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BACTERIOSES

      Emília Spanghero
Bacterioses
• As bactérias são organismos que podem ter uma
  enorme importância em piscicultura pelas doenças
  que provocam, as quais frequentemente tem um
  impacto econômico apreciável nas populações de
  peixes.
Bacterioses
• Taxas de mortalidades: são por vezes muito elevadas.

• Por outro lado, algumas bacterioses são de
  tratamento bastante difícil e pouco eficaz.

• No estudo das bactérias de peixes é necessário
  considerar vários fatores que intervêm de modo mais
  ou menos determinante no estabelecimento das
  infecções.
Bacterioses
• Em primeiro lugar é importante frisar que a maior
  parte das bactérias são organismos que fazem parte
  da comunidade bacteriana normal da água, sendo
  encontradas à superfície dos peixes e nas respectivas
  brânquias.
Bacterioses
• Apesar disso, apenas em determinadas condições,
  normalmente verificadas em piscicultura e que
  resultam no estresse a que os animais estão
  submetidos, é que estas bactérias apresentam uma
  capacidade patogênica importante manifestada por
  sintomatologia variada.
Organismos Patogênicos

Organismos patogênicos secundários:
 Aeromonas hydrophila
 Flexibacter psychrophilus
 Pseudomonas fluorescens
 Flavobacterium branchiophila

Designadas genericamente como organismos patogênicos
  secundários ou invasores secundários, apenas
  manifestam sua capacidade patogênica quando
  condicionadas por um estado de debilidade dos
  hospedeiros.
Organismos Patogênicos

• Por outro lado, existem bactérias que possuem
  características diferentes, sendo chamadas de
  agentes patogênicos primários ou invasores
  primários como por exemplo Aeromonas salmonicida
  que tem a capacidade de iniciar uma infecção por si
  própria em hospedeiro sujeito a estresse pouco
  intenso.
Fenômenos patogênicos
• As bactérias podem apresentar associadas a diversos
  fenômenos patogênicos, que costumam ser divididos
  em três principais aspectos:
 Resposta septicêmica
 Necrose do tegumento e músculo
 Resposta crônica proliferativa
Septicemia
• Os estados septicêmicos são relativamente
  frequentes e causados particularmente pelas mais
  agressivas bactérias Gram-negativas.

• A principal característica é a presença de bactérias
  em todos os órgãos.

• As lesões provocam hiperemia dos capilares,
  exsudato inflamatório, hemorragias        focais e
  exoftalmia associada a edema periorbital.
Glossário

• A    hiperemia     é   um     aumento     da      quantidade
  de sangue circulante num determinado local.

• Exsudato : é matéria resultante de processo inflamatório —
  usualmente       conexa     com      ou     decorrente      de
  processo infeccioso concomitante ou pregresso — e
  que, saindo de vasos sanguíneos, vem depositar-se em
  tecidos ou superfícies teciduais, sendo constituída de
  líquido, células, fragmentos celulares, e caracterizada, além
  do que já se mencionou, por alto conteúdo proteico.
  Muitos processos infecciosos (bacteremias, septicemias etc.)
  dão causa à formação dessas matérias que se extraem dos
  tecidos originários e se depositam noutros tecidos, em
  cavidades orgânicas ou, ainda, vem ao exterior do organismo
  afetado.
Necrose do tegumento e músculo
• Pode ocorrer simultaneamente com um estado
  septicêmico mas, geralmente manifesta-se em
  infecções menos graves nas quais as bactérias se
  alojam no tegumento e músculo.

• Através da produção de toxinas necrosantes induzem
  focos necróticos, por vezes intensos, nos tecidos em
  que se multiplicam.

• É um fenômeno típico da furunculose, por exemplo.
Lesões crônicas proliferativas
• São   particularmente     comuns     no     tecido
  hematopoiético.

• Caracterizam-se por necrose, que vai se
  desenvolvendo, ao mesmo tempo em que se verifica
  proliferação dos tecidos e reparação das lesões.

• A zona central das lesões, contendo as bactérias
  iniciais, é gradualmente rodeada por células
  fagocitárias e por um envoltório de fibroblastos e
  colágeno.
Classificação Gram
• Muito usada para identificar bactérias, é feita com
  base em uma técnica de coloração desenvolvida pelo
  microbiologista dinamarquês Hans Christian Gram, a
  técnica de Gram; dividindo as bactérias em dois
  grupos :

• Gram-positivas: bactérias que possuem parede
  celular com uma única e espessa camada de
  peptidoglicanos. Pelo emprego da coloração de
  Gram, tingem-se na cor púrpura ou azul quando
  fixadas com cristal violeta, porque retêm esse
  corante mesmo sendo expostas a álcool.
Classificação Gram
• Gram-negativas: bactérias que possuem uma parede
  celular mais delgada e uma segunda membrana
  lipídica - distinta quimicamente da membrana
  plasmática - no exterior desta parede celular. No
  processo de coloração o lipídio dessa membrana
  mais externa é dissolvido pelo álcool e libera o
  primeiro corante: cristal violeta. Ao término da
  coloração, essa células são visualizadas com a
  tonalidade     rosa-avermelhada     do   segundo
  corante, safranina que lhes confere apenas a
  coloração vermelha.
Estrutura da parede celular
Coloração
• Estas bactérias de diferentes colorações tem também
  graus diferentes de virulência. As Gram-negativas,
  por exemplo, são constituídas por uma endotoxina
  denominada LPS (lipopolissacarídeo), que é
  causadora da patogenicidade. Já as Gram-positivas
  possuem a exotoxina rica em ácido lipoprotéico que
  confere aderência à bactéria.
FURUNCULOSE
• É uma das bacterioses conhecidas há mais tempo.

• Agente etiológico, Aeromonas salmonicida, uma
  bactéria Gram-negativa.

• Extensa distribuição geográfica.
Aeromonas salmonicida colonies on TSA exhibiting diffusable brown pigment on the left half; on the right half is
the nonpigmented Enterobacter aerogenes.
Plate provided by J. Cox, A. Beuler, G. Cervenka and K. Grospe and image taken by M. Glogowski
FURUNCULOSE
• Sendo frequente em salmonídeos cultivados em
  água-doce, esta doença pode causar mortalidade em
  peixes de outras famílias, como a carpa, e também
  tem sido descrita em pisciculturas marinhas de
  salmonídeos.

• Apesar da existência de processos terapêuticos é, em
  alguns países, considerada uma doença de
  declaração obrigatória.
Sintomatologia

A doença provocada pela forma típica, que é a mais
  frequente, pode manifestar-se de formas diferentes,
  como se vê a seguir:

 Hiperaguda, que ocorre geralmente em alevinos, os
  quais apresentam um pronunciado escurecimento e
  altas taxas de mortalidade de forma rápida e os
  mesmos sintomas internos que os verificados na fase
  aguda.
Sintomatologia
 Aguda, na qual os sinais clínicos aparecem alguns
  dias antes de se iniciar a mortalidade e que se
  manifesta por uma típica septicemia hemorrágica,
  atingindo principalmente os jovens e adultos.

 Os animais nestas condições ficam letárgicos, não de
  alimentam e tem hipertrofia do baço e vísceras
  hemorrágicas.
Sintomatologia
 Subaguda e crônica, que são mais frequentes em
  peixes adultos, havendo mortalidade baixa e que
  progride lentamente.

 Nestes casos os animais apresentam lesões
  hemorrágicas no tegumento, que se aprofundam
  para o músculo, por vezes de dimensões
  consideráveis, com aspecto de furúnculo, de onde
  deriva o nome furunculose.
Patogenia
 A observação histopatológica de exemplares na fase
  aguda da doença revela frequentemente focos de
  bactérias no coração, rim e baço, bem como necrose
  focal em vários órgãos, como no fígado e tecido
  hematopoiético.

 Nos exemplares com infecção crônica o coração e
  baço são os órgãos mais afetados, observando-se a
  presença de grande quantidade de bactérias.
Patogenia
• Os furúnculos, ocorrendo na musculatura por
  aprofundamento     das   lesões tegumentares,
  consistem em tecido necrótico, exsudato e
  macrófagos pouco abundantes.

• Diferem dos verdadeiros furúnculos dos animais
  homeotérmicos, que caracteristicamente contém
  numerosos leucócitos polimorfonucleados, além de
  restos necróticos e fluido.
Patogenia
• Se não houver o tratamento apropriado a
  mortalidade pode ser considerável, especialmente
  nas fases hiperaguda e aguda da doença.
Diagnóstico
• O isolamento primário pode efetuar-se a partir do
  rim em meio de TSA (Trypticase Soy Agar) ou BHIA
  (Brain Heart Infusion Agar) incubados entre 20 e
  25°C durante 48 a 72 horas.

• As colônias da forma típica formam um pigmento
  intensamente castanho que se difunde rapidamente
  em meio sólido, o que faz com que as placas de
  cultura fiquem rapidamente com essa cor
  característica.
Diagnóstico
• A confirmação requer testes bioquímicos.

• Uma identificação rápida pode ser feita por testes
  sorológicos ou de aglutinação.
Transmissão
• Aeromonas          salmonicida       transmite-se
  horizontalmente através da água ou contato direto
  peixe a peixe.

• Esta bactéria tem a possibilidade de resistir durante
  algum tempo (pouco) na água fora do hospedeiro.
Profilaxia
• O principal método profilático consiste em evitar a
  introdução de peixes infectados na piscicultura.

• A superpopulação e fatores causadores de estresse
  devem ser minimizados, e o aporte de água deve ser
  aumentado.
Profilaxia
• Atualmente já existe alguma possibilidade de
  vacinação que, no entanto, está ainda em fase de
  desenvolvimento.

• Esta vacinação requer injeção intraperitonial dos
  exemplares, o que obviamente impede a sua
  administração em larga escala.
Tratamento
• O método de tratamento mais eficaz atualmente
  parece ser a aplicação das quinolonas fluoradas –
  ácido oxolínico e flumequina – em concentração de:

 10mg/kg de peixe/dia, durante cerca de 10 dias em
  piscicultura de água doce

 Cerca de 30mg/kg de peixe/dia pra água salgada
Tratamento
• A oxitetraciclina também pode ser empregada
 50mg/kg de peixe/dia durante 10 dias.

• Tem-se verificado, em vários casos, a existência a
  determinados antibióticos em epizootias de
  furunculose.

• O problema de resistência a antibióticos por parte de
  A. salmonicida é encarado com grande preocupação,
  uma vez que se verifica ser cada vez mais intensa e
  extensiva a um maior número de antibióticos.
DOENÇA BRANQUIAL BACTERIANA
• Como o nome indica, ataca as brânquias.
• É provocada por bactérias filamentosas, Gram-
  negativas.
• Principais gêneros causadores da doença são
  Flavobacterium,      Flexibacter,      Myxococcus,
  Chryseobacterium.

• A espécie Flavobacterium branchiophilum         é
  provavelmente, a mais importante.
DOENÇA BRANQUIAL BACTERIANA
• Esta doença foi descrita, com vasta distribuição
  geográfica, para numerosas espécies de peixes de
  cultivo e sob a influência de temperaturas bastante
  diferentes, variando desde os 5°C até mais de 20°C.

• A transmissão das bactérias parece dar-se pela água
  e através dos exemplares infectados.
Sintomatologia
• Letargia

• Perda de apetite

• Animais tem tendência a permanecer próximos da
  superfície da água ou entrada de água nos
  tanques, apresentando um comportamento que
  revela dificuldade respiratória.

• Pode haver elevada produção de muco nas
  brânquias, observando-se por vezes cordões
  mucosos pendentes das mesmas
Patogenia
• Os estágios iniciais da doença caracterizam-se por
  hiperemia, hipertrofia da lamelas secundárias das
  brânquias e aumento da produção de muco.

• Com a evolução da infecção verifica-se uma extensa
  fusão    das  lamelas     branquiais,    provocada
  principalmente por proliferação celular, que
  preenche completamente o espaço entre cada duas
  lamelas.
Patogenia
• Geralmente a extremidade das lamelas primárias
  dilata-se, ficando com forma de clava.

• Alguns autores referem fenômenos necróticos

• Níveis de mortalidade com importância econômica –
  até cerca de 50% do plantel – tem sido atribuídos a
  esta bacteriose.
Diagnóstico
• O primeiro diagnóstico faz-se por observação da
  sintomatologia e das brânquias para verificar se nelas
  existem os sinais característicos.

• Dado que outros fatores podem provocar também
  fusão lamelar, é necessário verificar a presença de
  bactérias filamentosas, o que se faz facilmente por
  observação microscópica de esfregaços ou
  fragmentos de brânquias.
Diagnóstico
• No entanto, a dilatação em clava dos filamentos
  branquiais é uma característica que permite um
  diagnóstico com alto grau de confiabilidade.

• O diagnóstico definitivo é efetuado através do
  isolamento das bactérias, sendo o ágar citofaga o
  meio comumente utilizado, com incubação a
  temperaturas compreendidas entre 5°C e 30°C.
Profilaxia
• Uma vez que as bactérias podem propagar-se
  rapidamente pela água e não existem evidências de
  resistência por parte dos peixes, os cuidados
  higiênicos de rotina serão essenciais como medida
  profilática.

• Evitar: superpopulação, falta de oxigênio na água,
  sólidos suspensos e níveis elevados de amônia.
Profilaxia
• A existência de uma elevada concentração de
  oxigênio na água será importante uma vez que se
  assume que a morte dos hospedeiros se dá por
  asfixia.
Tratamento
• Vários produtos tem sido experimentados, com
  maior ou menor sucesso, como meio terapêutico.

• O mais indicado é o cloreto de sódio (NaCl) a 1-
  5%, durante 1-2 minutos que remove as bactérias
  com alto grau de eficácia.

• Os animais infectados recuperam-se facilmente
  depois do tratamento no caso de não ter havido
  lesões irreversíveis nas brânquias.

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Bacterioses

  • 1. BACTERIOSES Emília Spanghero
  • 2. Bacterioses • As bactérias são organismos que podem ter uma enorme importância em piscicultura pelas doenças que provocam, as quais frequentemente tem um impacto econômico apreciável nas populações de peixes.
  • 3. Bacterioses • Taxas de mortalidades: são por vezes muito elevadas. • Por outro lado, algumas bacterioses são de tratamento bastante difícil e pouco eficaz. • No estudo das bactérias de peixes é necessário considerar vários fatores que intervêm de modo mais ou menos determinante no estabelecimento das infecções.
  • 4. Bacterioses • Em primeiro lugar é importante frisar que a maior parte das bactérias são organismos que fazem parte da comunidade bacteriana normal da água, sendo encontradas à superfície dos peixes e nas respectivas brânquias.
  • 5. Bacterioses • Apesar disso, apenas em determinadas condições, normalmente verificadas em piscicultura e que resultam no estresse a que os animais estão submetidos, é que estas bactérias apresentam uma capacidade patogênica importante manifestada por sintomatologia variada.
  • 6. Organismos Patogênicos Organismos patogênicos secundários:  Aeromonas hydrophila  Flexibacter psychrophilus  Pseudomonas fluorescens  Flavobacterium branchiophila Designadas genericamente como organismos patogênicos secundários ou invasores secundários, apenas manifestam sua capacidade patogênica quando condicionadas por um estado de debilidade dos hospedeiros.
  • 7. Organismos Patogênicos • Por outro lado, existem bactérias que possuem características diferentes, sendo chamadas de agentes patogênicos primários ou invasores primários como por exemplo Aeromonas salmonicida que tem a capacidade de iniciar uma infecção por si própria em hospedeiro sujeito a estresse pouco intenso.
  • 8. Fenômenos patogênicos • As bactérias podem apresentar associadas a diversos fenômenos patogênicos, que costumam ser divididos em três principais aspectos:  Resposta septicêmica  Necrose do tegumento e músculo  Resposta crônica proliferativa
  • 9. Septicemia • Os estados septicêmicos são relativamente frequentes e causados particularmente pelas mais agressivas bactérias Gram-negativas. • A principal característica é a presença de bactérias em todos os órgãos. • As lesões provocam hiperemia dos capilares, exsudato inflamatório, hemorragias focais e exoftalmia associada a edema periorbital.
  • 10. Glossário • A hiperemia é um aumento da quantidade de sangue circulante num determinado local. • Exsudato : é matéria resultante de processo inflamatório — usualmente conexa com ou decorrente de processo infeccioso concomitante ou pregresso — e que, saindo de vasos sanguíneos, vem depositar-se em tecidos ou superfícies teciduais, sendo constituída de líquido, células, fragmentos celulares, e caracterizada, além do que já se mencionou, por alto conteúdo proteico. Muitos processos infecciosos (bacteremias, septicemias etc.) dão causa à formação dessas matérias que se extraem dos tecidos originários e se depositam noutros tecidos, em cavidades orgânicas ou, ainda, vem ao exterior do organismo afetado.
  • 11. Necrose do tegumento e músculo • Pode ocorrer simultaneamente com um estado septicêmico mas, geralmente manifesta-se em infecções menos graves nas quais as bactérias se alojam no tegumento e músculo. • Através da produção de toxinas necrosantes induzem focos necróticos, por vezes intensos, nos tecidos em que se multiplicam. • É um fenômeno típico da furunculose, por exemplo.
  • 12. Lesões crônicas proliferativas • São particularmente comuns no tecido hematopoiético. • Caracterizam-se por necrose, que vai se desenvolvendo, ao mesmo tempo em que se verifica proliferação dos tecidos e reparação das lesões. • A zona central das lesões, contendo as bactérias iniciais, é gradualmente rodeada por células fagocitárias e por um envoltório de fibroblastos e colágeno.
  • 13. Classificação Gram • Muito usada para identificar bactérias, é feita com base em uma técnica de coloração desenvolvida pelo microbiologista dinamarquês Hans Christian Gram, a técnica de Gram; dividindo as bactérias em dois grupos : • Gram-positivas: bactérias que possuem parede celular com uma única e espessa camada de peptidoglicanos. Pelo emprego da coloração de Gram, tingem-se na cor púrpura ou azul quando fixadas com cristal violeta, porque retêm esse corante mesmo sendo expostas a álcool.
  • 14. Classificação Gram • Gram-negativas: bactérias que possuem uma parede celular mais delgada e uma segunda membrana lipídica - distinta quimicamente da membrana plasmática - no exterior desta parede celular. No processo de coloração o lipídio dessa membrana mais externa é dissolvido pelo álcool e libera o primeiro corante: cristal violeta. Ao término da coloração, essa células são visualizadas com a tonalidade rosa-avermelhada do segundo corante, safranina que lhes confere apenas a coloração vermelha.
  • 17. • Estas bactérias de diferentes colorações tem também graus diferentes de virulência. As Gram-negativas, por exemplo, são constituídas por uma endotoxina denominada LPS (lipopolissacarídeo), que é causadora da patogenicidade. Já as Gram-positivas possuem a exotoxina rica em ácido lipoprotéico que confere aderência à bactéria.
  • 18. FURUNCULOSE • É uma das bacterioses conhecidas há mais tempo. • Agente etiológico, Aeromonas salmonicida, uma bactéria Gram-negativa. • Extensa distribuição geográfica.
  • 19. Aeromonas salmonicida colonies on TSA exhibiting diffusable brown pigment on the left half; on the right half is the nonpigmented Enterobacter aerogenes. Plate provided by J. Cox, A. Beuler, G. Cervenka and K. Grospe and image taken by M. Glogowski
  • 20. FURUNCULOSE • Sendo frequente em salmonídeos cultivados em água-doce, esta doença pode causar mortalidade em peixes de outras famílias, como a carpa, e também tem sido descrita em pisciculturas marinhas de salmonídeos. • Apesar da existência de processos terapêuticos é, em alguns países, considerada uma doença de declaração obrigatória.
  • 21. Sintomatologia A doença provocada pela forma típica, que é a mais frequente, pode manifestar-se de formas diferentes, como se vê a seguir:  Hiperaguda, que ocorre geralmente em alevinos, os quais apresentam um pronunciado escurecimento e altas taxas de mortalidade de forma rápida e os mesmos sintomas internos que os verificados na fase aguda.
  • 22. Sintomatologia  Aguda, na qual os sinais clínicos aparecem alguns dias antes de se iniciar a mortalidade e que se manifesta por uma típica septicemia hemorrágica, atingindo principalmente os jovens e adultos.  Os animais nestas condições ficam letárgicos, não de alimentam e tem hipertrofia do baço e vísceras hemorrágicas.
  • 23. Sintomatologia  Subaguda e crônica, que são mais frequentes em peixes adultos, havendo mortalidade baixa e que progride lentamente.  Nestes casos os animais apresentam lesões hemorrágicas no tegumento, que se aprofundam para o músculo, por vezes de dimensões consideráveis, com aspecto de furúnculo, de onde deriva o nome furunculose.
  • 24.
  • 25. Patogenia  A observação histopatológica de exemplares na fase aguda da doença revela frequentemente focos de bactérias no coração, rim e baço, bem como necrose focal em vários órgãos, como no fígado e tecido hematopoiético.  Nos exemplares com infecção crônica o coração e baço são os órgãos mais afetados, observando-se a presença de grande quantidade de bactérias.
  • 26. Patogenia • Os furúnculos, ocorrendo na musculatura por aprofundamento das lesões tegumentares, consistem em tecido necrótico, exsudato e macrófagos pouco abundantes. • Diferem dos verdadeiros furúnculos dos animais homeotérmicos, que caracteristicamente contém numerosos leucócitos polimorfonucleados, além de restos necróticos e fluido.
  • 27. Patogenia • Se não houver o tratamento apropriado a mortalidade pode ser considerável, especialmente nas fases hiperaguda e aguda da doença.
  • 28. Diagnóstico • O isolamento primário pode efetuar-se a partir do rim em meio de TSA (Trypticase Soy Agar) ou BHIA (Brain Heart Infusion Agar) incubados entre 20 e 25°C durante 48 a 72 horas. • As colônias da forma típica formam um pigmento intensamente castanho que se difunde rapidamente em meio sólido, o que faz com que as placas de cultura fiquem rapidamente com essa cor característica.
  • 29. Diagnóstico • A confirmação requer testes bioquímicos. • Uma identificação rápida pode ser feita por testes sorológicos ou de aglutinação.
  • 30. Transmissão • Aeromonas salmonicida transmite-se horizontalmente através da água ou contato direto peixe a peixe. • Esta bactéria tem a possibilidade de resistir durante algum tempo (pouco) na água fora do hospedeiro.
  • 31. Profilaxia • O principal método profilático consiste em evitar a introdução de peixes infectados na piscicultura. • A superpopulação e fatores causadores de estresse devem ser minimizados, e o aporte de água deve ser aumentado.
  • 32. Profilaxia • Atualmente já existe alguma possibilidade de vacinação que, no entanto, está ainda em fase de desenvolvimento. • Esta vacinação requer injeção intraperitonial dos exemplares, o que obviamente impede a sua administração em larga escala.
  • 33. Tratamento • O método de tratamento mais eficaz atualmente parece ser a aplicação das quinolonas fluoradas – ácido oxolínico e flumequina – em concentração de:  10mg/kg de peixe/dia, durante cerca de 10 dias em piscicultura de água doce  Cerca de 30mg/kg de peixe/dia pra água salgada
  • 34. Tratamento • A oxitetraciclina também pode ser empregada  50mg/kg de peixe/dia durante 10 dias. • Tem-se verificado, em vários casos, a existência a determinados antibióticos em epizootias de furunculose. • O problema de resistência a antibióticos por parte de A. salmonicida é encarado com grande preocupação, uma vez que se verifica ser cada vez mais intensa e extensiva a um maior número de antibióticos.
  • 35. DOENÇA BRANQUIAL BACTERIANA • Como o nome indica, ataca as brânquias. • É provocada por bactérias filamentosas, Gram- negativas. • Principais gêneros causadores da doença são Flavobacterium, Flexibacter, Myxococcus, Chryseobacterium. • A espécie Flavobacterium branchiophilum é provavelmente, a mais importante.
  • 36. DOENÇA BRANQUIAL BACTERIANA • Esta doença foi descrita, com vasta distribuição geográfica, para numerosas espécies de peixes de cultivo e sob a influência de temperaturas bastante diferentes, variando desde os 5°C até mais de 20°C. • A transmissão das bactérias parece dar-se pela água e através dos exemplares infectados.
  • 37. Sintomatologia • Letargia • Perda de apetite • Animais tem tendência a permanecer próximos da superfície da água ou entrada de água nos tanques, apresentando um comportamento que revela dificuldade respiratória. • Pode haver elevada produção de muco nas brânquias, observando-se por vezes cordões mucosos pendentes das mesmas
  • 38. Patogenia • Os estágios iniciais da doença caracterizam-se por hiperemia, hipertrofia da lamelas secundárias das brânquias e aumento da produção de muco. • Com a evolução da infecção verifica-se uma extensa fusão das lamelas branquiais, provocada principalmente por proliferação celular, que preenche completamente o espaço entre cada duas lamelas.
  • 39. Patogenia • Geralmente a extremidade das lamelas primárias dilata-se, ficando com forma de clava. • Alguns autores referem fenômenos necróticos • Níveis de mortalidade com importância econômica – até cerca de 50% do plantel – tem sido atribuídos a esta bacteriose.
  • 40. Diagnóstico • O primeiro diagnóstico faz-se por observação da sintomatologia e das brânquias para verificar se nelas existem os sinais característicos. • Dado que outros fatores podem provocar também fusão lamelar, é necessário verificar a presença de bactérias filamentosas, o que se faz facilmente por observação microscópica de esfregaços ou fragmentos de brânquias.
  • 41. Diagnóstico • No entanto, a dilatação em clava dos filamentos branquiais é uma característica que permite um diagnóstico com alto grau de confiabilidade. • O diagnóstico definitivo é efetuado através do isolamento das bactérias, sendo o ágar citofaga o meio comumente utilizado, com incubação a temperaturas compreendidas entre 5°C e 30°C.
  • 42. Profilaxia • Uma vez que as bactérias podem propagar-se rapidamente pela água e não existem evidências de resistência por parte dos peixes, os cuidados higiênicos de rotina serão essenciais como medida profilática. • Evitar: superpopulação, falta de oxigênio na água, sólidos suspensos e níveis elevados de amônia.
  • 43. Profilaxia • A existência de uma elevada concentração de oxigênio na água será importante uma vez que se assume que a morte dos hospedeiros se dá por asfixia.
  • 44. Tratamento • Vários produtos tem sido experimentados, com maior ou menor sucesso, como meio terapêutico. • O mais indicado é o cloreto de sódio (NaCl) a 1- 5%, durante 1-2 minutos que remove as bactérias com alto grau de eficácia. • Os animais infectados recuperam-se facilmente depois do tratamento no caso de não ter havido lesões irreversíveis nas brânquias.