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Publicação mensal | Edição 99 Ano XII JUN | 2014
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Começa a corrida rumo ao
BuritiOs partidos já definiram em convenções os nomes de seus candidatos ao
Buriti, e agora começam a maratona de campanha em busca de votos.
Leia na página 20
Chico 70
anos, ainda o
melhor. Pág. 31
Arruda
Agnelo Rollemberg Pitman Toninho
Brasília,
show
de bola
também na
Copa.
Página 13
MÁRCIA ZARUR
Anuncie conoscoLigue (BSB) 61 8170 3702 / (RIO) 02121 7854 4428 ou acesse www.revistaentrelagos.com.br
A Revista Entre Lagos possui 10 anos de tradição. É distribuída gratuitamente em pontos comerciais e órgãos públicos.
Diretor Responsável:
José Natal
Diretora Comercial:
Carla Alessandra dos S. Ferreira
Edição:
Kátia Maia
Projeto gráfico e diagramação:
Evaldo Gomes de Abreu
Impressão:
Gráfica e Editora Ideal
Colaboradores:
Alexandre Garcia, Luís Natal,
Ricardo Noblat, José Fonseca,
Sheila D´Amorim, Wilson Ibiapina,
Milton Seligman, MônicaWaldvolgel,
Mayrluce Vilella, Paulo Pestana,
Silvestre Gorgulho, Heraldo Pereira,
Gilnei Rampazzo, Fernando Guedes,
Christiane Samarco, Greicy Pessoa,
Luzinete Marques, Carlos Campbel,
Fernando Isoppo e Silvia Caetano.
Chris Nascimento/SÃO PAULO
fabiana fernandes/curitiba
ENTRE LAGOS/RIO
Editora: Dayse Nascimento (02121 7854 4428)
Colaboradores: Carlos Sampaio, Cássia
Olival, Ronsangela Alvarenga, Paulo César
Feital, Daisy Nascimento e Luis Augusto Gollo.
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E x p e d i e n t e
Rio Grande Comunicação S/S Ltda
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Nº 10 - Sala 218 - Brasília - DF.
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André Gustavo
Jornalista
A FOTO DO FATO
TRISTEZA NÃO TEM FIM...
Relógio ao contrário
A
lgumas verdades precisam ser ditas.
Nos dias de hoje a mais relevante de-
las é que a Copa do Mundo do Brasil
é um sucesso. A improvisação nacional
marcou um golaço. Conseguiu construir
estádios em tempo absolutamente incrível,contornar
problemas e entregar o que foi prometido. Alguns fi-
caram prontos na véspera do início do torneio,dentro
do jeitinho nacional. Mas as confusões são pequenas
para um evento com essas proporções.Visto no mun-
do inteiro e, particularmente nos Estados Unidos, o
evento bate recordes de audiência na televisão.
Ninguém esperava resultado tão bom.Os manifestan-
tes resolveram assistir os jogos ao invés de protes-
tar. As manifestações tornaram-se ridiculamente pe-
quenas e o pessoal se jogou com vontade na religião
nacional, que é o futebol. Além das surpresas que o
esporte proporciona – a classificação inesperada de
azarões – os aeroportos funcionaram normalmente e
o sistema de transportes aguentou a sobrecarga. En-
fim, até agora o show transcorreu com normalidade
insuspeitada.Naturalmente,escrevo antes do jogo do
Brasil. Depois dele não sei o que pode acontecer.
Minuto de silêncio
Mas a outra verdade é que a presidente Dilma Rous-
seff não comparece aos jogos. As manifestações que
cessaram nas ruas reaparecem quando ela entra em
algum estádio. É uma pena que a chefe de governo
não tenha feito companhia aos muitos chefes de es-
tado que aproveitaram a Copa do Mundo para vir ao
Brasil.No jogo final está prevista a presença de vários
chefes de Estado,entre elesVladimir Putin,o todo po-
deroso, da Rússia. É preciso coragem para sentar na
tribuna de honra do Maracanã e se expor ao público.
Lá, como dizia Nelson Rodrigues, o
torcedor vaia até minuto de silên-
cio. Mas, agora, ela afirma que vai.
A tensão proporcionada pelos jo-
gos da Copa do Mundo tirou das
primeiras páginas dos jornais as
negociações que estão ocorrendo
no mundo da política. No Rio de Janeiro ocorreu um
festival de traições e ameaças. O senador Lindbergh
Farias, do PT, decidiu concorrer ao governo estadual,
contrariando o que havia sido acordado entre o ex-
governador Sérgio Cabral e o ex-presidente Lula.
Esse fato detonou uma série de acomodações e até o
ex-prefeito César Maia transformou-se em candidato
a Senador na chapa da situação. O prefeito da cidade
Eduardo Paes manteve sua opção preferencial pela
candidatura Dilma Rousseff. Seus antigos correligio-
nários passaram para o lado de Aécio Neves, no voto
chamado de Aezão.
O PTB em bloco abandonou o governo Dilma Rous-
seff e abraçou a candidatura do mineiro, que preten-
de colocar uma boa frente em votos no Rio, em São
Paulo e Minas. A convenção do PP terminou na justi-
ça. Manobras em cima de manobras fizeram com que
a convenção, em voto secretíssimo – ninguém sabe
quem votou em quem – decidiu apoiar a presidente
Dilma Rousseff. A questão está no Tribunal Superior
Eleitoral. A senadora Ana Amélia quer anular a con-
venção. E o PR ameaçou abandonar a base se não lhe
fosse entregue o Ministério dos Transportes. A presi-
dente resistiu até o limite, mas cedeu. César Borges
perdeu o Ministério e foi realocado na Secretaria de
Portos. O antigo ministro, Paulo Sérgio Passos, retor-
nou à sua função anterior.
2 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 3
Ameaças
São movimentos nervosos, de baixa visibilidade,
com objetivo apenas de conceder maior tempo
de televisão no programa eleitoral chamado de
gratuito. Mas os movimentos de cúpula não segu-
ram as bases. Lá na ponta o prefeito e seus cabos
eleitorais fazem o jogo deles, que nem sempre
coincide com o objetivo do Palácio do Planalto.
Por essa razão,dentro do governo existem órgãos
específicos que procuram saber quem são os dis-
sidentes e chamá-los para uma conversa amena.
Bem amena.Promessas de um lado e ameaças de
outro.Daqui a dois anos haverá eleição municipal
em todo o país.
Se as pesquisas de opinião estiverem razoavel-
mente perto da verdade, haverá segundo turno
nas eleições de outubro. Neste caso, a situação
será radicalmente modificada. O tempo de televi-
são é igual para os dois candidatos.Não importa o
tamanho da aliança de cada um deles. Mais acor-
dos estranhos e inesperados irão acontecer.A luta
pelo poder justifica essas ações,que não guardam
nenhuma semelhança com a melhor prática políti-
ca,nem obedecem a qualquer ideologia.
Os argentinos, além de invadirem o Brasil por
causa do futebol, estão proporcionando grandes
emoções no mercado financeiro internacional.
Eles pagaram um bilhão de dólares a seus credo-
res que admitiram a renegociação de seus títulos.
Mas os que não aceitaram os termos de reestrutu-
ração da dívida estão de olho no dinheiro. Já en-
traram na Justiça norte-americana para bloquear
o pagamento. Eles querem a parte deles. Essa
confusão pode balançar o mercado financeiro in-
ternacional. O Brasil sofrerá consequências por-
que o investidor coloca os dois países dentro do
balaio América do Sul. E as exportações para o
país vizinho vão cair ainda mais.
Deve ser por causa disso que o Banco Central es-
tima que o crescimento do produto interno bruto
fique em 1,6% (o mercado prevê 1,1%) e a infla-
ção chegue a 6,4% neste ano. Não são números
bons. Ao contrário, alimentam o desânimo e o
mau humor nacional. Junto a essa aparente des-
coordenação nacional as manobras para sacar
sobre o caixa da Petrobras para cumprir o supe-
rávit primário trazem mais reações negativas. Só
falta adotar aqui o sistema boliviano de contar
horas.Lá os relógios andam ao contrário.Ou seja,
caminham para trás em busca de algum sonho
perdido no Andes. É o mergulho no passado.
H
á alguns anos intensificou-se o amplo
debate acerca do impacto da ação hu-
mana sobre os recursos naturais – e,nes-
se processo, teve início o debate sobre
as responsabilidades individuais, cor-
porativas e coletivas. A obsolescência de produtos, a
aquisição de alimentos orgânicos e a adequação de
processos de produção que privilegiem a economia
de água e energia elétrica passaram a ser uma preo-
cupação de cidadãos de diferentes vertentes, que se
converteram emeco-friendly. Nesse contexto, o con-
ceito de consumo consciente surgiu em forma de um
movimento que tem impelido o indivíduo a adotar
práticas para minimizar o impacto ambiental do con-
sumo. Pesquisa exclusiva da Shopper Experience –
realizada em parceria com a revista Consumidor Mo-
derno – mostra o quanto a tendência está presente na
vida do consumidor brasileiro. 
A pesquisa Consumo Consciente – que conta com
1.520 entrevistas, homens e mulheres, das classes A,
B e C,de 21 anos a 65 anos,residentes nas cidades de
São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Curitiba – aponta
que 63,55% dos consumidores brasileiros acreditam
Pesquisa aponta que 63,55%
dos brasileiros acreditam que o“consumo
consciente” é sua responsabilidade
Estudo exclusivo conduzido
pela Shopper Experience
em parceria com a revista
Consumidor Moderno
revela que 63,55% dos
entrevistados acreditam
que a responsabilidade
por práticas associadas ao
consumo consciente é do
próprio consumidor; 57,17%
apontam os governos como
principais responsáveis.
A pesquisa conta, ainda, com
um ranking das marcas que
estão mais associadas ao
consumo consciente – seja
pelo processo de produção,
seja pela condução dos
negócios e relacionamento
com os clientes. Nestlé, Coca-
Cola,Ypê, Natura, Electrolux,
Samsung, Fiat,Walmart (em
duas categorias), Hering,
Pão de Açúcar, Ultrafarma,
McDonald’s, Leroy Merlin,
Mercado Livre e TAM
lideram o ranking.
que o próprio consumidor é responsável por atitudes
responsáveis com relação ao consumo. Na segunda
posição do ranking, aparece o governo (57,17%), se-
guido por empresas brasileiras (45,99%); empresas
multinacionais (45,33%);organizações internacionais
(36,51%); ONGs (36,18%); países ricos (32,04%); e
países pobres (28,09%).
A pesquisa traz um ranking com as empresas que
mais representam o Consumo Consciente nas cate-
gorias alimentos, refrigerantes, limpeza para casa,
higiene pessoal e perfumaria, eletrodomésticos, ele-
trônicos, carros nacionais, varejo eletro, varejo moda,
supermercados, hipermercados, farmácia, fast food,
varejo materiais de construção, loja virtual e compa-
nhias aéreas.
Segundo Stella Kochen
Susskind, presidente da
Shopper Experience e
coordenadora da pes-
quisa, a crise econômica
mundial trouxe a busca
por uma vida sustentável
–tendência que influen-
ciou o brasileiro.“A pes-
quisa mostra claramente
que o consumidor bra-
sileiro está repensando
valores e atitudes; repo-
sicionando o modo de viver e avaliando o impacto
dos hábitos de consumo na saúde econômica e so-
cioambiental do planeta”, avalia a executiva, acres-
centando que o consumidor quer ter marcas e gover-
nos como parceiros nesse processo de consolidação
de um consumo mais consciente em toda a cadeia de
produção. “Mas, cabe ressaltar que poucas marcas
estão prontas para serem parceiras desse novo con-
sumidor”, finaliza.
Já Roberto Meir, especialista internacional em rela-
ções de consumo e idealizador da pesquisa, ressalta
4 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 5
a importância de se alinhar o discurso das marcas e
governos a esta nova ética de consumo.“É fundamen-
tal que empresas e autoridades se adequem a esta
nova cultura, que visa à redução de impactos am-
bientais e eficiência de recursos”, afirma o especia-
lista,complementando que,com o aumento do poder
aquisitivo, ficou evidente um maior desperdício e in-
dolência por parte da população.“É preciso fornecer
cada vez mais informações para orientar as escolhas
dos consumidores”, conclui.
Destaques da pesquisa
- Entre as práticas individuais – iniciativas do cidadão
–, mais associadas pelos consumidores ao consumo
consciente destacam-se o não desperdício de água
(64,08%); reciclagem e separação do lixo (60,79%);
economia de energia elétrica (59,14%); comprar
produtos de empresas socialmente responsáveis
(52,11%); evitar descarte de alimentos (44,28%);
comprar produtos orgânicos (42,76%); utilizar o
transporte público (41,05%); se utilizar carro, dividir
com caronas (40,39%); trocar o carro pela bicicleta
(38,82%); e não consumir produtos testados em ani-
mais (30%).
- No âmbito econômico, sinônimo de consumo
consciente individual é evitar compras por impul-
so (57,57%); seguido por uso consciente do crédito
(48,95%); não acumular dívidas/controle de dívidas
(49,28%);alocação consciente do orçamento familiar
(48,16%); poupar parte dos ganhos (47,89%); pedir
nota fiscal (37,04%); declarar notas fiscais em siste-
mas de controle (26,38%); usar créditos das notas
para dedução de impostos (28,29%); e fazer previ-
dência privada (23,95%).
 - No âmbito social, as práticas mais associadas ao
consumo consciente individual são evitar comprar
produtos de empresas envolvidas em casos de ex-
ploração infantil e trabalho em locais inadequados
(55,33%); doar bens não utilizados para institui-
ções de caridade (55%); realizar trabalho volun-
tário (48,16%); participar de algum projeto social
(45,79%); doar dinheiro para instituições de carida-
de (18,29%); participar de petições e protestos nas
redes sociais (17,96%);e participar de manifestações
nas ruas (11,71%).
- No âmbito ambiental,as práticas individuais são uti-
lização de materiais recicláveis (59,80%);reciclagem
de lixo (59,01%); adoção de práticas de redução de
resíduos poluentes (56,97%); programas e iniciati-
vas de redução do impacto ambiental (54,74%); uti-
lizar papel reciclado/ecológico (52,30%);  investi-
mento em inovações baseadas na sustentabilidade
(49,93%); manejo sustentável de insumos naturais
(45%); e controle do material consumido (42,11%).
- Sobre a questão relativa a práticas ambientais de
consumo consciente associadas a empresas, o ran-
king é encabeçado por utilização de materiais reci-
cláveis e reciclagem de lixo,respectivamente 59,80%
e 59,01%. Na última posição, com 34,28%, está a não
realização de testes de produtos em animais.
- No âmbito econômico, as empresas que são mais
associadas ao consumo consciente realizam progra-
ma de educação financeira voltada ao consumidor
(48,49%) e têm programas de capacitação socioam-
biental para os colaboradores (48,03%).As empresas
que mantêm doações para entidades filantrópicas
são apontadas por 22,76% dos entrevistados como
sinônimo de consumo consciente.
- No âmbito social, as empresas que merecem des-
taque na opinião dos entrevistados são as que man-
têm patrocínio/apoio a projetos e causas sociais
(51,12%); em segundo lugar no ranking, com 50,66%
está a educação do consumidor sobre práticas para
um modo de vida mais sustentável. Ações de disci-
plina para evitar qualquer tipo de discriminação fo-
ram apontadas por 34,34% dos entrevistados como a
principal prática empresarial de consumo conscien-
te.
As empresas que mais representam
ALIMENTOS: Nestlé (26,36%)
REFRIGERANTES: Coca-Cola (21,28%)
LIMPEZA PARA CASA: Ypê (23,74%)
HIGIENE PESSOAL E Natura (60,83%)
ELETRODOMÉSTICOS: Electrolux (22,29%)
ELETRÔNICOS: Samsung (19,43%)
CARROS NACIONAIS: Fiat (10,36%)
VAREJO ELETRO: Walmart (14,99%)
VAREJO MODA: Hering (29,19%)
SUPERMERCADOS: Pão de Açúcar (29,94%)
HIPERMERCADOS: Walmart (15,63%)
FARMÁCIA: Ultrafarma (15,02%)
FAST FOOD: McDonald’s (10,67%)
VAREJO MATERIAIS Leroy Merlin (27,77%)
LOJAVIRTUAL: Mercado Livre (8,88%)
COMPANHIAS TAM (18,24%)
 
SHOPPER
EXPERIENCE
Com produtos inovadores e ser-
viços exclusivos, a Shopper Ex-
perience – empresa brasileira
líder da indústria de mystery
shopping (cliente secreto) – pro-
duz conhecimento sobre a expe-
riência dos clientes com produ-
tos e marcas. O trabalho de uma
equipe formada por especialistas
experientes na avaliação do aten-
dimento ao consumidor por meio
da metodologia de pesquisa ba-
seada no cliente secreto – concei-
to que foi implementado no Brasil
por Stella Kochen Susskind,funda-
dora e presidente da Shopper Ex-
perience –,faz com que a Shopper
Experience tenha o maior índice
de recompra e recomendação do
setor, atendendo a clientes como
C&A, Bradesco, Natura e TAM, en-
tre outros.
A Shopper Experience possui
uma área de negócios para atuar
com a diversidade, ou seja, inves-
tir na formação e no treinamento
de uma rede de clientes secre-
tos diferenciada que traz para os
gestores a sensação retrô, mas
eficiente, de “barriga no balcão”.
Entre os principais ativos da Sho-
pper Experience está o profun-
do conhecimento do universo do
consumidor e dos clientes. Com o
maior banco de dados composto
por clientes secretos do país, 67
mil consumidores, a Shopper Ex-
perience desvenda o emocional
com a razão, aliando pioneiris-
mo e inovação constante – o que
torna a empresa uma referência
nacional no mercado de pesqui-
sas. Entre os produtos da Shopper
Experience, destacam-se Secret
Shopper/Cliente Secreto, Custo-
mer Experience e Pesquisas ad
hoc (qualitativas e quantitativas).
V
incular uma marca à imagem de uma celebridade
pode ser bastante vantajoso. Se o artista passa por
um momento de grande movimentação na mídia e
seu nome está cotado no mundo das personalida-
des, a marca pode aproveitar o gancho de populari-
dade para crescer em conjunto. Mas, como tudo o que traz bons
resultados, é necessário ter atenção constante, além de encarar
as responsabilidades de assumir o controle quando necessário.
Veja cinco boas dicas de como aproveitar o auge de um artista a
favor de uma estratégia de marketing.
Autenticidade O universo do artista, mesmo que por ve-
zes pareça infinitamente vasto, tem um limite. É necessário, por-
tanto, definir a mensagem que será disparada pela celebridade
para que nada soe falso ou pré-determinado. O intuito é que a
campanha tenha o tom mais natural possível.
Frequência Pouco adianta se uma celebridade cita sua
marca uma vez e depois nunca mais. Incluir pequenas ações de
marketing aos atos cotidianos dos famosos que são postados em
redes sociais, como a interação com outros artistas, comentários
sobre atividades corriqueiras do lar, hobbies, dar dicas e tecer
opiniões, é essencial.
Liberdade O coaching direto, que é o ato de explicar exata-
mente o que a celebridade precisa fazer ou quais os modos de
agir na Internet, é prejudicial a uma ação de Celebrity Branded
Content. Mesmo que o artista saia do roteiro, é aconselhável que
ele mesmo guie sua atividade online, dessa forma a campanha
pode ser a primeira de muitas parcerias entre marca e celebri-
dade.
Reuniões estratégicas Estratégias específicas são
úteis e devem ser realizadas bem antes do início das ações. Man-
ter o diálogo fluido com a personalidade, sem imposições por
parte dos organizadores da campanha, também é recomendado.
Monitoramento Deixar que a celebridade caminhe so-
zinha é ótimo – a campanha só funciona dessa forma. Mas é fun-
damental que a agência esteja atenta ao que acontece durante a
ação. Se o direcionamento das postagens seguirem tortuosamen-
te, ter um profissional que resolva qualquer situação embaraçosa
envolvendo o nome da marca ou da personalidade é a solução
mais indicada.
Felipe Iacocca
Felipe Iacocca é sócio diretor da iFruit,
agência especializada na comercialização de mídias nas
redes sociais de celebridades
5 dicas
para aproveitar o
momento do artista
no auge da fama
6 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 7
S
ei lá se o Brasil vai ganhar a taça. Espero que
sim. Mas essa glória será menos importante
que o inegável sucesso da Copa, que nós e o
mundo já estamos vendo. Está sendo perfei-
ta? Claro que não. Ninguém com mínimo bom
senso poderia esperar perfeição de um happening
mundial dessa dimensão.
Mas é um sucesso,sim,apesar de toda a cantilena pessimista que mui-
ta gente tentou nos impingir – sabe-se lá com que objetivo – levando
nessa conversa grande parte da nossa imprensa. E apesar também
desse inacreditavelmente presunçoso e ridículo cartola da FIFA que
a certa altura declarou que é muito complicado fazer a Copa em país
democrático, tempos depois de afirmar que o Brasil precisava levar
um pé na bunda.
Os estádios não iam ficar prontos em tempo. Ficaram muito caros e
com dinheiro público.Serão elefantes brancos.Os aeroportos não vão
dar conta do tráfego aéreo e humano. Ninguém vai conseguir chegar
aos estádios. Vai ter protestos nas ruas o tempo todo. Vamos passar
vergonha.
A Folha de S.Paulo publicou dia 1º de Julho uma charge em que os
quatro cavaleiros do Apocalipse empunham cartazes:“Não vai ter es-
tádio”,diz o primeiro.Outro anuncia:“Não vai ter aeroporto”.O tercei-
ro:“Não vai ter acesso”. E o quarto é quase um P.S. para salvar a cara:
“Caso tenha, isso era apenas crítica construtiva”.
Como sempre,uma charge captura perfeitamente a atitude dessa gente
toda – repito, inclusive uma imprensa mais ansiosa por denunciar que
por apurar.Se esse pessimismo meio doentio se justificava,como é pos-
sível que esteja tudo funcionando tão bem agora? É claro que o mais
elementar raciocínio lógico mostra que, se a Copa está indo tão bem,
é porque as mil previsões catastróficas que fizeram eram mentirosas. E
se eram mentirosas é porque os fatos não foram bem apurados.Óbvio.
Ao contrário dos economistas, que sempre fazem previsões pessimis-
tas e mais tarde, quando a realidade os desmente, justificam-se argu-
mentando que fatores imprevistos sobrevieram, eu sou um otimista.
Não iludido,mas otimista.No meu dicionário,otimista é um sujeito rea-
lista que acha que no fim, apesar de todos os tropeços, as coisas dão
certo.
E, vamos e venhamos, ser pessimista no Brasil é injustificável. É só
olhar em volta para ver como andam tantos outros países, em compa-
ração com tudo o que conseguiu em menos de 30 anos a nossa demo-
cracia juvenil – e imperfeita como todas as democracias são, eterna-
mente em construção.
Podemos e devemos ser críticos,eternamente insatisfeitos,querer sem-
pre mais e melhor. É com essa atitude que se constrói uma democracia
e uma nação. Daqui a cem anos, quando tivermos alcançado uma por-
ção de coisas que hoje ainda não temos,continuaremos críticos,insatis-
feitos,querendo mais e melhor.É assim que as coisas devem ser.
Mas prever catástrofes que não se realizam é apenas pessimismo in-
justificável num país como este nosso.
Nemércio Nogueira, de São Paulo
Jornalista
Pessimismo
afogado
Alexandre Prates
Especialista em liderança,desenvolvimento humano e performance organizacional.É também
Master Coach,palestrante,sócio-fundador do ICA (Instituto de Coaching Aplicado) e sócio do
Grupo Alquimia,consultoria especializada em franquias.Escreveu o livro “A Reinvenção do
Profissional - Tendências Comportamentais do Profissional do Futuro” e é autor da metodologia de
coaching “Inteligência Potencial”.
Thiago Silva:
um golaço sobre
liderança!
E
specialmente depois do jogo contra o
Chile, muitos colocaram em cheque a li-
derança do capitão da Seleção Brasileira,
Thiago Silva.Alguns disseram que ele tra-
vou, outros que ele se acovardou diante
das dificuldades, enfim, criticaram forte o seu com-
portamento.
A pergunta que fica é: quem está questionando a sua
liderança? A imprensa, os torcedores, os comenta-
ristas, os narradores... Sinceramente, não são ques-
tionamentos válidos. Não tenho visto os seus cole-
gas de seleção, a comissão técnica e nem o Felipão
questionando a liderança do capitão. E é isso o que
importa!
E por que não estão questionando? Pelo simples fato
de que ele não teve nenhum comportamento que de-
negrisse o seu posicionamento de líder. Você pode
até interpretar o comportamento do jogador de ma-
neira negativa, mas permita-me trazer um pouco da
minha experiência e visão para essa história.Vamos
aos fatos:
Nervosismo na estreia: de jogador a torcedor,
quem não estava nervoso? Aliás, quem não estava
tenso só tinha dois motivos: ou não gosta de futebol
ou estava torcendo contra a seleção.No mais,estáva-
mos todos apreensivos. Agora imagine quando você
tem milhões de pessoas depositando em você a es-
perança de ganhar um torneio como este em casa.
Quem não ficaria nervoso? Pessoas ficam completa-
mente apavoradas com muito menos pressão!
Então, leio diversos comentários nas redes sociais
que dizem: “Ele ganha milhões para fazer isso. Não
pode ficar nervoso assim...”. Quer dizer que se ele
ganhasse pouco a pressão diminuiria? Que hipocri-
sia! Nessa hora, quando um hino é cantado da for-
ma como foi pela
torcida, quando
um País inteiro
conta com você,
ninguém se lem-
bra do quando
dinheiro ganha
ou tem. Não é
isso que impor-
ta! O que está em
jogo é a honra, a
realização, o pro-
pósito.
Ficar isolado
durante a roda de comunhão dos
jogadores: o Thiago Silva estava
navegando nas redes sociais en-
quanto isso acontecia? Por acaso
ele estava arrumando o cabelo ou descansando um
pouquinho? Claro que não! Ele estava em um mo-
mento de oração individual, encontrando a sua ma-
neira de se motivar, de se tranquilizar. Ele estava, a
seu modo, mandando fortes energias para os seus
companheiros. Quantas vezes você já não quis ficar
em silêncio, sozinho, antes de uma importante deci-
são na sua vida?
Não assumiu a responsabilidade: “O Thiago Silva
pediu para não participar das cobranças de pênal-
tis”,“O capitão da seleção não ofereceu palavras de
incentivo a seus companheiros”, “Isso não é postura
de líder!”.Você sabe qual é a postura de um líder? É
não querer ser o astro. É permitir que outras pessoas
assumam a liderança quando necessário, é delegar e
dar poder evidenciando novas lideranças. Se o Pauli-
nho estava inspirado para motivar as pessoas naque-
le momento, por que não deixá-lo fazer? Se existem
outros jogadores mais preparados para as cobranças
de pênaltis, qual o problema de permitir que assu-
mam esta responsabilidade?
Quer saber? O Thiago Silva é um grande líder! Um
líder que as organizações precisam ter. Um líder que
permite que surjam novas lideranças. Um líder que
assume a responsabilidade das críticas e foca mais
na vitória coletiva do que em sua vaidade. Um líder
que se cobra,que joga com raça,que torce e reza pe-
los seus companheiros, que assume a responsabili-
dade... Esse é o Thiago Silva! Isso é ser líder!
Podemos debater várias coisas que podem ser aper-
feiçoadas nesse time: estratégia, jogadas ensaiadas,
jogadas individuais... Agora, dizer que falta lideran-
ça, isso jamais! Em nenhum quesito – nem dento e
nem fora dos gramados.
O Felipão construiu um elenco que se gosta muito,
de pessoas que se apoiam, que torcem umas pelas
outras. Dentro de campo, o Thiago Silva conquistou
a braçadeira de capitão - não foi uma imposição - e
é respeitado, admirado, seguido. Isso é para poucos!
Isso é ser líder!Demonstrar medo, nervosismo, reco-
nhecer que errou.Isso é para poucos.Isso é ser líder!
Antes de criticar o Thiago Silva, muitos líderes de-
veriam refletir sobre a sua liderança e constatar que
têm muito a aprender com o capitão, com o técnico e
com todo o elenco da nossa seleção.
8 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 9
Jornalista
Wilson Ibiapina
A
copa da Fifa serviu para mostrar ao mun-
do o nosso poder de improvisação, visto
pelos visitantes como a grande arte do
brasileiro. Muita gente deste mundo de
meu Deus achava que ia encontrar ape-
nas índios, cobras, macacos e mulheres viciadas em
sexo. Quebraram a cara quando se depararam com a
beleza natural do Rio,com a arquitetura de Niemeyer,
os espaços de Brasília, as praias do nordeste, nossa
música, a diversidade de ritmos, o sabor da rica culi-
nária, a cordialidade do povo.
O tratamento que os estrangeiros receberam encan-
tou a todos. Prestaram atenção em tudo, até na nossa
mania de tomar banho diariamente,coisa que a maio-
ria deles não faz. Além de limpos somos higiênicos.
Não tocamos a comida com a mão, usamos guardana-
po.Escovar os dentes após as refeições é outro costu-
me que deslumbrou a francesa Nathalie Touratier. Al-
moço como principal refeição do dia virou exemplo
para holandeses ingleses e neozelandeses.O jeitinho
O Brasil e os
turistas
brasileiro foi visto com admiração pelos turistas . A
importância que damos à família chamou, também,
a atenção dos visitantes. Acompanhavam atentos os
avós passeando nas ruas e praças com filhos e netos.
O abraço entre amigos ou até desconhecidos foi lem-
brado por muitos visitantes que não estavam acostu-
mados a tamanha confraternização. Lá fora o abraço
só é dado entre a família. Na Ásia, chineses, coreanos
e japoneses nem se tocam. O cumprimento é feito à
distancia. O atendimento no comércio, com os ven-
dedores acompanhando, oferecen-
do produtos, é outro ponto forte do
Brasil que eles destacam como pro-
fissionalismo e cordialidade. E as
festas? As pessoas movidas à cai-
pirinha, que virou paixão dos grin-
gos, só vão pra casa pela manhã,
quando o Sol já ilumina tudo.
Mas nós, também, nos encantamos
com os turistas que deixam por
aqui alguns ensinamentos. Os bra-
sileiros,por exemplo,ficaram impressionados com os
japoneses catando lixo nos estádios após os jogos.
Nas redes sociais, dizem que gostaram tanto que vão
tomar uma atitude.Nos próximos jogos cada brasilei-
ro vai levar um japonês. Agora, sem
brincadeira, a vinda dos turistas, além da grana que
deixam por aqui, serviu para mostrar como se com-
portam pessoas com costumes tão diferentes.
A maior prova da impressão que os estrangeiros cau-
saram está na matéria que O Globo publicou. O re-
pórter Rubem Berta, conta que depois de um jogo da
Copa, no Castelão, em Fortaleza, encontrou um garo-
to de uns dez anos vendendo balas na porta do hotel
onde estava hospedada a seleção da Costa do Mar-
fim. O garoto ajuda a mãe desempregada ;
- E aí garoto, o que você quer ser quando crescer?
Pensando que ele ia dizer que queria ser jogador
de futebol, ficou surpreso com a resposta: - Quando
eu crescer quero ser turista. Eles falam inglês, não
falam?
Luiz Flávio Gomes
Jurista e diretor-presidente do Instituto Avante
Brasil. Estou no professorLFG.com.br
M
eus amigos:vale a pena refletir sobre
as duras punições impostas pela Fifa,
ao uruguaio Luís Suárez, que mordeu
o zagueiro italiano Chiellini. Luisito
Suárez provou, desde logo (mais uma
vez), que dentro de todos os humanos existe um ani-
mal, que deve ser domesticado (Nietzsche). Há dois
caminhos para se alcançar essa domesticação: edu-
cação e disciplina. A primeira, se fosse totalmente
efetiva, tornaria inócua a segunda. Desde a pré-his-
tória o humano acredita muito na disciplina, quando
a prioridade deveria ser a educação.Que pena que a
humanidade (que com muito custo chegou ao grande
meio-dia) ainda não entendeu bem esse tema!
A disciplina, por meio do castigo, impõe limites
ao animal que carregamos dentro de nós. A educa-
ção, por meio do conhecimento e da ética, elimina
ou domestica o lado animal portado pelos humanos.
Uma coisa é punir, outra educar. A punição se vol-
ta contra o animal (contra o desvio, contra o errado,
contra o violador das regras). A educação se orien-
ta ao humano. A punição castiga um ato passado. A
educação mira o futuro. Se queremos humanos etica-
mente melhores, devemos educá-los. O castigo, por
si só, não educa. Porque sua natureza não é essa, sim,
a de impor limites ao nosso lado animal.Se queremos
disciplinar e educar, temos que pensar em punições
educativas (ou seja: punição + educação, que são
duas coisas distintas).
Querer arrancar exclusivamente da punição o efeito
educativo é um erro. Muitas vezes, má-fé (porque em
nome da educação pode-se punir muito mais que o
necessário). A punição foi feita para ficar na memó-
ria do punido como advertência, como recordação.
É por isso que ela segue a antiga psicologia da mne-
motécnica: “Imprime-se algo por meio de fogo para
que fique na memória (na recordação) somente o que
sempre dói; a dor é o auxílio mais poderoso da mne-
motécnica” (Nietzsche 2011: 60). Aquilo que gera dor
pode nos impor limites, mas não educa. O que educa
é a empatia, o conhecimento e a ética. Quando os hu-
manos evoluírem, não mais imporão somente castigos
punitivos (como hoje acontece). No futuro os castigos
se transformarão em punições educativas (fazendo-se
as duas coisas: punição + educação). Nas sociedades
mais atrasadas em que o desejo de punição alcança
níveis patológicos (de vingança), ela é usada como
meio para deseducar ainda mais o condenado. Isso é
o que é feito nos presídios brasileiros. Erro crasso, to-
talmente contrário à educação.Só favorece o lado ani-
mal,que fica mais embrutecido.Obscurece,ao mesmo
tempo,nosso lado humano (educativo).
A Fifa puniu severamente Suárez. Reprovou um ato
passado. Mas também o espetáculo fabuloso do fu-
tebol (tal como a convivência humana fora dos es-
tádios) requer mais: requer a consciência de que
devemos sempre desenvolver “a arte de viver bem
humanamente”, que é a ética. Viver humanamente
significa respeitar todos os humanos (mesmo saben-
do que todos têm dentro de si um animal),a natureza,
os animais e o bom uso das tecnologias. A punição
do «animalito» que existe dentro do Luisito Suárez
(e de todos nós) deveria ser acompanhada de uma
série de exigências educativas (tratamento psicoló-
gico efetivo, curso de ética e de direitos humanos,
colaboração com atividades comunitárias positivas,
desenvolvimento da empatia etc.).A punição isolada,
mesmo que severa, não oferece certeza de que o ato
errado nunca mais será repetido. O melhor antídoto
contra a reincidência (e a violência) provém da edu-
cação,posto que ela é a única que pode nos introjetar
a consciência da ética,ou seja,da arte de viver huma-
namente.Parafraseando Louis Bonald,a cultura forma
sábios; a educação e a ética, os humanos.
Mordidaço de Suárez:
maior punição da história das Copas
10 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 11
A
inda me lembro quando o debate sobre
a escolha das cidades-sede da Copa
fervia na cidade. Naquele momento, a
população não parecia dividida.As pes-
quisas mostravam apoio ao projeto e o
poder público se esforçava para introduzir o conceito
de legado. E lá se foram cinco anos. Obras importan-
tes deixaram a cidade de cabeça pra baixo e o trân-
sito insuportável. Algumas delas não aconteceram,
outras são orgulho da cidade, como a nova rodoviá-
ria. Curitiba chegou a correr o risco de ser cortada
da Copa por causa do atraso das obras do estádio.
Depois de tudo isso, parece que muitos gostaram do
que viram acontecer na cidade,que recebeu jogos do
Mundial pela segunda vez (a primeira foi em 1950).
Diferente das pesquisas de 2011,quando mais de 66%
apoiavam a realização do evento na cidade, pouco
antes do início dos jogos, elas revelaram que mais da
metade era contra a realização dos jogos em Curitiba.
O apoio era de apenas 38% em abril de 2014. E ainda
havia a preocupação com os protestos, que eram es-
perados por 81% dos curitibanos, durante o Mundial.
Mas as manifestações não foram significativas.
O que havia no aeroporto, pelas ruas do centro, em
frente aos hotéis onde as seleções estavam hospeda-
das,na Pedreira Paulo Leminski,local da Fan Fest,nas
ruas próximas ao estádio foi uma grande festa.E mais:
aeroporto aberto nos dias de jogos (nesta época do
ano, a neblina fecha o aeroporto alguns dias), hotéis
e restaurantes movimentados, teve até sol, artigo de
luxo durante alguns meses em Curitiba, incluindo o
período da Copa.
A cidade e o Paraná atraíram gente de muitos lugares,
gente eufórica e obstinada, loucos por futebol. Isso,
por si só, já é motivo de afinidade porque curitiba-
no adora futebol, tem
time, veste a camisa
e fica de mal ou bom
humor a cada etapa
dos campeonatos.
Também foi em Curi-
tiba a última exibição
da melhor geração da
seleção espanhola. Torcedores argelinos ficaram à
vontade e até acreditaram que Curitiba lhes deu sor-
te. Alguns dos times que vieram jogar em Curitiba
entregaram camisas aos torcedores na porta dos ho-
téis.Em Foz do Iguaçu,onde estavam os sul coreanos,
o time deixou saudade no hotel,na cidade e na comu-
nidade coreana.
Na Arena da Baixada, em dias de jogo de Copa do
Mundo, não havia apenas torcedores das oito sele-
ções que jogaram aqui – Espanha, Austrália, Argélia,
Rússia,Irã,Nigéria,Honduras e Equador.Torcidas que
nem mesmo disputavam o Mundial como a de Israel
e a do Peru compareceram ao estádio. E não eram só
estrangeiros.Coxas  brancas (apelido dos torcedores
do Coritiba), paranistas (os que torcem pelo Paraná
Clube) e atleticanos (os donos da casa) se mistura-
ram na maior alegria. Nos dias de jogos da Copa, os
adversários do Atlético Paranaense babaram no es-
tádio, que ficou mesmo incrível. Um deles, por trás
do coração coxa branca, exibia o cartaz “Arena pa-
drão fofa”, brincando com a famosa e tão lembrada
expressão “padrão Fifa”.
Na saída dos jogos, com as ruas próximas ao estádio
fechadas,curitibanos de todas as torcidas e visitantes
de diferentes nações cobriam as ruas no lugar dos
carros, formando um tapete de alegria e civilidade.
Como todo curitibano gosta, sem pisar na grama e
nem deixar lixo pelo caminho.Considerando o quan-
to futebol é assunto sério em Curitiba, esse clima de
harmonia típica desta Copa, nos faz torcer pelo rei-
nício do campeonato brasileiro, a Copa do Brasil, a
próxima edição do Paranaense. Torcemos para que
a Copa nos inspire a levar para os estádios o futebol
da alegria, com respeito pelo adversário e sem vio-
lência, mesmo quando a gente tem motivo pra chorar
de tristeza. Porque é assim que futebol tem que ser.
Copa padrão
Curitiba
Fabiana Fernandes, de Curitiba
Jornalista
Márcia Zarur
Jornalista
Q
uem dera todos tivessem a elegância
de Clarice Lispector para demonstrar
sua inqueitação com Brasília. O estra-
nhamento que a cidade causa, até para
quem nunca pos os pés aqui, é traduzi-
do em frases preconceituosas que ouvimos de norte
a sul do país:
- Uma cidade fria.
- Não tem povo, não tem gente!
- Lá só tem corruptos.
- Não tem esquinas, as pessoas nunca se encontram.
Jóia da arquitetura mundial, projeto urbanístico revo-
lucionário, qualidade de vida ainda muito boa - nada
disso é considerado no amontoado de clichês para
definir a nossa capital. Os mitos se disseminam não
se sabe como, mas
também se des-
fazem - graças a
Deus!
Para Brasília a
Copa do Mundo já
imprimiu seu le-
gado: a descons-
trução dos mitos
perversos e injus-
tos a respeito da
cidade. Seus habi-
tantes, brasilienses
de coração ou nas-
cidos aqui, acolhe-
ram os turistas ca-
lorosamente, com simpatia, cordialidade e educação.
A cidade mostrou que tem suas esquinas; charmosas,
inusitiadas.
Uma delas foi a alegre confraria da torre de TV. A ba-
bel de sotaques,hábitos,comidas,artesanato,que coti-
dianamente já reune as culturas do país,extrapolou as
fronteiras, atravessou mares e expandiu os horizontes
para o mundo.Todas as nacionalidades representadas
nas embaixadas se personificaram em torcedores ani-
mados. Os bares também apareceram como esquinas
festivas e o Pontão fez as vezes da nossa praia,com um
visual deslumbrante de por do sol, numa aquarela de
cores que só a nossa seca sabe pintar.
O turista se encantou com a cidade cartão-postal da
arquitetura vanguardista de Niemeyer. A Brasília que
aparece na TV com a escala monumental da Esplana-
da dos Ministérios, do Congresso Nacional, da Praça
dos Três Poderes e da Catedral. Mas também desco-
Brasília
e a copaO turista se encontrou com a
cidade cartão-postal de arquitetura
vanguardista de Oscar Niemeyer...
briu uma outra cidade,de detalhes,
como as intervenções de Athos
Bulcão que espalhou sua arte por
todos os cantos. Um passeio ca-
rinhosamente chamado de Trilha
dos Azulejos conduziu brasileiros
de todos os estados e estranegiros
extasiados por lindos painéis.
Quem foi ainda mais curioso conseguiu desvendar
um parque de Burle Marx na quadra modelo da Asa
Sul, com direito a espelho d´água e peixinhos diver-
sos. Ou pôde explorar um trabalho mais completo do
paisagista na Praça dos Cristais, com esculturas e a
vegetação típica do cerrado. Cenas bucólicas que a
TV não mostra. Cenas da cidade que já tem tradição
até na pizza de balcão,e que transformou também em
tradição atos de civilidade como o respeito à faixa de
pedestres.
Uma cidade-par-
que onde o verde
é protagonista,
em grandes gra-
mados, árvores
frondosas e ipês
floridos. Colher a
fruta no pé, num
canteiro qual-
quer, ao lado da
pista na capital do
país? Brasília ofe-
rece um pomar
urbano com amo-
ras, magas, jacas
e jabuticabas à vontade.
Nesta Copa os visitantes puderam sentir uma Brasília
humana, de moadores que trabalham e se divertem
como em qualquer outra cidade. A vida pulsa sob os
pilotis. Mais do que as diferenças, que são muitas, o
que nos aproxima são as semelhanças a outras cida-
des. As gentes daqui são iguais às gentes do resto do
país. E até do resto do mundo, que conseguiu se co-
municar muito bem,mesmo com a barreira da língua.
Bastou boa vontade!
A Copa do Mundo não apagou os nossos problemas,
que também não são poucos,e nem nos fez esquecer as
promessas ainda não cumpridas de mais planejamen-
to,investimentos em saúde e mobilidade urbana.Mas o
Mundial indiscutivelmente nos fez diferentes aos olhos
do Brasil e do mundo - nos fez uma Brasília muito mais
proxima da realidade, muito mais próxima do olhar or-
gulhoso dos moradores que amam esta cidade.
12 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 13
Às margens do Lago... ou na beira da praia
José Natal
jnatal@uol.com.br
GDF apresenta plano de crescimento da capital até 2060
Posicionar a capital do Brasil como uma cida-
de global e competitiva são as principais me-
tas destacadas nesta sexta-feira (27) durante a
apresentação do Plano Estratégico e Estrutural
para os próximos 50 anos – Brasília 2060. O re-
sultado efetivo das ações apontadas poderá re-
sultar economicamente no acréscimo de 1,3%
ao ano no PIB do DF, o que corresponde a um
adicional financeiro de 45%.
“Esse é um sonho alto, mas indispensável para
que possamos ter um crescimento com qua-
lidade de vida. Não é possível mais pensar a
nossa cidade a cada quatro anos, fazer gestão
pensando em eleição.Temos de pensar na pró-
xima geração e por isso um planejamento para
os próximos 50 anos. E aqui é o passo inicial
porque vamos dar continuidade a esse estudo”,
afirmou o governador Agnelo Queiroz.
OS DENTES DO SUÁREZ
Claro que jogador, nem ninguém, não  pode sair por
aí mordendo as pessoas.Muito menos durante a com-
petição.Mas a pena imposta ao craque foi exagerada,
desproposital e demagoga. O que a FIFA, os dirigen-
tes e os que têm o jogador como contratado deve-
riam fazer era chamá-lo para uma consulta médica,
saber o porque desse comportamento e puni-lo de
forma corretiva. Se isso não foi feito ela vai cumprir a
pena, e quando voltar ninguém ficará tranquilo com
ele em campo.
A COPAVINGOU
Os pessimistas, ou mau
humorados, estão olhando
para o chão. Pessoas assim
não gostam de admitir que
erraram, não sabem reco-
nhecer as bobagens que
falaram. A Copa deu cer-
to assim. Estádios lotados,
aviões no horário, aeropor-
tos atendendo bem e o povo feliz da vida pela fes-
ta do futebol. Claro que teve problemas, muitos.
Impossível não ter. Agora vão cobrar o legado,
os gastos, as obras grandiosas. Tudo que foi feito
será de boa utilidade ao País, é só esperar e saber
curtir.
COPAVINGOU-2
Agora deve surgir no palco do su-
cesso centenas de  personagens 
se auto-credenciando como res-
ponsáveis pelo êxito da Copa.
Poucos se empenharam e tra-
balharam tanto pela Copa como
os Ministros do Esporte, Aldo
Rebello e o do Turismo, Vinicius
Lages. Peitaram críticos, acredi-
taram na investida e em momento algum se deixaram
levar pela onda de pessimismo que tomou conta do
País durante meses. E mais, ao contrário de muitos
aparícios do Governo que falaram muito e não fize-
ram nada,os dois se mantêm discretos,objetivos e se
limitam a cumprir a missão que receberam. E ponto. 
ELEIÇÕES
Termina uma Copa, começa a outra. A disputa pelos
Palácios do Planalto e do Buriti já começou.E em Bra-
sília o quadro até agora desenhado sugere uma com-
petição das mais interessantes. Por enquanto, as duas
disputas tem dois favoritos carimbados. Dilma Rous-
seff, pelo PT e Aécio neves pelo PSDB sinalizam que
vão ao segundo turno na corrida presidencial. Para o
Governo local Agnelo e Arru-
da já trocam farpas e são os fa-
voritos. Mas, como na Copa, só
o jogo jogado pode comprovar
favoritismo.
ELEIÇÕES-2
A exemplo do futebol,também
nas eleições alguns gestos
dos competidores sinalizam
possíveis vencedores. Fui às
convenções que indicaram os
principais candidatos ao GDF. Nenhum candidato
investiu alto nesse quesito, e preferiram economizar
a grana para as campanhas que começam agora. A
de Agnelo foi em recinto fechado, e os eleitores fi-
caram espremidos, desconfortados. Pitmann acomo-
dou centenas de pessoas num auditório apertado do
CREA, com muito calor. Rollemberg fez uma conven-
ção burocrática, meio desanimada. Arruda fez o que
Arruda faz.Levou os eleitores pra Taguatinga,chegou
ao palco caminhando entre a multidão e exigiu dis-
cursos curtos e objetivos. Os adversários vão chiar,
mas foi a mais animada.
NOVELAS, IBOPE NA TELA
Um leitor noveleiro protesta: os homens das no-
velas do Manoel Carlos são frouxos e as mulhe-
res são burras. Aguinaldo Silva, para o mesmo
leitor, é um autor que só enaltece o mundo gay
e os autores das novelas da sete acham que o
Brasil é um país de bobos.O revoltado observa-
dor,entretanto,não economiza elogios as séries
da Globo, para ele o que há de melhor pra se
ver na telinha. Faz sentido.
14 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 15
C
om mais de 10 milhões de exemplares
vendidos em vários países, o livro O
céu é de verdade, que se tornou um fe-
nômeno de vendas desde o lançamen-
to, em 2011, ganhou a esperada adap-
tação para o cinema. O longa metragem baseado
nobest seller (lançado no país pela Thomas Nelson
Brasil) estreia dia 03 de julho em território nacional,
estrelado pelo ator Greg Kinnear, indicado ao Oscar
por  Melhor é impossível e vencedor do Emmy por
mais de uma vez, e conhecido internacionalmente
pela atuação em Pequena Miss Sunshine.Ele interpre-
ta Todd Burpo,um empresário de uma cidade peque-
na, bombeiro voluntário e pastor que, lutando para
sustentar a família num ano difícil, acaba por lidar
com uma história sobrenatural vivenciada por seu fi-
lho de apenas quatro anos.
O garoto, Colton (interpretado por Connor Corum),
é levado às pressas para um hospital, onde é subme-
tido a uma cirurgia de emergência. Todd e a esposa,
Sonja (Kelly Reilly, de Sherlock Holmes), ficam eufóri-
cos com sua recuperação milagrosa, mas se impres-
sionam com o que ocorre a seguir: Colton começa a
contar, com toda naturalidade e riqueza de deta-
lhes, sobre sua incrível viagem de ida e volta ao
céu. Quando Colton descreve,inocentemente,coisas
das quais ele não teria como saber,o pai se vê diante
de um muro de mistérios e dúvidas que terá de der-
rubar, redescobrindo a esperança, o deslumbramen-
to e a força do propósito.
Depois de três anos do lançamento, o livro permane-
ce entre os top 100 da lista da Amazon norte-ameri-
cana. Com orçamento modesto — 12 milhões de dó-
Livro O céu é de verdade
vira filme e chega ao
Brasil pela Sony Pictures
Best seller internacional,
obra exibida nos cinemas
conta experiência verídica de
menino que visitou o Paraíso
lares —,o filme arrecadou 21,5 milhões de dólares no
lançamento nos Estados Unidos. No mesmo período,
só ficou atrás de Capitão América e Rio 2.
Mais informações sobre o filme:
O Céu É de Verdade (Heaven is For Real) é dirigido
por Randall Wallace, o roteirista indicado ao Oscar
com CoraçãoValente (Braveheart). O roteiro é de Ran-
dall Wallace e Christopher Parker, baseado no livro
de Todd Burpo com Lynn Vincent. O filme é produ-
zido por Joe Roth e T.D. Jakes, e os produtores exe-
cutivos são Sue Baden-Powell, Sam Mercer e Derrick
Williams. Além de Kinnear, Reilly e Corum, o elenco
conta ainda com a atriz vencedora do Emmy Margo
Martindale (Justified, Álbum de Família) e o ator indi-
cado ao Oscar Thomas Haden Church (Homem-ara-
nha 3, Sideways – Entre Umas e Outras,Compramos um
Zoológico). A trilha é de Nick Glennie-Smith.
A equipe por trás das câmeras inclui o diretor de fo-
tografia premiado com o Oscar, Dean Semler ACS,
ASC (Danças com Lobos [Dances with Wolves], Mad
Max: The Road Warrior, Apocalypto), o desenhista de
produção, Arv Greywal (A Garota Ideal [Lars and the
Real Girl]), o montador ganhador de dois BAFTAs,
John Wright A.C.E. (Apocalypto, Speed), e o figurinis-
ta, Michael T. Boyd (Secretariat – Uma História Impos-
sível [Secretariat],Fomos Heróis [WeWere Soldiers]).
Sobre os
autores do
livro:
Todd Bur-
po é pastor da igreja
Crossroads Wesleyan em Nebrasca, nos
Estados Unidos. É casado com Sonja, pai de Colton e
mais dois filhos, Cassie e Colby.
Lynn Vincent é autora de alguns best-sellers da lis-
ta do The New York Times e de textos para a revista
World. Trabalha como professora da King’s College,
em NovaYork, e vive em San Diego, na Cali
V
isto e passaporte são os principais do-
cumentos de identificação de
todo viajante no exterior! Se
acontecer de perdê-lo ou tê-lo
roubado, o turista deverá ser
rápido para comunicar o fato à polícia local,
para não haver enganos, caso outras pessoas
utilizem seus documentos com má fé; e para
que possa providenciar novos documentos para
continuar a viagem.
A solicitação de um novo passaporte deve ser feita
junto ao consulado do país onde estiver.Contudo,por
mais que o passaporte seja fornecido com rapidez,
sem o visto a pessoa não poderá embarcar para vol-
tar pra casa, nem seguir viagem por outros países.
Se for preciso apenas fazer escalas ou conexões, a
dificuldade será a mesma.Por isso,também é preciso
se dirigir à embaixada ou ao consulado brasileiro do
país onde estiver, para encaminhar o requerimento
de um novo visto.
E o ideal é ser rápido, especialmente se a pessoa es-
tiver com passagens aéreas compradas,por exemplo.
Perdi meu
passaporte
no exterior e preciso do visto
para continuar viajando!
A primeira coisa
a fazer é registrar
um boletim de
ocorrência e procurar
o consulado ou a
embaixada do Brasil
no país estrangeiro. O
seguro-viagem pode
ajudar bastante
Dependendo de como forem os prazos para apro-
vação dos novos documentos, o viajante poderá
perder voos e reservas de estadia.
A emergência pode ser resolvida com um
pouco mais de facilidade se o estrangeiro ti-
ver um seguro-viagem, já que, dependendo
do tipo de contrato, alguns podem garantir
assistência em português, pelo telefone; e
outros incluem ajuda financeira para cobrir
estes gastos extras.
Para amenizar as chateações, o diretor da Infovistos,
Alexandre Luis Pedrosa, orienta os seus clientes a di-
gitalizar todas as páginas do passaporte e dos vistos,
e andar com cópias autenticadas dos documentos.
“Também recomendo que enviem os arquivos para
seu próprio email, e deixem cópias em outros dispo-
sitivos de fácil acesso.Em uma emergência,será mais
fácil para comprovar que não são imigrantes ilegais.”,
completa Alexandre.
Para saber mais informações sobre vistos e passa-
portes, acessewww.infovistos.com.br.
Anuncie conosco, é só ligar16 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014
O
s analistas e marqueteiros de campa-
nhas majoritárias terão este ano a mais
empírica das provas sobre uma dúvida
eternamente eleitoral: vice traz ou não
votos para um candidato? A despeito
das eleições para presidente desde a redemocratiza-
ção, nunca os presidenciáveis apostaram tanto no(a)
parceiro(a) de chapa.
Mas vice é vice, até aqui. E só. Alguém se lembra
quem foi o vice de Itamar Franco, o mais ilustre dos
vices que se tornou presidente da noite para o dia?
Pois é, Itamar não tinha vice, porque já era – neste
caso o presidente da Câmara à época o substitui em
ausências. Desde então, embora José Alencar tenha
tido grande vitri-
ne nos oito anos da
gestão de Lula, não
passava de um vice.
Virou até ministro
porque não gosta-
va apenas de ser
a sombra. E Marco
Maciel, com Fer-
nando Henrique
Cardoso, passou
tão apagado quan-
to a figura que re-
presenta hoje na
conjuntura política
nacional, sem de-
mérito a importân-
cia de sua trajetória
pública.
Agora os vices ga-
nham destaque
– pelo menos, e
por ora, nas cha-
pas. Eduardo Cam-
pos (PSB) se posta
como a terceira via
e aposta também
suas fichas em Ma-
rina Silva, que ten-
tará resgatar seus
Leandro Mazzini
Jornalista,pós-graduado em Ciência Política pela
UnB e editor da Coluna Esplanada,reproduzida no
UOL e em jornais de 20 capitais.
Vice é vice20 milhões de votos na eleição de 2010 (será muito
difícil, cada eleição é uma eleição), e atrair o voto
‘verde’, da sustentabilidade, dos jovens. Aécio Neves
(PSDB) escolheu o senador Aloysio Nunes Ferreira,
de São Paulo,para a chapa puro-sangue.Aloysio é um
dos senadores mais votados do País,tem bom trânsito
com os prefeitos do interior paulista e representa o
Estado que é o maior colégio eleitoral do País. Além,
claro, de ser ‘Serrista’, um antigo aliado e apadrinha-
do de José Serra. É disso que Aécio candidato preci-
sava para ter o apoio incondicional do partido e do
eleitorado – alguém com identidade com os paulistas
e paulistanos.
Michel Temer não traz votos para a presidente Dil-
ma (PT). Mas puxa
o PMDB, o segundo
maior partido do
País, com milha-
res de prefeitos e
vereadores –má-
quina arrojada de
cabos-eleitorais em
rincões e capitais.
Como chefão do
PMDB, é isso que
Temer ‘vende’ para
Dilma e Lula – e de
certa forma entre-
ga, porque metade
do partido, agora,
está aliada a Aécio.
Ressalte-se que Te-
mer não tem peso
eleitoral. Ele quase
não foi eleito depu-
tado federal, quan-
do concorreu da
última vez. E o seu
PMDB hoje só tem
dois deputados fe-
derais em SP – isso
porque Gabriel
Chalita migrou para
a legenda.
18 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014
RUMO AO BURITI
Agnelo Queiroz, pelo PT,
José Roberto Arruda,
pelo PR, Rodrigo Rollem-
berg, pelo PSD, Luis Pitiman,
pelo PSDB e Antonio Andra-
de, o Toninho pelo Psol já
estão na estrada, correndo
atrás dos votos que o levem
a ocupar a cadeira de Gover-
nador de Brasília, no Palácio
do Buriti.Agnelo Queiroz,do
Partido dos Trabalhadores já
está lá, e quer continuar por
mais 4 anos. É candidato à reeleição e, conforme as
últimas pesquisas tem boas chances para que isso
aconteça. Mas terá que trabalhar muito, uma vez que
com a mesma intenção três outros candidatos já se
apresentaram para a disputa e prometem uma luta
ferrenha pelo cargo. Agnelo, cuja carreira tem ori-
gem no PC do B é um poíitico experiente, já foi dis-
trital, esteve na Câmara Federal e no Ministério do
Esporte.Amigo de Lula,tem no ex-presidente um dos
seus motivos para tentar a reeleição.
Médico, teve um começo de Governo tumultuado em
Brasília.  Respondeu a denúncias  numa CPI, enfren-
tou pesadas críticas da mídia local e hoje sinaliza que
sua campanha pode ser vitoriosa. O Governador ter-
minou obras, modernizou ações sociais e aposta nos
bons resultados da Copa em Brasília para alavancar
votos no dia 3 de outubro próximo.
ARRUDA DEVOLTA
Habilidoso com as pala-
vras, articulador político
de reconhecida competên-
cia e um tocador de obras
de mão cheia, o Mineiro de
Itajubá, José Roberto Arruda
está de volta à vida pública,
após uma conturbada rede
de denúncias que o levou a 
amargar longos dias  de an-
gústia na prisão.
Quando tudo isso  aconte-
ceu, é verdade, Arruda vivia seu melhor momento a
frente do Governo de Brasília, e recebia da comuni-
dade uma aprovação quase que absoluta.Arruda mo-
dernizou a administração da cidade, nomeou secre-
tários técnicos e disparou uma infinidade de obras
candidato a Presidente, Aécio Neves, tem tudo a ver
com isso, e o partido  já reconhece nele essa lide-
rança, que agora começa a tirar o sono do PT, parti-
do da Presidente Dilma, e de Lula. E é graças a ha-
bilidade mineira de fazer política que Aécio decidiu 
que em Brasília ele precisa de um palanque, de um
candidato que lute por ele, e almeje o Governo local.
O escolhido foi o Deputado Federal Luis Pitiman, um
empresário bem sucedido, que conhece a cidade e
os políticos que a dirigem e tem, também, bagagem
e experiência administrativa. A indicação do nome
de Pitiman, no início, causou um certo frisson entre
os tucanos. O Deputado Federal Izalci Lucas também
queria ser candidato, mas Aécio não quis e indicou
Pitiman. Seu nome é pouco conhecido, mas os que o
conhecem o avalizam como ficha limpa e trabalha-
dor. Torná-lo conhecido é uma tarefa do experiente
marqueiteiro Chico Santa Rita, que assegura ser ele
um bom candidato, e vai para o segundo turno da
eleição. É esperar pra ver.
TONINHO DO Psol
Antônio de Andrade, o
Toninho do Psol é psicó-
logo, e como tal parece agir
quando,mais uma vez  aceita
liderar seu partido na dispu-
ta pelo governo da cidade,
já pela terceira. Com pouco,
aliás, pouquíssimo tempo na
TV, um minuto ou um pouco
mais, o candidato vai ser um
contestador contra os exa-
geros do atual Governo, vai
continuar sua luta contra a corrupção e,talvez,buscar
fragilizar os demais candidatos com denúncias iso-
ladas de mazelas já conhecidas. O partido não tem
dinheiro, o candidato não tem tempo na TV e os votos
que conseguir deve ajudar a levar a eleição para um
já esperado segundo turno,entre Arruda e Agnelo ou
entre um dos dois contra Rollemberg ou Pitiman. A
presença de Toninho na disputa é digna e justa, e en-
grandece o seu partido, o Psol.
pela cidade, deixando claro a sua disposição e per-
feita identificação do que o povo pedia, e cobrava.
Jovem, corajoso e desafiador, governando Brasília
estava recuperando sua imagem, antes manchada
com a sua renúncia ao Senado após ter sido acusado
por fraude. Hoje candidato, Arruda tem afirmado que
quer um espaço e um tempo seguro para se defender
do que foi acusado. Quer uma chance para de novo
conversar com seus eleitores, apresentar seus argu-
mentos e, se eleito, voltar a fazer de Brasília a Capi-
tal mais moderna do Brasil. Pelas pesquisas recentes
isso pode voltar a acontecer. Tem uma grande acei-
tação em todo o DF e pelas articulações que fez com
o ex-Governador Joaquim Roriz, outro campeão  de
votos,o Buriti pode voltar a ser a sua casa novamente.
Há quem diga que pendências judicias ainda pode-
rão impedi-lo de realizar esse sonho. Mas Arruda é
candidato e também já está na estrada atrás de seus
votos, dia  e noite.
ROLLEMBERG
Os amigos e os eleitores
de Rodrigo Rollemberg,
senador pelo PSB e candi-
dato ao Buriti pela legenda,
comentam com bom humor
que em quase todos os seg-
mentos sociais de Brasília há
pelo menos um parente bem
sucedido e respeitado com
seu sobrenome. Faz sentido.
Rodrigo chegou a Brasília
ainda garoto em 1960, é um
dos filhos mais conhecidos
do admirado juiz Armando Leite Rollemberg, perso-
nalidade que marcou época em Brasília pela integri-
dade, liderança e reconhecida inteligência. Rodrigo
é um dos senadores mais assíduos do Congresso,
desfruta de simpatia de todos os partidos e tem um
carisma que poderá torná-lo um dos candidatos mais
competitivos da eleição que se avizinha. Um admira-
dor, e adversário do senador, dá um alerta: Rodrigo
vai ser Governador de Brasília. Se não for agora, será
na próxima.
PITIMAN
Analistas políticos e a
mídia em geral têm re-
gistrado que há muitos anos
o PSDB não esboça uma lar-
gada na campanha eleitoral
com a eficiência que esta de
agora aparenta ser. Os tuca-
nos, no Brasil inteiro, nunca
se entendem na formação
de suas coligações, brigam
o tempo todo e o choque de
vaidades, nos últimos anos,
tem prejudicado vários can-
didatos da sigla. Pelos que se vê, até agora, parece
que finalmente o PSDB amadureceu, se organizou
e dá uma largada competente na busca de votos. O
20 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 21
E
m 2012 foram assassina-
das quase 57 mil pessoas
(29 para cada 100 mil
habitantes; acima de 10,
a violência é considera-
da epidêmica, diz a OMS-ONU). É a
maior taxa de genocídio massivo de
toda nossa história moderna (na época da colonização,
com a destruição adoidada dos negros e dos índios,
podemos ter números maiores). A insegurança, con-
sequentemente, aparece em muitas pesquisas como a
primeira ou uma das mais relevantes preocupações do
brasileiro (nas manifestações de junho/13 isso ficou
muito claro). Diante desse quadro de epidemia cres-
cente (uma verdadeira peste, como a narrada por A.
Camus), qualquer pessoa de bom senso imaginaria o
seguinte: o governo e a sociedade estão inteiramen-
te empenhados em erradicar esse mal, que está dizi-
mando muitas vidas preciosas. Nada disso. Cuida-se
de uma tragédia anunciada (previsível) e, em grande
parte,evitável.Mas é a impoluta indiferença a que pre-
domina, mesmo em se tratando de um problema de
magnitude e seriedade indiscutíveis.
Ilona Szabo de Carvalho e Robert Muggah cuidaram
do tema (O Globo 17/6/14: 21) e apontaram algumas
causas da calamidade:(a) desmantelamento sistemá-
tico pelo governo federal do Programa Nacional de
Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), lança-
do no governo Lula (cortes orçamentários que resul-
taram em menos pesquisas e absoluta ausência de
prevenção da violência); (b) abandono do plano de
Luiz Flávio Gomes
Jurista e diretor-presidente do Instituto Avante
Brasil. Estou no professorLFG.com.br
Violência
tri-epidêmica
com planos
de segurança
ineficazes
redução de homicídios anunciado por Dilma e apoio
ao plano de fomento da indústria nacional de fabri-
cação de armas (o Brasil se tornou um dos maiores
exportadores de arma de fogo do Ocidente); (c) ma-
ciço investimento no sistema penitenciário, em de-
trimento das penas alternativas, mas não no sentido
da reabilitação do preso, sim, na construção de mais
presídios (para atender o encarceramento massivo
aloprado, sobretudo de criminosos não violentos);
(d) ineficácia absoluta do programa Brasil Mais Segu-
ro, que foi colocado em prática dentro do Plano Na-
cional de Segurança Pública do Ministério da Justiça
em 2012 (precisamente o ano mais violento da nos-
sa história moderna); (e) jogo de empurra-empurra
(o governo federal joga a responsabilidade para os
estaduais e estes para o federal); (f) ineficácia inves-
tigativa dos órgãos estatais [estima-se que
apenas 8% dos homicídios são devidamente
apurados no Brasil]; (g) ausência de reformas
estruturais da polícia, do Judiciário e do sis-
tema penitenciário; (h) precariedade na co-
leta de dados sobre os homicídios (ausência
de pesquisas mais profundas); (i) política de
contornar o problema internamente [empur-
ra o assunto com a barriga] e amenizar sua
tragicidade nos fóruns internacionais.
As eleições estão chegando. No plano do
aparente do aparente (visível) é hora de co-
locarmos o tema da segurança em pauta, fa-
zendo com que os candidatos assumam com-
promissos orçamentários sérios com a dimi-
nuição do nosso genocídio massivo (que não
desperta nenhuma preocupação nas instân-
cias mais elevadas do poder: a econômica
e a financeira). Mais responsabilidade, mais
orçamento (o federal hoje é ridículo e me-
nor que o do Estado de São Paulo) e um pro-
grama eficiente de prevenção da violência:
é o mínimo que se espera. Outro caminho é come-
çar a impor essa política por meio de medidas ju-
diciais, incluindo-se aí indenizações pesadas contra
as omissões estatais. Nada mudará o tétrico quadro
epidêmico que vivemos se o governo federal e a so-
ciedade brasileira não passarem a adotar uma firme
postura de preservação da vida. É o mínimo que as
balizas civilizadas exigem. No plano do oculto do
aparente se sabe que a mais eficiente política é a
drástica redução das desigualdades. É isso que fize-
ram os mais civilizados países capitalistas e o resul-
tado médio é o seguinte:1 assassinato para cada 100
mil pessoas. Os Estados Unidos, porque desiguais,
contam com quase 5 assassinatos para cada 100 mil.
O Brasil, com os dados de 2012, 29 (é um verdadeiro
genocídio massivo).
Carla Ribeiro
Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Behavioral
Coaching Institute,Mestre em Sociologia/UNB,Doutoranda em
Psicologia Organizacional/UNB,Tetracampeã Mundial de Karate e
de Kickboxing.Email: carla@carlaribeiro.com.br
R
ara empreitada é buscar a realização dos
sonhos. Não me refiro a qualquer desejo,
por vezes fugaz e inconsequente. Falo da-
queles desejos que só de imaginar, a res-
piração muda, os olhos vagueiam na ten-
tativa de salvar na lembrança o que ainda não existe
na memória.
É improvável que alguém com acesso aos meios de
comunicação não tenha escutado razões pelas quais
se deve buscar a realização do que lhe é importante.
Muitas são as vezes que se diz em programas tele-
visivos, palestras, anúncios publicitários, histórias de
superação e motivos para que se busque a realização
dos desejos pessoais para que a vida valha a pena
ser vivida.
Porém, ao invés de ser regra, a realização de sonhos
ainda é exceção. As pessoas dão várias desculpas
para justificar suas desistências. Por exemplo, uma
das desculpas mais comuns é dar mérito a sorte.
Assume-se que aquele que conseguiu realizar seus
sonhos teve muita sorte. E sorte é – como o próprio
nome diz – algo que não está destinado a todos. Se
estivesse não seria sorte,mas predestinação.Por isso,
muitas pessoas desistem porque não se consideram
sortudas.
Outras vezes, argumenta-se que a realização de so-
nhos, uma vida de sucesso está restrita às pessoas
geniais. Quando não se percebe como gênio, descar-
ta-se a possibilidade de conseguir a realização de
um sonho.
Por que a maioria
desiste dos
SONHOS?O medo de falhar faz as pessoas desistirem muito an-
tes de começar. Tenta-se se adaptar ao que se tem,
como se aquilo fosse a conquista desejada. No lugar
da conquista almejada,as pessoas justificam não bus-
car a realização de uma grande carreira, de um gran-
de projeto de maneira muito criativa. Neste contexto,
“grande” não significa algo majestoso do ponto de
vista financeiro. Madre Teresa de Calcutá, São Fran-
cisco de Assis, Gandhi realizaram grandes projetos,
tiveram grandes carreiras, e não se pode dizer que
tenham tido vidas abastadas.
Algumas vezes, a pessoa sabe que tem um dom para
determinada atividade.Mais do isso,aquela atividade
é apaixonante para ela. Mesmo assim, na maioria das
vezes, desiste-se antes de começar a batalha. Digo
“batalha” porque sabemos que a vida não é fácil, e
que é preciso suar para conquistar o que se quer.
Às vezes, a desculpa para não seguir os sonhos re-
pousa na família. Os filhos são os culpados pela de-
sistência, pelos sonhos terem fracassado. Mas na ver-
dade, só existe um responsável pelas suas escolhas:
você! Por isso, não coloque suas desculpas no cônju-
ge, nos filhos, nos pais, no país.Você e só você pode
fazer a sua história.
Por isso, escolha a realização dos seus sonhos. Faça
isso acontecer! Só depende de você.
Seja feliz!
22 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 23
E
stamos envelhecendo.  Não nos preocupe-
mos!  De que adianta, é assim mesmo.  Isso
é um processo natural.  É uma lei do Uni-
verso conhecida como a 2ª Lei da Termodi-
nâmica ou Lei da Entropia.  Essa lei diz que: 
“A energia de um corpo tende a se degenerar e com
isso a desordem do sistema aumenta”.  Portanto, tudo
que foi composto será decomposto, tudo que foi cons-
truído será destruído,tudo foi feito para acabar.  Como
fazemos parte do universo, essa lei também opera em
nós.  Com o tempo os membros se enfraquecem, os
sentidos se embotam.  Sendo assim,relaxe e aproveite. 
Parafraseando Freud:  “A morte é o alvo de tudo que
vive”.  Se você deixar o seu carro no alto de uma mon-
tanha daqui a 10 anos ele estará todo carcomido.  O
mesmo acontece a nós.  O conselho é: Viva.  Faça ape-
nas isso.  Preocupe-se com um dia de cada vez.  Como
disse um dos meus amigos a sua esposa:“use-me, es-
tou acabando!”.  Hilário,porém realista.
Fernando Neves
​Acordar, olhar no espelho com tempo para reconhecer nossa
alegria de estar envelhecendo é um privilégio, pois só fica velho
que não morre jovem. 
Desconheço o autor, mas ​é uma boa mensagem
Envelhecer
Conselho aos da minha geração
 Ficar velho e cheio de rugas é natural.  Não quei-
ra ser jovem novamente, você já foi.  Pare de evocar
lembranças de romances mortos, vai se ferir com a
dor que a si próprio inflige.  Já viveu essa fase, recon-
cilie com a sua situação e permita que o passado se
torne passado.  Esse é o pré-requisito da felicidade. 
“O passado é lenha calcinada.  O futuro é o tempo
que nos resta: finito, porém incerto.” , como já dizia
Cícero.
 Abra a mão daquela beleza exuberante, da memória
infalível, da ausência da barriguinha, da vasta cabe-
leira e do alto desempenho pra não se tornar carica-
tura de si mesmo.  Fazendo isso ganhará qualidade
de vida.  Querer reconquistar esse passado seria um
retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado. 
Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim
você verá que não ficou como outrora.  A flor da ida-
de ficou no pó da estrada.  Então,para que se preocu-
par?!  Guarde os bisturis e toca a vida.
Você sabe quem enche os consultórios dos
cirurgiões plásticos?  Os bonitos.  Você nunca
me verá por lá.  Para o bonito, cada ruga que
aparece é uma tragédia, para o feio ela é até
bem vinda, quem sabe pode melhorar, ele ain-
da alimenta uma esperança.  Os feios são mais
felizes, mais despreocupados com a beleza, na
verdade ela nunca lhes fez falta, utilizaram-se
de outros atributos e recursos.  Inclusive tem
uns que melhoram na medida em que enve-
lhecem.  Para que se preocupar com as rugas,
você demorou tanto para tê-las!  Suas memó-
rias estão salvas nelas.  Não seja obcecado pe-
las aparências, livre-se das coisas superficiais. 
O negócio é zombar do corpo disforme e dos
membros enfraquecidos.
Essa resistência em aceitar as leis da natureza acaba
espalhando sofrimento por todos os cantos.  Advêm
consequências desastrosas quando se busca a moci-
dade eterna, as infinitas paixões, os prazeres sutis e
secretos, as loucas alegrias e os desenfreados praze-
res. Isso se transforma numa dor que você não tem
como aliviar e condena a ruína sua própria alma.  Dis-
creto,sem barulho ou alarde,aceite as imposições da
natureza e viva a sua fase.  Sofrer é tentar resgatar
algo que deveria ter vivido e não viveu.  Se não viveu
na fase devida o melhor a fazer é esquecer.
A causa do sofrimento está no apego, está em querer
que dure o que não foi feito para durar.  É viver uma
fase que não é mais sua.  Tente controlar essas emo-
ções destrutivas e os impulsos mais sombrios.  Isso
pode sufocar a vida e esvaziá-la de sentido.  Não dê
ouvidos a isso, temos a tentação de enfrentar crises
sem o menor fundamento.  Sua mente estará sempre
em conflito se ela se sentir insegura.  A vida é o que
importa.  Concentre-se nisso.  A sabedoria consiste
em aceitar nossos limites.
Você não tem de experimentar todas as coisas, pas-
sar por todas as estradas e conhecer todas as cida-
des.  Isso é loucura, é exagero.  Faça o que pode ser
feito com o que está disponível.  Quer um conselho? 
Esqueça.  Para o seu bem, esqueça o que passou. 
Têm tantas coisas interessantes para se viver na fase
em que está.  Coisas do passado não te pertencem
mais.  Se você tem esposa e filhos experimente viven-
ciar algo que ainda não viveram juntos, faça a festa,
celebre a vida, agora você tem mais tempo, aproveite
essa disponibilidade e desfrute.  Aceitando ou não o
processo vai continuar.  Assuma viver com dignidade
e nobreza a partir de agora.  Nada nos pertence.
Tive um aluno com 60 anos de idade que nunca havia
saído de Belo Horizonte.  Não posso dizer que pelo
fato de conhecer grande parte do Brasil sou mais fe-
liz que ele.  Muito pelo contrário, parecia exatamente
o oposto.  O que importa é o que está dentro de nós,a
velha máxima continua atual como nunca:“quem tem
muito dentro precisa ter pouco fora”.
Esse é o segredo de uma boa vida.
24 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 25
P
or não entenderem como funciona o apren-
dizado, muitas pessoas utilizam técnicas
ineficientes na hora do estudo – e,com isso,
perdem tempo e realizam esforço desne-
cessário, que poderia estar sendo utilizado
para aprender de verdade.
Erro comum observado é o fato de as pessoas “que-
brarem” áreas inteiras do conhecimento a um punha-
do de associações a serem memorizadas. É isso que
acontece quando tentamos apenas decorar o assun-
to: selecionamos pedaços de conteúdos e repetimos
sem pensar. “Acredite: esse é, de
longe, um dos modos mais ineficien-
tes de estudar”, exalta Paulo.
Para começar, a repetição em massa
não é a melhor maneira de garantir
que a memória seja duradoura. Di-
vidir o conhecimento em dezenas
ou até centenas de associações não
é um bom modo de fazer seu cére-
bro processá-lo. As informações são
organizadas de uma maneira bem
mais abstrata do que uma simples
sequência de dados. Para que você
aumente o seu aprendizado, é ne-
cessário aprender a organizar o as-
sunto de outras maneiras.
A repetição espaçada
Memórias são como a vida: a partir do momento em
que nascem, começam a decair.Você esquece as coi-
sas mais rápido do que imagina,“um jeito de exem-
plificar é o seguinte: no primeiro dia você aborda
o conteúdo sabendo 0%; então, vai de 0 a 100% de
conhecimento. No segundo dia, se você não pensou
ou leu a respeito do conteúdo de alguma forma, você
já terá perdido entre 20% e 50% daquilo que apren-
deu. O cérebro está sempre armazenando informa-
ção temporária: pedaços de conversa, números de
telefone, rostos de pessoas. E, ao mesmo tempo, está
sempre esquecendo essas informações. Ao chegar
no dia 30,a taxa de retenção já está por volta de 2% a
3% da original,” resume Paulo.
Porém,você pode mudar isso.Reprocessar a informa-
ção manda um sinal para o cérebro e então a memó-
Paulo Ribeiro
Escritor
Repetição em massa:
uma péssima maneira de aprender 
Paulo Ribeiro, autor do livro
“Os 7 Pilares do Aprendizado:
Usando a Ciência Para
Aprender Mais e Melhor”,
explica porque esse método
é tão ineficiente - e como
aprender de forma melhor.
ria vai ficando cada vez mais forte.
Se você quer resolver o problema do
esquecimento usando força bruta,
simplesmente revise todo dia, todas
as informações que você gostaria
de lembrar, para sempre. Sem per-
ceber, é isso o que você faz diaria-
mente com informações essenciais
para você, como o seu nome, seu
endereço, telefone, etc. A questão é
que ninguém tem tempo disponível
o suficiente para usar a estratégia
“revisar tudo todo dia” e fazê-la fun-
cionar.
O ideal é saber a hora de revisar
o conteúdo, isso muda tudo. Dessa
forma, você traz conteúdo ao nível
máximo de domínio se esforçando o mínimo possí-
vel.“Normalmente, o momento ideal para a primeira
revisão - quando houve decaimento o suficiente que
vale a pena se esforçar para trazer o conteúdo de vol-
ta a 100% - é de 3 a 7 dias.Caso não saiba quando é a
hora de revisar, hoje já existem alguns programas de
computador que auxiliam para dizer a melhor hora
de fazer isso:Mnemosyne,Mnemonodo,iSRS,AnyMe-
mo e o Anki, são alguns deles.
Para maiores informações, o livro “Os 7 Pilares do
Aprendizado: Usando a Ciência Para Aprender Mais
e Melhor” explica detalhadamente como aprender
de forma mais eficiente. E um bônus: aqueles que
comprarem o e-book ganham mais informações so-
bre o Anki, programa de computador que auxilia na
repetição espaçada – utilizado pelo próprio Paulo Ri-
beiro. Confira:
A
disseminação da tecnologia de pron-
tuário eletrônico tem promovido uma
revolução na gestão clínica-hospitalar
e, por consequência, nas rotinas de tra-
balho dos profissionais da saúde. Além
dos impactos diretos no dia a dia das instituições,já é
perceptível um ganho de eficiência a partir da trans-
missão online das informações a res-
peito do histórico dos pacientes e da
migração de conceitos consagrados
da área da saúde para o ambiente da
ferramenta.
Surgida no Brasil nos anos 90, a so-
lução automatiza processos de re-
gistro e atendimento e fornece às
instituições de saúde informações
clínicas de qualidade sobre o histó-
rico dos pacientes. O avanço tem se
consolidado com o surgimento de
uma geração de prontuários eletrô-
nicos com interfaces mais sofistica-
das, tornando o sistema ainda mais
aderente ao dia a dia de enfermei-
ros e médicos e colaborando para a
análise das operações e para a gera-
ção de melhores resultados.
Houve nos últimos anos um processo de certifi-
cação destas soluções, com o estabelecimento
de requisitos obrigatórios e o reforço da neces-
sidade da assinatura eletrônica para validação
jurídica e ética do prontuário eletrônico. Ao
reunir em uma só ferramenta todos os dados
necessários para embasar a ação dos profis-
sionais, estes sistemas colaboram para a segu-
rança no ambiente clínico e hospitalar. Em ou-
tra via, a constante atualização desses sistemas
permite que sejam acopladas a eles funcionali-
dades, de acordo com as necessidades de cada
especialidade e conforme as características de
cada instituição.
A tecnologia torna mais simples e ágeis tarefas
rotineiras, como acessar anotações e recomen-
dações elaboradas pelo corpo clínico, controlar o ca-
minho percorrido por medicamentos da farmácia até
quem precisa recebê-lo e garantir a organização do
histórico de pacientes, sem necessidade de arquivos
em papel.
Assimilados esses ganhos, fornecedores de softwa-
res de prontuário eletrônico já exploram uma nova
divisa: a conexão entre conceitos consagrados e a
tecnologia da ferramenta. Um exemplo desse avan-
Prontuário
eletrônico
transforma rotinas
de trabalho da
Saúde
Nelson Pires
Diretor do segmento de Saúde da TOTVS
ço é a materialização dos Cinco Certos em forma de
uma solução de tecnologia. O conceito consiste na
checagem de cinco pontos antes da administração
de um medicamento: paciente, medicamento, dose,
via e horário. A conferência, antes feita mentalmente
ou em uma prancheta pelo enfermeiro, agora pode
ser controlada de forma informatizada no prontuário
eletrônico.
O sistema permite checar automaticamente o acesso
26 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 27
ao prontuário do paciente correto e iden-
tificar, por meio de leitura de código de
barras, o medicamento, seu lote e valida-
de. A conferência de cada etapa libera a
passagem para a próxima fase. Mesmo os
“certos”feitos manualmente,por meio da
marcação de checks, são registrados no
sistema e, assim, o funcionário é formal-
mente responsável por ter cumprido com
aquele procedimento.
A integração ilustra o potencial do pron-
tuário eletrônico de colaborar com res-
postas a uma questão crítica da área da
Saúde: o combate a erros e a promoção
da segurança no ambiente clínico-hos-
pitalar. Com a tecnologia em constante
atualização, as possibilidades de uso do
prontuário eletrônico em prol das rotinas
dos profissionais de saúde tornam-se in-
finitas.
Sobre a TOTVS
Top provedor de software de gestão,
plataforma e consultoria para empre-
sas - com mais de 50% de marketshare
no Brasil, liderança na América Latina*
e sendo uma das maiores provedoras de
ERP Suite do mundo -, a TOTVS é uma de-
senvolvedora de tecnologia e serviços
para empresas de todos os portes. Consi-
derada a 22ª marca mais valiosa do Brasil,
avaliada em US$ 569 milhões, segundo o
ranking da BrandAnalytics, a TOTVS pos-
sui no país cinco filiais, 52 franquias, mais
de 200 distribuidores e nove centros de
desenvolvimento. No exterior, tem clien-
tes em 39 países, entre filiais, franquias e
dois centros de desenvolvimento (Esta-
dos Unidos e México).
Com o compromisso de tornar os seus
clientes competitivos no mercado que
atuam, oferece soluções para 10 segmen-
tos. Suas operações são conduzidas por
três conceitos: tecnologia fluída, essen-
cialidade e ERP ágil, complementados
por um amplo portfólio de soluções ver-
ticais e por serviços como Consultoria de
Negócios, Cloud Computing e SaaS.  Em
2013, registrou R$ 1,6 bilhão em receitas. 
Mais informações em www.totvs.com.
D
irigido por alguns dos mais consa-
grados diretores, “Rio, Eu Te Amo”,
tem o primeiro trailer divulgado. O
vídeo, disponível no linkhttp://youtu.
be/dAXt0VpLsnQ, reúne cenas do fil-
me que retratam os mais diversos tipos de relações
e de amores:os jovens,os roubados,os não corres-
pondidos, os relâmpagos e até os tímidos. As 23
estrelas nacionais e internacionais que integram
o elenco, entre elas, Fernanda Montenegro, Ro-
drigo Santoro, Vincent Cassel, Jason Isaacs, Cláu-
dia Abreu, John Turturro, Emily Mortimer, Marcelo
Serrado, Harvey Keitel e Vanessa Paradis, vivem
histórias emocionantes nos principais cenários da
Cidade Maravilhosa, como a Praia de Copacaba-
na, o Pão de Açúcar, as ruas do Vidigal e o Theatro
Municipal.
Com estreia marcada para 11 de setembro, o
filme brasileiro da franquia “Cities of Love” é
produzido pela Conspiração Filmes, Empyrean
Pictures e BossaNovaFilms. Além do longa-
metragem, foi criado um movimento de amor
ao Rio chamado #RIOEUTEAMO  que incentivou
os amantes da cidade a se mobilizarem em
intervenções e eventos.
‘Rio, Eu Te Amo’ ganha trailer oficial
FILME BRASILEIRO DA FRANQUIA ‘CITIES OF LOVE’ ESTREIA NOS CINEMAS EM 11 DE SETEMBRO
por recursos obtidos através dos
incentivos fiscais federais da Lei
8.685/93. A distribuição no Brasil
e na América Latina é da Warner
Bros e as vendas internacionais
estão a cargo da WestEnd Films,
de Londres.
#RioEuTeAmo
Lançado em outubro de 2012, o
movimento de amor à cidade que
virou filme – #RioEuTeAmo – tem
mobilizado milhões de pessoas.
No Facebook são mais de um
milhão de fãs e no Instagram
quase 60 mil fotos foram postadas
com a hashtag #rioeuteamo.
As ações também se espalham
por todos os cantos da cidade:
apresentação de Orquestra Sinfônica Ambulante
no Complexo do Alemão, show flutuante para o
público da mureta da Urca, flashmob na estação
Siqueira Campos do metrô (na hora do rush),
distribuição gratuita de mais de cinco mil flores
na Lagoa Rodrigo de Freitas, feijoada com a Velha
Guarda da Mangu.
- Reunimos algumas das maiores
mentes criativas do cinema
mundial e um elenco estrelar para
realizar esse projeto.E o resultado
é uma bela homenagem à Cidade
Maravilhosa partindo dos mais
variados pontos de vista – afirma
o produtor Leonardo Barros.
A franquia “Cities of Love” foi
iniciada com a produção de
“Paris, Eu Te Amo”, que abriu o
Festival de Cannes em 2006. O
sucesso deste primeiro trabalho
convenceu Emmanuel Benbihy,
criador do projeto, de que
ele deveria percorrer outros
continentes e cidades, como
Nova York e Xangai. Assim, o
segundo filme “Nova York, Eu Te
Amo”ficou pronto em 2009.A partir daí,o produtor
começou a licenciar a franquia para produtores
estrangeiros, como ocorreu no caso do “Rio, Eu
Te Amo”. O filme teve patrocínio de O Boticário
(patrocinador-master), Nextel, Santander, Unilever,
Fiat e Brasil Kirin; e apoio da RioFilme/Prefeitura
do Rio.“Rio, Eu Te Amo” é parcialmente financiado
28 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 29
R
evolucionar a recuperação de paraplé-
gicos e tetraplégicos, aumentando a es-
perança dos pacientes e alcançando re-
sultados inéditos no País. Esse é um dos
principais objetivos do dr. Beny Schmidt
e da equipe da Unifesp criada especialmente para
testar a técnica de implante de  eletrodos neuroes-
timuladores nos nervos ciático, femoral e pudendo
(nervos sacrais). Localizados na região abdominal,
eles são os responsáveis pelos movimentos das per-
nas e pés e pelo controle da bexiga e do reto.
O implante é feito por videolaparoscopia, de forma
pouco invasiva. Além da menor agressividade cirúr-
gica, a possibilidade de tratamento sem necessida-
de de seccionar as raízes nervosas é outra vantagem
da técnica. “A neuromodulação,técnica que se inicia
na Unifesp e em outros centros especializados pelo
mundo na qual são colocados eletrodos em nervos
periféricos, talvez seja, na história da Medicina, a
mais criativa iniciativa da ciência na área neuromus-
cular”,afirma Schmidt. “Esperamos alcançar resulta-
dos ainda melhores do que os obtidos fora do Brasil,
pois combinamos as vantagens da neuromodulação
a novas técnicas desenvolvidas por nossa equipe
aqui no Brasil”, completa o especialista.
Na prática, espera-se uma série de benefícios para
os pacientes, como controle da função urinária e da
incontinência de fezes, ganho de massa muscular
nos membros inferiores e a possibilidade de ficar
de pé e até mesmo andar, com o auxílio de andador.
Nucelio Lemos, que faz parte da equipe com o dr.
Schmidt, explica que a grande inovação da nova
técnica é o local de implante dos eletrodos que, em
vez de serem colocados na medula, são implantados
após a formação dos nervos. “Desta forma, conse-
guimos respostas mais específicas aos estímulos”,
afirma.
Técnica revolucionária para recuperação de
paraplégicos e
tetraplégicos
Sobre o Dr. Beny Schmidt
Beny Schmidt é chefe do Laboratório de Patologia
Neuromuscular e professor adjunto de Patologia
Cirúrgica da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp). Ele e sua equipe são responsáveis pelo
maior acervo de doenças musculares do mundo,
com mais de dez mil biópsias realizadas, e ajudou
a localizar,dentro da célula muscular,a proteína in-
dispensável para o bom funcionamento do músculo
esquelético - a distrofina.
Beny Schmidt possui larga experiência na área de
medicina esportiva,na qual já realizou consultorias
para a liberação de jogadores no futebol profis-
sional e atletas olímpicos. Foi um dos criadores do
primeiro Centro Científico Esportivo do Brasil,atual
Reffis,do São Paulo Futebol Clube,e do CECAP.
Historinhas do Vinil
Roberto Nogueira
Consultor da Presidência da Confederação Nacional do Comércio
robertonogueira@terra.com.br
Q
ue sorte a minha, a sua e de todos que
viveram vidas paralelas à de Chico
e tantos outros gênios que chegaram
aos 70 ou dele estão próximos. Quan-
do criança pequena lá em Juiz de Fora
pensava que o limite era 55.A boemia do Manoel Ho-
nório de vez em quando perdia alguém, mas se con-
solava rápido quando do fundo do velório ouvia-se
a justificativa,“já estava com 55”. Com 55 era morte,
AVC,depressão,bebida ou qualquer coisa assim,me-
nos vida saudável.
Chico está aí,70 anos com cara de menino,permitam-
me o exagero. Vivo o suficiente para cantar, compor
e encantar. Chico é uma (quase) unanimidade. Dele
tenho quatro dezenas de LP. Desde o primeiro com
cara de menino, realmente, até Chico Canta (excep-
cional), Ópera do Malandro e tantos outros.
Cobram de Chico, novos grandes sucessos. Por quê?
Não se satisfazem com a genial obra que atravessará
Chico,
70 anos!
gerações? Se Chico fizer uma música como Caroli-
na, por exemplo, não vai tocar nas rádios, nem na TV,
poucos se sentirão tocados pela beleza de seus ver-
sos, simplesmente porque as rádios e as TVs estão
entupidas dessa música baiana de quinta categoria
e por esse sertanejo que de sertanejo nada tem. As
melodias são as mesmas, as vozes são as mesmas, as
roupinhas são as mesmas, mesmos também são os
penteados e as sobrancelhas.
Estamos condenados a ouvir essas porcarias, a me-
nos que tenhamos em casa vitrolas e LPS do qual ex-
traímos versos e melodias sublimes como “te agar-
rei nos seus cabelos, nos teus pés, no teu pijama, aos
pés da cama” e um filme vai passando enquanto Elis
interpreta Chico, geme de dor e é possível vê-la ar-
rastar-se.“Atrás da Porta” é simplesmente belíssima,
das melhores de Chico.
E Construção. Pedro Pedreiro. Olhos nos Olhos. Cá-
lice. A banda. Roda Viva. “Tens dias que a gente se
30 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 31
sente/como quem partiu ou morreu/a gente estan-
cou de repente/ou foi o mundo então que cresceu/a
gente quer ter voz ativa/no nosso destino mandar/
mas eis que chega a roda-viva e carrega o destino
prá lá”. Quanto talento para dizer que a ditadura era
um estorvo em nossas vidas, interferindo em nossos
destinos.
E“Trocando em Miúdos,podes guardar/as sobras de
tudo que chamam lar/as sombras de tudo que fomos
nós/as marcas de amor em nossos lençóis/as nossas
melhores lembranças/aquela esperança de tudo se
ajeitar”. Chico tem (não é tinha, é tem mesmo) uma
capacidade extraordinária de emprestar beleza nas
situações mais corriqueiras e nas mais dramáticas e
difíceis da relação humana entre homem e mulher,
seja pensando como homem ou mulher.
Outro talento de Chico é driblar a censura sempre
com muita competência, ironia e porque não dizer
com certo escárnio, merecido escárnio. Os censures
podiam se debruçar sobre seus versos, uma, duas,
dez vezes e continuavam incapazes de definir e in-
terpretar o que ele realmente queria dizer. Quando
a censura começou a incomodar muito Chico deu o
golpe final, criou o personagem Julinho da Adelaide,
e foi com esse nome que muitas de suas músicas pas-
saram pela censura como alguns brasilienses pas-
sam pelo sinal vermelho. Rápido. Esse foi o escárnio
maior.
Esse fato é a evidência que a censura era a Chico e
não a seus versos. Chico era o mal a ser contido, ca-
lado. Mas não se censura pensamento, nem talento e
Chico seguiu emplacando ideias e sucessos e a cen-
sura se afundando cada vez mais em sua própria es-
tupidez.
A censura liberou “Apesar de Você” pensando que
Chico falava de uma relação amorosa qualquer.
De fato era, mas não no sentido bíblico. Era
uma aventura amorosa com seu país, com
a democracia e a liberdade. No gover-
no Médici ela foi proibida de tocar nas
rádios. Mas foi liberada no final do
governo Geisel, no tempo da aber-
tura “lenta, gradual e segura”. Com
censura ou não, o hino da luta contra
a repressão caiu na boca do povo.
Em “Apesar de Você” todos os versos
são lindos, mas destaco um momento
especial: Apesar de você/Amanhã há de
ser outro dia/Inda pago pra ver o jardim flo-
rescer qual você não queria/Você vai se amargar
vendo o dia raiar sem lhe pedir licença/E eu vou mor-
reu de rir/Que esse dia há de vir/Antes do que você
pensa.
Vejam bem o poder que a ditadura pensava ter, o de
exigir que o dia peça-lhe licença para nascer. E Chi-
co constrói a simbologia impensável, o dia vai raiar
sem pedir licença à ditadura. Nesse dia acabou-se
a ditadura. Esse é o recado. E Chico fecha a canção
com um Você vai se dar mal/ etc.e tal.Não me recordo
de outro etc.e tal tão bem usado,deixando em aberto
o que viria contra os opressores.
Viva CHICO.
Pedro Valls
Desembargador
O
assunto é conhecido. A cada vez que
um crime bárbaro é cometido reapare-
cem as intermináveis discussões sobre
a pena de morte e a redução da idade
penal. Nestes momentos, como alerta-
va Dupré,“os homens olham menos com os olhos do
que com a paixão dos seus corações”.
E foi assim que uma menina de dois anos – repito,
dois anos – foi investigada pela polícia do Reino Uni-
do, acusada de vandalismo. Ainda naquele país uma
outra criança, de dez anos de idade, foi parar na ca-
deia, acusada de estupro.
Nos Estados Unidos da América, duas crianças tive-
ram a infeliz ideia de fazer um desenho no qual um
colega aparece enforcado. Apesar de terem apenas
nove e dez anos,foram retiradas da escola algemadas
e conduzidas a uma prisão,sob a acusação de“amea-
ça de morte”.
Ainda naquele país houve o caso dos dois estupra-
dores que foram parar dentro de uma cadeia – o pri-
meiro deles tinha oito anos de idade, e o segundo
nove. Há também o caso do menino de 13 anos con-
denado por um homicídio que cometeu quando tinha
11 – a pena foi de prisão perpétua. De nada adiantou
os psicólogos explicarem, durante o julgamento, que
alguém com onze anos tem apenas dois terços do cé-
rebro desenvolvido, em comparação com um adulto.
Há poucos anos um estudo realizado naquele país
descobriu crianças cumprindo pena em penitenciá-
rias por conta dos delitos mais bizarros:uma,de onze
anos, havia ameaçado a professora em um momento
de ira, outra havia desobedecido seu pai, uma tercei-
ra não havia arrumado o quarto e uma quarta havia
“matado” aulas.
A pergunta que modestamente faço é: resolveu? Não.
Tanto assim que no Reino Unido já se estuda até a
Precisamos
mesmo de
leis mais
duras? possibilidade de prender os pais por conta da má
conduta dos filhos. Aliás, e quanto aos maiores? Va-
mos a eles.
No civilizado Japão,onde há pena de morte,até doen-
tes mentais são executados. Isto me faz lembrar do
caso de um outro, condenado à morte nos EUA, que
foi tratado até que ficasse são o suficiente para ser
executado.Em Tonga,o furto de comida é punido com
chicotadas. Na Arábia Saudita, ladrões são condena-
dos à amputação das mãos em praça pública.Na Chi-
na,corruptos são executados em estádios,cabendo à
família a humilhação final de pagar os custos da bala
utilizada no ato. No Vietnã o tráfico de entorpecentes
é punido com a morte. E novamente a pergunta que
faço é: resolveu? Não! Todos estes países discutem
soluções para os índices crescentes de criminalida-
de – inclusive com a adoção de leis ainda mais duras.
Talvez, em verdade, devêssemos trilhar o caminho
oposto: leis não tão duras, mas que fossem efetiva-
mente cumpridas quanto a todos,e não quanto a pou-
cos. Assim, no Reino Unido e EUA, apenas 5% dos
estupradores são punidos – e na Austrália meros 1%.
Na Holanda,apenas 350 mil dos 1,2 milhão de crimes
anuais chegam a ser investigados. Na Argentina, me-
nos de 1% dos crimes resultam em condenação. Na
Espanha,apenas 0,1% dos incendiários chegam a ser
julgados.
Aqui mesmo, no Brasil, apenas 2,5% dos crimes aca-
bam em processo – os restantes,nem nisso! E,quanto
aos que acabam em processo, registra-se a vergo-
nhosa estatística de que apenas 1% dos condenados
cumprem suas penas até o fim!
Diante deste quadro, arrisco dizer que seria menos
doloroso voltarmos ao século XIX,rumo ao sábio con-
selho de Thomas Jefferson, segundo quem “a aplica-
ção das leis é mais importante que a sua elaboração”.
32 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 33
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Corrida rumo ao Buriti

  • 1. Publicação mensal | Edição 99 Ano XII JUN | 2014 www.revistaentrelagos.com.br Começa a corrida rumo ao BuritiOs partidos já definiram em convenções os nomes de seus candidatos ao Buriti, e agora começam a maratona de campanha em busca de votos. Leia na página 20 Chico 70 anos, ainda o melhor. Pág. 31 Arruda Agnelo Rollemberg Pitman Toninho Brasília, show de bola também na Copa. Página 13 MÁRCIA ZARUR
  • 2. Anuncie conoscoLigue (BSB) 61 8170 3702 / (RIO) 02121 7854 4428 ou acesse www.revistaentrelagos.com.br A Revista Entre Lagos possui 10 anos de tradição. É distribuída gratuitamente em pontos comerciais e órgãos públicos. Diretor Responsável: José Natal Diretora Comercial: Carla Alessandra dos S. Ferreira Edição: Kátia Maia Projeto gráfico e diagramação: Evaldo Gomes de Abreu Impressão: Gráfica e Editora Ideal Colaboradores: Alexandre Garcia, Luís Natal, Ricardo Noblat, José Fonseca, Sheila D´Amorim, Wilson Ibiapina, Milton Seligman, MônicaWaldvolgel, Mayrluce Vilella, Paulo Pestana, Silvestre Gorgulho, Heraldo Pereira, Gilnei Rampazzo, Fernando Guedes, Christiane Samarco, Greicy Pessoa, Luzinete Marques, Carlos Campbel, Fernando Isoppo e Silvia Caetano. Chris Nascimento/SÃO PAULO fabiana fernandes/curitiba ENTRE LAGOS/RIO Editora: Dayse Nascimento (02121 7854 4428) Colaboradores: Carlos Sampaio, Cássia Olival, Ronsangela Alvarenga, Paulo César Feital, Daisy Nascimento e Luis Augusto Gollo. www.revistaentrelagos.com.br E x p e d i e n t e Rio Grande Comunicação S/S Ltda Shcn CL quadra 211 Bloco A Nº 10 - Sala 218 - Brasília - DF. Cnpj: 33.459.231/0001-17 Tel.: (61) 8170.3702 - 3366.2393 André Gustavo Jornalista A FOTO DO FATO TRISTEZA NÃO TEM FIM... Relógio ao contrário A lgumas verdades precisam ser ditas. Nos dias de hoje a mais relevante de- las é que a Copa do Mundo do Brasil é um sucesso. A improvisação nacional marcou um golaço. Conseguiu construir estádios em tempo absolutamente incrível,contornar problemas e entregar o que foi prometido. Alguns fi- caram prontos na véspera do início do torneio,dentro do jeitinho nacional. Mas as confusões são pequenas para um evento com essas proporções.Visto no mun- do inteiro e, particularmente nos Estados Unidos, o evento bate recordes de audiência na televisão. Ninguém esperava resultado tão bom.Os manifestan- tes resolveram assistir os jogos ao invés de protes- tar. As manifestações tornaram-se ridiculamente pe- quenas e o pessoal se jogou com vontade na religião nacional, que é o futebol. Além das surpresas que o esporte proporciona – a classificação inesperada de azarões – os aeroportos funcionaram normalmente e o sistema de transportes aguentou a sobrecarga. En- fim, até agora o show transcorreu com normalidade insuspeitada.Naturalmente,escrevo antes do jogo do Brasil. Depois dele não sei o que pode acontecer. Minuto de silêncio Mas a outra verdade é que a presidente Dilma Rous- seff não comparece aos jogos. As manifestações que cessaram nas ruas reaparecem quando ela entra em algum estádio. É uma pena que a chefe de governo não tenha feito companhia aos muitos chefes de es- tado que aproveitaram a Copa do Mundo para vir ao Brasil.No jogo final está prevista a presença de vários chefes de Estado,entre elesVladimir Putin,o todo po- deroso, da Rússia. É preciso coragem para sentar na tribuna de honra do Maracanã e se expor ao público. Lá, como dizia Nelson Rodrigues, o torcedor vaia até minuto de silên- cio. Mas, agora, ela afirma que vai. A tensão proporcionada pelos jo- gos da Copa do Mundo tirou das primeiras páginas dos jornais as negociações que estão ocorrendo no mundo da política. No Rio de Janeiro ocorreu um festival de traições e ameaças. O senador Lindbergh Farias, do PT, decidiu concorrer ao governo estadual, contrariando o que havia sido acordado entre o ex- governador Sérgio Cabral e o ex-presidente Lula. Esse fato detonou uma série de acomodações e até o ex-prefeito César Maia transformou-se em candidato a Senador na chapa da situação. O prefeito da cidade Eduardo Paes manteve sua opção preferencial pela candidatura Dilma Rousseff. Seus antigos correligio- nários passaram para o lado de Aécio Neves, no voto chamado de Aezão. O PTB em bloco abandonou o governo Dilma Rous- seff e abraçou a candidatura do mineiro, que preten- de colocar uma boa frente em votos no Rio, em São Paulo e Minas. A convenção do PP terminou na justi- ça. Manobras em cima de manobras fizeram com que a convenção, em voto secretíssimo – ninguém sabe quem votou em quem – decidiu apoiar a presidente Dilma Rousseff. A questão está no Tribunal Superior Eleitoral. A senadora Ana Amélia quer anular a con- venção. E o PR ameaçou abandonar a base se não lhe fosse entregue o Ministério dos Transportes. A presi- dente resistiu até o limite, mas cedeu. César Borges perdeu o Ministério e foi realocado na Secretaria de Portos. O antigo ministro, Paulo Sérgio Passos, retor- nou à sua função anterior. 2 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 3
  • 3. Ameaças São movimentos nervosos, de baixa visibilidade, com objetivo apenas de conceder maior tempo de televisão no programa eleitoral chamado de gratuito. Mas os movimentos de cúpula não segu- ram as bases. Lá na ponta o prefeito e seus cabos eleitorais fazem o jogo deles, que nem sempre coincide com o objetivo do Palácio do Planalto. Por essa razão,dentro do governo existem órgãos específicos que procuram saber quem são os dis- sidentes e chamá-los para uma conversa amena. Bem amena.Promessas de um lado e ameaças de outro.Daqui a dois anos haverá eleição municipal em todo o país. Se as pesquisas de opinião estiverem razoavel- mente perto da verdade, haverá segundo turno nas eleições de outubro. Neste caso, a situação será radicalmente modificada. O tempo de televi- são é igual para os dois candidatos.Não importa o tamanho da aliança de cada um deles. Mais acor- dos estranhos e inesperados irão acontecer.A luta pelo poder justifica essas ações,que não guardam nenhuma semelhança com a melhor prática políti- ca,nem obedecem a qualquer ideologia. Os argentinos, além de invadirem o Brasil por causa do futebol, estão proporcionando grandes emoções no mercado financeiro internacional. Eles pagaram um bilhão de dólares a seus credo- res que admitiram a renegociação de seus títulos. Mas os que não aceitaram os termos de reestrutu- ração da dívida estão de olho no dinheiro. Já en- traram na Justiça norte-americana para bloquear o pagamento. Eles querem a parte deles. Essa confusão pode balançar o mercado financeiro in- ternacional. O Brasil sofrerá consequências por- que o investidor coloca os dois países dentro do balaio América do Sul. E as exportações para o país vizinho vão cair ainda mais. Deve ser por causa disso que o Banco Central es- tima que o crescimento do produto interno bruto fique em 1,6% (o mercado prevê 1,1%) e a infla- ção chegue a 6,4% neste ano. Não são números bons. Ao contrário, alimentam o desânimo e o mau humor nacional. Junto a essa aparente des- coordenação nacional as manobras para sacar sobre o caixa da Petrobras para cumprir o supe- rávit primário trazem mais reações negativas. Só falta adotar aqui o sistema boliviano de contar horas.Lá os relógios andam ao contrário.Ou seja, caminham para trás em busca de algum sonho perdido no Andes. É o mergulho no passado. H á alguns anos intensificou-se o amplo debate acerca do impacto da ação hu- mana sobre os recursos naturais – e,nes- se processo, teve início o debate sobre as responsabilidades individuais, cor- porativas e coletivas. A obsolescência de produtos, a aquisição de alimentos orgânicos e a adequação de processos de produção que privilegiem a economia de água e energia elétrica passaram a ser uma preo- cupação de cidadãos de diferentes vertentes, que se converteram emeco-friendly. Nesse contexto, o con- ceito de consumo consciente surgiu em forma de um movimento que tem impelido o indivíduo a adotar práticas para minimizar o impacto ambiental do con- sumo. Pesquisa exclusiva da Shopper Experience – realizada em parceria com a revista Consumidor Mo- derno – mostra o quanto a tendência está presente na vida do consumidor brasileiro.  A pesquisa Consumo Consciente – que conta com 1.520 entrevistas, homens e mulheres, das classes A, B e C,de 21 anos a 65 anos,residentes nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Curitiba – aponta que 63,55% dos consumidores brasileiros acreditam Pesquisa aponta que 63,55% dos brasileiros acreditam que o“consumo consciente” é sua responsabilidade Estudo exclusivo conduzido pela Shopper Experience em parceria com a revista Consumidor Moderno revela que 63,55% dos entrevistados acreditam que a responsabilidade por práticas associadas ao consumo consciente é do próprio consumidor; 57,17% apontam os governos como principais responsáveis. A pesquisa conta, ainda, com um ranking das marcas que estão mais associadas ao consumo consciente – seja pelo processo de produção, seja pela condução dos negócios e relacionamento com os clientes. Nestlé, Coca- Cola,Ypê, Natura, Electrolux, Samsung, Fiat,Walmart (em duas categorias), Hering, Pão de Açúcar, Ultrafarma, McDonald’s, Leroy Merlin, Mercado Livre e TAM lideram o ranking. que o próprio consumidor é responsável por atitudes responsáveis com relação ao consumo. Na segunda posição do ranking, aparece o governo (57,17%), se- guido por empresas brasileiras (45,99%); empresas multinacionais (45,33%);organizações internacionais (36,51%); ONGs (36,18%); países ricos (32,04%); e países pobres (28,09%). A pesquisa traz um ranking com as empresas que mais representam o Consumo Consciente nas cate- gorias alimentos, refrigerantes, limpeza para casa, higiene pessoal e perfumaria, eletrodomésticos, ele- trônicos, carros nacionais, varejo eletro, varejo moda, supermercados, hipermercados, farmácia, fast food, varejo materiais de construção, loja virtual e compa- nhias aéreas. Segundo Stella Kochen Susskind, presidente da Shopper Experience e coordenadora da pes- quisa, a crise econômica mundial trouxe a busca por uma vida sustentável –tendência que influen- ciou o brasileiro.“A pes- quisa mostra claramente que o consumidor bra- sileiro está repensando valores e atitudes; repo- sicionando o modo de viver e avaliando o impacto dos hábitos de consumo na saúde econômica e so- cioambiental do planeta”, avalia a executiva, acres- centando que o consumidor quer ter marcas e gover- nos como parceiros nesse processo de consolidação de um consumo mais consciente em toda a cadeia de produção. “Mas, cabe ressaltar que poucas marcas estão prontas para serem parceiras desse novo con- sumidor”, finaliza. Já Roberto Meir, especialista internacional em rela- ções de consumo e idealizador da pesquisa, ressalta 4 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 5
  • 4. a importância de se alinhar o discurso das marcas e governos a esta nova ética de consumo.“É fundamen- tal que empresas e autoridades se adequem a esta nova cultura, que visa à redução de impactos am- bientais e eficiência de recursos”, afirma o especia- lista,complementando que,com o aumento do poder aquisitivo, ficou evidente um maior desperdício e in- dolência por parte da população.“É preciso fornecer cada vez mais informações para orientar as escolhas dos consumidores”, conclui. Destaques da pesquisa - Entre as práticas individuais – iniciativas do cidadão –, mais associadas pelos consumidores ao consumo consciente destacam-se o não desperdício de água (64,08%); reciclagem e separação do lixo (60,79%); economia de energia elétrica (59,14%); comprar produtos de empresas socialmente responsáveis (52,11%); evitar descarte de alimentos (44,28%); comprar produtos orgânicos (42,76%); utilizar o transporte público (41,05%); se utilizar carro, dividir com caronas (40,39%); trocar o carro pela bicicleta (38,82%); e não consumir produtos testados em ani- mais (30%). - No âmbito econômico, sinônimo de consumo consciente individual é evitar compras por impul- so (57,57%); seguido por uso consciente do crédito (48,95%); não acumular dívidas/controle de dívidas (49,28%);alocação consciente do orçamento familiar (48,16%); poupar parte dos ganhos (47,89%); pedir nota fiscal (37,04%); declarar notas fiscais em siste- mas de controle (26,38%); usar créditos das notas para dedução de impostos (28,29%); e fazer previ- dência privada (23,95%).  - No âmbito social, as práticas mais associadas ao consumo consciente individual são evitar comprar produtos de empresas envolvidas em casos de ex- ploração infantil e trabalho em locais inadequados (55,33%); doar bens não utilizados para institui- ções de caridade (55%); realizar trabalho volun- tário (48,16%); participar de algum projeto social (45,79%); doar dinheiro para instituições de carida- de (18,29%); participar de petições e protestos nas redes sociais (17,96%);e participar de manifestações nas ruas (11,71%). - No âmbito ambiental,as práticas individuais são uti- lização de materiais recicláveis (59,80%);reciclagem de lixo (59,01%); adoção de práticas de redução de resíduos poluentes (56,97%); programas e iniciati- vas de redução do impacto ambiental (54,74%); uti- lizar papel reciclado/ecológico (52,30%);  investi- mento em inovações baseadas na sustentabilidade (49,93%); manejo sustentável de insumos naturais (45%); e controle do material consumido (42,11%). - Sobre a questão relativa a práticas ambientais de consumo consciente associadas a empresas, o ran- king é encabeçado por utilização de materiais reci- cláveis e reciclagem de lixo,respectivamente 59,80% e 59,01%. Na última posição, com 34,28%, está a não realização de testes de produtos em animais. - No âmbito econômico, as empresas que são mais associadas ao consumo consciente realizam progra- ma de educação financeira voltada ao consumidor (48,49%) e têm programas de capacitação socioam- biental para os colaboradores (48,03%).As empresas que mantêm doações para entidades filantrópicas são apontadas por 22,76% dos entrevistados como sinônimo de consumo consciente. - No âmbito social, as empresas que merecem des- taque na opinião dos entrevistados são as que man- têm patrocínio/apoio a projetos e causas sociais (51,12%); em segundo lugar no ranking, com 50,66% está a educação do consumidor sobre práticas para um modo de vida mais sustentável. Ações de disci- plina para evitar qualquer tipo de discriminação fo- ram apontadas por 34,34% dos entrevistados como a principal prática empresarial de consumo conscien- te. As empresas que mais representam ALIMENTOS: Nestlé (26,36%) REFRIGERANTES: Coca-Cola (21,28%) LIMPEZA PARA CASA: Ypê (23,74%) HIGIENE PESSOAL E Natura (60,83%) ELETRODOMÉSTICOS: Electrolux (22,29%) ELETRÔNICOS: Samsung (19,43%) CARROS NACIONAIS: Fiat (10,36%) VAREJO ELETRO: Walmart (14,99%) VAREJO MODA: Hering (29,19%) SUPERMERCADOS: Pão de Açúcar (29,94%) HIPERMERCADOS: Walmart (15,63%) FARMÁCIA: Ultrafarma (15,02%) FAST FOOD: McDonald’s (10,67%) VAREJO MATERIAIS Leroy Merlin (27,77%) LOJAVIRTUAL: Mercado Livre (8,88%) COMPANHIAS TAM (18,24%)   SHOPPER EXPERIENCE Com produtos inovadores e ser- viços exclusivos, a Shopper Ex- perience – empresa brasileira líder da indústria de mystery shopping (cliente secreto) – pro- duz conhecimento sobre a expe- riência dos clientes com produ- tos e marcas. O trabalho de uma equipe formada por especialistas experientes na avaliação do aten- dimento ao consumidor por meio da metodologia de pesquisa ba- seada no cliente secreto – concei- to que foi implementado no Brasil por Stella Kochen Susskind,funda- dora e presidente da Shopper Ex- perience –,faz com que a Shopper Experience tenha o maior índice de recompra e recomendação do setor, atendendo a clientes como C&A, Bradesco, Natura e TAM, en- tre outros. A Shopper Experience possui uma área de negócios para atuar com a diversidade, ou seja, inves- tir na formação e no treinamento de uma rede de clientes secre- tos diferenciada que traz para os gestores a sensação retrô, mas eficiente, de “barriga no balcão”. Entre os principais ativos da Sho- pper Experience está o profun- do conhecimento do universo do consumidor e dos clientes. Com o maior banco de dados composto por clientes secretos do país, 67 mil consumidores, a Shopper Ex- perience desvenda o emocional com a razão, aliando pioneiris- mo e inovação constante – o que torna a empresa uma referência nacional no mercado de pesqui- sas. Entre os produtos da Shopper Experience, destacam-se Secret Shopper/Cliente Secreto, Custo- mer Experience e Pesquisas ad hoc (qualitativas e quantitativas). V incular uma marca à imagem de uma celebridade pode ser bastante vantajoso. Se o artista passa por um momento de grande movimentação na mídia e seu nome está cotado no mundo das personalida- des, a marca pode aproveitar o gancho de populari- dade para crescer em conjunto. Mas, como tudo o que traz bons resultados, é necessário ter atenção constante, além de encarar as responsabilidades de assumir o controle quando necessário. Veja cinco boas dicas de como aproveitar o auge de um artista a favor de uma estratégia de marketing. Autenticidade O universo do artista, mesmo que por ve- zes pareça infinitamente vasto, tem um limite. É necessário, por- tanto, definir a mensagem que será disparada pela celebridade para que nada soe falso ou pré-determinado. O intuito é que a campanha tenha o tom mais natural possível. Frequência Pouco adianta se uma celebridade cita sua marca uma vez e depois nunca mais. Incluir pequenas ações de marketing aos atos cotidianos dos famosos que são postados em redes sociais, como a interação com outros artistas, comentários sobre atividades corriqueiras do lar, hobbies, dar dicas e tecer opiniões, é essencial. Liberdade O coaching direto, que é o ato de explicar exata- mente o que a celebridade precisa fazer ou quais os modos de agir na Internet, é prejudicial a uma ação de Celebrity Branded Content. Mesmo que o artista saia do roteiro, é aconselhável que ele mesmo guie sua atividade online, dessa forma a campanha pode ser a primeira de muitas parcerias entre marca e celebri- dade. Reuniões estratégicas Estratégias específicas são úteis e devem ser realizadas bem antes do início das ações. Man- ter o diálogo fluido com a personalidade, sem imposições por parte dos organizadores da campanha, também é recomendado. Monitoramento Deixar que a celebridade caminhe so- zinha é ótimo – a campanha só funciona dessa forma. Mas é fun- damental que a agência esteja atenta ao que acontece durante a ação. Se o direcionamento das postagens seguirem tortuosamen- te, ter um profissional que resolva qualquer situação embaraçosa envolvendo o nome da marca ou da personalidade é a solução mais indicada. Felipe Iacocca Felipe Iacocca é sócio diretor da iFruit, agência especializada na comercialização de mídias nas redes sociais de celebridades 5 dicas para aproveitar o momento do artista no auge da fama 6 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 7
  • 5. S ei lá se o Brasil vai ganhar a taça. Espero que sim. Mas essa glória será menos importante que o inegável sucesso da Copa, que nós e o mundo já estamos vendo. Está sendo perfei- ta? Claro que não. Ninguém com mínimo bom senso poderia esperar perfeição de um happening mundial dessa dimensão. Mas é um sucesso,sim,apesar de toda a cantilena pessimista que mui- ta gente tentou nos impingir – sabe-se lá com que objetivo – levando nessa conversa grande parte da nossa imprensa. E apesar também desse inacreditavelmente presunçoso e ridículo cartola da FIFA que a certa altura declarou que é muito complicado fazer a Copa em país democrático, tempos depois de afirmar que o Brasil precisava levar um pé na bunda. Os estádios não iam ficar prontos em tempo. Ficaram muito caros e com dinheiro público.Serão elefantes brancos.Os aeroportos não vão dar conta do tráfego aéreo e humano. Ninguém vai conseguir chegar aos estádios. Vai ter protestos nas ruas o tempo todo. Vamos passar vergonha. A Folha de S.Paulo publicou dia 1º de Julho uma charge em que os quatro cavaleiros do Apocalipse empunham cartazes:“Não vai ter es- tádio”,diz o primeiro.Outro anuncia:“Não vai ter aeroporto”.O tercei- ro:“Não vai ter acesso”. E o quarto é quase um P.S. para salvar a cara: “Caso tenha, isso era apenas crítica construtiva”. Como sempre,uma charge captura perfeitamente a atitude dessa gente toda – repito, inclusive uma imprensa mais ansiosa por denunciar que por apurar.Se esse pessimismo meio doentio se justificava,como é pos- sível que esteja tudo funcionando tão bem agora? É claro que o mais elementar raciocínio lógico mostra que, se a Copa está indo tão bem, é porque as mil previsões catastróficas que fizeram eram mentirosas. E se eram mentirosas é porque os fatos não foram bem apurados.Óbvio. Ao contrário dos economistas, que sempre fazem previsões pessimis- tas e mais tarde, quando a realidade os desmente, justificam-se argu- mentando que fatores imprevistos sobrevieram, eu sou um otimista. Não iludido,mas otimista.No meu dicionário,otimista é um sujeito rea- lista que acha que no fim, apesar de todos os tropeços, as coisas dão certo. E, vamos e venhamos, ser pessimista no Brasil é injustificável. É só olhar em volta para ver como andam tantos outros países, em compa- ração com tudo o que conseguiu em menos de 30 anos a nossa demo- cracia juvenil – e imperfeita como todas as democracias são, eterna- mente em construção. Podemos e devemos ser críticos,eternamente insatisfeitos,querer sem- pre mais e melhor. É com essa atitude que se constrói uma democracia e uma nação. Daqui a cem anos, quando tivermos alcançado uma por- ção de coisas que hoje ainda não temos,continuaremos críticos,insatis- feitos,querendo mais e melhor.É assim que as coisas devem ser. Mas prever catástrofes que não se realizam é apenas pessimismo in- justificável num país como este nosso. Nemércio Nogueira, de São Paulo Jornalista Pessimismo afogado Alexandre Prates Especialista em liderança,desenvolvimento humano e performance organizacional.É também Master Coach,palestrante,sócio-fundador do ICA (Instituto de Coaching Aplicado) e sócio do Grupo Alquimia,consultoria especializada em franquias.Escreveu o livro “A Reinvenção do Profissional - Tendências Comportamentais do Profissional do Futuro” e é autor da metodologia de coaching “Inteligência Potencial”. Thiago Silva: um golaço sobre liderança! E specialmente depois do jogo contra o Chile, muitos colocaram em cheque a li- derança do capitão da Seleção Brasileira, Thiago Silva.Alguns disseram que ele tra- vou, outros que ele se acovardou diante das dificuldades, enfim, criticaram forte o seu com- portamento. A pergunta que fica é: quem está questionando a sua liderança? A imprensa, os torcedores, os comenta- ristas, os narradores... Sinceramente, não são ques- tionamentos válidos. Não tenho visto os seus cole- gas de seleção, a comissão técnica e nem o Felipão questionando a liderança do capitão. E é isso o que importa! E por que não estão questionando? Pelo simples fato de que ele não teve nenhum comportamento que de- negrisse o seu posicionamento de líder. Você pode até interpretar o comportamento do jogador de ma- neira negativa, mas permita-me trazer um pouco da minha experiência e visão para essa história.Vamos aos fatos: Nervosismo na estreia: de jogador a torcedor, quem não estava nervoso? Aliás, quem não estava tenso só tinha dois motivos: ou não gosta de futebol ou estava torcendo contra a seleção.No mais,estáva- mos todos apreensivos. Agora imagine quando você tem milhões de pessoas depositando em você a es- perança de ganhar um torneio como este em casa. Quem não ficaria nervoso? Pessoas ficam completa- mente apavoradas com muito menos pressão! Então, leio diversos comentários nas redes sociais que dizem: “Ele ganha milhões para fazer isso. Não pode ficar nervoso assim...”. Quer dizer que se ele ganhasse pouco a pressão diminuiria? Que hipocri- sia! Nessa hora, quando um hino é cantado da for- ma como foi pela torcida, quando um País inteiro conta com você, ninguém se lem- bra do quando dinheiro ganha ou tem. Não é isso que impor- ta! O que está em jogo é a honra, a realização, o pro- pósito. Ficar isolado durante a roda de comunhão dos jogadores: o Thiago Silva estava navegando nas redes sociais en- quanto isso acontecia? Por acaso ele estava arrumando o cabelo ou descansando um pouquinho? Claro que não! Ele estava em um mo- mento de oração individual, encontrando a sua ma- neira de se motivar, de se tranquilizar. Ele estava, a seu modo, mandando fortes energias para os seus companheiros. Quantas vezes você já não quis ficar em silêncio, sozinho, antes de uma importante deci- são na sua vida? Não assumiu a responsabilidade: “O Thiago Silva pediu para não participar das cobranças de pênal- tis”,“O capitão da seleção não ofereceu palavras de incentivo a seus companheiros”, “Isso não é postura de líder!”.Você sabe qual é a postura de um líder? É não querer ser o astro. É permitir que outras pessoas assumam a liderança quando necessário, é delegar e dar poder evidenciando novas lideranças. Se o Pauli- nho estava inspirado para motivar as pessoas naque- le momento, por que não deixá-lo fazer? Se existem outros jogadores mais preparados para as cobranças de pênaltis, qual o problema de permitir que assu- mam esta responsabilidade? Quer saber? O Thiago Silva é um grande líder! Um líder que as organizações precisam ter. Um líder que permite que surjam novas lideranças. Um líder que assume a responsabilidade das críticas e foca mais na vitória coletiva do que em sua vaidade. Um líder que se cobra,que joga com raça,que torce e reza pe- los seus companheiros, que assume a responsabili- dade... Esse é o Thiago Silva! Isso é ser líder! Podemos debater várias coisas que podem ser aper- feiçoadas nesse time: estratégia, jogadas ensaiadas, jogadas individuais... Agora, dizer que falta lideran- ça, isso jamais! Em nenhum quesito – nem dento e nem fora dos gramados. O Felipão construiu um elenco que se gosta muito, de pessoas que se apoiam, que torcem umas pelas outras. Dentro de campo, o Thiago Silva conquistou a braçadeira de capitão - não foi uma imposição - e é respeitado, admirado, seguido. Isso é para poucos! Isso é ser líder!Demonstrar medo, nervosismo, reco- nhecer que errou.Isso é para poucos.Isso é ser líder! Antes de criticar o Thiago Silva, muitos líderes de- veriam refletir sobre a sua liderança e constatar que têm muito a aprender com o capitão, com o técnico e com todo o elenco da nossa seleção. 8 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 9
  • 6. Jornalista Wilson Ibiapina A copa da Fifa serviu para mostrar ao mun- do o nosso poder de improvisação, visto pelos visitantes como a grande arte do brasileiro. Muita gente deste mundo de meu Deus achava que ia encontrar ape- nas índios, cobras, macacos e mulheres viciadas em sexo. Quebraram a cara quando se depararam com a beleza natural do Rio,com a arquitetura de Niemeyer, os espaços de Brasília, as praias do nordeste, nossa música, a diversidade de ritmos, o sabor da rica culi- nária, a cordialidade do povo. O tratamento que os estrangeiros receberam encan- tou a todos. Prestaram atenção em tudo, até na nossa mania de tomar banho diariamente,coisa que a maio- ria deles não faz. Além de limpos somos higiênicos. Não tocamos a comida com a mão, usamos guardana- po.Escovar os dentes após as refeições é outro costu- me que deslumbrou a francesa Nathalie Touratier. Al- moço como principal refeição do dia virou exemplo para holandeses ingleses e neozelandeses.O jeitinho O Brasil e os turistas brasileiro foi visto com admiração pelos turistas . A importância que damos à família chamou, também, a atenção dos visitantes. Acompanhavam atentos os avós passeando nas ruas e praças com filhos e netos. O abraço entre amigos ou até desconhecidos foi lem- brado por muitos visitantes que não estavam acostu- mados a tamanha confraternização. Lá fora o abraço só é dado entre a família. Na Ásia, chineses, coreanos e japoneses nem se tocam. O cumprimento é feito à distancia. O atendimento no comércio, com os ven- dedores acompanhando, oferecen- do produtos, é outro ponto forte do Brasil que eles destacam como pro- fissionalismo e cordialidade. E as festas? As pessoas movidas à cai- pirinha, que virou paixão dos grin- gos, só vão pra casa pela manhã, quando o Sol já ilumina tudo. Mas nós, também, nos encantamos com os turistas que deixam por aqui alguns ensinamentos. Os bra- sileiros,por exemplo,ficaram impressionados com os japoneses catando lixo nos estádios após os jogos. Nas redes sociais, dizem que gostaram tanto que vão tomar uma atitude.Nos próximos jogos cada brasilei- ro vai levar um japonês. Agora, sem brincadeira, a vinda dos turistas, além da grana que deixam por aqui, serviu para mostrar como se com- portam pessoas com costumes tão diferentes. A maior prova da impressão que os estrangeiros cau- saram está na matéria que O Globo publicou. O re- pórter Rubem Berta, conta que depois de um jogo da Copa, no Castelão, em Fortaleza, encontrou um garo- to de uns dez anos vendendo balas na porta do hotel onde estava hospedada a seleção da Costa do Mar- fim. O garoto ajuda a mãe desempregada ; - E aí garoto, o que você quer ser quando crescer? Pensando que ele ia dizer que queria ser jogador de futebol, ficou surpreso com a resposta: - Quando eu crescer quero ser turista. Eles falam inglês, não falam? Luiz Flávio Gomes Jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Estou no professorLFG.com.br M eus amigos:vale a pena refletir sobre as duras punições impostas pela Fifa, ao uruguaio Luís Suárez, que mordeu o zagueiro italiano Chiellini. Luisito Suárez provou, desde logo (mais uma vez), que dentro de todos os humanos existe um ani- mal, que deve ser domesticado (Nietzsche). Há dois caminhos para se alcançar essa domesticação: edu- cação e disciplina. A primeira, se fosse totalmente efetiva, tornaria inócua a segunda. Desde a pré-his- tória o humano acredita muito na disciplina, quando a prioridade deveria ser a educação.Que pena que a humanidade (que com muito custo chegou ao grande meio-dia) ainda não entendeu bem esse tema! A disciplina, por meio do castigo, impõe limites ao animal que carregamos dentro de nós. A educa- ção, por meio do conhecimento e da ética, elimina ou domestica o lado animal portado pelos humanos. Uma coisa é punir, outra educar. A punição se vol- ta contra o animal (contra o desvio, contra o errado, contra o violador das regras). A educação se orien- ta ao humano. A punição castiga um ato passado. A educação mira o futuro. Se queremos humanos etica- mente melhores, devemos educá-los. O castigo, por si só, não educa. Porque sua natureza não é essa, sim, a de impor limites ao nosso lado animal.Se queremos disciplinar e educar, temos que pensar em punições educativas (ou seja: punição + educação, que são duas coisas distintas). Querer arrancar exclusivamente da punição o efeito educativo é um erro. Muitas vezes, má-fé (porque em nome da educação pode-se punir muito mais que o necessário). A punição foi feita para ficar na memó- ria do punido como advertência, como recordação. É por isso que ela segue a antiga psicologia da mne- motécnica: “Imprime-se algo por meio de fogo para que fique na memória (na recordação) somente o que sempre dói; a dor é o auxílio mais poderoso da mne- motécnica” (Nietzsche 2011: 60). Aquilo que gera dor pode nos impor limites, mas não educa. O que educa é a empatia, o conhecimento e a ética. Quando os hu- manos evoluírem, não mais imporão somente castigos punitivos (como hoje acontece). No futuro os castigos se transformarão em punições educativas (fazendo-se as duas coisas: punição + educação). Nas sociedades mais atrasadas em que o desejo de punição alcança níveis patológicos (de vingança), ela é usada como meio para deseducar ainda mais o condenado. Isso é o que é feito nos presídios brasileiros. Erro crasso, to- talmente contrário à educação.Só favorece o lado ani- mal,que fica mais embrutecido.Obscurece,ao mesmo tempo,nosso lado humano (educativo). A Fifa puniu severamente Suárez. Reprovou um ato passado. Mas também o espetáculo fabuloso do fu- tebol (tal como a convivência humana fora dos es- tádios) requer mais: requer a consciência de que devemos sempre desenvolver “a arte de viver bem humanamente”, que é a ética. Viver humanamente significa respeitar todos os humanos (mesmo saben- do que todos têm dentro de si um animal),a natureza, os animais e o bom uso das tecnologias. A punição do «animalito» que existe dentro do Luisito Suárez (e de todos nós) deveria ser acompanhada de uma série de exigências educativas (tratamento psicoló- gico efetivo, curso de ética e de direitos humanos, colaboração com atividades comunitárias positivas, desenvolvimento da empatia etc.).A punição isolada, mesmo que severa, não oferece certeza de que o ato errado nunca mais será repetido. O melhor antídoto contra a reincidência (e a violência) provém da edu- cação,posto que ela é a única que pode nos introjetar a consciência da ética,ou seja,da arte de viver huma- namente.Parafraseando Louis Bonald,a cultura forma sábios; a educação e a ética, os humanos. Mordidaço de Suárez: maior punição da história das Copas 10 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 11
  • 7. A inda me lembro quando o debate sobre a escolha das cidades-sede da Copa fervia na cidade. Naquele momento, a população não parecia dividida.As pes- quisas mostravam apoio ao projeto e o poder público se esforçava para introduzir o conceito de legado. E lá se foram cinco anos. Obras importan- tes deixaram a cidade de cabeça pra baixo e o trân- sito insuportável. Algumas delas não aconteceram, outras são orgulho da cidade, como a nova rodoviá- ria. Curitiba chegou a correr o risco de ser cortada da Copa por causa do atraso das obras do estádio. Depois de tudo isso, parece que muitos gostaram do que viram acontecer na cidade,que recebeu jogos do Mundial pela segunda vez (a primeira foi em 1950). Diferente das pesquisas de 2011,quando mais de 66% apoiavam a realização do evento na cidade, pouco antes do início dos jogos, elas revelaram que mais da metade era contra a realização dos jogos em Curitiba. O apoio era de apenas 38% em abril de 2014. E ainda havia a preocupação com os protestos, que eram es- perados por 81% dos curitibanos, durante o Mundial. Mas as manifestações não foram significativas. O que havia no aeroporto, pelas ruas do centro, em frente aos hotéis onde as seleções estavam hospeda- das,na Pedreira Paulo Leminski,local da Fan Fest,nas ruas próximas ao estádio foi uma grande festa.E mais: aeroporto aberto nos dias de jogos (nesta época do ano, a neblina fecha o aeroporto alguns dias), hotéis e restaurantes movimentados, teve até sol, artigo de luxo durante alguns meses em Curitiba, incluindo o período da Copa. A cidade e o Paraná atraíram gente de muitos lugares, gente eufórica e obstinada, loucos por futebol. Isso, por si só, já é motivo de afinidade porque curitiba- no adora futebol, tem time, veste a camisa e fica de mal ou bom humor a cada etapa dos campeonatos. Também foi em Curi- tiba a última exibição da melhor geração da seleção espanhola. Torcedores argelinos ficaram à vontade e até acreditaram que Curitiba lhes deu sor- te. Alguns dos times que vieram jogar em Curitiba entregaram camisas aos torcedores na porta dos ho- téis.Em Foz do Iguaçu,onde estavam os sul coreanos, o time deixou saudade no hotel,na cidade e na comu- nidade coreana. Na Arena da Baixada, em dias de jogo de Copa do Mundo, não havia apenas torcedores das oito sele- ções que jogaram aqui – Espanha, Austrália, Argélia, Rússia,Irã,Nigéria,Honduras e Equador.Torcidas que nem mesmo disputavam o Mundial como a de Israel e a do Peru compareceram ao estádio. E não eram só estrangeiros.Coxas  brancas (apelido dos torcedores do Coritiba), paranistas (os que torcem pelo Paraná Clube) e atleticanos (os donos da casa) se mistura- ram na maior alegria. Nos dias de jogos da Copa, os adversários do Atlético Paranaense babaram no es- tádio, que ficou mesmo incrível. Um deles, por trás do coração coxa branca, exibia o cartaz “Arena pa- drão fofa”, brincando com a famosa e tão lembrada expressão “padrão Fifa”. Na saída dos jogos, com as ruas próximas ao estádio fechadas,curitibanos de todas as torcidas e visitantes de diferentes nações cobriam as ruas no lugar dos carros, formando um tapete de alegria e civilidade. Como todo curitibano gosta, sem pisar na grama e nem deixar lixo pelo caminho.Considerando o quan- to futebol é assunto sério em Curitiba, esse clima de harmonia típica desta Copa, nos faz torcer pelo rei- nício do campeonato brasileiro, a Copa do Brasil, a próxima edição do Paranaense. Torcemos para que a Copa nos inspire a levar para os estádios o futebol da alegria, com respeito pelo adversário e sem vio- lência, mesmo quando a gente tem motivo pra chorar de tristeza. Porque é assim que futebol tem que ser. Copa padrão Curitiba Fabiana Fernandes, de Curitiba Jornalista Márcia Zarur Jornalista Q uem dera todos tivessem a elegância de Clarice Lispector para demonstrar sua inqueitação com Brasília. O estra- nhamento que a cidade causa, até para quem nunca pos os pés aqui, é traduzi- do em frases preconceituosas que ouvimos de norte a sul do país: - Uma cidade fria. - Não tem povo, não tem gente! - Lá só tem corruptos. - Não tem esquinas, as pessoas nunca se encontram. Jóia da arquitetura mundial, projeto urbanístico revo- lucionário, qualidade de vida ainda muito boa - nada disso é considerado no amontoado de clichês para definir a nossa capital. Os mitos se disseminam não se sabe como, mas também se des- fazem - graças a Deus! Para Brasília a Copa do Mundo já imprimiu seu le- gado: a descons- trução dos mitos perversos e injus- tos a respeito da cidade. Seus habi- tantes, brasilienses de coração ou nas- cidos aqui, acolhe- ram os turistas ca- lorosamente, com simpatia, cordialidade e educação. A cidade mostrou que tem suas esquinas; charmosas, inusitiadas. Uma delas foi a alegre confraria da torre de TV. A ba- bel de sotaques,hábitos,comidas,artesanato,que coti- dianamente já reune as culturas do país,extrapolou as fronteiras, atravessou mares e expandiu os horizontes para o mundo.Todas as nacionalidades representadas nas embaixadas se personificaram em torcedores ani- mados. Os bares também apareceram como esquinas festivas e o Pontão fez as vezes da nossa praia,com um visual deslumbrante de por do sol, numa aquarela de cores que só a nossa seca sabe pintar. O turista se encantou com a cidade cartão-postal da arquitetura vanguardista de Niemeyer. A Brasília que aparece na TV com a escala monumental da Esplana- da dos Ministérios, do Congresso Nacional, da Praça dos Três Poderes e da Catedral. Mas também desco- Brasília e a copaO turista se encontrou com a cidade cartão-postal de arquitetura vanguardista de Oscar Niemeyer... briu uma outra cidade,de detalhes, como as intervenções de Athos Bulcão que espalhou sua arte por todos os cantos. Um passeio ca- rinhosamente chamado de Trilha dos Azulejos conduziu brasileiros de todos os estados e estranegiros extasiados por lindos painéis. Quem foi ainda mais curioso conseguiu desvendar um parque de Burle Marx na quadra modelo da Asa Sul, com direito a espelho d´água e peixinhos diver- sos. Ou pôde explorar um trabalho mais completo do paisagista na Praça dos Cristais, com esculturas e a vegetação típica do cerrado. Cenas bucólicas que a TV não mostra. Cenas da cidade que já tem tradição até na pizza de balcão,e que transformou também em tradição atos de civilidade como o respeito à faixa de pedestres. Uma cidade-par- que onde o verde é protagonista, em grandes gra- mados, árvores frondosas e ipês floridos. Colher a fruta no pé, num canteiro qual- quer, ao lado da pista na capital do país? Brasília ofe- rece um pomar urbano com amo- ras, magas, jacas e jabuticabas à vontade. Nesta Copa os visitantes puderam sentir uma Brasília humana, de moadores que trabalham e se divertem como em qualquer outra cidade. A vida pulsa sob os pilotis. Mais do que as diferenças, que são muitas, o que nos aproxima são as semelhanças a outras cida- des. As gentes daqui são iguais às gentes do resto do país. E até do resto do mundo, que conseguiu se co- municar muito bem,mesmo com a barreira da língua. Bastou boa vontade! A Copa do Mundo não apagou os nossos problemas, que também não são poucos,e nem nos fez esquecer as promessas ainda não cumpridas de mais planejamen- to,investimentos em saúde e mobilidade urbana.Mas o Mundial indiscutivelmente nos fez diferentes aos olhos do Brasil e do mundo - nos fez uma Brasília muito mais proxima da realidade, muito mais próxima do olhar or- gulhoso dos moradores que amam esta cidade. 12 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 13
  • 8. Às margens do Lago... ou na beira da praia José Natal jnatal@uol.com.br GDF apresenta plano de crescimento da capital até 2060 Posicionar a capital do Brasil como uma cida- de global e competitiva são as principais me- tas destacadas nesta sexta-feira (27) durante a apresentação do Plano Estratégico e Estrutural para os próximos 50 anos – Brasília 2060. O re- sultado efetivo das ações apontadas poderá re- sultar economicamente no acréscimo de 1,3% ao ano no PIB do DF, o que corresponde a um adicional financeiro de 45%. “Esse é um sonho alto, mas indispensável para que possamos ter um crescimento com qua- lidade de vida. Não é possível mais pensar a nossa cidade a cada quatro anos, fazer gestão pensando em eleição.Temos de pensar na pró- xima geração e por isso um planejamento para os próximos 50 anos. E aqui é o passo inicial porque vamos dar continuidade a esse estudo”, afirmou o governador Agnelo Queiroz. OS DENTES DO SUÁREZ Claro que jogador, nem ninguém, não  pode sair por aí mordendo as pessoas.Muito menos durante a com- petição.Mas a pena imposta ao craque foi exagerada, desproposital e demagoga. O que a FIFA, os dirigen- tes e os que têm o jogador como contratado deve- riam fazer era chamá-lo para uma consulta médica, saber o porque desse comportamento e puni-lo de forma corretiva. Se isso não foi feito ela vai cumprir a pena, e quando voltar ninguém ficará tranquilo com ele em campo. A COPAVINGOU Os pessimistas, ou mau humorados, estão olhando para o chão. Pessoas assim não gostam de admitir que erraram, não sabem reco- nhecer as bobagens que falaram. A Copa deu cer- to assim. Estádios lotados, aviões no horário, aeropor- tos atendendo bem e o povo feliz da vida pela fes- ta do futebol. Claro que teve problemas, muitos. Impossível não ter. Agora vão cobrar o legado, os gastos, as obras grandiosas. Tudo que foi feito será de boa utilidade ao País, é só esperar e saber curtir. COPAVINGOU-2 Agora deve surgir no palco do su- cesso centenas de  personagens  se auto-credenciando como res- ponsáveis pelo êxito da Copa. Poucos se empenharam e tra- balharam tanto pela Copa como os Ministros do Esporte, Aldo Rebello e o do Turismo, Vinicius Lages. Peitaram críticos, acredi- taram na investida e em momento algum se deixaram levar pela onda de pessimismo que tomou conta do País durante meses. E mais, ao contrário de muitos aparícios do Governo que falaram muito e não fize- ram nada,os dois se mantêm discretos,objetivos e se limitam a cumprir a missão que receberam. E ponto.  ELEIÇÕES Termina uma Copa, começa a outra. A disputa pelos Palácios do Planalto e do Buriti já começou.E em Bra- sília o quadro até agora desenhado sugere uma com- petição das mais interessantes. Por enquanto, as duas disputas tem dois favoritos carimbados. Dilma Rous- seff, pelo PT e Aécio neves pelo PSDB sinalizam que vão ao segundo turno na corrida presidencial. Para o Governo local Agnelo e Arru- da já trocam farpas e são os fa- voritos. Mas, como na Copa, só o jogo jogado pode comprovar favoritismo. ELEIÇÕES-2 A exemplo do futebol,também nas eleições alguns gestos dos competidores sinalizam possíveis vencedores. Fui às convenções que indicaram os principais candidatos ao GDF. Nenhum candidato investiu alto nesse quesito, e preferiram economizar a grana para as campanhas que começam agora. A de Agnelo foi em recinto fechado, e os eleitores fi- caram espremidos, desconfortados. Pitmann acomo- dou centenas de pessoas num auditório apertado do CREA, com muito calor. Rollemberg fez uma conven- ção burocrática, meio desanimada. Arruda fez o que Arruda faz.Levou os eleitores pra Taguatinga,chegou ao palco caminhando entre a multidão e exigiu dis- cursos curtos e objetivos. Os adversários vão chiar, mas foi a mais animada. NOVELAS, IBOPE NA TELA Um leitor noveleiro protesta: os homens das no- velas do Manoel Carlos são frouxos e as mulhe- res são burras. Aguinaldo Silva, para o mesmo leitor, é um autor que só enaltece o mundo gay e os autores das novelas da sete acham que o Brasil é um país de bobos.O revoltado observa- dor,entretanto,não economiza elogios as séries da Globo, para ele o que há de melhor pra se ver na telinha. Faz sentido. 14 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 15
  • 9. C om mais de 10 milhões de exemplares vendidos em vários países, o livro O céu é de verdade, que se tornou um fe- nômeno de vendas desde o lançamen- to, em 2011, ganhou a esperada adap- tação para o cinema. O longa metragem baseado nobest seller (lançado no país pela Thomas Nelson Brasil) estreia dia 03 de julho em território nacional, estrelado pelo ator Greg Kinnear, indicado ao Oscar por  Melhor é impossível e vencedor do Emmy por mais de uma vez, e conhecido internacionalmente pela atuação em Pequena Miss Sunshine.Ele interpre- ta Todd Burpo,um empresário de uma cidade peque- na, bombeiro voluntário e pastor que, lutando para sustentar a família num ano difícil, acaba por lidar com uma história sobrenatural vivenciada por seu fi- lho de apenas quatro anos. O garoto, Colton (interpretado por Connor Corum), é levado às pressas para um hospital, onde é subme- tido a uma cirurgia de emergência. Todd e a esposa, Sonja (Kelly Reilly, de Sherlock Holmes), ficam eufóri- cos com sua recuperação milagrosa, mas se impres- sionam com o que ocorre a seguir: Colton começa a contar, com toda naturalidade e riqueza de deta- lhes, sobre sua incrível viagem de ida e volta ao céu. Quando Colton descreve,inocentemente,coisas das quais ele não teria como saber,o pai se vê diante de um muro de mistérios e dúvidas que terá de der- rubar, redescobrindo a esperança, o deslumbramen- to e a força do propósito. Depois de três anos do lançamento, o livro permane- ce entre os top 100 da lista da Amazon norte-ameri- cana. Com orçamento modesto — 12 milhões de dó- Livro O céu é de verdade vira filme e chega ao Brasil pela Sony Pictures Best seller internacional, obra exibida nos cinemas conta experiência verídica de menino que visitou o Paraíso lares —,o filme arrecadou 21,5 milhões de dólares no lançamento nos Estados Unidos. No mesmo período, só ficou atrás de Capitão América e Rio 2. Mais informações sobre o filme: O Céu É de Verdade (Heaven is For Real) é dirigido por Randall Wallace, o roteirista indicado ao Oscar com CoraçãoValente (Braveheart). O roteiro é de Ran- dall Wallace e Christopher Parker, baseado no livro de Todd Burpo com Lynn Vincent. O filme é produ- zido por Joe Roth e T.D. Jakes, e os produtores exe- cutivos são Sue Baden-Powell, Sam Mercer e Derrick Williams. Além de Kinnear, Reilly e Corum, o elenco conta ainda com a atriz vencedora do Emmy Margo Martindale (Justified, Álbum de Família) e o ator indi- cado ao Oscar Thomas Haden Church (Homem-ara- nha 3, Sideways – Entre Umas e Outras,Compramos um Zoológico). A trilha é de Nick Glennie-Smith. A equipe por trás das câmeras inclui o diretor de fo- tografia premiado com o Oscar, Dean Semler ACS, ASC (Danças com Lobos [Dances with Wolves], Mad Max: The Road Warrior, Apocalypto), o desenhista de produção, Arv Greywal (A Garota Ideal [Lars and the Real Girl]), o montador ganhador de dois BAFTAs, John Wright A.C.E. (Apocalypto, Speed), e o figurinis- ta, Michael T. Boyd (Secretariat – Uma História Impos- sível [Secretariat],Fomos Heróis [WeWere Soldiers]). Sobre os autores do livro: Todd Bur- po é pastor da igreja Crossroads Wesleyan em Nebrasca, nos Estados Unidos. É casado com Sonja, pai de Colton e mais dois filhos, Cassie e Colby. Lynn Vincent é autora de alguns best-sellers da lis- ta do The New York Times e de textos para a revista World. Trabalha como professora da King’s College, em NovaYork, e vive em San Diego, na Cali V isto e passaporte são os principais do- cumentos de identificação de todo viajante no exterior! Se acontecer de perdê-lo ou tê-lo roubado, o turista deverá ser rápido para comunicar o fato à polícia local, para não haver enganos, caso outras pessoas utilizem seus documentos com má fé; e para que possa providenciar novos documentos para continuar a viagem. A solicitação de um novo passaporte deve ser feita junto ao consulado do país onde estiver.Contudo,por mais que o passaporte seja fornecido com rapidez, sem o visto a pessoa não poderá embarcar para vol- tar pra casa, nem seguir viagem por outros países. Se for preciso apenas fazer escalas ou conexões, a dificuldade será a mesma.Por isso,também é preciso se dirigir à embaixada ou ao consulado brasileiro do país onde estiver, para encaminhar o requerimento de um novo visto. E o ideal é ser rápido, especialmente se a pessoa es- tiver com passagens aéreas compradas,por exemplo. Perdi meu passaporte no exterior e preciso do visto para continuar viajando! A primeira coisa a fazer é registrar um boletim de ocorrência e procurar o consulado ou a embaixada do Brasil no país estrangeiro. O seguro-viagem pode ajudar bastante Dependendo de como forem os prazos para apro- vação dos novos documentos, o viajante poderá perder voos e reservas de estadia. A emergência pode ser resolvida com um pouco mais de facilidade se o estrangeiro ti- ver um seguro-viagem, já que, dependendo do tipo de contrato, alguns podem garantir assistência em português, pelo telefone; e outros incluem ajuda financeira para cobrir estes gastos extras. Para amenizar as chateações, o diretor da Infovistos, Alexandre Luis Pedrosa, orienta os seus clientes a di- gitalizar todas as páginas do passaporte e dos vistos, e andar com cópias autenticadas dos documentos. “Também recomendo que enviem os arquivos para seu próprio email, e deixem cópias em outros dispo- sitivos de fácil acesso.Em uma emergência,será mais fácil para comprovar que não são imigrantes ilegais.”, completa Alexandre. Para saber mais informações sobre vistos e passa- portes, acessewww.infovistos.com.br. Anuncie conosco, é só ligar16 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014
  • 10. O s analistas e marqueteiros de campa- nhas majoritárias terão este ano a mais empírica das provas sobre uma dúvida eternamente eleitoral: vice traz ou não votos para um candidato? A despeito das eleições para presidente desde a redemocratiza- ção, nunca os presidenciáveis apostaram tanto no(a) parceiro(a) de chapa. Mas vice é vice, até aqui. E só. Alguém se lembra quem foi o vice de Itamar Franco, o mais ilustre dos vices que se tornou presidente da noite para o dia? Pois é, Itamar não tinha vice, porque já era – neste caso o presidente da Câmara à época o substitui em ausências. Desde então, embora José Alencar tenha tido grande vitri- ne nos oito anos da gestão de Lula, não passava de um vice. Virou até ministro porque não gosta- va apenas de ser a sombra. E Marco Maciel, com Fer- nando Henrique Cardoso, passou tão apagado quan- to a figura que re- presenta hoje na conjuntura política nacional, sem de- mérito a importân- cia de sua trajetória pública. Agora os vices ga- nham destaque – pelo menos, e por ora, nas cha- pas. Eduardo Cam- pos (PSB) se posta como a terceira via e aposta também suas fichas em Ma- rina Silva, que ten- tará resgatar seus Leandro Mazzini Jornalista,pós-graduado em Ciência Política pela UnB e editor da Coluna Esplanada,reproduzida no UOL e em jornais de 20 capitais. Vice é vice20 milhões de votos na eleição de 2010 (será muito difícil, cada eleição é uma eleição), e atrair o voto ‘verde’, da sustentabilidade, dos jovens. Aécio Neves (PSDB) escolheu o senador Aloysio Nunes Ferreira, de São Paulo,para a chapa puro-sangue.Aloysio é um dos senadores mais votados do País,tem bom trânsito com os prefeitos do interior paulista e representa o Estado que é o maior colégio eleitoral do País. Além, claro, de ser ‘Serrista’, um antigo aliado e apadrinha- do de José Serra. É disso que Aécio candidato preci- sava para ter o apoio incondicional do partido e do eleitorado – alguém com identidade com os paulistas e paulistanos. Michel Temer não traz votos para a presidente Dil- ma (PT). Mas puxa o PMDB, o segundo maior partido do País, com milha- res de prefeitos e vereadores –má- quina arrojada de cabos-eleitorais em rincões e capitais. Como chefão do PMDB, é isso que Temer ‘vende’ para Dilma e Lula – e de certa forma entre- ga, porque metade do partido, agora, está aliada a Aécio. Ressalte-se que Te- mer não tem peso eleitoral. Ele quase não foi eleito depu- tado federal, quan- do concorreu da última vez. E o seu PMDB hoje só tem dois deputados fe- derais em SP – isso porque Gabriel Chalita migrou para a legenda. 18 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014
  • 11. RUMO AO BURITI Agnelo Queiroz, pelo PT, José Roberto Arruda, pelo PR, Rodrigo Rollem- berg, pelo PSD, Luis Pitiman, pelo PSDB e Antonio Andra- de, o Toninho pelo Psol já estão na estrada, correndo atrás dos votos que o levem a ocupar a cadeira de Gover- nador de Brasília, no Palácio do Buriti.Agnelo Queiroz,do Partido dos Trabalhadores já está lá, e quer continuar por mais 4 anos. É candidato à reeleição e, conforme as últimas pesquisas tem boas chances para que isso aconteça. Mas terá que trabalhar muito, uma vez que com a mesma intenção três outros candidatos já se apresentaram para a disputa e prometem uma luta ferrenha pelo cargo. Agnelo, cuja carreira tem ori- gem no PC do B é um poíitico experiente, já foi dis- trital, esteve na Câmara Federal e no Ministério do Esporte.Amigo de Lula,tem no ex-presidente um dos seus motivos para tentar a reeleição. Médico, teve um começo de Governo tumultuado em Brasília.  Respondeu a denúncias  numa CPI, enfren- tou pesadas críticas da mídia local e hoje sinaliza que sua campanha pode ser vitoriosa. O Governador ter- minou obras, modernizou ações sociais e aposta nos bons resultados da Copa em Brasília para alavancar votos no dia 3 de outubro próximo. ARRUDA DEVOLTA Habilidoso com as pala- vras, articulador político de reconhecida competên- cia e um tocador de obras de mão cheia, o Mineiro de Itajubá, José Roberto Arruda está de volta à vida pública, após uma conturbada rede de denúncias que o levou a  amargar longos dias  de an- gústia na prisão. Quando tudo isso  aconte- ceu, é verdade, Arruda vivia seu melhor momento a frente do Governo de Brasília, e recebia da comuni- dade uma aprovação quase que absoluta.Arruda mo- dernizou a administração da cidade, nomeou secre- tários técnicos e disparou uma infinidade de obras candidato a Presidente, Aécio Neves, tem tudo a ver com isso, e o partido  já reconhece nele essa lide- rança, que agora começa a tirar o sono do PT, parti- do da Presidente Dilma, e de Lula. E é graças a ha- bilidade mineira de fazer política que Aécio decidiu  que em Brasília ele precisa de um palanque, de um candidato que lute por ele, e almeje o Governo local. O escolhido foi o Deputado Federal Luis Pitiman, um empresário bem sucedido, que conhece a cidade e os políticos que a dirigem e tem, também, bagagem e experiência administrativa. A indicação do nome de Pitiman, no início, causou um certo frisson entre os tucanos. O Deputado Federal Izalci Lucas também queria ser candidato, mas Aécio não quis e indicou Pitiman. Seu nome é pouco conhecido, mas os que o conhecem o avalizam como ficha limpa e trabalha- dor. Torná-lo conhecido é uma tarefa do experiente marqueiteiro Chico Santa Rita, que assegura ser ele um bom candidato, e vai para o segundo turno da eleição. É esperar pra ver. TONINHO DO Psol Antônio de Andrade, o Toninho do Psol é psicó- logo, e como tal parece agir quando,mais uma vez  aceita liderar seu partido na dispu- ta pelo governo da cidade, já pela terceira. Com pouco, aliás, pouquíssimo tempo na TV, um minuto ou um pouco mais, o candidato vai ser um contestador contra os exa- geros do atual Governo, vai continuar sua luta contra a corrupção e,talvez,buscar fragilizar os demais candidatos com denúncias iso- ladas de mazelas já conhecidas. O partido não tem dinheiro, o candidato não tem tempo na TV e os votos que conseguir deve ajudar a levar a eleição para um já esperado segundo turno,entre Arruda e Agnelo ou entre um dos dois contra Rollemberg ou Pitiman. A presença de Toninho na disputa é digna e justa, e en- grandece o seu partido, o Psol. pela cidade, deixando claro a sua disposição e per- feita identificação do que o povo pedia, e cobrava. Jovem, corajoso e desafiador, governando Brasília estava recuperando sua imagem, antes manchada com a sua renúncia ao Senado após ter sido acusado por fraude. Hoje candidato, Arruda tem afirmado que quer um espaço e um tempo seguro para se defender do que foi acusado. Quer uma chance para de novo conversar com seus eleitores, apresentar seus argu- mentos e, se eleito, voltar a fazer de Brasília a Capi- tal mais moderna do Brasil. Pelas pesquisas recentes isso pode voltar a acontecer. Tem uma grande acei- tação em todo o DF e pelas articulações que fez com o ex-Governador Joaquim Roriz, outro campeão  de votos,o Buriti pode voltar a ser a sua casa novamente. Há quem diga que pendências judicias ainda pode- rão impedi-lo de realizar esse sonho. Mas Arruda é candidato e também já está na estrada atrás de seus votos, dia  e noite. ROLLEMBERG Os amigos e os eleitores de Rodrigo Rollemberg, senador pelo PSB e candi- dato ao Buriti pela legenda, comentam com bom humor que em quase todos os seg- mentos sociais de Brasília há pelo menos um parente bem sucedido e respeitado com seu sobrenome. Faz sentido. Rodrigo chegou a Brasília ainda garoto em 1960, é um dos filhos mais conhecidos do admirado juiz Armando Leite Rollemberg, perso- nalidade que marcou época em Brasília pela integri- dade, liderança e reconhecida inteligência. Rodrigo é um dos senadores mais assíduos do Congresso, desfruta de simpatia de todos os partidos e tem um carisma que poderá torná-lo um dos candidatos mais competitivos da eleição que se avizinha. Um admira- dor, e adversário do senador, dá um alerta: Rodrigo vai ser Governador de Brasília. Se não for agora, será na próxima. PITIMAN Analistas políticos e a mídia em geral têm re- gistrado que há muitos anos o PSDB não esboça uma lar- gada na campanha eleitoral com a eficiência que esta de agora aparenta ser. Os tuca- nos, no Brasil inteiro, nunca se entendem na formação de suas coligações, brigam o tempo todo e o choque de vaidades, nos últimos anos, tem prejudicado vários can- didatos da sigla. Pelos que se vê, até agora, parece que finalmente o PSDB amadureceu, se organizou e dá uma largada competente na busca de votos. O 20 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 21
  • 12. E m 2012 foram assassina- das quase 57 mil pessoas (29 para cada 100 mil habitantes; acima de 10, a violência é considera- da epidêmica, diz a OMS-ONU). É a maior taxa de genocídio massivo de toda nossa história moderna (na época da colonização, com a destruição adoidada dos negros e dos índios, podemos ter números maiores). A insegurança, con- sequentemente, aparece em muitas pesquisas como a primeira ou uma das mais relevantes preocupações do brasileiro (nas manifestações de junho/13 isso ficou muito claro). Diante desse quadro de epidemia cres- cente (uma verdadeira peste, como a narrada por A. Camus), qualquer pessoa de bom senso imaginaria o seguinte: o governo e a sociedade estão inteiramen- te empenhados em erradicar esse mal, que está dizi- mando muitas vidas preciosas. Nada disso. Cuida-se de uma tragédia anunciada (previsível) e, em grande parte,evitável.Mas é a impoluta indiferença a que pre- domina, mesmo em se tratando de um problema de magnitude e seriedade indiscutíveis. Ilona Szabo de Carvalho e Robert Muggah cuidaram do tema (O Globo 17/6/14: 21) e apontaram algumas causas da calamidade:(a) desmantelamento sistemá- tico pelo governo federal do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), lança- do no governo Lula (cortes orçamentários que resul- taram em menos pesquisas e absoluta ausência de prevenção da violência); (b) abandono do plano de Luiz Flávio Gomes Jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Estou no professorLFG.com.br Violência tri-epidêmica com planos de segurança ineficazes redução de homicídios anunciado por Dilma e apoio ao plano de fomento da indústria nacional de fabri- cação de armas (o Brasil se tornou um dos maiores exportadores de arma de fogo do Ocidente); (c) ma- ciço investimento no sistema penitenciário, em de- trimento das penas alternativas, mas não no sentido da reabilitação do preso, sim, na construção de mais presídios (para atender o encarceramento massivo aloprado, sobretudo de criminosos não violentos); (d) ineficácia absoluta do programa Brasil Mais Segu- ro, que foi colocado em prática dentro do Plano Na- cional de Segurança Pública do Ministério da Justiça em 2012 (precisamente o ano mais violento da nos- sa história moderna); (e) jogo de empurra-empurra (o governo federal joga a responsabilidade para os estaduais e estes para o federal); (f) ineficácia inves- tigativa dos órgãos estatais [estima-se que apenas 8% dos homicídios são devidamente apurados no Brasil]; (g) ausência de reformas estruturais da polícia, do Judiciário e do sis- tema penitenciário; (h) precariedade na co- leta de dados sobre os homicídios (ausência de pesquisas mais profundas); (i) política de contornar o problema internamente [empur- ra o assunto com a barriga] e amenizar sua tragicidade nos fóruns internacionais. As eleições estão chegando. No plano do aparente do aparente (visível) é hora de co- locarmos o tema da segurança em pauta, fa- zendo com que os candidatos assumam com- promissos orçamentários sérios com a dimi- nuição do nosso genocídio massivo (que não desperta nenhuma preocupação nas instân- cias mais elevadas do poder: a econômica e a financeira). Mais responsabilidade, mais orçamento (o federal hoje é ridículo e me- nor que o do Estado de São Paulo) e um pro- grama eficiente de prevenção da violência: é o mínimo que se espera. Outro caminho é come- çar a impor essa política por meio de medidas ju- diciais, incluindo-se aí indenizações pesadas contra as omissões estatais. Nada mudará o tétrico quadro epidêmico que vivemos se o governo federal e a so- ciedade brasileira não passarem a adotar uma firme postura de preservação da vida. É o mínimo que as balizas civilizadas exigem. No plano do oculto do aparente se sabe que a mais eficiente política é a drástica redução das desigualdades. É isso que fize- ram os mais civilizados países capitalistas e o resul- tado médio é o seguinte:1 assassinato para cada 100 mil pessoas. Os Estados Unidos, porque desiguais, contam com quase 5 assassinatos para cada 100 mil. O Brasil, com os dados de 2012, 29 (é um verdadeiro genocídio massivo). Carla Ribeiro Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Behavioral Coaching Institute,Mestre em Sociologia/UNB,Doutoranda em Psicologia Organizacional/UNB,Tetracampeã Mundial de Karate e de Kickboxing.Email: carla@carlaribeiro.com.br R ara empreitada é buscar a realização dos sonhos. Não me refiro a qualquer desejo, por vezes fugaz e inconsequente. Falo da- queles desejos que só de imaginar, a res- piração muda, os olhos vagueiam na ten- tativa de salvar na lembrança o que ainda não existe na memória. É improvável que alguém com acesso aos meios de comunicação não tenha escutado razões pelas quais se deve buscar a realização do que lhe é importante. Muitas são as vezes que se diz em programas tele- visivos, palestras, anúncios publicitários, histórias de superação e motivos para que se busque a realização dos desejos pessoais para que a vida valha a pena ser vivida. Porém, ao invés de ser regra, a realização de sonhos ainda é exceção. As pessoas dão várias desculpas para justificar suas desistências. Por exemplo, uma das desculpas mais comuns é dar mérito a sorte. Assume-se que aquele que conseguiu realizar seus sonhos teve muita sorte. E sorte é – como o próprio nome diz – algo que não está destinado a todos. Se estivesse não seria sorte,mas predestinação.Por isso, muitas pessoas desistem porque não se consideram sortudas. Outras vezes, argumenta-se que a realização de so- nhos, uma vida de sucesso está restrita às pessoas geniais. Quando não se percebe como gênio, descar- ta-se a possibilidade de conseguir a realização de um sonho. Por que a maioria desiste dos SONHOS?O medo de falhar faz as pessoas desistirem muito an- tes de começar. Tenta-se se adaptar ao que se tem, como se aquilo fosse a conquista desejada. No lugar da conquista almejada,as pessoas justificam não bus- car a realização de uma grande carreira, de um gran- de projeto de maneira muito criativa. Neste contexto, “grande” não significa algo majestoso do ponto de vista financeiro. Madre Teresa de Calcutá, São Fran- cisco de Assis, Gandhi realizaram grandes projetos, tiveram grandes carreiras, e não se pode dizer que tenham tido vidas abastadas. Algumas vezes, a pessoa sabe que tem um dom para determinada atividade.Mais do isso,aquela atividade é apaixonante para ela. Mesmo assim, na maioria das vezes, desiste-se antes de começar a batalha. Digo “batalha” porque sabemos que a vida não é fácil, e que é preciso suar para conquistar o que se quer. Às vezes, a desculpa para não seguir os sonhos re- pousa na família. Os filhos são os culpados pela de- sistência, pelos sonhos terem fracassado. Mas na ver- dade, só existe um responsável pelas suas escolhas: você! Por isso, não coloque suas desculpas no cônju- ge, nos filhos, nos pais, no país.Você e só você pode fazer a sua história. Por isso, escolha a realização dos seus sonhos. Faça isso acontecer! Só depende de você. Seja feliz! 22 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 23
  • 13. E stamos envelhecendo.  Não nos preocupe- mos!  De que adianta, é assim mesmo.  Isso é um processo natural.  É uma lei do Uni- verso conhecida como a 2ª Lei da Termodi- nâmica ou Lei da Entropia.  Essa lei diz que:  “A energia de um corpo tende a se degenerar e com isso a desordem do sistema aumenta”.  Portanto, tudo que foi composto será decomposto, tudo que foi cons- truído será destruído,tudo foi feito para acabar.  Como fazemos parte do universo, essa lei também opera em nós.  Com o tempo os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam.  Sendo assim,relaxe e aproveite.  Parafraseando Freud:  “A morte é o alvo de tudo que vive”.  Se você deixar o seu carro no alto de uma mon- tanha daqui a 10 anos ele estará todo carcomido.  O mesmo acontece a nós.  O conselho é: Viva.  Faça ape- nas isso.  Preocupe-se com um dia de cada vez.  Como disse um dos meus amigos a sua esposa:“use-me, es- tou acabando!”.  Hilário,porém realista. Fernando Neves ​Acordar, olhar no espelho com tempo para reconhecer nossa alegria de estar envelhecendo é um privilégio, pois só fica velho que não morre jovem.  Desconheço o autor, mas ​é uma boa mensagem Envelhecer Conselho aos da minha geração  Ficar velho e cheio de rugas é natural.  Não quei- ra ser jovem novamente, você já foi.  Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige.  Já viveu essa fase, recon- cilie com a sua situação e permita que o passado se torne passado.  Esse é o pré-requisito da felicidade.  “O passado é lenha calcinada.  O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto.” , como já dizia Cícero.  Abra a mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha, da vasta cabe- leira e do alto desempenho pra não se tornar carica- tura de si mesmo.  Fazendo isso ganhará qualidade de vida.  Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado.  Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora.  A flor da ida- de ficou no pó da estrada.  Então,para que se preocu- par?!  Guarde os bisturis e toca a vida. Você sabe quem enche os consultórios dos cirurgiões plásticos?  Os bonitos.  Você nunca me verá por lá.  Para o bonito, cada ruga que aparece é uma tragédia, para o feio ela é até bem vinda, quem sabe pode melhorar, ele ain- da alimenta uma esperança.  Os feios são mais felizes, mais despreocupados com a beleza, na verdade ela nunca lhes fez falta, utilizaram-se de outros atributos e recursos.  Inclusive tem uns que melhoram na medida em que enve- lhecem.  Para que se preocupar com as rugas, você demorou tanto para tê-las!  Suas memó- rias estão salvas nelas.  Não seja obcecado pe- las aparências, livre-se das coisas superficiais.  O negócio é zombar do corpo disforme e dos membros enfraquecidos. Essa resistência em aceitar as leis da natureza acaba espalhando sofrimento por todos os cantos.  Advêm consequências desastrosas quando se busca a moci- dade eterna, as infinitas paixões, os prazeres sutis e secretos, as loucas alegrias e os desenfreados praze- res. Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e condena a ruína sua própria alma.  Dis- creto,sem barulho ou alarde,aceite as imposições da natureza e viva a sua fase.  Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu.  Se não viveu na fase devida o melhor a fazer é esquecer. A causa do sofrimento está no apego, está em querer que dure o que não foi feito para durar.  É viver uma fase que não é mais sua.  Tente controlar essas emo- ções destrutivas e os impulsos mais sombrios.  Isso pode sufocar a vida e esvaziá-la de sentido.  Não dê ouvidos a isso, temos a tentação de enfrentar crises sem o menor fundamento.  Sua mente estará sempre em conflito se ela se sentir insegura.  A vida é o que importa.  Concentre-se nisso.  A sabedoria consiste em aceitar nossos limites. Você não tem de experimentar todas as coisas, pas- sar por todas as estradas e conhecer todas as cida- des.  Isso é loucura, é exagero.  Faça o que pode ser feito com o que está disponível.  Quer um conselho?  Esqueça.  Para o seu bem, esqueça o que passou.  Têm tantas coisas interessantes para se viver na fase em que está.  Coisas do passado não te pertencem mais.  Se você tem esposa e filhos experimente viven- ciar algo que ainda não viveram juntos, faça a festa, celebre a vida, agora você tem mais tempo, aproveite essa disponibilidade e desfrute.  Aceitando ou não o processo vai continuar.  Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora.  Nada nos pertence. Tive um aluno com 60 anos de idade que nunca havia saído de Belo Horizonte.  Não posso dizer que pelo fato de conhecer grande parte do Brasil sou mais fe- liz que ele.  Muito pelo contrário, parecia exatamente o oposto.  O que importa é o que está dentro de nós,a velha máxima continua atual como nunca:“quem tem muito dentro precisa ter pouco fora”. Esse é o segredo de uma boa vida. 24 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 25
  • 14. P or não entenderem como funciona o apren- dizado, muitas pessoas utilizam técnicas ineficientes na hora do estudo – e,com isso, perdem tempo e realizam esforço desne- cessário, que poderia estar sendo utilizado para aprender de verdade. Erro comum observado é o fato de as pessoas “que- brarem” áreas inteiras do conhecimento a um punha- do de associações a serem memorizadas. É isso que acontece quando tentamos apenas decorar o assun- to: selecionamos pedaços de conteúdos e repetimos sem pensar. “Acredite: esse é, de longe, um dos modos mais ineficien- tes de estudar”, exalta Paulo. Para começar, a repetição em massa não é a melhor maneira de garantir que a memória seja duradoura. Di- vidir o conhecimento em dezenas ou até centenas de associações não é um bom modo de fazer seu cére- bro processá-lo. As informações são organizadas de uma maneira bem mais abstrata do que uma simples sequência de dados. Para que você aumente o seu aprendizado, é ne- cessário aprender a organizar o as- sunto de outras maneiras. A repetição espaçada Memórias são como a vida: a partir do momento em que nascem, começam a decair.Você esquece as coi- sas mais rápido do que imagina,“um jeito de exem- plificar é o seguinte: no primeiro dia você aborda o conteúdo sabendo 0%; então, vai de 0 a 100% de conhecimento. No segundo dia, se você não pensou ou leu a respeito do conteúdo de alguma forma, você já terá perdido entre 20% e 50% daquilo que apren- deu. O cérebro está sempre armazenando informa- ção temporária: pedaços de conversa, números de telefone, rostos de pessoas. E, ao mesmo tempo, está sempre esquecendo essas informações. Ao chegar no dia 30,a taxa de retenção já está por volta de 2% a 3% da original,” resume Paulo. Porém,você pode mudar isso.Reprocessar a informa- ção manda um sinal para o cérebro e então a memó- Paulo Ribeiro Escritor Repetição em massa: uma péssima maneira de aprender  Paulo Ribeiro, autor do livro “Os 7 Pilares do Aprendizado: Usando a Ciência Para Aprender Mais e Melhor”, explica porque esse método é tão ineficiente - e como aprender de forma melhor. ria vai ficando cada vez mais forte. Se você quer resolver o problema do esquecimento usando força bruta, simplesmente revise todo dia, todas as informações que você gostaria de lembrar, para sempre. Sem per- ceber, é isso o que você faz diaria- mente com informações essenciais para você, como o seu nome, seu endereço, telefone, etc. A questão é que ninguém tem tempo disponível o suficiente para usar a estratégia “revisar tudo todo dia” e fazê-la fun- cionar. O ideal é saber a hora de revisar o conteúdo, isso muda tudo. Dessa forma, você traz conteúdo ao nível máximo de domínio se esforçando o mínimo possí- vel.“Normalmente, o momento ideal para a primeira revisão - quando houve decaimento o suficiente que vale a pena se esforçar para trazer o conteúdo de vol- ta a 100% - é de 3 a 7 dias.Caso não saiba quando é a hora de revisar, hoje já existem alguns programas de computador que auxiliam para dizer a melhor hora de fazer isso:Mnemosyne,Mnemonodo,iSRS,AnyMe- mo e o Anki, são alguns deles. Para maiores informações, o livro “Os 7 Pilares do Aprendizado: Usando a Ciência Para Aprender Mais e Melhor” explica detalhadamente como aprender de forma mais eficiente. E um bônus: aqueles que comprarem o e-book ganham mais informações so- bre o Anki, programa de computador que auxilia na repetição espaçada – utilizado pelo próprio Paulo Ri- beiro. Confira: A disseminação da tecnologia de pron- tuário eletrônico tem promovido uma revolução na gestão clínica-hospitalar e, por consequência, nas rotinas de tra- balho dos profissionais da saúde. Além dos impactos diretos no dia a dia das instituições,já é perceptível um ganho de eficiência a partir da trans- missão online das informações a res- peito do histórico dos pacientes e da migração de conceitos consagrados da área da saúde para o ambiente da ferramenta. Surgida no Brasil nos anos 90, a so- lução automatiza processos de re- gistro e atendimento e fornece às instituições de saúde informações clínicas de qualidade sobre o histó- rico dos pacientes. O avanço tem se consolidado com o surgimento de uma geração de prontuários eletrô- nicos com interfaces mais sofistica- das, tornando o sistema ainda mais aderente ao dia a dia de enfermei- ros e médicos e colaborando para a análise das operações e para a gera- ção de melhores resultados. Houve nos últimos anos um processo de certifi- cação destas soluções, com o estabelecimento de requisitos obrigatórios e o reforço da neces- sidade da assinatura eletrônica para validação jurídica e ética do prontuário eletrônico. Ao reunir em uma só ferramenta todos os dados necessários para embasar a ação dos profis- sionais, estes sistemas colaboram para a segu- rança no ambiente clínico e hospitalar. Em ou- tra via, a constante atualização desses sistemas permite que sejam acopladas a eles funcionali- dades, de acordo com as necessidades de cada especialidade e conforme as características de cada instituição. A tecnologia torna mais simples e ágeis tarefas rotineiras, como acessar anotações e recomen- dações elaboradas pelo corpo clínico, controlar o ca- minho percorrido por medicamentos da farmácia até quem precisa recebê-lo e garantir a organização do histórico de pacientes, sem necessidade de arquivos em papel. Assimilados esses ganhos, fornecedores de softwa- res de prontuário eletrônico já exploram uma nova divisa: a conexão entre conceitos consagrados e a tecnologia da ferramenta. Um exemplo desse avan- Prontuário eletrônico transforma rotinas de trabalho da Saúde Nelson Pires Diretor do segmento de Saúde da TOTVS ço é a materialização dos Cinco Certos em forma de uma solução de tecnologia. O conceito consiste na checagem de cinco pontos antes da administração de um medicamento: paciente, medicamento, dose, via e horário. A conferência, antes feita mentalmente ou em uma prancheta pelo enfermeiro, agora pode ser controlada de forma informatizada no prontuário eletrônico. O sistema permite checar automaticamente o acesso 26 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 27
  • 15. ao prontuário do paciente correto e iden- tificar, por meio de leitura de código de barras, o medicamento, seu lote e valida- de. A conferência de cada etapa libera a passagem para a próxima fase. Mesmo os “certos”feitos manualmente,por meio da marcação de checks, são registrados no sistema e, assim, o funcionário é formal- mente responsável por ter cumprido com aquele procedimento. A integração ilustra o potencial do pron- tuário eletrônico de colaborar com res- postas a uma questão crítica da área da Saúde: o combate a erros e a promoção da segurança no ambiente clínico-hos- pitalar. Com a tecnologia em constante atualização, as possibilidades de uso do prontuário eletrônico em prol das rotinas dos profissionais de saúde tornam-se in- finitas. Sobre a TOTVS Top provedor de software de gestão, plataforma e consultoria para empre- sas - com mais de 50% de marketshare no Brasil, liderança na América Latina* e sendo uma das maiores provedoras de ERP Suite do mundo -, a TOTVS é uma de- senvolvedora de tecnologia e serviços para empresas de todos os portes. Consi- derada a 22ª marca mais valiosa do Brasil, avaliada em US$ 569 milhões, segundo o ranking da BrandAnalytics, a TOTVS pos- sui no país cinco filiais, 52 franquias, mais de 200 distribuidores e nove centros de desenvolvimento. No exterior, tem clien- tes em 39 países, entre filiais, franquias e dois centros de desenvolvimento (Esta- dos Unidos e México). Com o compromisso de tornar os seus clientes competitivos no mercado que atuam, oferece soluções para 10 segmen- tos. Suas operações são conduzidas por três conceitos: tecnologia fluída, essen- cialidade e ERP ágil, complementados por um amplo portfólio de soluções ver- ticais e por serviços como Consultoria de Negócios, Cloud Computing e SaaS.  Em 2013, registrou R$ 1,6 bilhão em receitas.  Mais informações em www.totvs.com. D irigido por alguns dos mais consa- grados diretores, “Rio, Eu Te Amo”, tem o primeiro trailer divulgado. O vídeo, disponível no linkhttp://youtu. be/dAXt0VpLsnQ, reúne cenas do fil- me que retratam os mais diversos tipos de relações e de amores:os jovens,os roubados,os não corres- pondidos, os relâmpagos e até os tímidos. As 23 estrelas nacionais e internacionais que integram o elenco, entre elas, Fernanda Montenegro, Ro- drigo Santoro, Vincent Cassel, Jason Isaacs, Cláu- dia Abreu, John Turturro, Emily Mortimer, Marcelo Serrado, Harvey Keitel e Vanessa Paradis, vivem histórias emocionantes nos principais cenários da Cidade Maravilhosa, como a Praia de Copacaba- na, o Pão de Açúcar, as ruas do Vidigal e o Theatro Municipal. Com estreia marcada para 11 de setembro, o filme brasileiro da franquia “Cities of Love” é produzido pela Conspiração Filmes, Empyrean Pictures e BossaNovaFilms. Além do longa- metragem, foi criado um movimento de amor ao Rio chamado #RIOEUTEAMO  que incentivou os amantes da cidade a se mobilizarem em intervenções e eventos. ‘Rio, Eu Te Amo’ ganha trailer oficial FILME BRASILEIRO DA FRANQUIA ‘CITIES OF LOVE’ ESTREIA NOS CINEMAS EM 11 DE SETEMBRO por recursos obtidos através dos incentivos fiscais federais da Lei 8.685/93. A distribuição no Brasil e na América Latina é da Warner Bros e as vendas internacionais estão a cargo da WestEnd Films, de Londres. #RioEuTeAmo Lançado em outubro de 2012, o movimento de amor à cidade que virou filme – #RioEuTeAmo – tem mobilizado milhões de pessoas. No Facebook são mais de um milhão de fãs e no Instagram quase 60 mil fotos foram postadas com a hashtag #rioeuteamo. As ações também se espalham por todos os cantos da cidade: apresentação de Orquestra Sinfônica Ambulante no Complexo do Alemão, show flutuante para o público da mureta da Urca, flashmob na estação Siqueira Campos do metrô (na hora do rush), distribuição gratuita de mais de cinco mil flores na Lagoa Rodrigo de Freitas, feijoada com a Velha Guarda da Mangu. - Reunimos algumas das maiores mentes criativas do cinema mundial e um elenco estrelar para realizar esse projeto.E o resultado é uma bela homenagem à Cidade Maravilhosa partindo dos mais variados pontos de vista – afirma o produtor Leonardo Barros. A franquia “Cities of Love” foi iniciada com a produção de “Paris, Eu Te Amo”, que abriu o Festival de Cannes em 2006. O sucesso deste primeiro trabalho convenceu Emmanuel Benbihy, criador do projeto, de que ele deveria percorrer outros continentes e cidades, como Nova York e Xangai. Assim, o segundo filme “Nova York, Eu Te Amo”ficou pronto em 2009.A partir daí,o produtor começou a licenciar a franquia para produtores estrangeiros, como ocorreu no caso do “Rio, Eu Te Amo”. O filme teve patrocínio de O Boticário (patrocinador-master), Nextel, Santander, Unilever, Fiat e Brasil Kirin; e apoio da RioFilme/Prefeitura do Rio.“Rio, Eu Te Amo” é parcialmente financiado 28 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 29
  • 16. R evolucionar a recuperação de paraplé- gicos e tetraplégicos, aumentando a es- perança dos pacientes e alcançando re- sultados inéditos no País. Esse é um dos principais objetivos do dr. Beny Schmidt e da equipe da Unifesp criada especialmente para testar a técnica de implante de  eletrodos neuroes- timuladores nos nervos ciático, femoral e pudendo (nervos sacrais). Localizados na região abdominal, eles são os responsáveis pelos movimentos das per- nas e pés e pelo controle da bexiga e do reto. O implante é feito por videolaparoscopia, de forma pouco invasiva. Além da menor agressividade cirúr- gica, a possibilidade de tratamento sem necessida- de de seccionar as raízes nervosas é outra vantagem da técnica. “A neuromodulação,técnica que se inicia na Unifesp e em outros centros especializados pelo mundo na qual são colocados eletrodos em nervos periféricos, talvez seja, na história da Medicina, a mais criativa iniciativa da ciência na área neuromus- cular”,afirma Schmidt. “Esperamos alcançar resulta- dos ainda melhores do que os obtidos fora do Brasil, pois combinamos as vantagens da neuromodulação a novas técnicas desenvolvidas por nossa equipe aqui no Brasil”, completa o especialista. Na prática, espera-se uma série de benefícios para os pacientes, como controle da função urinária e da incontinência de fezes, ganho de massa muscular nos membros inferiores e a possibilidade de ficar de pé e até mesmo andar, com o auxílio de andador. Nucelio Lemos, que faz parte da equipe com o dr. Schmidt, explica que a grande inovação da nova técnica é o local de implante dos eletrodos que, em vez de serem colocados na medula, são implantados após a formação dos nervos. “Desta forma, conse- guimos respostas mais específicas aos estímulos”, afirma. Técnica revolucionária para recuperação de paraplégicos e tetraplégicos Sobre o Dr. Beny Schmidt Beny Schmidt é chefe do Laboratório de Patologia Neuromuscular e professor adjunto de Patologia Cirúrgica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele e sua equipe são responsáveis pelo maior acervo de doenças musculares do mundo, com mais de dez mil biópsias realizadas, e ajudou a localizar,dentro da célula muscular,a proteína in- dispensável para o bom funcionamento do músculo esquelético - a distrofina. Beny Schmidt possui larga experiência na área de medicina esportiva,na qual já realizou consultorias para a liberação de jogadores no futebol profis- sional e atletas olímpicos. Foi um dos criadores do primeiro Centro Científico Esportivo do Brasil,atual Reffis,do São Paulo Futebol Clube,e do CECAP. Historinhas do Vinil Roberto Nogueira Consultor da Presidência da Confederação Nacional do Comércio robertonogueira@terra.com.br Q ue sorte a minha, a sua e de todos que viveram vidas paralelas à de Chico e tantos outros gênios que chegaram aos 70 ou dele estão próximos. Quan- do criança pequena lá em Juiz de Fora pensava que o limite era 55.A boemia do Manoel Ho- nório de vez em quando perdia alguém, mas se con- solava rápido quando do fundo do velório ouvia-se a justificativa,“já estava com 55”. Com 55 era morte, AVC,depressão,bebida ou qualquer coisa assim,me- nos vida saudável. Chico está aí,70 anos com cara de menino,permitam- me o exagero. Vivo o suficiente para cantar, compor e encantar. Chico é uma (quase) unanimidade. Dele tenho quatro dezenas de LP. Desde o primeiro com cara de menino, realmente, até Chico Canta (excep- cional), Ópera do Malandro e tantos outros. Cobram de Chico, novos grandes sucessos. Por quê? Não se satisfazem com a genial obra que atravessará Chico, 70 anos! gerações? Se Chico fizer uma música como Caroli- na, por exemplo, não vai tocar nas rádios, nem na TV, poucos se sentirão tocados pela beleza de seus ver- sos, simplesmente porque as rádios e as TVs estão entupidas dessa música baiana de quinta categoria e por esse sertanejo que de sertanejo nada tem. As melodias são as mesmas, as vozes são as mesmas, as roupinhas são as mesmas, mesmos também são os penteados e as sobrancelhas. Estamos condenados a ouvir essas porcarias, a me- nos que tenhamos em casa vitrolas e LPS do qual ex- traímos versos e melodias sublimes como “te agar- rei nos seus cabelos, nos teus pés, no teu pijama, aos pés da cama” e um filme vai passando enquanto Elis interpreta Chico, geme de dor e é possível vê-la ar- rastar-se.“Atrás da Porta” é simplesmente belíssima, das melhores de Chico. E Construção. Pedro Pedreiro. Olhos nos Olhos. Cá- lice. A banda. Roda Viva. “Tens dias que a gente se 30 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 31
  • 17. sente/como quem partiu ou morreu/a gente estan- cou de repente/ou foi o mundo então que cresceu/a gente quer ter voz ativa/no nosso destino mandar/ mas eis que chega a roda-viva e carrega o destino prá lá”. Quanto talento para dizer que a ditadura era um estorvo em nossas vidas, interferindo em nossos destinos. E“Trocando em Miúdos,podes guardar/as sobras de tudo que chamam lar/as sombras de tudo que fomos nós/as marcas de amor em nossos lençóis/as nossas melhores lembranças/aquela esperança de tudo se ajeitar”. Chico tem (não é tinha, é tem mesmo) uma capacidade extraordinária de emprestar beleza nas situações mais corriqueiras e nas mais dramáticas e difíceis da relação humana entre homem e mulher, seja pensando como homem ou mulher. Outro talento de Chico é driblar a censura sempre com muita competência, ironia e porque não dizer com certo escárnio, merecido escárnio. Os censures podiam se debruçar sobre seus versos, uma, duas, dez vezes e continuavam incapazes de definir e in- terpretar o que ele realmente queria dizer. Quando a censura começou a incomodar muito Chico deu o golpe final, criou o personagem Julinho da Adelaide, e foi com esse nome que muitas de suas músicas pas- saram pela censura como alguns brasilienses pas- sam pelo sinal vermelho. Rápido. Esse foi o escárnio maior. Esse fato é a evidência que a censura era a Chico e não a seus versos. Chico era o mal a ser contido, ca- lado. Mas não se censura pensamento, nem talento e Chico seguiu emplacando ideias e sucessos e a cen- sura se afundando cada vez mais em sua própria es- tupidez. A censura liberou “Apesar de Você” pensando que Chico falava de uma relação amorosa qualquer. De fato era, mas não no sentido bíblico. Era uma aventura amorosa com seu país, com a democracia e a liberdade. No gover- no Médici ela foi proibida de tocar nas rádios. Mas foi liberada no final do governo Geisel, no tempo da aber- tura “lenta, gradual e segura”. Com censura ou não, o hino da luta contra a repressão caiu na boca do povo. Em “Apesar de Você” todos os versos são lindos, mas destaco um momento especial: Apesar de você/Amanhã há de ser outro dia/Inda pago pra ver o jardim flo- rescer qual você não queria/Você vai se amargar vendo o dia raiar sem lhe pedir licença/E eu vou mor- reu de rir/Que esse dia há de vir/Antes do que você pensa. Vejam bem o poder que a ditadura pensava ter, o de exigir que o dia peça-lhe licença para nascer. E Chi- co constrói a simbologia impensável, o dia vai raiar sem pedir licença à ditadura. Nesse dia acabou-se a ditadura. Esse é o recado. E Chico fecha a canção com um Você vai se dar mal/ etc.e tal.Não me recordo de outro etc.e tal tão bem usado,deixando em aberto o que viria contra os opressores. Viva CHICO. Pedro Valls Desembargador O assunto é conhecido. A cada vez que um crime bárbaro é cometido reapare- cem as intermináveis discussões sobre a pena de morte e a redução da idade penal. Nestes momentos, como alerta- va Dupré,“os homens olham menos com os olhos do que com a paixão dos seus corações”. E foi assim que uma menina de dois anos – repito, dois anos – foi investigada pela polícia do Reino Uni- do, acusada de vandalismo. Ainda naquele país uma outra criança, de dez anos de idade, foi parar na ca- deia, acusada de estupro. Nos Estados Unidos da América, duas crianças tive- ram a infeliz ideia de fazer um desenho no qual um colega aparece enforcado. Apesar de terem apenas nove e dez anos,foram retiradas da escola algemadas e conduzidas a uma prisão,sob a acusação de“amea- ça de morte”. Ainda naquele país houve o caso dos dois estupra- dores que foram parar dentro de uma cadeia – o pri- meiro deles tinha oito anos de idade, e o segundo nove. Há também o caso do menino de 13 anos con- denado por um homicídio que cometeu quando tinha 11 – a pena foi de prisão perpétua. De nada adiantou os psicólogos explicarem, durante o julgamento, que alguém com onze anos tem apenas dois terços do cé- rebro desenvolvido, em comparação com um adulto. Há poucos anos um estudo realizado naquele país descobriu crianças cumprindo pena em penitenciá- rias por conta dos delitos mais bizarros:uma,de onze anos, havia ameaçado a professora em um momento de ira, outra havia desobedecido seu pai, uma tercei- ra não havia arrumado o quarto e uma quarta havia “matado” aulas. A pergunta que modestamente faço é: resolveu? Não. Tanto assim que no Reino Unido já se estuda até a Precisamos mesmo de leis mais duras? possibilidade de prender os pais por conta da má conduta dos filhos. Aliás, e quanto aos maiores? Va- mos a eles. No civilizado Japão,onde há pena de morte,até doen- tes mentais são executados. Isto me faz lembrar do caso de um outro, condenado à morte nos EUA, que foi tratado até que ficasse são o suficiente para ser executado.Em Tonga,o furto de comida é punido com chicotadas. Na Arábia Saudita, ladrões são condena- dos à amputação das mãos em praça pública.Na Chi- na,corruptos são executados em estádios,cabendo à família a humilhação final de pagar os custos da bala utilizada no ato. No Vietnã o tráfico de entorpecentes é punido com a morte. E novamente a pergunta que faço é: resolveu? Não! Todos estes países discutem soluções para os índices crescentes de criminalida- de – inclusive com a adoção de leis ainda mais duras. Talvez, em verdade, devêssemos trilhar o caminho oposto: leis não tão duras, mas que fossem efetiva- mente cumpridas quanto a todos,e não quanto a pou- cos. Assim, no Reino Unido e EUA, apenas 5% dos estupradores são punidos – e na Austrália meros 1%. Na Holanda,apenas 350 mil dos 1,2 milhão de crimes anuais chegam a ser investigados. Na Argentina, me- nos de 1% dos crimes resultam em condenação. Na Espanha,apenas 0,1% dos incendiários chegam a ser julgados. Aqui mesmo, no Brasil, apenas 2,5% dos crimes aca- bam em processo – os restantes,nem nisso! E,quanto aos que acabam em processo, registra-se a vergo- nhosa estatística de que apenas 1% dos condenados cumprem suas penas até o fim! Diante deste quadro, arrisco dizer que seria menos doloroso voltarmos ao século XIX,rumo ao sábio con- selho de Thomas Jefferson, segundo quem “a aplica- ção das leis é mais importante que a sua elaboração”. 32 | Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 Revista Entre Lagos | Edição 99 | JUN/2014 | 33