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Universidade Presbiteriana Mackenzie - Centro de Comunicação e Letras
         Publicação feita pelos alunos do 2º semestre de Jornalismo




          ª
          Edição nº 100                         Outubro de 2011

                               Ano VIII




    1 0 0
Edição especial
                          Acontece • Página 1
Quem mais fez a história do Acontece




Lenize Vilaça, André Arruda, Renato Essenfelder e Renato Modernell , foram professores editores
   Márcia




Márcia Detoni, Sérgio Rizzo e Francisco Madureira, ministraram a teoria                         Marcelo Lopes editou
                                                                                                duas edições especiais




Os talentosos funcionários da gráfica do Mackenzie,
reponsáveis pela impressão, Gilmar Araujo, Ivanildo
Bernardo, Eduardo Barbosa e Alexandre Bon                    Carlos Sandano e Fernando Moraes também editaram


                                       Textos:
                                       André N. D. Ferreira; Cauã Taborba;          Tiragem: 200 exemplares
                                       Edson Capoano; Felipe Alencar Moreira;
Universidade Presbiteriana Mackenzie
                                       Guilherme Reed Roccha; Gustavo Quat-         Contatos
   Centro de Comunicação e Letras      trone; Lucas Pires; Olivia Guariba; Rafael
                                       Fonseca; Renato Blasco; Renato Santana;      Para enviar críticas, sugestões, elogios ou
 Diretor: Alexandre Huady Guimarães    Stephanie Lotufo; Vanderlei Dias             comentar as reportagens dessa edição:
     Coordenador: Osvaldo Hatori       Jornal-Laboratório dos alunos do segundo     acontece@mackenzie.com.br
                                       semestre do curso de Jornalismo do Centro
                                       de Comunicação e Letras da Universidade      Acesse o nosso site para conferir matéria
                                       Presbiteriana Mackenzie, orientados pelo     exclusivas, entrevistas na íntegra e inter-
Editor: André Nóbrega Dias Ferreira    professor André Nóbrega Dias Ferreira,       garir com a nossa equipe:
Projeto Gráfico: Renato Santana        jornalista, MTB n° 26514.                    www.acontecedigital.blogspot.com
Diagramação: AndréN. D. Ferreira       Impressão: Gráfica Mackenzie

                                           Acontece • Página 2
A notícia “ACONTECE” sempre
 O mítico professor e ex-coordenador de curso, Vanderlei Dias, deu o pontapé inicial para o jornal

                                                                                           formativo interno, vol-
  Vanderlei Dias                                                                           tado para os eventos
                                                                                           da própria universi-
  Acontece em 2005 e 2007                                                                  dade, com um caráter
                                                                                           experimental, ou seja,
                                                                                           a cada número, os alu-
                                                                                           nos tinham que pensar

A    pesar de todas as tecnologias
     disponíveis para quem trabalha
com jornalismo e de ouvirmos falar
                                                                                           em uma nova forma
                                                                                           de produzi-lo. E como
                                                                                           contamos com uma
dia após dia que o jornal vai acabar,                                                      gráfica interna a idéia
eu sou daqueles que “insisto” ainda                                                        era também utilizá-lo
em ser um assinante e receber o jor-                                                       de forma ágil nessas
nal todos os dias na porta da minha                                                        coberturas, mostran-
casa. Talvez seja hábito, talvez seja                                                      do ao leitor coisas que
uma resistência inútil em não acei-                                                        aconteceram na uni-
tar que dia menos dia eu terei que ter                                                     versidade no dia an-
também o meu tablet, ou o que quer                                                         terior, por exemplo.
que nome tenha um desses aparelhos                                                         Hoje, o jornal mudou,
que me disponibilizará a notícia em                                                        e para melhor; aumen-
todos os momentos – segundo os                                                             tou o número de pági-
mais otimistas – absolutamente atu-                                                        nas, “pulou” os muros
alizadas, e não apenas àquela recebi-                                                      da Universidade e co-
da de manhã com a manchete do dia                                                          bre assuntos gerais,
anterior. De qualquer maneira ainda                                                        sem editorias especí-
sou um usuário do “papel-notícia”,                                                         ficas.
assim como acredito que existam                                                                Seria muita preten-
diversas pessoas que possuam esse                                                          são achar que o jornal
hábito “antiquado” – na visão dos                                                          é lido pela maioria dos
defensores do “tudo on-line”. Sendo      Vanderlei Dias foi Coordenador do Curso de 2003 alunos de jornalismo,
assim, acredito que o jornal, tal como                                                     pois sua tiragem é pe-
                                         a 2008, e o professor que implantou o jornal
o conhecemos na sua distante ori-                                                          quena e acaba atingin-
gem, ainda sobreviverá por um bom           No Curso de Jornalismo do Ma-                  do mais os alunos dire-
tempo.                                   ckenzie sempre propomos a cria- tamente ligados a ele, mesmo assim,
    Mas como fazer com que um jo-        ção de materiais impressos, como mantém-se na 2ª Etapa do Curso e é
vem todo integrado com essas tec-        jornais e revistas, desde os 1ºs Se- um produto essencial, como prática-
nologias se interesse por algo as-       mestres do Curso – entre os mais -jornalística-pedagógica, preparan-
sim? E se ele for um estudante de        conhecidos, o Jornal Diretriz e a do o aluno para as Etapas seguintes.
jornalismo? Como fazer com que           Revista Narrativa –, pois é ali no E é necessário destacar que mesmo
se dedique a produzir notícias em        papel que o aluno vê o seu traba- sendo obrigatório dentro de uma de-
papel? Primeiro convencendo-o de         lho se realizar. E é bom ver alguém terminada disciplina nenhum Jor-
que sempre teremos notícias à nossa      lendo em sala de aula, no elevador, nal-Laboratório terá sucesso se não
disposição, independentemente do         ou nos corredores da universidade, contar com a efetiva colaboração dos
meio que utilizaremos para divul-        algo feito por você. Quando convi- professores e, principalmente, com
gá-la. Segundo, mostrando que os         dei os alunos da 2ª Etapa do Cur- a participação dos alunos. E isso o
“Jornais-Laboratórios” são uma óti-      so, em 2005, para fazer um novo Acontece vem mostrando que não
ma oportunidade de prática jorna-        jornal, foi para que desenvolves- falta. Em seu centenário o jornal ja-
lística, e que é necessário conhecer     sem uma atividade prática dentro mais deixou de ser produzido, seja
todos os métodos de produção dela,       da antiga disciplina “Técnicas de na sua periodicidade habitual, seja
mesmo que ele vá atuar em outra          Reportagem, Entrevista e Pesqui- nos números especiais, como na co-
área, como o rádio ou a TV. E caso       sa Jornalística”. Naquele momento bertura dos “Encontros CCL” ou do
ele não se convença, podemos mos-        tínhamos apenas o Diretriz, jornal “Mackenzie Day”. Aos que se dedi-
trar que o que as empresas esperam       que também começou na 2ª Etapa, cam a esse trabalho, meus parabéns,
de um jornalista nos dias de hoje, é     na mesma disciplina, e que depois porque ele tem o que jamais pode
que ele saiba um pouquinho de cada       passou a ter outro perfil e hoje faz faltar para um jornal, mesmo que
coisa, e consiga transitar entre o im-   parte das Atividades Complementa- seja um produto laboratorial: a pe-
presso e o eletrônico, sem grandes       res do Curso. A proposta inicial do riodicidade, pois a notícia “Aconte-
problemas.                               Acontece era ser um Boletim In- ce” sempre!

                                             Acontece • Página 3
E um jornal-laboratório... Aconteceu
 Cauã Taborba foi o mentor do primeiro projeto gráfico do jornal e até hoje lida com diagramação


                                          nalistas e nos inspiramos para então,     linguagem fotográfica, eu fiquei com
  Cauã Taborba                            com o professor Vanderlei, produzir       o projeto gráfico e Reed e Alencar
                                          matérias e ser avaliado.                  responsáveis pela revisão das repor-
  Acontece em 2005
                                              Na época eu já era diagramador        tagens. Assim nasceu o Acontece.
                                          do Diário de S. Paulo, meu primeiro       Rapidamente o projeto foi absorvido

E    m 2005, ainda ansioso pelo que
     estava por vir, pelas mudanças
e começo da vida profissional como
                                          trabalho na área. Durante uma das
                                          tardes pelo campus, entre um crois-
                                                                                    por todos da turma J, que contribuí-
                                                                                    ram em massa para que, em seis me-
                                          sant e outro da Benjamim Abrahão,         ses, quatro edições arrasadoras fos-
jornalista, lembro de chegar sempre       me perguntei o que era feito das          sem publicadas. O objetivo inicial do
atrasado às aulas de TREP, apelido        matérias. Conversando com os pro-         jornal, praticamente um tabloide, era
da disciplina de Técnicas de Reporta-     fessores, descobri o triste destino. O    cobrir os assuntos relacionados ao
gem, Entrevista e Pesquisa, ministrada    limbo. O segundo semestre não dis-        campus. Nossa primeira capa sobre
em conjunto pelos professores André       punha de nenhum produto para os           as gincanas do trote renderam até
Santoro e Vanderlei Dias. Lá os alunos    alunos. Conversando com Vanderlei         ameaças de processo. Duas garotas
tinham contato direto com a prática e     sobre os motivos, chegamos a con-         do Centro Acadêmico foram fotogra-
o que seria necessário absorver (com      clusão de que só faltava alguém dis-      fadas durante a brincadeira de passar
teoria) para realizar boas reportagens.   posto a pensar e propor um projeto.       palitinhos - uma tradição quando as
Acho que foram as aulas com maior         Fiquei responsável por apresentar         quadras ainda eram gigantes - em
índice de presença - com exceção à dis-   uma ideia. No mesmo dia convoquei         uma pose nada convencional. Claro,
ciplina do mestre Salinas - em todo o     meus amigos Guilherme Reed, Felipe        exploramos a foto ao máximo, fazen-
curso. Com o professor André tivemos      Alencar e Érico Salutti. Cada um fi-      do uma sequência que acabou sendo
contato com grandes reportagens, co-      cou encarregado de um aspecto. Éri-       discutida por todos os alunos. A se-
nhecemos o trabalho de grandes jor-       co, por ser fotógrafo, cuidou de toda a   gunda capa abordou uma fraude nas
                                                                                    eleições do diretório central, o que
                                                                                    também gerou bastante repercussão.
                                                                                    Desse modo, o Acontece passou de
                                                                                    um mero “jornalzinho”, que as pesso-
                                                                                    as pegavam com o nariz torcido das
                                                                                    mãos dos alunos (que distribuíam os
                                                                                    exemplares pra lá e pra cá) para algo
                                                                                    aguardado. As edições acabavam
                                                                                    logo que saíam da gráfica. Todos se
                                                                                    amontoavam ali na praça em frente
                                                                                    ao prédio 10. Não era exagero, afinal
                                                                                    sempre havia algo novo, divertido e
                                                                                    inusitado.
                                                                                       Mas, como tudo o que é bom dura
                                                                                    pouco, minha turma teve de abando-
                                                                                    nar o jornal com a troca de semestre.
                                                                                    O veículo se tornou o principal projeto
                                                                                    do segundo semestre e fiquei encarre-
                                                                                    gado de administrá-lo por um tempo.
                                                                                    O trabalho era tão interessante que,
                                                                                    durante a semana de comunicação,
                                                                                    o Acontece ganhou uma edição di-
                                                                                    ária para cobrir o evento. Os alunos
                                                                                    cobriam as palestras, entrevistavam
                                                                                    pessoas, corriam para a redação (no
                                                                                    Chamberlain) e o jornal rodava de
                                                                                    madrugada na gráfica, para ser distri-
                                                                                    buído na manhã seguinte. Foi o tra-
                                                                                    balho mais próximo de uma rotina de
                                                                                    jornal que tivemos durante o curso.
                                                                                       É muito gratificante notar que,
                                                                                    aquele projeto que nasceu da vontade
                                                                                    de fazer mais, levar algo interessante
                                                                                    a uma audiência e praticar o que é ser
Cauã fez uma edição número zero antes de produzir o jornal                          jornalista, continua vivo até hoje.

                                              Acontece • Página 4
Acontece • Página 5
Memórias do nascimento de um jornal
   O jornal Acontece mostrou que, apesar de ter apenas saido da maternidade, já tinha dentes


                                            Fevereiro de 2005, estávamos no
                                        segundo semestre do curso. Após
  Guilherme Reed Roccha                 aquele primeiro período de desco-
  Acontece em 2005                      berta das novas amizades e da vida
                                        de universitários, a curiosidade de
                                        um grupo de quatro amigos voltou-
                                        -se para o fato de que não tínhamos

A    nossa memória pode ser traiço-
     eira, às vezes. Por exemplo, ao
relembrar certos acontecimentos,
                                        qualquer publicação interna – nem
                                        mesmo um “jornalzinho” - para po-
                                        dermos publicar matérias e reporta-
temos a certeza de que os relatamos     gens escritas para as disciplinas de
tal como eles realmente se passaram.    nossa grade curricular. “Ora, que
Somos pura objetividade. Mas eis        preconceito é esse?”, nos pergunta-
que alguém que viveu aquela mesma       mos, se até para os calouros – para
história com você muda um persona-      os calouros! - havia espaço para a
gem, muda o local, muda a data ou       divulgação de seus textos cheirando
qualquer um dos elementos que fa-       ainda a leite! Era um absurdo ina-
zem daquela história algo digno de      ceitável!
ser transmitido a outrem. Contar um         Fomos até o nosso diretor à épo-
fato, pois, não significa apenas re-    ca, professor Wanderley Dias, e ex-
lembrar, mas criar, imaginar, inven-    pomos nossa ideia de montar um
tar, adaptar.                           jornal voltado para assuntos inter-
    Ao receber o convite do professor   nos da universidade. Tudo aquilo
                                                                               A edição nº1 denunciou a fraude
André Ferreira de escrever um texto     que se passasse dentro ou no entor-
relembrando a criação e o início do     no mais próximo do Mackenzie po-       na eleição do DACAM
jornal Acontece, essa ideia me veio     deria virar assunto de reportagem.     dantes). Perto do que vemos e ouvi-
ao espírito, misturada com os fiapos    Nosso diretor topou na hora! “É isso   mos nesse caso, a confusão provoca-
de momentos relacionados àque-          aí, pessoal! Me tragam um proje-       da pela foto reveladora foi coisa de
la época, há longínquos seis anos.      to gráfico e começamos a dividir os    iniciante. Infelizmente aqui não há
Pouco a pouco, esses fiapos foram       grupos, a escolher os temas e a es-    espaço para maiores detalhes, mas
se juntando para finalmente formar      crever as matérias!”                   para quem tiver interesse em saber
uma espécie de colcha de retalhos.          Fomos à luta! Num formato sim-     mais, vale a pena conversar com os
Pode parecer estranho falar assim       ples, que estimulasse a leitura do     professores ou pesquisar nos arqui-
num texto desse tipo, mas acho que      jornal por todos os mackenzistas e     vos da faculdade ou dos alunos da-
serve de alerta para futuros jorna-     não só dos estudantes de Jornalis-     quele semestre que guardaram seus
listas, que irão colher muitos depoi-   mo e com a inclusão de fotos nas       exemplares.
mentos e relatos ao longo da carrei-    matérias de destaque, soltamos o           Apresentando o jornal dessa ma-
ra. Passemos então à minha versão       primeiro número. E que primei-         neira, pode parecer que ele buscava
da história.                            ro número! De maneira um pouco         apenas atiçar os ânimos de um ou
                                        provocadora e bem-humorada, pu-        outro lado. Não, não era bem assim.
                                        blicamos uma foto feita durante a      Na maior parte dos textos, os assun-
                                        Gincana dos Bixos. Nela, duas ga-      tos não causavam tamanha comoção
                                        rotas davam um delicado beijo. Pra     pública. De qualquer maneira, é pre-
                                        quê? Começou a polêmica! À parte       ciso levar em conta que éramos estu-
                                        ameaças de processo das duas mo-       dantes dispostos a não só aprender,
                                        ças e o “te pego na saída” dos ami-    mas a melhorar o curso enquanto
                                        gos das moças, o episódio provocou     estávamos dentro da universidade. E
                                        uma interessante discussão sobre o     que essas melhorias permanecessem,
                                        uso pela imprensa de imagens em        para aqueles que viessem depois de
                                        ambiente público – sejam de per-       nós.
                                        sonalidades conhecidas ou célebres         E acredito que o Acontece é um
                                        anônimos.                              dos traços relevantes que deixamos
                                            A história do Acontece parecia     ao passar pelo Mackenzie. Mais tarde,
                                        estar destinada à polêmica. No se-     vieram outros jornais, revistas, re-
                                        gundo número, um colega da minha       portagens para a TV Mackenzie...E as
                                        sala publicou uma reportagem de-       lições aprendidas no Acontece nos
Reed foi um dos criadores do            nunciando uma fraude nas eleições      acompanham até hoje. É como se diz:
jornal-laboratório Acontece             para o Dacam (diretório dos estu-      certas coisas não se esquecem!

                                            Acontece • Página 6
Edição nº 100 do Acontece! Caramba!
             Das primeiras noites de fechamento no prédio Camberlain nasceu o jornal


                                       diferencial, uma vez que, enquanto
  Felipe Alencar Moreira               o restante da classe escreveria ma-
  Acontece em 2005                     térias, nós teríamos que desenvol-
                                       ver um produto mais complexo, in-
                                       cluindo a produção de reportagens.
                                       Aceitei o desafio. Eu e mais dois

E   dição nº 100 do Acontece! Ca-
    ramba, não há como não sentir
orgulho. Lembro perfeitamente do
                                       amigos assumimos o compromisso
                                       junto com o Cauã, contando com a
                                       ajuda de mais alguns colaborado-
início dessa caminhada. 2º semes-      res.
tre do curso. Antes da aula, no cor-       Claro que não foi algo simples.
redor, o Cauã me mostrou alguns        Nem imaginávamos que seria. Pen-
papéis bastante rabiscados. Então,     sar no nome do jornal, projeto grá-
ele me contou que tinha conversa-      fico, editorias, pautas... Era muita
do com o professor Vanderlei Dias      coisa. Mas aos poucos fomos acer-        Felipe, hoje na ESPN Brasil
sobre a possibilidade de criar um      tando. As reuniões eram constan-             É impossível falar do ‘nascimen-
jornal para a disciplina. Quando       tes: na própria faculdade, na casa       to’ do Acontece sem citar a polêmi-
terminou de me explicar a ideia,       de alguém, no bar. O esforço valia a     ca que vivenciamos. Decidimos que
logo me convidou para fazer parte      pena. Eu percebia, com todo o pro-       o jornal teria uma parte denominada
do projeto. Seria, sem dúvida, um      cesso de criação do jornal, que o jor-   ‘Em Foco’. Nela, tentaríamos sempre
                                              nalismo era mesmo a minha         colocar apenas uma imagem e uma
                                              paixão. E as dificuldades só      legenda. E a primeira foto causou um
                                              traziam mais motivação. Lem-      reboliço tremendo. Ela mostrava duas
                                              bro de noites que passamos no     meninas durante uma brincadeira na
                                              Chamberlain dando vida para       gincana dos calouros. Mas as garotas
                                              o Acontece. Foram momen-          não gostaram muito quando viram a
                                              tos muito marcantes da minha      foto no jornal....
                                              época como mackenzista.               E não é que o Acontece se trans-
                                                 O fato é que o Acontece        formou em um produto laboratório do
                                              representou um aprendiza-         curso de jornalismo? Confesso que,
                                              do inesquecível para mim. As      desde o momento que aceitei o desa-
                                              lembranças do fechamento da       fio de participar da criação do jornal,
                                              primeira edição do jornal, por    nunca imaginei que ele chegaria tão
                                              exemplo, permanecem vivas         longe. A intenção, claro, sempre foi
                                              na minha memória. Como era        fazer um trabalho de qualidade, mas é
                                              complicado editar as matérias     difícil de acreditar que fundamos um
                                              dentro dos espaços pré-esta-      produto que pode ser muito útil para
                                              belecidos. Não foram raras as     todos os estudantes de jornalismo da
                                              vezes que ‘apanhamos’ do Pa-      Universidade Presbiteriana Macken-
                                              geMaker. Pensar em manche-        zie.
                                              tes, fazer chamadas criativas,        Só posso dizer que, para mim, a
                                              elaborar uma capa bacana,         experiência foi extremamente vá-
                                              escrever o editorial... ufa! O    lida. O Acontece permitiu que eu
                                              Acontece estava criado.           colocasse em prática os conheci-
                                                 Se não me engano, a minha      mentos que estava adquirindo na
                                              matéria na primeira edição do     faculdade. Além disso, ele mesmo
                                              jornal era sobre uma palestra     me ensinou muitas coisas. Jor-
                                              que teve no Mackenzie. Uma        nalismo se aprende na teoria e na
                                              palestra importante. Acompa-      prática. Hoje, na redação da ESPN
                                              nhei de perto as palavras ditas   Brasil, mesmo sem trabalhar com
                                              por Gabriel Chalita, na época     jornal impresso, garanto que levo
                                              Secretário de Educação de São     comigo uma série de coisas que
                                              Paulo, e atualmente deputado      aprendi nessa época de desenvolvi-
                                              federal. Foi uma grande res-      mento do Acontece. E desejo, ob-
                                              ponsabilidade colocar no Acon-    viamente, vida longa para ele. Que
                                              tece uma matéria desse teor.      muitos estudantes o utilizem de
                                              Logo, foi mais uma importante     forma satisfatória para o aprendi-
                                              experiência pessoal também.       zado da profissão.

                                           Acontece • Página 7
Dedicação e amor ao jornalismo desde cedo
Publicação ganha periodicidade de jornal de respeito com a energia dos primeiro anistas do curso


                                             Através da cobertura de
  Edson Capoano                          regiões centrais da cidade, o
  Acontece em 2005/2009                  Acontece proporcionava o
                                         aluno conhecer a cidade de
                                         São Paulo, suas diversas fa-
                                         cetas e grupos sociais. O exer-
                                         cício do ouvir jornalístico é

A   experiência de produzir o jornal     uma das virtudes que deve ser
    Acontece é interessante tanto        exercitada desde os jornais
ao professor da disciplina quanto aos    laboratório como o Aconte-
alunos que o realizam desde a pau-       ce, e o que pode parecer in-
ta até a edição final. Aprendi muito     teressante em uma reunião
como gerenciar uma equipe de jovens      de pauta ou à comunidade
estudantes, e espero ter contribuído     mackenzista, de quase 50 mil
para sua formação, através dos ensi-     pessoas, pode não ser perti-
namentos teóricos e práticos que lhes    nente ou atraente aos 11 mi-
ofereci.                                 lhões de paulistanos, leitores
    O jornal sempre teve um desafio      e espectadores dos jornalistas
a superar. As equipes se mantinham       que estão por vir.
apenas um semestre na produção, o            Durante o primeiro pe-
que lhes garantia aprendizagem dos       ríodo em que fui editor do
processos jornalísticos, mas não man-    jornal, tivemos a felicidade
tinha um grupo mais experiente para a    de publicar semanalmente o
seqüência do trabalho. Assim, era co-    Acontece, graças a uma ge- Sob a orientação de Edson, o Acontece
mum o jornal melhorar de qualidade       ração de alunos dedicados e atingiu periodicidade semanal, em 2006
ao longo do semestre mas, no período     compreensivos de que o jor-
seguinte, o trabalho começava do zero.   nal era um produto coletivo,
   Por parte dos alunos, a evolução de   não apenas a chance de uma publi- o dia cobrindo palestras e ações so-
uma cobertura introdutória dos fatos     cação individual ou só uma discipli- ciais, e a noite fechando os jornais
era sua maior conquista, através da      na universitária. O resultado disso para serem rodados na gráfica do
aplicação do gênero notícia: contar      foram 14 edições por semestre, com Mackenzie.
atualidades, alterações da normali-      reportagens editadas entre 120 alu-        Frente a tanto esforço e vontade,
dade, com envolvimento de parcelas       nos das duas salas de Jornalismo de alguns alunos começam a despontar
expressivas da sociedade.                então. A coordenação dessa equipe como jornalistas de corpo e alma. A
                                         também saíra como um aprendizado, vontade de ouvir, aprender e contar
                                         onde jovens estudantes encontraram salta de seus textos, mostrando aos
                                         sua veia gerencial frente aos fecha- professores que o exercício de jor-
                                         mentos das edições. Esse trabalho nais laboratório como o Acontece é
                                         proporcionou edições extras, as cha- essencial para o desenvolvimento de
                                         madas “gavetas”, jornais extras que novos talentos. Ambição pela melhor
                                         garantiriam a transição de equipes matéria, esforço nos momentos de
                                         sem interrupção das publicações.        produção e reportagem e perfeccio-
                                             As gerações seguintes de alunos nismo nos processos de edição são
                                         seguiram surpreendendo em quali- mostras frequentes da nova geração
                                         dade e esforço, quando começamos de jornalistas que o Mackenzie tem o
                                         a fazer “Aconteces customizados” a orgulho de formar, jovens que já tra-
                                         eventos internos da UPM. Congres- zem essas qualidades dentro de si. A
                                         sos, seminários e semanas temáticas conclusão que chego quando compa-
                                         das unidades universitárias eram co- ram o estágio em empresas com jor-
                                         bertas por repórteres que, junto a edi- nais como o Acontece é que ambas
                                         tores da sala, fechavam exemplares proporcionam importantes chances
                                         dirigidos a públicos alvo específicos.  de aprendizagem prática. Cabe ao alu-
                                             Tampouco podemos nos esquecer no dedicar-se na universidade tanto
                                         das coberturas diárias dos eventos do quanto deve fazê-lo em um veículo de
                                         CCL, como o então Encontro de Co- comunicação onde almeja ser empre-
                                         municação e Letras (hoje Encontro gado. Dedicação e amor ao ofício são
Edições especias: todos os               CCL) e o Dia Mackenzie Voluntário, as chaves para um bom jornalismo e
eventos foram cobertos                   onde alunos voluntários passavam felicidade na carreira.
                                             Acontece • Página 8
Quando podemos errar
          O instinto de repórter do aluno Rafael foi forjado no período de maior produção

                                        aprender, na marra, a trabalhar
  Rafael Fonseca                        em equipe, afinal, se a matéria do
                                        repórter X não chegar a tempo,
  Acontece em 2006/2007
                                        o jornal tem que sair do mes-
                                        mo jeito. Lembro-me, também,
                                        que uma das primeiras matérias
                                        que escrevi foi sobre uma
                                        tal faixa preferencial

S   e não me trai a memória, foi no para motos que a
    final de 2006 que recebi a incum- CET estava im-
bência de cobrir o II Encontro de Pro- plementando na
fessores de Jornalismo do Estado de cidade. Conver-
São Paulo, que aconteceria no Ma- sei com moto-
ckenzie. Para alguns pode não parecer ciclistas, en-
muito, mas aos meus olhos, à época, genheiros de
aquela era uma oportunidade e tanto tráfego e mo-
de testar o que estava aprendendo na toristas. Es-
faculdade. Ah, claro, a cobertura era crevi o texto
para o Acontece.                        e senti uma
     O combinado era que faríamos satisfação tre-
uma edição especial do jornal com menda quando
seis matérias sobre o Encontro. Des- vi a matéria
sa maneira, tive que fazer reportagem publicada.
e edição. Fiquei muito empolgado e          Hoje, relen-
após inúmeras conversas com pro- do aqueles textos,
fessores de várias faculdades de São vejo o quanto evo-
Paulo, voltei ao prédio Chamberlain luímos como profis-
para escrever os textos. São momen- sionais em apenas
tos como esse que nos fazem refletir alguns meses. As maté-
sobre o Jornalismo. Naquele dia, rias finais, em sua maio-
tive a certeza de que havia escolhido ria, eram muito melhores
a profissão certa. Só não tinha muita e mais completas que as
certeza se daria conta de fechar a edi- primeiras. E, sem dúvida,
ção especial.                           aquela foi uma época
      Naquele semestre, o professor muito         importante
Edson nos desafiou a fazermos uma para a minha carrei-
edição por semana do Acontece. ra. Devo, é claro, boa
Foi uma experiência muito boa. Vi- parte desse desenvolvimen-
mos na prática um pouco da correria to ao suporte do professor
que é um fechamento. Tivemos que Edson Capoano e dos colegas,
                                                        que sempre leva-
                                                        ram muito a sério
                                                        o trabalho do jornal.
                                                             Àqueles que co-
                                                        meçam agora a es-
                                                        crever para o Acon-
                                                        tece,     lembrem-se
                                                                                 Rafael é mestrando em Letras e
                                                        que essa é uma opor-     repórter da TV Mackenzie
                                                        tunidade única para      seus jornais senão como laboratórios
                                                        errar. Errar por ter     para tentarmos coisas e ideias novas?
                                                        entrevistado muita       A edição especial sobre o Encontro
                                                        gente. Errar porque      de Professores atrasou dois dias. Em
                                                        sua matéria extra-       uma redação comum eu provavel-
                                                        polou o limite de to-    mente perderia o emprego. Na fa-
                                                        ques. Errar porque       culdade, fiquei emocionado quando
                                                        não disse tudo o que     vi a edição rodando nas mãos dos
                                                        queria. Afinal, de que   alunos. (E, claro, não escapei de uma
Primeiros elogios e primeiras broncas: Acontece vale a faculdade e               bronca do professor!).

                                            Acontece • Página 9
Há cem edições, sempre Acontece!
   Fazer reportagens, editar, trabalhar fora do horário de aula, resultado: um jornal semanal

                                              Simples: coordenava as reporta-
   Stephanie Lotufo                       gens, cobrava os meus colegas, cor-
                                          rigia os textos e ajudava os editores,
   Acontece em 2006                       outros colegas de sala, a determinar-
                                          mos o que seria reportagem de capa e
                                          tudo mais.
                                               A minha grande companheira de

E    stou formada há praticamente reportagem foi a minha amiga Raíssa
     dois anos e participei do segundo Abdalla.
ano do Jornal Acontece, produzido             Fizemos todas as matérias juntas
pela turma de Jornalismo, do Cen- e foi uma grande parceria! Sempre
tro de Comunicação e Letras, do Ma- conseguíamos equilibrar as nossas
ckenzie. Buscando nos meus arquivos participações entre conseguirmos os
pessoais e pelas minhas contas, pude entrevistados, as fotos e a paginação.
contribuir em pelo menos seis edições          O primeiro jornal que participei
durante o segundo semestre do curso. foi uma cobertura especial no 2º Fo-
    Foram jornais para a disciplina de rExt (Fórum de extensão universitária
texto e também outros extra-curricu- de discentes). Nunca tinha saído para
lares.                                    uma reportagem e fomos para Guaru-
     O Acontece foi uma das minhas lhos, no acampamento do Mackenzie,              Stephanie foi atuante na fase
primeiras experiências práticas que descobrir, in loco, como era fazer uma         mais produtiva do Acontece
tive na faculdade e um grande apren- matéria. Já faz cinco anos e parece que       um conselho é de que as próximas
dizado. Além de mexermos com a re- foi ontem que chegamos ao local, em             turmas que executarem o Acontece
portagem em si pensando em pautas e carro próprio, e fomos ver o que iria          procurem fazer isso. Minha formação
procurando entrevistados, nós tínha- acontecer. Como qualquer jornalis-            e meu trabalho atual me fazem pen-
mos que fazer todo o resto: editar o ta, perguntamos. E muito! Tínhamos            sar que os alunos de jornalismo de-
texto, tirar as fotografias e, inclusive, que saber quem eram os responsáveis      vem se esforçar mais nas reportagens
paginar a revista. Na época, tivemos pelo evento, quais eram as palestras          práticas. É isso que faz a diferença lá
que aprender a mexer no programa que iam acontecer e tudo mais. Aos                na frente.
InDesign, que paginava tudo pelo poucos, nossa turma foi se ambien-                   Dependendo da área que seguir na
computador e era uma total novidade. tando e fazendo as tarefas adequadas.         carreira, saber procurar um bom en-
    Foi um grande desafio. Lembro Uma experiência enriquecedora.                   trevistado é o mínimo no dia a dia. E o
que meus colegas e eu ficávamos               Com as aulas na própria faculda-     Acontece pode ajudar, plantando a se-
sempre fora do horário da aula para de, coordenadas pelo professor Ed-             mentinha da curiosidade nos alunos
produzirmos o jornal. Em algumas son Capoano, fomos conseguindo nos                logo no início do curso.
edições fui editora e em outras sub- ambientar mais com a prática do jor-             Outra grande experiência que o
-editora, além de repórter. O que isso nalismo escrito, pensamos em outras         Acontece me proporcionou foi poder
significa?                                pautas e produzimos outros jornais.      participar de duas coberturas bem di-
                                                             Relendo as edições    ferentes: o Dia Mackenzie Voluntário
                                                        que participei, percebi    e a edição especial para o Encontro
                                                        que não corríamos, de      CCL.
                                                        fato, atrás das fontes.       Revendo os jornais e vendo como
                                                            É claro que no se-     a minha vida profissional se encontra
                                                        gundo semestre da fa-      atualmente chego a uma conclusão: o
                                                        culdade nem passa pela     que mais me atrai no jornalismo e o
                                                        nossa cabeça procurar-     que eu mais amo na profissão é essa
                                                        mos as pessoas “exatas”    diversidade de assuntos. Não conhe-
                                                        para     entrevistarmos.   ço outra atividade que você possa um
                                                        Procuramos através de      dia falar sobre voluntariado e no ou-
                                                        amigos e parentes a so-    tro sobre palestras de jornalistas de
                                                        lução para nossa repor-    referência. E foi isso que o Acontece
                                                        tagem. Refletindo sobre    me ajudou logo no segundo semestre
                                                        isso, acredito que esse    da faculdade e que de alguma forma
                                                        esforço deveria ter sido   sempre levo na vida.
                                                        maior, ainda mais que         Espero que os alunos que hoje es-
                                                        nessa época a maioria      tão no segundo semestre e os próxi-
Stephanie debutou no jornal com uma matéria de nós ainda tem um                    mos que virão possam aproveitar ao
escrita em quatro pessoas                               certo tempo livre. E       máximo essa experiência.

                                            Acontece • Página 10
Com os alunos, um passo de cada vez
              Na redação do jornal-laboratório se vivencia todo o drama da reportagem

                                                                                   passava de vez em quando por lá.
                                              Acontece diário                      Na vez seguinte, ela o encontrou.
  André N. D. Ferreira                        No semestre seguinte, já dividin-    Tratava-se de um pedreiro morador
  Acontece 2007/2009 e 2011                do as turmas com o professor Lucas      do Vale do Paraíba, que plantava as
                                           Pires, decidimos cobrir com o Acon-     mudinhas, as benzia em sua igreja e
                                           tece a semana de comunicação, que,      distribuía sozinho, tanto na capital,

A    beleza e a força do Jornal-Labo-
     ratório Acontece está no fato
de é nele que os jovens estudantes
                                           naquela época, acontecia durante os
                                           cinco dias da semana. Selecionando
                                           alguns alunos voluntários, o ritmo
                                                                                   quanto em algumas cidades do lito-
                                                                                   ral. A matéria mostrou a vida deste
                                                                                   homem, muito próximo do que se
debutam na trajetória que os levará        pesado fez as primeiras publicações     considera miséria, fazendo um tra-
ao mercado. É o primeiro lugar em          terem problemas, até que atingimos      balho, de forma voluntária, que é
que eles exercitam as técnicas de re-      a perfeição na quarta. Os alunos que    responsabilidade do governo.
portagem assim como experimentam           cobriam as palestras e depois cor-
a competição saudável para publicar        riam para escrever na sala 43, onde         A pauta recorrente
seus textos pela primeira vez. A sen-      a diagramação também era feita, o           Algumas pautas surgem o ano
sação de poder que a primeira maté-        arquivo finalizado era enviado para     todo. Assuntos como: “alimentação
ria publicada e também a decepção          a gráfica do Mackenzie, que o impri-    no Mackenzie”; “O que é o DACAM”;
em se ouvir críticas do professor a        mia e, lá pelas 10h, estava nas gôn-    “JUCA”; “Os ambulantes da Itanbé”
um texto que eles julgavam perfeito        dolas. Os alunos que participaram       e “O futuro Metrô na Consolação”.
marcarão para sempre estes jovens.         desta experiência adoraram, e os        Em 2009, as alunas Olívia Guariba
E esta força passa também para os          que passaram pelo Acontece com          e Domitila Gonzalez, trouxeram esta
professores que os orientam, como          o laboratório antigo, morreram de       última. Cético, avisei sobre a pouca
eu, que valorizo o Acontece mais           inveja.                                 chance de execução da pauta, inúme-
que todos os outros produtos do cur-                                               ras vezes apresentadas, e nunca, de
so exatamente por manter a aura da             A pauta fácil                       fato, bem executada, mas elas insis-
‘primeira vez’.                                Como esta é a primeira vez que os   tiram. Três semanas depois eis que
    Era o início do ano de 2007,           alunos de jornalismo produzem e pu-     surgem com a matéria completa, não
quando peguei minhas primeiras             blicam na vida, a percepção da notí-    só com as informações básicas bem
turmas de TREP (Teoria de repor-           cia ainda é pouca. Houve duas alunas,   apuradas mas com as fotos exclusi-
tagem entrevista e pesquisa), eram         Carolina Cagno e Fernanda Kiehl, que    vas dos subterrâneos em construção
as turmas J 1 e J 2, e eu fui para a       optaram por uma pauta fácil: entre-     da Linha Amarela que elas percorre-
primeira aula.                             vistar um mendigo. Isto não é apro-     ram para fazer a matéria. O resultado
                                           priado por diversos motivos, mas as     para esta matéria foi um só: capa do
    O Laboratório de TREP                  meninas, iniciaram uma conversa         Acontece.
    No primeiro dia de aula, girei a       com um deles, e, para combinarem
maçaneta do laboratório 44 e me            a entrevista, elas perguntaram como
surpreendi por ele nem sequer estar        poderiam encontrá-lo de novo e a res-
trancado, e, ao abrir a porta, descobri    posta foi surpreendente: “me manda
o porquê. A sala estava equipada com       um email”. Neste momento a pauta
uns vinte PowerMacs da série 900,          se transformou no acesso ao mundo
já obsoletos, e que, naquela época,        digital propiciado pela instalação de
a maioria nem sequer ligava, outros        computadores nos albergues da cida-
tinham teclados com letras que não         de.
funcionavam. Certa vez, a aluna Lae-
le Machado, colocou um disquete no            O Bom faro
drive e ouviu um som de queda: só ha-         Caminhando pela Paulista, a
via um buraco sem driver. Impossível       aluna Fabíola Nascimento, se en-
realizar o jornal.                         controu em frente ao Parque Tria-
    O jeito foi apelar para papel a dia-   non, quando, próxima aos floristas
gramar fora da sala de aula. Durante       que lá estavam reparou em algumas
este primeiro semestre, só um foi pu-      pequenas mudas com uma plaqui-
blicado. Mas o material foi guardado       nha escrita à mão com “me leve
e, no semestre seguinte, quando o la-      para casa”. Curiosa, ela perguntou
boratório 43 foi montado, três alunos      aos vendedores se aquilo era deles.
voluntários, fora do período de aula,      Ela ouviu que aquilo era deixado
Renato Santana, Mayara Koike e Su-         por uma outra pessoa. Perguntan-
zana Cruz, produziram outros três          do npelos bares próximos, desco-        André realizou seus primeiros
números.                                   briu que a pessoa que fazia aquilo      jornais sem laboratório
                                              Acontece • Página 11
Vontade acima de tudo
 O então aluno, Renato Santana, não só escreveu, como diagramou e atualizou o projeto gráfico

                                         jornalista: um la-
  Renato Santana                         boratório que pa-
                                         recia uma reda-
  Acontece em 2007                       ção, um trabalho
                                         organizado      de
                                         pauta, a publica-

J   á faz mais de um ano desde que
    me formei no curso de Jornalis-
mo do Mackenzie e posso dizer que
                                         ção periódica de
                                         notícias que se-
                                         riam produzidas
tive muita sorte: mal terminei a gra-    por nós mesmos
duação e já estava trabalhando numa      etc.
grande empresa. Há mais de um ano            Todo esse en-
sou redator do portal R7, cuidando       tusiasmo me fez
dos sites e também das redes sociais     ter um olhar mais
de alguns programas da Rede Re-          carinhoso em re-
cord, como Ídolos e A Fazenda, por       lação ao Aconte-
exemplo.                                 ce. Após ajudar o
    O que vou dizer agora pode pare-     André a fechar al-
cer oportunista, em função do con-       gumas edições do
vite que recebi para escrever para       jornal, decidi que
esta centésima edição do Aconte-         ele (o jornal, não
ce, mas é verdade: até hoje, mui-        o André) precisa-
to do que aprendi na disciplina de       ria de uma cara
Técnicas de Reportagem, Entrevis-        nova.
ta e Pesquisa Jornalística aparece           Passei algu-
diariamente no meu dia a dia pro-        mas      semanas
fissional.                               nos laboratórios Renato Santana foi o primeiro aluno a vencer o prêmio
    Isso é especialmente importante      de informática Fernando Pacheco Jordão ligado ao Vladimir Herzog
porque, ao contrário de um jornal-       mexendo no In-
-laboratório, em que errar faz parte     Design e pensando em um novo pro- to esforço para me lembrar de alunos
do caminho, grandes empresas dificil-    jeto gráfico. Após receber algumas que levavam a disciplina “nas coxas”,
mente admitem erros.                     orientações do André, apresentei a que inventavam entrevistas e que pla-
    De forma geral, a única diferença    ideia para o Vanderlei, que era o co- giavam textos, por exemplo.
entre as matérias que escrevi para o     ordenador do curso naquela época, e       Talvez alguém já tenha dito isto,
Acontece e as que escrevo para o R7      ele deu o sinal verde. Foi, incontes- mas tudo no mundo é relativo. Para
é onde elas são publicadas. Fora isso,   tavelmente, um dos momentos mais mim, o Acontece foi de grande im-
todas precisam ser apuradas, objeti-     gratificantes que tive durante todo o portância acadêmica e, sem hesitar,
vas e ir direto ao assunto.              curso.                                 afirmo que ele me ajudou a ser um
    Mas apesar de todo esse aprendi-         A mudança do Acontece foi uma profissional melhor. Para outros
zado que o Acontece proporciona – e      grande realização para mim, como que se formaram no Mackenzie,
que é o grande objetivo da disciplina    estudante, porque era o resultado de contudo, esse charmoso jornal tal-
na qual ele se insere –, o que eu re-    uma ambição que eu sempre tive: ser vez não tenha tido impacto algum
almente levo como uma das minhas         diferente; não ser apenas mais um en- em suas vidas e, mesmo assim, te-
melhores recordações da faculdade é      tre os vários alunos que se formam a nham se tornado profissionais de
a mudança no projeto gráfico do jor-     cada ano no Mackenzie. Aliás, essa é sucesso.
nal.                                     uma característica que dura até hoje      Por fim, independentemente de
    Logo na primeira aula de TREP,       na minha vida profissional: faço ques- qual seja a opinião de alguém em
lembro que o André Nóbrega, um dos       tão de ser o redator que mais escreve relação ao Acontece, quero deixar
professores da disciplina, reuniu os     notas, o que menos comete erros, o registrado um dos mais importantes
alunos no laboratório de informática     que mais dá ideias e sugestões de pau- conselhos que recebi no Mackenzie:
e perguntou:                             tas etc.                               tem gente que passa pela faculdade
    - Por que vocês decidiram se tor-        Mais uma vez corro o risco de soar fazendo quatro anos do mesmo, qua-
nar jornalistas?                         piegas, mas a verdade é simples: a ex- tro anos sendo quadrado. Porém, o
    Obviamente, isso gerou as mais       periência que tive no Acontece foi período da faculdade é um dos poucos
diversas respostas, sendo a minha a      um dos pontos mais importantes na momentos da carreira de uma profis-
mais clichê possível. Porém, o que me    minha formação como jornalista.        sional em que ele pode ousar, inovar e
deixou animado naquele dia foi ter           Obviamente, isso não acontece até mesmo testar sabendo que vai não
uma sensação mais realista de ser um     com todos. Eu não preciso fazer mui- vai dar certo.

                                            Acontece • Página 12
Vida longa ao Acontece
     “Algumas edições sairam boas, outras nem tanto, e, sou sincero, algumas prefiro esquecer”



  Lucas Pires
  Acontece 2007/2010



L    á se vão alguns anos de Aconte-
     ce. Foram vários deles corrigin-
do reportagens, editando textos e até
diagramando. Algumas edições saí-
ram bem boas, outras nem tantos, e,
sou sincero, algumas prefiro esquecer,
mas tudo ali é aprendizado, para alu-
nos e também professores. Caso con-
trário não seria um jornal-laboratório.
    O Acontece é o primeiro estágio
do aluno com a reportagem. Segundo
semestre, a moçada nem sabe o que
é reportagem. Pensa que entrevistar
pai, mãe, irmão do namorado ou pa-
rente de amigo – quando não o pró-
prio colega de classe! – é fazer repor-
tagem. Longe disso, e o que sempre
frisamos ali, naquele momento inau-
gural, é que sair de casa e da frente do
computador é essencial.
    Sem discursos batidos de que jor-
nalismo se faz na rua, que é preciso
gastar sola de sapato, porque isso já
passou. Claro que o jornalista é profis-
são tipicamente urbana, de observa-
ção dos acontecimentos nas cidades,
mas isso não quer dizer que ele tenha
que ser exclusivamente feito nas ruas.     O professor Lucas produziu o Acontece com muitas turmas
Produto da modernidade sim, e jus-         um primeiro passo para essa carreira       alunos, nos aproxima deles. Sempre
tamente por isso atualmente ele se         chamada jornalismo. É quando o aluno       vi que turmas com quem trabalhei
faz em qualquer lugar, por qualquer        tem um veículo onde publicar. Está cer-    ali ficaram mais próximas, pois esta-
meio – pessoalmente, por telefone,         to que há problemas que inviabilizam a     belecemos uma relação quase profis-
via e-mail, redes sociais, comunica-       impressão e muitos acabam existindo        sional. Eu cobro, corrijo, exijo, critico
dor instantâneo, o que vierem mais         apenas nos famosos PDFs, mas essa é        quando é preciso e elogio quando con-
a inventar. O essencial do jornalismo      outra história, para outros 5 anos...      vém. Tal qual um editor, é preciso exi-
é ir atrás das coisas, das pessoas, dos        Ajudei na produção do Acontece         gir prazo, fontes diversas e dar bronca
acontecimentos, da realidade que está      por 3 anos e meio. Ali vivi muita coisa.   quando não se cumpre o mínimo de
à mostra diariamente.                      Já cobrimos Semana de Comunicação          exigência.
    Jornalista pesquisa, jornalista faz    a ponto de publicarmos uma edição              Mesmo assim, ouvimos – tanto de
contato, jornalista entrevista, jorna-     por dia do evento; já fizemos edições      quem faz e de quem lê – de tudo a
lista apura, jornalista escreve, jorna-    especiais com perfis e de eleições; já     respeito do Acontece. Nas conver-
lista pensa e publica. Jornalista corre    cobrimos até eventos acadêmicos de         sas de elevador você escuta coisas
atrás, vai aonde precisa ir, encontra as   outros cursos, como o de Psicologia!       do tipo: “Não presta”, “Ninguém lê”,
fontes certas e mais apropriadas, con-     A experiência foi-me sempre gratifi-       “ O professor X meteu o pau no jor-
vence quem não quer falar a falar, traz    cante. Dificuldades são corriqueiras,      nal”, e por aí vai. Mas também já ouvi
o conhecimento de fontes especializa-      fazem parte do desafio de lidar com        coisas boas, elogiando reportagens e
das de forma a que todos entendam.         60 alunos por vez e ter de tirar des-      tudo mais. Mas o melhor é ver o alu-
Tudo em nome da melhor informa-            sa miríade de cabeças pensantes uma        no com vários exemplares nas mãos.
ção, pensando no que o público quer        edição de 8 ou 12 páginas...               “Tô levando para casa para dar pro
e precisa conhecer.                            Fazer esse jornal amado e odiado       pessoal de lá”. A primeira publicação
    O Acontece, dentro de sua hete-        ao mesmo tempo impõe a nós, pro-           a gente nunca esquece. Vida longa ao
rogeneidade de produção, busca trazer      fessores, um contato maior com os          Acontece.

                                              Acontece • Página 13
Uma nova grade, o mesmo Acontece
        O Acontece é a primeira ferramenta que nos ensina o que é o jornalismo de verdade

                                         a Universidade, o curso estaria mais      fontes, talvez por falta de vontade em
  Gustavo Quattrone                      voltado para a preparação do aluno        colaborar com meros estudantes. Já
  Acontece em 2009                       para o mercado de trabalho, propon-       com relação às informações, talvez
                                         do-se a ser mais prático.                 nós mesmos não soubéssemos onde
                                             Não posso comparar a nova grade       encontrá-las. Além disso ainda há a
                                         curricular com a antiga, até porque       criação de um estilo próprio de escri-

Q    uando concluímos o Jardim, sa-
     bemos que estamos nos encami-
nhando para o Ensino Fundamental.
                                         não tive a oportunidade de conhecê-
                                         -la profundamente. Mas não tenho
                                         muito ao que me queixar da nova
                                                                                   ta, aprendizados de como se escrever
                                                                                   um texto jornalístico, como usar cita-
                                                                                   ções, aspas simples e duplas, verbos
Quando concluímos o Ensino Funda-        grade. Claro, sempre há uma disci-        descentes etc.
mental, sabemos que chegou a hora de     plina ou outra que não entendemos             Mas não apenas isso torna o Acon-
cursar o Ensino Médio. Mas e quando      o sentido, mas tudo é bagagem para        tece uma interessante ferramenta. O
concluímos o Ensino Médio, o que fa-     quem está interessado em absorver         jornal aguça nos jovens jornalistas o
remos na sequência?                      conhecimento.                             desejo de ter seu esforço estampado
   As opções são tantas: Adminis-            Quando começamos a estudar            em um veículo de comunicação. Ain-
tração, Marketing, Engenharias, Ar-      Jornalismo logo pensamos: “escre-         da que sendo um veículo que circula
quitetura, Matemática, Letras, De-       ver todo mundo sabe, é fácil, fácil”.     apenas internamente ao prédio de
sign etc. Eu poderia ocupar todo esse    Mas nem sempre todos nascem com           Comunicação e Letras, o jornal é um
espaço apenas levantando todas as        o dom da escrita. E ela, como tudo na     estímulo ao jovem jornalista que sabe
opções de cursos universitários exis-    vida, pode ser aprendida e aperfeiço-     que alguém lerá seu texto, ainda que
tentes no mercado. Só na revista Al-     ada. Para isso, é necessário ler muito,   por curiosidade, mas lerá.
manaque do Estudante 2011 existem        mas ler atentamente e não apenas ler          No Mackenzie, outros veículos
503 carreiras diferentes para se esco-   por ler. Isso eu só aprendi com o de-     laboratórios também possuem essa
lher. Isso sem contar deixar os estu-    correr do curso. E além de ler, exer-     função. O jornal Comum, o Diretriz e
dos para se dedicar a uma atividade      citar. Só escreve bem quem escreve        o Maria Antônia (ainda que o último
remunerada, o que nunca passou por       muito.                                    tenha maior repercussão e tiragem
minha cabeça.                                E nesse aspecto, eu penso que a       que os demais) são bons exemplos.
   Comecei a cursar Jornalismo (com      atual grade curricular de Comunica-       Hoje, estou cursando no 6˚ semestre
o nome de Comunicação Social na          ção Social – Jornalismo é muito boa.      e sei que a universidade tem dado óti-
UP Mackenzie) no começo de 2009.         Nós alunos fomos, desde o primeiro        mas oportunidades para desenvolvi-
Para minha surpresa, a grade curri-      semestre, muito incentivados a ler e      mento de potencial. E sei também que
cular havia acabado de sofrer algumas    a escrever muito. Logo no primeiro        as oportunidades devem ser aprovei-
modificações. E a primeira turma a       semestre, em Conceitos Fundamen-          tadas desde já.
experimentá-la era a minha. Segundo      tais do Jornalismo e da Notícia, fo-
                                         mos avaliados por textos posta-
                                         dos em um blog que deveria ser
                                         atualizado mais de uma vez por
                                         semana.
                                             Já no segundo semestre, tive-
                                         mos contato com outra ferramen-
                                         ta de aperfeiçoamento de texto,
                                         um jornal laboratório. O Acon-
                                         tece, que chega agora a sua 100ª
                                         edição, foi o primeiro jornal labo-
                                         ratório para o qual escrevemos.
                                         De um total de quatro edições,
                                         eu, juntamente com minha dupla
                                         (Rafael Bueno), estive presente
                                         em três.
                                             O Acontece é um jornal mui-
                                         to importante para o nosso de-
                                         senvolvimento profissional. Por
                                         meio dele, apresenta-se o que é o
                                         real Jornalismo. Parece fácil pro-
                                         duzir uma reportagem impressa,
                                         mas as informações procuradas e
Gustavo conseguiu a capa do              as fontes nem sempre são encon-
primeiro Acontece na grade nova          tradas facilmente. No caso das

                                            Acontece • Página 14
O aluno que mais ‘aconteceu’
              Com muita esforço Renato Blasco deixou sua marca no jornal-laboratório

                                          como pessoa. Enfim, quando come-
  Renato Blasco                           cei as aulas na faculdade não tinha
  Acontece 2008/2009 e 2011               certeza se era isso realmente o que
                                          eu queria para a minha vida, ficar es-
                                          crevendo textos e lendo as teorias do

A   o entrar na faculdade me depa-
    rei com um mundo totalmente
novo, algo que jamais pensei em um
                                          jornalismo, Edgar Morrin virou quase
                                          um parente de tanto que li sobre o fi-
                                          lósofo.
dia conhecer. Também pudera, afi-             Confesso que eu era um tanto
nal sou de Santos uma cidade rela-        quanto desleixado, “empurrava tudo
tivamente pequena, apesar de ser a        com a barriga”. A única coisa que eu
maior do litoral paulista e ter o maior   fazia direito e com vontade eram as
porto da América Latina. Para fazer a     matérias para o jornal Acontece.
Universidade tive de mudar de cida-       Era uma forma com certeza de estar
de e enfrentar a aquela que é literal-    mais próximo de uma provável rea-
mente uma selva de pedras, a grande       lidade após a conclusão dos estudos.
São Paulo.                                Lembro de muitas matérias, mas
   O começo não foi nada fácil, ficar     uma foi marcante. Claro que a maté-      O grupo de torcedores estavam pela
sozinho trancafiado em um aparta-         ria falava sobre o São Paulo Futebol     primeira vez reunidos para ver um
mento sem conhecer ninguém é no           Clube, uma de minhas paixões. Ao         jogo do tricolor “in loco”, eles pre-
mínimo uma experiência estranha,          lado do meu parceiro de pauta e ma-      gavam uma nova maneira de torcer,
pelo menos no seu começo. Mas era         téria, Fábio Gomes (um grande ami-       que se baseava em empurrar o time
algo do que não tinha o que reclamar,     go,) fui ao estádio do Morumbi ver o     a todo instante, com novas musicas
pois eu mesmo que escolhi essa mu-        jogo do campeonato brasileiro entre      e o hino do clube, sem jamais xingar
dança radical de vida. E essa vivência    São Paulo e Barueri, para depois falar   os jogadores. Mas vocês devem estar
adquirida fez com que eu crescesse        com integrantes de uma nova torcida.     se perguntando, por que me marcou
                                                                                   tanto essa matéria. Simplesmente me
                                                                                   marcou, pois lá eu estava enxergan-
   Apesar de sua mo-                                                               do a mim mesmo como um jornalis-
déstia em relatar a ex-                                                            ta totalmente imparcial, e não como
                                                                                   um mero torcedor que quando o seu
periência no Acontece,
                                                                                   time perde fica irritado com tudo e
em 2008, nesta primei-
                                                                                   com todos. Sem duvidas foi a primei-
ra tentativa, Renato não                                                           ra grande experiência que tive como
conseguiu aprovação.                                                               jornalista.
Na segunda vez, ele for-                                                               Entrei jovem na faculdade, com
mou parceria com um                                                                apenas 19 anos. Era muito imaturo e
aluno, também fazendo                                                              achava que aula não era nada impor-
pela segunda vez, que                                                              tante, queria ficar no bar conhecendo
desistiu da disciplina no                                                          as pessoas. Mas isso mudou, tranquei
meio do semestre, dei-                                                             a faculdade por um período de seis
                                                                                   meses, fiz alguns cursos e viajei para
xando-o ‘na mão’, por Matéria separadas por quase quatro anos
                                                                                   fora, logo que acabei o quarto semes-
assim dizer.
                                                                                   tre, e quando voltei minha cabeça es-
   No semestre seguinte. houve outra tentativa frustrada de aprovação, mas         tava totalmente mudada, agora com
desta vez, ele próprio deixou de cursar a universidade por algum tempo.            23 anos sei que estou mais maduro e
   Eis que, finalmente, em 2011, o intrépido Renato Blasco retorna                 penso em só ficar na sala de aula e es-
para o curso, este que, com uma grade diferente, ele não mais cursa-               tudar, e o bar que fique para depois,
ria TREP e sim Pauta e Apuração, para executar, novamente, matéria                 conheço pessoas do mesmo jeito já
para o Acontece.                                                                   que com a mudança de grade estou
   Desta vez a história foi diferente. Em parceria com Eduardo Wata-               fazendo muitas matérias em diversas
nabe, ele concluiu sua história no jornal-labotatório conseguindo pu-              salas.
                                                                                       Fato é que a faculdade é um lugar
blicar uma segunda matéria, desta vez retratando os guardadores de
                                                                                   incrível, onde convivemos com pes-
carro, publicada na recente edição 92.
                                                                                   soas totalmente diferentes da gente e
   Mas não se sinta excluido, Renato, o Acontece é a sua casa, as                  com um mundo totalmente inexplo-
portas estão abertas para a sua nova participação, que, com esta, já se            rável, não troco essa fase da vida por
somam cinco semestres de participação.                                             nada.

                                             Acontece • Página 15
A dona do recorde de publicações
 A pequena Olivia Guariba teve todas as sua matérias publicadas e ganhou uma capa de edição,
          performance até hoje não igualada por outro aluno regular no Acontece

                                        na mesmice. Decidimos que
                                        tentaríamos entrar na obra
  Olivia Guariba                        do metrô e fazer uma maté-
  Acontece em 2008                      ria sob os trilhos do metrô,
                                        literalmente.
                                            Sim, entramos na obra

O    sonho de todo estudante de jor-
     nalismo é ter uma matéria pu-
blicada, e se essa for capa, melhor
                                        da Linha - 4 Amarela nas
                                        estações de Higienópolis-
                                        Mackenzie e República e
ainda. O meu não era diferente do de    fomos acompanhadas pelo
ninguém e além de conseguir a capa,     engenheiro Waldir Gian-
ainda tive todas as minhas matérias     notti durante todo o trajeto,
publicadas.                             munidas de capacete laran-
    No primeiro ano de faculdades,      ja, botas, bloco de anotação
mais especificamente no segundo se-     e maquina fotográfica.
mestre do curso de jornalismo pude          Andando pelo “submun-
realizar esse sonho. Os alunos deve-    do” do metrô descobrimos
riam fazer reportagens para o jornal    que o que difere essa obra
laboratório Acontece e minha par-       das demais, é o Schield uma
ceira de reportagem e eu decidimos      escavadeira de 75 metros
fazer sobre a Linha - 4 Amarela do      de comprimento e 1800 to-
metrô.                                  neladas que, durante a es-
    É um assunto muito batido, dizia    cavação, não emite ruídos
todos, inclusive meu professor. Mas     e vibrações na superfície do Olivia fez intercâmbio em Salamanca
insisti na pauta, porque prometi que    solo.                                   minha matéria foi um sucesso, con-
minha matéria seria diferente e abor-       A estação República foi inaugu- seguimos a tão almejada capa da pri-
daria outro ângulo, e que não cairia    rada com um ano de atraso, mais a meira edição do Acontece do nosso se-
                                                                                mestre. Mais a melhor experiência foi
                                                                                poder estar a 32 metros da superfície
                                                                                e conhecer como funciona uma obra
                                                                                dessa magnitude e que vai mudar a
                                                                                vida de milhares de pessoas.
                                                                                    Impulsionada pelo sucesso, pu-
                                                                                blicamos uma matéria sobre a então
                                                                                recente Lei Antifumo no Estado de
                                                                                São Paulo e seus prós e contras para
                                                                                os fumantes e donos de bares e bala-
                                                                                das na capital paulista. Aproveitamos
                                                                                para traçar um paralelo entre a déca-
                                                                                da de 70, quando fumar significava
                                                                                ter status e ser Cult e era estimulado
                                                                                pela Indústria cinematográfica de
                                                                                Hollywood, e os dias de hoje.
                                                                                    Outras matérias que entraram
                                                                                para o curriculo foram o Festival do
                                                                                Minuto, ocorrido no Masp e Bem Es-
                                                                                tar e exercícios físicos. O Acontece
                                                                                é importante porque é a primeira
                                                                                oportunidade de escrever uma ma-
                                                                                téria de cunho jornalístico que temos
                                                                                na faculdade, o ambiente simula uma
                                                                                redação de jornal, onde aprimoramos
                                                                                técnicas de reportagens, entrevistas,
                                                                                fotografias, sentimos a pressão do
                                                                                prazo de entrega e a competitividade
                                                                                para obter a melhor matéria ou até
                                                                                um furo.

                                           Acontece • Página 16

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Acontece 100ª Edição

  • 1. Universidade Presbiteriana Mackenzie - Centro de Comunicação e Letras Publicação feita pelos alunos do 2º semestre de Jornalismo ª Edição nº 100 Outubro de 2011 Ano VIII 1 0 0 Edição especial Acontece • Página 1
  • 2. Quem mais fez a história do Acontece Lenize Vilaça, André Arruda, Renato Essenfelder e Renato Modernell , foram professores editores Márcia Márcia Detoni, Sérgio Rizzo e Francisco Madureira, ministraram a teoria Marcelo Lopes editou duas edições especiais Os talentosos funcionários da gráfica do Mackenzie, reponsáveis pela impressão, Gilmar Araujo, Ivanildo Bernardo, Eduardo Barbosa e Alexandre Bon Carlos Sandano e Fernando Moraes também editaram Textos: André N. D. Ferreira; Cauã Taborba; Tiragem: 200 exemplares Edson Capoano; Felipe Alencar Moreira; Universidade Presbiteriana Mackenzie Guilherme Reed Roccha; Gustavo Quat- Contatos Centro de Comunicação e Letras trone; Lucas Pires; Olivia Guariba; Rafael Fonseca; Renato Blasco; Renato Santana; Para enviar críticas, sugestões, elogios ou Diretor: Alexandre Huady Guimarães Stephanie Lotufo; Vanderlei Dias comentar as reportagens dessa edição: Coordenador: Osvaldo Hatori Jornal-Laboratório dos alunos do segundo acontece@mackenzie.com.br semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Acesse o nosso site para conferir matéria Presbiteriana Mackenzie, orientados pelo exclusivas, entrevistas na íntegra e inter- Editor: André Nóbrega Dias Ferreira professor André Nóbrega Dias Ferreira, garir com a nossa equipe: Projeto Gráfico: Renato Santana jornalista, MTB n° 26514. www.acontecedigital.blogspot.com Diagramação: AndréN. D. Ferreira Impressão: Gráfica Mackenzie Acontece • Página 2
  • 3. A notícia “ACONTECE” sempre O mítico professor e ex-coordenador de curso, Vanderlei Dias, deu o pontapé inicial para o jornal formativo interno, vol- Vanderlei Dias tado para os eventos da própria universi- Acontece em 2005 e 2007 dade, com um caráter experimental, ou seja, a cada número, os alu- nos tinham que pensar A pesar de todas as tecnologias disponíveis para quem trabalha com jornalismo e de ouvirmos falar em uma nova forma de produzi-lo. E como contamos com uma dia após dia que o jornal vai acabar, gráfica interna a idéia eu sou daqueles que “insisto” ainda era também utilizá-lo em ser um assinante e receber o jor- de forma ágil nessas nal todos os dias na porta da minha coberturas, mostran- casa. Talvez seja hábito, talvez seja do ao leitor coisas que uma resistência inútil em não acei- aconteceram na uni- tar que dia menos dia eu terei que ter versidade no dia an- também o meu tablet, ou o que quer terior, por exemplo. que nome tenha um desses aparelhos Hoje, o jornal mudou, que me disponibilizará a notícia em e para melhor; aumen- todos os momentos – segundo os tou o número de pági- mais otimistas – absolutamente atu- nas, “pulou” os muros alizadas, e não apenas àquela recebi- da Universidade e co- da de manhã com a manchete do dia bre assuntos gerais, anterior. De qualquer maneira ainda sem editorias especí- sou um usuário do “papel-notícia”, ficas. assim como acredito que existam Seria muita preten- diversas pessoas que possuam esse são achar que o jornal hábito “antiquado” – na visão dos é lido pela maioria dos defensores do “tudo on-line”. Sendo Vanderlei Dias foi Coordenador do Curso de 2003 alunos de jornalismo, assim, acredito que o jornal, tal como pois sua tiragem é pe- a 2008, e o professor que implantou o jornal o conhecemos na sua distante ori- quena e acaba atingin- gem, ainda sobreviverá por um bom No Curso de Jornalismo do Ma- do mais os alunos dire- tempo. ckenzie sempre propomos a cria- tamente ligados a ele, mesmo assim, Mas como fazer com que um jo- ção de materiais impressos, como mantém-se na 2ª Etapa do Curso e é vem todo integrado com essas tec- jornais e revistas, desde os 1ºs Se- um produto essencial, como prática- nologias se interesse por algo as- mestres do Curso – entre os mais -jornalística-pedagógica, preparan- sim? E se ele for um estudante de conhecidos, o Jornal Diretriz e a do o aluno para as Etapas seguintes. jornalismo? Como fazer com que Revista Narrativa –, pois é ali no E é necessário destacar que mesmo se dedique a produzir notícias em papel que o aluno vê o seu traba- sendo obrigatório dentro de uma de- papel? Primeiro convencendo-o de lho se realizar. E é bom ver alguém terminada disciplina nenhum Jor- que sempre teremos notícias à nossa lendo em sala de aula, no elevador, nal-Laboratório terá sucesso se não disposição, independentemente do ou nos corredores da universidade, contar com a efetiva colaboração dos meio que utilizaremos para divul- algo feito por você. Quando convi- professores e, principalmente, com gá-la. Segundo, mostrando que os dei os alunos da 2ª Etapa do Cur- a participação dos alunos. E isso o “Jornais-Laboratórios” são uma óti- so, em 2005, para fazer um novo Acontece vem mostrando que não ma oportunidade de prática jorna- jornal, foi para que desenvolves- falta. Em seu centenário o jornal ja- lística, e que é necessário conhecer sem uma atividade prática dentro mais deixou de ser produzido, seja todos os métodos de produção dela, da antiga disciplina “Técnicas de na sua periodicidade habitual, seja mesmo que ele vá atuar em outra Reportagem, Entrevista e Pesqui- nos números especiais, como na co- área, como o rádio ou a TV. E caso sa Jornalística”. Naquele momento bertura dos “Encontros CCL” ou do ele não se convença, podemos mos- tínhamos apenas o Diretriz, jornal “Mackenzie Day”. Aos que se dedi- trar que o que as empresas esperam que também começou na 2ª Etapa, cam a esse trabalho, meus parabéns, de um jornalista nos dias de hoje, é na mesma disciplina, e que depois porque ele tem o que jamais pode que ele saiba um pouquinho de cada passou a ter outro perfil e hoje faz faltar para um jornal, mesmo que coisa, e consiga transitar entre o im- parte das Atividades Complementa- seja um produto laboratorial: a pe- presso e o eletrônico, sem grandes res do Curso. A proposta inicial do riodicidade, pois a notícia “Aconte- problemas. Acontece era ser um Boletim In- ce” sempre! Acontece • Página 3
  • 4. E um jornal-laboratório... Aconteceu Cauã Taborba foi o mentor do primeiro projeto gráfico do jornal e até hoje lida com diagramação nalistas e nos inspiramos para então, linguagem fotográfica, eu fiquei com Cauã Taborba com o professor Vanderlei, produzir o projeto gráfico e Reed e Alencar matérias e ser avaliado. responsáveis pela revisão das repor- Acontece em 2005 Na época eu já era diagramador tagens. Assim nasceu o Acontece. do Diário de S. Paulo, meu primeiro Rapidamente o projeto foi absorvido E m 2005, ainda ansioso pelo que estava por vir, pelas mudanças e começo da vida profissional como trabalho na área. Durante uma das tardes pelo campus, entre um crois- por todos da turma J, que contribuí- ram em massa para que, em seis me- sant e outro da Benjamim Abrahão, ses, quatro edições arrasadoras fos- jornalista, lembro de chegar sempre me perguntei o que era feito das sem publicadas. O objetivo inicial do atrasado às aulas de TREP, apelido matérias. Conversando com os pro- jornal, praticamente um tabloide, era da disciplina de Técnicas de Reporta- fessores, descobri o triste destino. O cobrir os assuntos relacionados ao gem, Entrevista e Pesquisa, ministrada limbo. O segundo semestre não dis- campus. Nossa primeira capa sobre em conjunto pelos professores André punha de nenhum produto para os as gincanas do trote renderam até Santoro e Vanderlei Dias. Lá os alunos alunos. Conversando com Vanderlei ameaças de processo. Duas garotas tinham contato direto com a prática e sobre os motivos, chegamos a con- do Centro Acadêmico foram fotogra- o que seria necessário absorver (com clusão de que só faltava alguém dis- fadas durante a brincadeira de passar teoria) para realizar boas reportagens. posto a pensar e propor um projeto. palitinhos - uma tradição quando as Acho que foram as aulas com maior Fiquei responsável por apresentar quadras ainda eram gigantes - em índice de presença - com exceção à dis- uma ideia. No mesmo dia convoquei uma pose nada convencional. Claro, ciplina do mestre Salinas - em todo o meus amigos Guilherme Reed, Felipe exploramos a foto ao máximo, fazen- curso. Com o professor André tivemos Alencar e Érico Salutti. Cada um fi- do uma sequência que acabou sendo contato com grandes reportagens, co- cou encarregado de um aspecto. Éri- discutida por todos os alunos. A se- nhecemos o trabalho de grandes jor- co, por ser fotógrafo, cuidou de toda a gunda capa abordou uma fraude nas eleições do diretório central, o que também gerou bastante repercussão. Desse modo, o Acontece passou de um mero “jornalzinho”, que as pesso- as pegavam com o nariz torcido das mãos dos alunos (que distribuíam os exemplares pra lá e pra cá) para algo aguardado. As edições acabavam logo que saíam da gráfica. Todos se amontoavam ali na praça em frente ao prédio 10. Não era exagero, afinal sempre havia algo novo, divertido e inusitado. Mas, como tudo o que é bom dura pouco, minha turma teve de abando- nar o jornal com a troca de semestre. O veículo se tornou o principal projeto do segundo semestre e fiquei encarre- gado de administrá-lo por um tempo. O trabalho era tão interessante que, durante a semana de comunicação, o Acontece ganhou uma edição di- ária para cobrir o evento. Os alunos cobriam as palestras, entrevistavam pessoas, corriam para a redação (no Chamberlain) e o jornal rodava de madrugada na gráfica, para ser distri- buído na manhã seguinte. Foi o tra- balho mais próximo de uma rotina de jornal que tivemos durante o curso. É muito gratificante notar que, aquele projeto que nasceu da vontade de fazer mais, levar algo interessante a uma audiência e praticar o que é ser Cauã fez uma edição número zero antes de produzir o jornal jornalista, continua vivo até hoje. Acontece • Página 4
  • 6. Memórias do nascimento de um jornal O jornal Acontece mostrou que, apesar de ter apenas saido da maternidade, já tinha dentes Fevereiro de 2005, estávamos no segundo semestre do curso. Após Guilherme Reed Roccha aquele primeiro período de desco- Acontece em 2005 berta das novas amizades e da vida de universitários, a curiosidade de um grupo de quatro amigos voltou- -se para o fato de que não tínhamos A nossa memória pode ser traiço- eira, às vezes. Por exemplo, ao relembrar certos acontecimentos, qualquer publicação interna – nem mesmo um “jornalzinho” - para po- dermos publicar matérias e reporta- temos a certeza de que os relatamos gens escritas para as disciplinas de tal como eles realmente se passaram. nossa grade curricular. “Ora, que Somos pura objetividade. Mas eis preconceito é esse?”, nos pergunta- que alguém que viveu aquela mesma mos, se até para os calouros – para história com você muda um persona- os calouros! - havia espaço para a gem, muda o local, muda a data ou divulgação de seus textos cheirando qualquer um dos elementos que fa- ainda a leite! Era um absurdo ina- zem daquela história algo digno de ceitável! ser transmitido a outrem. Contar um Fomos até o nosso diretor à épo- fato, pois, não significa apenas re- ca, professor Wanderley Dias, e ex- lembrar, mas criar, imaginar, inven- pomos nossa ideia de montar um tar, adaptar. jornal voltado para assuntos inter- Ao receber o convite do professor nos da universidade. Tudo aquilo A edição nº1 denunciou a fraude André Ferreira de escrever um texto que se passasse dentro ou no entor- relembrando a criação e o início do no mais próximo do Mackenzie po- na eleição do DACAM jornal Acontece, essa ideia me veio deria virar assunto de reportagem. dantes). Perto do que vemos e ouvi- ao espírito, misturada com os fiapos Nosso diretor topou na hora! “É isso mos nesse caso, a confusão provoca- de momentos relacionados àque- aí, pessoal! Me tragam um proje- da pela foto reveladora foi coisa de la época, há longínquos seis anos. to gráfico e começamos a dividir os iniciante. Infelizmente aqui não há Pouco a pouco, esses fiapos foram grupos, a escolher os temas e a es- espaço para maiores detalhes, mas se juntando para finalmente formar crever as matérias!” para quem tiver interesse em saber uma espécie de colcha de retalhos. Fomos à luta! Num formato sim- mais, vale a pena conversar com os Pode parecer estranho falar assim ples, que estimulasse a leitura do professores ou pesquisar nos arqui- num texto desse tipo, mas acho que jornal por todos os mackenzistas e vos da faculdade ou dos alunos da- serve de alerta para futuros jorna- não só dos estudantes de Jornalis- quele semestre que guardaram seus listas, que irão colher muitos depoi- mo e com a inclusão de fotos nas exemplares. mentos e relatos ao longo da carrei- matérias de destaque, soltamos o Apresentando o jornal dessa ma- ra. Passemos então à minha versão primeiro número. E que primei- neira, pode parecer que ele buscava da história. ro número! De maneira um pouco apenas atiçar os ânimos de um ou provocadora e bem-humorada, pu- outro lado. Não, não era bem assim. blicamos uma foto feita durante a Na maior parte dos textos, os assun- Gincana dos Bixos. Nela, duas ga- tos não causavam tamanha comoção rotas davam um delicado beijo. Pra pública. De qualquer maneira, é pre- quê? Começou a polêmica! À parte ciso levar em conta que éramos estu- ameaças de processo das duas mo- dantes dispostos a não só aprender, ças e o “te pego na saída” dos ami- mas a melhorar o curso enquanto gos das moças, o episódio provocou estávamos dentro da universidade. E uma interessante discussão sobre o que essas melhorias permanecessem, uso pela imprensa de imagens em para aqueles que viessem depois de ambiente público – sejam de per- nós. sonalidades conhecidas ou célebres E acredito que o Acontece é um anônimos. dos traços relevantes que deixamos A história do Acontece parecia ao passar pelo Mackenzie. Mais tarde, estar destinada à polêmica. No se- vieram outros jornais, revistas, re- gundo número, um colega da minha portagens para a TV Mackenzie...E as sala publicou uma reportagem de- lições aprendidas no Acontece nos Reed foi um dos criadores do nunciando uma fraude nas eleições acompanham até hoje. É como se diz: jornal-laboratório Acontece para o Dacam (diretório dos estu- certas coisas não se esquecem! Acontece • Página 6
  • 7. Edição nº 100 do Acontece! Caramba! Das primeiras noites de fechamento no prédio Camberlain nasceu o jornal diferencial, uma vez que, enquanto Felipe Alencar Moreira o restante da classe escreveria ma- Acontece em 2005 térias, nós teríamos que desenvol- ver um produto mais complexo, in- cluindo a produção de reportagens. Aceitei o desafio. Eu e mais dois E dição nº 100 do Acontece! Ca- ramba, não há como não sentir orgulho. Lembro perfeitamente do amigos assumimos o compromisso junto com o Cauã, contando com a ajuda de mais alguns colaborado- início dessa caminhada. 2º semes- res. tre do curso. Antes da aula, no cor- Claro que não foi algo simples. redor, o Cauã me mostrou alguns Nem imaginávamos que seria. Pen- papéis bastante rabiscados. Então, sar no nome do jornal, projeto grá- ele me contou que tinha conversa- fico, editorias, pautas... Era muita do com o professor Vanderlei Dias coisa. Mas aos poucos fomos acer- Felipe, hoje na ESPN Brasil sobre a possibilidade de criar um tando. As reuniões eram constan- É impossível falar do ‘nascimen- jornal para a disciplina. Quando tes: na própria faculdade, na casa to’ do Acontece sem citar a polêmi- terminou de me explicar a ideia, de alguém, no bar. O esforço valia a ca que vivenciamos. Decidimos que logo me convidou para fazer parte pena. Eu percebia, com todo o pro- o jornal teria uma parte denominada do projeto. Seria, sem dúvida, um cesso de criação do jornal, que o jor- ‘Em Foco’. Nela, tentaríamos sempre nalismo era mesmo a minha colocar apenas uma imagem e uma paixão. E as dificuldades só legenda. E a primeira foto causou um traziam mais motivação. Lem- reboliço tremendo. Ela mostrava duas bro de noites que passamos no meninas durante uma brincadeira na Chamberlain dando vida para gincana dos calouros. Mas as garotas o Acontece. Foram momen- não gostaram muito quando viram a tos muito marcantes da minha foto no jornal.... época como mackenzista. E não é que o Acontece se trans- O fato é que o Acontece formou em um produto laboratório do representou um aprendiza- curso de jornalismo? Confesso que, do inesquecível para mim. As desde o momento que aceitei o desa- lembranças do fechamento da fio de participar da criação do jornal, primeira edição do jornal, por nunca imaginei que ele chegaria tão exemplo, permanecem vivas longe. A intenção, claro, sempre foi na minha memória. Como era fazer um trabalho de qualidade, mas é complicado editar as matérias difícil de acreditar que fundamos um dentro dos espaços pré-esta- produto que pode ser muito útil para belecidos. Não foram raras as todos os estudantes de jornalismo da vezes que ‘apanhamos’ do Pa- Universidade Presbiteriana Macken- geMaker. Pensar em manche- zie. tes, fazer chamadas criativas, Só posso dizer que, para mim, a elaborar uma capa bacana, experiência foi extremamente vá- escrever o editorial... ufa! O lida. O Acontece permitiu que eu Acontece estava criado. colocasse em prática os conheci- Se não me engano, a minha mentos que estava adquirindo na matéria na primeira edição do faculdade. Além disso, ele mesmo jornal era sobre uma palestra me ensinou muitas coisas. Jor- que teve no Mackenzie. Uma nalismo se aprende na teoria e na palestra importante. Acompa- prática. Hoje, na redação da ESPN nhei de perto as palavras ditas Brasil, mesmo sem trabalhar com por Gabriel Chalita, na época jornal impresso, garanto que levo Secretário de Educação de São comigo uma série de coisas que Paulo, e atualmente deputado aprendi nessa época de desenvolvi- federal. Foi uma grande res- mento do Acontece. E desejo, ob- ponsabilidade colocar no Acon- viamente, vida longa para ele. Que tece uma matéria desse teor. muitos estudantes o utilizem de Logo, foi mais uma importante forma satisfatória para o aprendi- experiência pessoal também. zado da profissão. Acontece • Página 7
  • 8. Dedicação e amor ao jornalismo desde cedo Publicação ganha periodicidade de jornal de respeito com a energia dos primeiro anistas do curso Através da cobertura de Edson Capoano regiões centrais da cidade, o Acontece em 2005/2009 Acontece proporcionava o aluno conhecer a cidade de São Paulo, suas diversas fa- cetas e grupos sociais. O exer- cício do ouvir jornalístico é A experiência de produzir o jornal uma das virtudes que deve ser Acontece é interessante tanto exercitada desde os jornais ao professor da disciplina quanto aos laboratório como o Aconte- alunos que o realizam desde a pau- ce, e o que pode parecer in- ta até a edição final. Aprendi muito teressante em uma reunião como gerenciar uma equipe de jovens de pauta ou à comunidade estudantes, e espero ter contribuído mackenzista, de quase 50 mil para sua formação, através dos ensi- pessoas, pode não ser perti- namentos teóricos e práticos que lhes nente ou atraente aos 11 mi- ofereci. lhões de paulistanos, leitores O jornal sempre teve um desafio e espectadores dos jornalistas a superar. As equipes se mantinham que estão por vir. apenas um semestre na produção, o Durante o primeiro pe- que lhes garantia aprendizagem dos ríodo em que fui editor do processos jornalísticos, mas não man- jornal, tivemos a felicidade tinha um grupo mais experiente para a de publicar semanalmente o seqüência do trabalho. Assim, era co- Acontece, graças a uma ge- Sob a orientação de Edson, o Acontece mum o jornal melhorar de qualidade ração de alunos dedicados e atingiu periodicidade semanal, em 2006 ao longo do semestre mas, no período compreensivos de que o jor- seguinte, o trabalho começava do zero. nal era um produto coletivo, Por parte dos alunos, a evolução de não apenas a chance de uma publi- o dia cobrindo palestras e ações so- uma cobertura introdutória dos fatos cação individual ou só uma discipli- ciais, e a noite fechando os jornais era sua maior conquista, através da na universitária. O resultado disso para serem rodados na gráfica do aplicação do gênero notícia: contar foram 14 edições por semestre, com Mackenzie. atualidades, alterações da normali- reportagens editadas entre 120 alu- Frente a tanto esforço e vontade, dade, com envolvimento de parcelas nos das duas salas de Jornalismo de alguns alunos começam a despontar expressivas da sociedade. então. A coordenação dessa equipe como jornalistas de corpo e alma. A também saíra como um aprendizado, vontade de ouvir, aprender e contar onde jovens estudantes encontraram salta de seus textos, mostrando aos sua veia gerencial frente aos fecha- professores que o exercício de jor- mentos das edições. Esse trabalho nais laboratório como o Acontece é proporcionou edições extras, as cha- essencial para o desenvolvimento de madas “gavetas”, jornais extras que novos talentos. Ambição pela melhor garantiriam a transição de equipes matéria, esforço nos momentos de sem interrupção das publicações. produção e reportagem e perfeccio- As gerações seguintes de alunos nismo nos processos de edição são seguiram surpreendendo em quali- mostras frequentes da nova geração dade e esforço, quando começamos de jornalistas que o Mackenzie tem o a fazer “Aconteces customizados” a orgulho de formar, jovens que já tra- eventos internos da UPM. Congres- zem essas qualidades dentro de si. A sos, seminários e semanas temáticas conclusão que chego quando compa- das unidades universitárias eram co- ram o estágio em empresas com jor- bertas por repórteres que, junto a edi- nais como o Acontece é que ambas tores da sala, fechavam exemplares proporcionam importantes chances dirigidos a públicos alvo específicos. de aprendizagem prática. Cabe ao alu- Tampouco podemos nos esquecer no dedicar-se na universidade tanto das coberturas diárias dos eventos do quanto deve fazê-lo em um veículo de CCL, como o então Encontro de Co- comunicação onde almeja ser empre- municação e Letras (hoje Encontro gado. Dedicação e amor ao ofício são Edições especias: todos os CCL) e o Dia Mackenzie Voluntário, as chaves para um bom jornalismo e eventos foram cobertos onde alunos voluntários passavam felicidade na carreira. Acontece • Página 8
  • 9. Quando podemos errar O instinto de repórter do aluno Rafael foi forjado no período de maior produção aprender, na marra, a trabalhar Rafael Fonseca em equipe, afinal, se a matéria do repórter X não chegar a tempo, Acontece em 2006/2007 o jornal tem que sair do mes- mo jeito. Lembro-me, também, que uma das primeiras matérias que escrevi foi sobre uma tal faixa preferencial S e não me trai a memória, foi no para motos que a final de 2006 que recebi a incum- CET estava im- bência de cobrir o II Encontro de Pro- plementando na fessores de Jornalismo do Estado de cidade. Conver- São Paulo, que aconteceria no Ma- sei com moto- ckenzie. Para alguns pode não parecer ciclistas, en- muito, mas aos meus olhos, à época, genheiros de aquela era uma oportunidade e tanto tráfego e mo- de testar o que estava aprendendo na toristas. Es- faculdade. Ah, claro, a cobertura era crevi o texto para o Acontece. e senti uma O combinado era que faríamos satisfação tre- uma edição especial do jornal com menda quando seis matérias sobre o Encontro. Des- vi a matéria sa maneira, tive que fazer reportagem publicada. e edição. Fiquei muito empolgado e Hoje, relen- após inúmeras conversas com pro- do aqueles textos, fessores de várias faculdades de São vejo o quanto evo- Paulo, voltei ao prédio Chamberlain luímos como profis- para escrever os textos. São momen- sionais em apenas tos como esse que nos fazem refletir alguns meses. As maté- sobre o Jornalismo. Naquele dia, rias finais, em sua maio- tive a certeza de que havia escolhido ria, eram muito melhores a profissão certa. Só não tinha muita e mais completas que as certeza se daria conta de fechar a edi- primeiras. E, sem dúvida, ção especial. aquela foi uma época Naquele semestre, o professor muito importante Edson nos desafiou a fazermos uma para a minha carrei- edição por semana do Acontece. ra. Devo, é claro, boa Foi uma experiência muito boa. Vi- parte desse desenvolvimen- mos na prática um pouco da correria to ao suporte do professor que é um fechamento. Tivemos que Edson Capoano e dos colegas, que sempre leva- ram muito a sério o trabalho do jornal. Àqueles que co- meçam agora a es- crever para o Acon- tece, lembrem-se Rafael é mestrando em Letras e que essa é uma opor- repórter da TV Mackenzie tunidade única para seus jornais senão como laboratórios errar. Errar por ter para tentarmos coisas e ideias novas? entrevistado muita A edição especial sobre o Encontro gente. Errar porque de Professores atrasou dois dias. Em sua matéria extra- uma redação comum eu provavel- polou o limite de to- mente perderia o emprego. Na fa- ques. Errar porque culdade, fiquei emocionado quando não disse tudo o que vi a edição rodando nas mãos dos queria. Afinal, de que alunos. (E, claro, não escapei de uma Primeiros elogios e primeiras broncas: Acontece vale a faculdade e bronca do professor!). Acontece • Página 9
  • 10. Há cem edições, sempre Acontece! Fazer reportagens, editar, trabalhar fora do horário de aula, resultado: um jornal semanal Simples: coordenava as reporta- Stephanie Lotufo gens, cobrava os meus colegas, cor- rigia os textos e ajudava os editores, Acontece em 2006 outros colegas de sala, a determinar- mos o que seria reportagem de capa e tudo mais. A minha grande companheira de E stou formada há praticamente reportagem foi a minha amiga Raíssa dois anos e participei do segundo Abdalla. ano do Jornal Acontece, produzido Fizemos todas as matérias juntas pela turma de Jornalismo, do Cen- e foi uma grande parceria! Sempre tro de Comunicação e Letras, do Ma- conseguíamos equilibrar as nossas ckenzie. Buscando nos meus arquivos participações entre conseguirmos os pessoais e pelas minhas contas, pude entrevistados, as fotos e a paginação. contribuir em pelo menos seis edições O primeiro jornal que participei durante o segundo semestre do curso. foi uma cobertura especial no 2º Fo- Foram jornais para a disciplina de rExt (Fórum de extensão universitária texto e também outros extra-curricu- de discentes). Nunca tinha saído para lares. uma reportagem e fomos para Guaru- O Acontece foi uma das minhas lhos, no acampamento do Mackenzie, Stephanie foi atuante na fase primeiras experiências práticas que descobrir, in loco, como era fazer uma mais produtiva do Acontece tive na faculdade e um grande apren- matéria. Já faz cinco anos e parece que um conselho é de que as próximas dizado. Além de mexermos com a re- foi ontem que chegamos ao local, em turmas que executarem o Acontece portagem em si pensando em pautas e carro próprio, e fomos ver o que iria procurem fazer isso. Minha formação procurando entrevistados, nós tínha- acontecer. Como qualquer jornalis- e meu trabalho atual me fazem pen- mos que fazer todo o resto: editar o ta, perguntamos. E muito! Tínhamos sar que os alunos de jornalismo de- texto, tirar as fotografias e, inclusive, que saber quem eram os responsáveis vem se esforçar mais nas reportagens paginar a revista. Na época, tivemos pelo evento, quais eram as palestras práticas. É isso que faz a diferença lá que aprender a mexer no programa que iam acontecer e tudo mais. Aos na frente. InDesign, que paginava tudo pelo poucos, nossa turma foi se ambien- Dependendo da área que seguir na computador e era uma total novidade. tando e fazendo as tarefas adequadas. carreira, saber procurar um bom en- Foi um grande desafio. Lembro Uma experiência enriquecedora. trevistado é o mínimo no dia a dia. E o que meus colegas e eu ficávamos Com as aulas na própria faculda- Acontece pode ajudar, plantando a se- sempre fora do horário da aula para de, coordenadas pelo professor Ed- mentinha da curiosidade nos alunos produzirmos o jornal. Em algumas son Capoano, fomos conseguindo nos logo no início do curso. edições fui editora e em outras sub- ambientar mais com a prática do jor- Outra grande experiência que o -editora, além de repórter. O que isso nalismo escrito, pensamos em outras Acontece me proporcionou foi poder significa? pautas e produzimos outros jornais. participar de duas coberturas bem di- Relendo as edições ferentes: o Dia Mackenzie Voluntário que participei, percebi e a edição especial para o Encontro que não corríamos, de CCL. fato, atrás das fontes. Revendo os jornais e vendo como É claro que no se- a minha vida profissional se encontra gundo semestre da fa- atualmente chego a uma conclusão: o culdade nem passa pela que mais me atrai no jornalismo e o nossa cabeça procurar- que eu mais amo na profissão é essa mos as pessoas “exatas” diversidade de assuntos. Não conhe- para entrevistarmos. ço outra atividade que você possa um Procuramos através de dia falar sobre voluntariado e no ou- amigos e parentes a so- tro sobre palestras de jornalistas de lução para nossa repor- referência. E foi isso que o Acontece tagem. Refletindo sobre me ajudou logo no segundo semestre isso, acredito que esse da faculdade e que de alguma forma esforço deveria ter sido sempre levo na vida. maior, ainda mais que Espero que os alunos que hoje es- nessa época a maioria tão no segundo semestre e os próxi- Stephanie debutou no jornal com uma matéria de nós ainda tem um mos que virão possam aproveitar ao escrita em quatro pessoas certo tempo livre. E máximo essa experiência. Acontece • Página 10
  • 11. Com os alunos, um passo de cada vez Na redação do jornal-laboratório se vivencia todo o drama da reportagem passava de vez em quando por lá. Acontece diário Na vez seguinte, ela o encontrou. André N. D. Ferreira No semestre seguinte, já dividin- Tratava-se de um pedreiro morador Acontece 2007/2009 e 2011 do as turmas com o professor Lucas do Vale do Paraíba, que plantava as Pires, decidimos cobrir com o Acon- mudinhas, as benzia em sua igreja e tece a semana de comunicação, que, distribuía sozinho, tanto na capital, A beleza e a força do Jornal-Labo- ratório Acontece está no fato de é nele que os jovens estudantes naquela época, acontecia durante os cinco dias da semana. Selecionando alguns alunos voluntários, o ritmo quanto em algumas cidades do lito- ral. A matéria mostrou a vida deste homem, muito próximo do que se debutam na trajetória que os levará pesado fez as primeiras publicações considera miséria, fazendo um tra- ao mercado. É o primeiro lugar em terem problemas, até que atingimos balho, de forma voluntária, que é que eles exercitam as técnicas de re- a perfeição na quarta. Os alunos que responsabilidade do governo. portagem assim como experimentam cobriam as palestras e depois cor- a competição saudável para publicar riam para escrever na sala 43, onde A pauta recorrente seus textos pela primeira vez. A sen- a diagramação também era feita, o Algumas pautas surgem o ano sação de poder que a primeira maté- arquivo finalizado era enviado para todo. Assuntos como: “alimentação ria publicada e também a decepção a gráfica do Mackenzie, que o impri- no Mackenzie”; “O que é o DACAM”; em se ouvir críticas do professor a mia e, lá pelas 10h, estava nas gôn- “JUCA”; “Os ambulantes da Itanbé” um texto que eles julgavam perfeito dolas. Os alunos que participaram e “O futuro Metrô na Consolação”. marcarão para sempre estes jovens. desta experiência adoraram, e os Em 2009, as alunas Olívia Guariba E esta força passa também para os que passaram pelo Acontece com e Domitila Gonzalez, trouxeram esta professores que os orientam, como o laboratório antigo, morreram de última. Cético, avisei sobre a pouca eu, que valorizo o Acontece mais inveja. chance de execução da pauta, inúme- que todos os outros produtos do cur- ras vezes apresentadas, e nunca, de so exatamente por manter a aura da A pauta fácil fato, bem executada, mas elas insis- ‘primeira vez’. Como esta é a primeira vez que os tiram. Três semanas depois eis que Era o início do ano de 2007, alunos de jornalismo produzem e pu- surgem com a matéria completa, não quando peguei minhas primeiras blicam na vida, a percepção da notí- só com as informações básicas bem turmas de TREP (Teoria de repor- cia ainda é pouca. Houve duas alunas, apuradas mas com as fotos exclusi- tagem entrevista e pesquisa), eram Carolina Cagno e Fernanda Kiehl, que vas dos subterrâneos em construção as turmas J 1 e J 2, e eu fui para a optaram por uma pauta fácil: entre- da Linha Amarela que elas percorre- primeira aula. vistar um mendigo. Isto não é apro- ram para fazer a matéria. O resultado priado por diversos motivos, mas as para esta matéria foi um só: capa do O Laboratório de TREP meninas, iniciaram uma conversa Acontece. No primeiro dia de aula, girei a com um deles, e, para combinarem maçaneta do laboratório 44 e me a entrevista, elas perguntaram como surpreendi por ele nem sequer estar poderiam encontrá-lo de novo e a res- trancado, e, ao abrir a porta, descobri posta foi surpreendente: “me manda o porquê. A sala estava equipada com um email”. Neste momento a pauta uns vinte PowerMacs da série 900, se transformou no acesso ao mundo já obsoletos, e que, naquela época, digital propiciado pela instalação de a maioria nem sequer ligava, outros computadores nos albergues da cida- tinham teclados com letras que não de. funcionavam. Certa vez, a aluna Lae- le Machado, colocou um disquete no O Bom faro drive e ouviu um som de queda: só ha- Caminhando pela Paulista, a via um buraco sem driver. Impossível aluna Fabíola Nascimento, se en- realizar o jornal. controu em frente ao Parque Tria- O jeito foi apelar para papel a dia- non, quando, próxima aos floristas gramar fora da sala de aula. Durante que lá estavam reparou em algumas este primeiro semestre, só um foi pu- pequenas mudas com uma plaqui- blicado. Mas o material foi guardado nha escrita à mão com “me leve e, no semestre seguinte, quando o la- para casa”. Curiosa, ela perguntou boratório 43 foi montado, três alunos aos vendedores se aquilo era deles. voluntários, fora do período de aula, Ela ouviu que aquilo era deixado Renato Santana, Mayara Koike e Su- por uma outra pessoa. Perguntan- zana Cruz, produziram outros três do npelos bares próximos, desco- André realizou seus primeiros números. briu que a pessoa que fazia aquilo jornais sem laboratório Acontece • Página 11
  • 12. Vontade acima de tudo O então aluno, Renato Santana, não só escreveu, como diagramou e atualizou o projeto gráfico jornalista: um la- Renato Santana boratório que pa- recia uma reda- Acontece em 2007 ção, um trabalho organizado de pauta, a publica- J á faz mais de um ano desde que me formei no curso de Jornalis- mo do Mackenzie e posso dizer que ção periódica de notícias que se- riam produzidas tive muita sorte: mal terminei a gra- por nós mesmos duação e já estava trabalhando numa etc. grande empresa. Há mais de um ano Todo esse en- sou redator do portal R7, cuidando tusiasmo me fez dos sites e também das redes sociais ter um olhar mais de alguns programas da Rede Re- carinhoso em re- cord, como Ídolos e A Fazenda, por lação ao Aconte- exemplo. ce. Após ajudar o O que vou dizer agora pode pare- André a fechar al- cer oportunista, em função do con- gumas edições do vite que recebi para escrever para jornal, decidi que esta centésima edição do Aconte- ele (o jornal, não ce, mas é verdade: até hoje, mui- o André) precisa- to do que aprendi na disciplina de ria de uma cara Técnicas de Reportagem, Entrevis- nova. ta e Pesquisa Jornalística aparece Passei algu- diariamente no meu dia a dia pro- mas semanas fissional. nos laboratórios Renato Santana foi o primeiro aluno a vencer o prêmio Isso é especialmente importante de informática Fernando Pacheco Jordão ligado ao Vladimir Herzog porque, ao contrário de um jornal- mexendo no In- -laboratório, em que errar faz parte Design e pensando em um novo pro- to esforço para me lembrar de alunos do caminho, grandes empresas dificil- jeto gráfico. Após receber algumas que levavam a disciplina “nas coxas”, mente admitem erros. orientações do André, apresentei a que inventavam entrevistas e que pla- De forma geral, a única diferença ideia para o Vanderlei, que era o co- giavam textos, por exemplo. entre as matérias que escrevi para o ordenador do curso naquela época, e Talvez alguém já tenha dito isto, Acontece e as que escrevo para o R7 ele deu o sinal verde. Foi, incontes- mas tudo no mundo é relativo. Para é onde elas são publicadas. Fora isso, tavelmente, um dos momentos mais mim, o Acontece foi de grande im- todas precisam ser apuradas, objeti- gratificantes que tive durante todo o portância acadêmica e, sem hesitar, vas e ir direto ao assunto. curso. afirmo que ele me ajudou a ser um Mas apesar de todo esse aprendi- A mudança do Acontece foi uma profissional melhor. Para outros zado que o Acontece proporciona – e grande realização para mim, como que se formaram no Mackenzie, que é o grande objetivo da disciplina estudante, porque era o resultado de contudo, esse charmoso jornal tal- na qual ele se insere –, o que eu re- uma ambição que eu sempre tive: ser vez não tenha tido impacto algum almente levo como uma das minhas diferente; não ser apenas mais um en- em suas vidas e, mesmo assim, te- melhores recordações da faculdade é tre os vários alunos que se formam a nham se tornado profissionais de a mudança no projeto gráfico do jor- cada ano no Mackenzie. Aliás, essa é sucesso. nal. uma característica que dura até hoje Por fim, independentemente de Logo na primeira aula de TREP, na minha vida profissional: faço ques- qual seja a opinião de alguém em lembro que o André Nóbrega, um dos tão de ser o redator que mais escreve relação ao Acontece, quero deixar professores da disciplina, reuniu os notas, o que menos comete erros, o registrado um dos mais importantes alunos no laboratório de informática que mais dá ideias e sugestões de pau- conselhos que recebi no Mackenzie: e perguntou: tas etc. tem gente que passa pela faculdade - Por que vocês decidiram se tor- Mais uma vez corro o risco de soar fazendo quatro anos do mesmo, qua- nar jornalistas? piegas, mas a verdade é simples: a ex- tro anos sendo quadrado. Porém, o Obviamente, isso gerou as mais periência que tive no Acontece foi período da faculdade é um dos poucos diversas respostas, sendo a minha a um dos pontos mais importantes na momentos da carreira de uma profis- mais clichê possível. Porém, o que me minha formação como jornalista. sional em que ele pode ousar, inovar e deixou animado naquele dia foi ter Obviamente, isso não acontece até mesmo testar sabendo que vai não uma sensação mais realista de ser um com todos. Eu não preciso fazer mui- vai dar certo. Acontece • Página 12
  • 13. Vida longa ao Acontece “Algumas edições sairam boas, outras nem tanto, e, sou sincero, algumas prefiro esquecer” Lucas Pires Acontece 2007/2010 L á se vão alguns anos de Aconte- ce. Foram vários deles corrigin- do reportagens, editando textos e até diagramando. Algumas edições saí- ram bem boas, outras nem tantos, e, sou sincero, algumas prefiro esquecer, mas tudo ali é aprendizado, para alu- nos e também professores. Caso con- trário não seria um jornal-laboratório. O Acontece é o primeiro estágio do aluno com a reportagem. Segundo semestre, a moçada nem sabe o que é reportagem. Pensa que entrevistar pai, mãe, irmão do namorado ou pa- rente de amigo – quando não o pró- prio colega de classe! – é fazer repor- tagem. Longe disso, e o que sempre frisamos ali, naquele momento inau- gural, é que sair de casa e da frente do computador é essencial. Sem discursos batidos de que jor- nalismo se faz na rua, que é preciso gastar sola de sapato, porque isso já passou. Claro que o jornalista é profis- são tipicamente urbana, de observa- ção dos acontecimentos nas cidades, mas isso não quer dizer que ele tenha que ser exclusivamente feito nas ruas. O professor Lucas produziu o Acontece com muitas turmas Produto da modernidade sim, e jus- um primeiro passo para essa carreira alunos, nos aproxima deles. Sempre tamente por isso atualmente ele se chamada jornalismo. É quando o aluno vi que turmas com quem trabalhei faz em qualquer lugar, por qualquer tem um veículo onde publicar. Está cer- ali ficaram mais próximas, pois esta- meio – pessoalmente, por telefone, to que há problemas que inviabilizam a belecemos uma relação quase profis- via e-mail, redes sociais, comunica- impressão e muitos acabam existindo sional. Eu cobro, corrijo, exijo, critico dor instantâneo, o que vierem mais apenas nos famosos PDFs, mas essa é quando é preciso e elogio quando con- a inventar. O essencial do jornalismo outra história, para outros 5 anos... vém. Tal qual um editor, é preciso exi- é ir atrás das coisas, das pessoas, dos Ajudei na produção do Acontece gir prazo, fontes diversas e dar bronca acontecimentos, da realidade que está por 3 anos e meio. Ali vivi muita coisa. quando não se cumpre o mínimo de à mostra diariamente. Já cobrimos Semana de Comunicação exigência. Jornalista pesquisa, jornalista faz a ponto de publicarmos uma edição Mesmo assim, ouvimos – tanto de contato, jornalista entrevista, jorna- por dia do evento; já fizemos edições quem faz e de quem lê – de tudo a lista apura, jornalista escreve, jorna- especiais com perfis e de eleições; já respeito do Acontece. Nas conver- lista pensa e publica. Jornalista corre cobrimos até eventos acadêmicos de sas de elevador você escuta coisas atrás, vai aonde precisa ir, encontra as outros cursos, como o de Psicologia! do tipo: “Não presta”, “Ninguém lê”, fontes certas e mais apropriadas, con- A experiência foi-me sempre gratifi- “ O professor X meteu o pau no jor- vence quem não quer falar a falar, traz cante. Dificuldades são corriqueiras, nal”, e por aí vai. Mas também já ouvi o conhecimento de fontes especializa- fazem parte do desafio de lidar com coisas boas, elogiando reportagens e das de forma a que todos entendam. 60 alunos por vez e ter de tirar des- tudo mais. Mas o melhor é ver o alu- Tudo em nome da melhor informa- sa miríade de cabeças pensantes uma no com vários exemplares nas mãos. ção, pensando no que o público quer edição de 8 ou 12 páginas... “Tô levando para casa para dar pro e precisa conhecer. Fazer esse jornal amado e odiado pessoal de lá”. A primeira publicação O Acontece, dentro de sua hete- ao mesmo tempo impõe a nós, pro- a gente nunca esquece. Vida longa ao rogeneidade de produção, busca trazer fessores, um contato maior com os Acontece. Acontece • Página 13
  • 14. Uma nova grade, o mesmo Acontece O Acontece é a primeira ferramenta que nos ensina o que é o jornalismo de verdade a Universidade, o curso estaria mais fontes, talvez por falta de vontade em Gustavo Quattrone voltado para a preparação do aluno colaborar com meros estudantes. Já Acontece em 2009 para o mercado de trabalho, propon- com relação às informações, talvez do-se a ser mais prático. nós mesmos não soubéssemos onde Não posso comparar a nova grade encontrá-las. Além disso ainda há a curricular com a antiga, até porque criação de um estilo próprio de escri- Q uando concluímos o Jardim, sa- bemos que estamos nos encami- nhando para o Ensino Fundamental. não tive a oportunidade de conhecê- -la profundamente. Mas não tenho muito ao que me queixar da nova ta, aprendizados de como se escrever um texto jornalístico, como usar cita- ções, aspas simples e duplas, verbos Quando concluímos o Ensino Funda- grade. Claro, sempre há uma disci- descentes etc. mental, sabemos que chegou a hora de plina ou outra que não entendemos Mas não apenas isso torna o Acon- cursar o Ensino Médio. Mas e quando o sentido, mas tudo é bagagem para tece uma interessante ferramenta. O concluímos o Ensino Médio, o que fa- quem está interessado em absorver jornal aguça nos jovens jornalistas o remos na sequência? conhecimento. desejo de ter seu esforço estampado As opções são tantas: Adminis- Quando começamos a estudar em um veículo de comunicação. Ain- tração, Marketing, Engenharias, Ar- Jornalismo logo pensamos: “escre- da que sendo um veículo que circula quitetura, Matemática, Letras, De- ver todo mundo sabe, é fácil, fácil”. apenas internamente ao prédio de sign etc. Eu poderia ocupar todo esse Mas nem sempre todos nascem com Comunicação e Letras, o jornal é um espaço apenas levantando todas as o dom da escrita. E ela, como tudo na estímulo ao jovem jornalista que sabe opções de cursos universitários exis- vida, pode ser aprendida e aperfeiço- que alguém lerá seu texto, ainda que tentes no mercado. Só na revista Al- ada. Para isso, é necessário ler muito, por curiosidade, mas lerá. manaque do Estudante 2011 existem mas ler atentamente e não apenas ler No Mackenzie, outros veículos 503 carreiras diferentes para se esco- por ler. Isso eu só aprendi com o de- laboratórios também possuem essa lher. Isso sem contar deixar os estu- correr do curso. E além de ler, exer- função. O jornal Comum, o Diretriz e dos para se dedicar a uma atividade citar. Só escreve bem quem escreve o Maria Antônia (ainda que o último remunerada, o que nunca passou por muito. tenha maior repercussão e tiragem minha cabeça. E nesse aspecto, eu penso que a que os demais) são bons exemplos. Comecei a cursar Jornalismo (com atual grade curricular de Comunica- Hoje, estou cursando no 6˚ semestre o nome de Comunicação Social na ção Social – Jornalismo é muito boa. e sei que a universidade tem dado óti- UP Mackenzie) no começo de 2009. Nós alunos fomos, desde o primeiro mas oportunidades para desenvolvi- Para minha surpresa, a grade curri- semestre, muito incentivados a ler e mento de potencial. E sei também que cular havia acabado de sofrer algumas a escrever muito. Logo no primeiro as oportunidades devem ser aprovei- modificações. E a primeira turma a semestre, em Conceitos Fundamen- tadas desde já. experimentá-la era a minha. Segundo tais do Jornalismo e da Notícia, fo- mos avaliados por textos posta- dos em um blog que deveria ser atualizado mais de uma vez por semana. Já no segundo semestre, tive- mos contato com outra ferramen- ta de aperfeiçoamento de texto, um jornal laboratório. O Acon- tece, que chega agora a sua 100ª edição, foi o primeiro jornal labo- ratório para o qual escrevemos. De um total de quatro edições, eu, juntamente com minha dupla (Rafael Bueno), estive presente em três. O Acontece é um jornal mui- to importante para o nosso de- senvolvimento profissional. Por meio dele, apresenta-se o que é o real Jornalismo. Parece fácil pro- duzir uma reportagem impressa, mas as informações procuradas e Gustavo conseguiu a capa do as fontes nem sempre são encon- primeiro Acontece na grade nova tradas facilmente. No caso das Acontece • Página 14
  • 15. O aluno que mais ‘aconteceu’ Com muita esforço Renato Blasco deixou sua marca no jornal-laboratório como pessoa. Enfim, quando come- Renato Blasco cei as aulas na faculdade não tinha Acontece 2008/2009 e 2011 certeza se era isso realmente o que eu queria para a minha vida, ficar es- crevendo textos e lendo as teorias do A o entrar na faculdade me depa- rei com um mundo totalmente novo, algo que jamais pensei em um jornalismo, Edgar Morrin virou quase um parente de tanto que li sobre o fi- lósofo. dia conhecer. Também pudera, afi- Confesso que eu era um tanto nal sou de Santos uma cidade rela- quanto desleixado, “empurrava tudo tivamente pequena, apesar de ser a com a barriga”. A única coisa que eu maior do litoral paulista e ter o maior fazia direito e com vontade eram as porto da América Latina. Para fazer a matérias para o jornal Acontece. Universidade tive de mudar de cida- Era uma forma com certeza de estar de e enfrentar a aquela que é literal- mais próximo de uma provável rea- mente uma selva de pedras, a grande lidade após a conclusão dos estudos. São Paulo. Lembro de muitas matérias, mas O começo não foi nada fácil, ficar uma foi marcante. Claro que a maté- O grupo de torcedores estavam pela sozinho trancafiado em um aparta- ria falava sobre o São Paulo Futebol primeira vez reunidos para ver um mento sem conhecer ninguém é no Clube, uma de minhas paixões. Ao jogo do tricolor “in loco”, eles pre- mínimo uma experiência estranha, lado do meu parceiro de pauta e ma- gavam uma nova maneira de torcer, pelo menos no seu começo. Mas era téria, Fábio Gomes (um grande ami- que se baseava em empurrar o time algo do que não tinha o que reclamar, go,) fui ao estádio do Morumbi ver o a todo instante, com novas musicas pois eu mesmo que escolhi essa mu- jogo do campeonato brasileiro entre e o hino do clube, sem jamais xingar dança radical de vida. E essa vivência São Paulo e Barueri, para depois falar os jogadores. Mas vocês devem estar adquirida fez com que eu crescesse com integrantes de uma nova torcida. se perguntando, por que me marcou tanto essa matéria. Simplesmente me marcou, pois lá eu estava enxergan- Apesar de sua mo- do a mim mesmo como um jornalis- déstia em relatar a ex- ta totalmente imparcial, e não como um mero torcedor que quando o seu periência no Acontece, time perde fica irritado com tudo e em 2008, nesta primei- com todos. Sem duvidas foi a primei- ra tentativa, Renato não ra grande experiência que tive como conseguiu aprovação. jornalista. Na segunda vez, ele for- Entrei jovem na faculdade, com mou parceria com um apenas 19 anos. Era muito imaturo e aluno, também fazendo achava que aula não era nada impor- pela segunda vez, que tante, queria ficar no bar conhecendo desistiu da disciplina no as pessoas. Mas isso mudou, tranquei meio do semestre, dei- a faculdade por um período de seis meses, fiz alguns cursos e viajei para xando-o ‘na mão’, por Matéria separadas por quase quatro anos fora, logo que acabei o quarto semes- assim dizer. tre, e quando voltei minha cabeça es- No semestre seguinte. houve outra tentativa frustrada de aprovação, mas tava totalmente mudada, agora com desta vez, ele próprio deixou de cursar a universidade por algum tempo. 23 anos sei que estou mais maduro e Eis que, finalmente, em 2011, o intrépido Renato Blasco retorna penso em só ficar na sala de aula e es- para o curso, este que, com uma grade diferente, ele não mais cursa- tudar, e o bar que fique para depois, ria TREP e sim Pauta e Apuração, para executar, novamente, matéria conheço pessoas do mesmo jeito já para o Acontece. que com a mudança de grade estou Desta vez a história foi diferente. Em parceria com Eduardo Wata- fazendo muitas matérias em diversas nabe, ele concluiu sua história no jornal-labotatório conseguindo pu- salas. Fato é que a faculdade é um lugar blicar uma segunda matéria, desta vez retratando os guardadores de incrível, onde convivemos com pes- carro, publicada na recente edição 92. soas totalmente diferentes da gente e Mas não se sinta excluido, Renato, o Acontece é a sua casa, as com um mundo totalmente inexplo- portas estão abertas para a sua nova participação, que, com esta, já se rável, não troco essa fase da vida por somam cinco semestres de participação. nada. Acontece • Página 15
  • 16. A dona do recorde de publicações A pequena Olivia Guariba teve todas as sua matérias publicadas e ganhou uma capa de edição, performance até hoje não igualada por outro aluno regular no Acontece na mesmice. Decidimos que tentaríamos entrar na obra Olivia Guariba do metrô e fazer uma maté- Acontece em 2008 ria sob os trilhos do metrô, literalmente. Sim, entramos na obra O sonho de todo estudante de jor- nalismo é ter uma matéria pu- blicada, e se essa for capa, melhor da Linha - 4 Amarela nas estações de Higienópolis- Mackenzie e República e ainda. O meu não era diferente do de fomos acompanhadas pelo ninguém e além de conseguir a capa, engenheiro Waldir Gian- ainda tive todas as minhas matérias notti durante todo o trajeto, publicadas. munidas de capacete laran- No primeiro ano de faculdades, ja, botas, bloco de anotação mais especificamente no segundo se- e maquina fotográfica. mestre do curso de jornalismo pude Andando pelo “submun- realizar esse sonho. Os alunos deve- do” do metrô descobrimos riam fazer reportagens para o jornal que o que difere essa obra laboratório Acontece e minha par- das demais, é o Schield uma ceira de reportagem e eu decidimos escavadeira de 75 metros fazer sobre a Linha - 4 Amarela do de comprimento e 1800 to- metrô. neladas que, durante a es- É um assunto muito batido, dizia cavação, não emite ruídos todos, inclusive meu professor. Mas e vibrações na superfície do Olivia fez intercâmbio em Salamanca insisti na pauta, porque prometi que solo. minha matéria foi um sucesso, con- minha matéria seria diferente e abor- A estação República foi inaugu- seguimos a tão almejada capa da pri- daria outro ângulo, e que não cairia rada com um ano de atraso, mais a meira edição do Acontece do nosso se- mestre. Mais a melhor experiência foi poder estar a 32 metros da superfície e conhecer como funciona uma obra dessa magnitude e que vai mudar a vida de milhares de pessoas. Impulsionada pelo sucesso, pu- blicamos uma matéria sobre a então recente Lei Antifumo no Estado de São Paulo e seus prós e contras para os fumantes e donos de bares e bala- das na capital paulista. Aproveitamos para traçar um paralelo entre a déca- da de 70, quando fumar significava ter status e ser Cult e era estimulado pela Indústria cinematográfica de Hollywood, e os dias de hoje. Outras matérias que entraram para o curriculo foram o Festival do Minuto, ocorrido no Masp e Bem Es- tar e exercícios físicos. O Acontece é importante porque é a primeira oportunidade de escrever uma ma- téria de cunho jornalístico que temos na faculdade, o ambiente simula uma redação de jornal, onde aprimoramos técnicas de reportagens, entrevistas, fotografias, sentimos a pressão do prazo de entrega e a competitividade para obter a melhor matéria ou até um furo. Acontece • Página 16