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O caso Fertagus:
uma PPP para serviço
ferroviário de
transporte suburbano
Seminário PPP do CONSEPLAN
27 de fevereiro de 2013
São Paulo

Rui Monteiro
(World Bank Institute)
Serviço ferroviário Fertagus



Atualmente, na
Europa, é o
único serviço
ferroviário de
transporte
suburbano de
passageiros,
que é explorado
por uma
empresa privada
sem qualquer
contrapartida
pública


                                  2
Serviço ferroviário Fertagus




                               3
Serviço ferroviário Fertagus




                               4
Serviço ferroviário Fertagus




                               5
6
Características
 do trecho ferroviário
• São 54 km de linha eletrificada (incluindo travessia da
  ponte sobre o Tejo debaixo do tabuleiro rodoviário)
• Trecho novo construído pela empresa pública de
  infraestruturas ferroviárias (REFER), depois de ter
  ficado deserta uma licitação para concessão integral
• Única linha ferroviária a cruzar o Tejo em Lisboa
• Cada dia, 157 trens atravessam a ponte em Lisboa
• Linha gerida pela REFER
• Tem 14 estações, algumas delas operadas pela
  concessionária, outras pela REFER
• Trecho utilizado por diversos serviços de
  outro operador (a CP, empresa pública)
• PMO próprio da concessionária

                                                            7
8
Características
dos trens e serviço
• 18 unidades quádruplas elétricas, double-deckers,
  de 25 quilovolts e 50 Hertz, que podem alcançar
  uma velocidade máxima de 140 quilometros por
  hora; dispõem de um esforço de tração de 306
  quilonewtons, e potência de 3475 quilonewtons
• Tarifário definido pela concessionária, mas
  regulado por uma Base Tarifária Média,
  em € por passageiro x km
• Bilhetes combinados (com outros serviços de
  transporte [Metrô, CP, ou rodoviários], ou com
  estacionamento junto à estação)
• Títulos de transporte conjuntos


                                                      9
Características
do contrato
• Acionista líder da concessionária era empresa de
  transporte rodoviário de passageiros, com vasta
  experiência
• Concessionária define serviços, cobra ao usuário
  (limitada pela Base Tarifária Média)
• Explora áreas de estacionamento, serviços
  rodoviários, zonas comerciais, publicidade
• Risco de demanda alocado à concessionária,
  mas limitado a uma banda de tráfego
• Concessionária paga taxa de infraestrutura
• 30 anos, renováveis por mais 15 anos
• Possibilidade de extensão do serviço até Setúbal

                                                     10
Cronologia (travessia
 ferroviária do Tejo em Lisboa)

1889 primeira proposta de PPP ferroviária
1966 inaugurada ponte em Lisboa
      5ª maior ponte suspensa do Mundo; maior fora dos EUA

1997 assinatura do contrato de concessão Fertagus
1999 conclusão das obras na ponte (com linha ferrov.)
1999 começo da operação do serviço Fertagus
2004 renegociação do contrato Fertagus
2011 prorrogação do contrato Fertagus


                                                             11
Eficácia na prestação de
    serviço público
•   Serviço pontual
•   Serviço confiável
•   Trens muito limpos
•   Muito baixa taxa de sinistros
•   Boa apreciação da qualidade, na
    pesquisa com usuários

Contudo:
serviço considerado caro pelos usuários



                                          12
Eficiência no uso de
recursos econômicos
• Muito elevada produtividade dos recursos
  humanos
  – Recusa do contrato coletivo
  – Formação mais simples que a de motoristas
    rodoviários
• Muito elevada produtividade do material
  rodante
  – Manutenção própria
  – Certificação da concessionária
• Conceito de “base tarifária média”
• Rede rodoviária alimentadora de estações


                                                13
Insustentabilidade de
longo prazo

• Nos anos iniciais, tráfego efetivo igual a 1/3
  do tráfego previsto no caso-base
• Mas elevado tráfego na hora de ponta
• Contrato deveria manter-se por 30 anos
  (com possibilidade de extensão por mais 15)
• A (demasiado) elevada TIR do caso-base do
  contrato traduzia-se em prejuízos efetivos;
  mas os recursos financeiros adicionais
  (suprimentos) deveriam ser remunerados
  a 17.5%


                                                   14
Outros aspectos negativos


• Infraestruturas ferroviárias (construídas pela
  REFER) sem qualquer problema, mas outras
  infraestruturas mal concebidas:
   – Estações mal concebidas, com zonas comerciais mal
     localizadas  concessionária tentou re-arranjar
   – Escritórios da concessionária construídos em zona erma
      concessionária fechou edifício e construiu um outro
   – PMO sobre-dimensionado




                                                              15
2002: a concessionária
pede apoio ao governo

• Em caso de tráfego efetivo abaixo dos 50 por
  cento do valor de referência, o contrato previa
  intervenção do governo, com três possibilidades:
  – compensação pelo tráfego inexistente
  – cessação do contrato e compra de ativos pelo governo
  – renegociação
• Governo:
  – recusa criar subsidiodependência
  – verifica que venda de ativos é mau negócio
    para a concessionária
  – propõe renegociação, anunciando que a alternativa
    é a cessação do contrato com compra de ativos

                                                           16
Razões para o
desequilíbrio da concessão

• O governo português, ao lançar a concessão,
  anunciou uma projeção de tráfego que
  correspondia exatamente ao volume de
  demanda que permitiria à concessionária cobrir
  o custo do projeto, sem contrapartida pública
• A concessionária aceitou assinar o contrato
  devido à existência de uma cláusula que a
  protegia em caso de forte escassez de tráfego
• Ex-post, a concessionária alegou que
  sempre considerou muito otimista o cenário
  de tráfego de referência, mas não objetou,
  dado estar contratualmente protegida
                                                   17
Por que manter a
concessão?

• A Fertagus demonstrava a possibilidade de
  explorar serviço ferroviário a baixo custo, com
  elevada produtividade dos fatores
• Re-equilibrar a concessão permitiria demonstrar
  sustentabilidade e abrir caminho a outros
  projetos similares
• O quase-monopólio da CP exigia a criação de
  pressão competitiva e de “um fator
  catalítico de mudanças operacionais”
• As perspectivas de sucesso na
  renegociação estavam acima do habitual

                                                    18
Uma renegociação em
condições não usuais
• Para a concessionária, a melhor alternativa à
  renegociação (BATNA, best alternative to non
  agreement) tinha baixo valor; e ela necessitava
  da concessão, pois uma operadora internacional
  estava preparando entrada no capital
• O governo soube organizar-se para a
  renegociação:
  – Equipe técnica especializada (Unidade de PPPs do MF)
  – Dirigida por um elemento com “costas largas” (um
    anterior Ministro das Obras Públicas com ampla
    experiência técnica, inclusive como gestor da CP)
  – Assessorada por consultores externos
    adequadamente contratados
    (qualidade da consultoria depende da qualidade do cliente)
                                                                 19
Desafio colocado à
concessionária

• Seria possível expandir o serviço até Setúbal
  sem adquirir novos trens? (Que medidas seriam
  necessárias para tornar isso viável?) Seria o
  consequente aumento da bacia de demanda
  suficiente para re-equilibrar a concessão e obter
  sustentabilidade de longo-prazo?
Resposta da concessionária:
• É possível, sim
• Concessionária está disposta a tentar
  obter essa sustentabilidade


                                                      20
Principais dificuldades vieram
dos técnicos do setor público (1)

Falsos argumentos de engenharia:
• “Necessidade” de aquisição de trens adicionais
   – vs. inovação no perfil dos serviços
• “Impossibilidade” de utilizar trens da CP
   – a quase-mentira (sistema de som incompatível)
• “Impossibilidade” de reversão em Pinhal Novo
   – dificuldade em corrigir mau layout da estação




                                                     21
Principais dificuldades vieram
dos técnicos do setor público (2)

Maus argumentos da autoridade ferroviária:
• “Impossibilidade” de reversão em Areeiro
  – Ou: como utilizar as regras de promoção da
    concorrência para destruir a concorrência
• “Necessidade” de manter níveis de desempenho
  – vs. flexibilização no troço “congestionado”
• Requisitos de segurança “assimétricos”
  – Ou: como exigir do operador privado o que não se
    exige do operador público




                                                       22
Estratégia para a
renegociação
• Concessionária convidada a estudar a eliminação
  dos bloqueios técnicos e administrativos para
  extensão do serviço a Setúbal e sua otimização
• Dirigidos pelos técnicos da Unidade de PPPs, os
  consultores prepararam estudo de demanda,
  novo contrato e seu modelo financeiro
• Governo aceita leasing para trens e subsídio
  temporário, mas exige partilha de receitas
• Gradual convergência negocial
• Fecho da negociação centrado na TIR:
  governo oferece TIR média ferroviária no
  UK, concessionária acaba por aceitar
                                                    23
Resultado

• Serviço extendido a Setúbal
• Contrato reduzido a 7 anos (mais 9 anos)
• Governo paga subsídio por serviço noturno
• Concessionária partilha receita caso demanda
  cresça significativamente
• Trens passam para sociedade autônoma, mas
  sob manutenção da própria concessionária




                                                 24
Fertagus e Tribunal de Contas


“O Tribunal avaliou os resultados alcançados
com este novo contrato de concessão e
assinalou uma evolução positiva do papel
desempenhado pelo negociador Estado, em
matéria de defesa dos seus interesses
financeiros. Destacou-se nesta acção, a
obtenção de um modelo de concessão mais
equilibrado, mais transparente e mais
consentâneo com os contratos celebrados na
União Europeia para o sector ferroviário.”



                                               25
Situação pós-renegociação


• A concessão funcionou durante 7 anos com
  subsídio, gradualmente compensado pelo
  crescimento da demanda (hoje 85 mil
  deslocamentos diários) e consequente partilha de
  receitas
• Concessionária conseguiu credenciamento como
  entidade responsável pela manutenção dos trens
• Em 2011, no final desses 7 anos, a concessionária
  aceitou a prorrogação do contrato por mais 9
  anos, assumindo risco de demanda,
  sem qualquer subsídio
• Concessionária paga infraestrutura e trens

                                                      26
Qualidade do serviço


O Índice Global de Satisfação dos clientes da
Fertagus atinge 4,5 numa escala de 1 a 5
  • 31% dos clientes consideram hoje que têm mais
    tempo livre
  • 40% têm menos stress na viagem
  • 36% dizem ter maior flexibilidade

Cerca de 25% dos clientes que hoje viajam no
comboio, utilizavam no passado o automóvel
na travessia (ponte tem 150 mil viaturas/dia)


                                                    27
Obrigado pela
 vossa atenção


Rui Sousa Monteiro
senior public-private partnerships specialist
World Bank Institute
1818 H Street, N.W.
Washington, D.C. 20433, USA
tel: +1-202-473-9450
e-mail: RMonteiro@WorldBank.org

                                                28

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PPP Ferroviária Fertagus: Uma Renegociação de Sucesso

  • 1. O caso Fertagus: uma PPP para serviço ferroviário de transporte suburbano Seminário PPP do CONSEPLAN 27 de fevereiro de 2013 São Paulo Rui Monteiro (World Bank Institute)
  • 2. Serviço ferroviário Fertagus Atualmente, na Europa, é o único serviço ferroviário de transporte suburbano de passageiros, que é explorado por uma empresa privada sem qualquer contrapartida pública 2
  • 6. 6
  • 7. Características do trecho ferroviário • São 54 km de linha eletrificada (incluindo travessia da ponte sobre o Tejo debaixo do tabuleiro rodoviário) • Trecho novo construído pela empresa pública de infraestruturas ferroviárias (REFER), depois de ter ficado deserta uma licitação para concessão integral • Única linha ferroviária a cruzar o Tejo em Lisboa • Cada dia, 157 trens atravessam a ponte em Lisboa • Linha gerida pela REFER • Tem 14 estações, algumas delas operadas pela concessionária, outras pela REFER • Trecho utilizado por diversos serviços de outro operador (a CP, empresa pública) • PMO próprio da concessionária 7
  • 8. 8
  • 9. Características dos trens e serviço • 18 unidades quádruplas elétricas, double-deckers, de 25 quilovolts e 50 Hertz, que podem alcançar uma velocidade máxima de 140 quilometros por hora; dispõem de um esforço de tração de 306 quilonewtons, e potência de 3475 quilonewtons • Tarifário definido pela concessionária, mas regulado por uma Base Tarifária Média, em € por passageiro x km • Bilhetes combinados (com outros serviços de transporte [Metrô, CP, ou rodoviários], ou com estacionamento junto à estação) • Títulos de transporte conjuntos 9
  • 10. Características do contrato • Acionista líder da concessionária era empresa de transporte rodoviário de passageiros, com vasta experiência • Concessionária define serviços, cobra ao usuário (limitada pela Base Tarifária Média) • Explora áreas de estacionamento, serviços rodoviários, zonas comerciais, publicidade • Risco de demanda alocado à concessionária, mas limitado a uma banda de tráfego • Concessionária paga taxa de infraestrutura • 30 anos, renováveis por mais 15 anos • Possibilidade de extensão do serviço até Setúbal 10
  • 11. Cronologia (travessia ferroviária do Tejo em Lisboa) 1889 primeira proposta de PPP ferroviária 1966 inaugurada ponte em Lisboa 5ª maior ponte suspensa do Mundo; maior fora dos EUA 1997 assinatura do contrato de concessão Fertagus 1999 conclusão das obras na ponte (com linha ferrov.) 1999 começo da operação do serviço Fertagus 2004 renegociação do contrato Fertagus 2011 prorrogação do contrato Fertagus 11
  • 12. Eficácia na prestação de serviço público • Serviço pontual • Serviço confiável • Trens muito limpos • Muito baixa taxa de sinistros • Boa apreciação da qualidade, na pesquisa com usuários Contudo: serviço considerado caro pelos usuários 12
  • 13. Eficiência no uso de recursos econômicos • Muito elevada produtividade dos recursos humanos – Recusa do contrato coletivo – Formação mais simples que a de motoristas rodoviários • Muito elevada produtividade do material rodante – Manutenção própria – Certificação da concessionária • Conceito de “base tarifária média” • Rede rodoviária alimentadora de estações 13
  • 14. Insustentabilidade de longo prazo • Nos anos iniciais, tráfego efetivo igual a 1/3 do tráfego previsto no caso-base • Mas elevado tráfego na hora de ponta • Contrato deveria manter-se por 30 anos (com possibilidade de extensão por mais 15) • A (demasiado) elevada TIR do caso-base do contrato traduzia-se em prejuízos efetivos; mas os recursos financeiros adicionais (suprimentos) deveriam ser remunerados a 17.5% 14
  • 15. Outros aspectos negativos • Infraestruturas ferroviárias (construídas pela REFER) sem qualquer problema, mas outras infraestruturas mal concebidas: – Estações mal concebidas, com zonas comerciais mal localizadas  concessionária tentou re-arranjar – Escritórios da concessionária construídos em zona erma  concessionária fechou edifício e construiu um outro – PMO sobre-dimensionado 15
  • 16. 2002: a concessionária pede apoio ao governo • Em caso de tráfego efetivo abaixo dos 50 por cento do valor de referência, o contrato previa intervenção do governo, com três possibilidades: – compensação pelo tráfego inexistente – cessação do contrato e compra de ativos pelo governo – renegociação • Governo: – recusa criar subsidiodependência – verifica que venda de ativos é mau negócio para a concessionária – propõe renegociação, anunciando que a alternativa é a cessação do contrato com compra de ativos 16
  • 17. Razões para o desequilíbrio da concessão • O governo português, ao lançar a concessão, anunciou uma projeção de tráfego que correspondia exatamente ao volume de demanda que permitiria à concessionária cobrir o custo do projeto, sem contrapartida pública • A concessionária aceitou assinar o contrato devido à existência de uma cláusula que a protegia em caso de forte escassez de tráfego • Ex-post, a concessionária alegou que sempre considerou muito otimista o cenário de tráfego de referência, mas não objetou, dado estar contratualmente protegida 17
  • 18. Por que manter a concessão? • A Fertagus demonstrava a possibilidade de explorar serviço ferroviário a baixo custo, com elevada produtividade dos fatores • Re-equilibrar a concessão permitiria demonstrar sustentabilidade e abrir caminho a outros projetos similares • O quase-monopólio da CP exigia a criação de pressão competitiva e de “um fator catalítico de mudanças operacionais” • As perspectivas de sucesso na renegociação estavam acima do habitual 18
  • 19. Uma renegociação em condições não usuais • Para a concessionária, a melhor alternativa à renegociação (BATNA, best alternative to non agreement) tinha baixo valor; e ela necessitava da concessão, pois uma operadora internacional estava preparando entrada no capital • O governo soube organizar-se para a renegociação: – Equipe técnica especializada (Unidade de PPPs do MF) – Dirigida por um elemento com “costas largas” (um anterior Ministro das Obras Públicas com ampla experiência técnica, inclusive como gestor da CP) – Assessorada por consultores externos adequadamente contratados (qualidade da consultoria depende da qualidade do cliente) 19
  • 20. Desafio colocado à concessionária • Seria possível expandir o serviço até Setúbal sem adquirir novos trens? (Que medidas seriam necessárias para tornar isso viável?) Seria o consequente aumento da bacia de demanda suficiente para re-equilibrar a concessão e obter sustentabilidade de longo-prazo? Resposta da concessionária: • É possível, sim • Concessionária está disposta a tentar obter essa sustentabilidade 20
  • 21. Principais dificuldades vieram dos técnicos do setor público (1) Falsos argumentos de engenharia: • “Necessidade” de aquisição de trens adicionais – vs. inovação no perfil dos serviços • “Impossibilidade” de utilizar trens da CP – a quase-mentira (sistema de som incompatível) • “Impossibilidade” de reversão em Pinhal Novo – dificuldade em corrigir mau layout da estação 21
  • 22. Principais dificuldades vieram dos técnicos do setor público (2) Maus argumentos da autoridade ferroviária: • “Impossibilidade” de reversão em Areeiro – Ou: como utilizar as regras de promoção da concorrência para destruir a concorrência • “Necessidade” de manter níveis de desempenho – vs. flexibilização no troço “congestionado” • Requisitos de segurança “assimétricos” – Ou: como exigir do operador privado o que não se exige do operador público 22
  • 23. Estratégia para a renegociação • Concessionária convidada a estudar a eliminação dos bloqueios técnicos e administrativos para extensão do serviço a Setúbal e sua otimização • Dirigidos pelos técnicos da Unidade de PPPs, os consultores prepararam estudo de demanda, novo contrato e seu modelo financeiro • Governo aceita leasing para trens e subsídio temporário, mas exige partilha de receitas • Gradual convergência negocial • Fecho da negociação centrado na TIR: governo oferece TIR média ferroviária no UK, concessionária acaba por aceitar 23
  • 24. Resultado • Serviço extendido a Setúbal • Contrato reduzido a 7 anos (mais 9 anos) • Governo paga subsídio por serviço noturno • Concessionária partilha receita caso demanda cresça significativamente • Trens passam para sociedade autônoma, mas sob manutenção da própria concessionária 24
  • 25. Fertagus e Tribunal de Contas “O Tribunal avaliou os resultados alcançados com este novo contrato de concessão e assinalou uma evolução positiva do papel desempenhado pelo negociador Estado, em matéria de defesa dos seus interesses financeiros. Destacou-se nesta acção, a obtenção de um modelo de concessão mais equilibrado, mais transparente e mais consentâneo com os contratos celebrados na União Europeia para o sector ferroviário.” 25
  • 26. Situação pós-renegociação • A concessão funcionou durante 7 anos com subsídio, gradualmente compensado pelo crescimento da demanda (hoje 85 mil deslocamentos diários) e consequente partilha de receitas • Concessionária conseguiu credenciamento como entidade responsável pela manutenção dos trens • Em 2011, no final desses 7 anos, a concessionária aceitou a prorrogação do contrato por mais 9 anos, assumindo risco de demanda, sem qualquer subsídio • Concessionária paga infraestrutura e trens 26
  • 27. Qualidade do serviço O Índice Global de Satisfação dos clientes da Fertagus atinge 4,5 numa escala de 1 a 5 • 31% dos clientes consideram hoje que têm mais tempo livre • 40% têm menos stress na viagem • 36% dizem ter maior flexibilidade Cerca de 25% dos clientes que hoje viajam no comboio, utilizavam no passado o automóvel na travessia (ponte tem 150 mil viaturas/dia) 27
  • 28. Obrigado pela vossa atenção Rui Sousa Monteiro senior public-private partnerships specialist World Bank Institute 1818 H Street, N.W. Washington, D.C. 20433, USA tel: +1-202-473-9450 e-mail: RMonteiro@WorldBank.org 28