1) O documento é uma carta do Secretário de Estado do Vaticano enviada à presidente da Conferência Mundial dos Institutos Seculares sobre o Congresso que irá discutir o tema "A escuta de Deus nos sulcos da história: a secularidade fala a consagração".
2) A carta destaca a importância da temática do Congresso para a identidade dos consagrados seculares de viverem no mundo enquanto testemunham a fé.
3) O Papa pede que o Congresso se concentre em três áreas: a doação
1. OS INSTITUTOS SECULARES: A ESCUTA DE DEUS NOS SULCOS DA HISTÓRIA: A SECULARIDADE FALA A
CONSAGRAÇÃO
SECRETARIA DE ESTADO
Vaticano, 18 julho, 2012.
No 201.643
Caríssima Senhora,
EWA KUSZ
Presidente do Conselho Executivo
Conferencia Mundial dos Institutos Seculares
Piazza San Calisto, 16 –ROMA
É-me grato fazer chegar aos membros dos Institutos Seculares a presente Mensagem do Santo Padre, na
ocasião do Congresso que se celebra em Assis e que está sendo organizado pela Conferência Mundial dos
Institutos Seculares com a finalidade de tratar sobre o tema “A escuta de Deus nos sulcos da história: a
secularidade fala a consagração”.
Esta importante temática coloca o acento sobre a vossa identidade como consagrados que, vivendo no mundo
na liberdade interior e na plenitude do amor que derivam dos conselhos evangélicos os reconhece como
homens e mulheres capazes de um profundo olhar e do bom testemunho no interior da história. Nosso tempo
ascende à vida e a fé, interrogando profundamente, embora ao mesmo tempo manifeste o mistério da
nupcialidade de Deus. Na realidade o Verbo que se fez carne celebra as núpcias de Deus com a humanidade de
cada época. É o mistério de séculos em séculos escondido na mente do Criador do universo (Cfr. Ef. 3,9) e
manifestado na Encarnação, projetado para sua realização futura, pois entrelaçado hoje como força redentora
e unificadora.
Inserido no interior da humanidade a caminho e inspirados pelo Espírito podemos reconhecer os sinais
discretos e às vezes escondidos que revelam a presença de Deus. Somente a graça e a força da graça, que os
Dons do Espírito podem iluminar os caminhos constantemente modificados nos acontecimentos humanos na
orientação para a plenitude da vida em abundância. Um dinamismo que representa além da aparência o
verdadeiro sentido da história os desígnios de Deus. A vocação de vocês é de está no mundo assumindo todos
os cargos, os anseios, com um olhar humano que coincida sempre com o divino donde brota um compromisso
original, peculiar fundamentado sobre a consciência de que Deus escreve sua história de salvação no trama
dos acontecimentos de nossa história.
Neste sentido, a identidade de vocês afirma também um aspecto importante sua missão na Igreja: ajudá-la a
realizar seu ser no mundo, a luz das palavras do Concilio Vaticano II:
“Nenhuma ambição terrena empurra a Igreja; ela somente busca isto: continuar, abaixo da luz do Espírito
consolador a mesma obra de Cristo, que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, salvar, não
condenar, servir, não ser servido (Const. Gaudium et Spes, 3). A teologia da história é parte essencial da nova
evangelização, porque os homens de nosso tempo têm necessidade de reencontrar um olhar global sobre o
mundo e sobre o tempo, um olhar verdadeiramente livre e pacifico (Cfr. Bento XVI, Homilia na Santa Missa
para a nova evangelização, 16 de outubro, 2011). O mesmo Concilio nos recorda que a relação entre a Igreja
e o mundo há de ser vivido como sinal da reciprocidade, evidente que não é só da Igreja a doação ao mundo,
contribuindo para fazer mais humana a família e os homens com suas histórias, também o mundo deve se
2. doar a Igreja, de maneira tal que ela possa compreendê-la melhor e viver melhor sua missão, (Cfr. Gaudium et
Spes, 40-45).
Os trabalhos que vocês se dispõem a desenvolver se conserve logo no especifico da consagração secular, na
busca de como a secularidade fala a consagração, de como em suas vidas os traços característicos de Jesus,
pobre, casto e obediente adquire uma típica e permanente “visibilidade” no meio do mundo (Cfr. Exorta. Ap.
Vita Consecrata, 01). Sua santidade deseja assinalar três âmbitos sobre os quais haverão de concentrar a
atenção.
1. Em primeiro lugar, a doação de suas vidas como resposta a um encontro pessoal e vital com o
amor de Deus. Vocês descobriram que Deus é o todo para si mesmo, decidiram dar todo a Deus, fazendo-o de
maneira particular: permanecendo leigos entre os leigos, presbíteros entre presbíteros. Isto exige particular
vigilância porque seus estilos de vida manifestam a riqueza, a beleza e a radicalidade dos conselhos
evangélicos.
2. Em segundo lugar, a vida espiritual. Ponto firme e irrenunciável, referência segura para nutrir aquele
desejo de fazer-se unidade em Cristo que é força da existência total de todo cristão, mas ainda, de quem
respondeu a um chamado radical o dom do sim. Medida da profundidade da vida espiritual de vocês não são
as muitas atividades que exigem seus esforços, mas sim a capacidade da busca de Deus no coração, mesmo
em cada acontecimento e de reconduzir para Cristo. É o “reunir” em Cristo todas as coisas como fala São Paulo
(Cfr. Ef. 1,10). Somente em Cristo, Senhor da história, toda a história e todas as histórias encontram sentido e
unidade.
Em oração como na escuta da Palavra de Deus se alimenta este anseio. Na celebração Eucarística vocês
encontram a razão de fazer-se pão de Amor partido para os homens. Na contemplação, no olhar de fé
iluminado pela graça, se enraíza o compromisso de compartilhar com cada homem e com cada mulher as
inquietações profundas que os habitam para construir esperança e confiança.
3. Em terceiro lugar, a formação, que não negligencia nenhuma idade estabelecida, porque o que se trata de
viver a própria vida em plenitude educa-se na sapiência sempre consciente da criatura humana e da grandeza
do Criador. Busquem conteúdos e modalidades de uma formação que lhes faça, leigos e presbíteros capazes
de desejar-se interrogar pelas complexidades que atravessa o mundo de hoje, de permanecerem abertas as
inquietações provenientes das relações com os irmãos que encontram em seus caminhos, de comprometer-se
em discernimento da história e da luz da Palavra de Vida. Sejam disponíveis a construir com todos os que
buscam a verdade projetos de bem comum, sem soluções preconcebidas e sem medo às perguntas que são
sem respostas, e sempre prestes a colocar em risco a própria vida, com a certeza que o grão de trigo quando
cai na terra, dá muito fruto (Cfr. Jo. 12,24). Sejam criativos, porque o Espírito constrói novidades; alimente
olhares capazes de futuro e raízes sólidas em Cristo Senhor para poder comunicar também ao nosso tempo
a experiência de amor que está na base da vida de todo homem. Estreitem caritativamente as feridas do
mundo e da Igreja. Acima de tudo, viva uma vida coerente e plena, acolhedora e capaz de perdoar, por está
fundada em Cristo Jesus, Palavra definitiva do Amor de Deus pelo homem.
Entretanto o sumo Pontífice lhe faz chegar estas reflexões assegurando para o Congresso e Assembléia uma
especial recordação na oração, invocando a intercessão da Bem Aventurada Virgem Maria que viveu no
mundo a perfeita consagração a Deus em Cristo. De todo coração ele envia a vocês e a todos os participantes
as Bênçãos Apostólicas.
Também me uno pessoalmente com meus melhores desejos e aproveito esta circunstância para chegar a
vocês com sentimentos de grande estima.