As bactérias podem causar doenças graves em peixes de cultivo, como a furunculose causada pela bactéria Aeromonas salmonicida e a doença branquial bacteriana causada por Flavobacterium branchiophilum. Estas doenças podem ter altas taxas de mortalidade e são difíceis de tratar, sendo necessário identificar corretamente o agente causador e aplicar antibióticos de forma adequada para controlar surtos e minimizar perdas econômicas.
2. Bacterioses
• As bactérias são organismos que podem ter uma
enorme importância em piscicultura pelas doenças
que provocam, as quais frequentemente tem um
impacto econômico apreciável nas populações de
peixes.
3. Bacterioses
• Taxas de mortalidades: são por vezes muito elevadas.
• Por outro lado, algumas bacterioses são de
tratamento bastante difícil e pouco eficaz.
• No estudo das bactérias de peixes é necessário
considerar vários fatores que intervêm de modo mais
ou menos determinante no estabelecimento das
infecções.
4. Bacterioses
• Em primeiro lugar é importante frisar que a maior
parte das bactérias são organismos que fazem parte
da comunidade bacteriana normal da água, sendo
encontradas à superfície dos peixes e nas respectivas
brânquias.
5. Bacterioses
• Apesar disso, apenas em determinadas condições,
normalmente verificadas em piscicultura e que
resultam no estresse a que os animais estão
submetidos, é que estas bactérias apresentam uma
capacidade patogênica importante manifestada por
sintomatologia variada.
6. Organismos Patogênicos
Organismos patogênicos secundários:
Aeromonas hydrophila
Flexibacter psychrophilus
Pseudomonas fluorescens
Flavobacterium branchiophila
Designadas genericamente como organismos patogênicos
secundários ou invasores secundários, apenas
manifestam sua capacidade patogênica quando
condicionadas por um estado de debilidade dos
hospedeiros.
7. Organismos Patogênicos
• Por outro lado, existem bactérias que possuem
características diferentes, sendo chamadas de
agentes patogênicos primários ou invasores
primários como por exemplo Aeromonas salmonicida
que tem a capacidade de iniciar uma infecção por si
própria em hospedeiro sujeito a estresse pouco
intenso.
8. Fenômenos patogênicos
• As bactérias podem apresentar associadas a diversos
fenômenos patogênicos, que costumam ser divididos
em três principais aspectos:
Resposta septicêmica
Necrose do tegumento e músculo
Resposta crônica proliferativa
9. Septicemia
• Os estados septicêmicos são relativamente
frequentes e causados particularmente pelas mais
agressivas bactérias Gram-negativas.
• A principal característica é a presença de bactérias
em todos os órgãos.
• As lesões provocam hiperemia dos capilares,
exsudato inflamatório, hemorragias focais e
exoftalmia associada a edema periorbital.
10. Glossário
• A hiperemia é um aumento da quantidade
de sangue circulante num determinado local.
• Exsudato : é matéria resultante de processo inflamatório —
usualmente conexa com ou decorrente de
processo infeccioso concomitante ou pregresso — e
que, saindo de vasos sanguíneos, vem depositar-se em
tecidos ou superfícies teciduais, sendo constituída de
líquido, células, fragmentos celulares, e caracterizada, além
do que já se mencionou, por alto conteúdo proteico.
Muitos processos infecciosos (bacteremias, septicemias etc.)
dão causa à formação dessas matérias que se extraem dos
tecidos originários e se depositam noutros tecidos, em
cavidades orgânicas ou, ainda, vem ao exterior do organismo
afetado.
11. Necrose do tegumento e músculo
• Pode ocorrer simultaneamente com um estado
septicêmico mas, geralmente manifesta-se em
infecções menos graves nas quais as bactérias se
alojam no tegumento e músculo.
• Através da produção de toxinas necrosantes induzem
focos necróticos, por vezes intensos, nos tecidos em
que se multiplicam.
• É um fenômeno típico da furunculose, por exemplo.
12. Lesões crônicas proliferativas
• São particularmente comuns no tecido
hematopoiético.
• Caracterizam-se por necrose, que vai se
desenvolvendo, ao mesmo tempo em que se verifica
proliferação dos tecidos e reparação das lesões.
• A zona central das lesões, contendo as bactérias
iniciais, é gradualmente rodeada por células
fagocitárias e por um envoltório de fibroblastos e
colágeno.
13. Classificação Gram
• Muito usada para identificar bactérias, é feita com
base em uma técnica de coloração desenvolvida pelo
microbiologista dinamarquês Hans Christian Gram, a
técnica de Gram; dividindo as bactérias em dois
grupos :
• Gram-positivas: bactérias que possuem parede
celular com uma única e espessa camada de
peptidoglicanos. Pelo emprego da coloração de
Gram, tingem-se na cor púrpura ou azul quando
fixadas com cristal violeta, porque retêm esse
corante mesmo sendo expostas a álcool.
14. Classificação Gram
• Gram-negativas: bactérias que possuem uma parede
celular mais delgada e uma segunda membrana
lipídica - distinta quimicamente da membrana
plasmática - no exterior desta parede celular. No
processo de coloração o lipídio dessa membrana
mais externa é dissolvido pelo álcool e libera o
primeiro corante: cristal violeta. Ao término da
coloração, essa células são visualizadas com a
tonalidade rosa-avermelhada do segundo
corante, safranina que lhes confere apenas a
coloração vermelha.
17. • Estas bactérias de diferentes colorações tem também
graus diferentes de virulência. As Gram-negativas,
por exemplo, são constituídas por uma endotoxina
denominada LPS (lipopolissacarídeo), que é
causadora da patogenicidade. Já as Gram-positivas
possuem a exotoxina rica em ácido lipoprotéico que
confere aderência à bactéria.
18. FURUNCULOSE
• É uma das bacterioses conhecidas há mais tempo.
• Agente etiológico, Aeromonas salmonicida, uma
bactéria Gram-negativa.
• Extensa distribuição geográfica.
19. Aeromonas salmonicida colonies on TSA exhibiting diffusable brown pigment on the left half; on the right half is
the nonpigmented Enterobacter aerogenes.
Plate provided by J. Cox, A. Beuler, G. Cervenka and K. Grospe and image taken by M. Glogowski
20. FURUNCULOSE
• Sendo frequente em salmonídeos cultivados em
água-doce, esta doença pode causar mortalidade em
peixes de outras famílias, como a carpa, e também
tem sido descrita em pisciculturas marinhas de
salmonídeos.
• Apesar da existência de processos terapêuticos é, em
alguns países, considerada uma doença de
declaração obrigatória.
21. Sintomatologia
A doença provocada pela forma típica, que é a mais
frequente, pode manifestar-se de formas diferentes,
como se vê a seguir:
Hiperaguda, que ocorre geralmente em alevinos, os
quais apresentam um pronunciado escurecimento e
altas taxas de mortalidade de forma rápida e os
mesmos sintomas internos que os verificados na fase
aguda.
22. Sintomatologia
Aguda, na qual os sinais clínicos aparecem alguns
dias antes de se iniciar a mortalidade e que se
manifesta por uma típica septicemia hemorrágica,
atingindo principalmente os jovens e adultos.
Os animais nestas condições ficam letárgicos, não de
alimentam e tem hipertrofia do baço e vísceras
hemorrágicas.
23. Sintomatologia
Subaguda e crônica, que são mais frequentes em
peixes adultos, havendo mortalidade baixa e que
progride lentamente.
Nestes casos os animais apresentam lesões
hemorrágicas no tegumento, que se aprofundam
para o músculo, por vezes de dimensões
consideráveis, com aspecto de furúnculo, de onde
deriva o nome furunculose.
24.
25. Patogenia
A observação histopatológica de exemplares na fase
aguda da doença revela frequentemente focos de
bactérias no coração, rim e baço, bem como necrose
focal em vários órgãos, como no fígado e tecido
hematopoiético.
Nos exemplares com infecção crônica o coração e
baço são os órgãos mais afetados, observando-se a
presença de grande quantidade de bactérias.
26. Patogenia
• Os furúnculos, ocorrendo na musculatura por
aprofundamento das lesões tegumentares,
consistem em tecido necrótico, exsudato e
macrófagos pouco abundantes.
• Diferem dos verdadeiros furúnculos dos animais
homeotérmicos, que caracteristicamente contém
numerosos leucócitos polimorfonucleados, além de
restos necróticos e fluido.
27. Patogenia
• Se não houver o tratamento apropriado a
mortalidade pode ser considerável, especialmente
nas fases hiperaguda e aguda da doença.
28. Diagnóstico
• O isolamento primário pode efetuar-se a partir do
rim em meio de TSA (Trypticase Soy Agar) ou BHIA
(Brain Heart Infusion Agar) incubados entre 20 e
25°C durante 48 a 72 horas.
• As colônias da forma típica formam um pigmento
intensamente castanho que se difunde rapidamente
em meio sólido, o que faz com que as placas de
cultura fiquem rapidamente com essa cor
característica.
29. Diagnóstico
• A confirmação requer testes bioquímicos.
• Uma identificação rápida pode ser feita por testes
sorológicos ou de aglutinação.
30. Transmissão
• Aeromonas salmonicida transmite-se
horizontalmente através da água ou contato direto
peixe a peixe.
• Esta bactéria tem a possibilidade de resistir durante
algum tempo (pouco) na água fora do hospedeiro.
31. Profilaxia
• O principal método profilático consiste em evitar a
introdução de peixes infectados na piscicultura.
• A superpopulação e fatores causadores de estresse
devem ser minimizados, e o aporte de água deve ser
aumentado.
32. Profilaxia
• Atualmente já existe alguma possibilidade de
vacinação que, no entanto, está ainda em fase de
desenvolvimento.
• Esta vacinação requer injeção intraperitonial dos
exemplares, o que obviamente impede a sua
administração em larga escala.
33. Tratamento
• O método de tratamento mais eficaz atualmente
parece ser a aplicação das quinolonas fluoradas –
ácido oxolínico e flumequina – em concentração de:
10mg/kg de peixe/dia, durante cerca de 10 dias em
piscicultura de água doce
Cerca de 30mg/kg de peixe/dia pra água salgada
34. Tratamento
• A oxitetraciclina também pode ser empregada
50mg/kg de peixe/dia durante 10 dias.
• Tem-se verificado, em vários casos, a existência a
determinados antibióticos em epizootias de
furunculose.
• O problema de resistência a antibióticos por parte de
A. salmonicida é encarado com grande preocupação,
uma vez que se verifica ser cada vez mais intensa e
extensiva a um maior número de antibióticos.
35. DOENÇA BRANQUIAL BACTERIANA
• Como o nome indica, ataca as brânquias.
• É provocada por bactérias filamentosas, Gram-
negativas.
• Principais gêneros causadores da doença são
Flavobacterium, Flexibacter, Myxococcus,
Chryseobacterium.
• A espécie Flavobacterium branchiophilum é
provavelmente, a mais importante.
36. DOENÇA BRANQUIAL BACTERIANA
• Esta doença foi descrita, com vasta distribuição
geográfica, para numerosas espécies de peixes de
cultivo e sob a influência de temperaturas bastante
diferentes, variando desde os 5°C até mais de 20°C.
• A transmissão das bactérias parece dar-se pela água
e através dos exemplares infectados.
37. Sintomatologia
• Letargia
• Perda de apetite
• Animais tem tendência a permanecer próximos da
superfície da água ou entrada de água nos
tanques, apresentando um comportamento que
revela dificuldade respiratória.
• Pode haver elevada produção de muco nas
brânquias, observando-se por vezes cordões
mucosos pendentes das mesmas
38. Patogenia
• Os estágios iniciais da doença caracterizam-se por
hiperemia, hipertrofia da lamelas secundárias das
brânquias e aumento da produção de muco.
• Com a evolução da infecção verifica-se uma extensa
fusão das lamelas branquiais, provocada
principalmente por proliferação celular, que
preenche completamente o espaço entre cada duas
lamelas.
39. Patogenia
• Geralmente a extremidade das lamelas primárias
dilata-se, ficando com forma de clava.
• Alguns autores referem fenômenos necróticos
• Níveis de mortalidade com importância econômica –
até cerca de 50% do plantel – tem sido atribuídos a
esta bacteriose.
40. Diagnóstico
• O primeiro diagnóstico faz-se por observação da
sintomatologia e das brânquias para verificar se nelas
existem os sinais característicos.
• Dado que outros fatores podem provocar também
fusão lamelar, é necessário verificar a presença de
bactérias filamentosas, o que se faz facilmente por
observação microscópica de esfregaços ou
fragmentos de brânquias.
41. Diagnóstico
• No entanto, a dilatação em clava dos filamentos
branquiais é uma característica que permite um
diagnóstico com alto grau de confiabilidade.
• O diagnóstico definitivo é efetuado através do
isolamento das bactérias, sendo o ágar citofaga o
meio comumente utilizado, com incubação a
temperaturas compreendidas entre 5°C e 30°C.
42. Profilaxia
• Uma vez que as bactérias podem propagar-se
rapidamente pela água e não existem evidências de
resistência por parte dos peixes, os cuidados
higiênicos de rotina serão essenciais como medida
profilática.
• Evitar: superpopulação, falta de oxigênio na água,
sólidos suspensos e níveis elevados de amônia.
43. Profilaxia
• A existência de uma elevada concentração de
oxigênio na água será importante uma vez que se
assume que a morte dos hospedeiros se dá por
asfixia.
44. Tratamento
• Vários produtos tem sido experimentados, com
maior ou menor sucesso, como meio terapêutico.
• O mais indicado é o cloreto de sódio (NaCl) a 1-
5%, durante 1-2 minutos que remove as bactérias
com alto grau de eficácia.
• Os animais infectados recuperam-se facilmente
depois do tratamento no caso de não ter havido
lesões irreversíveis nas brânquias.