O documento discute o comportamento do ouvinte durante o processo de escuta. Argumenta-se que escutar envolve comportamento verbal subvocal, como ecoar o que está sendo dito e responder intraverbalmente. A escuta pode condicionar o comportamento futuro do ouvinte à medida que estímulos verbais especificam novas contingências.
1. II Seminários de Pesquisa do LAHMIEI
Schlinger, H.D. (2008). Listening is behaving
verbally. The Behavior Analyst, 31, 145-161.
Daniela Mendonça Ribeiro
Jonas Gamba
2009
www.lahmiei.ufscar.br
2. Introdução
A maioria das aplicações e dos relatos de pesquisa
relacionados ao comportamento verbal tem enfatizado o
falante.
No entanto, Skinner (1957) não negligenciou o
comportamento do ouvinte:
- desempenha um papel importante no desenvolvimento e
na manutenção do comportamento do falante – mediação;
- engaja em um repertório mais complexo – qual seria?
3. A Definição de Comportamento Verbal
O comportamento verbal não é diferente do
comportamento não-verbal, ou seja, engloba formas de
comportamentos operantes sob vários tipos de controles
- de estímulos e motivacionais. Ex: tato, intraverbal,
mando.
“Comportamento reforçado através da mediação de
outras pessoas” (1957, p. 2).
4. A Definição de Comportamento Verbal
Todo o comportamento verbal está sob controle
discriminativo de uma audiência composta por ouvintes,
incluindo o falante.
Críticas à definição de Skinner:
- não é funcional (Hayes, 1994);
- não distingue apropriadamente o comportamento verbal
do não-verbal ou do comportamento social (Parrott, 1986);
- desconsidera a exclusividade da linguagem humana;
5. A Definição de Comportamento Verbal
Defensores:
- a propriedade especial do comportamento verbal é seu
poder de afetar o comportamento condicionado de outras
pessoas de maneiras sistemáticas (Palmer, 2004);
- a maior contribuição de Skinner é que o comportamento
verbal não é fundamentalmente diferente de outros
comportamentos operantes;
6. O ouvinte
A diferença entre o comportamento verbal e o não-
verbal, se alguma, é que o comportamento verbal age
indiretamente no ambiente.
Skinner, reconheceu que, por definição, o
comportamento verbal parece omitir o comportamento
do ouvinte:
- o comportamento do ouvinte de mediar as conseqüências
do comportamento do falante não é verbal em nenhum sentido;
- é mais complexo e deve ser considerado mais
completamente.
7. O ouvinte
Uma análise do falante como ouvinte pode resolver
questões intratáveis.
- os comportamentos do falante e do ouvinte podem ser
inseparáveis, especialmente quando dizemos que o ouvinte ouve,
presta atenção ou entende o falante.
8. O ouvinte
De acordo com Skinner (1966), alguns efeitos do
comportamento do falante sobre o do ouvinte são:
contar, avisar e direcionar o ouvinte através de regras
(SDs).
- parece improvável que em ouvintes competentes avisos,
conselhos, direções, instruções e regras evoquem apenas
comportamentos discriminados;
9. O ouvinte
- é mais provável que tais eventos verbais funcionem como
SDs apenas se evocarem uma cascata de comportamentos
verbais descritos como ouvir ou compreender.
Diferenças entre os comportamentos do ouvinte e o ouvir
10. O que é ouvir?
Em um episódio verbal total, o ouvinte faz mais do
que reforçar o comportamento verbal do falante de
maneira não-verbal:
- o ouvinte também se comporta verbalmente de maneira
encoberta quando está ouvindo;
- ele é ativo, comportando-se verbalmente em relação a
outros falantes e a ele mesmo como falante;
- a medida que os indivíduos se tornam falantes eles se
tornam ouvintes – falante e ouvinte sob a mesma pele.
11. O que é ouvir?
Uma vez que os comportamentos envolvidos no ouvir
são automáticos e encobertos, é quase impossível fazer
mais do que supor sua natureza:
- ex: seguir direções “de cabeça”
O que o indivíduo fez enquanto as direções eram dadas e
enquanto ele se dirigia ao destino?
12. O que é ouvir?
- ouvir as direções evocou uma cascata de
comportamentos verbais discriminados com diferentes funções;
Comportamento verbal subvocal
- mas que comportamentos são esses?
13. Ouvir como comportamento subvocal
- dissipa sugestões sobre eventos cognitivos;
Skinner reconheceu que processos fisiológicos
mediam respostas públicas e encobertas. No entanto,
podemos analisar todas essas respostas sem identificar
esses processos.
Algumas vantagens de se identificar esses processos:
- permite interpretar o comportamento de acordo com mais
de uma ciência (análise do comportamento e neurociência).
14. Ouvir como comportamento subvocal
A fala subvocal tem sido discutida principalmente em
sua relação com o pensar.
Pensamento envolve subvocalização?
15. Ouvir como comportamento subvocal
Alguns estudos mostraram a ativação de regiões de
linguagem do córtex cerebral durante a fala silenciosa.
- estudos com imagens cerebrais tem replicado esses
resultados, sugerindo que a fala silenciosa é mais que
especulação;
- outros estudos mostraram que quando os indivíduos
ouvem silenciosamente a sons da fala, áreas motoras envolvidas
na produção de fala são ativadas.
16. Ouvir como comportamento subvocal
Esses resultados apóiam a sugestão de que ao ouvir
o indivíduo engaja em comportamento subvocal.
Ouvir é comportar-se verbalmente!
17. 17
Formas de Ouvir
O estímulo verbal evoca uma cascata de
comportamentos verbais discriminativos no ouvinte.
- respostas subvocais mediadas pela produção da fala e
regiões motoras do cérebro.
- O que você faz quando você diz que está ouvindo
alguém?
- Auto-fala pode ter algumas funções.
18. 18
Comportamento Ecóico
Quando alguém está ouvindo ou prestando atenção,
é provável que ele esteja ecoando encobertamente o
que ele está ouvindo.
- novas informações – ex. nome.
- Ecoar o nome transformou o estímulo verbal em uma
resposta verbal (Palmer, 2007).
Pesquisas da teoria cognitiva e da neurociência.
- Circuito fonológico (Baddeley, Gathercole & Papagno,
1998).
- Equivalente cognitivo para o comportamento ecóico.
19. 19
Controle Conjunto
Comportamento ecóico está envolvido também
quando o controle conjunto ocorre (Lowenkron, 1998).
Ocorre quando uma topografia verbal é evocada
juntamente por duas fontes de controle de estímulos.
- Exemplo da criança e do quadrado vermelho;
A hipótese do controle conjunto, como forma de
mediador da seleção de estímulos, tem uma vantagem
sobre a hipótese de não mediação em que ela é
independente do estímulo utilizado (Palmer, 2006).
20. 20
Controle Conjunto
Numerosos estudos com humanos (Horne, Lowe &
Randle, 2004; Lowenkron, 1984; Miguel et al., 2008.;
Pilgrim, Jackson & Galizio, 2000) e com infra-humanos
(Cohen, Looney, Brady & Aucella, 1976; Eckerman,
1970; Kojima, 1980), usando diferentes procedimentos,
incluindo MTS, sugerem que o responder mediado pode
acelerar a aquisição e a retenção do comportamento
operante.
- Controle conjunto e MTS – comportamento verbal do
ouvinte como uma fonte de controle de estímulos sobre o
responder.
21. 21
Controle Conjunto
Implicações práticas em programas de treino voltados
a crianças com atraso de linguagem.
- Controle conjunto e discriminação condicional;
- O termo ouvir é mais apropriado para o controle conjunto
porque o ouvinte está engajado no comportamento de ecoar e
tatear.
22. 22
Por que nós ecoamos?
Intuitivamente, o comportamento de ecoar deve
produzir consequências reforçadoras. Mas quais?
- Crianças são encorajadas a repetir o que os seus pais
dizem.
- História de reforçamento automático – ambiente
fonológico.
23. 23
Comportamento Intraverbal
Ouvir envolve mais do que o comportamento de
ecoar;
Nós não só repetimos o que ouvimos; nós usamos os
termos de maneira produtiva – em novas combinações
(Palmer, 1998).
- Cadeias de intraverbal.
- As respostas ecóicas podem funcionar como SDs para
respostas intraverbais – novo operante verbal ou evocar outra
resposta intraverbal relacionada ou não ao que o falante está
dizendo.
24. 24
Comportamento Intraverbal
Cadeia intraverbal e entender.
- Ex: Entender a definição de comportamento verbal de
Skinner:
- Comparar a definição de Skinner com outras;
- Avaliar a definição falando sobre os prós e contras;
- Abstrair características comuns entre várias definições;
- Inferir se novas instâncias de comportamento são
qualificadas como verbais baseadas na extrapolação da
definição.
25. 25
Comportamento Intraverbal
Lembrar.
- Após repetir o nome de alguém várias vezes, podemos
tentar associar o nome com pessoas famosas ou com
características físicas da pessoa – novas relações intraverbais.
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Condicionando o Comportamento do Ouvinte
O comportamento de ouvir envolve, pelo menos,
respostas ecóicas e intraverbais subvocais.
O comportamento verbal e não verbal do ouvinte é
alterado de uma maneira mais permanente pelo
comportamento do falante, mesmo quando o falante e o
ouvinte residem no mesmo corpo.
- Skinner – cap. 14 Verbal Behavior – estímulo verbal,
assim como o estímulo não verbal, pode não só apenas produzir
um reflexo condicionado imediato ou um efeito discriminativo,
mas podem também produzir um efeito mais complexo que
parece com o condicionamento operante e respondente – efeito
alterador de função (Schlinger & Blakely, 1987, 1994).
27. 27
Condicionando o Comportamento do Ouvinte
Autoclíticos relacionais podem produzir mudanças
nas relações comportamentais futuras que envolvem o
ouvinte.
- “quando eu disser três, vá!”
- contingência de 4 termos? SD?
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Condicionando o Comportamento do Ouvinte
Blakely e Schlinger adotaram o termo estímulo
especificador de contingência de Skinner como uma
descrição formal das operações verbais alteradoras de
função e, embora eles sugeriram que pelos menos dois
membros da contingência deveriam ser especificado,
outros autores têm oferecido exemplos de operações
verbais que podem produzir efeitos alteradores de
função e condicionar o comportamento do ouvinte sem
especificar contingências (ex. Palmer, 2007; Skinner,
1957).
29. 29
Condicionando o Comportamento do Ouvinte
Definição Ostensiva – Skinner – qualquer definição
ostensiva pode condicionar o comportamento do
ouvinte.
- “This is a Fender Telecaster”.
Palmer (2007) afirmou que quase toda verbalização
saliente pode ocasionar condicionamento no ouvinte e
sugeriu que quadros intraverbais estão continuamente
sendo condicionados.
- Definições ostensivas como “this is a...” qualifica-se como
uma cadeia intraverbal.
30. 30
Condicionando o Comportamento do Ouvinte
Skinner definiu tais quadros como quadros
autoclíticos. Isso significa que, em qualquer humano
verbalmente sofisticado, qualquer estímulo verbal,
envento ou operação pode alterar as funções
comportamentais de outros objetos, eventos ou
estímulos verbais.
31. 31
Comportamento do Ouvinte no Momento do
Condicionamento Verbal
Dado que quase toda verbalização saliente podem
condicionar relações verbais em um ouvinte
competente, nós podemos perguntar como isso
acontece.
- “tomate é uma fruta”.
- resposta ecóica – intraverbal.
- ao ecoar “tomate é uma fruta”, o estímulo verbal é
convertido em uma resposta.
32. 32
Regras e Comportamento Governado por Regras
Estímulos verbais gerados pelos falantes
frequentemente servem para condicionar o
comportamento dos ouvintes alterando a função
evocativa dos antecedentes verbais.
Implicação para o termo REGRA.
- restrito a eventos que funcionam como algo a mais que
um SD ou OM. O termo deveria ser utilizado apenas para
estímulos verbais que são alteradores de função.
- Ex: pegar brinquedo e dizer que a comida está deliciosa.
Condicionamento do ouvinte
33. 33
Conclusão
Embora os ouvintes se engajam em numerosos
comportamentos, incluindo mediar o comportamento
verbal do falante e responder não verbalmente, o autor
sugere que isso acontece apenas quando eles também
estão falando (ecóica ou intraverbalmente), como
quando se diz que ele está prestando atenção ou
entendendo.
Em outras palavras, ouvir é comportar-se
verbalmente.
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