação de palavras de significados semelhantes.
3. A palavra “diversão”(l. 08) está empregada conotativamente, para expressar o sentido de
violência.
4. No quarto parágrafo, ocorrem várias antíteses e um símile.
5. O primeiro período do quinto parágrafo serve como exemplificação da idéia expressa no
período seguinte.
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Questão 57)
Ainda com referência ao vocabulário do texto, julgue as associações, apresentadas nos
itens abaixo, sob o foco da sinonímia:
1. “compulsivos”(l. 17) impulsivos
2. “encarnação”(l. 26) personificação
3. “decantada”(l. 30) celebrada
4. “marmanjo”(l. 33) adulto
5. “esmerada”(l. 34) polida
TEXTO XXII
CONCURSO: TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO – TÉCNICO DE FINANÇAS E
CONTROLE EXTERNO
.................................................................
Algum pessimista argumentará que, qualquer que seja o tratamento que eu dê ao tema
anunciado pelo título acima, não passarei de comentários tautológicos, já que a morte por si mesma
é banal, não necessitando de que se sublinhem essa condição. De fato, como única verdadeira
certeza que temos na vida, a morte é banal, acontece a toda hora e, mais cedo ou mais tarde,
chegará para todos. Mas, embora saiba não estar dizendo novidade, pois eu mesmo já falei neste
assunto várias vezes e em várias ocasiões, acho que, entre nós, a morte está ficando banal em
demasia.
Nas grandes cidades brasileiras a começar pelas duas maiores, mata-se praticamente como
se tratasse de algo inerente à existência urbana. Não creio estar apenas reprisando um bordão de
velho, quando digo que a vida humana tem cada vez menos valor e não só para bandidos, que
assassinam mesmo sem necessidade alguma, mas para nós, outros, que só faltamos dar de ombros
quando sabemos de uma nova morte violenta, entre as dezenas que se noticiam todos os dias no
jornal. Em biologia, sabe-se que a repetição exaustiva de um estímulo acaba por atenuar
fortemente, ou mesmo eliminar, seu efeito. Sem dúvida isto acontece conosco. De tanto sabermos
de barbaridades, já não mais nos chocamos.
A morte violenta não nos sitia somente nos noticiários. Ela está em todas as partes, nas
balas perdidas que vêm atingindo tanta gente no Rio de Janeiro e que são mesmo objeto de
fornidas coleções em alguns bairros, nos jogos eletrônicos que fascinam nossos filhos e netos e nos
enlatados americanos com que somos bombardeados pela televisão. Desde criança, vemos mortes
violentas às dúzias. E, o que é pior, mortes desacompanhadas de tudo que ela traz na vida real. O
personagem toma um tiro, bate as botas e nada mais acontece. Não há luto, não há orfandade, não
há viuvez, não há sequer dor. O assassinato e a morte são quase iguais a outros atos corriqueiros da
vida cotidiana.
Sabemos também que, embora não esteja na lei, a pena de morte, pública e privadamente
decretada, há muito tempo existe no Brasil. De vez em quando aparece uma reportagem,
mostrando como pistoleiros cobram quantias que não dão nem para um bom jantar, num bom
restaurante, para matar alguém que não conhecem e que nunca lhes fez mal. Encher a cara, pegar o
carro e matar um desafeto é a melhor maneira de cometer homicídio no Brasil. O matador paga
fiança, é solto, responde o processo em liberdade e, se eventualmente for condenado, poderá, caso
se trate de réu primário, cumprir a pena também em liberdade.
A polícia mata (“executa”, palavra com que certa imprensa parece nobilitar o assassinato)
e não mata somente o bandido, mas também o cidadão que está por perto. Comerciantes contratam
“justiceiros”, que tomam a si o encargo de eliminar quem quer que pareça uma ameaça. Viajar de
ônibus passou a ser uma aventura cotidiana, pois raro é o dia que um ou mais não são assaltados
com direito a tiroteio. Hospitais, berçários, asilos de velhos e clínicas matam em níveis
reminiscentes do nazismo. Morre-se de fome nas cidades e no campo, e por aí vamos.
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Enfim, mata-se escandalosamente em toda parte e ficamos nós, os sobreviventes, como
que anestesiados. Para muitos, infelizmente, o problema só se torna grave quando a vítima lhes é
próxima. Enquanto acontece somente com os outros, não merece muita atenção. Isso não pode
deixar de ser visto como uma gravíssima deformação, de que precisamos tomar consciência e nos
livrarmos a qualquer custo. A morte é o fim natural da vida, mas não é natural que se alastre dessa
forma monstruosa e que embotados, abúlicos e acomodados, não façamos nada para mudar a
situação em que tão aviltadamente existimos. Não somos bichos, somos cidadãos, e se não
zelarmos até ferozmente pelos nossos direitos, dentro em breve não teremos mais direito nenhum,
nem mesmo à vida.
JOÃO UBALDO RIBEIRO, MANCHETE, 16/01/96, p. 97.
Questão 58)
Ao redigir um texto, o autor expõe, implícita ou explicitamente, sua postura ideológica
acerca do assunto. Assinale a opção cuja afirmativa vem ao encontro da ideologia do texto.
a) Somente quando um gesto de violência é cometido contra um familiar ou uma pessoa íntima,
justificam-se o inconformismo e a revolta dos indivíduos.
b) A constatação de que o fim natural da vida é a morte torna as pessoas abúlicas, incapazes de
tomar uma atitude contrária às barbaridades cometidas.
c) A percepção de que a morte acontece para todos não justifica a passividade com que as pessoas
enfrentam as situações de violência fatal, noticiadas diariamente pelos veículos de
comunicação.
d) A imprensa contribui para a disseminação da violência, ao noticiar a realidade urbana,
principalmente no Rio de Janeiro, uma vez que as mortes acontecidas nas ruas não devem
invadir os lares de outras cidades brasileiras.
e) A justiça deveria aplicar a Lei de Talião (Olho por olho; dente por dente) para reprimir os
comerciantes que contratam matadores de aluguel, a fim de criticar, criteriosamente, quem
mata indiscriminadamente.
Questão 59)
Assinale a opção que apresenta a síntese das idéias do texto, redigida sob a forma de um
título.
a) Morte em hospitais assusta população.
b) A banalidade da morte.
c) A aventura cotidiana de viver.
d) Os direitos humanos e os tipos de violência.
e) A legalização da pena de morte.
Questão 60)
O texto faz diversas críticas a aspectos variados do sistema cultural vigente. Essas críticas
não contemplam, explicitamente, o aspecto
a) judiciário.
b) artístico.
c) comunicacional.
d) religioso.
e) econômico.
Questão 61)
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Com relação às idéias apresentadas nos dois primeiros parágrafos, assinale a opção
incorreta.
a) Para o autor, é previsível que algum indivíduo julgue o tema esgotado, por não trazer mais
novidades, devido ao fato de tantos escreverem acerca da morte, o fim natural da vida.
b) A única verdadeira certeza na vida é a aproximação constante e inexorável da morte,
inapelavelmente, para todos.
c) A existência nos grandes centros urbanos brasileiros, marcada pelo crescimento exacerbado da
violência, faz a morte trágica parecer algo inerente à vida.
d) A maioria da população brasileira, inclusive o autor, parece assistir, impassivelmente, às
notícias diárias referentes a mortes violentas.
e) Talvez, valendo-se de alguma explicação biológica, devido ao hábito, haja quem justifique ter-
se já acostumado com as barbaridades que acontecem, não mais estranhando a morte.
Questão 62)
O texto está estruturado em quatro partes, cada uma delas iniciada por uma letra capitular
(maior). Assinale a opção que traz informações desenvolvidas na segunda parte.
a) O espaço privilegiado do assunto morte é o noticiário dos jornais.
b) Os filmes apresentados na televisão são violentos porque apresentam muitos bombardeios.
c) A infância é a faixa etária mais atingida por mortes derivadas de balas perdidas.
d) A ficção não é capaz de traduzir toda a violência que existe na vida real, porque, entre outros
motivos, os personagens não são pessoas.
e) A violência televisiva, em que não há espaço para se prantearem os mortos, assemelha-se à da
vida real.
Questão 63)
Julgue os itens abaixo, segundo as idéias contidas na terceira parte do texto.
I. No Brasil, a pena de morte existe de fato, mas não de direito.
II. O valor cobrado pelos matadores de aluguel é irrisório frente ao valor da vida
humana.
III. Há algumas formas de assassinato cujas penalidades são brandas, frente ao dano
causado.
IV. A imprensa utiliza alguns eufemismos para se referir à violência cometida por
policiais.
V. Até mesmo locais destinados à preservação da vida não estão protegidos contra
ocorrências de mortes violentas.
VI. O campo, a cidade, assim como o trajeto entre um e outra são, na atualidade,
espaços isentos de trágicos incidentes.
A quantidade de itens certos é igual a:
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.
Questão 64)
deciosena@email.com32
No último parágrafo, o conclusivo, o autor salienta alguns aspectos já analisados e
acrescenta comentários novos acerca do tema. Assinale a opção que mostra uma consideração nova
a respeito do assunto, não abordada nos parágrafos anteriores.
a) Mata-se escandalosamente em toda parte.
b) Os sobreviventes da violência ficam como que paralisados.
c) A morte violenta é uma deformação da morte natural.
d) É necessário tomar consciência do problema e agir no sentido de combatê-lo.
e) Alguns direitos dos cidadãos estão sendo violados ferozmente.
Questão 65)
Associe as colunas, estabelecendo relações entre as palavras do texto, à esquerda, e o
sentido contextual delas, à direita.
I. “tautológicos”(l. 02) (a) desanimados
II. “inerente”(l. 09) (b) insensíveis
III. “exaustiva”(l. 13) (c) estafante
IV. “fornidas”(l 18) (d) abastecidas
V. “embotados”(l 42) (e) inseparável
VI. “abúlicos”(l. 42) (f) pleonásticos
Assinale a opção que apresenta a seqüência de associações corretas.
a) I-f II-e III-c IV-d V-a VI-b
b) I-b II-c III-e IV-a V-d VI-f
c) I-a II-e III-c IV-b V-d VI-f
d) I-d II-c III-e IV-f V-a VI-b
e) I-f II-e III-a IV-b V-c VI-d
Questão 66)
Considerando a seqüência de vocábulos sublinhados no período: “Algum pessimista
argumentará que não há novidade no tema, já que a morte é banal. De fato, ela é a única verdadeira
convicção que temos na vida.”, assinale a opção que apresenta seus antônimos, na mesma ordem
em que aparecem.
a) velharia invulgar provisória
b) senil extraordinária incerta
c) antiguidade esporádica falsa
d) notícia rara mentirosa
e) ultrapassagem corriqueira ilusória
Questão 67)
O pronome relativo “que” da linha
a) 17 (primeira ocorrência) refere-se a “A morte violenta.”(l. 16).
b) 17 (segunda ocorrência) refere-se a “balas perdidas”(l. 17).
c) 18 refere-se a “em alguns bairros”(l. 18).
d) 19 refere-se a “americanos”(l. 19).
e) 20 refere-se a “mortes desacompanhadas”(l. 20).
Questão 68)
deciosena@email.com 33
O autor trabalha seu texto utilizando vários recursos estilísticos. Com relação à conotação
e à denotação, julgue os itens abaixo.
I. “Não há luto, não há orfandade, não há viuvez, não há sequer dor.”(ls. 21/22).
II. “Morre-se de fome nas cidades e nos campos, ... ”(l. 36).
III. “Enfim, mata-se escandalosamente em toda parte, ... ”(l. 37).
IV. “ ... nos enlatados americanos com que somos bombardeados ... ”(ls. 18/19).
Os vocábulos estão empregados predominantemente em sentido conotativo apenas nos
itens:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) I, III e IV.
TEXTO XXIII
CONCURSO: TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO – ANALISTA DE FINANÇAS
E CONTROLE EXTERNO
HISTÓRIA PARA NINAR EXECUTIVOS
Havia um pastor chamado Pedro como aliás se chamam todos os pastores de histórias
como esta. Ele tinha um jeito todo especial para cuidar de seu rebanho. Até parece que os
bichinhos reconheciam esse talento e o admiravam por isso. Acho que se pudessem falar e escolher
o próprio pastor, sem dúvida Pedro seria o favorito. Ele sabia criar um clima organizacional muito
especial, como, por exemplo, dar nome para cada carneirinho e ovelhinha, respeitando os hábitos e
costumes de cada um.
Ao longo dos anos, Pedro acabou desenvolvendo uma sensibilidade muito apurada em seu
trabalho. Graças a essa habilidade, aprendeu a identificar com rapidez quando havia uma ovelha
mais estressada no grupo. Mas descobriu também que a causa não era tão importante assim. O que
realmente interessava era, fosse qual fosse a circunstância, neutralizar o problema. Se não agisse
com vigor, o rebanho inteiro poderia se contaminar com o comportamento de uma ovelha,
tornando-se incontrolável em alguns minutos.
Para se defender de situações como essa, Pedro cercou-se de uma série de ferramentas. A
primeira delas foi estabelecer sensores que o alertassem com antecedência sobre fatos muitas vezes
despercebidos, mas com potencial para se transformarem em sérios problemas para o rebanho.
Assim, se uma ovelha apresentasse uma tendência à histeria, berrando desnecessariamente
e provocando contínua ansiedade no grupo, era implacável na punição.
Também sabia reconhecer e premiar os melhores colaboradores.
FABIO STEINBERG, EXAME, 17/12/97, p. 71-2, com adaptações.
Questão 69)
Os trechos destacados em negritos, a seguir, constam no texto original do autor e devem
retornar a seus lugares. A esse respeito, julgue os seguintes itens.
1. É correta a inserção de Pois animais, assim como os homens, têm as suas idiossincrasias. no
final do primeiro parágrafo, na forma de um comentário ao que havia sido exposto
anteriormente.
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Interpretação de textos sobre literatura e burocracia

  • 1. deciosena@email.com 1 CURSO NOME INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS QUESTÕES DA CESP – UNB TEXTO I CONCURSO: MINISTÉRIO DA ASSISTÊNCIA E PREVIDÊNCIA SOCIAL – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS – FISCAL DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS A ROTINA E A QUIMERA Sempre se falou mal de funcionários, inclusive dos que passam a hora do expediente escrevinhando literatura. Não sei se esse tipo de burocrata-escritor existe ainda. A racionalização do serviço público, ou o esforço por essa racionalização, trouxe modificações sensíveis ao ambiente de nossas repartições, e é de crer que as vocações literárias manifestadas à sombra de processos se hajam ressentido desses novos métodos de trabalho. Sem embargo, não se terão estiolado de todo, tão forte é, no escritor, a necessidade de exprimir-se, dentro ou fora da rotina que lhe é imposta. Se não escrever no espaço de tempo destinado à produção de ofícios, escreverá na hora do sono ou da comida, escreverá debaixo do chuveiro, na fila, ao sol, escreverá até sem papel — no interior do próprio cérebro, como os poetas prisioneiros da última guerra, que voltaram ao soneto como a uma forma que por si mesma se grava na memória. E porque se maldizia tanto o literato-funcionário ? Porque desperdiçava os minutos do seu dia, reservado aos interesses da Nação, no trato de quimeras pessoais. A Nação pagava-lhe para estudar papéis obscuros e emaranhados, ordenar casos difíceis, promover medidas úteis, ouvir com benignidade as “partes”. Em vez disso, nosso poeta afinava a lira, nosso romancista convocava suas personagens, e toca a povoar o papel da repartição com palavras, figuras e abstrações que em nada adiantam à sorte do público. É bem verdade que esse público, logo em seguida, ia consolar-se de suas penas na trova do poeta ou no mundo imaginado pelo ficcionista. Mas, sem gratidão especial ao autor, ou talvez separando neste o artista do rond-de-cuir, para estimar o primeiro sem reabilitar o segundo. O certo é que um e outro são inseparáveis, ou antes, este determina aquele. O emprego do Estado concede com que viver, de ordinário sem folga, e essa é condição ideal para bom número de espíritos: certa mediania que elimina os cuidados imediatos, porém não abre perspectiva de ócio absoluto. O indivíduo tem apenas a calma necessária para refletir na mediocridade de uma vida que não conhece a fome nem o fausto; sente o peso dos regulamentos, que lhe compete observar ou fazer observar; o papel barra-lhe a vista dos objetos naturais, como uma cortina parda. É então que intervém a imaginação criadora, para fazer desse papel precisamente o veículo de fuga, sorte de tapete mágico, em que o funcionário embarca, arrebatando consigo a doce ou amarga intenção, que irá maravilhar outros indivíduos, igualmente prisioneiros de outras rotinas, por este vasto mundo de obrigações não escolhidas. ( ... ) CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, Passeios na ilha. In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro; José Aguilar, 1973. Questão 01) No que diz respeito ao conteúdo do texto, julgue os itens que se seguem. 1. Somente o funcionário “burocrata-escritor”(linha 2) tem sido criticado pela população. 2. A verdadeira vocação literária só se manifesta no ambiente do serviço público. 3. Infere-se do texto que as produções literárias em versos rimados são mais facilmente retidas pela memória. 05 10 15 20 25
  • 2. deciosena@email.com2 4. Em virtude das mudanças ocorridas no ambiente do serviço público, o “burocrata-escritor” desapareceu por completo. 5. Infere-se do texto que, no Brasil, o Estado tem, indiretamente, subvencionado a literatura nacional. Questão 02) Com base nas informações contidas no texto, julgue os itens seguintes. 1. Por causa do grande número de literatos-funcionários existentes no ambiente das repartições, o Estado se viu forçado a tomar medidas para racionalizar o serviço público. 2. Do ponto de vista do serviço público, o trabalho burocrático dos literatos-funcionários é inútil. 3. São tarefas do funcionário público: estudar papéis obscuros e emaranhados, ordenar casos difíceis e promover medidas úteis. 4. O público preferiria que o poeta, em vez de afinar a lira, afinasse a ponta do lápis e que o romancista, em vez de convocar suas personagens, convocasse as partes interessadas. 5. Infere-se do texto que a expressão francesa “rond-de-cuir” (linha 19) significa burocrata. Questão 03) Ainda quanto ao conteúdo do texto, julgue os itens abaixo. 1. A condição de escritor determina a condição de funcionário público. 2. É o estado mediano entre a fome e o fausto que permite, a bom número de espíritos, produzir a sua obra literária. 3. A literatura é, para o “burocrata-escritor”, assim como para alguns leitores, um modo de escapar às rotinas e às obrigações do serviço público. 4. Se o “literato-funcionário”(linha 11) dispusesse de mais tempo livre para escrever, produziria uma obra literária mais volumosa. 5. O termo “autor” (linha 18) refere-se ao próprio Carlos Drummond de Andrade. TEXTO II CONCURSO: MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS – FISCAL DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIAS Leia o texto seguinte e responda às questões de 04 a 07. PONTUALIDADE LÍRICA Sinto remorsos de chegar primeiro, Antes de todos, Na Repartição. Tenho piedade do José Ribeiro, Que inventa modos De chegar lampeiro, Sem afobação. Sempre sou eu a estrela matutina Que antes de todos Da Repartição Surge assobiando pela mesma esquina Que todos dobram
  • 3. deciosena@email.com 3 Cheios de aflição A pobre Antônia tem, nos olhos grandes, ( Menores que a tristeza cansativa De não passar de simples Barnabé), Uma esquisita, insólita leveza, Quando, ofegante, vem chegando a pé ... E o funcionário humilde, que se dobra Num cumprimento cheio de esperança, Fica intrigado e busca, nos meus olhos, Qual o segredo da pontualidade Exagerada Que me faz notado Por todo mundo na Repartição Por todo o mundo ? Disse mas não repito ... Existe alguém de olhar azul, vestidos lindos, Brincos mimosos e pulseiras Feiticeiras Que ri de mim, quando eu gaguejo Ao responder-lhe a mínima pergunta. E não percebe que o Relógio Tagus Não passa de um moderno realejo Onde a canção “Pontualidade” É a rima certa de “felicidade”. Sou pobre cego em busca de uma esmola: Seja sorriso, olhar ou simplesmente O mais normal de todos os “bons-dias” ! MARQUES OLIVEIRA, Canção do funcionário pontual. Brasília: Uberaba, 1977. Questão 04) Com relação às idéias do texto, julgue os itens seguintes. 1. O autor do poema Pontualidade lírica é um bom exemplo do “burocrata-escritor”, referido por Carlos Drummond de Andrade em A rotina e a quimera. 2. O poeta é o primeiro funcionário a chegar à Repartição porque é encarregado do controle do ponto. 3. O poeta sente remorso porque chega à Repartição de automóvel, enquanto os funcionários mais humildes chegam a pé. 4. O centro das atenções dos funcionários mencionados no texto é a moça de olhar azul. 5. O nome completo da funcionária mencionada na terceira estrofe é Antônia Barnabé. Questão 05) De acordo com o texto, julgue os itens que se seguem. 1. Na Repartição em que trabalha o poeta, não existem diferenças sociais. 2. Por ser pobre, Antônia cobiça a posição dos funcionários mais bem situados hierarquicamente. 3. O poeta é, provavelmente, um funcionário de escalão médio ou alto. 4. Parafraseando-se o poema, é correto afirmar que, no serviço público, “Pontualidade” é rima errada de “conspicuidade”. 5. O poeta acredita no ditado popular que diz: “Deus ajuda quem cedo madruga”.
  • 4. deciosena@email.com4 Questão 06) Com base no texto, julgue os itens a seguir. 1. A funcionária de olhar azul conquistou o poeta porque é dada à prática da feitiçaria. 2. O nervosismo do poeta perante a funcionária de olhar azul é compreensível por ser ela a sua chefe imediata. 3. Ao descrever a funcionária de olhar azul e ao afirmar que ela usa brincos mimosos, o poeta insinua que ela recebe muitos presentes de seus admiradores. 4. O poeta e a funcionária de olhar azul têm visões diferentes do “Relógio Tagus”. 5. Os últimos versos do poema revelam o verdadeiro motivo de o poeta chegar sempre primeiro à Repartição: ele tem dificuldade de se locomover por ser um deficiente visual. Questão 07) No texto, é correta a substituição, sem alteração de sentido, de 1. “lírica” por poética 2. “piedade” por devoção 3. “lampeiro” por despercebido 4. “gaguejo” por tartamudeio 5. “uma esmola” por um agrado TEXTO III CONCURSO: SENADO FEDERAL – PODER LEGISLATIVO – ANALISTA LEGISLATIVO/COMUNICAÇÃO SOCIAL, CONTATOS E EVENTOS – ÁREA 3: IMPRENSA ESCRITA ENTREVISTA Um livro nasce sempre das mãos criativas do seu autor. Não é fruto de magia, coisa que aconteça de repente. É suor, cansaço, entrega total. Luta difícil e demorada com as palavras sempre arriscadas e fugidias. Muitas envelheceram no tempo, outras desgastaram-se no uso intenso e já pouco dizem, não significam mais. Não importam as dificuldades, o escritor sabe da urgência do seu ofício, da importância da sua missão. Ivan Ângelo, escritor nascido em Barbacena (MG), em 1936, concedeu uma entrevista no livro PARA GOSTAR DE LER, VOLUME 10, DA EDITORA ÁTICA, 1988. Vamos ler, conhecer e refletir um pouco sobre o que é, enfim, o ATO DE ESCREVER. “ESCREVO PARA MEXER COM AS PESSOAS” — Você escreve os seus textos à mão ou à máquina ? Eu escrevo à mão e à máquina. À mão, quando o texto é mais difícil. E geralmente é. Depois passo tudo à máquina, corrigindo, reescrevendo, e guardo. Deixo chocar uns dois, três meses. Aí pego de novo e reescrevo, emendo — à mão. Depois eu mesmo datilografo tudo de novo, ainda mudando coisas. — Você escreve com algum objetivo específico ? Eu escrevo para mexer um pouco com a cabeça das pessoas, escrevo contra o tirano e o opressor que está dentro das pessoas. Eu mostro como é horrível sermos como somos. E escrevo também CONTRA um jeito quadrado de escrever. — E para quem é que você e outros autores brasileiros escrevem hoje em dia ?
  • 5. deciosena@email.com 5 Certamente não é para o povo, mas é seguramente SOBRE esse povo. Escrevemos para um público limitado, para estudantes e para as pessoas mais sofisticadas da chamada classe média para cima. Quando a arte saiu das praças e das igrejas e entrou para os teatros, salões, galerias e livros, começou um processo de exclusão do povo por causa do preço, das roupas que ra preciso vestir para ir a esses lugares, da hora, do conhecimento, do trabalho etc. “ A marginalização foi aumentando até chegar ao que temos hoje: o povo NÃO ENTENDE mais a arte que uma parte do povo produz”. ( ... ) R.MAGALHÃES E C.M.CARDOSO, texto 21, In PALAVRA CHAMA PALAVRA, 7ª série, São Paulo, Ed. do Brasil, 1994, p 91 ( com adaptações ). Questão 08) Quanto ao conteúdo do texto, julgue os itens que se seguem. 1. O texto está dividido em três partes: uma introdução sobre o nascimento dos livros, uma bibliografia e a entrevista propriamente dita. 2. A entrevista do escritor Ivan Ângelo foi originalmente concedida a R. Magalhães e C. M. Cardoso. 3. O ponto de vista da introdução concorda com o de Carlos Drummond de Andrade, quando este afirma que “ Lutar com palavras / é a luta mais vã. / ( ... ) Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem / e não há ameaça / e nem há sevícia / que as traga de novo / ao centro da praça.” 4. Os escritores trabalham com urgência porque algumas palavras tendem a envelhecer rapidamente, sendo preciso registrá-las antes que se desgastem e desapareçam. 5. Na linha 2, é usado o recurso da personificação para referir-se à maneira como se comportam as palavras. Questão 09) Ainda quanto ao conteúdo do texto, julgue os itens abaixo. 1. Infere-se do texto que, além de escritor, Ivan Ângelo é também psiquiatra. 2. A visão que Ivan Ângelo tem do ser humano é, no mínimo, negativa. 3. Ivan Ângelo escreve sobre os estudantes e as pessoas mais sofisticadas da chamada classe social média para cima porque tem consciência de que não será lido pelo povo. 4. Infere-se do texto que, no passado, quando arte e povo estavam mais intimamente interligados, o povo entendia a arte produzida por seus artistas. 5. Nos dias de hoje, o povo saiu das praças e igrejas porque a violência urbana na sociedade brasileira aumentou consideravelmente. TEXTO IV CONCURSO: SENADO FEDERAL – PODER LEGISLATIVO – ANALISTA LEGISLATIVO/COMUNICAÇÃO SOCIAL, CONTATOS E EVENTOS – ÁREA 3: IMPRENSA ESCRITA BRASIL A mais bem comentada e bem-sucedida campanha publicitária de 1996 foi “Mamíferos”, da agência DM9, que anunciou os produtos Parmalat com crianças fantasiadas de bichos. A agência registrou um faturamento de 210 milhões de reais, 26% a mais que no ano anterior, e foi apontada pela revista Advertising Age como uma das três agências mais premiadas do mundo. Fenômeno no mercado publicitário, a campanha foi a mais lembrada pelos consumidores mesmo depois de quatro meses fora do ar. Pelo menos duas campanhas veiculadas por revistas pegaram carona no êxito da “ Mamíferos”: a churrascaria Marius, do Rio de Janeiro, usou crianças vestidas de adultos a quem 07 10 01 04
  • 6. deciosena@email.com6 chamava de “carnívoros”, e o Sustagen, alimento lácteo da Mead Johnson, mostrou uma menina com expressão de ferocidade que convidava os pais a reforçarem o leite de seus mamíferos. A carona em campanhas de sucesso parece ter sido uma tendência da publicidade em 1996. A controvertida campanha da Rider, “Dê férias para seus pés”, que teve de ser reformulada depois que uma concorrente pôs no ar um grupo de gordinhos suando na academia de ginástica e queixando-se das nefastas conseqüências das férias sobre seu peso, inspirou um bem-humorado out-door espalhado pelo Nordeste que anunciava o inseticida Rodasol com o slogan “Dê férias para seu Rider”, sugerindo que mosquito se mata com o produto específico e não com chinelo. Para anunciar sua conta-aposentadoria, a Bradesco Previdência contratou talentosos atores da televisão brasileira e dois excepcionais maquiadores americanos, Karen Westerfield e Rick Straton, campeões de bilheteria com Família Adams, Eduardo mãos de tesoura e Drácula. A dupla envelheceu Glória Pires, Diogo Vilela e Marco Nanini, numa campanha que custou três milhões de reais. A Bradesco Previdência vendeu em novembro, quando a campanha começou a ser veiculada, trinta por cento mais que no mês anterior. O chamado merchandising ( publicidade dissimulada embutida em telenovelas, como parte das falas e gestos dos atores ) ganhou força em 1996. Aos já tradicionais anunciantes — cervejas, refrigerantes e bancos — somou-se um fundo de investimento em pecuária, Fazendas Reunidas Boi Gordo, que aumentou suas vendas de trinta mil para 42.000 cabeças por mês desde que seu merchandising foi inserido na novela O rei do gado. Para ser anunciado pelo ator Antônio Fagundes, a empresa pagou setecentos mil reais. PUBLICIDADE, In Livro do Ano, São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1977, p.212 ( com adaptações ). Questão 10) Com base nas informações contidas no texto, julgue os itens abaixo. 1. A campanha “Mamíferos” demonstrou, de forma inequívoca, que colocar animais nos anúncios publicitários leva as pessoas a consumir mais. 2. Por sua campanha “Mamíferos”, a Advertising Age foi uma das três agências publicitárias mais premiadas em 1996. 3. Comparado ao de 1996, o faturamento dos produtos da Parmalat foi 36% menor em 1995. 4. Infere-se do texto que, salvo algumas exceções, os consumidores tendem a esquecer rapidamente as mensagens veiculadas pelas campanhas publicitárias. 5. Infere-se do texto que as agências que imitam as campanhas publicitárias bem-sucedidas de suas concorrentes não se preocupam com os efeitos negativos que possam provocar na campanha original. Questão 11) No que diz respeito ao conteúdo do texto, julgue os itens que se seguem. 1. A churrascaria Marius, do Rio de Janeiro, pôde tirar partido do sucesso da campanha publicitária da agência DM9 porque todo mamífero é carnívoro. 2. Em sua campanha publicitária, a Mead Johnson tentou veicular a idéia de que, quando está com fome, o mamífero é uma fera. 3. A campanha “Dê férias para seus pés”, da Rider, tinha como objetivo levar as pessoas a passar as férias deitadas, dormindo de pernas pro ar. 4. A concorrente da Rider, que pôs no ar um grupo de gordinhos exercitando-se na academia de ginástica para perder peso, procurou veicular a mensagem de que dar férias para os pés faz as pessoas engordarem. 5. A Rider reformulou a sua campanha publicitária porque as pesquisas comprovaram que, no Nordeste, os seus chinelos estavam sendo usados para matar mosquitos. Questão 12) 19 22 25 28 13 16
  • 7. deciosena@email.com 7 Ainda quanto ao conteúdo do texto, julgue os itens seguintes. 1. A Bradesco Previdência pagou três milhões de reais aos maquiadores americanos Karen Westerfield e Rick Straton para que envelhecessem Glória Pires, Diogo Vilela e Marco Nanini. 2. Grande parte do sucesso de bilheteria alcançado pelos filmes Família Adams, Eduardo Mãos de Tesoura e Drácula se deve ao excepcional trabalho de maquilagem realizado por Karen Westerfield e Rick Straton. 3. O merchandising é uma forma subliminar de publicidade, procurando atingir indiretamente o consumidor. 4. O resultado do merchandising das Fazendas Reunidas Boi Gordo na novela O rei do gado foi o aumento de doze mil cabeças de gado em seus rebanhos. 5. As Fazendas Reunidas Boi Gordo pagaram setecentos mil reais para que a Globo colocasse Antônio Fagundes no elenco da novela O rei do gado, possibilitando, assim, ao ator, anunciar o fundo de investimento em pecuária daquela empresa. Questão 13) No texto, é correta a substituição, sem alteração de sentido, de 1. “bem-sucedida”(§ 1) por vitoriosa. 2. “Fenômeno”( § 1) por Prodígio. 3. “carnívoros”(§ 2) por antropófagos. 4. “ferocidade”(§ 2) por braveza. 5. “nefastas”(§ 2) por nocivas. TEXTO V CONCURSO: SENADO FEDERAL – PODER LEGISLATIVO – ANALISTA LEGISLATIVO/COMUNICAÇÃO SOCIAL, CONTATOS E EVENTOS – ÁREA 3: IMPRENSA ESCRITA THE GLOBE LONDRES – Na réplica do teatro Globe tem-se uma idéia aproximada do que era ver uma peça de Shakespeare, talvez com o próprio autor num dos papéis menores, no século XVII. Tudo no novo Globe é aproximado. O antigo não ficava ali e ninguém sabe como ele era, exatamente. A reconstituição seguiu, tanto quanto possível, as técnicas de construção da época, inclusive com o telhado de palha, mas há um moderno complexo de apoio em volta da réplica e recursos de segurança como o de prevenção de incêndio – afinal, o velho Globe queimou duas vezes. A experiência também não é porque, se você fosse um londrino no verão de, digamos, 1600, veria a peça a pé, cercado por uma multidão participante, que freqüentemente atirava coisas no palco ou xingava um vilão, e fedorenta. As pessoas não costumavam se lavar, nem as suas roupas, na época. As apresentações eram à tarde e vendedores percorriam a platéia oferecendo comida, que seguidamente acabava no palco. Pode-se imaginar laranjas bem miradas interrompendo solilóquios e algum Iago bem descontrolado pulando do palco em cima de um crítico mais loquaz. Havia apresentações de peças todas as tardes, contra a vontade das autoridades. O teatro, além de ser uma manifestação profana e muitas vezes subversiva, estimulava a falta ao trabalho e a promiscuidade. E podia ser uma ameaça à saúde pública, tanto que o governo da cidade só conseguia proibi-lo sem protestos durante as epidemias. O teatro era tolerado, com relutância, porque as duas únicas outras formas de diversão profissional oferecidas ao público de Londres eram as touradas e as brigas de urso. O futebol veio depois. Shakespeare enriqueceu com o teatro,
  • 8. deciosena@email.com8 mas o seu ofício nunca foi muito respeitável. Ele nunca imaginaria a cara reverencial dos turistas que lotam o Globe hoje, em homenagem à sua arte. Ou o seu asseio. VERÍSSIMO, Correio Braziliense, 26/7/97, com adaptações. Questão 14) Com relação às idéias do texto, julgue os itens seguintes. 1. O novo teatro Globe é, na verdade, apenas uma réplica aproximada de uma casa que existiu, no século XVII, em Londres. 2. Shakespeare era um ator medíocre; por isso só representava pequenos papéis em suas peças. 3. Com vistas a evitar catástrofes, foi construído, por baixo do telhado de palha do novo Globe, um moderno complexo de prevenção de incêndio. 4. O novo teatro Globe de Londres é o terceiro prédio construído a receber esse nome. 5. Em 1600, os espectadores do Globe assistiam às peças de pé porque o velho teatro não tinha cadeiras. Questão 15) De acordo com o texto, julgue os itens que se seguem. 1. O inglês do século XVII não primava pela higiene pessoal. 2. Os espectadores ingleses contemporâneos de Shakespeare não gostavam de monólogos; eles preferiam os diálogos. 3. Os espectadores do século XVII participavam mais ativamente da representação do que os turistas que vão ao Globe assistir às peças de Shakespeare. 4. No século XVII, as peças eram representadas à tarde para que os trabalhadores londrinos pudessem aproveitar a hora do almoço, assistindo aos espetáculos enquanto comiam. 5. O governo da cidade de Londres tolerava o teatro porque havia poucas opções de diversão pública na cidade. Questão 16) Com base no texto, julgue os itens a seguir. 1. As autoridades londrinas consideravam o teatro uma atividade subversiva porque era durante os espetáculos que os conspiradores políticos organizavam manifestações contra o governo da cidade. 2. Somente por graves motivos de saúde pública, os londrinos não protestavam contra o fechamento de seus teatros. 3. Nos dias atuais, o futebol substituiu o interesse dos ingleses pelo teatro. 4. Apesar de haver ficado rico, Shakespeare nunca foi muito aceito pela sociedade inglesa de seu tempo. 5. Se Shakespeare pudesse assistir à representação de uma de suas peças no novo Globe, ficaria surpreso com duas coisas: a reverência por sua obra e o asseio dos espectadores. TEXTO VI CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO – MPU – NÍVEL ASSISTENTE – ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ATIVIDADE-FIM A VERDADEIRA REVOLUÇÃO
  • 9. deciosena@email.com 9 Qualquer pessoa da década de 60 sabe: os anos 60 foram os melhores do século. A gente nunca ouve alguém dizer que é “da década de 80” ou qualquer outra. Só o pessoal dos anos 60 viveu um decênio de uma vez. É verdade que uma pá de novidades apareceu lá nos anos 60, mas também não vamos exagerar: eu tinha um estilingue, mas se pudesse optar teria preferido um videogame. E só pulava muros para comer goiabas no pé porque as redes de fast food ainda não tinham chegado ao Brasil. De uma coisa eu nunca tive dúvida: foi na década de 60 que aconteceu a transição entre o velho e o novo estilo de convivência corporativa. Também foi lá que os empregados se deram conta de que “carreira” poderia ser uma questão de escolha pessoal, e não uma imposição da santa madre empresa, que tudo provia sem admitir réplicas ou súplicas. Foi nessa fase de ruptura que eu consegui meu primeiro emprego. Pude observar as mudanças sem influir nelas, de uma posição no rodapé do organograma, a de aprendiz de arquivista (office boy seria mais charmoso, mas o título só surgiu na década de 70). E hoje acredito que as grandes mudanças no cotidiano dos empregados nada tiveram a ver com teorias revolucionárias ou novas técnicas de administração de pessoal. Tudo isso foi apenas o efeito. As verdadeiras causas foram as pequenas mudanças às quais ninguém deu muita importância. Diploma de datilografia – Durante décadas, para alguém ser admitido no escritório, o único requisito era “ser alfabetizado” (um enorme plus curricular em um país de analfabetos). Depois veio a obrigatoriedade de ser diplomado em datilografia. Mas foi nos anos 60 que se introduziu a exigência do “algo mais”: o Certificado de Proficiência Datilográfica. Ele era concedido aos poucos capazes de bater 150 toques por minuto, com os dedos certos nas teclas certas. Nas décadas seguintes, os certificados de proficiência foram sendo gradativamente substituídos por outros símbolos mais alegóricos de “algo mais”, sendo que o atualmente em moda se chama MBA. (continua) Questão 17) De acordo com as idéias do texto, assinale a opção correta acerca da década de 60. a) O texto relata um fato bastante conhecido por todos os brasileiros: os anos 60 foram para todos os melhores do século. b) Nessa década, a Igreja era uma empresa dura, mas maternal. c) Por causa da ruptura política ocorrida nessa década, o autor conseguiu um emprego. d) Nessa fase, os empregados viviam grandes mudanças no trabalho, graças a técnicas revolucionárias de administração de pessoal. e) Nos anos 60, o trabalho dos empregados de escritório sofreu significativos efeitos causados por pequenas mudanças em seu cotidiano. Questão 18) Ainda com relação às idéias do texto, assinale a opção correta. a) Por estar escrito em primeira pessoa, o texto constitui uma página do diário do autor. b) No primeiro parágrafo, o autor apresenta um fato significativo da época: apesar de ser uma década de muito progresso, as crianças eram indisciplinadas por falta de opções de lazer. c) No segundo parágrafo, o autor classifica os dois estilos de vida religiosa e política dos anos 60: o velho e o novo. d) No terceiro parágrafo, o autor conta que seu primeiro trabalho foi o de office boy, como era conhecido, na década de 70, o “aprendiz de arquivista”. e) No último parágrafo, o autor apresenta uma das mudanças sem muita importância para os empregados da época: não bastava mais ser alfabetizado; era preciso ter “algo mais”: diploma de datilografia.
  • 10. deciosena@email.com10 TEXTO VII CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO – MPU – NÍVEL ASSISTENTE – ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ATIVIDADE-FIM A VERDADEIRA REVOLUÇÃO (continuação) Pasta 007 – Quando Seann Connery disse, em 1963, “Bond, James Bond” pela primeira vez, 98% da platéia predominantemente masculina no cinema estava prestando atenção à atriz, Ursula Andress. Os 2% restantes notaram que Bond, para onde ia, carregava uma pasta. Foram aquela pasta e os 2% de visionários que criaram a linha divisória entre quem tinha “um cargo importante” no trabalho e quem só trabalhava ali e andava de mão no bolso. Mesmo que dentro da pasta só houvesse a carteira e um sanduíche de mortadela. Hoje, quem é (ou quer ser) “alguém” na vida corporativa já não se preocupa com esses adereços que servem para pouco, mas dizem muito. Exceto, claro, os 2% de visionários que carregam, para onde vão, uma bolsa de laptop. Caneta esferográfica – Ter um título de “gerente” até os anos 50 correspondia a ser piloto de Fórmula 1 na atualidade: não existiam mais de 100 no país inteiro. “Diretor”, então, seria o próprio dono da escuderia. Gerentes e diretores possuíam canetas-tinteiro de fino trato e só eles assinavam documentos. O resto usava lápis preto número 2 e tinha de devolver o toco do velho para requisitar um novo. Com o advento da caneta esferográfica, abriu-se um enorme leque de possibilidades: todo mundo podia ter uma caneta “a tinta”, logo todo mundo podia assinar documentos. Para isso, era preciso criar mais documentos para serem assinados, de preferência muitas vias. Como mesmo assim havia mais canetas que documentos, cada documento passou a ter no mínimo três assinaturas. A prática persiste até hoje, e se fortalece cada vez mais. E o círculo está se fechando, porque as canetas de fino trato voltaram. (continua) Questão 19) Com relação aos símbolos de poder apresentados no texto VII, há equivalência entre a) “Pasta 007” e “caneta esferográfica”. b) “Pasta 007” e “canetas-tinteiro de fino trato”. c) “98% da platéia” e “tocos de lápis número 2”. d) “2% de visionários” e “diretores”. e) “Diretor” e “piloto de Fórmula 1”. TEXTO VIII CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO- MPU – NÍVEL ASSISTENTE – ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ATIVIDADE-FIM A VERDADEIRA REVOLUÇÃO (continuação) Salinha 3 por 2 – Os escritórios dos anos 60 eram enormes salões abertos. Ninguém, nem mesmo o dono, tinha sala privativa. O cafezinho era servido duas vezes ao dia, e ao tomá-lo era proibido levantar da mesa e formar grupinhos. Aí apareceram as salinhas de divisórias de madeira e vidro canelado fosco. Os gerentes puderam se esconder dentro delas, mas o resto ganhou a liberdade de se organizar fora delas, criando um poder paralelo que se reunia em volta dos mimeógrafos e bebedouros para conspirar contra as mazelas internas.
  • 11. deciosena@email.com 11 Hoje, os mimeógrafos viraram salas com máquinas copiadoras, e os bebedouros se transformaram em áreas de lanche e tabaco. Mas ainda é nelas que os empregados ficam sabendo de tudo o que a diretoria pensa que eles não sabem. ( ... ) E teve mais, muito mais: bloquinho de papel personalizado, plaquinha de “Pense” na mesa do chefe, gravata cor-de-abóbora e outras amenidades que mudaram radicalmente o universo corporativo. Por isso, quem encontrar uma pessoa remanescente “dos anos 60” deve olhar para ela com a reverência que se dedica aos pioneiros. Não é preciso acreditar em tudo o que ela diz sobre os Beatles, mas em uma coisa ela tem carradas de razão: não se fazem mais revistas em quadrinhos como nos anos 60. As gerações modernas jamais saberão como era bom ler gibi, e não jornal, no banheiro do escritório. MAX GEHRINGER, in EXAME, 24/3/99, p.22, com adaptações. Questão 20) Assinale a opção que esteja coerente com o conteúdo do texto VIII. a) Quando ainda trabalhavam em amplos salões comunitários, os empregados de escritório eram disciplinados e dedicados ao dono da empresa; por isso, não havia formação de grupinhos nem na hora do café. b) Na década de 60, os grandes salões foram divididos em salinhas, uma para cada empregado, para que, isolados e concentrados no trabalho, pudessem ser controlados pelos chefes. c) Ao darem privacidade aos gerentes, as salinhas deram ensejo aos demais empregados de, livres da fiscalização constante, reunirem-se e desenvolverem, no horário de trabalho, um poder paralelo. d) Atualmente, não há mais sinal de mimeógrafos nos escritórios; com eles desapareceu o costume de “conspirar contra as mazelas internas” das empresas. e) Como empregado de baixo escalão, na década de 60, o autor também abusava da liberdade que tinha, lendo no banheiro do escritório, prazer que os empregados de hoje não têm. Questão 21) De acordo com os textos VI, VII e VIII, a) dentro dos escritórios ocorreram, na década de 60, mudanças interessantes mas banais, sem repercussão para os dias de hoje. b) teorias revolucionárias e novas técnicas de administração de pessoal provocaram, nos anos 60, mudanças dentro dos escritórios, as quais persistem até hoje. c) os empregados de hoje que desejem algum prestígio devem ter diploma e usufruir de algumas amenidades, como uma sala pequena mas exclusiva, caneta esferográfica, mimeógrafo e bloquinho de papel personalizado. d) a época do surgimento da pasta 007, da troca do lápis pela caneta esferográfica e da exigência de proficiência em datilografia, entre outras pequenas mudanças, na verdade, foi crucial para uma ruptura no estilo da convivência dentro dos escritórios. e) os empregados públicos dos anos 60 foram pioneiros na luta contra a opressão dentro dos escritórios. TEXTO IX CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO – MPU – NÍVEL ASSISTENTE – ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TRANSPORTE/ATIVIDADE-MEIO FIM DO BACHAREL
  • 12. deciosena@email.com12 Entre as profissões tradicionais, o direito era a única que se mantinha relativamente intacta às mudanças econômicas e aos avanços tecnológicos. A medicina é outra depois do computador. A engenharia de antigamente chega a ser engraçada para quem trabalha com novos métodos de construção e materiais de ponta. Agora chegou a vez dos advogados. A transformação começou com a abertura econômica e intensificou-se com a entrada em bloco de empresas estrangeiras no país. Até pouco tempo atrás, o mundo do direito era dividido em áreas bem definidas, como a trabalhista, a comercial, a criminal e tributária. Agora, os escritórios que trabalham com direito empresarial são muito mais segmentados. O efeito mais curioso das mudanças foi a criação de frentes de trabalho – uma surpresa em uma profissão que as pessoas se acostumaram a associar à tradição e ao formalismo. VEJA, 17/3/99, com adaptações. Questão 22) Assinale a opção que melhor resume as idéias do texto. a) Grandes escritórios de advocacia, especialmente os que trabalham com direito empresarial, estão criando frentes de trabalho e oferecendo salários acima da média para trazer para o país profissionais mais qualificados e novos métodos de trabalho. b) Direito perdeu muito de sua tradição e respeitabilidade quando sofreu influência das mudanças na economia e na tecnologia, mas esse é um processo inevitável na moderna economia e tecnologia, como demonstram as mudanças já ocorridas na medicina e na engenharia. c) Até pouco tempo atrás, o mundo era dividido em áreas bem definidas. As mudanças econômicas e os avanços tecnológicos estão tornando essas áreas mais segmentadas. d) Por causa do avanço tecnológico e das mudanças na medicina e na engenharia, a área do direito, antes tão formal e tradicional, já se rende às mudanças na economia. e) As profissões tradicionais já estão sofrendo a influência da abertura econômica com a entrada de empresas estrangeiras no Brasil, haja vista as mudanças na medicina e na engenharia. Questão 23) Algumas idéias ficam subentendidas na estrutura textual. No entanto, não se subtende no texto a idéia de a) profissão depois de “única”; b) medicina depois de “outra” c) novos antes de “materiais”; d) econômica depois de “transformação”; e) área antes de “trabalhista”, “comercial”, “criminal” e “tributária”. TEXTO X CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO – MPU – NÍVEL ASSISTENTE – ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TRANSPORTE/ATIVIDADE-MEIO TRIBUTOS E POLÍTICAS DE EMPREGO É claro que a maneira mais eficaz de combater o desemprego seria ampliar diretamente a atividade econômica. O desemprego cairia rapidamente se pudéssemos aumentar os gastos do governo, reduzir a taxa de juros, ampliar o crédito, e assim por diante.
  • 13. deciosena@email.com 13 Mas essa não é a única maneira de enfrentar o problema. É possível manter e até mesmo ampliar o emprego com outros tipos de políticas: as que focalizam o lado da oferta. Por exemplo, a diminuição dos custos de produção dos bens e dos serviços. Com menores custos, os preços caem – e os consumidores ganham um forte incentivo para comprar. Resultado: a demanda aumenta, induzida pelo lado da oferta. HÉLIO ZYLBERSAN, Folha de São Paulo, 13/3/99, com adaptações. Questão 24) De acordo com as idéias do texto, assinale a opção incorreta. a) A expressão “maneira mais eficaz” pressupõe a existência de outras maneiras. b) Pelas demais idéias do texto, a ampliação da “atividade econômica” é identificada como um tipo de política. c) As políticas bem sucedidas de combate ao desemprego incluem sempre aumento dos gastos do governo. d) Custos e preços mantêm entre si uma relação de causa e efeito. e) O “lado da oferta” está em oposição à política de redução dos juros e da ampliação do crédito. TEXTO XI CONCURSO: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – CASA MILITAR - SUBSECRETARIA DE INTELIGÊNCIA – ANALISTA DE INFORMAÇÕES O real não é constituído por coisas. Nossa experiência direta e imediata da realidade nos leva a imaginar que o real é feito de coisas (sejam elas naturais ou humanas), isto é, de objetos físicos, psíquicos, culturais oferecidos à nossa percepção e às nossas vivências. Assim, por exemplo, costumamos dizer que uma montanha é real porque é uma coisa. No entanto, o simples fato de que essa “coisa” possua um nome, que chamemos “montanha “, indica que ela é, pelo menos, uma “coisa-para-nós “, isto é, algo que possui um sentido em nossa experiência. Suponhamos que pertencemos a uma sociedade cuja religião é politeísta e cujos deuses são imaginados com formas e sentimentos humanos, embora superiores aos dos homens, e que nossa sociedade exprima essa superioridade divina fazendo que os deuses sejam habitantes dos altos lugares. A montanha já não é uma coisa: é a morada dos deuses. Suponhamos, agora, que somos uma empresa capitalista que pretende explorar minério de ferro e que descobrimos uma grande jazida numa montanha. Como empresários compramos a montanha, que, portanto, não é uma coisa, mas propriedade privada. Visto que iremos explorá-la para obtenção de lucro, não é uma coisa, mas capital. Ora, sendo propriedade privada capitalista, só existe como tal se for lugar de trabalho. Assim, a montanha não é coisa, mas relação econômica e, portanto, relação social. A montanha, agora, é matéria-prima num conjunto de forças produtivas, entre as quais se destaca o trabalhador. Suponhamos, agora, que somos pintores. Para nós, a montanha é forma, cor, volume, linhas, profundidade — não é uma coisa, mas um campo de visibilidade. MARILENA CHAUI. O que é ideologia (com adaptações). Questão 25) Com base nas idéias do texto, assinale a opção correta. a) O conhecimento da realidade é causa imediata dos objetos físicos psíquicos e culturais. b) A percepção da realidade depende do modo como os homens relacionam-se entre si e com a natureza; depende dos propósitos dos investimentos simbólicos de cada cultura. c) O exemplo da montanha, estendido a todos os entes reais, é utilizado no texto para provar que só a propriedade privada oferece campo real de trabalho, independentemente da ideologia adotada. 05 10 15
  • 14. deciosena@email.com14 d) É necessária uma visão de artista e uma sensibilidade de pintor para absorver todas as possibilidades de existência de uma “coisa”, como a montanha, por exemplo. e) Seria mantida a coerência na argumentação se a primeira oração do texto fosse substituída por: O real é constituído apenas de idéias. Questão 26) A ligação, a conexão entre palavras, frases ou expressões de um texto chama-se coesão. Os elementos que retomam um mesmo referente formam os elos de uma cadeia coesiva. Assinale a opção em que os elementos sublinhados e numerados não formem uma cadeia coesiva. a) O simples fato de que essa “coisa” ( I ) possua um nome, que a ( II ) chamemos “montanha”, indica que ela ( III ) é, pelo menos, uma “coisa-para-nós”. b) Pertencemos a uma sociedade ( I ) cuja ( II ) religião é politeísta e cujos ( III ) deuses são imaginados com formas e sentimentos humanos. c) Somos uma empresa capitalista ( I ) que ( II ) pretende explorar minério de ferro e que descobrimos uma grande jazida ( III ) numa montanha. d) Compramos a montanha ( I ), que ( II ), portanto, não é uma coisa., mas propriedade privada. Visto que iremos explorá-la ( III ) para obtenção de lucros, não é uma coisa. e) Sendo propriedade privada capitalista ( I ), só existe como tal ( II ) se for lugar de trabalho. TEXTO XII CONCURSO: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – CASA MILITAR – SUBSECRETARIA DE INTELIGÊNCIA – ANALISTA DE INFORMAÇÕES Antes de continuar esta leitura, pare um instante e olhe à sua volta. O mundo que você vê é real ou imaginário? A luz que se projeta a seu redor seria observada e sentida da mesma forma se você não estivesse aqui? Os sons produziriam o mesmo efeito se não existissem ouvidos para captá-los? Tudo o que se vê, ouve e sente reflete o mundo exterior. A forma como alguém percebe, interpreta ou reage a isso, no entanto, é pura criação do cérebro, a mais maravilhosa e elaborada produção da vida na Terra. “O que o cérebro faz o tempo todo, dormindo ou acordado, é criar imagens”, diz o neurocientista Rodolfo Llinas. “Luz nada mais é do que radiação eletromagnética. Cores não existem fora da nossa mente. Nem os sons. O som é um produto da relação entre uma vibração externa e o cérebro. Se não existisse o cérebro, não haveria som, nem cores, nem luz, nem escuridão”. Desde que os seres humanos adquiriram a capacidade de pensar sua própria existência, o cérebro é um desafio permanente ao entendimento. Nada se compara, porém, aos avanços obtidos nessa área nos últimos anos. Uma infinidade de novas descobertas, feitas em laboratórios e centros de estudos, tem revelado o cérebro como um órgão mais fascinante, complexo e poderoso do que antes se imaginava. Descobriu-se que, ao contrário dos outros órgãos do corpo humano, ele pode melhorar seu desempenho durante a vida. A única exigência é que seja permanentemente treinado e exercitado em atividades intelectuais. VEJA, 19/8/98 ( com adaptações ) Questão 27) Assinale a opção correta quanto às idéias do texto. a) O texto defende a tese de que tudo o que existe no mundo é irreal ou imaginário. b) A argumentação do texto demonstra que as atividades do cérebro humano dependem da visão de mundo de cada indivíduo. c) As afirmações expressas no terceiro parágrafo são desmentidas no parágrafo seguinte. 05 10 15
  • 15. deciosena@email.com 15 d) A aventura humana de desvendar os segredos da mente é uma curiosidade despertada apenas recentemente. e) O conhecimento que o ser humano tem do mundo exterior é um reflexo que o cérebro produz dos fenômenos experienciados. Questão 28) Assinale a opção correta a respeito da organização dos parágrafos no texto. a) O texto começa dirigindo-se ao leitor porque se desenvolve em forma de carta. b) Dirigir-se diretamente ao leitor, como se estivesse conversando com ele, é uma estratégia argumentativa para atraí-lo para os pontos de vista que serão defendidos. c) O texto dirige-se, inicialmente, ao leitor, para que este explicite suas respostas, necessárias ao desenvolvimento das teses que serão defendidas nos parágrafos seguintes; sem as respostas do leitor, perde-se a coerência do texto. d) Referir-se ao leitor como “você”( l. 1 ), no primeiro parágrafo, e mudar para “alguém”( l. 4 ) e depois para “seres humanos”( l. 11 ), no parágrafo seguinte, torna a argumentação do texto vaga e imprecisa. e) O primeiro parágrafo deveria ter sido omitido porque as respostas do leitor às perguntas nele apresentadas poderiam pôr em risco a argumentação do texto. Questão 29) Assinale a opção que não constitui uma continuação coerente às idéias do último parágrafo textual. a) Dessa forma, ler, estudar e desenvolver ações mentalmente desafiadoras é imprescindível para manter e aprimorar a capacidade cerebral. b) Assim, buscar atividades cerebrais novas e originais, fora do cotidiano, é salutar para provocar um alargamento no campo de atuação das funções cognitivas. c) Logo, para memorizar melhor, um caminho é associar aquilo que se quer lembrar com outras atividades cerebrais, como imagens, emoções, sons ou qualquer conhecimento já familiar. d) Desse modo, o cérebro bem estimulado em tarefas como resoluções de problemas matemáticos pode manter em atividade por mais tempo a capacidade cognitiva e mental de uma pessoa. e) Por isso, o cérebro, que é uma máquina maravilhosa, com pouco mais de um quilo, representa 2% do peso de um homem adulto e desempenha múltiplas tarefas biológicas. Questão 30) Após comparar o texto XI e o texto XII, julgue os itens que se seguem. I Os dois textos têm em comum a idéia de que a apreensão da realidade não é direta: é sociocultural, no primeiro; mental, no segundo. II Os dois textos completam-se quando uma afirmação do texto XII explica a primeira afirmação do texto XI: o “real não é constituído por coisas” (texto XI, l. 01) porque é “pura criação do cérebro” (texto XII, ls. 05/06) III A figura da “montanha”, no texto XI, tem a função de ilustrar a argumentação; no texto XII, essa mesma função é desempenhada pela figura do cérebro Assinale a opção correta a) Apenas o item I está certo. b) Apenas o item II está certo. c) Apenas o item III está certo. d) Apenas os itens I e II estão certos.
  • 16. deciosena@email.com16 e) Apenas os itens I e III estão certos. TEXT0 XIII CONCURSO: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – CASA MILITAR – SUBSECRETARIA DE INTELIGÊNCIA – ANALISTA DE INFORMAÇÕES As redes neurais são a soma das conexões entre bilhões de neurônios (células nervosas) e as diferentes sinapses, as “rotas ”que a informação percorre no cérebro. Não se conhecem os limites das redes neurais, mas sabe-se que elas aumentam conforme são adquiridos conhecimentos. FOLHA DE S. PAULO, 22/8/98 ( com adaptações ) Questão 31) Assinale a opção que apresenta uma reescritura correta do fragmento acima, mantendo as mesmas relações semânticas. a) Embora não se conheçam os limites das redes neurais, sabe-se que elas aumentam conforme os conhecimentos adquiridos; por isso, elas são a soma das conexões entre bilhões de neurônios (células nervosas) e as diferentes sinapses, as “rotas” que a informação percorre no cérebro. b) Não se conhecem os limites das redes neurais, isto é, da soma das conexões entre bilhões de neurônios ( células nervosas ) e as diferentes sinapses, as “rotas” que a informação percorre no cérebro. Sabe-se, no entanto, que essas redes aumentam conforme os conhecimentos adquiridos. c) Já que não se conhecem os limites das redes neurais, sabe-se que as “rotas” que a informação percorre no cérebro são as sinapses e que estas aumentam conforme os conhecimentos adquiridos pelos neurônios, as células nervosas. d) Os limites das redes neurais são a soma das conexões entre bilhões de neurônios (células nervosas); essas sinapses, ou “rotas” que a informação percorre no cérebro, aumentam conforme os conhecimentos adquiridos. Isso é sabido. e) Sabe-se que, conforme os conhecimentos são adquiridos, as redes neurais aumentam a soma das conexões entre os bilhões de neurônios (células nervosas) e as diferentes “rotas” que a informação percorre nas sinapses do cérebro. Questão 32) Analise os seguintes fragmentos e ordene-os de forma que constituam um texto coerente e coeso. I Nesse processo, algumas regiões do cérebro funcionam com maior intensidade, de acordo com as atividades exercidas pelo indivíduo em determinado momento. II Além disso, os neurônios não-utilizados degeneram. Se 90% do cérebro humano não fosse utilizado, os neurônios atrofiariam. III Tem origem incerta, foi popularizada por meios de comunicação, tenta impor “limites” a nosso cérebro, mas está equivocada. IV Trata-se da idéia de que usamos somente 10% da nossa capacidade cerebral. V Mesmo com os avanços da ciência, ainda não existe um método para medir o que seria essa capacidade cerebral. Do ponto de vista fisiológico, o sistema nervoso funciona 24 horas por dia. Fragmentos adaptados de FOLHA DE S. PAULO, 22/8/98 Assinale a opção que apresenta a ordem correta dos fragmentos.
  • 17. deciosena@email.com 17 a) I – III – II – V – IV b) I – III – V – II – IV c) III – IV – I – V – II d) III – II – I – IV - V e) IV – V – III – I – II TEXTO XIV CONCURSO: ACADEMIA NACIONAL DE POLÍCIA – ANP – PAPILOSCOPISTA POLICIAL FEDERAL POLÍCIA O primeiro elemento de avaliação dos corpos de Polícia está na análise do tipo de recrutamento adotado. Os corpos que recrutam seu pessoal em todo o território nacional podem realmente organizar-se de forma que contem com unidades e grupos constituídos por elementos provindos de regiões diferentes das regiões de operações: o emprego de corpos de Polícia contra populações que não possuem vínculos sociais, econômicos e culturais com eles foi sempre a melhor solução para uma política repressiva antipopular. Daí o envio do pessoal de Polícia para regiões distantes da região de origem com um duplo resultado, o do isolamento social e cultural com relação às populações controladas e o do conseqüente aferro psicológico ao corpo a que se pertence e às suas estruturas. Os corpos de Polícia que têm um recrutamento circunscrito à zona de controle (por exemplo, os guardas urbanos alistados pelas comunas onde se encontram trabalhando) não se prestam diretamente a ações antipopulares e repressivas pelos ligames sociais e políticos que existem entre seus componentes e as populações controladas. Sua utilização fica, pois, restrita ao desempenho de funções de Polícia urbana, rural etc., em tarefas que não apresentam um imediato aspecto político e que envolvem mormente a defesa da segurança pública em sentido lato e não tanto a ordem pública. O segundo elemento de avaliação dos corpos de Polícia está no seu grau de especialização funcional e na correspondência deste com a estrutura orgânica dos corpos. A especialização da Polícia de estradas, por exemplo, é um elemento positivo para a explicação do controle do trânsito e da rede rodoviária; o mesmo se pode dizer da Polícia científica, onde o funcionamento dos corpos apresenta aspectos substancialmente positivos. Onde, pelo contrário, a especialização não se acha acompanhada de uma estrutura organizacional apropriada, as funções de Polícia apresentam problemas que não podem ser desprezados. NORBERTO BOBBIO et al, Dicionário de Política, Editora da UnB, p.946-947,1995, com adaptações. Questão 33) Obra de consulta indispensável quando se quer aprofundar os conhecimentos acerca de um assunto, um dicionário especializado caracteriza-se, primordialmente, por apresentar as informações em linguagem clara, objetiva, seqüencialmente coerente e em ordem direta. Considerando a tipologia textual do verbete acima, julgue os itens a seguir. 1. A linguagem do texto é predominantemente denotativa, devido à tipologia do parágrafo, de natureza argumentativa. 2. Apesar de transcrito em um único bloco formal, o verbete admite uma subdivisão em partes menores, segundo as idéias expostas, conforme indicação a seguir: introdução – apresentação do assunto: avaliação versus tipo de recrutamento(ls. 01-02); desenvolvimento – recrutamento versus atuação(l. 01-15); conclusão – avaliação versus(l. 15-21). 3. Com referência ao primeiro aspecto abordado no verbete, verifica-se muita exemplificação e pouca argumentação; já quanto ao segundo elemento de avaliação, dá-se o contrário: rara explicação e argumentação suficiente. 01 04 07 10 13 16 19
  • 18. deciosena@email.com18 4. Durante o desenvolvimento do verbete, observa-se uma posição desfavorável à seleção circunscrita à zona de atuação, para que seja possível a expansão da atuação repressiva dos corpos de Polícia. 5. A análise do “segundo elemento de avaliação dos corpos de Polícia (l.15) contempla uma valoração positiva da especialização, em detrimento da estrutura organizacional apropriada. Questão 34) Evidenciando a leitura compreensível do texto quanto às relações entre a forma de recrutamento da Polícia e a comunidade de atuação, julgue os itens abaixo. 1. O recrutamento em todo o território nacional favorece ações mais amplas, devido à diversidade de origem dos componentes das corporações. 2. Segundo o texto, convém que as ações repressivas contra as populações desordeiras sejam executadas por pessoas que conheçam bem a realidade social em que atuam. 3. As atividades repressivas da polícia, quando os agentes ficam em comunidades com as quais têm vínculos afetivos, sociais e políticos, são desviados para outras áreas de atuação, mormente a segurança pública. 4. Os corpos de polícia selecionados de maneira circunscrita à zona de controle têm sua atuação primordial restrita a tarefas que não apresentam aspectos políticos, como a defesa dos bens pessoais, por exemplo. 5. Segundo o texto, a atuação policial em áreas de alta periculosidade, como as zonas urbanas, por exemplo, propicia que guardas alistados tornem-se marginais. Questão 35) Tendo em vista o tipo de publicação de onde o verbete foi retirado, julgue os itens que se seguem, com referência ao valor semântico de termos ou expressões utilizados no texto. 1. Entre os diversos fatores de avaliação possíveis de serem utilizados para os corpos de polícia, o texto explora somente dois: a forma de recrutamento e a quantidade de estudos específicos ao cargo. 2. Há dois tipos de recrutamento explicitados no texto: o individual e o coletivo, que correspondem ao recrutamento local e nacional, respectivamente. 3. O termo “comunas”(l. 10) está empregado com o mesmo sentido que “populações”.(l. 05) 4. As expressões “especialização funcional”(l. 16) e “estrutura orgânica dos corpos”(ls. 16-17) significam, respectivamente, qualificação para o exercício da função e sistema hierárquico das corporações. 5. No último período do texto lê-se que não podem ser desconsiderados os impasses decorrentes da inexistência, nas atividades de Polícia, da associação entre o treinamento específico para o exercício da função e a estrutura sistêmica adequada ao organismo. TEXTO XV CONCURSO: MINISTÉRIO DA JUSTICA – ACADEMIA NACIONAL DE POLÍCIA – ANP – PAPILOSCOPISTA POLICIAL FEDERAL BRASILEIRO CEM MILHÕES Telefonei para a maternidade indagando se havia nascido o bebê nº 100.000.000, e não souberam informar-me: De zero hora até este momento nasceram oito, mas nenhum foi etiquetado com esse número. É uma falha do nosso registro civil: as crianças não recebem número ao nascer. Dão-lhes apenas um nome, às vezes surrealista, que as acompanhará por toda a vida como pesadelo, quando 01 04
  • 19. deciosena@email.com 19 a numeração pura e simples viria garantir identidade insofismável, poupando ainda o vexame de carregar certos antropônimos. Centenas de milhares nascem João ou José, mas o homem ou a mulher 25.786.439 seria uma única pessoa viva, muito mais fácil de cadastrar no Imposto de Renda e nos dez mil outros fichários com que é policiada a nossa existência. Passei por baixo do viaduto, onde costumam nascer filhos do vento, e reinava uma paz de latas enferrujadas e grama sem problemas. Ninguém nascera ali depois de meia-noite. O dia 21 de agosto, marcado para o advento do brasileiro cem milhões, transcorria sem que sinal algum, na terra ou no ar, registrasse o acontecimento. Seria vaidade irrisória proclamar-se ele o 100.000.000º brasileiro, membro eufórico da geração dos 100 milhões, e saber-se apenas mais um marginalizado, que só por artifício de média ganha sua fatia no bolo do Produto Nacional Bruto. Não o desejo herói de monumento nem mártir anônimo. Prefiro vê-lo como um ser capaz de fazer alguma coisa de normal numa sociedade razoavelmente suportável, em que a vida não seja obrigação estúpida, sem pausa para fruir a graça das coisas naturais e o que o lhes acrescentou a imaginação humana. Olho para esse brasileiro cem-milhões, nascido ontem ou por nascer daqui a algumas semanas, como se ele fosse meu neto ... bisneto, talvez. Pois quando me dei conta de mim, isto aí era um país de 20 milhões de pessoas, diluídas num território quase só mistério, que aos poucos se foi desbravando, mantendo ainda bolsões de sombra. Vi crescer a terra e lutarem os homens, entre desajustes e sofrimentos. Os maiorais que dirigiam o processo lá se foram todos. Vieram outros e outros, e encontro nesta geração um novo rosto de vida que se interroga. Há muita ingenuidade, também muita coragem, e os problemas se multiplicaram com o crescimento desordenado. Somos mais ricos ... e também mais pobres. Meu querido e desconhecido irmão nº 100.000.000, onde quer que estejas nascendo, fica de olho no futuro, presta atenção nas coisas para que não façam de ti subproduto de consumo, e boa viagem pelo século XXI a dentro. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. De notícia & não notícias faz-se a crônica, José Olympio, p. 3-5, 1975, com adaptações. Questão 36) Comparando este texto com o anterior (número XIV), julgue os itens abaixo. 1. Este texto expande uma situação apresentada no texto anterior: há um certo laço afetivo entre as pessoas, quando os indivíduos de uma comunidade são sensíveis aos ligames sociais e políticos. 2. A multiplicidade de parágrafos, um dos quais introduzido por travessão, indica que este texto é, diferentemente do anterior, uma peça em que se dá a transposição da oralidade para a escrita. 3. O narrador deste texto, ao dizer “que é policiada a nossa existência”(l. 10) revela a sua crítica à atuação repressora da polícia – conforme apresentada no texto anterior – , mas o faz de forma emotiva. 4. Apesar da ausência de diálogo, todo este texto é uma grande conversa com o leitor e, ao final, com o brasileiro cem-milhões, que dá título à crônica. 5. Nas linhas 15 a 17, o autor traça uma previsão pessimista, de base econômica e social, para o esperado brasileiro cem-milhões. QUESTÃO SEM BASE EM TEXTO CONCURSO: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA – ACADEMIA NACIONAL DE POLÍCIA – ANP – PAPILOSCOPISTA POLICIAL FEDERAL Questão 37) 13 33 3 16 19 22 25 28 31 07 10
  • 20. deciosena@email.com20 Uma reportagem a respeito das vantagens e desvantagens do porte de armas pelos cidadãos, publicada na revista VEJA de 25 de setembro de 1996, p. 30-36, apresenta vários depoimentos de pessoas entrevistadas. Julgue os itens abaixo, com referência à adequação entre a compreensão das mensagens e as afirmativas acerca do porte de armas por civis, a elas relacionadas. 1. posição favorável: “Em meio à onda de banditismo, o cidadão comum enfrenta o dilema: Devo ou não ter uma arma?” 2. argumentação favorável: “Os bandidos são covardes. Entre uma vítima potencial que esteja armada e outra desarmada, ele opta pela última.” 3. posição dubitativa: “A posse de armas estimula a violência e torna as pessoas mais agressivas.” 4. argumentação contrária: “Num confronto, o bandido – que está disposto a tudo e acostumado a atirar – tem muito mais chances de levar a melhor.” 5. argumentação desfavorável: “Querer que o cidadão honesto se desarme é deixá-lo à mercê dos bandidos, que continuarão armados.” TEXTO XVI CONCURSO: MINISTÉRIO DO TRABALHO – ENGENHEIRO E MÉDICO DO TRABALHO Segurança e saúde são imprescindíveis quando o propósito é manter um ambiente de trabalho hígido e produtivo. Tais questões estão diretamente ligadas à valorização do elemento humano como primordial para o sucesso de qualquer organização. Em um mundo em que, a cada dia, são crescentes as descobertas e inovações tecnológicas, a disseminação de informações sobre a prevenção de acidentes e doenças do trabalho se torna decisiva para que a qualidade de vida no ambiente laboral seja valorizada. O trabalho educativo dentro das empresas permite que haja cada vez mais trabalhadores e empresários conscientes da importância da Saúde e Segurança do Trabalho. FERNANDO BEZERRA, Informações básicas sobre saúde e segurança no trabalho. São Paulo, CIPA, p. 5, 1997. Questão 38) Considerando a tipologia do texto acima, julgue is itens a seguir. 1. A linguagem do texto é, predominantemente, denotativa. 2. Apesar de transcrito em apenas dois blocos formais, podem-se perceber subdivisões em partes menores, como indicado a seguir: introdução – apresentação do assunto(ls. 01-02); desenvolvimento – valorização do elemento humano(ls. 02-03); conclusão – fechamento.(ls. 04-08) 3. Percebe-se que a natureza do texto é, predominantemente, narrativa. 4. Observa-se, pelo conteúdo do texto, que o autor do texto é favorável a um trabalho educativo nas empresas em relação à segurança e à saúde laborais. 5. Observa-se, nas linhas 06 a 08, uma informação argumentativa com base em testemunho. Questão 39) Em relação às idéias do texto, julgue os itens abaixo: 1. As empresas não têm valorizado seus funcionários como deveriam, por isso é grande o número de acidentes de trabalho. 2. Uma empresa que investe na informação de seus funcionários em relação à segurança e à saúde no trabalho está prevenindo acidentes. 01 04 07
  • 21. deciosena@email.com 21 3. A diminuição da incidência de doenças nos funcionários está diretamente ligada à introdução de inovações tecnológicas na empresa. 4. O investimento em trabalho educativo em relação à segurança acarreta o imediato aumento da produção da empresa. 5. Quando a organização investe na segurança de seu funcionário, ela valoriza-o. Questão 40) Com relação ao emprego de palavras no texto, julgue os itens que se seguem. 1. A palavra “imprescindíveis”(l. 01) poderia ser substituída por indispensáveis, sem prejuízo semântico. 2. O vocábulo “hígido”(l. 02)equivale a salutar. 3. A palavra “primordial”(l. 03) poderia ser corretamente substituída por principal, fundamental, essencial. 4. A expressão “elemento humano”(ls. 02-03) poderia ser substituída por homem, sem alteração de sentido. 5. A palavra “disseminação”(l. 05) é o mesmo que erradicação. TEXTO XVII CONCURSO: MINISTÉRIO DO TRABALHO – ENGENHEIRO E MÉDICO DO TRABALHO Os testes para saber se empregados ou candidatos a empregos são usuários de drogas não são novidade nas empresas americanas. Segundo a American Management Association, 81% das maiores companhias dos Estados Unidos os fazem. Algumas empresas brasileiras também já aderiram aos exames. A novidade que vem da terra de Tio Sam nessa área é um novo objeto de investigação: o cabelo. Nos Estados Unidos, 2% das companhias já coletam fios de cabelo dos empregados para fazer testes de uso de drogas. A maior vantagem para as empresas é que, enquanto os exames de urina detectam resquícios de drogas nas duas ou três semanas anteriores à sua realização, os exames de cabelo revelam qualquer uso por vários meses. Talvez anos. Foram testes como esses que revelaram que Beethoven não tomava morfina e que o poeta americano John Keats era usuário de ópio. Os testes de drogas a partir do cabelo já eram feitos, por exemplo, na Bic Corporation, na General Motors e na rede de varejo Sports Authority. Os empregados dessas companhias ficaram alarmados. É que a análise do cabelo pode expor informações genéticas contidas no DNA, tais como defeitos hereditários e a predisposição genética para desenvolver certas doenças como diabetes. Teoricamente, companhias de seguro poderiam negar cobertura para essas doenças. Outra hipótese é empresas passarem a barrar promoções por causa de uma doença hereditária que talvez nunca venha a se manifestar. Segundo a revista Fortune, dois empregados da Vyvx, uma fábrica de fibras ópticas de Oklahoma, perderam seus empregos porque se negaram a se submeter ao teste de drogas por meio dos cabelos. Portanto, de agora em diante, cuidado com os fios de cabelo que você deixa por aí. EXAME, p. 14, 19/11/97, com adaptações. Questão 41) Com relação à compreensão do texto, julgue os itens a seguir. 1. Pelo tom crítico do texto, o autor posiciona-se favoravelmente ao uso de testes para saber se empregados são usuários de drogas. 2. Algumas empresas já dominam a técnica de exames de drogas pelo método da investigação a partir de fios de cabelo. 01 04 07 13 16 19 10
  • 22. deciosena@email.com22 3. Além da identificação de usuários de drogas, os testes com fios de cabelo podem fornecer outras informações, como defeitos genéticos. 4. Os empregados das empresas que optam por testes em fios de cabelo estão alarmados porque, de posse dos resultados, muitos empregadores têm demitido seus empregados pelo fato de estes terem doenças como diabetes ou predisposições hereditárias. 5. Algumas empresas de seguro já pensam em fazer testes a partir de fios dos cabelos de seus segurados e, em caso de identificação de doenças, negar cobertura. TEXTO XVIII CONCURSO: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO – NÍVEL TÉCNICO – ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: INFORMÁTICA Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era antes de tudo um brasileiro. Não tinha predileção por esta ou aquela parte de seu país, tanto assim que aquilo que o fazia vibrar de paixão não eram só os pampas do Sul com o seu gado, não era o café de São Paulo, não era o ouro e os diamantes de Minas, não era a beleza da Guanabara, não era a altura da Paulo Afonso, não era o estro de Gonçalves Dias ou o ímpeto de Andrade Neves – era tudo isso junto, fundido, reunido, sob a bandeira estrelada do Cruzeiro. Logo aos dezoito anos quis fazer-se militar; mas a junta de saúde julgou-o incapaz. Desgostou-se, sofreu, mas não maldisse a pátria. O ministério era liberal, e ele se fez conservador e continuou mais do que nunca a amar a “terra que o viu nascer”. Impossibilitado de evoluir-se sob os dourados do Exército, procurou a administração e dos seus ramos escolheu o militar. Era onde estava bem. No meio de soldados, de canhões, de veteranos, de papelada inçada de quilos de pólvora, de nomes de fuzis e termos técnicos de artilharia, aspirava diariamente aquele hálito de guerra, de bravura, de vitória, de triunfo, que é bem o hálito da Pátria. Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estudou a Pátria, nas suas riquezas naturais, na sua história, na sua geografia, na sua literatura e na sua política. Quaresma sabia as espécies de minerais, vegetais e animais, que o Brasil continha; sabia o valor do ouro, dos diamantes exportados por Minas, as guerras holandesas, as batalhas do Paraguai, as nascentes e o curso de todos os rios. Defendia com azedume e paixão a proeminência do Amazonas sobre todos os demais rios do mundo. Para isso ia até ao crime de amputar alguns quilômetros ao Nilo e era com este rival do “seu” rio que ele mais implicava. Ai de quem o citasse na sua frente! Em geral, calmo e delicado, o major ficava agitado e malcriado, quando se discutia a extensão do Amazonas em face da do Nilo. Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani. Todas as manhãs, antes que a “Aurora, com seus dedos rosados abrisse caminho ao louro Febo”, ele se atracava até ao almoço com o Montoya, Arte y dicionario de la lengua guaraní ó más bien tupi, e estudava o jargão caboclo com afinco e paixão. Na repartição, os pequenos empregados, amanuenses e escreventes, tendo notícia desse estudo do idioma tupiniquim, deram não se sabe por que em chamá-lo – Ubirajara. Certa vez, o escrevente Azevedo, ao assinar o ponto, distraído, sem reparar quem lhe estava às costas, disse em tom chocarreiro: “Você já viu que hoje o Ubirajara está tardando?” Quaresma era considerado no Arsenal: a sua idade, a sua ilustração, a modéstia e honestidade de seu viver impunham-no ao respeito de todos. Sentindo que a alcunha lhe era dirigida, não perdeu a dignidade, não prorrompeu em doestos e insultos. Endireitou-se, concentrou o pince-nez, levantou o dedo indicador no ar e respondeu: Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar ao ridículo aqueles que trabalham em silêncio, para a grandeza e a emancipação da Pátria. LIMA BARRET0. Triste Fim de Policarpo Quaresma. RJ, Record, 2ª ed. , 1988. p.17-8. Questão 42) 01 04 08 12 16 24 32 36 28 20 24
  • 23. deciosena@email.com 23 Em Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance publicado originalmente em 1915, Lima Barreto narra uma história ocorrida durante os primeiros anos da República brasileira. Com base no conteúdo dessa obra apresentada acima, assinale a opção correta. a) Quaresma era, na verdade, carioca, pois vivia na cidade do Rio de Janeiro. b) Quaresma gostava de comer carne do Sul e de tomar café de São Paulo. c) Quaresma era muito religioso, por isso imaginava o Brasil unificado “sob a bandeira estrelada do Cruzeiro”. d) Ao se ver recusado pela junta de saúde do Exército, Quaresma tornou-se conservador, em oposição ao governo que era então liberal. e) Quaresma queria ser militar por causa dos excelentes salários pagos pelo Exército. Questão 43) Tendo como referência as idéias contidas no texto, assinale a opção incorreta. a) Não obstante o seu modo pacato de viver, Quaresma perdia a calma quando se discutiam certos assuntos de seu interesse. b) Quaresma passou a estudar o tupi-guarani para poder trabalhar junto aos índios, incutindo-lhes o sentimento patriótico que o dominava. c) Infere-se do texto que os estudos feitos por Quaresma sobre o Brasil poderiam tê-lo influenciado na assimilação de um sentimento ufanista. d) Na linha 21, o narrador usou aspas para enfatizar o sentimento de posse e de nacionalismo da personagem em relação ao rio Amazonas. e) Quaresma antipatizava com o rio Nilo por ser este mais extenso que o rio Amazonas. Questão 44) Ainda com base no texto, assinale a opção correta. a) Todas as manhãs, Quaresma discutia com Montoya, um colega de trabalho que vivia zombando do interesse do herói pelo estudo do tupi-guarani. b) Infere-se do texto que o antropônimo “Ubirajara” é de origem indígena. c) Quaresma não gostava da língua espanhola, por isso a classificava de “jargão caboclo”. d) Foi o escrevente Azevedo que deu a Quaresma a alcunha de “Ubirajara”. e) Por causa de suas excentricidades, Quaresma não gozava do respeito de seus colegas de trabalho. Questão 45) No texto, não constitui qualidade característica de Quaresma a a) modéstia. b) cultura. c) honestidade. d) jocosidade. e) respeitabilidade. Questão 46) No texto, por uma questão de elegância e estilo, alguns pronomes foram usados em substituição a seus referentes. Assinale a opção que apresenta associação incorreta entre o pronome sublinhado e o referente. a) “terra que o viu nascer”(l. 10) / Quaresma
  • 24. deciosena@email.com24 b) “Ai de quem o citasse”(l. 21) / o rio Nilo c) “deram não se sabe por que em chamá-lo”(l.28) / Quaresma d) “impunham-no ao respeito de todos”(l.32) / Quaresma e) “Sentindo que a alcunha lhe era dirigida”(ls. 32/33) / escrevente Azevedo Questão 47) Assinale a opção em que o fragmento reescrito não apresenta o mesmo sentido daquele encontrado no texto. a) Linhas 01,02 e 03: Quem quisesse nele encontrar qualquer regionalismo errava: antes de tudo, Quaresma era brasileiro. b) Linha 08: Quis fazer-se militar logo aos dezoito anos, mas foi julgado incapaz pela junta de saúde. c) Linhas 21, 22 e 23: Quando se discutia a extensão do Amazonas em face da do Nilo, o major, em geral, calmo e delicado, ficava agitado e malcriado. d) Linhas 29 e 30: O escrevente Azevedo, certa vez, ao assinar distraído o ponto, disse em tom chocarreiro, sem reparar que lhe estava às costas: “Você já viu que o Ubirajara hoje está tardando?” e) Linhas 31 e 32: No Arsenal, Quaresma era considerado. Impunham-no ao respeito de todos a sua idade, a sua ilustração, a modéstia e a honestidade do seu viver. Questão 48) No que diz respeito à tipologia textual, assinale a opção incorreta. a) Apesar de conter passagens narrativas, o texto é fundamentalmente uma descrição de Policarpo Quaresma. b) Há, no texto, três ocorrências de discurso direto. c) Em “do Amazonas em face da do Nilo”(ls. 22/23), o vocábulo extensão é subentendido. d) Na linha 25, o trecho entre aspas não se identifica com o estilo predominante no texto. e) A expressão “louro Febo”(l. 25) é uma alusão ao Sol. TEXTO XIX CONCURSO: SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL – POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA A OCASIÃO DESFEZ O LADRÃO Chácaras sempre foram lugares de pequenos furtos. Pás, enxadas, rastelos, galinhas, porcos e cavalos costumam desaparecer mato a dentro e como a polícia não dá conta nem mesmo dos crimes contra o patrimônio urbano, a população rural costuma dar por encerrado o assunto. Mas como nem todo mundo é todo mundo, o caseiro Raimundo das Chagas não se contentou em ver desaparecer do quintal do patrão, no Lago Oeste, um carrinho de mão que usava para carregar adubo. Era um veículo velho, rodas desgastadas e desajeitadas, que costumava ranger quando convocado ao trabalho. Desapareceu, no mesmo dia, um botijão de gás. Pois carrinho e botijão sumiram entre o entardecer e o dia claro. Com certeza, saíram um furto sobre o outro. Raimundo foi criado para ver as coisas sempre no lugar, com um sentimento de justeza raro nesses dias. Resolveu sair a esmo, conversando nos botecos, perto das mesas de sinuca, relatando – com falsa ingenuidade – o sumiço do carrinho de mão. Soube num quiosque bem mais adiante, quase chegando no Poço Azul, que um rapaz de nome João estava vendendo um botijão de gás. O tal não trabalhava, vivia encostado na casa da mãe, na rua de baixo, e era suspeito de vários outros furtos nas proximidades. 04 07 10 13
  • 25. deciosena@email.com 25 Não passou meia hora e Raimundo chegava à casa de João, um barraco descascado, de um rosa pálido e manchado, que um dia foi pintado de cal misturada com um pouquinho de tubo xadrez vermelho. O carro de mão encostara-se perto da porta da cozinha e o botijão podia ser visto do outro lado, quase beirando o poço. João estava lá ouvindo rádio sentado sobre uma tora de madeira. Raimundo não planejou nem avaliou o risco da empreitada. Aproximou-se do moleque – porque o rapaz era franzino, pouco mais que um menino - , levantou a voz apenas um tom acima do habitual, pegou o garoto pela orelha, como um pai à moda antiga, e o obrigou a levar o carrinho de mão e o botijão, sete quilômetros acima, até o lugar de onde havia sido tirado. Não falou muito, não deu lição de moral, tão inevitável numa situação dessas. O pequeno ladrão obedeceu, pálido, resmungando alguma coisa bem baixinho – não se sabe o quê. Muitos os viram passar, subindo a ladeira que margeia o Parque Nacional, na DF-001, mas quase ninguém supôs que ali se aplicava um castigo educativo. Nunca mais ele mexe no que é dos outros, repete Raimundo nas poucas vezes em que fala do assunto. A lição parece ter servido. Desde então não mais se teve notícias de furtos naquelas proximidades. CADERNO CIDADES: Coisas da Vida. Correio Braziliense, 26/01/98, com adaptações. Questão 49) O entendimento do vocabulário é essencial à compreensão de um texto. Com referência ao emprego vocabular, assinale a opção correta. a) Nas linhas 01, 15 e 32, a palavra “furtos” pode ser substituída por roubos, assaltos e latrocínios, respectivamente, sem alteração de sentido. b) O termo “rastelos”(l. 01) é típico da linguagem vulgar e costuma ser empregado no sentido de quinquilharias. c) A expressão “não dá conta”(l. 02) pode ser substituída, sem prejuízo para o contexto, por é incapaz, encontra-se inabilitada. d) A repetição de “todo mundo”(l. 04) é um exercício de pleonasmo, ou seja, a aproximação de duas palavras ou expressões com o mesmo significado. e) O vocábulo “quiosque”(l. 13) tem o sentido de banca, na qual pessoas podem comprar miudezas em geral, como jornais, cigarros ou bebidas. Questão 50) Ainda com referência ao vocabulário do texto, assinale a opção incorreta. a) Nas linhas 10 e 11, as palavras “justeza” e “raro” apresentam significados antagônicos, caracterizando um paradoxo. b) Nas linhas 14 e 18, o verbo encostar, empregado de duas formas, tem sentidos distintos. c) O período “Raimundo não planejou nem avaliou o risco da empreitada.”(ls. 20/21) informa que Raimundo agiu destemidamente. d) O adjetivo “franzino”(l. 21), com que é caracterizado João, indica que ele é magro, débil. e) Por “castigo educativo”(l. 29), deve-se entender uma punição instrutiva. Questão 51) Evidenciando a compreensão das idéias veiculadas por este texto, assinale a opção correta. a) O texto conta as peripécias de um caseiro para recuperar, sem o auxílio da polícia e o uso de violência, os seus objetos que foram furtados. 16 19 22 25 28 31
  • 26. deciosena@email.com26 b) O texto exemplifica o descrédito na atuação policial para resolver pequenos problemas em comunidades afastadas das grandes metrópoles. c) Trata-se da honradez de pequenos servidores da construção civil, que zelam pelos bens entregues a sua guarda. d) O autor defende e ilustra a atuação policial ostensiva. e) Infere-se que é melhor prevenir que punir. Questão 52) Quanto à tipologia textual apresentada, assinale a opção incorreta. a) “A OCASIÃO DESFEZ O LADRÃO” é um texto predominantemente narrativo. b) No primeiro parágrafo, ocorre uma passagem dissertativa: a reflexão acerca dos crimes contra o patrimônio urbano e rural. c) As indicações “Lago Oeste”(l. 05) e “Parque Nacional”(l. 28) não são suficientes para se concluir que o episódio narrado é um fato verídico. d) A descrição do ladrão, feita pelo autor, encontra-se, principalmente, nos parágrafos quinto e sétimo. e) O penúltimo parágrafo, iniciado por um travessão, evidencia a presença de um diálogo, ratificando aquele insinuado no parágrafo oitavo. TEXTO XX CONCURSO: SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL – POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA SEGURANÇA DAS PESSOAS Para garantir a segurança das pessoas, já que os aparelhos policiais e jurídicos não conseguem responder com eficiência e responsabilidade às necessidades e aos interesses da população, e que os confrontos e conflitos fazem parte do cotidiano do povo brasileiro, tanto no campo, quanto na cidade, o Programa Nacional de Direitos Humanos determina que se priorize a seleção, capacitação e o aperfeiçoamento dos quadros policiais; que se equipem os organismos policiais; que se reveja a legislação sobre compra e utilização de armas e munições; que se criem e se fortaleçam as corregedorias de polícia, visando limitar abusos e erros em operações de segurança; bem assim indica como fundamental a revisão da legislação que regula os serviços privados de segurança. Para garantir e promover a segurança das pessoas, é urgente uma ampla mobilização da sociedade no sentido de apoiar a execução de programas de desarmamento da população e prevenir comportamentos violentos no trânsito. Para garantir e promover a segurança das pessoas, é importante estimular programas de cooperação e entrosamento entre policiais civis e militares e o Ministério Público. Para garantir e promover a segurança das pessoas, é fundamental que os policiais se identifiquem com a causa dos direitos humanos; que troquem experiências e informações entre as corporações; que multipliquem experiências de policiamento comunitário e interativo, e, finalmente, que a população encontre no policial segurança e respeito. Para garantir e promover a segurança das pessoas, é imprescindível que sejam asseguradas aos policiais e às suas famílias condições de proteção e dignidade. Para garantir e promover a segurança das pessoas, é preciso que o sentimento de respeito ao outro seja um sentimento de todos e que todos respeitem a lei. ANGÉLICA MONTEIRO e GUARACIARA BARROS LEAL. Direitos Humanos: um compromisso de todos. Brasília, Instituto Teotônio Vilela, 1997, p. 17-9, com adaptações. Questão 53)
  • 27. deciosena@email.com 27 Assinale a opção que não contempla uma idéia apresentada no primeiro parágrafo. a) O cotidiano de uma representativa parcela da população urbana e rural é marcado por confrontos e conflitos. b) A qualificação dos quadros da polícia é prioridade para o Programa Nacional de Direitos Humanos. c) O aparato legal que normaliza a compra e utilização de armas por policiais deve ser revisto, para que se evitem abusos e desvios. d) Os serviços de segurança a cargo de empresas privadas não estão imunes de uma revisão com respeito ao aspecto legal. e) Os mecanismos utilizados pelo aparelho policial são insuficientes para responder às necessidades da população rural. TEXTO XXI CONCURSO: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA – DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL MERECEMOS UMA CHANCE Até amanhã. Eram mais de 22 horas de uma segunda-feira quando me despedi de minha amiga e colega M. “Até amanhã”, respondeu M. E no amanhã M. não estava mais dando duro em sua cadeira, linda e jovial como a cada dia, cumprindo compromissos e agendando tarefas. No dia seguinte M. estava num hospital, com hematomas da cabeça aos pés, nariz quebrado, dentes amolecidos e hemorragia interna. Acontece que entre o até amanhã e a o amanhã a juventude e a jovialidade de M. deram de cara com três psicopatas em busca de diversão. Eles a levaram até Osasco, na Grande São Paulo, e bateram nela até se cansar. M. foi abandonada numa estrada, seminua e ensangüentada, enquanto seus carrascos procuravam outra vítima, “mais nova do que essa”. Que tipo de pessoa é capaz de cometer uma brutalidade dessas? Não basta uma classificação psiquiátrica ou sociológica. Tente imaginar a alma de um sujeito assim, e o que se vê é um poço sem fim, o mal em estado puro. O horror, o horror. Certos tipos de crime são independentes da sociedade em que se inserem. Em países ricos ou pobres, em povos cultos ou ignorantes, materialistas ou religiosos, capitalistas ou social- democratas, entre suecos ou tanzanianos, sempre existirá gente que sai às ruas para brutalizar mulheres. Assim como existem torturadores compulsivos, assassinos seriais, estupradores, etc. De alguma maneira, isso faz parte da natureza humana. Não se trata aqui de uma aposentada na miséria furtando remédios na farmácia (e provavelmente sendo presa). Estamos falando no crime como modo de vida. Existe gente que literalmente vive disso. Se quer dinheiro, rouba. Não para “matar a fome”, mas para comprar a melhor cocaína e o último Honda. Se gente assim quer se divertir, junta alguns amigos do mesmo caráter e escolhe mulheres ao acaso no trânsito. Na mesma delegacia onde M. prestou queixa, estavam arquivadas 10 outras ocorrências iguais. Para casos assim existe essa instituição chamada polícia. Polícia é um serviço público, pago com nossos impostos, e não a encarnação do mal, este papel simplista que intelectuais, jornalistas e artistas costumam lhe reservar. Seu dever é proteger os não-criminosos dos criminosos. Mas a polícia não está cumprindo o seu papel. Há guerras nas ruas. É um assalto dos marginais ao resto da sociedade. E as primeiras vítimas dessa guerra são os mais pobres, os marginalizados, a tão decantada classe trabalhadora. É na periferia das grandes cidades que esses degenerados fazem suas primeiras vítimas. Assassinatos, crimes sexuais, roubo, tudo acontece primeiro e pior em bairros populares. 01 04 10 13 16 19 22 25 28 31 07
  • 28. deciosena@email.com28 Qual a solução? Educação? Sim, mas ... Um marmanjo que escolhe suas vítimas ao acaso não precisa exatamente de educação. Aliás, muitos criminosos têm educação esmerada, e até mesmo dinheiro. São violentos porque são. Policiamento? Óbvio. Mas no Brasil a segurança da população não é prioridade. O salário dos policiais foi enterrado no último prejuízo do Banco do Brasil. A verba das armas foi distribuída entre cabides de empregos de prefeituras falidas. Sem estrutura, paralisada pela burocracia, a polícia brasileira não protege a sociedade de seus criminosos. É o tipo de problema que parece não ter solução. Mas pode ter. Temos que buscar opções, e não chorar o sangue derramado. O importante é que M. não seja mais atacada por psicopatas sem freios. Nem N., nem O., nem P. Nós, os não-criminosos, merecemos uma chance. DAGOMIR MARQUEZI, EXAME, p. 126, 17/12/97, com adaptações. Questão 54) A compreensão de um texto decorre de vários fatores. Com referência à tipologia textual e ao nível de linguagem utilizado pelo autor, julgue os itens a seguir. 1. O texto é eminentemente dissertativo, apesar de conter trechos narrativos. 2. O primeiro parágrafo reproduz, em discurso direto, as última palavras que o autor ouviu de M., na noite anterior à morte de sua amiga. 3. Há, no segundo e no terceiro parágrafos, passagens descritivas relativas à vítima e aos seus assaltantes. 4. A intensa pontuação, a repetição de vocábulos e de estruturas frasais semelhantes e o emprego de aspas são indicações de que, no texto, se mesclam as funções emotiva e referencial da linguagem. 5. No texto, predomina o registro coloquial culto. Questão 55) Ler não é só compreender a superfície textual, mas estabelecer inferências. A partir da leitura do texto, julgue se os itens abaixo constituem inferências corretas. 1. M., com sua beleza, juventude e jovialidade, sobrevivia da prostituição. 2. O autor manifesta uma posição favorável à pena de morte, para criminosos como os que assaltaram. 3. O autor partilha do seguinte pensamento: o homem é naturalmente bom; a sociedade é que os corrompe. 4. A crítica à atuação policial deve-se ao fato de que, com baixos salários, não há estímulos para a exposição pessoal aos riscos decorrentes da ação dos criminosos. 5. Fatos como os apresentados, que necessitam da repressiva atuação policial, ocorrem exclusivamente na periferia das grandes cidades. Questão 56) Analisando a semântica, o vocabulário e o estilo utilizado no texto, julgue os itens seguintes. 1. O vocábulo “segunda-feira”(l. 02) e a expressão segunda feira têm o mesmo sentido. 2. A construção “o até amanhã e o amanhã”(l. 07) apresenta um pleonasmo, devido à aproximação de palavras de significados semelhantes. 3. A palavra “diversão”(l. 08) está empregada conotativamente, para expressar o sentido de violência. 4. No quarto parágrafo, ocorrem várias antíteses e um símile. 5. O primeiro período do quinto parágrafo serve como exemplificação da idéia expressa no período seguinte. 34 37 40
  • 29. deciosena@email.com 29 Questão 57) Ainda com referência ao vocabulário do texto, julgue as associações, apresentadas nos itens abaixo, sob o foco da sinonímia: 1. “compulsivos”(l. 17) impulsivos 2. “encarnação”(l. 26) personificação 3. “decantada”(l. 30) celebrada 4. “marmanjo”(l. 33) adulto 5. “esmerada”(l. 34) polida TEXTO XXII CONCURSO: TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO – TÉCNICO DE FINANÇAS E CONTROLE EXTERNO ................................................................. Algum pessimista argumentará que, qualquer que seja o tratamento que eu dê ao tema anunciado pelo título acima, não passarei de comentários tautológicos, já que a morte por si mesma é banal, não necessitando de que se sublinhem essa condição. De fato, como única verdadeira certeza que temos na vida, a morte é banal, acontece a toda hora e, mais cedo ou mais tarde, chegará para todos. Mas, embora saiba não estar dizendo novidade, pois eu mesmo já falei neste assunto várias vezes e em várias ocasiões, acho que, entre nós, a morte está ficando banal em demasia. Nas grandes cidades brasileiras a começar pelas duas maiores, mata-se praticamente como se tratasse de algo inerente à existência urbana. Não creio estar apenas reprisando um bordão de velho, quando digo que a vida humana tem cada vez menos valor e não só para bandidos, que assassinam mesmo sem necessidade alguma, mas para nós, outros, que só faltamos dar de ombros quando sabemos de uma nova morte violenta, entre as dezenas que se noticiam todos os dias no jornal. Em biologia, sabe-se que a repetição exaustiva de um estímulo acaba por atenuar fortemente, ou mesmo eliminar, seu efeito. Sem dúvida isto acontece conosco. De tanto sabermos de barbaridades, já não mais nos chocamos. A morte violenta não nos sitia somente nos noticiários. Ela está em todas as partes, nas balas perdidas que vêm atingindo tanta gente no Rio de Janeiro e que são mesmo objeto de fornidas coleções em alguns bairros, nos jogos eletrônicos que fascinam nossos filhos e netos e nos enlatados americanos com que somos bombardeados pela televisão. Desde criança, vemos mortes violentas às dúzias. E, o que é pior, mortes desacompanhadas de tudo que ela traz na vida real. O personagem toma um tiro, bate as botas e nada mais acontece. Não há luto, não há orfandade, não há viuvez, não há sequer dor. O assassinato e a morte são quase iguais a outros atos corriqueiros da vida cotidiana. Sabemos também que, embora não esteja na lei, a pena de morte, pública e privadamente decretada, há muito tempo existe no Brasil. De vez em quando aparece uma reportagem, mostrando como pistoleiros cobram quantias que não dão nem para um bom jantar, num bom restaurante, para matar alguém que não conhecem e que nunca lhes fez mal. Encher a cara, pegar o carro e matar um desafeto é a melhor maneira de cometer homicídio no Brasil. O matador paga fiança, é solto, responde o processo em liberdade e, se eventualmente for condenado, poderá, caso se trate de réu primário, cumprir a pena também em liberdade. A polícia mata (“executa”, palavra com que certa imprensa parece nobilitar o assassinato) e não mata somente o bandido, mas também o cidadão que está por perto. Comerciantes contratam “justiceiros”, que tomam a si o encargo de eliminar quem quer que pareça uma ameaça. Viajar de ônibus passou a ser uma aventura cotidiana, pois raro é o dia que um ou mais não são assaltados com direito a tiroteio. Hospitais, berçários, asilos de velhos e clínicas matam em níveis reminiscentes do nazismo. Morre-se de fome nas cidades e no campo, e por aí vamos. 01 04 07 10 13 19 22 25 28 31 34 16
  • 30. deciosena@email.com30 Enfim, mata-se escandalosamente em toda parte e ficamos nós, os sobreviventes, como que anestesiados. Para muitos, infelizmente, o problema só se torna grave quando a vítima lhes é próxima. Enquanto acontece somente com os outros, não merece muita atenção. Isso não pode deixar de ser visto como uma gravíssima deformação, de que precisamos tomar consciência e nos livrarmos a qualquer custo. A morte é o fim natural da vida, mas não é natural que se alastre dessa forma monstruosa e que embotados, abúlicos e acomodados, não façamos nada para mudar a situação em que tão aviltadamente existimos. Não somos bichos, somos cidadãos, e se não zelarmos até ferozmente pelos nossos direitos, dentro em breve não teremos mais direito nenhum, nem mesmo à vida. JOÃO UBALDO RIBEIRO, MANCHETE, 16/01/96, p. 97. Questão 58) Ao redigir um texto, o autor expõe, implícita ou explicitamente, sua postura ideológica acerca do assunto. Assinale a opção cuja afirmativa vem ao encontro da ideologia do texto. a) Somente quando um gesto de violência é cometido contra um familiar ou uma pessoa íntima, justificam-se o inconformismo e a revolta dos indivíduos. b) A constatação de que o fim natural da vida é a morte torna as pessoas abúlicas, incapazes de tomar uma atitude contrária às barbaridades cometidas. c) A percepção de que a morte acontece para todos não justifica a passividade com que as pessoas enfrentam as situações de violência fatal, noticiadas diariamente pelos veículos de comunicação. d) A imprensa contribui para a disseminação da violência, ao noticiar a realidade urbana, principalmente no Rio de Janeiro, uma vez que as mortes acontecidas nas ruas não devem invadir os lares de outras cidades brasileiras. e) A justiça deveria aplicar a Lei de Talião (Olho por olho; dente por dente) para reprimir os comerciantes que contratam matadores de aluguel, a fim de criticar, criteriosamente, quem mata indiscriminadamente. Questão 59) Assinale a opção que apresenta a síntese das idéias do texto, redigida sob a forma de um título. a) Morte em hospitais assusta população. b) A banalidade da morte. c) A aventura cotidiana de viver. d) Os direitos humanos e os tipos de violência. e) A legalização da pena de morte. Questão 60) O texto faz diversas críticas a aspectos variados do sistema cultural vigente. Essas críticas não contemplam, explicitamente, o aspecto a) judiciário. b) artístico. c) comunicacional. d) religioso. e) econômico. Questão 61) 40 43 37
  • 31. deciosena@email.com 31 Com relação às idéias apresentadas nos dois primeiros parágrafos, assinale a opção incorreta. a) Para o autor, é previsível que algum indivíduo julgue o tema esgotado, por não trazer mais novidades, devido ao fato de tantos escreverem acerca da morte, o fim natural da vida. b) A única verdadeira certeza na vida é a aproximação constante e inexorável da morte, inapelavelmente, para todos. c) A existência nos grandes centros urbanos brasileiros, marcada pelo crescimento exacerbado da violência, faz a morte trágica parecer algo inerente à vida. d) A maioria da população brasileira, inclusive o autor, parece assistir, impassivelmente, às notícias diárias referentes a mortes violentas. e) Talvez, valendo-se de alguma explicação biológica, devido ao hábito, haja quem justifique ter- se já acostumado com as barbaridades que acontecem, não mais estranhando a morte. Questão 62) O texto está estruturado em quatro partes, cada uma delas iniciada por uma letra capitular (maior). Assinale a opção que traz informações desenvolvidas na segunda parte. a) O espaço privilegiado do assunto morte é o noticiário dos jornais. b) Os filmes apresentados na televisão são violentos porque apresentam muitos bombardeios. c) A infância é a faixa etária mais atingida por mortes derivadas de balas perdidas. d) A ficção não é capaz de traduzir toda a violência que existe na vida real, porque, entre outros motivos, os personagens não são pessoas. e) A violência televisiva, em que não há espaço para se prantearem os mortos, assemelha-se à da vida real. Questão 63) Julgue os itens abaixo, segundo as idéias contidas na terceira parte do texto. I. No Brasil, a pena de morte existe de fato, mas não de direito. II. O valor cobrado pelos matadores de aluguel é irrisório frente ao valor da vida humana. III. Há algumas formas de assassinato cujas penalidades são brandas, frente ao dano causado. IV. A imprensa utiliza alguns eufemismos para se referir à violência cometida por policiais. V. Até mesmo locais destinados à preservação da vida não estão protegidos contra ocorrências de mortes violentas. VI. O campo, a cidade, assim como o trajeto entre um e outra são, na atualidade, espaços isentos de trágicos incidentes. A quantidade de itens certos é igual a: a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 5. Questão 64)
  • 32. deciosena@email.com32 No último parágrafo, o conclusivo, o autor salienta alguns aspectos já analisados e acrescenta comentários novos acerca do tema. Assinale a opção que mostra uma consideração nova a respeito do assunto, não abordada nos parágrafos anteriores. a) Mata-se escandalosamente em toda parte. b) Os sobreviventes da violência ficam como que paralisados. c) A morte violenta é uma deformação da morte natural. d) É necessário tomar consciência do problema e agir no sentido de combatê-lo. e) Alguns direitos dos cidadãos estão sendo violados ferozmente. Questão 65) Associe as colunas, estabelecendo relações entre as palavras do texto, à esquerda, e o sentido contextual delas, à direita. I. “tautológicos”(l. 02) (a) desanimados II. “inerente”(l. 09) (b) insensíveis III. “exaustiva”(l. 13) (c) estafante IV. “fornidas”(l 18) (d) abastecidas V. “embotados”(l 42) (e) inseparável VI. “abúlicos”(l. 42) (f) pleonásticos Assinale a opção que apresenta a seqüência de associações corretas. a) I-f II-e III-c IV-d V-a VI-b b) I-b II-c III-e IV-a V-d VI-f c) I-a II-e III-c IV-b V-d VI-f d) I-d II-c III-e IV-f V-a VI-b e) I-f II-e III-a IV-b V-c VI-d Questão 66) Considerando a seqüência de vocábulos sublinhados no período: “Algum pessimista argumentará que não há novidade no tema, já que a morte é banal. De fato, ela é a única verdadeira convicção que temos na vida.”, assinale a opção que apresenta seus antônimos, na mesma ordem em que aparecem. a) velharia invulgar provisória b) senil extraordinária incerta c) antiguidade esporádica falsa d) notícia rara mentirosa e) ultrapassagem corriqueira ilusória Questão 67) O pronome relativo “que” da linha a) 17 (primeira ocorrência) refere-se a “A morte violenta.”(l. 16). b) 17 (segunda ocorrência) refere-se a “balas perdidas”(l. 17). c) 18 refere-se a “em alguns bairros”(l. 18). d) 19 refere-se a “americanos”(l. 19). e) 20 refere-se a “mortes desacompanhadas”(l. 20). Questão 68)
  • 33. deciosena@email.com 33 O autor trabalha seu texto utilizando vários recursos estilísticos. Com relação à conotação e à denotação, julgue os itens abaixo. I. “Não há luto, não há orfandade, não há viuvez, não há sequer dor.”(ls. 21/22). II. “Morre-se de fome nas cidades e nos campos, ... ”(l. 36). III. “Enfim, mata-se escandalosamente em toda parte, ... ”(l. 37). IV. “ ... nos enlatados americanos com que somos bombardeados ... ”(ls. 18/19). Os vocábulos estão empregados predominantemente em sentido conotativo apenas nos itens: a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) II e IV. e) I, III e IV. TEXTO XXIII CONCURSO: TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE EXTERNO HISTÓRIA PARA NINAR EXECUTIVOS Havia um pastor chamado Pedro como aliás se chamam todos os pastores de histórias como esta. Ele tinha um jeito todo especial para cuidar de seu rebanho. Até parece que os bichinhos reconheciam esse talento e o admiravam por isso. Acho que se pudessem falar e escolher o próprio pastor, sem dúvida Pedro seria o favorito. Ele sabia criar um clima organizacional muito especial, como, por exemplo, dar nome para cada carneirinho e ovelhinha, respeitando os hábitos e costumes de cada um. Ao longo dos anos, Pedro acabou desenvolvendo uma sensibilidade muito apurada em seu trabalho. Graças a essa habilidade, aprendeu a identificar com rapidez quando havia uma ovelha mais estressada no grupo. Mas descobriu também que a causa não era tão importante assim. O que realmente interessava era, fosse qual fosse a circunstância, neutralizar o problema. Se não agisse com vigor, o rebanho inteiro poderia se contaminar com o comportamento de uma ovelha, tornando-se incontrolável em alguns minutos. Para se defender de situações como essa, Pedro cercou-se de uma série de ferramentas. A primeira delas foi estabelecer sensores que o alertassem com antecedência sobre fatos muitas vezes despercebidos, mas com potencial para se transformarem em sérios problemas para o rebanho. Assim, se uma ovelha apresentasse uma tendência à histeria, berrando desnecessariamente e provocando contínua ansiedade no grupo, era implacável na punição. Também sabia reconhecer e premiar os melhores colaboradores. FABIO STEINBERG, EXAME, 17/12/97, p. 71-2, com adaptações. Questão 69) Os trechos destacados em negritos, a seguir, constam no texto original do autor e devem retornar a seus lugares. A esse respeito, julgue os seguintes itens. 1. É correta a inserção de Pois animais, assim como os homens, têm as suas idiossincrasias. no final do primeiro parágrafo, na forma de um comentário ao que havia sido exposto anteriormente. 01 04 07 10 13 16