O documento apresenta um resumo sobre a literatura guineense e analisa o poema "Nas noites de N'Djimpol" de Hélder Proença. A literatura guineense desenvolveu-se tardiamente devido ao atraso socioeconômico da Guiné-Bissau. O poema descreve a luta dos guineenses pela liberdade e construção da identidade nacional, representando a fase de literatura de combate da Guiné pós-independência.
Literatura Guineense e poema Nas noites de N'Djimpol
1. Literaturas de Língua Portuguesa Literatura Guineense Professora: Isabel Cosme Janeiro de 2010 Escola Secundária D. Afonso Henriques
2. Introdução… Neste trabalho, realizado no âmbito da disciplina de Literaturas de Língua Portuguesa, vamos trabalhar o poema “Nas noites de N’djimpol” de Hélder Proença, conhecendo assim um pouco da literatura Guineense. Começamos então por fazer uma breve introdução ao estudo da literatura da Guiné-Bissau, seguindo-se uma breve descrição da vida e obra de Hélder Proença, antes de apresentar-mos a análise do poema, incluído na obra de poesia “Não posso adiar a palavra”.
3. Introdução à Literatura Guineense Dentre as antigas colónias portuguesas, a Guiné-Bissau é o país onde mais tardiamente a literatura se desenvolveu devido ao atraso do aparecimento de condições socio-culturais propícias ao surgimento de vocações literárias. Esse atraso deveu-se sobretudo ao facto da Guiné ser uma colónia de exploração e não de povoamento, tendo estado por um longo período sob a tutela do governo geral da colónia de Cabo Verde.
4. Poderemos distinguir quatro fases na literatura da Guiné em função do seu conteúdo: uma primeira fase anterior a 1945, uma segunda entre 1945 e 1970, uma outra entre 1970 e o fim dos anos 1980 e finalmente a fase iniciada na década de 1990.
5. III. Dos anos 1970 ao fim dos anos 1980 Uma literatura exclusivamente poética: da poesia de combate à poesia intimista Com a independência do país, surge uma vaga de jovens poetas, cujas obras impregnadas de um espírito revolucionário, manifestam um carácter social. Os autores mais representativos são: AgneloRegalla, António Soares Lopes (TonyTcheca), José Carlos Schwartz, Helder Proença, Francisco Conduto de Pina, Félix Sigá. O colonialismo, a escravatura e a repressão são denunciados por esses autores que, no pós independência imediato apelam para a construção da Nação e invocam a liberdade e a esperança num futuro melhor. O tema da identidade é abordado através de diferentes situações: a humilhação do colonizado, a alienação ou assimilação e a necessidade de afirmação da identidade nacional.
6. Note-se porém que a questão de identidade não é apresentada como um factor de oposição entre o indivíduo e a sociedade na qual este evolui. Ela é analisada como um conflito pessoal do indivíduo, que consciente do seu desfasamento cultural em relação à sociedade de origem, procura identificar-se com as suas raízes, da qual foi afastado pela assimilação colonial. Por conseguinte, nesta abordagem não se põe em causa a pertença do indivíduo à sociedade em questão. Embora o recurso ao crioulo seja marginal, os autores afirmam-se como cidadãos africanos
7. O Autor “(…) É assim que vamos tecendo as nossas manhãs de ferro e terra batida São as cores da nossa vida Onde a juventude se forja - Ardente e gloriosa no peito palpitante do futuro – (…)”
8. Hélder Proença… Era escritor e ministro da defesa da Guiné-Bissau. Nos anos 70, envolveu-se no movimento independentista do seu país, abandonando os estudos liceais e partindo para a guerrilha em 1973. Após o 25 de Abril, regressou a Bissau, onde concluiu os seus estudos. Trabalhou como quadro no ministério da cultura, tendo sido ainda deputado na Assembleia Nacional Popular e membro do Comité Central do PAIGC. Colaborou em diversas publicações, como Raízes (cabo-verdiana), África (portuguesa), Libertação e O Militante, sendo as duas ultimas ligadas ao PAIGC.
9. começou a dedicar-se à literatura desde a adolescência, escrevendo poemas anticolonialistas, de afirmação da identidade nacional, que acompanharam a sua actividade política. Os textos desta fase foram reunidos no volume Não Posso Adiar a Palavra, editado apenas em 1982. Morreu no dia cinco de Junho de 2009 assassinado na Guiné-Bissau.
10. Nas noites de N’djimpol Nas noites de N’djimpol vi a virtude dos homens sem amanhã... légua a légua conquistando o caudal do futuro. Vi-os nas ondas tenebrosas enfrentando e conquistando! Vi braços robustos e livres sonho campos loiros espigas dardejando ao sabor do vento brisas e pássaros cantando sol e flautas beijando o suor fecundante. Nas noites de N’djimpol Vi a virtude dos homens sem amanhã... légua a légua conquistando o caudal do futuro...
11. Nas noites de N’djimpol Vi-os nas ondas tenebrosas enfrentando e conquistando Sim, Vi nas noites de N’djimpol sonho mamãe terra sonho compassos rítmicos no capinzal dilatando a fé do homem-terra o horizonte e o brilho das nossas mãos. Oiço o grito das brisas loiras... na imensidão farta dos campos sim mamãe terra firmemente sonho na certeza gritante de sermos loiros e fortes como espigas e o sol fortes e loiros… Mamãe terra Sonho mas juramos-te!
12. Tema e Assunto… Nesta composição poética, o sujeito poético invoca a “mamãe terra”,apelando para a construção da nação, e reforçando a mensagem de esperança e liberdade. Por exemplo em “vi a virtude dos homens sem amanhã.../ légua a légua/ conquistando o caudal do futuro.” (vv.2,3,4), temos bem presente a visão de homens livres a lutarem por um futuro melhor, explorando e reconstruindo a sua identidade, a Nação.
13. Tema e Assunto… Podemos assim dividir o poema em duas partes. Na primeira, que são as primeiras cinco estrofes, o sujeito poético descreve a luta dos homens pela conquista, pela liberdade, pela identidade, reforçados por vocábulos como “conquistar”, “virtude” e mesmo “futuro”. Vemos aqui também uma aproximação dos Homens com a própria natureza, como se o homem e a terra vivessem em comunhão e lutassem, juntos, por uma identidade, que ainda está a ser explorada.
14. Na segunda parte do poema, que são as restantes duas estrofes, a mensagem do sujeito poético transmite, nomeadamente, uma vertente mais emocional, apelando à esperança, à fé. É quase como a confirmação de que terra (Guiné, neste caso) e homem pertencem um ao outro, se fundem e afirmem os seus próprios valores, construíndo assim uma identidade única e própria, para que o “sonho” se torne realidade. “Sim,/ Vi nas noites de N’djimpol/ sonho mamãe terra/ sonho compassos rítmicos no capinzal/ dilatando a fé do homem-terra/ o horizonte e o brilho das nossas mãos.” (vv. 18,19,20,21,22,23).
15. Relação entre Homens e Natureza Numa primeira fase, vemos nesta composição poética uma aproximação dos homens com a natureza, através da sua fome pela luta e pela conquista, explorando a terra e sentindo-a. Essa relação vai ficando mais próxima, surgindo quase como uma fusão entre essas duas identidades, em busca de uma identidade. Encontramos assim expressões como: “Vi braços robustos e livres/(…) espigas dardejando ao sabor do vento/ brisas e pássaros cantando/ sol e flautas beijando o suor fecundante” (vv. 7,9,10,11), entre outros…
16. Final… O sujeito poético acaba o poema com uma afirmação, concluíndo aquilo que já insinuava Anteriormente, “(…) Mamãe terra/ Sonho mas juramos-te!”. Basicamente, a esperança de conseguir realizar o sonho torna-se quase palpável através da força da natureza, fazendo com que o sujeito poético fique convicto da sua vitória, deixando uma mensagem positiva no ar.
17. Recursos Estilísticos… Anáfora: “Vi” (vv. 2,5,7,13,16,19) – Reforça a imagem que o sujeito poético tem da conquista, da busca e da luta do seu ideal. Ele “vê” os homens a fazer isto e aquilo, porque é assim que se consegue alcançar o pretendido. É assim que ele imagina o futuro. Imagem/: “Vi-os nas ondas tenebrosas/enfrentando e conquistando!” Metáfora: “sol e flautas beijando o suor fecundante.” (v. 11) – Esta metáfora vem reforçar a proximidade entre a natureza e o homem. O sol (natureza) e a as flautas (objecto musical [positivo] dos homens, unem-se harmoniosamente num só, para assim poderem colher os frutos dos seus esforços (a luta)
18. Conclusão… Fazer este trabalho foi mais um novo desafio que esta disciplina nos propôs. ;-) A literatura Guineense é ainda tão recente, que realmente há muito pouca informação acerca desta. O próprio Hélder Proença parece só ser conhecido pelo facto de ter sido assassinado, ao invés de o recordarem através do Grande contributo que deu á evolução da literatura Da Nação, o que é triste. Mas mesmo assim Conseguimos espremer algum fruto da pesquisa que fizemos, e cá está o resultado. Esperemos que esteja razoável ;-P
20. A Literatura Guineense é das mais antigas em África Esta afirmação é falsa Esta afirmação é verdadeira
21. A Guiné-Bissau era uma colónia de povoação, e Cabo Verde de exploração. Esta afirmação é falsa Esta afirmação é verdadeira
22. A obra de Hélder Proença pertence a que fase da literatura Guineense? I fase II fase III fase IVfase
23. Essa fase caracteriza-se pela… Literatura de carácter agressiva, de luta e guerra, denunciando a exploração e o colonialismo, lutando pela liberdade do país e afirmação nacional. Pelo espírito revolucionário, manifestando um carácter social,apelando para a construção da Nação e invocando a liberdade e a esperança num futuro melhor.
24. O poema analisado, designa-se “Nas noites de N’djimpolo”, faz parte da colectânea de poesia… “Não devo adiar a palavra” “Não posso retardar a palavra” “Não posso adiar as palavras” “Não posso adiar a palavra” “Não devo adiar os pensamentos”
25. A mensagem do poema é de… Combate, luta contra a opressão Combate, luta contra o atraso cultural; afirmação da Nação; Construção de identidade nacional Esperança de liberdade e desejo de fuga