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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA
Priscila Alves Rodrigues
A CRISE DE REPRESENTATIVIDADE DO MOVIMENTO ESTUDANTIL
Porto Alegre
2013
Priscila Alves Rodrigues
A CRISE DE REPRESENTATIVIDADE DO MOVIMENTO ESTUDANTIL
Trabalho de conclusão de curso apresentado
como pré-requisito parcial à obtenção do título
de bacharel em Ciências Sociais pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Orientador: Prof. Dr. Alfredo Alejandro
Gugliano
Porto Alegre
2013
Priscila Alves Rodrigues
OS PROCESSOS DE PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO NO
MOVIMENTO ESTUDANTIL BRASILEIRO
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul – UFRGS
Data: 10 de Janeiro de 2013
Conceito: A
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Alfredo Alejandro Gugliano - UFRGS
Prof. Dr. Luis Gustavo Mello Grohmann - UFRGS
M.e. Carlos Artur Gallo Cabrera - UFRGS
Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras e não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma Universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.
Darcy Ribeiro
AGRADECIMENTOS
Este trabalho, para além de uma escolha individual da temática a ser analisada, foi
fruto de muitas horas de discussão, reuniões, viagens, "indiadas"... Ele é uma produção
coletiva, pois todos aqueles que conheci, durante meus 5 anos de graduação, contribuíram de
alguma forma para que hoje este trabalho esteja finalizado.
Mas, em primeiro lugar, agradeço aos meus pais, Elair e Leonel, pelo amor, paciência,
respeito e humildade, fazendo sempre o impossível para que eu conseguisse atingir meus
objetivos e ser quem eu sou hoje.
À Rosi, minha segunda mãe, pois sem seu apoio, carinho e compreensão ilimitados,
nos anos em que trabalhei ao seu lado, nunca estaria me formando agora.
Aos meus familiares, que sempre acreditaram no meu potencial.
Agradeço ao meu orientador, professor Alfredo Gugliano, pela orientação, confiança e
liberdade com que me permitiu desenvolver este trabalho.
À professora Tatiana Vargas Maia, pois se não fossem os e-mails sempre respondidos
com a maior atenção e carinho, eu não teria decidido fazer Ciências Sociais na UFRGS.
Agradeço à professora Luciana Ballestrin, por abrir as portas da Ciência Política para
mim.
Aos meus colegas da Sociais (amores da "/08" e da "/07"), pois com certeza, sem eles,
a minha graduação não teria sido a mesma, não é mesmo Andressa, Camila, Cátia, Edu,
Maikon, Michel, Rafa, Sandra e Val? E é claro, a Marianne, que mesmo morando longe,
sempre esteve do meu lado, incondicionalmente.
Agradeço principalmente aqueles amigos/colegas, que estiveram do meu lado,
procurando desenvolver espaços de formação e participação dos estudantes dentro do
movimento estudantil de Ciências Sociais, sem medir esforços em relacionar teoria à prática:
Duda, Paula, Pedro e Roger (de Porto Alegre) e, Ana Paula, Juliana, Lucas, Luis e Tehany (do
Norte e Nordeste para o mundo).
Por fim, ainda que não tenha citado todas individualmente, gostaria de agradecer a
todas as pessoas que, direta ou indiretamente, ajudaram-me na realização deste trabalho.
RESUMO
Nesse trabalho, apresenta-se uma reflexão teórica sobre o movimento estudantil brasileiro
com base nos trabalhos acadêmicos produzidos sobre o tema na última década (2002 a 2012)
e, na análise de 14 estatutos de Diretórios Centrais de Estudantes, contemplando as 5 regiões
do país. Considerando as evidências empíricas do distanciamento observado entre o
movimento estudantil e os estudantes atualmente, o presente trabalho tem seu foco na
ampliação do conhecimento sobre a realidade política específica do movimento estudantil,
tendo como pano de fundo o campo da Ciência Política contemporânea. O objetivo deste
estudo é analisar os processos de participação e representação presentes no movimento
estudantil brasileiro. Para isso, foi realizado um estudo prioritariamente qualitativo, onde os
dados foram coletados a partir de pesquisa bibliográfica e documental. Como resultado da
análise dos dados, pode-se verificar que diferentes perspectivas sobre movimento estudantil
são abordadas, porém um número reduzido de artigos trabalham com o tema da participação
política. Além disso, a análise dos estatutos das entidades selecionadas, permitiu uma
avaliação sobre os espaços de representação presentes nos DCE's, além de apontar dificuldade
de inserção de uma participação estudantil de fato no sistema de organização do movimento
estudantil.
Palavras-chave: Movimento estudantil brasileiro, Representação e Participação Política .
ABSTRACT
This work presents a theoretical reflection about the Brazilian student movement based on
academic papers about the theme produced over the last decade (2002 to 2012) and analysis
of 14 statutes of Students Central Directory, including the 5 regions of the country.
Considering the empirical evidences of the noticed gap between the student movement and
the students currently, this work focuses on extending knowledge about the specific political
reality of the student movement, having as background the field of the contemporary Political
Science. The aim of this study is to analyze the processes of participation and representation
present in Brazilian student movement. Therefore, a primarily qualitative study was
conducted, where the data were collected from bibliographic and documental research. As a
result of the data analysis, it can be seen that different perspectives about the student
movement are covered, but few articles deal with the issue of political participation.
Furthermore, the analysis of the statutes of the selected entities allowed an assessment of
representation spaces present in SCD's (Students Central Directory), also pointing out the
difficulty of really inserting student participation in the organizational system of the student
movement.
Key words: Brazilian Student Movement, Representation and Political Participation.
LISTA DE ELEMENTOS
Gráfico 1 : Distribuição de estudos por temática........................................................19
Quadro 1: Categorias de análise..................................................................................16
Quadro 2: Participação política como palavras-chave................................................19
Quadro 3: Amostra selecionada..................................................................................34
Quadro 4: Informações dos estatutos..........................................................................35
Tabela 1: Ano de Publicação x Tipo de Publicação....................................................18
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E CONSTRUÇÃO DO PROBLEMA........................14
3 QUADRO TEÓRICO........................................................................................................19
3.1 O MOVIMENTO ESTUDANTIL COMO UMA CATEGORIA PARA ANÁLISE..19
3.1.1 Finalidades e Objetivos......................................................................................19
3.1.2 Aproximação com a política..............................................................................21
3.1.3 Um movimento social, mas policlassista...........................................................21
3.1.4 Um movimento institucionalizado, marcado por processos de representação 23
3.1.5 Entidades.............................................................................................................24
3.1.6 Outros espaços presentes no Movimento Estudantil ......................................25
3.2 PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA...............................................26
3.3 A PROBLEMÁTICA DA CRISE DE REPRESENTATIVIDADE NO
MOVIMENTO ESTUDANTIL...........................................................................................31
4 ANÁLISE DOCUMENTAL: OS ESTATUTOS ............................................................35
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................40
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................42
APÊNDICE 01 ......................................................................................................................46
APÊNDICE 02 .......................................................................................................................47
10
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo analisa os processos de participação e representação presentes no
sistema de organização e atuação do movimento estudantil universitário brasileiro atual, com
base nos trabalhos acadêmicos produzidos nos últimos 10 anos (2002 a 2012), além da análise
de 14 estatutos de Diretórios Centrais de Estudantes. Entende-se o movimento estudantil
como sendo um importante espaço de atuação política dos estudantes universitários além da
possibilidade de ingresso dos mesmos, na vida política da sociedade.
Dialogando com uma concepção mais ampla de movimento estudantil, considerado
enquanto um agrupamento de atividades de iniciativa estudantil, com objetivos em comum e
interferência nos espaços de atuação, ou ainda, como define Feuer: “como uma coalização de
estudantes inspirada por uma rebelião emocional em que estão latentes a desilusão e a
rejeição dos valores da velha geração” (FEUER, 1969 apud BRINGEL, 2009), podemos
identificar previamente o Movimento Estudantil Brasileiro como um movimento plural,
explicado a partir de diversas óticas, com diferentes formas organizativas diretamente
influenciadas pela conjuntura política e especificidades de cada região, portanto de difícil
generalização.
O movimento estudantil brasileiro, principalmente a partir dos anos 2000, vem sendo
tema de trabalhos dentro do meio acadêmico, em diferentes áreas das ciências humanas e
sociais: como nas pesquisas de Marcos Ribeiro Mesquisa (2003, 2004, 2006 e 2009), que
trazem a perspectiva da temática juvenil, com ênfase nas identidades coletivas e participação
política dos estudantes dentro do Movimento Estudantil; Angélica Muller (2010) que alia o
tema da Ditadura Militar no Brasil e o seu reflexo na UNE (União Nacional dos Estudantes) e
no movimento estudantil brasileiro como um todo; além da pesquisadora Priscila Fernanda da
Costa Garcia (2010) que insere trabalhos acadêmicos referente à discussões sobre gênero
relacionado ao movimento estudantil, entre outros.
Porém, são pouco difundidas pesquisas visando analisar as instâncias políticas e
representativas no interior do mencionado movimento, tentando compreender como os temas
relacionados com modelos de democracia participativa e representativa se expressam na
dinâmica de suas organizações (uniões nacional e estadual de estudantes, diretórios centrais
11
de universidades e diretórios acadêmicos de unidades, por exemplo). Ou ainda, trabalhos que
retratem a dificuldade, hoje em dia, das entidades estudantis de organizar e mobilizar os
estudantes a levarem adiante pautas e reivindicações que unifiquem as diferentes expectativas
presentes no seu âmbito de intervenção, destacando os problemas decorrentes da crise de
representatividade das organizações estudantis.
Deve-se reconhecer que a temática da crise da representatividade já vem sendo
trabalhada no Brasil com a finalidade de interpretar as dificuldades da organização de
diferentes setores no país, no período de redemocratização, pós-1984 (ARAÚJO, CABÓ e
GONÇALVES, 2009; DEITOS E LIMANSKI, 2006 e GOHN, 1999), fenômeno que também
tem impacto em aspectos gerais da vida política brasileira, como a questão da baixa
participação eleitoral e as dificuldades enfrentadas por diversos partidos políticos em se
estruturar como reais porta-vozes da população (COCCO, 2009; MAIR, 2003; MIGUEL,
2003; COSTA, 2005, 2008 e 2010 e NOVARO, 2005).
O presente trabalho insere-se nos estudos da ciência política, em uma perspectiva que
prioriza a análise do movimento estudantil brasileiro contemporâneo e, como forma de tratar
esses temas, esta pesquisa tem como objetivo especial analisar os processos de representação
e participação do movimento estudantil no meio universitário. Pretende ainda desenvolver
uma análise sobre o que vem sendo escrito a respeito do movimento estudantil brasileiro,
assim como verificar as questões que afetam diretamente a organização no meio estudantil,
auxiliando na construção de um conceito de participação estudantil que vá além dos processos
representativos de sufrágio.
Como forma de desenvolver a análise, inicialmente foi realizada uma revisão
bibliográfica sobre os temas e conceitos propostos, na qual foi possível recolher um número
substantivo de publicações que abordam a problemática do movimento estudantil brasileiro,
principalmente no período que vai de 2002 a 2012. Além da busca de abordagens teóricas
sobre movimento estudantil, representação e participação política, e da crise da
representatividade.
Por revisão bibliográfica, se entende um levantamento de trabalhos publicados que
fazem referência ao tema proposto, que “permitirá um mapeamento de quem já escreveu e o
que já foi escrito sobre o tema e/ou problema da pesquisa.” (MORESI, 2003, p. 35). Refere-
12
se ainda à fundamentação teórica que visa dar sustentação ao desenvolvimento da pesquisa,
como descrito por Laville e Dionne,
fazer a revisão da literatura em torno de uma questão é, para o pesquisador, revisar
todos os trabalhos disponíveis, objetivando selecionar tudo o que possa servir em
sua pesquisa. Nela tenta encontrar essencialmente os saberes e as pesquisas
relacionadas com sua questão; deles se serve para alimentar seus conhecimentos,
afinar suas perspectivas teóricas, precisar e objetivar seu aparelho conceitual
(LAVILLE e DIONNE, 1999, p. 112)
Cabe ressaltar que revisões bibliográficas estão presentes em todas as pesquisas
científicas, “ao passo que a pesquisa bibliográfica implica em um conjunto ordenado de
procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de estudo” (LIMA e MIOTO, 2007).
Referente à metodologia de estudo, se recorreu a um estudo prioritariamente
qualitativo, compreendendo a pesquisa bibliográfica e documental. Ainda pouco utilizados
como principais métodos de análise (comumente vistos como técnicas de apoio), cabe
realizarmos uma diferenciação entre as duas. A pesquisa bibliográfica procura explicar um
problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos, sendo “uma modalidade
de estudo e análise de documentos de domínio científico tais como livros, periódicos,
enciclopédias, ensaios críticos, dicionários e artigos científicos” (OLIVEIRA, 2007 apud
ALMEIDA, GUINDANI e SÁ-SILVA, 2009). Já a pesquisa documental, difere-se da
primeira pela natureza das suas fontes, pois
a pesquisa bibliográfica remete para as contribuições de diferentes autores sobre o
tema, atentando para as fontes secundárias, enquanto a pesquisa documental recorre
a materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, as fontes
primárias. (ALMEIDA, GUINDANI e SÁ-SILVA, 2009, p. 06)
Para tanto, foi realizada a coleta e análise de documentos, fundamentalmente aqueles
relacionados com a descrição da normatização e funcionamento das organizações estudantis
(os estatutos estudantis), trabalho que teve como intuito conhecer a especificidade interna das
entidades estudantis.
Frente a impossibilidade de realizar uma pesquisa que envolva o conjunto total de
organizações relacionadas, na presente análise foram recolhidos documentos em 14 DCE's
(Diretório Central de Estudantes) entre as 98 Universidades Federais e Estaduais brasileiras.
13
A fim de calcular a amostra para a referida pesquisa, foi considerado um total de
universidades que, além de possuírem DCE, deveriam ter os estatutos disponíveis de forma
“online” (N=57), onde foram divididos por 14 (número aleatório). O resultado (4,07) é o
intervalo aleatório da amostra e, verificando a tabela de números aleatórios, determinou-se a
primeira universidade a ser trabalhada e, utilizando o intervalo amostral, verificou-se em uma
listagem as demais 13 universidades que seriam analisados os respectivos estatutos de seus
DCE’s (Apêndice 01).
Tendo essa proposta como norte, o presente trabalho estará sendo dividido em 03
partes. No primeiro capítulo, faremos uma breve exposição dos trabalhos publicados sobre o
movimento estudantil no Brasil, dos anos 2000 até o período atual, com o objetivo de
visualizar os diferentes perspectivas sobre o movimento estudantil, tendo por finalidade
apontar os escassos trabalhos referente a participação política no movimento estudantil.
No segundo capítulo pretende-se realizar abordagem teórica sobre os conceitos que
serão trabalhados durante a pesquisa, além de uma explanação sobre o conceito de movimento
estudantil relacionando-o com o levantamento bibliográfico realizado. No terceiro e último
capítulo, o trabalho atenta para análise dos estatutos recolhidos durante o processo de
elaboração deste trabalho de conclusão.
A relevância de se estudar o movimento estudantil está associada a busca pela
pesquisadora de um maior entendimento sobre a realidade na qual esteve inserida.
Considerando as evidências empíricas do distanciamento observado entre o movimento
estudantil e os estudantes, a escolha por escrever este trabalho de conclusão tem como pano
de fundo as tentativas da pesquisadora, enquanto militante do movimento estudantil na
construção de novos espaços de participação dos estudantes dentro do movimento específico
de Ciências Sociais, como na reorganização do movimento de área de Ciências Sociais da
Região Sul (MACSul, a partir de 2009) e da criação da ANECS (Articulação Nacional dos
estudantes de Ciências Sociais), no ano de 2011, além da inserção da pesquisadora no grupo
de pesquisa referente aos Processos Participativos na Gestão Pública, do departamento de
Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS
Resumidamente, o presente estudo foi voltado para a ampliação do conhecimento
sobre a realidade política específica do movimento estudantil, analisado a partir da
perspectiva da Ciência Política contemporânea.
14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E CONSTRUÇÃO DO PROBLEMA
A fim de analisar os estudos relacionados ao movimento estudantil brasileiro e
identificar as principais áreas temáticas trabalhadas, é proposta uma exposição da pesquisa
realizada.
A intenção inicial, na fase exploratória da pesquisa, centrava-se na procura por
trabalhos acadêmicos que visassem à conceituação de "movimento estudantil". Além disso,
buscava-se aliar a área de conhecimento da ciência política, escolhida pela pesquisadora como
pano de fundo desta pesquisa (e também, área escolhida para conclusão do curso de
graduação) ao interesse específico em ampliar o entendimento sobre a realidade em questão.
Por realidade objetiva, se entende:
perceber que esta existe independentemente e fora da consciência humana, em três
dimensões que a conformam: as dimensões estrutural, particular e singular. A
dimensão estrutural é aquela formada pelas relações econômicas, sociais e político
ideológicas derivadas dos processos de desenvolvimento da capacidade produtiva e
das relações de produção de uma sociedade em um determinado período histórico.
(QUEIROZ & ENGRY, 1988 apud NOLASCO & PERNA, 2008)
“dimensão estrutural”, formada pelos processos de desenvolvimento da capacidade
produtiva e de relações sociais; a “dimensão particular”, formada pelos processos de
reprodução social e a “dimensão singular”, formada pelos indivíduos e suas famílias.
(QUEIROZ & ENGRY, 1988)
O critério para a seleção dos textos acadêmicos foi o de possuir “movimento
estudantil” ou, "movimentos sociais" e "estudantes", como uma de suas palavras-chaves,
partindo do princípio de que se um texto tem como uma das suas palavras-chaves
“movimento estudantil”, por exemplo, nele o tema será tratado sistematicamente ou ainda,
será um dos conceitos estruturais do trabalho.
Porém, após inúmeras tentativas, percebeu-se a dificuldade em encontrar referências
bibliográficas que objetivassem uma conceituação para movimento estudantil. Uma segunda
experiência foi efetuada: a busca de trabalhos que tratassem da temática, no geral. Para isso,
foram utilizados dois portais reconhecidos internacionalmente para efetuar a pesquisa: Scielo
e Periódicos Capes.
15
Em relação à base de dados do Portal Scielo (Scientific Eletronic Library Online), a
pesquisa pelo termo "movimento estudantil" retornou um total de 22 resultados, porém 10
realmente eram trabalhos produzidos no Brasil e, apenas 05, possuíam o termo "movimento
estudantil", como palavra-chave. Já a base de dados disponibilizada pelo Portal de Periódicos
da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o resultado
obtido foi uma lista de 29 trabalhos, sendo que apenas 03 deles incluíam-se nos critérios
utilizados.
Diante desta adversidade, uma nova tentativa foi iniciada, em uma terceira base de
dados: o Google Scholar, com objetivo de destacar artigos científicos produzidos no Brasil
(em todas as áreas de conhecimento, pois o movimento estudantil está presente em grande
parte dos cursos de graduação nas IFES - Instituições Federais de Ensino Superior), que
tivessem como recorte "movimento estudantil brasileiro". Google Scholar trata-se de uma
ferramenta de pesquisa do Google que permite pesquisar trabalhos acadêmicos, literatura
escolar, jornais de universidades e artigos variados.
A disponibilidade de material empírico proporcionou uma extensão temporal de 10
anos – de 2002 até 2012 – e um resultado total de 184 itens (entre teses, dissertações, artigos,
etc), sendo que para construção do corpo empírico, foi definida uma amostra de 63
trabalhosque poderiam ser incluídos diante dos critérios utilizados1
. Devido a grande
quantidade de dados recolhidos e abordagens diferentes sobre o tema, foi necessário a criação
de categorias para visualização mais detalhada dos mesmos.
Quadro 1: Categorias de Análise
Categoria Dimensões Características
Ano - Ano em que foi publicado o trabalho. - A partir de 2002
Tipo de
Publicação
- Artigo publicado em revista
- online;
- impressa;
- Trabalhos requisitados para obtenção
de título
- Dissertações ou artigos de Mestrado;
- Monografias;
- Teses de Doutorado;
- Trabalhos de Conclusão de Curso ou de Estágio;
- Entrevistas
- Transcrições ou análises de transcrições;
1
Cabe salientar que a amostra total foi reduzida, pois cerca de 20 trabalhos não passaram pela análise nos
critérios citados, pois não estão disponíveis em meio digital.
16
Categoria Dimensões Características
- Livros
- Temática específica;
- Compilação de artigos;
- Trabalhos publicados em anais de
eventos
- Congressos;
- Encontros;
- Seminários;
- Simpósios;
Temática 01 - Ditadura
- Regime Militar
- Ano de 1968;
- Trabalhos sobre "locais" específicos;
- Reforma Universitária.
02 - Contemporâneo
- trabalhos que analisem movimento estudantil
"hoje"
03 - Estudo de caso2
- trabalhos que tratam de locais
(cidades/estados/universidade) e/ou períodos
históricos específicos
04 - Formação
- articulam movimento estudantil x formação
política x educação
05 - Gênero
06 - Juventude - articulam movimento estudantil x juventude
07 - Memória
08 - Mídia
- relacionando meios de comunicação (imprensa,
jornais e revistas da época)
09 - Partidos Políticos
10 - Religião
11 - UNE
Palavras-
chave3
Fonte: elaboração própria.
Primeiramente, a partir do Quadro 01 - Categorias de análise, e com auxílio dos
softwares Microsoft Excel 2011 e SPSS Statistics 21 como ferramentas de análise, os
trabalhos encontrados foram categorizados como podemos verificar no Apêndice 2.
Posteriormente, relacionou-se as produções entre as variáveis "ano de publicação" e "tipos de
publicação", com objetivo de verificar quais os períodos, nestes 10 anos de publicações
acadêmicas, encontram-se o ápice de produções.
2
Para fins desta análise, consideramos "estudo de caso", não como um método de pesquisa e sim a escolha de
um objeto específico a ser estudado.
3
Alguns artigos não possuíam palavras-chave, mas em sua totalidade adequavam-se aos demais critérios
utilizados.
17
Tabela 1:Ano x Tipo de Publicação
Ano
Dimensões
TotalArtigos Trabalhos de
titulação
Entrevistas Livros Trabalhos em
Congressos
2002 1 0 0 0 0 1
2003 1 0 0 0 0 1
2004 1 3 0 0 0 4
2005 1 1 1 1 0 4
2006 0 4 0 1 0 5
2007 1 4 0 2 1 8
2008 2 3 0 2 4 11
2009 6 3 0 0 1 10
2010 3 2 0 0 3 8
2011 2 6 0 0 2 10
2012 1 0 0 0 0 1
Total 19 26 1 6 11 63
Fonte: elaboração própria.
O ano de 2008 possui grande parte das publicações referente ao movimento estudantil,
fato que pode ser explicado em função de que esse ano esteve repleto de comemorações
referente aos quarenta anos da maior manifestação política estudantil brasileira e mundial, o
Maio de 19684
.
Observando o Gráfico 01, percebemos as diversas óticas que foram trabalhadas
referente ao grande tema "movimento estudantil". Porém, a categoria "ditadura", sobressai aos
olhos, equivalendo a 32% (20 trabalhos) do número total de publicações.
4
O ano de 1968 tornou-se emblemático, pois o mundo presenciou múltiplas revoltas e movimentações de
diversos grupos (dos estudantis, de homossexuais, de negros entre outros) que tomaram conta das ruas a fim de
demonstrar seu descontentamento político e social. Dois momentos foram cruciais e marcaram o Brasil em 1968:
a invasão do restaurante Calabouço (28 de março de 1968, Rio de Janeiro), que culminou na morte do estudante
secundarista Edson Luís de Lima Souto e, o decreto do Ato Institucional número 5 (AI-5), que oficializou a
repressão da ditadura militar no Brasil.
18
Entretanto, o dado mais interessante pode ser percebido no quadro abaixo, quando do
total de 63 trabalhos sobre movimento estudantil, apenas 06 (seis) possuem como uma das
palavras-chave o tema da participação política, tão presente no cotidiano do próprio
movimento, porém com pouca expressão nos trabalhos acadêmicos.
Quadro 2: Participação política como palavra-chave
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 1: Distribuição de estudos por temática
Fonte: elaboração própria.
19
3 QUADRO TEÓRICO
Este capítulo tratará da caracterização dos conceitos que serão utilizados neste
trabalho. Do movimento estudantil ao aparelhamento deste movimento, da crise da
representatividade à participação política, explicaremos suas definições e possíveis estruturas,
de forma a permitir uma maior compreensão do assunto que estamos tratando.
3.1 O MOVIMENTO ESTUDANTIL COMO UMA CATEGORIA PARA ANÁLISE
Por atravessar diversas modificações durante as últimas três décadas, o movimento
estudantil pode ser definido de múltiplas formas. Porém, cabe num primeiro momento
problematizar a dificuldade em encontrar estudos que exprimam um conceito de movimento
estudantil. Tal constatação foi observada na revisão bibliográfica, quando foi percebido que
mais de 90% dos trabalhos coletados focam suas pesquisas em contextualizações históricas do
movimento estudantil durante o Regime Militar ou ainda no papel da UNE desde sua criação
até os dias atuais.
Partindo da dificuldade apontada e da premissa de ser um tema de difícil
generalização, utilizaremos a priori, uma definição mais geral de movimento estudantil, como
ponto de partida para busca de características que possam levar a construção de um conceito.
Previamente, o identificaremos como um movimento plural, com diferentes formas
organizativas, diferentes formas de atuação, diretamente influenciadas pela conjuntura política
e especificidades de cada região.
Em cada trabalho analisado na revisão bibliográfica, diferentes aspectos de movimento
estudantil foram grifados, onde as peculiaridades mais significativas foram sintetizadas
abaixo, seguidos de uma análise para cada ponto exposto.
3.1.1 Finalidades e Objetivos
O movimento estudantil pode ser configurado tanto por objetivos internos e
específicos, quanto amplos e gerais. Quando apontamos para os debates próprios do meio
20
onde está inserido - ensino superior - tomando forma a partir de discussões sobre currículos,
formação profissional, infraestrutura da Universidade, etc., resgatamos as questões internas do
movimento. Como apontado por Freire (2010), um dos objetivos mais claros do movimento
estudantil durante as décadas seria a reforma da universidade e a busca por sua transformação.
Segundo Angélica Muller, em sua tese de doutorado sobre a atuação do movimento
estudantil brasileiro entre 1969 e 1979, houve neste período a concentração de discussões
sobre Reforma Universitária, pois
os estudantes acreditavam, de uma maneira geral, na possibilidade de uma reforma
que permitisse a solução dos grandes problemas educacionais e tivesse como critério
sua possível contribuição para o desenvolvimento social da maioria da população
(MULLER, 2010, p. 59).
Quanto a objetivos ampliados (heranças do período da ditadura civil-militar no Brasil)
o movimento estudantil vem buscando ultrapassar os limites físicos (e subjetivos) da
universidade
para os estudantes, de nada adiantava somente discutir, fazer manifestações e tomar
conta somente de seus interesses. Para eles, era importante também agir e ir além
dos muros da universidade, lutar pela democracia, pelos direitos do cidadão, enfim,
por aquilo que faria diferença para a sociedade em si. (FREIRE, 2010, p. 23).
A utilização de projetos de extensão (uma das possibilidades institucionais de usar-se
dos conhecimentos adquiridos dentro da universidade para além dela) quando ocorrem por
inciativa do movimento estudantil, ainda são pouco publicizados. Porém, há alguns grupos
não institucionais e juventudes de partidos de esquerda que procuram desenvolver debate
dentro do movimento estudantil referente a projetos de Universidade Popular, por exemplo,
retomando as discussões sobre a reforma universitária e, aliando objetivos internos e externos.
Assim, conhecer tanto seu local de estudo, quanto a realidade das universidades brasileiras
(além das realidades sociais que se encontram inseridos), são exemplos de objetivos que o
movimento estudantil almeja.
21
3.1.2 Aproximação com a política
Relacionada com a caracterização do movimento estudantil como sendo um local de
identificação de demandas, potencialmente leva consigo o papel de expor ao discente as
contradições presentes dentro da Universidade, o empoderando para atuar sobre estas
diversidades também fora da comunidade acadêmica. Silva (2006) ainda define o papel do
movimento estudantil como sendo o de “despertar o cidadão discente quanto a seus direitos
e o reflexo de suas atitudes e ações na sociedade”.
Assim, o ingresso no movimento estudantil pode ser visto como uma das primeiras
formas de ligação dos estudantes universitários com a vida política, influenciando na
ocupação de espaços dentro da universidade e, podendo traduzir-se em alternativas para
mudança da realidade social.
Entretanto, podemos identificar um paradoxo referente a este aspecto, pois ao mesmo
tempo em que agrega muitos estudantes, autores como Mesquita (2003) apontam que as
práticas de organização tradicionais e viciadas dentro do movimento têm desmobilizado
muitos outros. Porém, como cita TARROW (2009),
é mais fácil para as pessoas empregarem uma forma de ação coletiva que saibam
usar, e isso explica a predominância das formas convencionais sobre todas as outras.
(…) Por exigirem relativamente pouco compromisso e envolveram baixo risco, as
formas convencionais de ação coletiva podem atrair participantes em grande
número. TARROW (2009)
A explicação deste fenômeno pode estar relacionado ao fato dos estudantes ainda
estarem acostumados a relacionar a política aos processos eleitorais do sistema partidário
brasileiro, sentindo-se contemplados com este tipo de “atuação política”, logo que entram na
Universidade.
3.1.3 Um movimento social, mas policlassista
A explicação da identificação do movimento estudantil como sendo um movimento
social, pode tanto incorporar uma interação complexa entre os indivíduos e sua realidade
22
social (a realidade objetiva do local de estudo o qual está inserido) gerando processos
educativos, quanto na busca de uma identidade coletiva, como forma de agregar interesses em
comum.
Apesar da estrutura do movimento estudantil ser essencialmente institucionalizada
(formada pelas entidades de base e demais estruturas organizativas), podemos ainda
considerar outras características que estão presentes em certas concepções de ME existentes:
os processos educativos e não institucionais que muito se assemelham aos dos movimentos
sociais.
Segundo Maria da Glória Gohn (1999),
a partir do envolvimento em Movimentos Sociais ou Estudantis, os sujeitos
apropriam-se da linguagem, esquemas e concepções institucionais, assim como
adquirem diversos conhecimentos e saberes. Sendo que, essa apropriação tem como
objetivo (ou deveria ter) um projeto de construção de alternativas à nossa realidade,
onde as relações de poder não mais determinarão nossos caminhos. (GOHN,1999)
A questão da formação política dos estudantes (enquanto militantes do ME) perpassa
estas apropriações de conceitos, siglas e estruturas de discurso, também presentes nos
processos organizativos de alguns movimentos sociais.
Bringuel (2009) considera que o movimento estudantil é um movimento social sui
generis,
pois, movimentos estudantis, da mesma forma que os de mulheres, camponeses,
indígenas, urbanos e outros, são movimentos sociais. (...) Nesse sentido, em
primeiro lugar, as lutas, reinvindicações e ações coletivas dos estudantes somente se
traduzem em um movimento estudantil quando articulam uma série de elementos
mínimos, que também estão presentes nos demais movimento sociais: definição de
reinvindicações, demandas e objetivos coletivos; (...) mínima organização com certo
grau de continuidade no tempo; caráter não institucional; trabalho comum que leve à
construção de uma identidade coletiva, mesmo que incipiente. (BRINGUEL, 2009,
p. 100-102)
Indo ao encontro a esta perspectiva, o movimento estudantil, diferentemente dos
movimentos sociais mais atuantes na sociedade, torna-se peculiar ao ser formado por
indivíduos de diversas classes, causando disparidades tanto de projetos quanto de visões de
mundo, caracterizando-se assim como policlassista.
23
Freire (2008) ressalta esta característica ao colocar que estas disparidades acabam por
ultrapassar o limite das divergências internas do movimento estudantil (de táticas, estratégias
ou mesmo de programa político) "e chegam ao nível do antagonismo de classe" (FREIRE,
2008, p. 32). Mesmo assim, o movimento estudantil acaba por se apropriar e assumir uma
postura de luta contra a todos os tipos de opressões e, principalmente, contra exploração
capitalista (no caso de grupos “de esquerda”), pautas oriundas dos movimentos sociais
classistas.
3.1.4 Um movimento institucionalizado, marcado por processos de representação
Estudantes universitários podem identificar o movimento estudantil na imagem de
alguns indivíduos ou grupos políticos que tomam frente nas disputas de espaços e, podem
assim representar os demais discentes perante a universidade. Marcos Ribeiro Mesquita
(2003b) identifica as consequências desses processos de representação dentro do ME, onde o
mesmo se encontra:
Burocratizado, hierarquizado, centralizador, partidarizado, ultrapassado... Estas são
algumas das representações (inclusive dos militantes) acerca do movimento
estudantil que, de certa forma, se cristalizam enquanto justificativas do
distanciamento entre os estudantes e suas entidades. (MESQUITA, 2003a, p.95-96)
Este excerto retirado do artigo “Movimento Estudantil: Práticas militantes na Ótica
dos Novos Movimentos Sociais” demonstra como o Movimento estudantil dentro da
universidade ainda está muito ligado à forma mais tradicional do movimento, sendo aquele
que aponta para entidades fechadas, que apenas servem de espaço para reprodução das
ideologias partidárias presentes na sociedade brasileira.
Desde a década de 1970, há discussões sobre o caráter institucional do movimento
estudantil, como demonstra Muller (2010) ao retomar em seu trabalho de análise dos
documentos sobre a reconstrução do DCE da USP no período citado, descrevendo o histórico
da criação e do esvaziamento do CCA (Conselho de Centros Acadêmicos) órgão coordenador
dos CA's, substituto provisório do DCE (pois as instituições centrais de estudantes estavam
proibidas). Muller chegou a conclusão, a partir das divergências sobre a representatividade do
24
CCA que existiam diferentes concepções de representação presentes nas discussões,
reforçando a ideia da presença de diferentes correntes políticas atuando no movimento
Através dos documentos analisados, não é possível precisar quais correntes
defendiam cada proposição, até porque esse ainda era um período de transição, no
qual muitas correntes desapareceram (principalmente por causa da derrota da luta
armada) e outras se formaram. (MULLER, 2010, p.52).
Levando em conta a afirmação de Freire (2008), sobre a importância de entender
como o movimento estudantil se organiza, sem deixar de lado a diversidade de "movimentos"
na atuação estudantil nas instituições de ensino, "não podemos negar que esse movimento
estudantil institucionalizado, que é marcado pela organização representativa dos estudantes
em entidades, é o que muitas vezes é visto como “movimento estudantil” (FREIRE, 2008, p.
33).
O movimento estudantil assim pode ser considerado uma expressão que congrega um
conjunto de atividades promovidas pela iniciativa estudantil, voltadas à consolidação tanto
das entidades institucionalizadas, quanto na busca de uma perspectiva transformadora da
sociedade e de independência do pensamento e da ação, levando-se em consideração as
diferentes condições objetivas de cada contexto.
3.1.5 Entidades
Dialogando com uma concepção mais ampla de movimento estudantil, como sendo
um agrupamento de atividades de iniciativa estudantil, com alguns objetivos em comum
(determinados conjunturalmente) e que interfere nos espaços de atuação, podemos identificar
estruturas presentes dentro do movimento, sem deixar de citar as demais organizações não
institucionais.
Nesse universo, entidades são organizações representativas de um conjunto de
pessoas, de uma classe, de um setor. Representativas no sentido de estabelecer-se como uma
instância organizativa daquele conjunto, que o representa perante outra instância. Devem ser
permanentemente abertas possibilitando participação das mais diversas opiniões e orientações
políticas e ideológicas.
25
Adquirem forma através dos Centros e Diretórios Acadêmicos (CA's e DA's)5
:
Entidade de base do movimento estudantil que representa os alunos de um determinado curso.
O C.A. também mobiliza e organiza os alunos para participar, em cada faculdade, de
manifestações públicas. E também por meio dos DCE's (diretório central dos estudantes),
considerando que,
O DCE deve ter esse contato direto com o CA, já que é muito mais difícil atingir
todos os estudantes da universidade sem uma rede bem sustentada. Sem contar que o
DCE tem o papel de dar suporte aos CAs, para eles se estruturarem, colocá-los por
dentro dos assuntos mais gerais da universidade e envolvê-los nas lutas de todos os
estudantes. Muitos cursos não têm CA, assim, o DCE pode estimular e ajudar para
que os interessados achem caminhos para construir sua entidade. (FONSECA, 2008,
p.36)
Assim, o DCE é caracterizado como a entidade máxima de representação dos
estudantes de uma Universidade. No Brasil, atualmente, a livre organização dos estudantes em
entidades como os centro acadêmicos é garantida por lei.
3.1.6 Outros espaços presentes no Movimento Estudantil
Podemos ainda nos referir a outros espaços presentes no movimento estudantil que
não estão diretamente ligados as entidades de base ou ainda à universidade, mas que exercem
funções como abertura de espaços de participação direta e, podem ainda trabalhar em
conjunto com os organismos institucionais. Dentre eles, podemos destacar grupos políticos
ligados à partidos (como as diversas tendências partidárias), coletivos de estudos formados a
partir das necessidades específicas de cada universidade, grupos religiosos, ligados a questões
de gênero, acadêmicos (como os estudantes que trabalham em programas de iniciação a
docência – PIBID – e, de educação tutorial - PET), etc. Cabe salientar que, dependendo da
universidade a ser trabalhada com maior profundidade, diferentes grupos podem ser
identificados.
5
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos."CA’s e DA’s" (verbete).
Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002
<http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=284> Acesso em: 05 de maio 2012.
26
3.2 PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA
Representação e Participação, no período atual de democratização6
, andam juntas, pois
as decisões tomadas a partir de espaços de participação (mesmo que dentro de um processo
representativo) tendem a levar consigo e transferir para os sujeitos, uma maior carga de
politização, disputa e qualidade crítica, características por certo perdidas dentro do
movimento estudantil. Porém, há uma confusão aparente na diferenciação entre participação e
representação dentro do movimento estudantil, pois os estudantes que se incluem nos
processos estudantis acabam por colocar as mesmas expectativas e influências do sistema
político brasileiro em suas ações dentro do movimento.
Falar de representação política é recordar-se de que se trata de um conceito
essencialmente moderno, uma temática central na teoria do Estado Democrático Liberal. A
representação nos estados modernos nasceu dentro de um processo de institucionalização da
política com os processos eleitorais. No Brasil, a terceira fase de democratização7
desenvolveu-se no período entre 1985-1990, segundo ARTURI (2001), durante a presidência
civil de José Sarney. Para compor este quadro teórico, partimos de dois pressupostos para
entender a representação: consentimento para que outro governe em seu lugar e, a abertura de
espaços para participação.
O primeiro seria o de que os cidadãos não governam de forma direta e sim, tem a
opção de escolher seus representantes. Hanna Pitkin (2006) em seu trabalho “Representação:
palavras, instituições e ideias”, realça nas primeiras páginas a complexidade da palavra
representação, pois para contextualizar seu histórico de surgimento exige-se relatos
detalhados de suas colocações na história. No decorrer da obra, Pitkin introduz algumas
concepções sobre como a representação política pode se apresentar (formalista, descritiva e
simbólica), mas por ora ficaremos com a primeira concepção.
6
Guillermo O’Donnell em seu trabalho “Democracia, agência e Estado” (2011), conceitua democratização
como sendo “aquisição e amparo legal de direitos e liberdades, sustentadas de forma mais ampla e mais
sólida, que dizem respeito aos aspectos civis, sociais e culturais da cidadania, também a expansão de
liberdades e direitos políticos. Os graus e a solidez dessas expressões são uma medida, ainda que difícil, de
calibrar empiricamente, do grau de democratização ou da qualidade da democracia em cada caso”.
7
No período entre 1974 a 1982, iniciou-se a primeira fase do processo de democratização do Brasil, assinalado
pela subida do General Geisel ao poder, levando consigo seu projeto de desenvolvimento gradual e seguro
para o país. Caracterizou-se ainda pela supressão parcial da censura à imprensa, a valorização por parte do
governo das eleições legislativas e, o início da liberalização do governo. A continuidade desse processo de
liberalização, permitiu o início da segunda fase do processo de democratização (1982 a 1985), tendo como
características criação de novos partidos políticos e, a sucessão presidencial. (KINZO, 2001)
27
A representação política na concepção formalista pode ser entendida a partir de duas
questões: representação por autorização (origem da representação) e a questão da
“responsabilização” (final do processo). O modelo mais conhecido dentro desta perspectiva é
o modelo hobbesiano, pois, segundo Pitkin, Hobbes é considerado um dos teóricos da
representação na medida em que o conteúdo do contrato social (que dá origem ao Estado
moderno) tem por base um processo de representação, no estabelecimento de um
representante que pode agir em nome de seus representados, possuindo assim autoridade
ilimitada para fazê-lo.
Pitkin afirma ainda que
Ao chamar o soberano de representante, Hobbes constantemente sugere que o
soberano fará o que se espera que os representantes façam, não apenas o que lhe
satisfaz. No entanto, a definição formal assegura que essa expectativa nunca pode
ser invocada para criticar o soberano ou resistir a ele por não representar seus
súditos como deveria. Na verdade, na definição explícita, não existe algo como um
(não) representar como se deveria. (PITKIN, 2006, p.29)
Já sobre a questão da responsabilização, Pitkin afirma que muitas críticas foram
desferidas à Hobbes, pela ausência da noção de accountability, relacionada à falta de
prestação de contas das ações do representante ao representado. Portanto, ambas as
concepções seriam formalistas, por definirem-se fora da atividade de representação “em si”,
não tratando do que acontece durante o processo.
Nadia Urbinati (2006) em seu trabalho “O que torna a representação democrática”,
aponta que as teorias da representação (com objetivo de consolidar a democracia como forma
de governo), seguiram por duas escolas diferentes de pensamento: modelo eleitoral de
democracia, que une a concentração de poderes nas instituições políticas (competência) e a
deliberação pelo voto (consentimento), como forma de legitimar-se perante a população. Já o
modelo representativo, observa-se na teoria do consentimento (na tentativa de evitar
concentração de poder nas instituições estatais), através da eleição não só no nível de escolha
de representantes, mas também “como direito de participar em algum nível da produção das
leis, não como um método de transferência das preferências idiossincráticas das pessoas a
profissionais políticos” (URBINATI, 2006, p. 193).
No decorrer de sua obra, a autora coloca que podemos ver a representação a partir de
três perspectivas: a jurídica e a institucional (que estão interconectas em relação a concessão
da autorização) e, a política, mais democrática e pluralista, onde a representação não precisa
28
ser encontrada apenas nas entidades preexistentes e pertencendo aos agentes ou as instituições
estatais e sim, podem designar uma forma de processo político (p. 201). Nesta terceira
perspectiva, Urbinati expõe que a política representativa, tem a capacidade de espelhar:
a complexidade de opiniões e de influência política, nenhuma das quais é uma
entidade computável aritmeticamente. Quando traduzimos ideias em votos,
tendemos às vezes a nos esquecer dessa complexidade e assumir que os votos
refletem preferências individuais, ao invés de representarem opiniões. (URBINATI,
2006, p. 211)
A autora aponta em sua obra, o segundo pressuposto referente à conceituação de
representação exposto neste trabalho, no sentido de ampliar espaços de participação dentro da
representação, ao colocar que a mesma possibilita que todos os componentes da sociedade
civil possam identificar-se politicamente e, de alguma forma, influenciar a direção política do
seu país de origem, pois “sua natureza ambivalente – social e política, particular e geral –
determina sua ligação inevitável com a participação” (p. 218).
A partir da contribuição de Urbinati, podemos observar, por exemplo, que no Brasil a
Constituição Federal de 1988, possibilitou o abertura de diversas formas de organização da
sociedade, pois além das modificações da organização administrativa, permitiu mudanças
político-institucionais, como a criação de mecanismos de intervenção da sociedade civil,
impulsionando a implantação de mecanismos de participação dentro do sistema
representativo.
A temática da participação tem como uma das principais referências a década de 1960,
quando o conceito de participação política vem se popularizando e recebendo novos
significados. Carole Pateman, em seu texto “Teorias recentes da democracia e o ‘Mito
Clássico’”, aponta que:
isso aconteceu na onda de reinvindicações, em especial por parte dos estudantes,
pela abertura de novas áreas de participação – nesse caso na esfera da educação
superior – e, também por parte de vários grupos que queriam, na prática,
implementação dos direitos que eram seus, na teoria. (PATEMAN, 1992, p. 09)
Pateman argumenta ainda, que a participação mais ampla na esfera política começa
necessariamente com a participação em microesferas da vida social. No caso deste estudo,
29
destacamos o papel educativo que a participação politica dos estudantes dentro do movimento
estudantil pode desempenhar, para sua atuação fora da universidade.
Sendo um conceito diverso, já foi interpretado por diversas óticas. Sani (1988)8
descreve um conceito mais geral de participação política, comumente aceito, "o voto, a
militância partidária, a participação em manifestações, a contribuição em agremiações
políticas, o participar de comícios ou reuniões, o apoio a um candidato e pressão sobre um
dirigente" são exemplos de participação, onde os teóricos que sustentam essa visão do papel
da participação são, em sua grande maioria, teóricos do governo representativo.
Ainda sobre esta mesma perspectiva, Regina Maria D. Carneiro, enfatiza que o
conceito de participação política “é utilizado para designar uma série variada de atividades
que vai desde o ato de votar até o exercício de cargos públicos” (CARNEIRO e
MACHADO, 2009, p. 02), limitando o mesmo de forma restrita às esferas institucionais.
Ao se recorrer a conceituações que abram um espaço maior para a forma como os
indivíduos veem a política e agem perante ela (seja coletivamente ou não), o conceito de
participação política, numa perspectiva culturalista (que leva em consideração as dimensões
subjetivas dos fenômenos políticos para explicar as questões relacionadas a consolidação da
democracia, a partir de crenças, normas, valores e atitudes para explicar o sistema político), a
participação política vem como “uma variação contínua que inclui atividades formais e
informais, até aquelas que utilizam de meios "socialmente questionáveis" tais como
confrontos e invasão de prédios” (BAQUERO e PRÁ, 2007).
Do ponto de vista pluralista, Robert Dahl (1981) identifica em seus estudos a
tendência de que nem todos os indivíduos interessam em participar ativamente de todos os
processos de decisão. Ao definir quatro categorias diferentes em relação a esta observação (os
apolíticos, os políticos, aqueles que buscam o poder, e aqueles que detêm o poder), Dahl
coloca que ainda há uma pequena parcela desta população que:
acredita que sua participação pode alterar os resultados e as decisões políticas, de
modo que os sentimentos de autoconfiança e de eficácia pessoal estão associados ao
alto grau de participação (DAHL, 1981 apud AMORIM, 2007, p. 369)
8
Verbete "participação política" do Dicionário de Política organizado por BOBBIO, MATTEUCCI e
PASQUINO, 1988.
30
Se levarmos em consideração que os processos democráticos não estão fixados
somente através do voto e sim, na conscientização da população de que é possível a realização
da construção e resolução coletiva das demandas, a busca de conceitos de participação que
comportem características referentes não somente “ao número de vezes que os cidadãos
participam, mas às formas como participam e, mais especificamente em nome de que e de
quem participam” (PINTO, 2004, p.103) e também o quanto se sentem integrantes dos
processos o qual estão participando, pode ser contemplado pelo excerto abaixo, retirado do
Relatório divulgado pela Rede Interamericana para a Democracia,
participar es ser parte, tener parte, tomar parte, y esto implica tres condiciones
básicas: involucramiento, compromiso y sentido de identidad. La participación tiene
como fin influir, pero influir en los procesos de toma de decisiones (RID, 2005)
Assim, a participação efetiva se dá quando o cidadão pode "apresentar e debater
propostas, deliberar sobre elas e, sobretudo, mudar o curso da ação estabelecida pelas forças
constituídas e formular cursos de ação alternativa" (Filla e Battini, 1993 apud LYRA, 1998,
p.12).
Desde visões clássicas de participação como representação (via autorização eleitoral)
até a perspectiva da participação em pequenas esferas da vida cotidiana, a confusão sobre a
compreensão destes conceitos, pode ser encontrada tanto no discurso dos estudantes que há
pouco entraram na universidade (onde sua participação na vida política, em grande parte,
resume-se ao voto), quanto no posicionamento e atitudes dos estudantes que já são
mobilizados e ocupam espaços dentro do movimento estudantil.
Hipoteticamente, o estudante poderia estar inclinado a participar das atividades dentro
do movimento estudantil, não somente delegando a outros (através do voto) que o façam, mas
também incorporando formas de empoderamento nas atividades que está exercendo (pois,
quanto mais os indivíduos participam, mais capacitados se tornam para fazê-lo). Porém,
quando analisamos a participação relacionada ao alcance dos objetivos do movimento
estudantil, de acordo com o discurso e da pratica a serem utilizados e, de quem é o receptor
desse discurso, as respostas podem ser diferenciadas. Assim, podemos sintetizar as formas
que os estudantes percebem-se fazendo parte dos processos políticos dentro da universidade,
nos seguintes termos:
31
● processos de representação - quando nos referimos ao envolvimento em
processos eleitorais e de militância profissional (tanto internos, como escolha dos
representantes de centros e diretórios acadêmicos, quanto externos, como campanhas
eleitorais);
● processos de participação direta – onde o próprio estudante está presente em
reuniões, assembleias, passando pela construção e organização dos espaços de
discussão sobre processos políticos e/ou ações de extensão, apresentando, debatendo e
deliberando sobre as questões pertinentes ao ambiente universitário.
3.3 A PROBLEMÁTICA DA CRISE DE REPRESENTATIVIDADE NO MOVIMENTO
ESTUDANTIL
Uma das principais vertentes de análise da crise de representatividade no Brasil trata
dessa problemática desde a ótica político-partidária. Nesse sentido, alguns autores apontam
para a existência de um distanciamento entre partidos políticos e suas bases. Segundo Severo
(2007),
tende a ser caracterizado como um sistema composto por um excessivo numero de
partidos políticos, sem enraizamento social e com alto índice de fragmentação
partidária. Os partidos são pouco coesos, indisciplinados e organizados
fundamentalmente para atender interesses pessoais de alguns lideres. (SEVERO,
2007, p. 52)
Constata-se também no contexto da crise da representatividade, um distanciamento
entre a atuação dos cidadãos através de sua participação na política da eventual solução dos
problemas sociais, como afirma COSTA (2010) ao citar Moisés (2005)
o distanciamento entre a participação política e a resolução de problemas sociais,
cria a sensação de impotência no eleitorado que, cada vez mais, sente-se alijado das
decisões políticas. Daí a apatia que se traduz na maior parte das democracias
políticas ocidentais, no aumento da abstenção. Desta forma abre-se espaço ao
desencanto, a apatia e até a hostilidade em face de distorções que, muitas vezes,
envolvem políticos e instituições democráticas. (MOISÉS, 2005 apud COSTA,
2010, p. 291)
32
O período de transição democrática no Brasil é marcado pelo retorno do
pluripartidarismo como forma de organização do sistema partidário brasileiro, assim como
pela descrença dos cidadãos em relação vários aspectos da política institucionalizada. Como
Dias aponta:
Desde a década de 1970, entretanto, a literatura acadêmica vem se ocupando em
diagnosticar e encontrar soluções para o que ficou conhecido como a crise da
representação política, ou ainda, da própria democracia representativa. Elites
políticas encasteladas, apatia política dos cidadãos em geral, ausência de
accountability são algumas das evidências apontadas como sendo características da
disfunção do mecanismo representativo da democracia. (DIAS, 2004)
Assim, falar sobre as características de crise dentro do movimento estudantil, é
retomar principalmente quatro características que, mesmo pouco trabalhadas nas produções
recolhidas na revisão bibliográfica, podem ser percebidas empiricamente: o distanciamento
entre movimento estudantil e os estudantes; falta de legitimidade do movimento;
aparelhamento e, pouco envolvimento dos estudantes.
Mesquita (2003b) destaca dois pontos que podem caracterizar o distanciamento e falta
de mobilização e organização dos estudantes no movimento estudantil: fatores externos (além
da crise da representatividade, a apatia, individualismo) e fatores internos (aparelhamento
partidário, hierarquização das estruturas), exemplificado com a multiplicação de grupos
políticos dentro da universidade (sejam em forma de coletivos/base estudantil de organizações
ou na ocupação de espaços institucionais como os centros acadêmicos).
No caso do objeto de análise, o período atual pode ser caracterizado como sendo de
apatia entre os estudantes perante o movimento estudantil, isto é, um desinteresse inclusive
frente a questões que afetam diretamente seu futuro desempenho profissional, como aquelas
relacionadas com a falta de infraestrutura de muitas instituições de ensino superior ou a
inadequação dos currículos acadêmicos.
Ademais, muitas das organizações estudantis atualmente presentes no meio acadêmico
acabam reproduzindo muitas das características presentes no sistema político geral, como a
excessiva autonomia das formas de representação, o aparelhamento das entidades,
desestruturação instâncias de base, ausência de diálogo com os estudantes, etc.
33
Nesta direção, Marcos Ribeiro Mesquita, após analisar as teses e intervenções de
estudantes no 46º CONUNE (Congresso da UNE - União Nacional dos Estudantes), salienta
que:
Todas as teses se referiram à crise do movimento estudantil enquanto ator
catalisador de uma ação coletiva mais efetiva. Os sintomas do enfraquecimento da
representatividade das entidades estavam inscritos na fala dos militantes. Havia uma
manifestação de descontentamento... (MESQUITA, 2003, p. 122).
Diferentemente do que alguns autores indicam, que “os movimentos estudantis, (…)
necessitam dos partidos políticos para, frente ao Estado, reivindicarem seus interesses”
(KRUSCHEWSKY e MEDRADO, 2009, p. 05), atualmente percebe-se que a presença dos
partidos políticos dentro do movimento tem dificultado a organização do mesmo decorrente
alguns fatores, tais como:
● Sobreposição de interesses - quando as disputas deixaram de ser pelos
interesses decorrentes das pautas e demandas vindas das necessidades dos estudantes,
e passaram a ser entre os partidos que assumiram as lideranças estudantis, como cita
Freire (2010) "Ao filiar-se a outros movimentos, há uma divisão de interesses, pois o
movimento se alinha a diversos partidos e alinha seus interesses específicos
participando de uma agenda política mais ampla" (FREIRE, 2010, p. 27);
● Vanguardismo e oportunismo - principalmente nos espaços de maior
visibilidade dentro do ME, militantes que são filiados a partidos (e estão atuando sob
instrução do partido dentro do ME) tomam posição de liderança nesses espaços,
utilizando-os como trampolim político;
● Falta de envolvimento de parte dos estudantes - discentes que não mantem
vínculo ativo com o ME, mas ao incorporarem as dimensões da crise da
representatividade apresentadas anteriormente neste trabalho (principalmente a
desconfiança nos políticos e o distanciamento dos partidos de suas bases) acabam por
refleti-las no seu descaso com os processos de construção do movimento, participando
do mesmo somente por meio do voto;
34
Andreza Barbosa, em seu trabalho sobre a desarticulação do movimento estudantil nas
décadas de 80 e 90, coloca que a relação entre os estudantes que são filiados a partidos e o
movimento estudantil, não é necessariamente uma questão negativa, tornando-se às vezes
necessária dentro do movimento estudantil, mas:
O que não é adequado é o aparelhamento do movimento estudantil aos partidos
políticos, ou seja, quando os interesses do movimento estudantil são deixados de
lado para se assumir a disputa entre os partidos que assumiriam as lideranças
estudantis (BARBOSA, 2002, p. 12).
Como demonstra Mesquita (2006), “certamente, a forte institucionalização desses
movimentos e certa colonização dos partidos em seu interior, interferiu na diminuição da
identidade entre movimentos e base” (p. 20), a presença dos partidos políticos dentro do
movimento estudantil tem gerado consequências como o aparelhamento do mesmo, com a
repetição dos vícios partidários como o aumento da diferenciação entre representantes e
representados. Além disso, Mesquita ainda cita que
Criou-se, assim, uma cultura de aparelhamento das entidades estudantis que reforçou
no interior do movimento estudantil um habitus político muito ligado à política
tradicional e suas formas de atuar, o que acabou, de certa forma, distanciando as
entidades do estudante comum que não conseguia dominar esse tipo de linguagem
política (MESQUITA, 2006, p. 229)
O movimento estudantil, além de reproduzir a hierarquização e luta pela manutenção
de poder por meio da disputa de cargos, está cada vez mais despolitizado, como aponta Luís
Roberto Tenório, em entrevista ao Projeto Memória do Movimento Estudantil: “O movimento
estudantil hoje peca pela despolitização, resquício da década de 1970, quando ele foi
amordaçado” (TENÓRIO, 2005).
Além disso, no interior das universidades, há um afastamento - no sentido de falta de
engajamento, não identificação e não reconhecimento – da maioria dos estudantes, dos seus
órgãos de representação (Centro Acadêmico- C.A e Diretório Central dos Estudantes - DCE).
Como forma de visualizar este afastamento, no próximo capítulo, procurou-se analisar os
documentos reguladores (estatutos) de 14 DCE’s espalhados pelo Brasil, com objetivo de
identificar quais seriam os espaços que mais afastam estes estudantes.
35
4 ANÁLISE DOCUMENTAL: OS ESTATUTOS
O objetivo inicial desta pesquisa (quando da construção do projeto de TCC na
disciplina cursada no primeiro semestre de 2012), era aplicar um instrumento de pesquisa tipo
survey (composto de perguntas preponderantemente fechadas e algumas abertas, totalizando
33 questões), numa população de 30 gestões de DCE's (Diretório Central de Estudantes) em
exercício no ano de 2012 nas Universidades Federais e Estaduais brasileiras.
Porém, devido a greve nacional das três categorias que formam a universidade
contemporânea em grande parte das universidades brasileiras, não foi possível realizar coleta
inicial dos dados, inviabilizando a continuidade do projeto original.
Consequentemente uma nova estratégia de pesquisa foi executada: a partir da amostra
previamente selecionada para aplicação do questionário procurou-se analisar os estatutos
destes DCE's, sendo esses os principais documentos relacionados diretamente a descrição e
funcionamento destas organizações. Além disso, torna-se necessário conhecer como os
desenhos institucionais são estruturados de maneira a incorporar os estudantes na deliberação
sobre as questões dentro do movimento estudantil.
A fim de calcular a amostra para a referida pesquisa, foi considerado (em cima do
número total de instituições federais e estaduais de ensino - 98) que, além de possuírem DCE,
deveriam ter os estatutos disponíveis de forma “online”, totalizando o número de 57
instituições de ensino, onde foram divididos pela amostra 14 (número aleatório). O resultado
(4,07) foi utilizando como intervalo aleatório da amostra, verificando a tabela de números
aleatórios, determinou-se a primeira universidade a ser trabalhada e, utilizando o intervalo
amostral, verificou-se em uma listagem as demais universidades nas quais que seriam
analisados os respectivos estatutos, totalizando 14 DCE's.
36
Mesmo utilizando-se da amostragem aleatória simples (técnica que permitiu que todas
as universidades possuíssem a mesma probabilidade de pertencerem a amostra), a escolha dos
DCE's corria o risco de ficar desigual. Porém, verificamos a partir do quadro acima que todas
as regiões do Brasil foram contempladas na escolha das universidades que formariam a
população a ser estudada. A região Norte, representada pela UEPA e UFRA; região Nordeste
pela UFC, UFMA e UFRN; o centro-oeste pela UFMS; o sudeste, pela UFABC, UFF e UFU
e, por fim, a região Sul representada pela FURG, UFCSPA, UFSM e Unioeste.
A fim de criar categorias para facilitar a análise dos estatutos, levou-se em
consideração uma série de indicadores após análise prévia de dois estatutos: a) possuir ou não
CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica); b) reconhecimento da UNE como entidade
representativa de todos os estudantes do Brasil; c) as instâncias deliberativas de cada DCE (e
na instância soberana, quem tem direito a deliberar sobre as questões referentes ao
movimento); d) em que espaço de deliberação se definem as políticas das gestões e, por fim,
quando existente, e) quais as principais funções dos Conselhos que congregam as demais
instituições representativas dos estudantes (CA's e DA's).
Quadro 3: Amostra selecionada
Fonte: elaboração própria
37
Os dados categorizados podem ser observados no quadro a seguir:
Fonte: elaboração própria
Referente à primeira questão (sobre possuir ou não CNPJ) percebeu-se que apenas
duas das 14 instituições pesquisadas possuíam registro no cadastro nacional de pessoas
jurídicas, evidenciando que grande parte dos DCE’s não possui registro de seus estatutos em
Cartório de Registros de Títulos e documentos, pois segundo a legislação vigente - Lei
6.015/73, art. 121. Código Civil, art. 1.151 - para se registrar uma associação, um dos
documentos solicitados é o número do CNPJ. Cabe ressaltar que, um estatuto não registrado
torna-se frágil e de fácil alteração, porque não há nenhum empecilho jurídico que possa
impedir as mudanças (a não ser os presentes no próprio estatuto).
A categoria referente à letra b, relativo ao vínculo dos DCE's à UNE (união nacional
de estudantes), tinha por objetivo verificar até que ponto as discussões sobre a falta de
representatividade da UNE influência diretamente na organização dos diretórios centrais. O
resultado foi significativo, pois 05 dos 14 DCE's descrevem em seus estatutos reconhecer
(e/ou serem filiados) a instituição nacional como entidade representativa de todos os
Quadro 4: Informações dos estatutos
38
estudantes do Brasil. Porém, cabe salientar que esta inferência não está levando em
consideração as forças políticas presentes em cada universidade que possam servir como meio
de pressão para manutenção desta filiação.
Pertinente foram os dados relacionados às instâncias deliberativas, pois dois dos
quatro espaços presentes nos desenhos institucionais dos DCE's fazem frente como locais
soberanos de deliberação: as Assembleias Gerais e os Congressos de Estudantes.
Assembleias gerais são marcadas pela diversidade de ideias e de grupos políticos
presentes com o objetivo de deliberar sobre as pautas determinadas. Porém, mesmo
encaixando teoricamente nos processos de participação direta, ainda estão inclusos em
estruturas hierarquizadas e representativas, como demonstrado através dos dados recolhidos,
onde 50% dos diretórios centrais a consideram instância deliberativa soberana.
Já os Congressos de Estudantes (segunda instância deliberativa mais presente nos
diretórios centrais), demonstram um processo de dupla representação: representação política
por autorização e, da perspectiva do "modelo representativo de democracia". Referente ao
primeiro processo, os congressos são marcados pela escolha de delegados eleitos diretamente
em suas "bases" (nem todos os estatutos deixavam claro que a escolha dos delegados deve ser
via eleição por voto secreto), sendo assim, autorizados pelos estudantes de seu curso, para
tornarem-se “suas vozes” no Congresso. Após esta etapa, um segundo processo de
representação é verificado, sendo caracterizado pelo modelo representativo de democracia
alinhavado por Urbinati (op. cit.), onde os delegados escolhidos além de representar os
estudantes do curso específico que o escolheu, tem o direito de deliberar sobre como o DCE
deve se posicionar referente aos diferentes temas do movimento estudantil, além da escolha
das diretrizes e políticas do Diretório, durante o ano (objetivo fundamental dos congressos).
Entretanto, um dos dados que mais chamaram atenção, refere-se aos CEB's -
Conselhos de Entidades de Base (de centros e/ou diretórios acadêmicos). Teoricamente,
seriam os espaços de maior concentração de diferentes visões e opiniões de todos os
estudantes da universidade, pois todos os cursos estariam representados, mas além de expor,
como nos Congressos, processo de dupla representação, os CEB's afunilam ainda mais a
participação direta dos estudantes nas deliberações, pois em todos os conselhos, somente
quem tem direito de voto são os coordenadores/presidentes dos CA's e DA's (ou ainda os
representantes legalmente eleitos).
39
Além disso, uma das funções do CEB que mais se destacou (presente em praticamente
todos os casos) foi a de ser um órgão "fiscalizador e avaliação". Possuir a responsabilidade de
organizar e apresentar a prestação de contas periodicamente, além de regular a administração
da diretoria, faz do CEB um mecanismo de accountability do DCE, possibilitando a
responsabilização daquelas pessoas que ocupam os cargos executivos da diretoria, perante a
comunidade acadêmica.
40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluir esta monografia, não finaliza apenas a primeira das etapas de um estudante
universitário dentro de uma instituição de ensino com a aquisição do grau de bacharel, mas
também é o reflexo de quatro anos de inserção em espaços do movimento estudantil, nas suas
mais diversas expressões, resultando em inúmeras inquietações, discussões e procura de
espaços efetivos de participação dentro do movimento.
A composição da amostra desta pesquisa tornou-se um desafio no decorrer de sua
construção, pois poucos trabalhos encontram-se indexados nos portais mais acessados (como
o Scielo e os Periódicos Capes), o que dificultou o início das análises. Assim, além da busca
de outras bases de dados, outros recortes foram.
O recorte empírico dos trabalhos correspondentes à temática do movimento estudantil
verificou-se diversificada tanto nos tipos de publicações (desde trabalhos de conclusão à teses
de doutorado, além de artigos apresentados em congressos), quanto nos conteúdos
sintetizados em 11 dimensões para análise. Além disso, muitos estudos sobre movimento
estudantil configuram-se como objeto de análise do período entre 1964-1985 (Regime Militar
no Brasil), evidenciando a importância do movimento estudantil como um dos movimentos de
resistência à ditadura militar, resposta dos estudantes brasileiros à intervenção militar nos
espaços acadêmicos.
Escolher este tema como trabalho de conclusão, objetivou-se, primeiramente, na busca
de um conceito para movimento estudantil. Porém, após análise dos trabalhos selecionados,
observou-se que poucas produções abordavam o tema da participação política através da
perspectiva sintetizada durante a conceituação dos temas neste estudo, de uma participação
direta do estudante nos espaços, debatendo e deliberando sobre as questões pertinentes ao
movimento estudantil.
Estudos sobre as estruturas que compõem a organização do movimento estudantil
contemporâneo ainda são escassos. Tal constatação pode ser observada nos documentos
analisados nesta pesquisa (tanto as produções acadêmicas referentes ao movimento estudantil
brasileiro, quanto os estatutos das entidades selecionadas), pois não permitiram verificar
formas alternativas de participação, ou ainda espaços de participação política que não estejam
41
relacionados à democracia representativa.
A análise dos estatutos de 14 Diretórios Centrais de estudantes (DCE's) permitiu uma
avaliação sobre os espaços de representação nestas entidades. Verificou-se que os CEB's
(conselhos de entidades de base) e os Congressos de estudantes (canais soberanos de
deliberação dos estudantes dentro dos DCE's), ainda incluem-se na lógica eleitoral de um
movimento estudantil tradicional, marcado por processos de representação no qual está
presente a escolha de representantes e a militância profissional, pois, além da necessidade de
uma autorização prévia para estar presente nestes espaços, percebe-se uma sobreposição de
interesses entre alguns dos objetivos principais do movimento estudantil (identificação de
demandas do ambiente educacional) e, os objetivos dos "militantes profissionais" ao
planejarem suas ações a partir da formação adquirida dentro dos círculos partidários.
Quando recorremos à literatura referente à crise do movimento estudantil, remontamos
aos estudos sobre crise da representatividade do sistema político-partidário brasileiro, como a
descrença dos brasileiros em relação às diversas dimensões da política institucionalizada. O
que nos levou a compreender alguns dos "porquês" da dificuldade de inserção de uma
participação de fato, qualitativa e pertinente.
Assim, a presente pesquisa apresentou um resgate inicial de estudos sobre o
movimento estudantil brasileiro, a partir dos critérios apontados anteriormente, relacionado
com o campo da Ciência Política contemporânea, abrindo espaço para que outros trabalhos
sejam produzidos a partir da perspectiva elaborada nesta investigação.
42
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46
APÊNDICE 01
Amostra selecionada de DCE’s (diretórios centrais de estudantes)
47
APÊNDICE 02
Operacionalização dos estudos bibliográficos
Ano de
Publicação
Tipo de
Publicação
Temática Palavras-chave Autores Título
2002 Artigo
Partidos
Políticos
Movimento estudantil,
Partidos Políticos,
Desarticulação
BARBOSA, 2002
A (des)articulação do
movimento estudantil:
(décadas de 80 e 90)
2003 Artigo Contemporâneo -
MESQUITA,
2003
Movimento Estudantil
Brasileiro: práticas
militantes na ótica dos
novos movimentos sociais
2004 Dissertação Mídia
Imprensa, Porto
Alegre, Movimento
social, Representação
simbólica, Regime
Militar, Estudantes.
ALVES, 2004
O visível e o invisível do
movimento estudantil
universitário de Porto
Alegre nas representações
da imprensa (1964-1968)
2004
Tese
Doutorado
Contemporâneo
Sociologia, Movimento
estudantil
contemporâneo,
Formas de atuaçãoo,
Análise compreensiva
COSTA, 2004
Movimento estudantil
contemporâneo: uma
análise compreensiva das
suas formas de atuação
2004 Artigo Contemporâneo -
MESQUITA,
2004
Movimento Estudantil
Brasileiro: o desafio de
recriar a militância
2004
Tese
Doutorado
Memória
Formação, Estudantes
universitários,
Memória, Socialização
política, Movimento
estudantil,
Representacoes sociais
DE PAULA, 2004
O movimento estudantil na
UFRRJ: memórias e
exemplaridade.
2005 Artigo Contemporâneo
Brasil, Anos Dourados,
América Latina,
Movimento estudantil
brasileiro, Movimentos
sociais, Governos
ditatoriais, Anos 60,
Abertura política.
AMARAL, 2005
O Movimento Estudantil
Brasileiro e a crise das
utopias
2005 Livro UNE
UNE, Movimentos
Estudantis - Brasil,
Movimentos Estudantis
- América Latina.
OLIVEIRA, 2005
A UNE e o mito do poder
jovem
48
Ano de
Publicação
Tipo de
Publicação
Temática Palavras-chave Autores Título
2005 Dissertação UNE
História da Educação,
Fontes e Fundamentos,
Movimento Estudantil,
Reforma Universitária,
Ensino Superior
ROCHA, 2005
A UNE e a reforma
universitária: as
motivações históricas e a
luta dos estudantes por um
projeto de universidade nos
anos 60
2005 Entrevista Ditadura - TENÓRIO, 2005 Luís Roberto Tenório
2006
Tese
Doutorado
Estudo de caso
Movimento estudantil,
Universidade pública,
Crise do capital,
Movimentos
estudantis, História
Estudantes
universitários,
Atividades políticas
UECE, Estudantes
ARAÚJO, 2006
O movimento estudantil
nos tempos de barbárie: o
movimento estudantil da
UECE em defesa da
universidade pública
2006 Dissertação Memória
Movimento estudantil,
Ditadura militar,
Presente de
rememoração
VICENTE, 2006
Retratos de goiás:
memórias de ex-militantes
estudantis goianos sobre a
década de 1960
2006 Livro Juventude
História do Brasil,
Movimentos Sociais,
Movimento
Estudantil,
Participação Política,
Juventude.
BENEVIDES,
2006
Na contramão do poder:
juventude e movimento
estudantil
2006
Tese
Doutorado
Contemporâneo
Movimentos
estudantis, Política,
Identidade, Cultura,
Juventude
MESQUITA,
2006
Identidade, cultura e
política: os movimentos
estudantis na
contemporaneidade
2006 Dissertação Juventude
Ensino superior e
Estado, movimento
estudantil
CARVALHO,
2006
A prática educativa do
movimento estudantil
universitário no contexto
do neoliberalismo: o curso
de ciências sociais da
UFRJ
2007 Artigo Ditadura
1968, Movimento
Operário, Movimento
Estudantil, Ditadura
Militar.
ANTUNES &
RIDENTE, 2007
Operários e estudantes
contra a ditadura: 1968 no
brasil
49
Ano de
Publicação
Tipo de
Publicação
Temática Palavras-chave Autores Título
2007 Dissertação Ditadura
Movimento estudantil,
História, Atuação
política, Ditadura
militar, Universidade
pública
SANTANA, 2007
Atuação política do
movimento estudantil no
brasil: 1964 a 1984
2007 Dissertação
Formação
Política
Movimento estudantil,
produções de
subjetividades,
capitalismo
BARBOSA, 2007
Movimento estudantil e
produções de
subjetividades
contemporâneas
2007 TCestágio Estudo de caso
Movimento estudantil,
Movimento Passe
Livre, Poder nas
organizações.
SANTOS, 2007
As bases e fontes de poder
no movimento passe livre
de Florianópolis
2007 Livro UNE
Movimento Estudantil,
UNE, História,
Estudantes - Brasil,
Atividades políticas
ARAÚJO, 2007
Memórias estudantis: da
fundação da UNE aos
nossos dias
2007 Livro Ditadura
Ensino superior -
Brasil, Universidade,
História, estudantes
DA CUNHA,
2007
A universidade
reformanda: o golpe de
1964 e a modernização do
ensino superior
2007 Monografia Mídia
Nova História Cultural,
Hipótese de Agenda
Setting, Movimentos
de contracultura,
Movimentos
Estudantis.
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A mídia e os movimentos
sociais em 1968: uma
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2007
Trabalho/
Evento
Memória
Movimento estudantil,
Movimentos sociais,
História da psicologia,
Características do
estudante.
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História do movimento
estudantil na psicologia:
leituras e reflexões acerca
do ENEP (encontro
nacional dos estudantes de
psicologia)
2008
Trabalho/
Evento
Ditadura
Movimento Estudantil,
Movimentos Sociais,
Regime Militar.
AUGUSTINHO,
2008
1968: um projeto de
releitura da atuação de
estudantes paulistas no
movimento estudantil
brasileiro
2008
Trabalho/
Evento
Partidos
Políticos
Movimento estudantil,
Ditadura militar, UNE.
SANTOS, 2008
A influência e a atuação
dos partidos políticos no
movimento estudantil
brasileiro e as semelhanças
dos movimentos sociais
latino-americanos
50
Ano de
Publicação
Tipo de
Publicação
Temática Palavras-chave Autores Título
2008
Trabalho/
Evento
Ditadura
Repressão, Movimento
estudantil, Operação
Marumbi, Ditadura
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A repressão no estado do
Paraná durante o regime
militar: o movimento
estudantil e a Operação
Marumbi
2008 Artigo Memória
Historia, Movimento
estudantil, Brasil.
FREIRE, 2008
Movimento estudantil no
Brasil: lutas passadas,
desafios presentes
2008 Artigo Ditadura
História, Movimento
estudantil, 1968.
BRANCO &
JUNIOR, 2008
Entre a rinha e a
arquibancada: a autoria
imprecisa do movimento
estudantil nos interstícios
de 1968
2008 TCC
Formação
Política
Movimento estudantil,
Educação libertadora.
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O movimento estudantil
como espaço dialógico de
formação
2008
Trabalho/
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Ditadura
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Movimento Estudantil
e Educação.
SCHMITT &
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A resistência estudantil à
ditadura brasileira no Oeste
do Paraná
2008
Tese
Doutorado
Ditadura - BRITO, 2008
O golpe de 1964, o
movimento estudantil na
ufba e a resistência à
ditadura militar (1964-
1968)
2008 Livro Contemporâneo
Ensino superior -
Brasil, Universidades
brasileiras,
Movimentos
estudantis,
Participação Política -
estudantes
GROPPO,
ZAIDAN &
MACHADO,
2008
Movimentos juvenis na
contemporaneidade
2008 Livro Ditadura
1968, Movimentos de
protesto, Movimentos
Estudantis, Civilização
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Ano de
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MULLER, 2010
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TRINDADE,
2011
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53
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Publicação
Tipo de
Publicação
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PRIETTO, 2011
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2011
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Análise da Participação e Representação no Movimento Estudantil Brasileiro

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA Priscila Alves Rodrigues A CRISE DE REPRESENTATIVIDADE DO MOVIMENTO ESTUDANTIL Porto Alegre 2013
  • 2. Priscila Alves Rodrigues A CRISE DE REPRESENTATIVIDADE DO MOVIMENTO ESTUDANTIL Trabalho de conclusão de curso apresentado como pré-requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientador: Prof. Dr. Alfredo Alejandro Gugliano Porto Alegre 2013
  • 3. Priscila Alves Rodrigues OS PROCESSOS DE PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO NO MOVIMENTO ESTUDANTIL BRASILEIRO Monografia apresentada ao Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS Data: 10 de Janeiro de 2013 Conceito: A Banca Examinadora: Prof. Dr. Alfredo Alejandro Gugliano - UFRGS Prof. Dr. Luis Gustavo Mello Grohmann - UFRGS M.e. Carlos Artur Gallo Cabrera - UFRGS
  • 4. Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras e não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma Universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu. Darcy Ribeiro
  • 5. AGRADECIMENTOS Este trabalho, para além de uma escolha individual da temática a ser analisada, foi fruto de muitas horas de discussão, reuniões, viagens, "indiadas"... Ele é uma produção coletiva, pois todos aqueles que conheci, durante meus 5 anos de graduação, contribuíram de alguma forma para que hoje este trabalho esteja finalizado. Mas, em primeiro lugar, agradeço aos meus pais, Elair e Leonel, pelo amor, paciência, respeito e humildade, fazendo sempre o impossível para que eu conseguisse atingir meus objetivos e ser quem eu sou hoje. À Rosi, minha segunda mãe, pois sem seu apoio, carinho e compreensão ilimitados, nos anos em que trabalhei ao seu lado, nunca estaria me formando agora. Aos meus familiares, que sempre acreditaram no meu potencial. Agradeço ao meu orientador, professor Alfredo Gugliano, pela orientação, confiança e liberdade com que me permitiu desenvolver este trabalho. À professora Tatiana Vargas Maia, pois se não fossem os e-mails sempre respondidos com a maior atenção e carinho, eu não teria decidido fazer Ciências Sociais na UFRGS. Agradeço à professora Luciana Ballestrin, por abrir as portas da Ciência Política para mim. Aos meus colegas da Sociais (amores da "/08" e da "/07"), pois com certeza, sem eles, a minha graduação não teria sido a mesma, não é mesmo Andressa, Camila, Cátia, Edu, Maikon, Michel, Rafa, Sandra e Val? E é claro, a Marianne, que mesmo morando longe, sempre esteve do meu lado, incondicionalmente. Agradeço principalmente aqueles amigos/colegas, que estiveram do meu lado, procurando desenvolver espaços de formação e participação dos estudantes dentro do movimento estudantil de Ciências Sociais, sem medir esforços em relacionar teoria à prática: Duda, Paula, Pedro e Roger (de Porto Alegre) e, Ana Paula, Juliana, Lucas, Luis e Tehany (do Norte e Nordeste para o mundo). Por fim, ainda que não tenha citado todas individualmente, gostaria de agradecer a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, ajudaram-me na realização deste trabalho.
  • 6. RESUMO Nesse trabalho, apresenta-se uma reflexão teórica sobre o movimento estudantil brasileiro com base nos trabalhos acadêmicos produzidos sobre o tema na última década (2002 a 2012) e, na análise de 14 estatutos de Diretórios Centrais de Estudantes, contemplando as 5 regiões do país. Considerando as evidências empíricas do distanciamento observado entre o movimento estudantil e os estudantes atualmente, o presente trabalho tem seu foco na ampliação do conhecimento sobre a realidade política específica do movimento estudantil, tendo como pano de fundo o campo da Ciência Política contemporânea. O objetivo deste estudo é analisar os processos de participação e representação presentes no movimento estudantil brasileiro. Para isso, foi realizado um estudo prioritariamente qualitativo, onde os dados foram coletados a partir de pesquisa bibliográfica e documental. Como resultado da análise dos dados, pode-se verificar que diferentes perspectivas sobre movimento estudantil são abordadas, porém um número reduzido de artigos trabalham com o tema da participação política. Além disso, a análise dos estatutos das entidades selecionadas, permitiu uma avaliação sobre os espaços de representação presentes nos DCE's, além de apontar dificuldade de inserção de uma participação estudantil de fato no sistema de organização do movimento estudantil. Palavras-chave: Movimento estudantil brasileiro, Representação e Participação Política .
  • 7. ABSTRACT This work presents a theoretical reflection about the Brazilian student movement based on academic papers about the theme produced over the last decade (2002 to 2012) and analysis of 14 statutes of Students Central Directory, including the 5 regions of the country. Considering the empirical evidences of the noticed gap between the student movement and the students currently, this work focuses on extending knowledge about the specific political reality of the student movement, having as background the field of the contemporary Political Science. The aim of this study is to analyze the processes of participation and representation present in Brazilian student movement. Therefore, a primarily qualitative study was conducted, where the data were collected from bibliographic and documental research. As a result of the data analysis, it can be seen that different perspectives about the student movement are covered, but few articles deal with the issue of political participation. Furthermore, the analysis of the statutes of the selected entities allowed an assessment of representation spaces present in SCD's (Students Central Directory), also pointing out the difficulty of really inserting student participation in the organizational system of the student movement. Key words: Brazilian Student Movement, Representation and Political Participation.
  • 8. LISTA DE ELEMENTOS Gráfico 1 : Distribuição de estudos por temática........................................................19 Quadro 1: Categorias de análise..................................................................................16 Quadro 2: Participação política como palavras-chave................................................19 Quadro 3: Amostra selecionada..................................................................................34 Quadro 4: Informações dos estatutos..........................................................................35 Tabela 1: Ano de Publicação x Tipo de Publicação....................................................18
  • 9. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E CONSTRUÇÃO DO PROBLEMA........................14 3 QUADRO TEÓRICO........................................................................................................19 3.1 O MOVIMENTO ESTUDANTIL COMO UMA CATEGORIA PARA ANÁLISE..19 3.1.1 Finalidades e Objetivos......................................................................................19 3.1.2 Aproximação com a política..............................................................................21 3.1.3 Um movimento social, mas policlassista...........................................................21 3.1.4 Um movimento institucionalizado, marcado por processos de representação 23 3.1.5 Entidades.............................................................................................................24 3.1.6 Outros espaços presentes no Movimento Estudantil ......................................25 3.2 PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA...............................................26 3.3 A PROBLEMÁTICA DA CRISE DE REPRESENTATIVIDADE NO MOVIMENTO ESTUDANTIL...........................................................................................31 4 ANÁLISE DOCUMENTAL: OS ESTATUTOS ............................................................35 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................40 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................42 APÊNDICE 01 ......................................................................................................................46 APÊNDICE 02 .......................................................................................................................47
  • 10. 10 1 INTRODUÇÃO O presente estudo analisa os processos de participação e representação presentes no sistema de organização e atuação do movimento estudantil universitário brasileiro atual, com base nos trabalhos acadêmicos produzidos nos últimos 10 anos (2002 a 2012), além da análise de 14 estatutos de Diretórios Centrais de Estudantes. Entende-se o movimento estudantil como sendo um importante espaço de atuação política dos estudantes universitários além da possibilidade de ingresso dos mesmos, na vida política da sociedade. Dialogando com uma concepção mais ampla de movimento estudantil, considerado enquanto um agrupamento de atividades de iniciativa estudantil, com objetivos em comum e interferência nos espaços de atuação, ou ainda, como define Feuer: “como uma coalização de estudantes inspirada por uma rebelião emocional em que estão latentes a desilusão e a rejeição dos valores da velha geração” (FEUER, 1969 apud BRINGEL, 2009), podemos identificar previamente o Movimento Estudantil Brasileiro como um movimento plural, explicado a partir de diversas óticas, com diferentes formas organizativas diretamente influenciadas pela conjuntura política e especificidades de cada região, portanto de difícil generalização. O movimento estudantil brasileiro, principalmente a partir dos anos 2000, vem sendo tema de trabalhos dentro do meio acadêmico, em diferentes áreas das ciências humanas e sociais: como nas pesquisas de Marcos Ribeiro Mesquisa (2003, 2004, 2006 e 2009), que trazem a perspectiva da temática juvenil, com ênfase nas identidades coletivas e participação política dos estudantes dentro do Movimento Estudantil; Angélica Muller (2010) que alia o tema da Ditadura Militar no Brasil e o seu reflexo na UNE (União Nacional dos Estudantes) e no movimento estudantil brasileiro como um todo; além da pesquisadora Priscila Fernanda da Costa Garcia (2010) que insere trabalhos acadêmicos referente à discussões sobre gênero relacionado ao movimento estudantil, entre outros. Porém, são pouco difundidas pesquisas visando analisar as instâncias políticas e representativas no interior do mencionado movimento, tentando compreender como os temas relacionados com modelos de democracia participativa e representativa se expressam na dinâmica de suas organizações (uniões nacional e estadual de estudantes, diretórios centrais
  • 11. 11 de universidades e diretórios acadêmicos de unidades, por exemplo). Ou ainda, trabalhos que retratem a dificuldade, hoje em dia, das entidades estudantis de organizar e mobilizar os estudantes a levarem adiante pautas e reivindicações que unifiquem as diferentes expectativas presentes no seu âmbito de intervenção, destacando os problemas decorrentes da crise de representatividade das organizações estudantis. Deve-se reconhecer que a temática da crise da representatividade já vem sendo trabalhada no Brasil com a finalidade de interpretar as dificuldades da organização de diferentes setores no país, no período de redemocratização, pós-1984 (ARAÚJO, CABÓ e GONÇALVES, 2009; DEITOS E LIMANSKI, 2006 e GOHN, 1999), fenômeno que também tem impacto em aspectos gerais da vida política brasileira, como a questão da baixa participação eleitoral e as dificuldades enfrentadas por diversos partidos políticos em se estruturar como reais porta-vozes da população (COCCO, 2009; MAIR, 2003; MIGUEL, 2003; COSTA, 2005, 2008 e 2010 e NOVARO, 2005). O presente trabalho insere-se nos estudos da ciência política, em uma perspectiva que prioriza a análise do movimento estudantil brasileiro contemporâneo e, como forma de tratar esses temas, esta pesquisa tem como objetivo especial analisar os processos de representação e participação do movimento estudantil no meio universitário. Pretende ainda desenvolver uma análise sobre o que vem sendo escrito a respeito do movimento estudantil brasileiro, assim como verificar as questões que afetam diretamente a organização no meio estudantil, auxiliando na construção de um conceito de participação estudantil que vá além dos processos representativos de sufrágio. Como forma de desenvolver a análise, inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica sobre os temas e conceitos propostos, na qual foi possível recolher um número substantivo de publicações que abordam a problemática do movimento estudantil brasileiro, principalmente no período que vai de 2002 a 2012. Além da busca de abordagens teóricas sobre movimento estudantil, representação e participação política, e da crise da representatividade. Por revisão bibliográfica, se entende um levantamento de trabalhos publicados que fazem referência ao tema proposto, que “permitirá um mapeamento de quem já escreveu e o que já foi escrito sobre o tema e/ou problema da pesquisa.” (MORESI, 2003, p. 35). Refere-
  • 12. 12 se ainda à fundamentação teórica que visa dar sustentação ao desenvolvimento da pesquisa, como descrito por Laville e Dionne, fazer a revisão da literatura em torno de uma questão é, para o pesquisador, revisar todos os trabalhos disponíveis, objetivando selecionar tudo o que possa servir em sua pesquisa. Nela tenta encontrar essencialmente os saberes e as pesquisas relacionadas com sua questão; deles se serve para alimentar seus conhecimentos, afinar suas perspectivas teóricas, precisar e objetivar seu aparelho conceitual (LAVILLE e DIONNE, 1999, p. 112) Cabe ressaltar que revisões bibliográficas estão presentes em todas as pesquisas científicas, “ao passo que a pesquisa bibliográfica implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de estudo” (LIMA e MIOTO, 2007). Referente à metodologia de estudo, se recorreu a um estudo prioritariamente qualitativo, compreendendo a pesquisa bibliográfica e documental. Ainda pouco utilizados como principais métodos de análise (comumente vistos como técnicas de apoio), cabe realizarmos uma diferenciação entre as duas. A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos, sendo “uma modalidade de estudo e análise de documentos de domínio científico tais como livros, periódicos, enciclopédias, ensaios críticos, dicionários e artigos científicos” (OLIVEIRA, 2007 apud ALMEIDA, GUINDANI e SÁ-SILVA, 2009). Já a pesquisa documental, difere-se da primeira pela natureza das suas fontes, pois a pesquisa bibliográfica remete para as contribuições de diferentes autores sobre o tema, atentando para as fontes secundárias, enquanto a pesquisa documental recorre a materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, as fontes primárias. (ALMEIDA, GUINDANI e SÁ-SILVA, 2009, p. 06) Para tanto, foi realizada a coleta e análise de documentos, fundamentalmente aqueles relacionados com a descrição da normatização e funcionamento das organizações estudantis (os estatutos estudantis), trabalho que teve como intuito conhecer a especificidade interna das entidades estudantis. Frente a impossibilidade de realizar uma pesquisa que envolva o conjunto total de organizações relacionadas, na presente análise foram recolhidos documentos em 14 DCE's (Diretório Central de Estudantes) entre as 98 Universidades Federais e Estaduais brasileiras.
  • 13. 13 A fim de calcular a amostra para a referida pesquisa, foi considerado um total de universidades que, além de possuírem DCE, deveriam ter os estatutos disponíveis de forma “online” (N=57), onde foram divididos por 14 (número aleatório). O resultado (4,07) é o intervalo aleatório da amostra e, verificando a tabela de números aleatórios, determinou-se a primeira universidade a ser trabalhada e, utilizando o intervalo amostral, verificou-se em uma listagem as demais 13 universidades que seriam analisados os respectivos estatutos de seus DCE’s (Apêndice 01). Tendo essa proposta como norte, o presente trabalho estará sendo dividido em 03 partes. No primeiro capítulo, faremos uma breve exposição dos trabalhos publicados sobre o movimento estudantil no Brasil, dos anos 2000 até o período atual, com o objetivo de visualizar os diferentes perspectivas sobre o movimento estudantil, tendo por finalidade apontar os escassos trabalhos referente a participação política no movimento estudantil. No segundo capítulo pretende-se realizar abordagem teórica sobre os conceitos que serão trabalhados durante a pesquisa, além de uma explanação sobre o conceito de movimento estudantil relacionando-o com o levantamento bibliográfico realizado. No terceiro e último capítulo, o trabalho atenta para análise dos estatutos recolhidos durante o processo de elaboração deste trabalho de conclusão. A relevância de se estudar o movimento estudantil está associada a busca pela pesquisadora de um maior entendimento sobre a realidade na qual esteve inserida. Considerando as evidências empíricas do distanciamento observado entre o movimento estudantil e os estudantes, a escolha por escrever este trabalho de conclusão tem como pano de fundo as tentativas da pesquisadora, enquanto militante do movimento estudantil na construção de novos espaços de participação dos estudantes dentro do movimento específico de Ciências Sociais, como na reorganização do movimento de área de Ciências Sociais da Região Sul (MACSul, a partir de 2009) e da criação da ANECS (Articulação Nacional dos estudantes de Ciências Sociais), no ano de 2011, além da inserção da pesquisadora no grupo de pesquisa referente aos Processos Participativos na Gestão Pública, do departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS Resumidamente, o presente estudo foi voltado para a ampliação do conhecimento sobre a realidade política específica do movimento estudantil, analisado a partir da perspectiva da Ciência Política contemporânea.
  • 14. 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E CONSTRUÇÃO DO PROBLEMA A fim de analisar os estudos relacionados ao movimento estudantil brasileiro e identificar as principais áreas temáticas trabalhadas, é proposta uma exposição da pesquisa realizada. A intenção inicial, na fase exploratória da pesquisa, centrava-se na procura por trabalhos acadêmicos que visassem à conceituação de "movimento estudantil". Além disso, buscava-se aliar a área de conhecimento da ciência política, escolhida pela pesquisadora como pano de fundo desta pesquisa (e também, área escolhida para conclusão do curso de graduação) ao interesse específico em ampliar o entendimento sobre a realidade em questão. Por realidade objetiva, se entende: perceber que esta existe independentemente e fora da consciência humana, em três dimensões que a conformam: as dimensões estrutural, particular e singular. A dimensão estrutural é aquela formada pelas relações econômicas, sociais e político ideológicas derivadas dos processos de desenvolvimento da capacidade produtiva e das relações de produção de uma sociedade em um determinado período histórico. (QUEIROZ & ENGRY, 1988 apud NOLASCO & PERNA, 2008) “dimensão estrutural”, formada pelos processos de desenvolvimento da capacidade produtiva e de relações sociais; a “dimensão particular”, formada pelos processos de reprodução social e a “dimensão singular”, formada pelos indivíduos e suas famílias. (QUEIROZ & ENGRY, 1988) O critério para a seleção dos textos acadêmicos foi o de possuir “movimento estudantil” ou, "movimentos sociais" e "estudantes", como uma de suas palavras-chaves, partindo do princípio de que se um texto tem como uma das suas palavras-chaves “movimento estudantil”, por exemplo, nele o tema será tratado sistematicamente ou ainda, será um dos conceitos estruturais do trabalho. Porém, após inúmeras tentativas, percebeu-se a dificuldade em encontrar referências bibliográficas que objetivassem uma conceituação para movimento estudantil. Uma segunda experiência foi efetuada: a busca de trabalhos que tratassem da temática, no geral. Para isso, foram utilizados dois portais reconhecidos internacionalmente para efetuar a pesquisa: Scielo e Periódicos Capes.
  • 15. 15 Em relação à base de dados do Portal Scielo (Scientific Eletronic Library Online), a pesquisa pelo termo "movimento estudantil" retornou um total de 22 resultados, porém 10 realmente eram trabalhos produzidos no Brasil e, apenas 05, possuíam o termo "movimento estudantil", como palavra-chave. Já a base de dados disponibilizada pelo Portal de Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o resultado obtido foi uma lista de 29 trabalhos, sendo que apenas 03 deles incluíam-se nos critérios utilizados. Diante desta adversidade, uma nova tentativa foi iniciada, em uma terceira base de dados: o Google Scholar, com objetivo de destacar artigos científicos produzidos no Brasil (em todas as áreas de conhecimento, pois o movimento estudantil está presente em grande parte dos cursos de graduação nas IFES - Instituições Federais de Ensino Superior), que tivessem como recorte "movimento estudantil brasileiro". Google Scholar trata-se de uma ferramenta de pesquisa do Google que permite pesquisar trabalhos acadêmicos, literatura escolar, jornais de universidades e artigos variados. A disponibilidade de material empírico proporcionou uma extensão temporal de 10 anos – de 2002 até 2012 – e um resultado total de 184 itens (entre teses, dissertações, artigos, etc), sendo que para construção do corpo empírico, foi definida uma amostra de 63 trabalhosque poderiam ser incluídos diante dos critérios utilizados1 . Devido a grande quantidade de dados recolhidos e abordagens diferentes sobre o tema, foi necessário a criação de categorias para visualização mais detalhada dos mesmos. Quadro 1: Categorias de Análise Categoria Dimensões Características Ano - Ano em que foi publicado o trabalho. - A partir de 2002 Tipo de Publicação - Artigo publicado em revista - online; - impressa; - Trabalhos requisitados para obtenção de título - Dissertações ou artigos de Mestrado; - Monografias; - Teses de Doutorado; - Trabalhos de Conclusão de Curso ou de Estágio; - Entrevistas - Transcrições ou análises de transcrições; 1 Cabe salientar que a amostra total foi reduzida, pois cerca de 20 trabalhos não passaram pela análise nos critérios citados, pois não estão disponíveis em meio digital.
  • 16. 16 Categoria Dimensões Características - Livros - Temática específica; - Compilação de artigos; - Trabalhos publicados em anais de eventos - Congressos; - Encontros; - Seminários; - Simpósios; Temática 01 - Ditadura - Regime Militar - Ano de 1968; - Trabalhos sobre "locais" específicos; - Reforma Universitária. 02 - Contemporâneo - trabalhos que analisem movimento estudantil "hoje" 03 - Estudo de caso2 - trabalhos que tratam de locais (cidades/estados/universidade) e/ou períodos históricos específicos 04 - Formação - articulam movimento estudantil x formação política x educação 05 - Gênero 06 - Juventude - articulam movimento estudantil x juventude 07 - Memória 08 - Mídia - relacionando meios de comunicação (imprensa, jornais e revistas da época) 09 - Partidos Políticos 10 - Religião 11 - UNE Palavras- chave3 Fonte: elaboração própria. Primeiramente, a partir do Quadro 01 - Categorias de análise, e com auxílio dos softwares Microsoft Excel 2011 e SPSS Statistics 21 como ferramentas de análise, os trabalhos encontrados foram categorizados como podemos verificar no Apêndice 2. Posteriormente, relacionou-se as produções entre as variáveis "ano de publicação" e "tipos de publicação", com objetivo de verificar quais os períodos, nestes 10 anos de publicações acadêmicas, encontram-se o ápice de produções. 2 Para fins desta análise, consideramos "estudo de caso", não como um método de pesquisa e sim a escolha de um objeto específico a ser estudado. 3 Alguns artigos não possuíam palavras-chave, mas em sua totalidade adequavam-se aos demais critérios utilizados.
  • 17. 17 Tabela 1:Ano x Tipo de Publicação Ano Dimensões TotalArtigos Trabalhos de titulação Entrevistas Livros Trabalhos em Congressos 2002 1 0 0 0 0 1 2003 1 0 0 0 0 1 2004 1 3 0 0 0 4 2005 1 1 1 1 0 4 2006 0 4 0 1 0 5 2007 1 4 0 2 1 8 2008 2 3 0 2 4 11 2009 6 3 0 0 1 10 2010 3 2 0 0 3 8 2011 2 6 0 0 2 10 2012 1 0 0 0 0 1 Total 19 26 1 6 11 63 Fonte: elaboração própria. O ano de 2008 possui grande parte das publicações referente ao movimento estudantil, fato que pode ser explicado em função de que esse ano esteve repleto de comemorações referente aos quarenta anos da maior manifestação política estudantil brasileira e mundial, o Maio de 19684 . Observando o Gráfico 01, percebemos as diversas óticas que foram trabalhadas referente ao grande tema "movimento estudantil". Porém, a categoria "ditadura", sobressai aos olhos, equivalendo a 32% (20 trabalhos) do número total de publicações. 4 O ano de 1968 tornou-se emblemático, pois o mundo presenciou múltiplas revoltas e movimentações de diversos grupos (dos estudantis, de homossexuais, de negros entre outros) que tomaram conta das ruas a fim de demonstrar seu descontentamento político e social. Dois momentos foram cruciais e marcaram o Brasil em 1968: a invasão do restaurante Calabouço (28 de março de 1968, Rio de Janeiro), que culminou na morte do estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto e, o decreto do Ato Institucional número 5 (AI-5), que oficializou a repressão da ditadura militar no Brasil.
  • 18. 18 Entretanto, o dado mais interessante pode ser percebido no quadro abaixo, quando do total de 63 trabalhos sobre movimento estudantil, apenas 06 (seis) possuem como uma das palavras-chave o tema da participação política, tão presente no cotidiano do próprio movimento, porém com pouca expressão nos trabalhos acadêmicos. Quadro 2: Participação política como palavra-chave Fonte: elaboração própria. Gráfico 1: Distribuição de estudos por temática Fonte: elaboração própria.
  • 19. 19 3 QUADRO TEÓRICO Este capítulo tratará da caracterização dos conceitos que serão utilizados neste trabalho. Do movimento estudantil ao aparelhamento deste movimento, da crise da representatividade à participação política, explicaremos suas definições e possíveis estruturas, de forma a permitir uma maior compreensão do assunto que estamos tratando. 3.1 O MOVIMENTO ESTUDANTIL COMO UMA CATEGORIA PARA ANÁLISE Por atravessar diversas modificações durante as últimas três décadas, o movimento estudantil pode ser definido de múltiplas formas. Porém, cabe num primeiro momento problematizar a dificuldade em encontrar estudos que exprimam um conceito de movimento estudantil. Tal constatação foi observada na revisão bibliográfica, quando foi percebido que mais de 90% dos trabalhos coletados focam suas pesquisas em contextualizações históricas do movimento estudantil durante o Regime Militar ou ainda no papel da UNE desde sua criação até os dias atuais. Partindo da dificuldade apontada e da premissa de ser um tema de difícil generalização, utilizaremos a priori, uma definição mais geral de movimento estudantil, como ponto de partida para busca de características que possam levar a construção de um conceito. Previamente, o identificaremos como um movimento plural, com diferentes formas organizativas, diferentes formas de atuação, diretamente influenciadas pela conjuntura política e especificidades de cada região. Em cada trabalho analisado na revisão bibliográfica, diferentes aspectos de movimento estudantil foram grifados, onde as peculiaridades mais significativas foram sintetizadas abaixo, seguidos de uma análise para cada ponto exposto. 3.1.1 Finalidades e Objetivos O movimento estudantil pode ser configurado tanto por objetivos internos e específicos, quanto amplos e gerais. Quando apontamos para os debates próprios do meio
  • 20. 20 onde está inserido - ensino superior - tomando forma a partir de discussões sobre currículos, formação profissional, infraestrutura da Universidade, etc., resgatamos as questões internas do movimento. Como apontado por Freire (2010), um dos objetivos mais claros do movimento estudantil durante as décadas seria a reforma da universidade e a busca por sua transformação. Segundo Angélica Muller, em sua tese de doutorado sobre a atuação do movimento estudantil brasileiro entre 1969 e 1979, houve neste período a concentração de discussões sobre Reforma Universitária, pois os estudantes acreditavam, de uma maneira geral, na possibilidade de uma reforma que permitisse a solução dos grandes problemas educacionais e tivesse como critério sua possível contribuição para o desenvolvimento social da maioria da população (MULLER, 2010, p. 59). Quanto a objetivos ampliados (heranças do período da ditadura civil-militar no Brasil) o movimento estudantil vem buscando ultrapassar os limites físicos (e subjetivos) da universidade para os estudantes, de nada adiantava somente discutir, fazer manifestações e tomar conta somente de seus interesses. Para eles, era importante também agir e ir além dos muros da universidade, lutar pela democracia, pelos direitos do cidadão, enfim, por aquilo que faria diferença para a sociedade em si. (FREIRE, 2010, p. 23). A utilização de projetos de extensão (uma das possibilidades institucionais de usar-se dos conhecimentos adquiridos dentro da universidade para além dela) quando ocorrem por inciativa do movimento estudantil, ainda são pouco publicizados. Porém, há alguns grupos não institucionais e juventudes de partidos de esquerda que procuram desenvolver debate dentro do movimento estudantil referente a projetos de Universidade Popular, por exemplo, retomando as discussões sobre a reforma universitária e, aliando objetivos internos e externos. Assim, conhecer tanto seu local de estudo, quanto a realidade das universidades brasileiras (além das realidades sociais que se encontram inseridos), são exemplos de objetivos que o movimento estudantil almeja.
  • 21. 21 3.1.2 Aproximação com a política Relacionada com a caracterização do movimento estudantil como sendo um local de identificação de demandas, potencialmente leva consigo o papel de expor ao discente as contradições presentes dentro da Universidade, o empoderando para atuar sobre estas diversidades também fora da comunidade acadêmica. Silva (2006) ainda define o papel do movimento estudantil como sendo o de “despertar o cidadão discente quanto a seus direitos e o reflexo de suas atitudes e ações na sociedade”. Assim, o ingresso no movimento estudantil pode ser visto como uma das primeiras formas de ligação dos estudantes universitários com a vida política, influenciando na ocupação de espaços dentro da universidade e, podendo traduzir-se em alternativas para mudança da realidade social. Entretanto, podemos identificar um paradoxo referente a este aspecto, pois ao mesmo tempo em que agrega muitos estudantes, autores como Mesquita (2003) apontam que as práticas de organização tradicionais e viciadas dentro do movimento têm desmobilizado muitos outros. Porém, como cita TARROW (2009), é mais fácil para as pessoas empregarem uma forma de ação coletiva que saibam usar, e isso explica a predominância das formas convencionais sobre todas as outras. (…) Por exigirem relativamente pouco compromisso e envolveram baixo risco, as formas convencionais de ação coletiva podem atrair participantes em grande número. TARROW (2009) A explicação deste fenômeno pode estar relacionado ao fato dos estudantes ainda estarem acostumados a relacionar a política aos processos eleitorais do sistema partidário brasileiro, sentindo-se contemplados com este tipo de “atuação política”, logo que entram na Universidade. 3.1.3 Um movimento social, mas policlassista A explicação da identificação do movimento estudantil como sendo um movimento social, pode tanto incorporar uma interação complexa entre os indivíduos e sua realidade
  • 22. 22 social (a realidade objetiva do local de estudo o qual está inserido) gerando processos educativos, quanto na busca de uma identidade coletiva, como forma de agregar interesses em comum. Apesar da estrutura do movimento estudantil ser essencialmente institucionalizada (formada pelas entidades de base e demais estruturas organizativas), podemos ainda considerar outras características que estão presentes em certas concepções de ME existentes: os processos educativos e não institucionais que muito se assemelham aos dos movimentos sociais. Segundo Maria da Glória Gohn (1999), a partir do envolvimento em Movimentos Sociais ou Estudantis, os sujeitos apropriam-se da linguagem, esquemas e concepções institucionais, assim como adquirem diversos conhecimentos e saberes. Sendo que, essa apropriação tem como objetivo (ou deveria ter) um projeto de construção de alternativas à nossa realidade, onde as relações de poder não mais determinarão nossos caminhos. (GOHN,1999) A questão da formação política dos estudantes (enquanto militantes do ME) perpassa estas apropriações de conceitos, siglas e estruturas de discurso, também presentes nos processos organizativos de alguns movimentos sociais. Bringuel (2009) considera que o movimento estudantil é um movimento social sui generis, pois, movimentos estudantis, da mesma forma que os de mulheres, camponeses, indígenas, urbanos e outros, são movimentos sociais. (...) Nesse sentido, em primeiro lugar, as lutas, reinvindicações e ações coletivas dos estudantes somente se traduzem em um movimento estudantil quando articulam uma série de elementos mínimos, que também estão presentes nos demais movimento sociais: definição de reinvindicações, demandas e objetivos coletivos; (...) mínima organização com certo grau de continuidade no tempo; caráter não institucional; trabalho comum que leve à construção de uma identidade coletiva, mesmo que incipiente. (BRINGUEL, 2009, p. 100-102) Indo ao encontro a esta perspectiva, o movimento estudantil, diferentemente dos movimentos sociais mais atuantes na sociedade, torna-se peculiar ao ser formado por indivíduos de diversas classes, causando disparidades tanto de projetos quanto de visões de mundo, caracterizando-se assim como policlassista.
  • 23. 23 Freire (2008) ressalta esta característica ao colocar que estas disparidades acabam por ultrapassar o limite das divergências internas do movimento estudantil (de táticas, estratégias ou mesmo de programa político) "e chegam ao nível do antagonismo de classe" (FREIRE, 2008, p. 32). Mesmo assim, o movimento estudantil acaba por se apropriar e assumir uma postura de luta contra a todos os tipos de opressões e, principalmente, contra exploração capitalista (no caso de grupos “de esquerda”), pautas oriundas dos movimentos sociais classistas. 3.1.4 Um movimento institucionalizado, marcado por processos de representação Estudantes universitários podem identificar o movimento estudantil na imagem de alguns indivíduos ou grupos políticos que tomam frente nas disputas de espaços e, podem assim representar os demais discentes perante a universidade. Marcos Ribeiro Mesquita (2003b) identifica as consequências desses processos de representação dentro do ME, onde o mesmo se encontra: Burocratizado, hierarquizado, centralizador, partidarizado, ultrapassado... Estas são algumas das representações (inclusive dos militantes) acerca do movimento estudantil que, de certa forma, se cristalizam enquanto justificativas do distanciamento entre os estudantes e suas entidades. (MESQUITA, 2003a, p.95-96) Este excerto retirado do artigo “Movimento Estudantil: Práticas militantes na Ótica dos Novos Movimentos Sociais” demonstra como o Movimento estudantil dentro da universidade ainda está muito ligado à forma mais tradicional do movimento, sendo aquele que aponta para entidades fechadas, que apenas servem de espaço para reprodução das ideologias partidárias presentes na sociedade brasileira. Desde a década de 1970, há discussões sobre o caráter institucional do movimento estudantil, como demonstra Muller (2010) ao retomar em seu trabalho de análise dos documentos sobre a reconstrução do DCE da USP no período citado, descrevendo o histórico da criação e do esvaziamento do CCA (Conselho de Centros Acadêmicos) órgão coordenador dos CA's, substituto provisório do DCE (pois as instituições centrais de estudantes estavam proibidas). Muller chegou a conclusão, a partir das divergências sobre a representatividade do
  • 24. 24 CCA que existiam diferentes concepções de representação presentes nas discussões, reforçando a ideia da presença de diferentes correntes políticas atuando no movimento Através dos documentos analisados, não é possível precisar quais correntes defendiam cada proposição, até porque esse ainda era um período de transição, no qual muitas correntes desapareceram (principalmente por causa da derrota da luta armada) e outras se formaram. (MULLER, 2010, p.52). Levando em conta a afirmação de Freire (2008), sobre a importância de entender como o movimento estudantil se organiza, sem deixar de lado a diversidade de "movimentos" na atuação estudantil nas instituições de ensino, "não podemos negar que esse movimento estudantil institucionalizado, que é marcado pela organização representativa dos estudantes em entidades, é o que muitas vezes é visto como “movimento estudantil” (FREIRE, 2008, p. 33). O movimento estudantil assim pode ser considerado uma expressão que congrega um conjunto de atividades promovidas pela iniciativa estudantil, voltadas à consolidação tanto das entidades institucionalizadas, quanto na busca de uma perspectiva transformadora da sociedade e de independência do pensamento e da ação, levando-se em consideração as diferentes condições objetivas de cada contexto. 3.1.5 Entidades Dialogando com uma concepção mais ampla de movimento estudantil, como sendo um agrupamento de atividades de iniciativa estudantil, com alguns objetivos em comum (determinados conjunturalmente) e que interfere nos espaços de atuação, podemos identificar estruturas presentes dentro do movimento, sem deixar de citar as demais organizações não institucionais. Nesse universo, entidades são organizações representativas de um conjunto de pessoas, de uma classe, de um setor. Representativas no sentido de estabelecer-se como uma instância organizativa daquele conjunto, que o representa perante outra instância. Devem ser permanentemente abertas possibilitando participação das mais diversas opiniões e orientações políticas e ideológicas.
  • 25. 25 Adquirem forma através dos Centros e Diretórios Acadêmicos (CA's e DA's)5 : Entidade de base do movimento estudantil que representa os alunos de um determinado curso. O C.A. também mobiliza e organiza os alunos para participar, em cada faculdade, de manifestações públicas. E também por meio dos DCE's (diretório central dos estudantes), considerando que, O DCE deve ter esse contato direto com o CA, já que é muito mais difícil atingir todos os estudantes da universidade sem uma rede bem sustentada. Sem contar que o DCE tem o papel de dar suporte aos CAs, para eles se estruturarem, colocá-los por dentro dos assuntos mais gerais da universidade e envolvê-los nas lutas de todos os estudantes. Muitos cursos não têm CA, assim, o DCE pode estimular e ajudar para que os interessados achem caminhos para construir sua entidade. (FONSECA, 2008, p.36) Assim, o DCE é caracterizado como a entidade máxima de representação dos estudantes de uma Universidade. No Brasil, atualmente, a livre organização dos estudantes em entidades como os centro acadêmicos é garantida por lei. 3.1.6 Outros espaços presentes no Movimento Estudantil Podemos ainda nos referir a outros espaços presentes no movimento estudantil que não estão diretamente ligados as entidades de base ou ainda à universidade, mas que exercem funções como abertura de espaços de participação direta e, podem ainda trabalhar em conjunto com os organismos institucionais. Dentre eles, podemos destacar grupos políticos ligados à partidos (como as diversas tendências partidárias), coletivos de estudos formados a partir das necessidades específicas de cada universidade, grupos religiosos, ligados a questões de gênero, acadêmicos (como os estudantes que trabalham em programas de iniciação a docência – PIBID – e, de educação tutorial - PET), etc. Cabe salientar que, dependendo da universidade a ser trabalhada com maior profundidade, diferentes grupos podem ser identificados. 5 MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos."CA’s e DA’s" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002 <http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=284> Acesso em: 05 de maio 2012.
  • 26. 26 3.2 PARTICIPAÇÃO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA Representação e Participação, no período atual de democratização6 , andam juntas, pois as decisões tomadas a partir de espaços de participação (mesmo que dentro de um processo representativo) tendem a levar consigo e transferir para os sujeitos, uma maior carga de politização, disputa e qualidade crítica, características por certo perdidas dentro do movimento estudantil. Porém, há uma confusão aparente na diferenciação entre participação e representação dentro do movimento estudantil, pois os estudantes que se incluem nos processos estudantis acabam por colocar as mesmas expectativas e influências do sistema político brasileiro em suas ações dentro do movimento. Falar de representação política é recordar-se de que se trata de um conceito essencialmente moderno, uma temática central na teoria do Estado Democrático Liberal. A representação nos estados modernos nasceu dentro de um processo de institucionalização da política com os processos eleitorais. No Brasil, a terceira fase de democratização7 desenvolveu-se no período entre 1985-1990, segundo ARTURI (2001), durante a presidência civil de José Sarney. Para compor este quadro teórico, partimos de dois pressupostos para entender a representação: consentimento para que outro governe em seu lugar e, a abertura de espaços para participação. O primeiro seria o de que os cidadãos não governam de forma direta e sim, tem a opção de escolher seus representantes. Hanna Pitkin (2006) em seu trabalho “Representação: palavras, instituições e ideias”, realça nas primeiras páginas a complexidade da palavra representação, pois para contextualizar seu histórico de surgimento exige-se relatos detalhados de suas colocações na história. No decorrer da obra, Pitkin introduz algumas concepções sobre como a representação política pode se apresentar (formalista, descritiva e simbólica), mas por ora ficaremos com a primeira concepção. 6 Guillermo O’Donnell em seu trabalho “Democracia, agência e Estado” (2011), conceitua democratização como sendo “aquisição e amparo legal de direitos e liberdades, sustentadas de forma mais ampla e mais sólida, que dizem respeito aos aspectos civis, sociais e culturais da cidadania, também a expansão de liberdades e direitos políticos. Os graus e a solidez dessas expressões são uma medida, ainda que difícil, de calibrar empiricamente, do grau de democratização ou da qualidade da democracia em cada caso”. 7 No período entre 1974 a 1982, iniciou-se a primeira fase do processo de democratização do Brasil, assinalado pela subida do General Geisel ao poder, levando consigo seu projeto de desenvolvimento gradual e seguro para o país. Caracterizou-se ainda pela supressão parcial da censura à imprensa, a valorização por parte do governo das eleições legislativas e, o início da liberalização do governo. A continuidade desse processo de liberalização, permitiu o início da segunda fase do processo de democratização (1982 a 1985), tendo como características criação de novos partidos políticos e, a sucessão presidencial. (KINZO, 2001)
  • 27. 27 A representação política na concepção formalista pode ser entendida a partir de duas questões: representação por autorização (origem da representação) e a questão da “responsabilização” (final do processo). O modelo mais conhecido dentro desta perspectiva é o modelo hobbesiano, pois, segundo Pitkin, Hobbes é considerado um dos teóricos da representação na medida em que o conteúdo do contrato social (que dá origem ao Estado moderno) tem por base um processo de representação, no estabelecimento de um representante que pode agir em nome de seus representados, possuindo assim autoridade ilimitada para fazê-lo. Pitkin afirma ainda que Ao chamar o soberano de representante, Hobbes constantemente sugere que o soberano fará o que se espera que os representantes façam, não apenas o que lhe satisfaz. No entanto, a definição formal assegura que essa expectativa nunca pode ser invocada para criticar o soberano ou resistir a ele por não representar seus súditos como deveria. Na verdade, na definição explícita, não existe algo como um (não) representar como se deveria. (PITKIN, 2006, p.29) Já sobre a questão da responsabilização, Pitkin afirma que muitas críticas foram desferidas à Hobbes, pela ausência da noção de accountability, relacionada à falta de prestação de contas das ações do representante ao representado. Portanto, ambas as concepções seriam formalistas, por definirem-se fora da atividade de representação “em si”, não tratando do que acontece durante o processo. Nadia Urbinati (2006) em seu trabalho “O que torna a representação democrática”, aponta que as teorias da representação (com objetivo de consolidar a democracia como forma de governo), seguiram por duas escolas diferentes de pensamento: modelo eleitoral de democracia, que une a concentração de poderes nas instituições políticas (competência) e a deliberação pelo voto (consentimento), como forma de legitimar-se perante a população. Já o modelo representativo, observa-se na teoria do consentimento (na tentativa de evitar concentração de poder nas instituições estatais), através da eleição não só no nível de escolha de representantes, mas também “como direito de participar em algum nível da produção das leis, não como um método de transferência das preferências idiossincráticas das pessoas a profissionais políticos” (URBINATI, 2006, p. 193). No decorrer de sua obra, a autora coloca que podemos ver a representação a partir de três perspectivas: a jurídica e a institucional (que estão interconectas em relação a concessão da autorização) e, a política, mais democrática e pluralista, onde a representação não precisa
  • 28. 28 ser encontrada apenas nas entidades preexistentes e pertencendo aos agentes ou as instituições estatais e sim, podem designar uma forma de processo político (p. 201). Nesta terceira perspectiva, Urbinati expõe que a política representativa, tem a capacidade de espelhar: a complexidade de opiniões e de influência política, nenhuma das quais é uma entidade computável aritmeticamente. Quando traduzimos ideias em votos, tendemos às vezes a nos esquecer dessa complexidade e assumir que os votos refletem preferências individuais, ao invés de representarem opiniões. (URBINATI, 2006, p. 211) A autora aponta em sua obra, o segundo pressuposto referente à conceituação de representação exposto neste trabalho, no sentido de ampliar espaços de participação dentro da representação, ao colocar que a mesma possibilita que todos os componentes da sociedade civil possam identificar-se politicamente e, de alguma forma, influenciar a direção política do seu país de origem, pois “sua natureza ambivalente – social e política, particular e geral – determina sua ligação inevitável com a participação” (p. 218). A partir da contribuição de Urbinati, podemos observar, por exemplo, que no Brasil a Constituição Federal de 1988, possibilitou o abertura de diversas formas de organização da sociedade, pois além das modificações da organização administrativa, permitiu mudanças político-institucionais, como a criação de mecanismos de intervenção da sociedade civil, impulsionando a implantação de mecanismos de participação dentro do sistema representativo. A temática da participação tem como uma das principais referências a década de 1960, quando o conceito de participação política vem se popularizando e recebendo novos significados. Carole Pateman, em seu texto “Teorias recentes da democracia e o ‘Mito Clássico’”, aponta que: isso aconteceu na onda de reinvindicações, em especial por parte dos estudantes, pela abertura de novas áreas de participação – nesse caso na esfera da educação superior – e, também por parte de vários grupos que queriam, na prática, implementação dos direitos que eram seus, na teoria. (PATEMAN, 1992, p. 09) Pateman argumenta ainda, que a participação mais ampla na esfera política começa necessariamente com a participação em microesferas da vida social. No caso deste estudo,
  • 29. 29 destacamos o papel educativo que a participação politica dos estudantes dentro do movimento estudantil pode desempenhar, para sua atuação fora da universidade. Sendo um conceito diverso, já foi interpretado por diversas óticas. Sani (1988)8 descreve um conceito mais geral de participação política, comumente aceito, "o voto, a militância partidária, a participação em manifestações, a contribuição em agremiações políticas, o participar de comícios ou reuniões, o apoio a um candidato e pressão sobre um dirigente" são exemplos de participação, onde os teóricos que sustentam essa visão do papel da participação são, em sua grande maioria, teóricos do governo representativo. Ainda sobre esta mesma perspectiva, Regina Maria D. Carneiro, enfatiza que o conceito de participação política “é utilizado para designar uma série variada de atividades que vai desde o ato de votar até o exercício de cargos públicos” (CARNEIRO e MACHADO, 2009, p. 02), limitando o mesmo de forma restrita às esferas institucionais. Ao se recorrer a conceituações que abram um espaço maior para a forma como os indivíduos veem a política e agem perante ela (seja coletivamente ou não), o conceito de participação política, numa perspectiva culturalista (que leva em consideração as dimensões subjetivas dos fenômenos políticos para explicar as questões relacionadas a consolidação da democracia, a partir de crenças, normas, valores e atitudes para explicar o sistema político), a participação política vem como “uma variação contínua que inclui atividades formais e informais, até aquelas que utilizam de meios "socialmente questionáveis" tais como confrontos e invasão de prédios” (BAQUERO e PRÁ, 2007). Do ponto de vista pluralista, Robert Dahl (1981) identifica em seus estudos a tendência de que nem todos os indivíduos interessam em participar ativamente de todos os processos de decisão. Ao definir quatro categorias diferentes em relação a esta observação (os apolíticos, os políticos, aqueles que buscam o poder, e aqueles que detêm o poder), Dahl coloca que ainda há uma pequena parcela desta população que: acredita que sua participação pode alterar os resultados e as decisões políticas, de modo que os sentimentos de autoconfiança e de eficácia pessoal estão associados ao alto grau de participação (DAHL, 1981 apud AMORIM, 2007, p. 369) 8 Verbete "participação política" do Dicionário de Política organizado por BOBBIO, MATTEUCCI e PASQUINO, 1988.
  • 30. 30 Se levarmos em consideração que os processos democráticos não estão fixados somente através do voto e sim, na conscientização da população de que é possível a realização da construção e resolução coletiva das demandas, a busca de conceitos de participação que comportem características referentes não somente “ao número de vezes que os cidadãos participam, mas às formas como participam e, mais especificamente em nome de que e de quem participam” (PINTO, 2004, p.103) e também o quanto se sentem integrantes dos processos o qual estão participando, pode ser contemplado pelo excerto abaixo, retirado do Relatório divulgado pela Rede Interamericana para a Democracia, participar es ser parte, tener parte, tomar parte, y esto implica tres condiciones básicas: involucramiento, compromiso y sentido de identidad. La participación tiene como fin influir, pero influir en los procesos de toma de decisiones (RID, 2005) Assim, a participação efetiva se dá quando o cidadão pode "apresentar e debater propostas, deliberar sobre elas e, sobretudo, mudar o curso da ação estabelecida pelas forças constituídas e formular cursos de ação alternativa" (Filla e Battini, 1993 apud LYRA, 1998, p.12). Desde visões clássicas de participação como representação (via autorização eleitoral) até a perspectiva da participação em pequenas esferas da vida cotidiana, a confusão sobre a compreensão destes conceitos, pode ser encontrada tanto no discurso dos estudantes que há pouco entraram na universidade (onde sua participação na vida política, em grande parte, resume-se ao voto), quanto no posicionamento e atitudes dos estudantes que já são mobilizados e ocupam espaços dentro do movimento estudantil. Hipoteticamente, o estudante poderia estar inclinado a participar das atividades dentro do movimento estudantil, não somente delegando a outros (através do voto) que o façam, mas também incorporando formas de empoderamento nas atividades que está exercendo (pois, quanto mais os indivíduos participam, mais capacitados se tornam para fazê-lo). Porém, quando analisamos a participação relacionada ao alcance dos objetivos do movimento estudantil, de acordo com o discurso e da pratica a serem utilizados e, de quem é o receptor desse discurso, as respostas podem ser diferenciadas. Assim, podemos sintetizar as formas que os estudantes percebem-se fazendo parte dos processos políticos dentro da universidade, nos seguintes termos:
  • 31. 31 ● processos de representação - quando nos referimos ao envolvimento em processos eleitorais e de militância profissional (tanto internos, como escolha dos representantes de centros e diretórios acadêmicos, quanto externos, como campanhas eleitorais); ● processos de participação direta – onde o próprio estudante está presente em reuniões, assembleias, passando pela construção e organização dos espaços de discussão sobre processos políticos e/ou ações de extensão, apresentando, debatendo e deliberando sobre as questões pertinentes ao ambiente universitário. 3.3 A PROBLEMÁTICA DA CRISE DE REPRESENTATIVIDADE NO MOVIMENTO ESTUDANTIL Uma das principais vertentes de análise da crise de representatividade no Brasil trata dessa problemática desde a ótica político-partidária. Nesse sentido, alguns autores apontam para a existência de um distanciamento entre partidos políticos e suas bases. Segundo Severo (2007), tende a ser caracterizado como um sistema composto por um excessivo numero de partidos políticos, sem enraizamento social e com alto índice de fragmentação partidária. Os partidos são pouco coesos, indisciplinados e organizados fundamentalmente para atender interesses pessoais de alguns lideres. (SEVERO, 2007, p. 52) Constata-se também no contexto da crise da representatividade, um distanciamento entre a atuação dos cidadãos através de sua participação na política da eventual solução dos problemas sociais, como afirma COSTA (2010) ao citar Moisés (2005) o distanciamento entre a participação política e a resolução de problemas sociais, cria a sensação de impotência no eleitorado que, cada vez mais, sente-se alijado das decisões políticas. Daí a apatia que se traduz na maior parte das democracias políticas ocidentais, no aumento da abstenção. Desta forma abre-se espaço ao desencanto, a apatia e até a hostilidade em face de distorções que, muitas vezes, envolvem políticos e instituições democráticas. (MOISÉS, 2005 apud COSTA, 2010, p. 291)
  • 32. 32 O período de transição democrática no Brasil é marcado pelo retorno do pluripartidarismo como forma de organização do sistema partidário brasileiro, assim como pela descrença dos cidadãos em relação vários aspectos da política institucionalizada. Como Dias aponta: Desde a década de 1970, entretanto, a literatura acadêmica vem se ocupando em diagnosticar e encontrar soluções para o que ficou conhecido como a crise da representação política, ou ainda, da própria democracia representativa. Elites políticas encasteladas, apatia política dos cidadãos em geral, ausência de accountability são algumas das evidências apontadas como sendo características da disfunção do mecanismo representativo da democracia. (DIAS, 2004) Assim, falar sobre as características de crise dentro do movimento estudantil, é retomar principalmente quatro características que, mesmo pouco trabalhadas nas produções recolhidas na revisão bibliográfica, podem ser percebidas empiricamente: o distanciamento entre movimento estudantil e os estudantes; falta de legitimidade do movimento; aparelhamento e, pouco envolvimento dos estudantes. Mesquita (2003b) destaca dois pontos que podem caracterizar o distanciamento e falta de mobilização e organização dos estudantes no movimento estudantil: fatores externos (além da crise da representatividade, a apatia, individualismo) e fatores internos (aparelhamento partidário, hierarquização das estruturas), exemplificado com a multiplicação de grupos políticos dentro da universidade (sejam em forma de coletivos/base estudantil de organizações ou na ocupação de espaços institucionais como os centros acadêmicos). No caso do objeto de análise, o período atual pode ser caracterizado como sendo de apatia entre os estudantes perante o movimento estudantil, isto é, um desinteresse inclusive frente a questões que afetam diretamente seu futuro desempenho profissional, como aquelas relacionadas com a falta de infraestrutura de muitas instituições de ensino superior ou a inadequação dos currículos acadêmicos. Ademais, muitas das organizações estudantis atualmente presentes no meio acadêmico acabam reproduzindo muitas das características presentes no sistema político geral, como a excessiva autonomia das formas de representação, o aparelhamento das entidades, desestruturação instâncias de base, ausência de diálogo com os estudantes, etc.
  • 33. 33 Nesta direção, Marcos Ribeiro Mesquita, após analisar as teses e intervenções de estudantes no 46º CONUNE (Congresso da UNE - União Nacional dos Estudantes), salienta que: Todas as teses se referiram à crise do movimento estudantil enquanto ator catalisador de uma ação coletiva mais efetiva. Os sintomas do enfraquecimento da representatividade das entidades estavam inscritos na fala dos militantes. Havia uma manifestação de descontentamento... (MESQUITA, 2003, p. 122). Diferentemente do que alguns autores indicam, que “os movimentos estudantis, (…) necessitam dos partidos políticos para, frente ao Estado, reivindicarem seus interesses” (KRUSCHEWSKY e MEDRADO, 2009, p. 05), atualmente percebe-se que a presença dos partidos políticos dentro do movimento tem dificultado a organização do mesmo decorrente alguns fatores, tais como: ● Sobreposição de interesses - quando as disputas deixaram de ser pelos interesses decorrentes das pautas e demandas vindas das necessidades dos estudantes, e passaram a ser entre os partidos que assumiram as lideranças estudantis, como cita Freire (2010) "Ao filiar-se a outros movimentos, há uma divisão de interesses, pois o movimento se alinha a diversos partidos e alinha seus interesses específicos participando de uma agenda política mais ampla" (FREIRE, 2010, p. 27); ● Vanguardismo e oportunismo - principalmente nos espaços de maior visibilidade dentro do ME, militantes que são filiados a partidos (e estão atuando sob instrução do partido dentro do ME) tomam posição de liderança nesses espaços, utilizando-os como trampolim político; ● Falta de envolvimento de parte dos estudantes - discentes que não mantem vínculo ativo com o ME, mas ao incorporarem as dimensões da crise da representatividade apresentadas anteriormente neste trabalho (principalmente a desconfiança nos políticos e o distanciamento dos partidos de suas bases) acabam por refleti-las no seu descaso com os processos de construção do movimento, participando do mesmo somente por meio do voto;
  • 34. 34 Andreza Barbosa, em seu trabalho sobre a desarticulação do movimento estudantil nas décadas de 80 e 90, coloca que a relação entre os estudantes que são filiados a partidos e o movimento estudantil, não é necessariamente uma questão negativa, tornando-se às vezes necessária dentro do movimento estudantil, mas: O que não é adequado é o aparelhamento do movimento estudantil aos partidos políticos, ou seja, quando os interesses do movimento estudantil são deixados de lado para se assumir a disputa entre os partidos que assumiriam as lideranças estudantis (BARBOSA, 2002, p. 12). Como demonstra Mesquita (2006), “certamente, a forte institucionalização desses movimentos e certa colonização dos partidos em seu interior, interferiu na diminuição da identidade entre movimentos e base” (p. 20), a presença dos partidos políticos dentro do movimento estudantil tem gerado consequências como o aparelhamento do mesmo, com a repetição dos vícios partidários como o aumento da diferenciação entre representantes e representados. Além disso, Mesquita ainda cita que Criou-se, assim, uma cultura de aparelhamento das entidades estudantis que reforçou no interior do movimento estudantil um habitus político muito ligado à política tradicional e suas formas de atuar, o que acabou, de certa forma, distanciando as entidades do estudante comum que não conseguia dominar esse tipo de linguagem política (MESQUITA, 2006, p. 229) O movimento estudantil, além de reproduzir a hierarquização e luta pela manutenção de poder por meio da disputa de cargos, está cada vez mais despolitizado, como aponta Luís Roberto Tenório, em entrevista ao Projeto Memória do Movimento Estudantil: “O movimento estudantil hoje peca pela despolitização, resquício da década de 1970, quando ele foi amordaçado” (TENÓRIO, 2005). Além disso, no interior das universidades, há um afastamento - no sentido de falta de engajamento, não identificação e não reconhecimento – da maioria dos estudantes, dos seus órgãos de representação (Centro Acadêmico- C.A e Diretório Central dos Estudantes - DCE). Como forma de visualizar este afastamento, no próximo capítulo, procurou-se analisar os documentos reguladores (estatutos) de 14 DCE’s espalhados pelo Brasil, com objetivo de identificar quais seriam os espaços que mais afastam estes estudantes.
  • 35. 35 4 ANÁLISE DOCUMENTAL: OS ESTATUTOS O objetivo inicial desta pesquisa (quando da construção do projeto de TCC na disciplina cursada no primeiro semestre de 2012), era aplicar um instrumento de pesquisa tipo survey (composto de perguntas preponderantemente fechadas e algumas abertas, totalizando 33 questões), numa população de 30 gestões de DCE's (Diretório Central de Estudantes) em exercício no ano de 2012 nas Universidades Federais e Estaduais brasileiras. Porém, devido a greve nacional das três categorias que formam a universidade contemporânea em grande parte das universidades brasileiras, não foi possível realizar coleta inicial dos dados, inviabilizando a continuidade do projeto original. Consequentemente uma nova estratégia de pesquisa foi executada: a partir da amostra previamente selecionada para aplicação do questionário procurou-se analisar os estatutos destes DCE's, sendo esses os principais documentos relacionados diretamente a descrição e funcionamento destas organizações. Além disso, torna-se necessário conhecer como os desenhos institucionais são estruturados de maneira a incorporar os estudantes na deliberação sobre as questões dentro do movimento estudantil. A fim de calcular a amostra para a referida pesquisa, foi considerado (em cima do número total de instituições federais e estaduais de ensino - 98) que, além de possuírem DCE, deveriam ter os estatutos disponíveis de forma “online”, totalizando o número de 57 instituições de ensino, onde foram divididos pela amostra 14 (número aleatório). O resultado (4,07) foi utilizando como intervalo aleatório da amostra, verificando a tabela de números aleatórios, determinou-se a primeira universidade a ser trabalhada e, utilizando o intervalo amostral, verificou-se em uma listagem as demais universidades nas quais que seriam analisados os respectivos estatutos, totalizando 14 DCE's.
  • 36. 36 Mesmo utilizando-se da amostragem aleatória simples (técnica que permitiu que todas as universidades possuíssem a mesma probabilidade de pertencerem a amostra), a escolha dos DCE's corria o risco de ficar desigual. Porém, verificamos a partir do quadro acima que todas as regiões do Brasil foram contempladas na escolha das universidades que formariam a população a ser estudada. A região Norte, representada pela UEPA e UFRA; região Nordeste pela UFC, UFMA e UFRN; o centro-oeste pela UFMS; o sudeste, pela UFABC, UFF e UFU e, por fim, a região Sul representada pela FURG, UFCSPA, UFSM e Unioeste. A fim de criar categorias para facilitar a análise dos estatutos, levou-se em consideração uma série de indicadores após análise prévia de dois estatutos: a) possuir ou não CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica); b) reconhecimento da UNE como entidade representativa de todos os estudantes do Brasil; c) as instâncias deliberativas de cada DCE (e na instância soberana, quem tem direito a deliberar sobre as questões referentes ao movimento); d) em que espaço de deliberação se definem as políticas das gestões e, por fim, quando existente, e) quais as principais funções dos Conselhos que congregam as demais instituições representativas dos estudantes (CA's e DA's). Quadro 3: Amostra selecionada Fonte: elaboração própria
  • 37. 37 Os dados categorizados podem ser observados no quadro a seguir: Fonte: elaboração própria Referente à primeira questão (sobre possuir ou não CNPJ) percebeu-se que apenas duas das 14 instituições pesquisadas possuíam registro no cadastro nacional de pessoas jurídicas, evidenciando que grande parte dos DCE’s não possui registro de seus estatutos em Cartório de Registros de Títulos e documentos, pois segundo a legislação vigente - Lei 6.015/73, art. 121. Código Civil, art. 1.151 - para se registrar uma associação, um dos documentos solicitados é o número do CNPJ. Cabe ressaltar que, um estatuto não registrado torna-se frágil e de fácil alteração, porque não há nenhum empecilho jurídico que possa impedir as mudanças (a não ser os presentes no próprio estatuto). A categoria referente à letra b, relativo ao vínculo dos DCE's à UNE (união nacional de estudantes), tinha por objetivo verificar até que ponto as discussões sobre a falta de representatividade da UNE influência diretamente na organização dos diretórios centrais. O resultado foi significativo, pois 05 dos 14 DCE's descrevem em seus estatutos reconhecer (e/ou serem filiados) a instituição nacional como entidade representativa de todos os Quadro 4: Informações dos estatutos
  • 38. 38 estudantes do Brasil. Porém, cabe salientar que esta inferência não está levando em consideração as forças políticas presentes em cada universidade que possam servir como meio de pressão para manutenção desta filiação. Pertinente foram os dados relacionados às instâncias deliberativas, pois dois dos quatro espaços presentes nos desenhos institucionais dos DCE's fazem frente como locais soberanos de deliberação: as Assembleias Gerais e os Congressos de Estudantes. Assembleias gerais são marcadas pela diversidade de ideias e de grupos políticos presentes com o objetivo de deliberar sobre as pautas determinadas. Porém, mesmo encaixando teoricamente nos processos de participação direta, ainda estão inclusos em estruturas hierarquizadas e representativas, como demonstrado através dos dados recolhidos, onde 50% dos diretórios centrais a consideram instância deliberativa soberana. Já os Congressos de Estudantes (segunda instância deliberativa mais presente nos diretórios centrais), demonstram um processo de dupla representação: representação política por autorização e, da perspectiva do "modelo representativo de democracia". Referente ao primeiro processo, os congressos são marcados pela escolha de delegados eleitos diretamente em suas "bases" (nem todos os estatutos deixavam claro que a escolha dos delegados deve ser via eleição por voto secreto), sendo assim, autorizados pelos estudantes de seu curso, para tornarem-se “suas vozes” no Congresso. Após esta etapa, um segundo processo de representação é verificado, sendo caracterizado pelo modelo representativo de democracia alinhavado por Urbinati (op. cit.), onde os delegados escolhidos além de representar os estudantes do curso específico que o escolheu, tem o direito de deliberar sobre como o DCE deve se posicionar referente aos diferentes temas do movimento estudantil, além da escolha das diretrizes e políticas do Diretório, durante o ano (objetivo fundamental dos congressos). Entretanto, um dos dados que mais chamaram atenção, refere-se aos CEB's - Conselhos de Entidades de Base (de centros e/ou diretórios acadêmicos). Teoricamente, seriam os espaços de maior concentração de diferentes visões e opiniões de todos os estudantes da universidade, pois todos os cursos estariam representados, mas além de expor, como nos Congressos, processo de dupla representação, os CEB's afunilam ainda mais a participação direta dos estudantes nas deliberações, pois em todos os conselhos, somente quem tem direito de voto são os coordenadores/presidentes dos CA's e DA's (ou ainda os representantes legalmente eleitos).
  • 39. 39 Além disso, uma das funções do CEB que mais se destacou (presente em praticamente todos os casos) foi a de ser um órgão "fiscalizador e avaliação". Possuir a responsabilidade de organizar e apresentar a prestação de contas periodicamente, além de regular a administração da diretoria, faz do CEB um mecanismo de accountability do DCE, possibilitando a responsabilização daquelas pessoas que ocupam os cargos executivos da diretoria, perante a comunidade acadêmica.
  • 40. 40 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluir esta monografia, não finaliza apenas a primeira das etapas de um estudante universitário dentro de uma instituição de ensino com a aquisição do grau de bacharel, mas também é o reflexo de quatro anos de inserção em espaços do movimento estudantil, nas suas mais diversas expressões, resultando em inúmeras inquietações, discussões e procura de espaços efetivos de participação dentro do movimento. A composição da amostra desta pesquisa tornou-se um desafio no decorrer de sua construção, pois poucos trabalhos encontram-se indexados nos portais mais acessados (como o Scielo e os Periódicos Capes), o que dificultou o início das análises. Assim, além da busca de outras bases de dados, outros recortes foram. O recorte empírico dos trabalhos correspondentes à temática do movimento estudantil verificou-se diversificada tanto nos tipos de publicações (desde trabalhos de conclusão à teses de doutorado, além de artigos apresentados em congressos), quanto nos conteúdos sintetizados em 11 dimensões para análise. Além disso, muitos estudos sobre movimento estudantil configuram-se como objeto de análise do período entre 1964-1985 (Regime Militar no Brasil), evidenciando a importância do movimento estudantil como um dos movimentos de resistência à ditadura militar, resposta dos estudantes brasileiros à intervenção militar nos espaços acadêmicos. Escolher este tema como trabalho de conclusão, objetivou-se, primeiramente, na busca de um conceito para movimento estudantil. Porém, após análise dos trabalhos selecionados, observou-se que poucas produções abordavam o tema da participação política através da perspectiva sintetizada durante a conceituação dos temas neste estudo, de uma participação direta do estudante nos espaços, debatendo e deliberando sobre as questões pertinentes ao movimento estudantil. Estudos sobre as estruturas que compõem a organização do movimento estudantil contemporâneo ainda são escassos. Tal constatação pode ser observada nos documentos analisados nesta pesquisa (tanto as produções acadêmicas referentes ao movimento estudantil brasileiro, quanto os estatutos das entidades selecionadas), pois não permitiram verificar formas alternativas de participação, ou ainda espaços de participação política que não estejam
  • 41. 41 relacionados à democracia representativa. A análise dos estatutos de 14 Diretórios Centrais de estudantes (DCE's) permitiu uma avaliação sobre os espaços de representação nestas entidades. Verificou-se que os CEB's (conselhos de entidades de base) e os Congressos de estudantes (canais soberanos de deliberação dos estudantes dentro dos DCE's), ainda incluem-se na lógica eleitoral de um movimento estudantil tradicional, marcado por processos de representação no qual está presente a escolha de representantes e a militância profissional, pois, além da necessidade de uma autorização prévia para estar presente nestes espaços, percebe-se uma sobreposição de interesses entre alguns dos objetivos principais do movimento estudantil (identificação de demandas do ambiente educacional) e, os objetivos dos "militantes profissionais" ao planejarem suas ações a partir da formação adquirida dentro dos círculos partidários. Quando recorremos à literatura referente à crise do movimento estudantil, remontamos aos estudos sobre crise da representatividade do sistema político-partidário brasileiro, como a descrença dos brasileiros em relação às diversas dimensões da política institucionalizada. O que nos levou a compreender alguns dos "porquês" da dificuldade de inserção de uma participação de fato, qualitativa e pertinente. Assim, a presente pesquisa apresentou um resgate inicial de estudos sobre o movimento estudantil brasileiro, a partir dos critérios apontados anteriormente, relacionado com o campo da Ciência Política contemporânea, abrindo espaço para que outros trabalhos sejam produzidos a partir da perspectiva elaborada nesta investigação.
  • 42. 42 REFERÊNCIAS AMORIM, Maria Salete Souza de. Cultura Política e decisão eleitoral no Oeste do Paraná. Tese (Doutorado em Ciência Política), 238p., Porto Alegre, UFRGS, 2006. ARTURI, Carlos Schmidt. O regime democrático no Brasil: Notas para uma agenda de pesquisa. Revista Debates, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p.163-176, jan-jun, 2011. AZEVEDO, Lúcia Rangel. O papel da UNE no movimento estudantil na segunda metade do séc. XX. Eccom, São Paulo, v. 1, n. 2, p.7-22, 2010. Jul-dez. Disponível em: <http://publicacoes.fatea.br/index.php/eccom/article/viewFile/402/258>. Acesso em: 10 abr. 2012. BRINGEL, Breno. O futuro anterior: continuidades e rupturas nos movimentos estudantis do brasil. Ecoos Revista Científica, São Paulo, v. 11, n. 1, p.97-121, Não é um mês valido! 2009. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/pdf/715/71512097006.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2012. BAQUERO, Marcello; PRÁ, Jussara Reis. A democracia brasileira e a cultura política no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2007. BARBOSA, Andressa. O movimento estudantil brasileiro: do início da década de 1990 a 2001. In: GROPPO, Luís Antonio; ZAIDAN, Michel; MACHADO, Otavio Luiz. Movimentos Juvenis Na Contemporaneidade. Recife: Universitária da Ufpe, 2008. Cap. 3, p. 53-65. COSTA, Homero. Crise dos partidos e as transformações dos governos representativos. Cronos, RN, v. 11, n. 1, p.274-294, 2010. Jul-ago. Disponível em: <http://www.cchla.ufrn.br/cronos/pdf/11.2/a04.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012. DAHL, Robert. Análise Política Moderna. Tradução Sérgio Bath. Brasília, Ed. UnB, 1981. DAHL, Robert. Sobre a democracia. Brasília: Editora UnB, 2001. DIAS, Marcia Ribeiro. Democracia e novas formas de participação política. Civitas – Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 4, n. 2, p.205-209, 2004. Jul-dez. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/viewFile/11/1621>. Acesso em: 10 abr. 2012. FONSECA, Mônica Padilha. O movimento estudantil como espaço dialógico de formação. 2008. 97 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Unb, Brasília, 2008. FREIRE, Pauline. O Movimento estudantil revisitado: uma análise da prática social, da ideologia e da hegemonia no gênero entrevista. 2010. 144 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - UFSJ, São João Del Rei, 2010. FREIRE, Silene de Moraes. Movimento Estudantil no Brasil: lutas passadas, desafios
  • 43. 43 presentes. Revista Historia de la Educación Latinoamericana. Colômbia, Vol. 11, 2008, pp. 131-146, 2008. GARCIA, Priscila Fernanda da Costa. As mulheres no movimento estudantil dos anos 1960. In: I SIMPÓSIO SOBRE ESTUDOS DE GÊNERO E POLÍTICAS PÚBLICAS, 2010, Londrina. Anais I Simpósio sobre Estudos de Gênero e Políticas Públicas. Londrina: Uel, 2010. p. 61 - 70. Disponível em: <http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/7.PriscilaGarcia.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2012. __________. As meninas de ibiúna, militantes e oprimidas: mulheres e esquerda no congresso estudantil de 1968. In: IV SIMPÓSIO LUTAS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA, 2010, Londrina. Anais IV Simpósio Lutas Sociais na América Latina. Londrina: Uel, 2010. p. 54 - 62. Disponível em: <http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/7.PriscilaGarcia.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2012. GOHN, Maria da Glória. Movimentos Sociais e Educação. 3ª edição São Paulo: Cortez, 1999. GROPPO, Luis A.; ZAIDAN FILHO, Michel; MACHADO, Otavio Luiz (Org.). Movimentos Juvenis na Contemporaneidade. Pe: Universitária UFPE, 2008. 204 p. KINZO, Maria D'alva G.. A democratização brasileira: um balanço do processo político desde a transição. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 15, n. 4, p. 3-12, Outubro-dezembro, 2001. KRUSCHEWSKY, Camyle Serafim; MEDRADO, Ivan Gomes. A Influência Recíproca entre Partidos Políticos e Movimentos Estudantis. Paraná Eleitoral, Paraná, n. 71, p.1-3, out. 2009. LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999. LIMA, Telma Cristiane Sasso de; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Katál, Florianópolis, v. 10, n. , p.37-45, 2007. LYRA, Rubens Pinto. Teorias clássicas sobre a democracia direta e a experiência brasileira. Revista de Informação Legislativa, v. 35, n. 140, p. 11-16, out./dez. de 1998. Disponível em: <http://www2.senado.gov.br/bdsf/item/id/413>. Acesso em: 25 mar. 2012. MACHADO, Mônica Mata; CARNEIRO, Regina Maria Dias. Orientação Pedagógica: Partidos políticos e participação política: Currículo Básico Comum - Sociologia Ensino Médio. Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG / Março 2009. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/documentos/op/em/sociologia/2010-08/op-em- so-17.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2012.
  • 44. 44 MESQUITA, Marcos Ribeiro. Juventude e Movimento Estudantil: Discutindo as Práticas Militantes. Sociedade Brasileira De Psicologia Política: Psicologia Política, São Paulo, v. 03, n. 05, p.89-120, jun. 2003a. Semestral. __________. Movimento estudantil brasileiro: Práticas militantes na ótica dos Novos Movimentos Sociais. Revista Crítica de Ciências Sociais, Portugal, n. , p.117-149, out. 2003b. __________. Identidade, cultura e política: os movimentos estudantis na contemporaneidade. 2006. PUC-SP, 377p. , Doutorado em Psicologia Social, São Paulo: SP. Tese (Doutorado) 2006. __________. Movimento Estudantil Brasileiro: o desafio de recriar a militância. Disponível em: <http://www.maismulheresnopoderbrasil.com.br/pdf/Sociedade/Movimento_Estudantil_Brasi leiro_O_Desafio_de_Recriar_a_Militancia.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2012 MORESI, Eduardo (Org.). Metodologia da Pesquisa. Disponível em: <http://www.inf.ufes.br/~falbo/files/MetodologiaPesquisa-Moresi2003.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012. MULLER, Angélica. A resistência do movimento estudantil brasileiro contra o regime ditatorial e o retorno da une à cena pública (1969-1979).2010. 3 v. Tese (Doutorado) - Curso de História, Usp/sorbonne, São Paulo, 2010. PATEMAN, Carole. Teoria democrática e participação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. 160 p. PERNA, Paulo de Oliveira; CHAVES, Maria Marta Nolasco. O materialismo histórico- dialético e a teoria da intervenção prática da enfermagem em saúde coletiva: a demarcação do "coletivo" para a ação em enfermagem. Trabalho Necessário, Rio de Janeiro, n. 6, p.1-28, 2008. Disponível em: <http://goo.gl/Qg3v5>. Acesso em: 10 out. 2012. PINTO, Céli Regina Jardim. Espaços deliberativos e a questão da representação. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 19, n. 54, p.97-113, fev. 2004. Quadrimestral. Disponível em: <http://bit.ly/rJ3Q8k>. Acesso em: 25 mar. 2012. PITKIN, Hanna Fenichel. REPRESENTAÇÃO: PALAVRAS, INSTITUIÇÕES E IDÉIAS. Lua Nova, São Paulo, n. 67, p.15-47, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ln/n67/a03n67.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2012. QUEIROZ, Vilma Machado de; ENGRY, Emiko Yoshikawa. Bases Metodológicas para a assistência de enfermagem em saúde coletiva, fundamentadas no materialismo histórico dialético. Disponível em: <http://www.enfermagem.ufpr.br/paginas/areas/bases_metodologicas_ass_enfermagem.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012. RID - Rede Interamericana de Democracia. Índice de Participação Cidadã. Relatório
  • 45. 45 Regional. Buenos Aires, Setembro. 29p. SANI, Giacomo. Participação Política. In: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política. 11. ed. Brasília: Unb, 1988. SÁ-SILVA, Jackson Ronie; ALMEIDA, Cristóvão Domingos de; GUINDANI, Joel Felipe. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, São Leopoldo, v. 1, n. 1, p.1-15, jul. 2009. Disponível em: <http://www.rbhcs.com/index_arquivos/Artigo.Pesquisa%20documental.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012. SEVERO, Ana Olímpia Celso de Miranda. Apreciação histórica da formação dos partidos políticos brasileiros. 59 f. Projeto (Curso De Especialização Em Ciência Política) - Unicap, Recife, 2007. SILVA, Wellyngton Chaves Monteiro da. Movimento estudantil e cidadania. UNEAL, Santana do Ipanema, 09 nov. 2006. TARROW, Sidney. O poder em movimento: Movimentos Sociais e confronto político. Petrópolis, Rj: Vozes, 2009. TENÓRIO, Luís Roberto. Luís Roberto Tenório: depoimento. Entrevistadora: Ana Paula Goulart. Entrevista concedida ao Projeto Memória do Movimento Estudantil. 07 de junho de 2005. URBINATI, Nadia. O que torna a representação democrática? Lua Nova, São Paulo, n. 67, p.191-228, 2006.
  • 46. 46 APÊNDICE 01 Amostra selecionada de DCE’s (diretórios centrais de estudantes)
  • 47. 47 APÊNDICE 02 Operacionalização dos estudos bibliográficos Ano de Publicação Tipo de Publicação Temática Palavras-chave Autores Título 2002 Artigo Partidos Políticos Movimento estudantil, Partidos Políticos, Desarticulação BARBOSA, 2002 A (des)articulação do movimento estudantil: (décadas de 80 e 90) 2003 Artigo Contemporâneo - MESQUITA, 2003 Movimento Estudantil Brasileiro: práticas militantes na ótica dos novos movimentos sociais 2004 Dissertação Mídia Imprensa, Porto Alegre, Movimento social, Representação simbólica, Regime Militar, Estudantes. ALVES, 2004 O visível e o invisível do movimento estudantil universitário de Porto Alegre nas representações da imprensa (1964-1968) 2004 Tese Doutorado Contemporâneo Sociologia, Movimento estudantil contemporâneo, Formas de atuaçãoo, Análise compreensiva COSTA, 2004 Movimento estudantil contemporâneo: uma análise compreensiva das suas formas de atuação 2004 Artigo Contemporâneo - MESQUITA, 2004 Movimento Estudantil Brasileiro: o desafio de recriar a militância 2004 Tese Doutorado Memória Formação, Estudantes universitários, Memória, Socialização política, Movimento estudantil, Representacoes sociais DE PAULA, 2004 O movimento estudantil na UFRRJ: memórias e exemplaridade. 2005 Artigo Contemporâneo Brasil, Anos Dourados, América Latina, Movimento estudantil brasileiro, Movimentos sociais, Governos ditatoriais, Anos 60, Abertura política. AMARAL, 2005 O Movimento Estudantil Brasileiro e a crise das utopias 2005 Livro UNE UNE, Movimentos Estudantis - Brasil, Movimentos Estudantis - América Latina. OLIVEIRA, 2005 A UNE e o mito do poder jovem
  • 48. 48 Ano de Publicação Tipo de Publicação Temática Palavras-chave Autores Título 2005 Dissertação UNE História da Educação, Fontes e Fundamentos, Movimento Estudantil, Reforma Universitária, Ensino Superior ROCHA, 2005 A UNE e a reforma universitária: as motivações históricas e a luta dos estudantes por um projeto de universidade nos anos 60 2005 Entrevista Ditadura - TENÓRIO, 2005 Luís Roberto Tenório 2006 Tese Doutorado Estudo de caso Movimento estudantil, Universidade pública, Crise do capital, Movimentos estudantis, História Estudantes universitários, Atividades políticas UECE, Estudantes ARAÚJO, 2006 O movimento estudantil nos tempos de barbárie: o movimento estudantil da UECE em defesa da universidade pública 2006 Dissertação Memória Movimento estudantil, Ditadura militar, Presente de rememoração VICENTE, 2006 Retratos de goiás: memórias de ex-militantes estudantis goianos sobre a década de 1960 2006 Livro Juventude História do Brasil, Movimentos Sociais, Movimento Estudantil, Participação Política, Juventude. BENEVIDES, 2006 Na contramão do poder: juventude e movimento estudantil 2006 Tese Doutorado Contemporâneo Movimentos estudantis, Política, Identidade, Cultura, Juventude MESQUITA, 2006 Identidade, cultura e política: os movimentos estudantis na contemporaneidade 2006 Dissertação Juventude Ensino superior e Estado, movimento estudantil CARVALHO, 2006 A prática educativa do movimento estudantil universitário no contexto do neoliberalismo: o curso de ciências sociais da UFRJ 2007 Artigo Ditadura 1968, Movimento Operário, Movimento Estudantil, Ditadura Militar. ANTUNES & RIDENTE, 2007 Operários e estudantes contra a ditadura: 1968 no brasil
  • 49. 49 Ano de Publicação Tipo de Publicação Temática Palavras-chave Autores Título 2007 Dissertação Ditadura Movimento estudantil, História, Atuação política, Ditadura militar, Universidade pública SANTANA, 2007 Atuação política do movimento estudantil no brasil: 1964 a 1984 2007 Dissertação Formação Política Movimento estudantil, produções de subjetividades, capitalismo BARBOSA, 2007 Movimento estudantil e produções de subjetividades contemporâneas 2007 TCestágio Estudo de caso Movimento estudantil, Movimento Passe Livre, Poder nas organizações. SANTOS, 2007 As bases e fontes de poder no movimento passe livre de Florianópolis 2007 Livro UNE Movimento Estudantil, UNE, História, Estudantes - Brasil, Atividades políticas ARAÚJO, 2007 Memórias estudantis: da fundação da UNE aos nossos dias 2007 Livro Ditadura Ensino superior - Brasil, Universidade, História, estudantes DA CUNHA, 2007 A universidade reformanda: o golpe de 1964 e a modernização do ensino superior 2007 Monografia Mídia Nova História Cultural, Hipótese de Agenda Setting, Movimentos de contracultura, Movimentos Estudantis. PEREIRA, 2007 A mídia e os movimentos sociais em 1968: uma análise das representações da Veja 2007 Trabalho/ Evento Memória Movimento estudantil, Movimentos sociais, História da psicologia, Características do estudante. RIBEIRO, 2007 História do movimento estudantil na psicologia: leituras e reflexões acerca do ENEP (encontro nacional dos estudantes de psicologia) 2008 Trabalho/ Evento Ditadura Movimento Estudantil, Movimentos Sociais, Regime Militar. AUGUSTINHO, 2008 1968: um projeto de releitura da atuação de estudantes paulistas no movimento estudantil brasileiro 2008 Trabalho/ Evento Partidos Políticos Movimento estudantil, Ditadura militar, UNE. SANTOS, 2008 A influência e a atuação dos partidos políticos no movimento estudantil brasileiro e as semelhanças dos movimentos sociais latino-americanos
  • 50. 50 Ano de Publicação Tipo de Publicação Temática Palavras-chave Autores Título 2008 Trabalho/ Evento Ditadura Repressão, Movimento estudantil, Operação Marumbi, Ditadura militar. COSTA, 2008 A repressão no estado do Paraná durante o regime militar: o movimento estudantil e a Operação Marumbi 2008 Artigo Memória Historia, Movimento estudantil, Brasil. FREIRE, 2008 Movimento estudantil no Brasil: lutas passadas, desafios presentes 2008 Artigo Ditadura História, Movimento estudantil, 1968. BRANCO & JUNIOR, 2008 Entre a rinha e a arquibancada: a autoria imprecisa do movimento estudantil nos interstícios de 1968 2008 TCC Formação Política Movimento estudantil, Educação libertadora. FONSECA, 2008 O movimento estudantil como espaço dialógico de formação 2008 Trabalho/ Evento Ditadura Ditadura Militar, Movimento Estudantil e Educação. SCHMITT & FIUZA, 2008 A resistência estudantil à ditadura brasileira no Oeste do Paraná 2008 Tese Doutorado Ditadura - BRITO, 2008 O golpe de 1964, o movimento estudantil na ufba e a resistência à ditadura militar (1964- 1968) 2008 Livro Contemporâneo Ensino superior - Brasil, Universidades brasileiras, Movimentos estudantis, Participação Política - estudantes GROPPO, ZAIDAN & MACHADO, 2008 Movimentos juvenis na contemporaneidade 2008 Livro Ditadura 1968, Movimentos de protesto, Movimentos Estudantis, Civilização Moderna - 1950, Jovens - atividades políticas, Mudança social, História moderna - 1945-1989 SOTO & ZAPPA, 2008 1968, eles só queriam mudar o mundo 2008 Dissertação Estudo de caso Movimento estudantil, Memória, Ditadura. PORTUGAL, 2008 Estudantes em movimento (Fortaleza, 1969 – 1979) 2009 Artigo Contemporâneo Movimentos sociais. Estudantes. Ocupações. Protestos. Universidade. BRINGEL, 2009 O futuro anterior: continuidades e rupturas nos movimentos estudantis do Brasil
  • 51. 51 Ano de Publicação Tipo de Publicação Temática Palavras-chave Autores Título 2009 Trabalho/ Evento Memória Movimento estudantil, Memória, História VALE JR., 2009 Narrativas em movimento: disputas pela memória e história do movimento estudantil brasileiro 2009 Artigo Ditadura - MEIRA & RIBEIRO, 2009 O movimento estudantil e a reforma universitária na década de 1960: história e conflitos 2009 Artigo Gênero Mulher, Política, Participação política, Movimento estudantil. SANTOS, 2009 Lugar de mulher é na luta: considerações sobre a participação feminina no movimento estudantil 2009 Artigo Estudo de caso Movimento estudantil, Universidade. CAVALCANTI & MORAES, 2009 Movimento estudantil e universidade: apontamentos a partir da experiência da UFPB 2009 Artigo Ditadura Movimento estudantil, Reforma universitária, Ensino superior. DA CRUZ, 2009 Em tempos de reforma universitária: a contribuição da união estadual dos estudantes sergipanos (1961-1964) 2009 Dissertação Religião Movimento estudantil, Comunismo, Regime militar, Igreja católica DA SILVA, 2009 A união dos estudantes secundaristas de patos de minas (UEP/MG): militância e formação cidadã e político-partidária (1958-1971) 2009 Dissertação Religião Cristianismo, Protestantismo, Missão, Movimento estudantil, Cultura sociopolítica, Revolução, Renovação, Piedade, Responsabilidade. COPPE, 2009 A responsabilidade social e política dos cristãos: história e memória da união cristã de estudantes do brasil (UCEB) entre as décadas de 1920 e 1960. 2009 Artigo Ditadura Ditadura Militar, Movimento Estudantil, Foquismo, Maoísmo. SANTOS, 2009 A repressão ao movimento estudantil na ditadura militar. 2009 Dissertação Juventude Movimento Estudantil, Cultura, Práticas Culturais, UFRN, Participação política. MAIA, 2009 Juventude universitária nos anos 1980: as práticas culturais do movimento estudantil na UFRN
  • 52. 52 Ano de Publicação Tipo de Publicação Temática Palavras-chave Autores Título 2010 Tese Doutorado UNE Movimento estudantil, Resistência, Ditadura, Redemocratização, União Nacional dos Estudantes (UNE). MULLER, 2010 A resistência do movimento estudantil brasileiro contra o regime ditatorial e o retorno da UNE à cena pública (1969- 1979) 2010 Trabalho/ Evento Gênero Feminismo, Movimento Estudantil, Ditadura Militar. GARCIA, 2010 As mulheres no movimento estudantil dos anos 1960 2010 Artigo Ditadura Regime Militar, Movimento Estudantil, Repressão e Reforma universitária GONÇALVES, 2010 Repressão e luta: o movimento estudantil durante os anos de chumbo e utopia 2010 Trabalho/ Evento Ditadura - GARCIA, 2010 As meninas de ibiúna, militantes e oprimidas: mulheres e esquerda no congresso estudantil de 1968 2010 Trabalho/ Evento Ditadura - ANTUNES, 2010 A vontade geral contra a vontade do general: o movimento estudantil da UFMG na década de 1970 2010 Dissertação Estudo de caso História social, Cultura e cidade, Movimento estudantil, Montes Claros DE SOUZA, 2010 Os estudantes movimentam a cidade: trajetórias, lutas e memórias do movimento estudantil em Montes Claros/MG (1980/1989) 2010 Artigo UNE Movimento estudantil, Ditadura militar, Excedentes, Reforma universitária, Problemas brasileiros, Apatia. AZEVEDO, 2010 O papel da une no movimento estudantil na segunda metade do séc. XX 2010 Artigo Estudo de caso - ZALLA, 2010 “Utopia e paixão”: sociabilidades estudantis e militância política na constituição do centro acadêmico de história da ufrgs – CHIST (1984- 1987) 2011 Artigo UNE UNE. Reforma Universitária. Legalidade. UEE. Movimento estudantil TRINDADE, 2011 A legalidade e o movimento estudantil brasileiro
  • 53. 53 Ano de Publicação Tipo de Publicação Temática Palavras-chave Autores Título 2011 TCC Ditadura Análise do Discurso, Correio do Povo, Movimento estudantil, Ditadura Militar. PRIETTO, 2011 Entre rejeitados e separados: o movimento estudantil no correio do povo. Uma análise do discurso sobre os “problemas estudantis” no Rio Grande do Sul (1968 - 1969) 2011 Artigo Ditadura Movimento estudantil, Reforma Universitária, Práxis estudantil PINTO, 2011 A reforma universitária como política estudantil: a uee na luta universitária no rio grande do sul (1960-68) 2011 Trabalho/ Evento Ditadura - MULLER, 2011 “A história como arma”: a memória histórica como objeto da resistência estudantil contra a ditadura no final dos anos 1970 2011 Dissertação Ditadura Movimento estudantil, DOPS, Repressão e Violência. ZAPARTE, 2011 A dops e a repressão ao movimento estudantil em Curitiba – Paraná (1964- 1969) 2011 TCC Mídia Movimento Estudantil, União Blumenauense de Estudantes, Publicações em jornais estudantis. CORDEIRO, 2011 Uma análise dos jornais estudantis em Blumenau - 1955-1975 2011 Dissertação Estudo de caso Trabalho Precário, Movimento Estudantil, Participação Política. CARNEIRO, 2011 Juventude e movimento estudantil: o trabalho precário dos estudantes- bolsistas da UFES 2011 Dissertação UNE Une, Governo Lula, Partidos Políticos, Movimento Estudantil PAIVA, 2011 A UNE e os partidos políticos no governo lula (2003-2010) 2011 Trabalho/ Evento Partidos Políticos - LINS, 2011 Movimento estudantil e novas formas de atuação política: a relação com partidos políticos na era Lula.
  • 54. 54 Ano de Publicação Tipo de Publicação Temática Palavras-chave Autores Título 2011 Tese Doutorado Estudo de caso Movimento Estudantil,Tendências Estudantis, Redemocratização DELLA VECHIA, 2011 O ressurgimento do movimento estudantil universitário gaúcho no processo de redemocratização: as tendências estudantis e seu papel (1977/1985) 2012 Artigo UNE - BUCK, 2012 A UNE e a mobilização estudantil no estado novo