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RECONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DE OURO PRETO APÓS A
                   MUDANÇA DA CAPITAL.
                                                                       Kleverson Teodoro de Lima1
                                                         IFMG - Instituto Federal de Minas Gerais


Resumo: O objetivo desse artigo é apresentar a relevância de três questões presentes na
pesquisa que estou começando a desenvolver sobre o processo de reconstrução identitária
experimentado em Ouro Preto entre o final do século XIX e o início do XX. Primeira: quais
foram os problemas enfrentados pela população de Ouro Preto após a perda do título de
capital de Minas Gerais? Segunda: como se deu a reconstrução das redes de sociabilidade
após o arrefecimento do fluxo migratório impulsionado pela mudança da capital e a chegada
de novos grupos? Terceira: como os discursos da “modernização” e “musealização” de Ouro
Preto foram apropriados pelos diferentes atores e grupos sociais locais? Essas questões
desenham o perímetro que desejo percorrer nessa investigação e, dessa maneira, contribuir
para a historiografia sobre o período.
Palavras-chave: Ouro Preto, identidade, modernidade, musealização.


Nas últimas duas décadas, a sintonia entre as mudanças teórico-metodológicas no campo da
História e as comemorações do centenário de Belo Horizonte estimularam a produção de
novas investigações sobre os interesses que influenciaram o processo de transferência da
capital mineira na fase inicial da República (Salgueiro, 1997; Viscardi, 2007; Castro, 2008).
Ancorados nesse tema, outros estudos se inclinaram tanto à análise da composição do tecido
urbano de Belo Horizonte - evidenciando, por exemplo, as diretrizes técnico-científicas e o
diagrama do poder distribuído no espaço do planejamento da nova capital - quanto à
ressignificação do cenário urbano de Ouro Preto entre o final do século XIX e o início do XX
(Faria: 1985, Magalhães & Andrade, 1989; Mello, 1996; Miranda, 1996; Julião, 1996; Ávila,
2008; Brandão,2008; Fonseca, 1998; Meniconi, 1999; Natal, 2007; Mantovani, 2007).



Em meio a essas pesquisas, as analogias entre a antiga e a nova capital apresentam-se
inevitáveis, já que na virada para o século XX construiu-se em Minas uma antítese entre os
modelos urbanos das duas cidades: Belo Horizonte representando o moderno, o novo; e Ouro
Preto, o antigo, o arcaico. Mas as relações entre esses espaços não se restringiam ao campo
das oposições, havia também abertura para misturas ou superposições entre as suas
simbologias, como demonstram a instalação da réplica do Pico do Itacolomi na Praça da

1
  Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais e graduado em História pela Universidade
Federal de Ouro Preto.

                                                                                                     1
Liberdade (FIG.1) e a reprodução de paisagens ouropretanas nas varandas de algumas
residências particulares de Belo Horizonte (Meniconi, 1999).


                                                                                  Réplica do Pico
                                                                                   do Itacolomi




                      FIG.1 – Praça da Liberdade, 1905.
                      Autor: desconhecido.
                      Fonte: Coleção Otávio Dias Filho, Fundação João Pinheiro, 1997, BH-MG.
Especificamente, interessa ao problema aqui apresentado os trabalhos que tematizam a
ressignificação do cenário urbano de Ouro Preto entre o final do século XIX e o início do XX,
seja através das apropriações da atmosfera modernizante da Belle Époque ou da
transformação da identidade da antiga capital, renomeada como “cidade histórica” e
“monumento nacional”. Nesse sentido destacamos duas investigações: A construção de uma
cidade-monumento: o caso de Ouro Preto, elaborada pelo arquiteto Rodrigo Meniconi, em
1999; e Ouro Preto: a construção de uma cidade histórica - 1891-1933, produzida pelo
historiador Caion Meneguello Natal, em 2007. Os trabalhos de Meniconi e Natal, além de nos
permitir uma base mais táctil para a interpretação dos discursos que contribuíram para a
construção das identidades “cidade histórica” e “monumento nacional” para Ouro Preto,
demonstram-se audaciosos ao elegerem uma temporalidade pouco comum à historiografia
relacionada a essa cidade, ainda polarizada pelos estudos setecentistas.



Apresentaremos em linhas gerais os roteiros e as idéias detectadas nesses trabalhos, a fim de
realçar a importância dessas investigações e de demonstrar ao leitor a necessidade de uma
pesquisa mais abrangente sobre certas questões ainda pouco exploradas. Meniconi (1999) e
Natal (2007) trafegam um caminho semelhante, passando pelos debates políticos que
defendiam ou não a transferência da capital; a influência das perspectivas técnico-científicas e


                                                                                                    2
positivistas nesse contexto; a inauguração de Belo Horizonte e a retração do papel político de
Ouro Preto em Minas; e o crescimento das vozes de intelectuais mineiros e de outros estados
que defendiam a singularidade e a importância do patrimônio da cidade no cenário político e
artístico nacional, como a trupe capitaneada por Mário de Andrade na década de 1920.i
Sintetizaremos as idéias principais dos seus trabalhos seguindo esse mesmo percurso.



O início da República reacendeu em Minas Gerais o debate sobre a mudança da capital,
desejo presente na Conjuração Mineira e retomado na segunda metade do século XIX. Os
conspiradores do final do século XVIII defendiam a transferência da capital para a Vila de
São Del Rey, opção que evidenciava a tendência de fortalecimento das rotas comerciais do sul
de Minas, conectadas ao centro do Estado e à capitania do Rio de Janeiro. Esse e outros
planos, no entanto, se desintegraram com as delações e as prisões dos principais participantes
e líderes no início de 1789 (Linhares, 1905; Natal, 2007). Quase um século depois, o Padre
Paraizo, representante da região do Serro na Assembléia Provincial, voltou ao tema
defendendo um novo espaço para a transferência da capital: agora às margens do Rio das
Velhas. Essa opção reiterava a permanência da capital na zona central e realçava o
aproveitamento da potencialidade hidrográfica a partir da integração entre o Rio das Velhas,
Rio São Francisco e a faixa litorânea do Atlântico. O transporte fluvial de pessoas, bens e
mensagens ajudaria a desenvolver a economia regional e as conexões entre a capital mineira e
as outras províncias brasileiras. Essa mudança favoreceria a região norte do Estado, cortada
por importantes rios como o Jequitinhonha e os acima citados. No entanto, a idéia não
encontrou força política e a ressonância necessária para a sua aprovação (Linhares: 1905;
Natal, 2007).



No final do século XIX, o assunto emergiu novamente. A recém-instalada República
dissolveu e extinguiu as assembléias provinciais e estabeleceu entre as atribuições dos
governadores empossados o direito de ordenar, caso necessário, a mudança das capitais dos
seus estados para lugares mais convenientes (Meniconi,1999). Em Minas, já em 1890, essa
questão apareceu nos jornais de Ouro Preto e de Juiz de Fora, cidade que colocou-se em
campanha para sediar a nova capital.

                       (...) o debate na imprensa opunha dois grupos de valores estereotipados. De um lado,
                       Juiz de Fora, uma cidade que se via moderna, industrializada e economicamente
                       avançada. Mas era vista pelos seus oponentes como rebelde e viciada. De outro,


                                                                                                         3
Ouro Preto, que se percebia como um lídimo representante do Estado de Minas, por
                         ser uma cidade culta e tradicional. Mas o grupo oponente a via como suja, mal-
                         cheirosa e empobrecida. O grupo ouro-pretano inventava-se na tradição. O juiz-
                         forano, na modernidade (Viscardi, 2007).



Esse debate, que dividiu os setores políticos mineiros em alas a favor ou contra a transferência
(denominados como mudancistas ou não-mudancistas), era atravessado por dois conflitos: no
cenário estadual, as lutas políticas inter-regionais, fruto da antiga formação espacial e
econômica de Minas, separada em pólos relativamente autônomos “com os seus interesses
voltados para fora do Estado (Singer,1977)” (Wirth,1982); no plano nacional, em meio ao
clima da recente república, se destacavam os embates entre os grupos deodoristas e
florianistas, esses últimos partidários das idéias separatistas difundidas em Minas pelos
críticos da permanência da capital na região central do Estado (Viscardi, 2007). Ouro Preto,
portanto, representava o “centro” administrativo de um Estado sem uma coerente unidade
econômica ou política.



Apesar das vozes contrárias, em 1891 foi “declarada a mudança da capital do Estado para um
local que, oferecendo as precisas condições higiênicas” se prestasse “à construção de uma
grande cidade” (Minas Gerais, 1891, p.52 apud. Meniconi, 1999). Ainda, em 1891, foram
indicadas e escolhidas as localidades que seriam avaliadas, cabendo aos estudos técnicos, à
“neutralidade científica”, a definição do novo espaço entre as concorrentes: Juiz de Fora,
Barbacena, Várzea do Marçal, Paraúna e Curral Del Rey. No ano seguinte, a Secretaria do
Interior do Estado Público publicou as instruções que deviam guiar a comissão incumbida
desses estudos, chefiada pelo engenheiro Aarão Reis. Conforme Rodrigo Meniconi (1999) os
aspectos a serem considerados deveriam levar em conta

                         (...) o estabelecimento de uma cidade de 150 a 200 mil habitantes (grifo nosso).
                         Deveriam ser examinadas as condições naturais de salubridade, o abastecimento
                         abundante de água potável, os esgotos e conveniente escoamento das águas pluviais,
                         as facilidades oferecidas para a edificação e construção em geral, o farto
                         abastecimento dos produtos da pequena lavoura indispensáveis ao consumo diário, a
                         iluminação pública e particular, de forma a oferecer as condições de conforto
                         requeridas pela vida moderna, com a indicação do sistema preferível, as condições
                         topográficas em relação à livre circulação de veículos e ao estabelecimento de carris
                         urbanos, a ligação ao plano geral da viação estadual e federal e, finalmente, a
                         despesa mínima que as instalações iniciais, exigiriam com o custo das implantações,
                         dos projetos a serem executados e da construção dos edifícios representativos.
Ainda, segundo Meniconi (1999):



                                                                                                            4
Na relação das condições transparece a postura científica e “positivista” que deverá
                       nortear os trabalhos da Comissão. Os aspectos são objetivos e mensuráveis, muitas
                       vezes devendo ser corroborados por dados estatísticos, provas documentais,
                       planilhas e tabelas, enfim, por comprovações factuais. Percebe-se, também, que
                       alguns aspectos comprometem e direcionam a escolha; sub-repticiamente Ouro
                       Preto é descartada por sua incapacidade de atender muitos dos requisitos, em
                       especial os relativos aos esgotos e escoamento, ao “farto abastecimento” de
                       produtos agrícolas e às condições topográficas para livre circulação de veículos
                       e estabelecimento de carris (grifo nosso).

Envolvida pelos interesses políticos e econômicos em jogo, a comissão analisou as
localidades e apresentou um relatório conclusivo ao governador Afonso Penna em maio de
1893.ii Em dezembro desse mesmo ano, num viés conciliador conduzido por Penna, facilitado
pela ruptura entre os mudancistas das regiões do sul de Minas e da Zona da Mata, o antigo
Arraial do Curral Del Rey (situado no centro do Estado) foi escolhido para abrigar a nova
capital (Barreto,1996; Viscardi,2007). Aarão Reis tornou-se o chefe da Comissão de
Construção da Nova Capital e com sua equipe definiu a planimetria, o desenho urbano e a
arquitetura dos principais edifícios públicos de Belo Horizonte (Magalhães & Andrade, 1989;
Julião, 1996; Salgueiro,1997). A nova capital representava a fé linear na ciência e no
progresso, traduzia em suas avenidas, edifícios e praças a imagem idealizada de um novo
tempo, de reinvenção de um novo país. Reproduzia as aspirações de uma modernização
conservadora: por um lado, os grupos social, política e financeiramente mais influentes eram
seduzidos pela atmosfera da atualização dos valores e dos costumes; por outro, eram
reticentes quanto a ampliação dos direitos e da participação dos setores menos favorecidos no
jogo do poder (Linhares, 2002). Belo Horizonte, assim como a República, nasceu moderna e
conservadora, aberta ao novo, mas entrelaçada a valores tradicionais (Mello,1996;
Simão,2006; Ávila,2008).



Entre 1891 e 1893, período em que os estudos sobre o espaço da nova capital ainda estavam
em andamentos, Ouro Preto tentou enfrentar o processo de transferência se adaptando às
diretrizes urbanas disseminadas na época. O seu cenário urbano constituído nos períodos
colonial e imperial foi parcialmente afetado pelos discursos de modernização presentes na
atmosfera da Belle Époque.iii Em dezembro de 1891 foi criada a Empresa de Melhoramentos
da Capital num contrato firmado entre a Intendência Municipal ouropretana e os Srs. Vicente
Barreiros e Dr. Alexandre Moura Costa. Segundo Caion Natal (2007), a partir desse projeto

                       A cidade que se pretendia fazer deveria constituir-se, basicamente, de uma
                       arquitetura de ‘gosto moderno’; suas vias deveriam seguir um traçado reticular;
                       indústrias seriam construídas; viadutos, avenidas, bulevares, linhas de Bondes,


                                                                                                         5
ruas e planos inclinados seriam criados; previa-se o estabelecimento de sistemas
                         eficientes de esgotos e água encanada, bem como o calçamento, alargamento e
                         alinhamento das ruas já existentes; ansiava-se pela construção de novos
                         chafarizes e pontes no lugar dos antigos; pela construção de um teatro amplo e
                         moderno; pelo estabelecimento de um cemitério e matadouro públicos afastados
                         do centro urbano; pela construção de muros de arrimo para conter as águas dos rios
                         e evitar deslizamentos. Ademais, era necessário tomar as devidas providências para
                         embelezar a cidade: arborizar as ruas e os adros das igrejas, construir parques e
                         jardins, restaurar as vias e edifícios que estivessem em estado calamitoso, suprimir
                         os becos onde se acumulavam detritos putrefatos e insalubres, nivelar áreas
                         acidentadas e abrir praças e novas áreas planas, mais amplas e arejadas, para evitar
                         miasmas e epidemias (grifo nosso).




           FIG.2 – Parte do Projecto de Boulevard, 1891, autor desconhecido.
           Fonte: Arquivo Público da Prefeitura Municipal de Ouro Preto
A FIG.2 apresenta parte do Projeto de Boulevard criado para Ouro Preto em 1891. Contendo
no centro as fachadas das novas casas que seriam construídas, no lado direito o corte
transversal de uma suposta praça e no lado esquerdo a frente de um jardim, essa planta
registra algumas pistas sobre a nova cidade sonhada para a antiga capital, inscreve uma
vontade e uma forma de olhar Ouro Preto. No entanto, o contraste entre as obras desejadas e
as condições para realizá-las fica evidente quando nos aproximamos da realidade financeira
da velha capital: a Empresa de Melhoramentos, que não podia contar apenas com os recursos
da municipalidade, adquiriu um empréstimo junto ao governo estadual, valor que foi
insuficiente para o vulto planejado e que contribuiu apenas para aumentar o endividamento da
economia ouropretana (Coelho,1987). “A carência de recursos técnicos, materiais e
financeiros selaram o malogro da Empresa de Melhoramentos da Capital (Natal, 2007).”



Ainda, em 1892, a Câmara publicou o Edital sobre terrenos foreiros, que incorporou os
terrenos abandonados situados na Serra de Ouro Preto e previu a utilização dessa zona na
futura expansão urbana da capital. Diogo de Vasconcelos, presidente da Câmara, assim
justificou a ação:

           Considerando que dentro do perímetro da sesmaria Municipal não há terreno que seja excluído
           do domínio porque as mesmas extensões isentas do pagamento de foros pela Carta Régia


                                                                                                           6
incorporam-se ao patrimônio se acaso abandonadas, e nenhuma prova existe mais
          concludente desse abandono que as ruínas e confusão em que se acham. Considerando que
          mesmo para os terrenos de sesmarias vizinhas prevalece aquele direito de incorporação nas partes
          que entravam pelas divisas da sesmaria Municipal, tanto assim que pela Carta Régia não se permite
          que se recite o domínio dos proprietários que as tenham uma vez abandonado. Considerando que o
          mesmo direito regia e rege as datas e outras concessões minerais cuja superfície pelo abandono
          dos serviços reverte ao patrimônio da Câmara. Considerando ainda que tão vastos terrenos
          podem e devem ser repovoados, como é necessário e exigido ao grande desenvolvimento da
          cidade, cujos arrebaldes não podem continuar entregues à solidão e a esterilidade: Resolve: 1º
          Ficam incorporadas ao patrimônio municipal os terrenos devolutos e abandonados em toda a
          Serra de Ouro Preto; e bem assim toda superfície das antigas datas e concessões minerais que
          tenham caducado; e estejam dentro dos limites da sesmaria municipal. 2º Fica marcado o prazo de
          60 dias para quaisquer reclamações opostas a este Edital, indo os quais serão aforados os
          respectivos terrenos. Paço da Câmara Municipal de Ouro Preto , 12 de julho de 1892. Diogo Luiz
          de Almeida Pereira de Vasconcelos.iv



No ano seguinte, em 1893, a Câmara encomendou ao engenheiro João F. Blaksley um plano
de expansão da mancha urbana de Ouro Preto. Seguindo a recomendação dos camaristas, ele
estudou o planalto do Morro do Cruzeiro a fim de fundar-se nesse espaço uma nova cidade
que pudesse “ser unida à histórica capital do Estado de Minas Gerais (grifo nosso)
(Blaksley,1893).” Traduzindo os discursos dos não-mudancistas em projeção urbanística,
Blaksley buscou conciliar em seu projeto a coexistência entre a “histórica capital” e a “nova
capital” a ser criada. O viaduto que ligaria o setor antigo ao novo (o Morro da Forca ao alto
do Morro do Cruzeiro) simbolizaria essa tentativa de construir uma passagem harmoniosa
entre o passado e o presente, a tradição e o progresso (FIG.3). Segundo José Efigênio Pinto
Coelho, a “nova capital”

                        teria uma avenida contornando todo o núcleo urbano, duas avenidas se
                        cruzariam no centro, e várias ruas paralelas transversais às duas avenidas. (...)
                        Este núcleo do Morro do Cruzeiro seria ligado a Ouro Preto por uma ponte que vai
                        dar no Morro da Forca. Seria uma ponte de estrutura metálica, lembrando a estrutura
                        da Torre Eiffel. Este plano começou a ser executado, e é por isso que o Morro da
                        Forca é chapado, pois, no plano, ali seria o ponto chave da obra; a porta de entrada
                        (grifo nosso) (Coelho, 1987).


Como a emergência da cidade moderna e de suas práticas de destruição e remodelamento do
espaço não exclui a possibilidade de se “julgar aquilo que se deve preservar”, os pontos de
ancoragem da memória, a conservação do antigo núcleo da sede de Ouro Preto representava
nesse contexto a proteção dos discursos que atribuíam a essa área a condição de principal
palco da luta dos mineiros contra a tirania e a favor da liberdade de expressão e da criação
artística (Choay, 2001; Arantes, 1984; Gonçalves, 1996; Pesavento,1997). Apesar do apelo à
memória, o espaço urbano no projeto de Braksley é reduzido ao atendimento das questões
funcionais de circulação, abastecimento, salubridade, topografia e custo, assemelhando-se às

                                                                                                          7
preocupações que guiaram os trabalhos de Aarão Reis na construção da nova capital e aos
planos da frustrada Empresa de Melhoramento de Ouro Preto.


          Área chapada no           Morro do Cruzeiro (espaço para a “nova capital”)

          Morro da Forca




          FIG.3 – Sem título. Ouro Preto, primeira metade do século XX.
          Autor: Luiz Fontana.
          Fonte: Acervo fotográfico do Núcleo de Mentalidade e Memória IFAC/ UFOP.
Na defesa de seu status como capital, a cidade convocou o panteão de personagens da história
de Minas que viveram em Ouro Preto, como Felipe dos Santos, Cláudio Manoel da Costa,
Aleijadinho etc., se posicionando como a “guardiã e representante das mais gloriosas
tradições mineiras” (Meniconi, 1999; Natal, 2005). Esse apelo é nítido na inauguração do
monumento dedicado a Tiradentes, em 21 de abril de 1893, situado na principal praça da
cidade.

                        Os defensores de Ouro Preto acreditavam na sacralização cívica do mártir
                        Tiradentes, todavia, sacralizada também deveria ser a antiga Vila Rica, berço da luta
                        pela liberdade. Retirar-lhe o status de Sede do Governo Mineiro significaria arrancar
                        de Minas suas raízes, impondo ao mesmo tempo à heróica terra de Tiradentes a mais
                        desalmada crueldade, o abandono (Fonseca, 1998).
Todavia, nem o panteão de “heróis”, o projeto de Braksley, a incorporação dos terrenos
abandonados na serra ou os planos da Empresa de Melhoramento de Ouro Preto evitaram a
aprovação do Curral Del Rey, em dezembro de 1893, como o espaço para a construção do
novo centro político e administrativo de Minas. Para Rodrigo Meniconi (1999):

                        A construção da nova capital e o êxodo que se seguiu - calcula-se que mais de 45%
                        da população tenham emigrado - vão colocar Ouro Preto em uma espécie de limbo,
                        um local fora do tempo (grifo nosso). Não sendo mais desse tempo, de que tempo
                        seria esse lugar?


                                                                                                           8
É nesse contexto marcado pela diminuição da população, queda da arrecadação tributária,
aumento dos problemas a serem sanados pela gestão municipal e apropriação de novos
conceitos sobre o espaço urbano que os aspectos evocativos presentes nos discursos
derrotados dos não-mudancistas adquiriram uma nova direção: a preservação e a conservação
da “histórica” cidade. Para Caion Natal (2005):

                       A nova concepção que passa a envolver Ouro Preto, a partir da consolidação de Belo
                       Horizonte, é a de que a cidade não deveria mudar sua condição material, mas sim
                       trazer as marcas do passado em seu traçado e em sua arquitetura. Em fins do século
                       XIX e começo do XX, Ouro Preto passa a assumir uma imagem cujo principal
                       atributo seria sua imutabilidade como signo da preservação de uma memória
                       histórica; de uma tradição que deveria ser mantida sob pena de perder um
                       importante elemento constitutivo da identidade brasileira e mineira.



Nesse processo de construção dos discursos que criticavam o esquecimento de Ouro Preto e
que exaltavam a velha cidade como um importante cenário da memória nacional destaca-se
(na fase de inauguração da nova capital) a constituição do Arquivo Público Mineiro, em 1895,
e os lançamentos da Revista do Arquivo Público Mineiro, em 1896, e das Efemérides
Mineiras, em 1897, empreendimentos coordenados por José Pedro Xavier da Veiga (1998).
Pouco depois esse tema ganhou uma nova visibilidade nas comemorações do bicentenário de
Ouro Preto, em 1911, marcadas pela programação de festas, visitas aos “lugares históricos”,
exibição de filmes e a edição de uma publicação específica sobre a história local
(Meniconi,1999; Natal,2005). O livro Bi-Centenário de Ouro Preto (1711-1911): Memória
Histórica, editado pela Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, envolveu nomes
importantes do quadro intelectual mineiro, como Nelson de Senna, Benedicto José dos
Santos, Diogo de Vasconcelos e Augusto Velloso (Senna,1911). Em meio às manifestações
desse evento buscou-se construir conexões históricas entre Ouro Preto e Belo Horizonte,
como se a recente capital fosse o prolongamento da antiga.

                       Dessa forma, os fantasmas da transferência da capital, que envolviam Ouro Preto,
                       seriam exorcizados: esta não seria mais uma cidade renegada, inferiorizada,
                       esquecida, mas sim o suporte moral da cidade moderna, a raiz da mineiridade. Desse
                       modo, aliava-se um discurso progressista, em prol de Belo Horizonte e, portanto, da
                       cidade moderna, a um discurso de conservação da tradição, tendo em vista a cidade
                       de Ouro Preto. Passado e futuro eram, então, vistos como a face de uma mesma
                       moeda: enquanto Belo Horizonte representava o espírito empreendedor do mineiro,
                       o desenvolvimento econômico, o progresso científico, Ouro Preto representava a
                       raiz desse progresso, o nascedouro da identidade mineira (Natal, 2005)




                                                                                                        9
No início do século XX, as exaltações e as alegorias montadas em torno da valorização e
conservação da cidade contaram com novos adeptos, como o escritor Alceu de Amoroso Lima
(o Tristão de Ataíde), que escreveu um artigo em 1916 em defesa do “passado nacional”, onde
cita o descaso com as cidades de Ouro Preto e Diamantina; e o escritor Mário de Andrade,
que visitou a região na segunda década do XX, estadia que o levou a escrever sobre
Aleijadinho em 1920 definindo-o como um “gênio da raça”. Na década de 1920 novas vozes
defenderam a necessidade de se reavaliar o esquecimento e o mal estado de conservação da
velha cidade, como o arquiteto Lúcio Costa e os paulistas liderados por Mário de Andrade
(Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Blande Cendars), colocando Ouro Preto e Minas no
foco do chamado modernismo brasileiro (Meniconi, 1999; Natal, 2005: Oliveira, 2005). A
sintonia entre a ressonância dessas vozes e as intenções do governo Vargas de manter um
bom relacionamento com os setores políticos mineiros e influenciar a reconfiguração do
discurso mítico nacional levou ao tombamento de Ouro Preto como “monumento nacional”
em 1933. Época em que a cidade passou a ser tutelada pela esfera federal. Segundo Rodrigo
Meniconi (1999):

                       Com a criação, no ano seguinte, da Inspetoria de Monumentos Históricos, vinculada
                       ao Museu Histórico Nacional dirigido por Gustavo Barroso, os problemas da
                       conservação e restauração da cidade e de seus valores assumem dimensões
                       nacionais, demandando urgências operativas. Em 1935 Barroso apresenta um
                       “Plano de Restauração” da cidade de Ouro Preto. Esse plano, primeiro no
                       Brasil, na verdade contemplava a restauração de edificações singulares, igrejas,
                       pontes e chafarizes e vai ser executado nos próximos três anos, com uma verba de
                       200 mil réis.
O tombamento de Ouro Preto transformou a velha capital em um espaço laboratorial para a
política de preservação patrimonial: reflexões; diretrizes; ações; e limites. A transformou num
lugar de memória, em modelo, e incentivou a criação do Serviço de Patrimônio Artístico
Nacional em 1937. O estudo desse processo nos permite trilhar as marcas das traduções do
Estado e de grupos políticos e artísticos sobre alguns conceitos, como “genuíno”, “heroísmo”,
“arte” e “nacional”, nesse período ainda incipiente de construção da cultura republicana e da
política de patrimonialização no Brasil (Meniconi, 1999; Natal, 2007; Oliveira, 2005)



Apesar da importância das pesquisas aqui brevemente apresentadas, acreditamos que algumas
questões relacionadas ao período ainda necessitam de uma investigação que lhes dê maior
visibilidade. A primeira refere-se a necessidade de se compor e analisar um inventário mais
abrangente sobre os problemas enfrentados pelos moradores durante as décadas posteriores à
mudança da capital. Acreditamos que as informações identificadas sobre essa época são

                                                                                                     10
insuficientes para se pensar o impacto dessa mudança no cotidiano dos ouropretanos e a
difusão das soluções imaginadas nos âmbitos da política e da economia para reverter tal
situação.v Em geral, as informações tendem a citações superficiais dos problemas, como
demonstra o trecho abaixo escrito por José Efigênio Pinto Coelho. Conforme o autor, após a
transferência da capital

                           Ouro Preto entra em caos: falta d’água, funcionários da Câmara sem receber os
                           salários, obras paralisadas, muito desemprego, estabelecimentos comerciais e hotéis
                           fechando as portas; até o trem já não andava mais em seu horário habitual (Coelho,
                           1987).
Portanto, nos parece que a análise desse inventário de problemas auxiliará a verificação de
dois pontos: os limites da economia da cidade para reverter tal situação; e a influência dessa
realidade na produção e apropriação dos discursos que ante a perspectiva do arruinamento e
do esquecimento de Ouro Preto passaram a ancorar a reinvenção da cidade nos campos da
memória histórica e da memória artística. O trecho abaixo, escrito por Olympio Cardoso em
1907, exemplifica essa relação entre a economia e a identidade:

                           É digna de outra sorte a ex-capital de Minas. (...) Seu progresso não é apenas uma
                           necessidade urgente; é também um dever imposto a todo brasileiro, porque se o
                           Brasil, devido às suas nobres cogitações, foi considerado como um horizonte onde
                           se divisaram grandes encantos, Ouro Preto foi sem dúvida o sol que brilhou e
                           extasiou nesse horizonte (Jornal Independência, Ouro Preto, número único,
                           07/09/1907, p.2-3, discurso de Olympio Cardoso apud. Natal, :2005).
A segunda questão refere-se ao processo de reconstrução da vida social após a migração de
parte dos moradores de Ouro Preto para Belo Horizonte, outro tema tocado superficialmente
pelas pesquisas rastreadas. Em 1890, sete anos antes da mudança da capital, a sede de Ouro
Preto contava com 17.857 habitantes; três décadas depois esse número girava em torno de
11.857. Uma diferença, portanto, de 6.000 moradores (ou 34%) (Annuario Estatistico de
Minas Gerais de 1921, Anno I, Belo Horizonte: Imprensa Oficial. 1921). Como esse
percentual demonstra um número de evasão menor que o indicado no trabalho de Rodrigo
Meniconi (45%), acreditamos, em sintonia com José Efigênio Pinto Coelho (1987), que a sede
tenha absorvido novas levas de moradores após a fase do intenso abandono. Esse novo
contingente foi composto pelas famílias que viviam nas regiões próximas a Ouro Preto e pelos
estudantes que vieram ingressar, sobretudo, na Escola de Minas e na Escola de Farmácia
(Jorge,1986; Coelho,1987; Carvalho, 2002; Machado, 2008).vi Eles encontraram um cenário
favorável às suas acomodações, já que a evasão levou ao abandono de parte dos imóveis,
gerando o aumento da oferta de compra, venda e aluguel e, talvez a prática mais comum, a
ocupação não autorizada das edificações.


                                                                                                           11
A antiga capital parece ter se reconstruído a partir desses três setores: os remanescentes, que
permaneceram por razões distintas em Ouro Preto; os migrantes que vieram das regiões
próximas; e as novas levas de estudantes, que se diferenciavam pela tendência de fixação
temporária. Essa divisão tripartida não deve guiar o leitor à idéia de homogeneidade, já que
esses setores se dividiam em grupos sociais distintos com discursos e interesses próprios.
Diante da necessidade de reconstrução das redes de sociabilidade após a mudança da capital
nos perguntamos: como se deram as relações de aproximação e estranhamento entre esses três
setores? É possível identificar em seus valores e práticas culturais pontos de misturas,
superposições e resistências? Que nova cidade surge nesse período?



A terceira questão resulta das duas acima citadas: como desdobraram-se os temas da
“modernização” e “musealização” da cidade nos discursos dos diferentes atores e grupos
sociais locais durante as primeiras décadas do século XX? As informações identificadas nos
trabalhos de Meniconi (1999) e Natal (2007), apesar de esclarecedoras e relevantes, tendem a
se fixar em torno das apreensões dos discursos produzidos nos circuitos intelectuais mineiros
ou não, penetrando muito pouco nas traduções dos indivíduos ou dos setores sociais
ouropretanos. Por isso, nos questionamos: a idéia de coexistência entre o antigo e o novo
identificada nas diretrizes encaminhadas pela câmara municipal ao engenheiro João Braksley,
em 1893, continuou sendo defendida? Ou será que, ao contrário, chegou-se a constituir a
defesa de uma visão “progressista” contraposta aos desejos disseminados pelos grupos
intelectuais quanto a preservação e conservação do antigo núcleo de Ouro Preto?vii


As pesquisas de Rodrigo Meniconi e Caion Natal avançaram quanto ao preenchimento da
lacuna historiográfica sobre o período, nos propomos nesse trabalho contribuir para esse
esforço e realizar uma investigação sobre esse processo de reterritorialização (Ortiz, 1996;
Leppeti, 2001), utilizando fontes que nos aproximem um pouco mais das recepções dos
habitantes e do cotidiano da cidade.




                                                                                            12
i
 O trabalho de Rodrigo Meniconi não se prende aos marcos estabelecidos no texto de Caion Natal (1891-1933),
já que a sua meta é investigar os alcances e os limites das políticas de preservação e conservação experimentadas
em Ouro Preto ao longo do século XX.
ii
  Cada localidade foi estudada por um engenheiro designado por Aarão Reis. Várzea do Marçal foi estudada por
José de Carvalho Almeida; Belo Horizonte, por Samuel Gomes Pereira; Barbacena, por Manoel da Silva Couto;
Juiz de Fora, por Eugênio de Barros Raja Gabaglia; Paraúna, por Luiz Martinho de Moraes. As análises das
condições de salubridade foram realizadas pelo médico sanitarista J. R. Pires de Almeida. A fim de garantir a
“isenção” e o caráter técnico dos serviços, Aarão Reis buscou os seus assistentes na Escola Politécnica do Rio
(Meniconi, 1999).
iii
  A Belle Époque “(...) se caracteriza pela expressão do grande entusiasmo advindo do triunfo da sociedade
capitalista nas últimas décadas do século XIX e primeiras do século XX, momento em que se notabilizaram as
conquistas materiais e tecnológicas, ampliaram-se as redes de comercialização e foram incorporadas à dinâmica
da economia internacional vastas áreas do globo antes isoladas (Follis, 2004).”
iv
  APMOP. Edital sobre terrenos foreiros. Códice 0965. Livro de Registros e Portarias 1892-1893.
v
  Entre o final do XIX e as três primeiras décadas do XX, enquanto esfriavam as expectativas de grandes
investimentos na extração de ouro na sede de Ouro Preto, animavam-se os investimentos na produção do ferro e
na exploração de outros minerais no município: manganês, bauxita etc. A inauguração da Usina Esperança no
Distrito de Itabira do Campo (atual município de Itabirito), em 1888, e da Usina Wigg no Distrito de Miguel
Burnier, durante o início da República, exemplificam essas novas apostas do município de Ouro Preto. Na sede
da antiga capital a Fábrica de Tecidos de São José, inaugurada na última década do XIX, tornou-se o principal
empreendimento local até a inauguração da Eletro Química Brasileira S.A, em 1933, construída na região de
Saramenha.
vi
  Getúlio Vargas, com apenas 15 anos de idade, e seus irmãos estavam entre os estudantes que se dirigiram para
Ouro Preto no final do século XIX. O envolvimento de seus irmãos numa briga que terminou com a morte do
estudante paulista Carlos de Almeida Prado Júnior, em 1897, precipitou a sua volta e de seus irmãos para o Rio
Grande do Sul (Jorge,1986).


vii
   A fim de trabalhar essas questões, a pesquisa aqui apresentada elegeu como recorte temporal os anos que
delimitam o anúncio da mudança da capital e a publicação do decreto de tombamento de Ouro Preto como
“monumento nacional”. Para esse empreendimento destacamos como fontes centrais a documentação produzida
pela Câmara Municipal de Ouro Preto (atas das sessões do plenário, posturas municipais, livros de registros de
indústrias e profissões e projetos referentes ao espaço urbano); as edições da Revista do Arquivo Público
Mineiro publicadas nesse período; os jornais e revistas diversos produzidos e divulgados na sede de Ouro Preto;
os textos autobiográficos escritos por atores sociais que viveram na cidade; e o conjunto de imagens fotográficas
pertencente ao Acervo fotográfico do Núcleo de Mentalidade e Memória IFAC/UFOP, que retrata Ouro Preto
entre o final do século XIX e a primeira metade do XX.


Fontes primárias.
Iconografia.
Coleção Otávio Dias Filho, Fundação João Pinheiro, 1997, BH-MG.
FONTANA, Luiz. Ouro Preto, [décadas de 1920 e 1950], Fundo José Góes. IFAC / UFOP -
Acervo fotográfico do Núcleo de Mentalidade e Memória.
LIBENEAU, Guilherme. Ouro Preto, [1881], Fundo Biblioteca Nacional. IFAC / UFOP -
Acervo fotográfico do Núcleo de Mentalidade e Memória.
Annuario Estatistico de Minas Gerais de 1921, Anno I, Belo Horizonte: Imprensa Oficial.
1921



                                                                                                              13
Manuscritos.
Edital sobre terrenos foreiros. Códice 0965. Livro de Registros e Portarias 1892-1893.
Arquivo Público Municipal de Ouro Preto.
BLAKSLEY, J. F. Relatório do planalto do cruzeiro de Ouro Preto. Ouro Preto: s.n., 1893.
(Manuscrito. Mimeo.). Arquivo Público Municipal de Ouro Preto.


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Mineiro, ano 44, v.2, p.62-78, 2008, jul./dez.
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1892 através das páginas do monitor sul-mineiro. Revista Eletrônica Cadernos de História, vol. VI,
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                                                                                       15

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  • 1. RECONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DE OURO PRETO APÓS A MUDANÇA DA CAPITAL. Kleverson Teodoro de Lima1 IFMG - Instituto Federal de Minas Gerais Resumo: O objetivo desse artigo é apresentar a relevância de três questões presentes na pesquisa que estou começando a desenvolver sobre o processo de reconstrução identitária experimentado em Ouro Preto entre o final do século XIX e o início do XX. Primeira: quais foram os problemas enfrentados pela população de Ouro Preto após a perda do título de capital de Minas Gerais? Segunda: como se deu a reconstrução das redes de sociabilidade após o arrefecimento do fluxo migratório impulsionado pela mudança da capital e a chegada de novos grupos? Terceira: como os discursos da “modernização” e “musealização” de Ouro Preto foram apropriados pelos diferentes atores e grupos sociais locais? Essas questões desenham o perímetro que desejo percorrer nessa investigação e, dessa maneira, contribuir para a historiografia sobre o período. Palavras-chave: Ouro Preto, identidade, modernidade, musealização. Nas últimas duas décadas, a sintonia entre as mudanças teórico-metodológicas no campo da História e as comemorações do centenário de Belo Horizonte estimularam a produção de novas investigações sobre os interesses que influenciaram o processo de transferência da capital mineira na fase inicial da República (Salgueiro, 1997; Viscardi, 2007; Castro, 2008). Ancorados nesse tema, outros estudos se inclinaram tanto à análise da composição do tecido urbano de Belo Horizonte - evidenciando, por exemplo, as diretrizes técnico-científicas e o diagrama do poder distribuído no espaço do planejamento da nova capital - quanto à ressignificação do cenário urbano de Ouro Preto entre o final do século XIX e o início do XX (Faria: 1985, Magalhães & Andrade, 1989; Mello, 1996; Miranda, 1996; Julião, 1996; Ávila, 2008; Brandão,2008; Fonseca, 1998; Meniconi, 1999; Natal, 2007; Mantovani, 2007). Em meio a essas pesquisas, as analogias entre a antiga e a nova capital apresentam-se inevitáveis, já que na virada para o século XX construiu-se em Minas uma antítese entre os modelos urbanos das duas cidades: Belo Horizonte representando o moderno, o novo; e Ouro Preto, o antigo, o arcaico. Mas as relações entre esses espaços não se restringiam ao campo das oposições, havia também abertura para misturas ou superposições entre as suas simbologias, como demonstram a instalação da réplica do Pico do Itacolomi na Praça da 1 Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais e graduado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto. 1
  • 2. Liberdade (FIG.1) e a reprodução de paisagens ouropretanas nas varandas de algumas residências particulares de Belo Horizonte (Meniconi, 1999). Réplica do Pico do Itacolomi FIG.1 – Praça da Liberdade, 1905. Autor: desconhecido. Fonte: Coleção Otávio Dias Filho, Fundação João Pinheiro, 1997, BH-MG. Especificamente, interessa ao problema aqui apresentado os trabalhos que tematizam a ressignificação do cenário urbano de Ouro Preto entre o final do século XIX e o início do XX, seja através das apropriações da atmosfera modernizante da Belle Époque ou da transformação da identidade da antiga capital, renomeada como “cidade histórica” e “monumento nacional”. Nesse sentido destacamos duas investigações: A construção de uma cidade-monumento: o caso de Ouro Preto, elaborada pelo arquiteto Rodrigo Meniconi, em 1999; e Ouro Preto: a construção de uma cidade histórica - 1891-1933, produzida pelo historiador Caion Meneguello Natal, em 2007. Os trabalhos de Meniconi e Natal, além de nos permitir uma base mais táctil para a interpretação dos discursos que contribuíram para a construção das identidades “cidade histórica” e “monumento nacional” para Ouro Preto, demonstram-se audaciosos ao elegerem uma temporalidade pouco comum à historiografia relacionada a essa cidade, ainda polarizada pelos estudos setecentistas. Apresentaremos em linhas gerais os roteiros e as idéias detectadas nesses trabalhos, a fim de realçar a importância dessas investigações e de demonstrar ao leitor a necessidade de uma pesquisa mais abrangente sobre certas questões ainda pouco exploradas. Meniconi (1999) e Natal (2007) trafegam um caminho semelhante, passando pelos debates políticos que defendiam ou não a transferência da capital; a influência das perspectivas técnico-científicas e 2
  • 3. positivistas nesse contexto; a inauguração de Belo Horizonte e a retração do papel político de Ouro Preto em Minas; e o crescimento das vozes de intelectuais mineiros e de outros estados que defendiam a singularidade e a importância do patrimônio da cidade no cenário político e artístico nacional, como a trupe capitaneada por Mário de Andrade na década de 1920.i Sintetizaremos as idéias principais dos seus trabalhos seguindo esse mesmo percurso. O início da República reacendeu em Minas Gerais o debate sobre a mudança da capital, desejo presente na Conjuração Mineira e retomado na segunda metade do século XIX. Os conspiradores do final do século XVIII defendiam a transferência da capital para a Vila de São Del Rey, opção que evidenciava a tendência de fortalecimento das rotas comerciais do sul de Minas, conectadas ao centro do Estado e à capitania do Rio de Janeiro. Esse e outros planos, no entanto, se desintegraram com as delações e as prisões dos principais participantes e líderes no início de 1789 (Linhares, 1905; Natal, 2007). Quase um século depois, o Padre Paraizo, representante da região do Serro na Assembléia Provincial, voltou ao tema defendendo um novo espaço para a transferência da capital: agora às margens do Rio das Velhas. Essa opção reiterava a permanência da capital na zona central e realçava o aproveitamento da potencialidade hidrográfica a partir da integração entre o Rio das Velhas, Rio São Francisco e a faixa litorânea do Atlântico. O transporte fluvial de pessoas, bens e mensagens ajudaria a desenvolver a economia regional e as conexões entre a capital mineira e as outras províncias brasileiras. Essa mudança favoreceria a região norte do Estado, cortada por importantes rios como o Jequitinhonha e os acima citados. No entanto, a idéia não encontrou força política e a ressonância necessária para a sua aprovação (Linhares: 1905; Natal, 2007). No final do século XIX, o assunto emergiu novamente. A recém-instalada República dissolveu e extinguiu as assembléias provinciais e estabeleceu entre as atribuições dos governadores empossados o direito de ordenar, caso necessário, a mudança das capitais dos seus estados para lugares mais convenientes (Meniconi,1999). Em Minas, já em 1890, essa questão apareceu nos jornais de Ouro Preto e de Juiz de Fora, cidade que colocou-se em campanha para sediar a nova capital. (...) o debate na imprensa opunha dois grupos de valores estereotipados. De um lado, Juiz de Fora, uma cidade que se via moderna, industrializada e economicamente avançada. Mas era vista pelos seus oponentes como rebelde e viciada. De outro, 3
  • 4. Ouro Preto, que se percebia como um lídimo representante do Estado de Minas, por ser uma cidade culta e tradicional. Mas o grupo oponente a via como suja, mal- cheirosa e empobrecida. O grupo ouro-pretano inventava-se na tradição. O juiz- forano, na modernidade (Viscardi, 2007). Esse debate, que dividiu os setores políticos mineiros em alas a favor ou contra a transferência (denominados como mudancistas ou não-mudancistas), era atravessado por dois conflitos: no cenário estadual, as lutas políticas inter-regionais, fruto da antiga formação espacial e econômica de Minas, separada em pólos relativamente autônomos “com os seus interesses voltados para fora do Estado (Singer,1977)” (Wirth,1982); no plano nacional, em meio ao clima da recente república, se destacavam os embates entre os grupos deodoristas e florianistas, esses últimos partidários das idéias separatistas difundidas em Minas pelos críticos da permanência da capital na região central do Estado (Viscardi, 2007). Ouro Preto, portanto, representava o “centro” administrativo de um Estado sem uma coerente unidade econômica ou política. Apesar das vozes contrárias, em 1891 foi “declarada a mudança da capital do Estado para um local que, oferecendo as precisas condições higiênicas” se prestasse “à construção de uma grande cidade” (Minas Gerais, 1891, p.52 apud. Meniconi, 1999). Ainda, em 1891, foram indicadas e escolhidas as localidades que seriam avaliadas, cabendo aos estudos técnicos, à “neutralidade científica”, a definição do novo espaço entre as concorrentes: Juiz de Fora, Barbacena, Várzea do Marçal, Paraúna e Curral Del Rey. No ano seguinte, a Secretaria do Interior do Estado Público publicou as instruções que deviam guiar a comissão incumbida desses estudos, chefiada pelo engenheiro Aarão Reis. Conforme Rodrigo Meniconi (1999) os aspectos a serem considerados deveriam levar em conta (...) o estabelecimento de uma cidade de 150 a 200 mil habitantes (grifo nosso). Deveriam ser examinadas as condições naturais de salubridade, o abastecimento abundante de água potável, os esgotos e conveniente escoamento das águas pluviais, as facilidades oferecidas para a edificação e construção em geral, o farto abastecimento dos produtos da pequena lavoura indispensáveis ao consumo diário, a iluminação pública e particular, de forma a oferecer as condições de conforto requeridas pela vida moderna, com a indicação do sistema preferível, as condições topográficas em relação à livre circulação de veículos e ao estabelecimento de carris urbanos, a ligação ao plano geral da viação estadual e federal e, finalmente, a despesa mínima que as instalações iniciais, exigiriam com o custo das implantações, dos projetos a serem executados e da construção dos edifícios representativos. Ainda, segundo Meniconi (1999): 4
  • 5. Na relação das condições transparece a postura científica e “positivista” que deverá nortear os trabalhos da Comissão. Os aspectos são objetivos e mensuráveis, muitas vezes devendo ser corroborados por dados estatísticos, provas documentais, planilhas e tabelas, enfim, por comprovações factuais. Percebe-se, também, que alguns aspectos comprometem e direcionam a escolha; sub-repticiamente Ouro Preto é descartada por sua incapacidade de atender muitos dos requisitos, em especial os relativos aos esgotos e escoamento, ao “farto abastecimento” de produtos agrícolas e às condições topográficas para livre circulação de veículos e estabelecimento de carris (grifo nosso). Envolvida pelos interesses políticos e econômicos em jogo, a comissão analisou as localidades e apresentou um relatório conclusivo ao governador Afonso Penna em maio de 1893.ii Em dezembro desse mesmo ano, num viés conciliador conduzido por Penna, facilitado pela ruptura entre os mudancistas das regiões do sul de Minas e da Zona da Mata, o antigo Arraial do Curral Del Rey (situado no centro do Estado) foi escolhido para abrigar a nova capital (Barreto,1996; Viscardi,2007). Aarão Reis tornou-se o chefe da Comissão de Construção da Nova Capital e com sua equipe definiu a planimetria, o desenho urbano e a arquitetura dos principais edifícios públicos de Belo Horizonte (Magalhães & Andrade, 1989; Julião, 1996; Salgueiro,1997). A nova capital representava a fé linear na ciência e no progresso, traduzia em suas avenidas, edifícios e praças a imagem idealizada de um novo tempo, de reinvenção de um novo país. Reproduzia as aspirações de uma modernização conservadora: por um lado, os grupos social, política e financeiramente mais influentes eram seduzidos pela atmosfera da atualização dos valores e dos costumes; por outro, eram reticentes quanto a ampliação dos direitos e da participação dos setores menos favorecidos no jogo do poder (Linhares, 2002). Belo Horizonte, assim como a República, nasceu moderna e conservadora, aberta ao novo, mas entrelaçada a valores tradicionais (Mello,1996; Simão,2006; Ávila,2008). Entre 1891 e 1893, período em que os estudos sobre o espaço da nova capital ainda estavam em andamentos, Ouro Preto tentou enfrentar o processo de transferência se adaptando às diretrizes urbanas disseminadas na época. O seu cenário urbano constituído nos períodos colonial e imperial foi parcialmente afetado pelos discursos de modernização presentes na atmosfera da Belle Époque.iii Em dezembro de 1891 foi criada a Empresa de Melhoramentos da Capital num contrato firmado entre a Intendência Municipal ouropretana e os Srs. Vicente Barreiros e Dr. Alexandre Moura Costa. Segundo Caion Natal (2007), a partir desse projeto A cidade que se pretendia fazer deveria constituir-se, basicamente, de uma arquitetura de ‘gosto moderno’; suas vias deveriam seguir um traçado reticular; indústrias seriam construídas; viadutos, avenidas, bulevares, linhas de Bondes, 5
  • 6. ruas e planos inclinados seriam criados; previa-se o estabelecimento de sistemas eficientes de esgotos e água encanada, bem como o calçamento, alargamento e alinhamento das ruas já existentes; ansiava-se pela construção de novos chafarizes e pontes no lugar dos antigos; pela construção de um teatro amplo e moderno; pelo estabelecimento de um cemitério e matadouro públicos afastados do centro urbano; pela construção de muros de arrimo para conter as águas dos rios e evitar deslizamentos. Ademais, era necessário tomar as devidas providências para embelezar a cidade: arborizar as ruas e os adros das igrejas, construir parques e jardins, restaurar as vias e edifícios que estivessem em estado calamitoso, suprimir os becos onde se acumulavam detritos putrefatos e insalubres, nivelar áreas acidentadas e abrir praças e novas áreas planas, mais amplas e arejadas, para evitar miasmas e epidemias (grifo nosso). FIG.2 – Parte do Projecto de Boulevard, 1891, autor desconhecido. Fonte: Arquivo Público da Prefeitura Municipal de Ouro Preto A FIG.2 apresenta parte do Projeto de Boulevard criado para Ouro Preto em 1891. Contendo no centro as fachadas das novas casas que seriam construídas, no lado direito o corte transversal de uma suposta praça e no lado esquerdo a frente de um jardim, essa planta registra algumas pistas sobre a nova cidade sonhada para a antiga capital, inscreve uma vontade e uma forma de olhar Ouro Preto. No entanto, o contraste entre as obras desejadas e as condições para realizá-las fica evidente quando nos aproximamos da realidade financeira da velha capital: a Empresa de Melhoramentos, que não podia contar apenas com os recursos da municipalidade, adquiriu um empréstimo junto ao governo estadual, valor que foi insuficiente para o vulto planejado e que contribuiu apenas para aumentar o endividamento da economia ouropretana (Coelho,1987). “A carência de recursos técnicos, materiais e financeiros selaram o malogro da Empresa de Melhoramentos da Capital (Natal, 2007).” Ainda, em 1892, a Câmara publicou o Edital sobre terrenos foreiros, que incorporou os terrenos abandonados situados na Serra de Ouro Preto e previu a utilização dessa zona na futura expansão urbana da capital. Diogo de Vasconcelos, presidente da Câmara, assim justificou a ação: Considerando que dentro do perímetro da sesmaria Municipal não há terreno que seja excluído do domínio porque as mesmas extensões isentas do pagamento de foros pela Carta Régia 6
  • 7. incorporam-se ao patrimônio se acaso abandonadas, e nenhuma prova existe mais concludente desse abandono que as ruínas e confusão em que se acham. Considerando que mesmo para os terrenos de sesmarias vizinhas prevalece aquele direito de incorporação nas partes que entravam pelas divisas da sesmaria Municipal, tanto assim que pela Carta Régia não se permite que se recite o domínio dos proprietários que as tenham uma vez abandonado. Considerando que o mesmo direito regia e rege as datas e outras concessões minerais cuja superfície pelo abandono dos serviços reverte ao patrimônio da Câmara. Considerando ainda que tão vastos terrenos podem e devem ser repovoados, como é necessário e exigido ao grande desenvolvimento da cidade, cujos arrebaldes não podem continuar entregues à solidão e a esterilidade: Resolve: 1º Ficam incorporadas ao patrimônio municipal os terrenos devolutos e abandonados em toda a Serra de Ouro Preto; e bem assim toda superfície das antigas datas e concessões minerais que tenham caducado; e estejam dentro dos limites da sesmaria municipal. 2º Fica marcado o prazo de 60 dias para quaisquer reclamações opostas a este Edital, indo os quais serão aforados os respectivos terrenos. Paço da Câmara Municipal de Ouro Preto , 12 de julho de 1892. Diogo Luiz de Almeida Pereira de Vasconcelos.iv No ano seguinte, em 1893, a Câmara encomendou ao engenheiro João F. Blaksley um plano de expansão da mancha urbana de Ouro Preto. Seguindo a recomendação dos camaristas, ele estudou o planalto do Morro do Cruzeiro a fim de fundar-se nesse espaço uma nova cidade que pudesse “ser unida à histórica capital do Estado de Minas Gerais (grifo nosso) (Blaksley,1893).” Traduzindo os discursos dos não-mudancistas em projeção urbanística, Blaksley buscou conciliar em seu projeto a coexistência entre a “histórica capital” e a “nova capital” a ser criada. O viaduto que ligaria o setor antigo ao novo (o Morro da Forca ao alto do Morro do Cruzeiro) simbolizaria essa tentativa de construir uma passagem harmoniosa entre o passado e o presente, a tradição e o progresso (FIG.3). Segundo José Efigênio Pinto Coelho, a “nova capital” teria uma avenida contornando todo o núcleo urbano, duas avenidas se cruzariam no centro, e várias ruas paralelas transversais às duas avenidas. (...) Este núcleo do Morro do Cruzeiro seria ligado a Ouro Preto por uma ponte que vai dar no Morro da Forca. Seria uma ponte de estrutura metálica, lembrando a estrutura da Torre Eiffel. Este plano começou a ser executado, e é por isso que o Morro da Forca é chapado, pois, no plano, ali seria o ponto chave da obra; a porta de entrada (grifo nosso) (Coelho, 1987). Como a emergência da cidade moderna e de suas práticas de destruição e remodelamento do espaço não exclui a possibilidade de se “julgar aquilo que se deve preservar”, os pontos de ancoragem da memória, a conservação do antigo núcleo da sede de Ouro Preto representava nesse contexto a proteção dos discursos que atribuíam a essa área a condição de principal palco da luta dos mineiros contra a tirania e a favor da liberdade de expressão e da criação artística (Choay, 2001; Arantes, 1984; Gonçalves, 1996; Pesavento,1997). Apesar do apelo à memória, o espaço urbano no projeto de Braksley é reduzido ao atendimento das questões funcionais de circulação, abastecimento, salubridade, topografia e custo, assemelhando-se às 7
  • 8. preocupações que guiaram os trabalhos de Aarão Reis na construção da nova capital e aos planos da frustrada Empresa de Melhoramento de Ouro Preto. Área chapada no Morro do Cruzeiro (espaço para a “nova capital”) Morro da Forca FIG.3 – Sem título. Ouro Preto, primeira metade do século XX. Autor: Luiz Fontana. Fonte: Acervo fotográfico do Núcleo de Mentalidade e Memória IFAC/ UFOP. Na defesa de seu status como capital, a cidade convocou o panteão de personagens da história de Minas que viveram em Ouro Preto, como Felipe dos Santos, Cláudio Manoel da Costa, Aleijadinho etc., se posicionando como a “guardiã e representante das mais gloriosas tradições mineiras” (Meniconi, 1999; Natal, 2005). Esse apelo é nítido na inauguração do monumento dedicado a Tiradentes, em 21 de abril de 1893, situado na principal praça da cidade. Os defensores de Ouro Preto acreditavam na sacralização cívica do mártir Tiradentes, todavia, sacralizada também deveria ser a antiga Vila Rica, berço da luta pela liberdade. Retirar-lhe o status de Sede do Governo Mineiro significaria arrancar de Minas suas raízes, impondo ao mesmo tempo à heróica terra de Tiradentes a mais desalmada crueldade, o abandono (Fonseca, 1998). Todavia, nem o panteão de “heróis”, o projeto de Braksley, a incorporação dos terrenos abandonados na serra ou os planos da Empresa de Melhoramento de Ouro Preto evitaram a aprovação do Curral Del Rey, em dezembro de 1893, como o espaço para a construção do novo centro político e administrativo de Minas. Para Rodrigo Meniconi (1999): A construção da nova capital e o êxodo que se seguiu - calcula-se que mais de 45% da população tenham emigrado - vão colocar Ouro Preto em uma espécie de limbo, um local fora do tempo (grifo nosso). Não sendo mais desse tempo, de que tempo seria esse lugar? 8
  • 9. É nesse contexto marcado pela diminuição da população, queda da arrecadação tributária, aumento dos problemas a serem sanados pela gestão municipal e apropriação de novos conceitos sobre o espaço urbano que os aspectos evocativos presentes nos discursos derrotados dos não-mudancistas adquiriram uma nova direção: a preservação e a conservação da “histórica” cidade. Para Caion Natal (2005): A nova concepção que passa a envolver Ouro Preto, a partir da consolidação de Belo Horizonte, é a de que a cidade não deveria mudar sua condição material, mas sim trazer as marcas do passado em seu traçado e em sua arquitetura. Em fins do século XIX e começo do XX, Ouro Preto passa a assumir uma imagem cujo principal atributo seria sua imutabilidade como signo da preservação de uma memória histórica; de uma tradição que deveria ser mantida sob pena de perder um importante elemento constitutivo da identidade brasileira e mineira. Nesse processo de construção dos discursos que criticavam o esquecimento de Ouro Preto e que exaltavam a velha cidade como um importante cenário da memória nacional destaca-se (na fase de inauguração da nova capital) a constituição do Arquivo Público Mineiro, em 1895, e os lançamentos da Revista do Arquivo Público Mineiro, em 1896, e das Efemérides Mineiras, em 1897, empreendimentos coordenados por José Pedro Xavier da Veiga (1998). Pouco depois esse tema ganhou uma nova visibilidade nas comemorações do bicentenário de Ouro Preto, em 1911, marcadas pela programação de festas, visitas aos “lugares históricos”, exibição de filmes e a edição de uma publicação específica sobre a história local (Meniconi,1999; Natal,2005). O livro Bi-Centenário de Ouro Preto (1711-1911): Memória Histórica, editado pela Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, envolveu nomes importantes do quadro intelectual mineiro, como Nelson de Senna, Benedicto José dos Santos, Diogo de Vasconcelos e Augusto Velloso (Senna,1911). Em meio às manifestações desse evento buscou-se construir conexões históricas entre Ouro Preto e Belo Horizonte, como se a recente capital fosse o prolongamento da antiga. Dessa forma, os fantasmas da transferência da capital, que envolviam Ouro Preto, seriam exorcizados: esta não seria mais uma cidade renegada, inferiorizada, esquecida, mas sim o suporte moral da cidade moderna, a raiz da mineiridade. Desse modo, aliava-se um discurso progressista, em prol de Belo Horizonte e, portanto, da cidade moderna, a um discurso de conservação da tradição, tendo em vista a cidade de Ouro Preto. Passado e futuro eram, então, vistos como a face de uma mesma moeda: enquanto Belo Horizonte representava o espírito empreendedor do mineiro, o desenvolvimento econômico, o progresso científico, Ouro Preto representava a raiz desse progresso, o nascedouro da identidade mineira (Natal, 2005) 9
  • 10. No início do século XX, as exaltações e as alegorias montadas em torno da valorização e conservação da cidade contaram com novos adeptos, como o escritor Alceu de Amoroso Lima (o Tristão de Ataíde), que escreveu um artigo em 1916 em defesa do “passado nacional”, onde cita o descaso com as cidades de Ouro Preto e Diamantina; e o escritor Mário de Andrade, que visitou a região na segunda década do XX, estadia que o levou a escrever sobre Aleijadinho em 1920 definindo-o como um “gênio da raça”. Na década de 1920 novas vozes defenderam a necessidade de se reavaliar o esquecimento e o mal estado de conservação da velha cidade, como o arquiteto Lúcio Costa e os paulistas liderados por Mário de Andrade (Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Blande Cendars), colocando Ouro Preto e Minas no foco do chamado modernismo brasileiro (Meniconi, 1999; Natal, 2005: Oliveira, 2005). A sintonia entre a ressonância dessas vozes e as intenções do governo Vargas de manter um bom relacionamento com os setores políticos mineiros e influenciar a reconfiguração do discurso mítico nacional levou ao tombamento de Ouro Preto como “monumento nacional” em 1933. Época em que a cidade passou a ser tutelada pela esfera federal. Segundo Rodrigo Meniconi (1999): Com a criação, no ano seguinte, da Inspetoria de Monumentos Históricos, vinculada ao Museu Histórico Nacional dirigido por Gustavo Barroso, os problemas da conservação e restauração da cidade e de seus valores assumem dimensões nacionais, demandando urgências operativas. Em 1935 Barroso apresenta um “Plano de Restauração” da cidade de Ouro Preto. Esse plano, primeiro no Brasil, na verdade contemplava a restauração de edificações singulares, igrejas, pontes e chafarizes e vai ser executado nos próximos três anos, com uma verba de 200 mil réis. O tombamento de Ouro Preto transformou a velha capital em um espaço laboratorial para a política de preservação patrimonial: reflexões; diretrizes; ações; e limites. A transformou num lugar de memória, em modelo, e incentivou a criação do Serviço de Patrimônio Artístico Nacional em 1937. O estudo desse processo nos permite trilhar as marcas das traduções do Estado e de grupos políticos e artísticos sobre alguns conceitos, como “genuíno”, “heroísmo”, “arte” e “nacional”, nesse período ainda incipiente de construção da cultura republicana e da política de patrimonialização no Brasil (Meniconi, 1999; Natal, 2007; Oliveira, 2005) Apesar da importância das pesquisas aqui brevemente apresentadas, acreditamos que algumas questões relacionadas ao período ainda necessitam de uma investigação que lhes dê maior visibilidade. A primeira refere-se a necessidade de se compor e analisar um inventário mais abrangente sobre os problemas enfrentados pelos moradores durante as décadas posteriores à mudança da capital. Acreditamos que as informações identificadas sobre essa época são 10
  • 11. insuficientes para se pensar o impacto dessa mudança no cotidiano dos ouropretanos e a difusão das soluções imaginadas nos âmbitos da política e da economia para reverter tal situação.v Em geral, as informações tendem a citações superficiais dos problemas, como demonstra o trecho abaixo escrito por José Efigênio Pinto Coelho. Conforme o autor, após a transferência da capital Ouro Preto entra em caos: falta d’água, funcionários da Câmara sem receber os salários, obras paralisadas, muito desemprego, estabelecimentos comerciais e hotéis fechando as portas; até o trem já não andava mais em seu horário habitual (Coelho, 1987). Portanto, nos parece que a análise desse inventário de problemas auxiliará a verificação de dois pontos: os limites da economia da cidade para reverter tal situação; e a influência dessa realidade na produção e apropriação dos discursos que ante a perspectiva do arruinamento e do esquecimento de Ouro Preto passaram a ancorar a reinvenção da cidade nos campos da memória histórica e da memória artística. O trecho abaixo, escrito por Olympio Cardoso em 1907, exemplifica essa relação entre a economia e a identidade: É digna de outra sorte a ex-capital de Minas. (...) Seu progresso não é apenas uma necessidade urgente; é também um dever imposto a todo brasileiro, porque se o Brasil, devido às suas nobres cogitações, foi considerado como um horizonte onde se divisaram grandes encantos, Ouro Preto foi sem dúvida o sol que brilhou e extasiou nesse horizonte (Jornal Independência, Ouro Preto, número único, 07/09/1907, p.2-3, discurso de Olympio Cardoso apud. Natal, :2005). A segunda questão refere-se ao processo de reconstrução da vida social após a migração de parte dos moradores de Ouro Preto para Belo Horizonte, outro tema tocado superficialmente pelas pesquisas rastreadas. Em 1890, sete anos antes da mudança da capital, a sede de Ouro Preto contava com 17.857 habitantes; três décadas depois esse número girava em torno de 11.857. Uma diferença, portanto, de 6.000 moradores (ou 34%) (Annuario Estatistico de Minas Gerais de 1921, Anno I, Belo Horizonte: Imprensa Oficial. 1921). Como esse percentual demonstra um número de evasão menor que o indicado no trabalho de Rodrigo Meniconi (45%), acreditamos, em sintonia com José Efigênio Pinto Coelho (1987), que a sede tenha absorvido novas levas de moradores após a fase do intenso abandono. Esse novo contingente foi composto pelas famílias que viviam nas regiões próximas a Ouro Preto e pelos estudantes que vieram ingressar, sobretudo, na Escola de Minas e na Escola de Farmácia (Jorge,1986; Coelho,1987; Carvalho, 2002; Machado, 2008).vi Eles encontraram um cenário favorável às suas acomodações, já que a evasão levou ao abandono de parte dos imóveis, gerando o aumento da oferta de compra, venda e aluguel e, talvez a prática mais comum, a ocupação não autorizada das edificações. 11
  • 12. A antiga capital parece ter se reconstruído a partir desses três setores: os remanescentes, que permaneceram por razões distintas em Ouro Preto; os migrantes que vieram das regiões próximas; e as novas levas de estudantes, que se diferenciavam pela tendência de fixação temporária. Essa divisão tripartida não deve guiar o leitor à idéia de homogeneidade, já que esses setores se dividiam em grupos sociais distintos com discursos e interesses próprios. Diante da necessidade de reconstrução das redes de sociabilidade após a mudança da capital nos perguntamos: como se deram as relações de aproximação e estranhamento entre esses três setores? É possível identificar em seus valores e práticas culturais pontos de misturas, superposições e resistências? Que nova cidade surge nesse período? A terceira questão resulta das duas acima citadas: como desdobraram-se os temas da “modernização” e “musealização” da cidade nos discursos dos diferentes atores e grupos sociais locais durante as primeiras décadas do século XX? As informações identificadas nos trabalhos de Meniconi (1999) e Natal (2007), apesar de esclarecedoras e relevantes, tendem a se fixar em torno das apreensões dos discursos produzidos nos circuitos intelectuais mineiros ou não, penetrando muito pouco nas traduções dos indivíduos ou dos setores sociais ouropretanos. Por isso, nos questionamos: a idéia de coexistência entre o antigo e o novo identificada nas diretrizes encaminhadas pela câmara municipal ao engenheiro João Braksley, em 1893, continuou sendo defendida? Ou será que, ao contrário, chegou-se a constituir a defesa de uma visão “progressista” contraposta aos desejos disseminados pelos grupos intelectuais quanto a preservação e conservação do antigo núcleo de Ouro Preto?vii As pesquisas de Rodrigo Meniconi e Caion Natal avançaram quanto ao preenchimento da lacuna historiográfica sobre o período, nos propomos nesse trabalho contribuir para esse esforço e realizar uma investigação sobre esse processo de reterritorialização (Ortiz, 1996; Leppeti, 2001), utilizando fontes que nos aproximem um pouco mais das recepções dos habitantes e do cotidiano da cidade. 12
  • 13. i O trabalho de Rodrigo Meniconi não se prende aos marcos estabelecidos no texto de Caion Natal (1891-1933), já que a sua meta é investigar os alcances e os limites das políticas de preservação e conservação experimentadas em Ouro Preto ao longo do século XX. ii Cada localidade foi estudada por um engenheiro designado por Aarão Reis. Várzea do Marçal foi estudada por José de Carvalho Almeida; Belo Horizonte, por Samuel Gomes Pereira; Barbacena, por Manoel da Silva Couto; Juiz de Fora, por Eugênio de Barros Raja Gabaglia; Paraúna, por Luiz Martinho de Moraes. As análises das condições de salubridade foram realizadas pelo médico sanitarista J. R. Pires de Almeida. A fim de garantir a “isenção” e o caráter técnico dos serviços, Aarão Reis buscou os seus assistentes na Escola Politécnica do Rio (Meniconi, 1999). iii A Belle Époque “(...) se caracteriza pela expressão do grande entusiasmo advindo do triunfo da sociedade capitalista nas últimas décadas do século XIX e primeiras do século XX, momento em que se notabilizaram as conquistas materiais e tecnológicas, ampliaram-se as redes de comercialização e foram incorporadas à dinâmica da economia internacional vastas áreas do globo antes isoladas (Follis, 2004).” iv APMOP. Edital sobre terrenos foreiros. Códice 0965. Livro de Registros e Portarias 1892-1893. v Entre o final do XIX e as três primeiras décadas do XX, enquanto esfriavam as expectativas de grandes investimentos na extração de ouro na sede de Ouro Preto, animavam-se os investimentos na produção do ferro e na exploração de outros minerais no município: manganês, bauxita etc. A inauguração da Usina Esperança no Distrito de Itabira do Campo (atual município de Itabirito), em 1888, e da Usina Wigg no Distrito de Miguel Burnier, durante o início da República, exemplificam essas novas apostas do município de Ouro Preto. Na sede da antiga capital a Fábrica de Tecidos de São José, inaugurada na última década do XIX, tornou-se o principal empreendimento local até a inauguração da Eletro Química Brasileira S.A, em 1933, construída na região de Saramenha. vi Getúlio Vargas, com apenas 15 anos de idade, e seus irmãos estavam entre os estudantes que se dirigiram para Ouro Preto no final do século XIX. O envolvimento de seus irmãos numa briga que terminou com a morte do estudante paulista Carlos de Almeida Prado Júnior, em 1897, precipitou a sua volta e de seus irmãos para o Rio Grande do Sul (Jorge,1986). vii A fim de trabalhar essas questões, a pesquisa aqui apresentada elegeu como recorte temporal os anos que delimitam o anúncio da mudança da capital e a publicação do decreto de tombamento de Ouro Preto como “monumento nacional”. Para esse empreendimento destacamos como fontes centrais a documentação produzida pela Câmara Municipal de Ouro Preto (atas das sessões do plenário, posturas municipais, livros de registros de indústrias e profissões e projetos referentes ao espaço urbano); as edições da Revista do Arquivo Público Mineiro publicadas nesse período; os jornais e revistas diversos produzidos e divulgados na sede de Ouro Preto; os textos autobiográficos escritos por atores sociais que viveram na cidade; e o conjunto de imagens fotográficas pertencente ao Acervo fotográfico do Núcleo de Mentalidade e Memória IFAC/UFOP, que retrata Ouro Preto entre o final do século XIX e a primeira metade do XX. Fontes primárias. Iconografia. Coleção Otávio Dias Filho, Fundação João Pinheiro, 1997, BH-MG. FONTANA, Luiz. Ouro Preto, [décadas de 1920 e 1950], Fundo José Góes. IFAC / UFOP - Acervo fotográfico do Núcleo de Mentalidade e Memória. LIBENEAU, Guilherme. Ouro Preto, [1881], Fundo Biblioteca Nacional. IFAC / UFOP - Acervo fotográfico do Núcleo de Mentalidade e Memória. Annuario Estatistico de Minas Gerais de 1921, Anno I, Belo Horizonte: Imprensa Oficial. 1921 13
  • 14. Manuscritos. Edital sobre terrenos foreiros. Códice 0965. Livro de Registros e Portarias 1892-1893. Arquivo Público Municipal de Ouro Preto. BLAKSLEY, J. F. Relatório do planalto do cruzeiro de Ouro Preto. Ouro Preto: s.n., 1893. (Manuscrito. Mimeo.). Arquivo Público Municipal de Ouro Preto. Referências bibliográficas ARANTES, Antônio Augusto (org). Produzindo o passado: estratégias de construção do patrimônio cultural. São Paulo: Brasiliense, 1984. ÁVILA, Myriam. O retrato na rua: memórias e modernidade na cidade planejada. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. BARRETO, Abílio. Belo Horizonte: memória histórica e descritiva – história antiga e história média. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1996. p. 296-297. BRANDÃO, Carlos Antônio Leite. Vestígios de uma utopia urbana. Revista do Arquivo Público Mineiro, ano 44, v.2, p.62-78, 2008, jul./dez. CASTRO, Pérola Maria Goldfeder. Imprensa, história e separatismo: o Movimento Separatista de 1892 através das páginas do monitor sul-mineiro. Revista Eletrônica Cadernos de História, vol. VI, ano 3, n.º 2, dezembro de 2008. CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. Trad. Luciano Vieira Machado. São Paulo: Editora UNESP, 2001. COELHO, José Efigênio Pinto. A mudança da capital 1897-1987: um trabalho de restauração e pesquisa do arquivo da Câmara Municipal de Ouro Preto. Ouro Preto: Artes Gráficas Tiradentes LTDA, 1987. FARIA, Maria Auxiliadora. Belo Horizonte: espaço urbano e dominação política. Revista do departamento de história, v.1, Belo Horizonte, FAFICH/UFMG, 1985. FONSECA, Janete Flor de Maio. Tradição e Modernidade: a resistência de Ouro Preto àmudança da capital. 1998. Dissertação – Departamento de História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte: UFMG. 1998. GONÇALVES, José Reginaldo Santos. A retórica da perda: os discursos do patrimônio cultural no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; IPHAN, 1996. JORGE, Fernando. Getúlio Vargas e seu Tempo. 2 vol., Editora T. A. Queirós, 1986. JULIÃO, Letícia. Belo Horizonte: itinerários da cidade moderna (1891-1920): In: DUTRA, Eliana de Freitas.(org.) BH Horizontes Históricos. Belo Horizonte: C/Arte, 1996. LEPETTI, Bernard. Por uma nova história urbana. Heliana Salgueiro (org.). Trad. Cely Arena. São Paulo:Edusp. 2001. LIBENEAU, Guilherme. Ouro Preto, [1881], Fundo Biblioteca Nacional. IFAC / UFOP - Acervo fotográfico do Núcleo de Mentalidade e Memória. LINHARES, Joaquim Nabuco. Mudança da Capital: apontamentos históricos. In. Revista do Archivo Publico Mineiro. BH: Imprensa Official, Ano X, 1905. 14
  • 15. MAGALHÃES, Beatriz de Almeida & ANDRADE, Rodrigo Ferreira. Belo Horizonte: um espaço para a República. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1989. 216p. MANTOVANI, André L. Melhorar para não mudar: ferrovia, intervenções urbanas e seu impacto social em Ouro Preto-MG1885-1897. 2007. Dissertação – Programa de Pós- Graduação em História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2007. MELLO, Ciro Flávio Bandeira. A noiva do trabalho - uma capital para a República. In: DUTRA, Eliana de Freitas (org.) BH Horizontes Históricos. Belo Horizonte: C/Arte, 1996. MACHADO, Otávio Luiz. Repúblicas Estudantis de Ouro Preto e Mariana: Percursos e Perspectivas. 1. ed. Recife-PE: Editora Universitária UFPE, 2008. v. 1. 130 p. MENICONI, Rodrigo Otávio de Marco. A construção de uma cidade-monumento: o caso de Ouro Preto. 1999. Dissertação - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1999. NATAL, Caion Meneguello. Ouro Preto: a construção de uma cidade histórica, 1891- 1933. Dissertação – Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. OLIVEIRA, Melissa ramos da Silva. Gestão patrimonial em Ouro Preto: alcances e limites das políticas públicas preservacionistas. 2005 - Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Geociências. Pós-graduação em Geografia, Análise ambiental e dinâmica territorial, Unicamp. 2005. ORTIZ, R. Espaço e territorialidade. In: ORTIZ, R. Um outro território: ensaios sobre a mundialização. São Paulo: Olho d’Água, 1996.p.49-69. PESAVENTO, Sandra Jatahy (org). Imagens urbanas: os diversos olhares na formação do imaginário urbano. Porto Alegre: Editora daUniversidade/UFRGS, 1997. RACIOPPI, Vicente de Andrade. Estudantes do Rio Grande do Sul em Ouro Preto. Belo Horizonte: Typ. Castro, 1940. SALGUEIRO, Heliana Angotti. Engenheiro Aarão Reis: o progresso como missão. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1997. SENNA, Nelson de (org). Bicentenário de Ouro Preto: 1711-1911. Belo Horizonte: Impressa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1911. SIMÃO, Fábio L. R. Uma identidade para a cidade: A crônica jornalística de Padre Francisco Martins Dias e a construção de Belo Horizonte de Belo Horizonte no final do XIX. In: Revista Aulas, Dossiê Identidades Nacionais, nº2, Gladyson José da Silva (org.), outubro/novembro de 2006. SINGER, Paul. Desenvolvimento econômico e evolução urbana. 2. ed. São Paulo: Nacional, 1977. VEIGA, José Xavier da. Efemérides mineiras, 1664-1897. Introdução de Edilane Maria de Almeida Carneiro e Marta Eloísa Megaço Neves. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro/Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1998. VISCARDI, Cláudia. M. R. A capital controversa. In: Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, ano 43, nº2, p.28-43, jul/dez.2007. WIRTH, John. O fiel da balança: Minas Gerais na federação brasileira 1889-1937. Trad. Maria Carmelita Pádua Dias. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. 15