Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Revista Mensal - No 214 - março 2015 - 3€ (Cont
1. Revista Mensal – Nº 214 – março 2015 – 3€ (Cont.)
Um orelhudo de olhar cativante
É Um bom candidato?
adoção
nem tUdo o qUe
dizem está correto
grooming
mini Lop
coelhos
tartarUga
de dorso
articULado
exóticos
porqUe deixoU
de ser Limpo?
gatos
tratamento
de animais
obesos
nutrição
exposições 8ª Canina naCional de FaFe | Gatos no Pet Festival
desparasitar
também é preciso no inverno?
passeios na rua
dicas para andar à trela
treino
ensine-o a estar sozinho em casa
Cocker spaniel inglês
toxoplasmose
zoonose feLina
experimente
Uma massagem
stress
o meU cão
deixoUdecomer
convivência
5607727082248
00214
4. 4 Cães&Companhia
Convivência
Eva Biosca Marcé
MédicaVeterinária
Fotos: Shutterstock
“Quero adotar um cão”
Será que é um bom candidato?
Há algum tempo que pensa em adotarum animal. Mas, como o escolher? O que deve terem conta
para que se adapte ao seu estilo de vida? Como saberse tem um bom temperamento?
5. 5Cães&Companhia
A decisão de adotar deve ser bem pensada
e não um capricho momentâneoA
verdade é que muitas vezes coloca-
mos estas questões face ao desejo de
ter um cão, mas o mais importante
é deixado para depois. Antes de pensar em
como deveria ser, temos que averiguar se cum-
primos as condições para que a relação com
ele funcione, pelo menos da nossa parte.
Não siga um impulso
Há muitas pessoas que antes de adotarem um
cão já sabem o que querem, por exemplo, “um
cão de tamanho pequeno e que não largue
pelo, se possível que não ladre muito, e tem
de ser fêmea”.
Mas, pelo contrário, outras pessoas gostam
de seguir o primeiro impulso: “A mim não me
importa como é, fico com aquele que conquis-
tar o meu coração. Tenho espaço, mas pouco
tempo para estar com ele, por isso levo dois
e fazem companhia um ao outro”. Visto isto o
melhor é seguir umas premissas básicas antes
de adotar.
Nunca vá atrás de um impulso de um dia, por-
que foi com uma pessoa amiga ao canil ou
passou por uma loja e viu um cachorrinho. Isto
nunca!
A decisão de adotar deve ser ponderada e
não um capricho momentâneo, caso contrário
à mesma velocidade que entra em casa pode
sair também. Pense uma vez, duas vezes, três
vezes… um animal é para toda a vida.
Além disso, todos os que vivem consigo têm
de estar de acordo com a decisão.
Uma relação longa
A decisão de adotar um cão deve ser bem pen-
sada e não o capricho de um momento, já que
esse animal viverá aproximadamente uns 12
anos, no caso dos cães, um pouco mais se se
tratar de um gato e alguns pássaros, como os
papagaios, que chegam a viver mais do que
nós.
Implique-se verdadeiramente porque devolver
um animal é muito duro, tanto para si como
para ele.
Ficará de coração partido ao chegar a casa
O tempo que lhe dedicamos
é mais importante do que o espaço.
6. 6 Cães&Companhia
sem ele, por muito difícil que tenha sido a
convivência entre ambos. E ficará sempre a
achar que não foi capaz ou que não fez o
suficiente.
Tempo é melhor que espaço
Tenha consciência do tempo que pode dedicar a
um animal. Não é como pôr uma nota na agen-
da para tirar uma horita por dia ou vários dias
por semana, este precisa de conviver consigo e,
além disso, irá acompanhá-lo onde for, inclusi-
vamente nos fins-de-semana e no verão.
Aponte num papel o estilo de vida que leva,
ou seja, os seus horários e o que vai modificar
quando tiver um animal. Não se esqueça de ter
em conta os sítios onde vai ao fim-de-semana,
pois pode não poder ir com ele.
Um cão ou gato de pelo comprido precisa de
ser escovado, sem pressas, com muita paciên-
cia e direito a recompensa no final.
Se, pelo contrário, tem todo o tempo do mundo,
dedique-lhe apenas o suficiente, se não pode vir
a ter problemas por excesso de atenção.
Espaço em casa
A um animal faz muito mais falta o tempo que
lhe possa dedicar do que o espaço de que dis-
põe. De nada serve ter um grande jardim se
não puder sair daí, pois precisa de experimen-
tar e conhecer outros espaços. Se não tem tem-
po suficiente para um cão, talvez seja melhor
adotar um gato.
Não precisa de viver num palácio, mas se for
uma casa alugada deve certificar-se primeiro
de que lhe permitem ter animais.
Por fim, e não menos importante, deve saber se
na sua comunidade os animais de companhia
são bem aceites, pois os seus vizinhos podem
não estar dispostos a ter animais no prédio ou
condomínio.
• O veterinário, que deve ser visitado regular-
mente. Pergunte o preço das vacinas, do micro-
chip e das consultas, deve contar sempre com
esses gastos;
• O grooming, para o manter cuidado e sau-
dável;
• Os acessórios, como a cama, coleira, trela,
brinquedos, etc.;
Faça perguntas
Se é a primeira vez que vai desfrutar da pre-
sença de um animal de companhia em casa,
procure encontrar resposta para todas as suas
dúvidas, entre amigos, fóruns da Internet ou
através de profissionais e especialistas.
Custos associados
Outra questão importante são os gastos que
representa ter um animal:
• A alimentação, que deve ser de qualidade.
Não compre a primeira que lhe vier à mão no
supermercado de uma marca desconhecida e.
à primeira diarreia. dê-lhe uma ração de alta
gama, adequada ao seu tamanho e idade;
• O seguro, obrigatório para algumas raças ca-
ninas, mas sempre aconselhável para todos os
animais de companhia;
• Durante as férias, tanto se levar o seu animal
como não, calcule o preço do passaporte (obri-
gatório para a Europa), do bilhete para ele ou
de quanto custa a sua estadia num hotel para
animais.
Tamanho e força
Um cão de tamanho grande. brincalhão e forte.
deve estar numa casa sem idosos delicados. Se
forem crianças a cair, porque o cão os empurrou,
normalmente não será grave, mas o mesmo já
não acontece com as pessoas mais frágeis.
Há muitos animais nos canis à espera de um
lar, mas antes de levarmos um para casa devemos
saber perfeitamente que o queremos mesmo
Tudo o que refletirmos antes de uma adoção
ajudará a uma decisão acertada.
7. Se decidiu ter um cão
Se decidir ter um cão e desfrutar dessa maravilhosa relação para toda a vida tenha em
atenção os seguintes pontos:
• Para um cão é mais importante o tempo que lhe dedicam do que o espaço disponível. Não
lhe serve de nada estar numa casa com um terreno grande para correr, se não tiver alguém
para lhe lançar a bola. Não gosta de brincar sem companhia.
• Um cão gosta mais de sair, cheirar sítios exteriores e ver os outros da sua espécie do que
ficar no jardim de casa. Com a desculpa do jardim, muitos não saem à rua.Alguns cães
chegam a habituar-se e, com o passar dos anos, são os próprios a não querer sair. No
entanto, não é justo que os privemos desses passeios tão agradáveis e necessários.
• Curiosamente, precisa de mais espaço um cão de tamanho médio ou pequeno, se for
nervoso, do que um de tamanho grande, se for molengão.
• Os cães mais velhos estão menos motivados e requerem menos atenção do dono, de
qualquer forma não lhe devemos dar menos atenção.
• Ter um cão em casa vai sujar sempre, portanto se gosta de ter sempre a casa impecável terá
de dedicar mais tempo à sua limpeza ou ter alguém que o ajude nessa tarefa.
No caso de crescer muito e não o conseguir
passear, pode sempre procurar um passeador
de cães (mais um gasto a ter em conta).
Muitos animais para adotar
Todos os fatores expostos são de grande im-
portância. Infelizmente, e independentemente
dos motivos, os Canis Municipais e as Asso-
ciações de Proteção Animal estão repletos de
animais que já tiveram um lar.
Infelizmente, houve um dia em que deixaram
de ser desejados, se tornaram um incómodo
e passaram a ser o número da sua boxe. Em
certos locais nem existe registo do historial do
animal, pode eventualmente o tratador lem-
brar-se de alguns pormenores da sua história.
Convém recordar que quase todos os animais
saem do canil esterilizados, pois com tantos
animais sem dono tentam que mais nenhum
se reproduza.
É triste, mas é assim, muitos animais saudáveis
continuam a ser sacrificados todos os anos, por
falta de lar, negando-se-lhes assim o direito à
vida.n
Os impulsos na escolha
do cão não costumam resultar bem.
8. Cães&Companhia8
Notícias
Novo canil
para Barreiro e Moita
O novo Centro Intermunicipal
de Recolha de Animais Errantes
ficará localizado junto ao
Mercado Abastecedor do Barreiro
e irá contemplar 33 boxes para
cães, celas de quarentena, um
gatil e um espaço administrativo.
O arranque da obra está previsto
para este verão, sendo o valor
inicial da obra de cerca de 335
mil euros.
“Encantadora de Gatos”
em Lisboa
Vicky Halls vai estar a 7 de
março, no Centro Cultural de
Belém, em Lisboa. Um evento
promovido pelo Hospital do
Gato, com o apoio da revista
"Cães & Companhia".
CÃOaroma no Fundão
Formação e passeio com
Fernanda Botelho no dia 7 de
março, no qual se vai fazer uma
introdução às plantas aromáticas
e medicinais. Saiba como tratar
e prevenir alguns problemas
comuns dos animais com
plantas e como construir uma
coleira repelente natural, entre
outras coisas. Organizado por
d'Alpetratínia. Mais informações:
964 939 072.
Curso para treinadores
Curso para treinadores com
Steve Mann, Presidente do
IMDT – Institute of Modern Dog
Trainers, nos dias 14 e 15 de
março, em Santa Maria da Feira.
Para mais informações:
itsallaboutdogs@hotmail.com
Teatro “Sílvia”
Sílvia é o nome da cadela de
Gonçalo e Catarina e dá título a
esta comédia em cena no Teatro
Villaret, em Lisboa, até 15 de
março. Conheça este estranho
“triângulo amoroso”
que mistura humor com ternura.
www.facebook.com/villaret.teatro
Seminário de Grooming
Seminário Artero, com
Workshop, no dia 22 de março,
na Exponor, com Luis Martín del
Río (stripping) e Ángel Esteban
(tesoura).
Para mais informações:
artero.portugal@gmail.com
Aranhas e Escorpiões
A Exposição"O Fascinante Mundo
das Aranhas e dos Escorpiões"
está patente até 5 de abril no
Museu Nacional de História
Natural e da Ciência, em Lisboa.
www.facebook.com/MUHNAC
Medicina Felina
O Congresso Europeu de
Medicina Felina 2015 irá
realizar-se de 1 a 5 de julho
no Porto. Com três temáticas:
dermatologia, hematologia e
controlo de fertilidade.
www.icatcare.org:8080
/isfm-congress
Órix-de-cimitarra,espécieextintanaNatureza,
nascenoJardimZoológico
Nasceu no Jardim Zoológico, em Lisboa, uma cria de Órix-de-cimitarra, espécie já extinta na Natureza desde
2000.A cria, com cerca de 15 kg, representa uma vitória importante no trabalho realizado no Jardim Zoológico
pela conservação desta espécie, que passou de abundante a extinta na Natureza em apenas algumas décadas.
Cada nova cria de Órix-de-cimitarra é uma esperança real para a sobrevivência da espécie, que já só pode ser
encontrada ao cuidado do Homem.A sua extinção deveu-se a uma combinação letal entre a caça intensiva a
partir de veículos com armas modernas, longos períodos de seca, desertificação e a redução de habitat natural
devido à expansão agrícola local e ao pastoreio de gado doméstico.
Como curiosidade, o Órix-de-cimitarra pode chegar até aos 200 kg e ter até 1,50 m de altura. É conhecido
pelos seus longos cornos, existentes nos machos e fêmeas, curvados para trás, que podem ir até aos 1,20
m de comprimento. É uma espécie herbívora.Vive em manadas de, pelo menos, 10 indivíduos, sempre com
a existência de um macho dominante. Cada gestação tem a duração de cerca de 8 meses e a fêmea tem,
normalmente, uma cria.A longevidade da espécie na natureza não é conhecida mas, sob cuidados humanos, o
Órix-de-cimitarra pode viver cerca de 30 anos.
PousadasdePortugaleRoyalCanin
comparceriaDogFriendly
Teve início em fevereiro uma parceria de colaboração entre as Pousadas de Portugal e a Royal Canin que visa
promover o conceito de “férias com o seu cão”. É cada vez mais evidente que os cães são considerados como
membros da família e, como tal, devem poder estar presentes em todos os momentos, inclusive nas férias.
As Pousadas de Portugal estão atentas às tendências do mercado e convidam os cães dos seus clientes para
usufruírem da estadia em conjunto em 17 unidades espalhadas pelo país. Cães de pequeno porte (até 15
kg) e cães guia, independentemente do seu peso e tamanho, podem ficar alojados nos quartos com os seus
donos e circular, quando devidamente acompanhados pelos donos, em áreas especificadas.
A Royal Canin associou-se a esta iniciativa, por considerar que
a mesma representa um passo importante na integração dos
animais de companhia em todos os aspetos da vida dos seus
donos e na criação de um mundo melhor para os animais
de companhia. No âmbito desta iniciativa Dog Friendly a
Royal Canin oferece a todos os hóspedes caninos um kit
de boas-vindas para os ajudar a sentirem-se em casa
que inclui uma embalagem de alimentação, uma cama,
um comedouro, uma base de chão e ainda sacos
higiénicos.
Pousadas de Portugal Dog Friendly:
Caniçada-Gerês, Guimarães, Amares, Vila
Pouca da Beira, Serra da Estrela, Ria,
Viseu, Palmela, Alvito, Vila Viçosa,
Alcácer, Marvão, Arraiolos, Estoi,
Tavira, Sagres e Horta.
9.
10. 10 Cães&Companhia
Vila da “Cães & Companhia”
Mostra Canina no Pet Festival 2015
Pode ver mais fotografias da Vila da “Cães & Companhia” e dos Encontros de Raça
12. Lançamento da DOGTV
O seu cão vai adorar!
A DOGTV está a chegar a Portugal! O lançamento oficial está para breve, mas damos-lhe já a conhecer
em primeira mão este projeto dedicado aos nossos “cãopanheiros”.
Entrevista Redação
13. A
DOGTV Portugal é um canal de televi-
são exclusivo para o seu cão, para que
este se sinta sempre acompanhado,
mesmo quando está sozinho em casa. Para per-
ceber melhor este conceito falámos com Pedro
Costa, Diretor Geral da empresa que apostou
em trazer a DOGTV para o nosso país.
A DOGTV Portugal é um canal para o cão!
Pode explicar melhor este conceito?
O desenvolvimento da DOGTV levou alguns anos
e muitas horas de estudo de especialistas da área
comportamental. Finalmente, foi possível criar
conteúdos adaptados à visão e audição do cão,
e, sobretudo, que cumpram o objetivo de fazer
companhia e de melhorar a sua qualidade de vida
durante as horas em que ficam sozinhos em casa.
Uma grande percentagem dos lares
portugueses tem animais de companhia,
sendo estes maioritariamente cães.
Em que países já existe DOGTV e como
tem sido a sua aceitação?
A DOGTV foi lançada nos Estados Unidos, no
Japão, na Coreia e, recentemente, na Alemanha.
Portugal será o segundo país europeu a receber
este projeto.Ao todo, o canal chega a mais de 30
milhões de lares no mundo inteiro. É um verda-
deiro fenómeno.
A DOGTV tem três tipos de programação:
conteúdos relaxantes e estimulantes,
assim como de reforço positivo a
diferentes estímulos. O que os diferencia?
Acima de tudo o canal não é feito para hipnoti-
zar os cães à frente da televisão.A programação
é desenhada para acompanhar o ciclo diário.
Como nós, também os cães têm necessidade de
fazer coisas diferentes ao longo do dia. Umas ve-
zes mais calmas, outras mais mexidas.
Um problema comportamental frequente
é o stress e a ansiedade por separação.
A DOGTV pode ajudar nestes casos?
Sim. A DOGTV é aconselhada por vários espe-
cialistas para reduzir os problemas de ansiedade
dos cães através da presença constante que terá
ao longo do dia com conteúdos adaptados à sua
natureza e aos seus sentidos.
Os sentidos caninos são distintos dos
nossos. A emissão da DOGTV Portugal é
adaptada às suas características?
Esse é o maior “segredo” da DOGTV.As imagens
e os sons foram alterados para se adaptarem aos
A DOGTVPortugal é um canal de televisão exclusivo
para cães com o objetivo de fazercompanhia e melhorar
a sua qualidade de vida quando estão sozinhos em casa
cães. Provavelmente os donos vão achar a emis-
sãoestranha,umasvezescomcoresmaispálidas,
outras vezes muito azuladas.Não se preocupem!
O canal é para os cães, eles vão adorar.
A DOGTV Portugal prevê ter algum
conteúdo para os donos?
Durante a emissão, especialmente à noite e ao
fim de semana, a DOGTV terá conteúdos espe-
ciais para os donos dos cães, produzidos em Por-
tugal, mostrando a nossa realidade e ajudando a
conhecer melhor este universo fantástico que é
conviver e tratar os nossos amigos caninos.
Para que os donos percebam melhor o
conceito, é possível ver online alguns dos
programas disponíveis?
Podem espreitar o Facebook da DOGTV Portugal
ou o canal YouTube da DOGTV.
Há vários vídeos que explicam e exemplificam
todo o projeto.
www.facebook.com/dogtvportugal
Este é um canal premium.
Qual o seu valor?
A subscrição é de 4,99€ por mês e não obriga a
fidelização. n
14. 14 Cães&Companhia
A Encantadora de Gatos
Vicky Halls pela primeira vez em Portugal
No dia 7 de março vai estar em Portugal, pela primeira vez,Vicky Halls, conhecida como
a “Encantadora de Gatos”, num evento promovido pelo Hospital do Gato, com o apoio da revista
“Cães & Companhia”.
F
alámos com a Dra. Maria João Dinis
da Fonseca, Diretora Clínica do Hospi-
tal do Gato e grande impulsionadora
deste evento inédito no nosso país.
Podemos dizer que na base deste
evento está o conceito subjacente
ao Hospital do Gato. Pode fazer uma
breve apresentação deste espaço?
O Hospital do Gato é um hospital veteriná-
rio inteiramente dedicado à espécie felina. É
o primeiro Hospital Veterinário em Portugal
com estas características. Com 20 anos de
experiência sempre em ambiente hospitalar,
senti necessidade de conseguir prestar cui-
dados mais diferenciados aos gatos, sobretu-
do quando é preciso que fiquem internados,
onde a qualidade do serviço é decisiva para a
sua recuperação.
Oferecer cuidados de excelência em medi-
cina felina é o nosso objetivo e isso só se
consegue com instalações e meios físicos
que o permitam, e com uma equipa que se
identifique com o conceito Cat-friendly. Mas
para que este projeto inovador seja valoriza-
do também os donos precisam de formação,
esta é também uma das nossas missões.
Quanto mais informados sobre gatos e so-
bre as suas particularidades forem os donos,
mais facilmente vão conseguir compreender
os seus gatos e mais vão apreciar este proje-
to e a sua equipa. A nossa assinatura é “Vi-
vemos o Gato”, porque na realidade é o que
fazemos diariamente no Hospital do Gato.
Como surgiu a ideia de fazer um evento
só sobre gatos? E a oportunidade
de convidar a “Encantadora da Gatos”?
Todas as consultas no Hospital do Gato, mas
sobretudo as de primeira vez, têm uma com-
ponente formativa. Os donos valorizam este
conceito e apreciam a diferença.
No entanto, em ambiente de “consulta” é
difícil os donos reterem tanta informação.
Assim, paralelamente a todo o material di-
Entrevista Redação
Num questionário realizado pelo Hospital do Gato
a proprietários, verificámos que mais de 80%
desconhece as necessidades básicas do seu gato
dático que fornecemos nas consultas, que-
remos organizar ações deste tipo, de modo
a promover a formação, mas de uma forma
mais lúdica. Este é o primeiro evento que or-
ganizamos, conta com o apoio da Purina, mas
queremos que tenha continuidade.
O nome da Vicky Halls surge por ser uma
oradora que alia um elevado conhecimento
técnico a uma linguagem acessível. O fato da
palestra ser em inglês foi contornado com a
utilização de tradução simultânea.
Pode dar-nos a conhecer
um pouco mais a oradora Vichy Halls?´
A Vicky Halls tem como formação de base
enfermagem veterinária. Em 1980, quando
Dra. Maria João Dinis da Fonseca,
Diretora Clínica do Hospital do Gato.
15. O evento é direcionado
a todos os amantes
de gatos e pretendemos
que decorra numa
linguagem acessível
e pouco técnica
começou a trabalhar num gatil, apercebeu-se
das dificuldades que existiam aquando das
adoções, pois a informação sobre comporta-
mento felino era escassa. Começou assim o
seu percurso, estimulado pela necessidade de
conhecimento para conseguir fazer melhor
pelos gatos.
O facto de ter mais de 30 anos de experiência,
sempre a lidar diretamente com os donos, faz
com que conheça como poucos todos os me-
andros e dificuldades que surgem, por vezes,
na convivência com os gatos. Foi bastante
pioneira, mas manteve-se sempre atualizada,
e é atualmente consultora na área de com-
portamento da prestigiada ISFM (Sociedade
Internacional de Medicina Felina).
Esta iniciativa é mais direcionada
para os donos ou para profissionais
(médicos, enfermeiros, auxiliares,
groomers, entre outros)?
O evento é direcionado a todos os amantes
de gatos e pretendemos que decorra numa
Breve Biografia de Vicky Halls
Vicky Halls é uma aclamada comportamentalista felina.
Com mais de 17 anos de experiência em tratamento
de problemas de comportamento em gatos, é autora
de vários best-sellers internacionais, entre eles dois
traduzidos para português: “Segredos de Gato: O Livro
que o Seu Gato Gostaria que Lesse” e “Detetive de
Gatos: À Descoberta dos Mistérios do Comportamento
do seu Gato”.
Integra o departamento de Comportamento e Bem-
-Estar Animal da ISFM - International Society of Feline
Medicine. É colaboradora regular de várias revistas
sobre gatos,“The Cat” e “ Your Cat”, bem como de
programas de rádio e televisão. Em 2008,Vicky foi
eleita a “Nation’s Favourite Cat Author” pelos leitores da
Revista “Your Cat”.
linguagem acessível e pouco técnica. No
entanto, certamente que os profissionais de
saúde também têm a aprender com o evento,
quanto mais não seja, qual a melhor maneira
de transmitir informação aos donos.
Existem muitas oportunidades para médicos
veterinários, enfermeiros e outros técnicos
aumentarem o seu conhecimento, mas for-
mações focadas nos donos são raras. A maio-
ria das inscrições tem sido para proprietários,
mas também temos várias inscrições de mé-
dicos veterinários.
Foram 5 os temas escolhidos para este
primeiro evento. Considera que estes
estão entre as dúvidas e problemas mais
frequentes entre os donos?
Sem dúvida que sim. São temas que consti-
tuem dúvidas diárias dos donos e que inter-
ferem com a relação que têm com o gato. Os
temas foram propostos por nós, e a opinião
da Vicky Halls foi em concordância com a
nossa, o que nos leva a concluir que no Reino
Unido, onde o gato é o animal de estimação
mais frequente, os problemas são semelhan-
tes.
Na sua opinião, acha que a maioria
dos donos compreende o seu gato?
Tenho a certeza que não. Num questionário
realizado pelo Hospital do Gato a proprietá-
rios de gatos, verificámos que mais de 80%
desconhece as necessidades básicas do seu
gato. Estes dados não me surpreenderam.
No Hospital do Gato estamos todos motiva-
dos para contrariar este resultado. Queremos
gatos mais saudáveis e mais felizes, que são
dois conceitos indissociáveis. São muitas as
doenças nos gatos que têm como base um
distúrbio do bem-estar felino e muitos os
problemas comportamentais que se tradu-
zem em problemas somáticos.
O que diria a um dono de gato
para o convidar a ir a este evento?
Trata-se de uma oportunidade única para
ficar a conhecer melhor o seu gato. Quanto
melhor o compreender mais vai gostar dele
(mais ainda!) e mais feliz vai ser a relação
dono-gato. Descortinar os enigmas do com-
portamento felino e ajudar a resolver os pro-
blemas mais frequentes vão ser objetivos al-
cançados. E qual é o dono que não se intriga
com algumas reações do seu gato? n
Para mais informações e inscrições:
• Tel. 213 017 360
• geral@hospitaldogato.com
• www.hospitaldogato.com
17. I
nfelizmente, hoje em dia, os nossos cães
acabam por passar grandes períodos de
tempo sozinhos devido às nossas rotinas
e vidas familiares, e, muitas vezes, desen-
volvem problemas de comportamento como:
destruição, ladrar excessivo ou ansiedade por
separação. É por isso, imprescindível ensinar
o nosso cão a como estar sozinho.
1. Exercício físico
O exercício físico é uma necessidade básica
que deve ser assegurada em qualquer cão.
vida e bem-estar. Entendemos que estimular
mentalmente o nosso cão se traduz no col-
matar das necessidades mentais (jogos que
façam o cão pensar) e dos comportamentos
naturais do cão (tais como, escavar, roer, pro-
curar comida, usar o olfato e a visão).
Para satisfazermos esta necessidade do nosso
cão podemos fazer jogos como esconder comi-
da pela casa (ou na divisão onde o cão fica),
dar-lhe ossos para roer, alimentá-lo através de
brinquedos dispensadores de comida (como
bolas e Kongs) ou através do treino positivo.
Os cães devem sair de casa pelo menos
2x por dia, para poderem cheirar o ambiente
ao seu redor, mantendo-se em forma e mentalmente
estáveis
Lembre-se que se o cão estiver cansado, mui-
to provavelmente terá vontade de dormir as-
sim que estiver sozinho e sossegado.
Antes de sair de casa, dê um passeio que ele
possa apreciar, deixe-o cheirar e permita que
corra sem trela num local seguro e adequado
ou então com uma trela de 20 metros. Apro-
veite as atividades que ele gosta de fazer,
como por exemplo, brincar com uma bola ou
jogar tug of war, para o cansar e dar-lhe o
exercício físico que é essencial.
2. Estimulação mental
Em conjunto com um nível apropriado de
exercício físico, a estimulação mental é es-
sencial para o desenvolvimento saudável de
um cão, assim como na prevenção de proble-
mas comportamentais. Juntos formam uma
base bem sólida para uma boa qualidade de
Na verdade, basta usar a imaginação.
Procure fazer uma pequena sessão de treino
antes de sair e enquanto este está sozinho dei-
xe-o ocupado com umas das atividade men-
cionadas anteriormente. É o momento certo
para ele se ocupar com uma dessas tarefas.
3. Crate training
Durante as primeiras semanas de um cachorro
ou cão adulto na sua nova casa, aposte no uso
de uma crate (transportadora). Para começar a
introduzi-la no seu quotidiano, faça um treino
gradual de habituação à mesma. O objetivo é
que se torne um espaço seguro que significa
sempre algo bom e positivo para o cão, e nun-
ca deve significar castigo ou um espaço que o
cão quer evitar. Para conseguirmos que o cão
estabeleça este tipo de relação com a crate,
vamos introduzi-la aos poucos na vida do cão,
A Alice, com 8 semanas, já
aprendeu a gostar de dormir
sozinha dentro da crate.
18. 18 Cães&Companhia
ou seja, é dentro da crate que o cão terá acesso
às coisas boas, como as suas refeições, um osso
ou um Kong.
No início do treino a porta nunca deve estar fe-
chada e o cão nunca pode ficar “preso” na cra-
te. À medida que evolui no processo de treino,
pode gradualmente ir fechando a porta, perma-
necendo fechada durante cada vez mais tempo.
Esta ferramenta vai permitir que o seu cão se
habitue a estar sozinho e sossegado num sítio
seguro, onde apenas pode interagir com os ob-
jetos apropriados para ele, como um Kong ou
um osso, evitando que procure a perna da mesa
para roer, por exemplo.
4. Quando o deixar sozinho
Quando trazemos um cachorro para casa ou
adotamos um cão já adulto, o mais certo é que-
rermos passar o máximo de tempo possível com
ele, raramente o deixamos sozinho pois quere-
mos que se sinta seguro na sua nova casa – o
que é perfeitamente normal.
No entanto, é muito importante que o cão
aprenda a estar sozinho, noutra divisão, mesmo
quando estamos em casa. Quando estiver perto
do seu cão, crie vários momentos diferentes um
para treinar, outro para brincar, momentos para
festinhas e momentos para o cão estar sosse-
gado sem receber atenção mesmo quando está
Evite criar fossos
sociais na vida do seu
companheiro e torne os
momentos de solidão em
momento de lazer, como
roer um Kong ou dormir
presente. Enquanto está em casa, por vezes,
coloque-o em outra divisão enquanto dorme ou
roi um osso.
5. Como o deixar sozinho
O confinamento ou acesso restrito aos vários
locais da casa é muito importante nos primeiros
tempos do cachorro, ou cão, em casa. Crie um
sítio à prova de cão, onde este ficará confortá-
vel e seguro durantes as suas saídas. Lembre-se
que, na sua ausência, o cão terá muito “tempo
livre” e vai procurar entreter-se com qualquer
coisa que encontrar.
O “espaço” que tem livre também dita o que
pode fazer. Portanto, mantenha-o num local
relativamente pequeno, com acesso a água
fresca, comida e brinquedos adequados (como
explicado na estimulação mental), e com a sua
casa-de-banho interna (caso seja um cachorro
pequeno ainda não acostumado a aguentar
tantas horas).
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa,
os cães não precisam de muito espaço livre quan-
do estão sozinhos. Na verdade, podem ficar num
espaço relativamente pequeno, onde se possam
ocupar com algumas coisas e descansar.
Promover a estimulação mental do cachorro
quando está sozinho é uma ótima forma
de incutir bons hábitos e evitar que este
associe a solidão a algo de mau.
19. Prepare o local onde o
cão fica durante o dia,
com uma cama quente,
brinquedos recheados de
comida, água e uma casa
de banho temporária
Quando o cachorro está cansado, física e mentalmente,
e quer descansar, pode ser deixado num local do seu agrado,
como a apanhar sol no pátio, pois, mesmo quando estamos
em casa, convém que aprenda gradualmente a ficar sozinho.
Quando o cachorro está a dormir deixe-o sozinho, para que
aprenda que estar sozinho é bom. Aproveite esses momentos
para o deixar sossegado.
A estimulação mental é muito importante,
dê ao cachorro um ossinho e deixe que
este permaneça sozinho enquanto o rói.
Quando os tutores chegam a casa,aí sim,podem
ter acesso à casa toda, sob a sua supervisão, evi-
tando assim que desenvolvam comportamentos
destrutivos, ou outros, que não querem que ele
repita.
6. Seja tranquilo
Os cães são muito observadores do nosso com-
portamento e rapidamente se apercebem dos
nossos padrões.Torne as suas saídas e chegadas
a casa mais calmas.
Tente não lhe tocar de forma muito excitada e
enérgica quando chega a casa, porque isso mo-
tiva o cão a pular, mordiscar e apresentar todos
aqueles comportamentos de exaltação associa-
dos à chegada do dono a casa.n
20. 20 Cães&Companhia
O meu cão deixou de comer
O que faço?
Convivência Carolina Pinedo
Fotos: Shutterstock
Uma mudança, a chegada a casa de um bebé ou de outro animal, são circunstâncias que podem
desencadearperda de apetite no cão porstress, medo ou nervos, assim como se este estivera convalescer
de uma doença. Damos alguns conselhos para o ajudara conseguirque o seu cão recupere o interesse pela
comida.
21. 21Cães&Companhia
Preste atenção aos hábitos alimentares
do seu cão, qualquer mudança pode ser sinal
de um problema na sua saúde
Q
uando o cão deixa de comer pode ser
devido a causas físicas, como uma
doença, ou psicológicas, por estar de-
primido ou stressado. A dor é uma das causas
pela qual um cão pode perder o interesse pela
comida. Uma ferida na boca, uma cárie ou uma
doença podem tirar-lhe o apetite.
Os animais mais velhos podem sofrer de artro-
ses e como o movimento lhes causa dor deixam
de ir até ao prato da comida. Mas os problemas
de estômago também podem ser a causa da
perda de apetite.
As mudanças, a chegada de um novo animal a
casa ou o desaparecimento de um ser querido
podem ser outras das razões que levam o cão a
deixar de comer. Se um animal está deprimido,
stressado ou nervoso, pode perder o apetite. O
normal é que recupere passados uns dias, mas
se a inapetência persiste, é recomendável con-
sultar o médico veterinário.
Investigue as causas
Averiguar a causa da perda de apetite do cão é
importante para atacar o problema e conseguir
que volte a comer. O médico veterinário levará
a cabo um check up para saber o que se passou.
Mas temos de ter em conta que não deve pas-
sar mais de 48 horas sem ingerir alimento, pois
pode ser prejudicial para a sua saúde; se assim
for, consulte um especialista.
As informações que passamos ao veterinário so-
bre o cão, como pessoa que convive com ele e o
conhece melhor que ninguém, são fundamentais
para saber o que tira o apetite ao animal.
Mudanças no comportamento do cão ou da ro-
tina de casa podem oferecer uma valiosa orien-
tação para diagnosticar o que se passa. Após
implementar um tratamento adequado contra
o problema que apresenta, o apetite voltará a
aparecer.
Está farto da comida
Além das diversas patologias físicas e psico-
lógicas que podem deitar abaixo o apetite do
cão, estar farto da sua comida habitual também
pode ser a causa de não se interessar pelo que
está no comedouro.
Além disso, se lhe oferecemos petiscos e gulo-
seimas fora da sua dieta habitual, é normal que
depois não coma a ração.
A idade também tem influência na perda de
apetite do cão. Os animais mais velhos, a par-
tir de 10 anos, podem ter menos vontade de
comer; têm uma mobilidade mais reduzida, um
metabolismo mais lento e podem padecer de
dores nas articulações, por isso é normal que
comam menos.
Se o cão está farto do seu alimento seco habi-
tual pode ficar mais entusiasmado se adicionar-
mos uma colher de comida em lata e um pouco
de água morna. Para saber se está realmente
apático ou apenas aborrecido, pode oferecer-
-lhe várias opções em pratos diferentes (galinha,
paté, vaca). Se o cão comer, saberá que é uma
questão de aborrecimento e não de doença.
Mas nunca esqueça que os cães podem ser re-
almente caprichosos com a comida e muitos es-
cravizam os seus donos com os seus caprichos
alimentares.n
3 truques para que recupere o apetite
Além dos conselhos do médico veterinário, quando o seu cão perde o apetite pode usar
estes truques para que volte a comer:
1. Fazer com que os alimentos sejam mais atrativos e, para o conseguir, podemos dar-lhe
comida húmida que é mais saborosa. Se aquecermos um pouco no micro-ondas o cão
ficará mais interessado em comer.
2. Dar-lhe uma dieta caseira até que o cão recupere o apetite, fará com que coma melhor.
Mas este tipo de alimento deve ser supervisionado pelo veterinário. Não se podem preparar
menus de qualquer forma, apenas com ingredientes concretos, quantidades apropriadas e
elaborados corretamente.
3. As rações com uma grande quantidade de energia são uma boa opção para um cão sem
apetite, porque embora coma pouca quantidade de alimento, tem um aporte energético
suficiente.
Averiguar a causa da perda de apetite
do cão é importante para atacar
o problema e conseguir que volte a comer.
Se lhe oferecermos petiscos e guloseimas
for da sua dieta habitual, é normal que
depois não coma a ração.
22. 22 Cães&Companhia
Cocker Spaniel Inglês
Um orelhudo de olharcativante
RafpRide
Gabriela Rafael, do afixo “Rafpride”Raça
O Cocker Spaniel Inglês é conhecido
como uma das raças preferidas como cão
de companhia. É uma raça equilibrada
e multifacetada, um cão de caça e de
companhia, duas atividades que exerce
com o mesmo amor e dedicação, tendo
como meta um único objetivo: Agradar aos
seus donos!
23. 23Cães&Companhia
SharySVianSet
N
ormalmente, as pessoas apaixonam-se
pela sua aparência e é isso que leva
à sua escolha. Mas o Cocker Spaniel
Inglês é um eterno amigo e fiel companheiro,
sempre pronto para a brincadeira, incansável
seguidor do seu dono, por quem faz tudo para
o ver feliz.
As origens da raça
A família dos Spaniels reúne um dos maiores
grupos de cães e um dos mais especializados.
Sendo difícil estabelecer com precisão a altu-
ra em que os Spaniels fazem a sua entrada no
mundo das raças de cães, podemos porém afir-
mar que este grupo canino é um dos tipos mais
antigos. Representações de Spaniels aparecem
já em pinturas pertencentes à Antiguidade
Clássica, como é o caso da representação de
um destes exemplares numa pintura de Filipe II
da Macedónia, pai de Alexandre, o Grande.
Embora sabendo que os Spaniels cedo foram
difundidos por toda a Europa, só voltamos a ter
registo mais preciso deste tipo de cães no rei-
nado de Henrique VIII. São desta época registos
que referem que o Duque de Northumberland,
John Dudley, foi um dos primeiros a treinar
Spaniels para a caça e que no castelo do Rei
Henrique VIII havia um empregado que era o
guardião dos Spaniels com o nome de “Robin
the King’s Spaniel Keeper” (Robin, o Guardião
dos Spaniels do Rei).
Os vários Spaniels
Com o decorrer dos anos, os Spaniels foram di-
versificando o seu tamanho e as suas aptidões
para a caça. Durante o séc. XVI, esta família era
constituída por cães de água e de terra, tendo
desenvolvido cada uma delas particularidades
que as definem.
Em 1885, foi criado na Grã-Bretanha o Spaniel
Club, que começou a trabalhar afincadamente
na elaboração dos diferentes estalões que iriam
caracterizar os distintos tipos de Spaniel. O
Clumber, o Sussex, o Welsh Springer, o English
Springer, o Field, o Water Spaniel Irlandês e o
Cocker começaram a ser registados por volta
do séc. XIX como raças distintas.
O nome “Cocker”
A designação de Cocker Spaniel Inglês passa
então a corresponder aos exemplares mais
pequenos dos Spaniels. O termo “Cocker” ter-
-lhe-á sido atribuído devido à particular noto-
riedade e rapidez com que descobria e obrigava
as galinholas (woodcocks, em inglês) a levantar
voo, o que facilitava a sua caça.
O seu pequeno tamanho fazia com que o Co-
cker entrasse em lugares que outros Spaniels
maiores não conseguiam e não o deixavam
emaranhar-se tão facilmente nos arbustos bai-
xos e cheios de espinhos, que era a habitação
das galinholas.
Assim, tradicionalmente, o Cocker Spaniel foi
criado demonstrando aptidões naturais para a
caça, comportando-se muito bem no seu exer-
cício. Definiu-se como um cão hábil em localizar
e cobrar aves, dotado de um ótimo faro, agili-
dade, resistência na movimentação, rapidez em
aprender, disposição para o trabalho e muita vi-
A raça é dotada de um temperamento meigo
e afetuoso, pleno de vida
talidade, sendo até hoje um excelente caçador.
No entanto, com o decorrer do tempo, foi sendo
cada vez mais utilizado como cão de compa-
nhia, quem sabe, devido ao ar angelical que
sempre apresenta.
Fixação da raça
A origem da denominação “Spaniels” ainda
hoje não reúne o consenso de todos os investi-
gadores, estando a origem desta palavra ainda
por definir com exatidão.
Alguns acreditam que a origem da designação
“Spaniel” acontece por estes cães terem supos-
tamente sido levados de Espanha para Ingla-
terra pelos romanos, já que a palavra Spaniel é
de origem espanhola e significa, precisamente,
“espanhóis”. No entanto, outros acreditam
que é mais provável que a palavra “Spaniel”
derive da palavra céltica “spain”, que significa
“coelho”, dando assim mais força à primeira e
original função para a qual os Spaniels foram
desenvolvidos.
Independentemente da origem da palavra, po-
demos afirmar com certeza que, do século XVII
em diante, foi aceite amplamente a palavra
Spaniel, para designar um conjunto de cães,
especialmente em Inglaterra, onde a denomi-
nação “Cocker” foi usada pela primeira vez em
1859, numa Exposição em Birmingham.
Outro marco importante na história desta raça
O Cocker deve ter
uma aparência
alegre e robusta.
24. 24 Cães&Companhia
Herbert Summers Loyd, proprietário do afixo “Of Ware”,
com três dos seus exemplares, estando no meio “Lucky
star of Ware”, duas vezes ganhador do Best in Show da
Crufts (fotografia retirada da Wikipédia).
aconteceu no ano de 1879, altura em que nasce
“Obo”, um Cocker Spaniel Inglês negro que deu
origem à linhagem de todos os Cockers moder-
nos.
Com a fundação do English Kennel Club em
1873, o Cocker Spaniel passou a ser conside-
rado uma raça separada do Field Spaniel e do
Springer Spaniel.
O English Kennel Club reconheceu a raça em 1892
e o seu primeiro estalão (conjunto de característi-
cas que definem uma raça) foi então publicado.
O prestígio desta raça afirmou-se definitiva-
mente quando venceu o prémio de “Melhor
Exemplar da Exposição” (Best in Show) na Ex-
posição Crufts, em Londres, por seis vezes (nos
anos de 1930, 1931, 1938, 1939, 1948 e 1950)
pelos exemplares do famoso Canil “Of Ware”,
do Criador Herbert Summers Loyd.
Atualmente, esta raça é utilizada principalmente
como cão de companhia, de Exposição e de caça.
A raça atual
Como em muitas outras raças de cães, existem
ainda hoje algumas diferenças morfológicas en-
tre os exemplares usados para o trabalho e aque-
les que são criados como exemplares de beleza
para participarem em Exposições Caninas.
No Cocker Spaniel Inglês, basicamente, o cão de
trabalho será um exemplar ligeiramente mais
leve, com um corpo mais curto do que um exem-
plar criado para Exposição.
Em termos de aparência, e como será facilmen-
te compreendido, o cão de Exposição terá pelo
e franjas mais compridos e bem tratados do que
o seu compatriota caçador.
É da utilização deste animal nas caçadas que
surgiu o costume de se amputar parte da sua
cauda: dizia-se que o Cocker, ao caçar, balança-
va a sua cauda de um lado ao outro com tanto
entusiasmo que sacudia os arbustos à sua volta
e acabava por espantar a caça. Hoje, com a proi-
bição das cirurgias estéticas em animais, esse
costume deixou de fazer sentido.
Principais aptidões da raça
O Cocker Spaniel Inglês, embora tenha sido se-
lecionado com a finalidade de ser utilizado no
levantamento da caça na vegetação rasteira,
cedo entrou nas casas dos seus proprietários,
tornando-se um elemento da família e uma
das raças, por excelência, escolhida para cães
de companhia, função que desempenha neste
momento, na maioria dos países.
No entanto, em países como França e Inglaterra,
os seus dotes e forte instinto de caçador conti-
nuam a ser utilizados e muito apreciados.
Em Portugal
Tal como na grande maioria dos países eu-
ropeus, em Portugal o Cocker aparece desde
sempre na lista dos cães mais registados e mais
procurados.
No primeiro Livro de Origens Português (LOP), que
data de 1956,é interessante verificar que em 2.200
exemplares registados, 400 eram da raça Cocker
Spaniel Inglês, colocando a raça em primeiro lugar,
muito longe do segundo classificado, o Setter com
239 exemplares.É assim evidente a enorme aceita-
ção que a raça teve desde início no nosso país.
Na primeira década do século XXI,a sua posição da
lista das raças mais registadas foi variando, tendo
ido do 5º lugar em 2000 até ao 21º lugar nos anos
de 2009 e 2010.
Deve ter uma natureza alegre que se reflete
na cauda a abanar, num movimento típico cheio
de energia
Viansetsharys
O pelo deve ser liso e de textura
sedosa, nunca deve ser duro
e ondulado
25. Aparência geral
Na classificação da Federação Cinológica Interna-
cional (FCI), o Cocker Spaniel pertence ao Grupo 8,
destinado aos cães de água, levantadores de caça
e retrievers.
De aparência geral, o Cocker deve ser um cão ale-
gre e robusto,próprio para a caça,bem balanceado
e compacto. Deve ter uma natureza alegre que se
reflete na cauda a abanar, num movimento típico
cheio de energia. O seu temperamento deve ser
meigo e afetuoso, pleno de vida.
Morfologicamente, o Cocker Spaniel Inglês deve
apresentar um corpo sólido,bem musculado e bem
proporcionado.A estrutura óssea deve ser robusta
e firme. Os machos devem ter uma altura entre os
39 e os 42 cm, enquanto as fêmeas devem andar
entre os 38 e os 39 cm. O seu peso deve manter-se
entre os 13 e os 15 kg.
Uma cabeça característica
A cabeça deve apresentar linhas suaves, com um
crânio bem desenvolvido e cinzelado, e um stop
bem marcado. Os olhos devem ser cheios, de cor
castanho-escuro. No entanto, quando os exem-
plares apresentam pelagens de cor fígado, fígado
ruão e fígado e branco, a cor dos olhos será muito
mais clara, em harmonia com a cor do pelo. O seu
olhar deve ser um misto de inteligência e meiguice
com um estado de alerta e curiosidade permanen-
te por tudo aquilo que o rodeia.
As orelhas devem ser de inserção baixa e, quando
esticadas para a frente, o seu comprimento deve
alcançar a ponta do nariz. A mandíbula deve ser
forte, com uma mordedura em tesoura, perfeita,
regular e completa, isto é, os incisivos superiores
sobrepassam ligeiramente os inferiores e são inse-
ridos em ângulo reto com os maxilares. Os ossos
da face não devem ser proeminentes. A saída do
pescoço é elegante e este deve ser de comprimento
médio e musculado.
Vianset
28. 28 Cães&Companhia
Esta raça tem demonstrado ser uma ótima e alegre
companheira para as crianças.Gostam de brincar e
sentem-se em casa no meio de uma boa confusão.
Além disso,são bastante sociáveis,até mesmo com
pessoas estranhas.
Não aprecia ser deixado sozinho, já que necessita
de bastante atenção. É um cão que gosta de ser
incluído na vida familiar e que gosta de agradar ao
dono, seja qual for a atividade que lhe seja “pe-
dida”, pois demonstra uma energia inesgotável.
Gosta de atenção e de carinho,que retribui de uma
forma redobrada. Este cão precisa de estar bem
inserido na família, caso contrário será infeliz e
poderá mesmo desenvolver comportamentos que
não são típicos da raça.
Maturidade e reprodução
Normalmente, nesta raça, o primeiro cio aparece
entre os 9 e os 12 meses de idade, mas as fême-
as atingem a sua maturidade sexual por volta dos
2 anos de idade, altura em que estão preparadas
para poderem fazer a sua primeira ninhada.A raça
não demonstra dificuldades em realizar uma mon-
ta natural.
O nascimento ocorre entre os 60 e os 63 dias de
gestação, nascendo, na maior parte das vezes, en-
tre 4 a 8 cachorros.
Quandosepensaemrealizarumaninhada,algumas
precauções devem ser tidas em conta. Certifique-se
que os pais dos futuros cachorros têm temperamen-
tos equilibrados.Ambos os progenitores devem ser
Durante o seu primeiro ano de vida,a comida colo-
cada à disposição do animal pode ser mais abun-
dante do que nos anos seguintes, o que leva a que
alguns criadores optem por alimentar exemplares
mais do que uma vez por dia.
Deve também ser seguida com atenção a mudan-
ça da dentição de leite para a dentição definitiva a
fim de verificar se a colocação desta está conforme
o estalão da raça. Se alguns dentes começarem a
nascer sem os de leite terem caído, é aconselhável
uma visita ao médico veterinário.
É importante seguir com cuidado o desenvolvimen-
to dos cachorros até à idade adulta, tendo o cuida-
do de verificar todos os aspetos da sua morfologia.
Escolha do cachorro
É muito importante quando se toma a decisão
de trazer um cão para a nossa vida familiar, per-
ceber que este é um ser que necessita de cuida-
dos e de atenção.
Por vezes, a aparência adorável dos cachorros
faz com que a decisão não seja muito pensada
e ponderada. Temos sempre que pensar que o
adorável cachorrinho vai crescer e irá dar lugar
a um exemplar adulto, que no caso do Cocker
Spaniel Inglês pode compartilhar as nossas vi-
das por mais de 15 anos.
Se este passo foi realizado,é a altura então de pro-
curar um local onde adquirir o seu companheiro. E
aqui é preciso algum cuidado e bom senso. O local
mais fiável,será procurar junto do Clube Português
de Canicultura, que lhe fornecerá uma lista atuali-
zada dos criadores e das ninhadas registadas mais
recentes.
Através deste método, terá a certeza que está a
adquirir um exemplar que foi criado devidamente,
cuidado e alimentado de forma correta e com os
cuidados veterinários em dia.
Um dos problemas que existe com as raças muito
populares, e com a grande procura que existe de
exemplares destas raças, é de apareceram cachor-
ros vendidos por preços muito mais baixos, mas
cuja criação é fruto de acasalamentos pouco cui-
O convívio diário com esta raça proporciona sem-
pre aos seus donos a descoberta de mais uma brin-
cadeira ou de uma habilidade, pois, por trás deste
cão de estrutura média,está um ser astuto e esper-
talhão que não se cansa de nos surpreender.
Educação e treino
Como acontece com todas as raças, o Cocker Spa-
niel Inglês necessita, desde tenra idade, conhecer
regras e normas de comportamento, sabendo re-
conhecer a autoridade de todos os membros da
família.
É um cão fácil de educar, mas apenas se tornará o
companheiro ideal se os donos estiverem dispostos
a aproveitar a sua enorme inteligência e capacida-
de de aprender, dispensando algum tempo na sua
educação. É preciso lembrarmo-nos que os bons
cães de companhia não nasceram assim; foram
bem-educados para se tornarem excelentes com-
panheiros.
sujeitosaalgunstestes:radiografiaparadespistede
displasia da anca; exame ocular para detetar possí-
veis doenças hereditárias; e análise ao sangue para
verificar se existe alguma complicação renal.
Cachorros
Os cachorros nascem com um peso que pode variar
entre os 200 e os 400 gramas, e medem cerca de
18 a 20 cm.
Na grande maioria dos casos, o leite da mãe é ali-
mento necessário e suficiente para que os cachor-
ros cresçam de uma forma harmoniosa e saudável.
Por volta das três semanas,os cachorros tornam-se
maisativos,começandoaexplorareaestaratentos
a tudo o que os rodeia.
Aos dois meses deve começar a ser introduzida na
sua alimentação ração seca ao mesmo tempo que
se inicia o desmame. Por norma, este processo é
realizado de forma progressiva,com os cachorros a
fazerem uma boa adaptação.
É um cão que gosta de ser incluído na vida
familiar, seja qual for a atividade “pedida”,
pois demonstra uma energia inesgotável
O seu olhar deve ser um
misto de inteligência e de
meiguice com um estado
de alerta e curiosidade
permanente por tudo
aquilo que o rodeia.
RafpRide
ShaRyS
29. dados que dão depois origem a animais que, ao
nível da aparência, mas principalmente ao nível
do temperamento e do comportamento, nada
têm a ver com o Cocker Spaniel Inglês.
Uma raça saudável
O Cocker tem uma esperança média de vida que
pode atingir os 15 anos de idade ou mais. Como
em todas as raças, o Cocker Spaniel Inglês exige
alguns cuidados específicos em relação à sua
higiene e saúde.
Devido ao tipo de orelhas que apresenta, esta
raça tem predisposição para o aparecimento
de otites, problema que se resolve facilmente
rapando com uma máquina, com frequência, o
pelo que cresce da parte interior das mesmas.
Este procedimento poderá ser realizado pelos
próprios donos uma vez que a máquina nunca
magoa o animal. Em casos mais extremos, de-
verão ser utilizados produtos próprios recomen-
dados pelo seu veterinário.
Esta raça é também suscetível ao aparecimento
de atrofia progressiva da retina (PRA), displasia
da anca (HD) e nefropatia familiar (FN).
Atenção com o peso!
A raça exige cuidados com a alimentação. Os
Cockers são muito gulosos possuindo um notá-
vel apetite, o que os torna propensos a criarem
problemas de obesidade. Devoram tudo o que
lhes aparece à frente.
O excesso de peso no animal irá provocar-lhe o
mau funcionamento dos órgãos vitais e proble-
mas nas articulações, afetando a médio prazo a
sua qualidade de vida.
Não oferecer petiscos fora de horas e controlar
as doses de ração que lhe são dadas são as re-
gras milagrosas para os manter em forma.
Cuidados com a pelagem
O banho deve ser frequente, com água tépida,
utilizando um champô adequado ao tipo de
pelo para que este se mantenha longo e sedoso,
havendo também champôs adaptados às dife-
rentes variedades de cor que esta raça apresen-
ta. Podem ser finalizados com a aplicação de um
amaciador.
O pelo deve ser seco com a ajuda de um seca-
dor e de uma escova. Esta prática é fundamental
para que o seu pelo cresça bonito e saudável.
Deve ser penteado com uma escova ou carda-
deira pelo menos duas vezes por semana, para
que o pelo mantenha a aparência que tanto ca-
racteriza a raça.
De dois em dois meses, o Cocker Inglês deve ver
o seu pelo arranjado e acertado, com particular
atenção à tosquia do pelo interior das orelhas
e do pelo que cresce por baixo das patas, entre
as almofadas.
Embora alguns donos o façam no tempo mais
quente, o animal em nada beneficia quando
decidem cortar-lhes de forma drástica o pelo,
deixando-o muito curto por todo o corpo. Nor-
malmente, os animais não gostam desta nova
aparência que lhes é dada, andando alguns dias
tristes e a esconderem-se das pessoas.
Não é necessário fazer a tosquia completa do
Cocker, porque o cão adapta-se ao calor, per-
dendo o subpelo. Além disso, a utilização de
uma máquina de tosquia altera a textura do
pelo, tornando-o menos sedoso e mais encara-
colado, fazendo-o também perder o seu brilho
natural.
Adora exercício e água
Os donos devem proporcionar-lhe exercício físi-
co diariamente, devido à sua grande energia e
atividade. Gosta de passear na companhia dos
donos e adora que lhe sejam atirados objetos
para ir buscar.
Se os passeios forem perto do mar, de rios ou
de lagoas, prepare-se pois, por certo, o seu cão
irá brincar para dentro de água, atividade que
lhe agrada particularmente, independentemen-
te da temperatura a que a esta se encontre. No
entanto, se a brincadeira tiver lugar na água
salgada, o Cocker deve tomar banho de água
doce quando chegar a casa, para que o pelo não
seque com o sal, uma vez que este provoca a
desidratação e a quebra do pelo.
Nos passeios pelo campo temos de ter em aten-
ção as praganas que frequentemente se pren-
dem na pelagem do corpo e nas orelhas.
Desporto canino
O Cocker é uma raça versátil que tem a capa-
cidade de se comportar de forma exemplar na
execução de tarefas muito diferenciadas. Sendo
um cão obediente, normalmente realiza as ativi-
dades que lhe são solicitadas pelo seu dono.
Quem o vê nas suas horas de descanso dificil-
mente verá nele um cão disposto ao trabalho.
Não podia estar mais enganado.
Esta raça admirável adora um bom dia de traba-
lho no campo ou uma longa caminhada.
Em provas de Agility, modalidade onde o animal
deve passar por vários obstáculos sob o coman-
do do dono, o Cocker cumpre a tarefa na perfei-
ção, contagiando com a sua alegria todos aque-
les que assistem à competição. Os praticantes
desta modalidade referem a enorme disposição
e alegria que a raça apresenta quando se depa-
ra com uma pista com obstáculos, fazendo do
exercício uma enorme diversão.
Devido à sua enorme inteligência,também obtém
excelentes resultados em provas de Obediência.
Cão de assistência
No entanto, e mais uma vez devido à sua enorme
versatilidade, é também um excelente exemplar
para ser usado em terapia com idosos e com
crianças que apresentem dificuldades físicas e/ou
mentais. Este “pequeno” animal tem a grandeza
de conseguir transmitir serenidade e tranquilida-
de, ajudando assim na cura e reabilitação. n
Nota de agradecimento: Agradecemos a Gabriela Rafael
do afixo “Rafpride”, a Dora Rosado do afixo “Sharysh” e
a Rui Gonçalves do afixo “Vianset”, por nos terem cedido
fotografias de exemplares da sua propriedade para
ilustrar este artigo.
Gosta de água, de passear na companhia dos
donos e adora que lhe sejam atirados objetos
para ir buscar.
30. 30 Cães&Companhia
Convivência Vera Vicinanza
Fotos: Shutterstock
Bem comportado com as visitas
Seja em casa ou nos passeios
Muitos cães comportam-se de forma desconfiada e, em alguns casos, agressiva em relação a pessoas
estranhas. Estas condutas podem dever-se a falta ou alteração de sociabilização, ou também a uma
educação incorreta.
31. Viver em sociedade significa não limitar
a liberdade dos restantes para que também
respeitem a nossa
P
ara prevenir problemas,
o cão deve ser exposto
desde cachorro à maior
quantidade possível de estímulos,
sobretudo da 3ª à 12ª semana.
Uma boa forma de educar o cão
é apresentar-lhe os estranhos que
visitam a nossa casa.
É importante controlar a porta de
casa, para que o cão aprenda a
estar tranquilo e sentado na pre-
sença de uma visita. Depois va-
mos ser nós a dar-lhe permissão
para se levantar e saudar o nosso
convidado.
Se considerarmos a sociedade
num sentido mais amplo, é certo
que uma boa convivência com os
vizinhos depende exclusivamente
do Homem. O dono do cão é a li-
gação com o resto da sociedade
humana: é quem guia o seu com-
panheiro animal num mundo que
para o cão não teria sentido sem
a intervenção do seu companhei-
ro humano. É por esta razão que
abandonar um cão não só signifi-
ca uma traição, como é também
uma condenação à solidão para
um animal com um indiscutível
sentido social.
O cão espera que nós o guiemos
no nosso mundo, que o apresen-
temos ao seu novo ambiente, que
o ensinemos a como se compor-
tar perante as situações em que
se encontra, porque nós assim o
quisemos.
Saídas à rua
Para muitos donos de cães sair à
rua é um autêntico pesadelo, que
começa na porta de casa. Contro-
lar a porta é um bom início para
controlar tudo o que vem depois,
o passeio e as relações sociais
fora da família e da casa. Em
muitos casos é o cão que leva o
humano a passear e não o con-
trário.
Antes de sair de casa uma boa
prática é pedir ao cão que se
sente e espere o nosso sinal para
poder sair. Desta forma estamos
a canalizar a sua atenção para
a obediência e não para a exci-
tação.
Durante os passeios
Uma vez na rua todo o trabalho
de educação que levámos a cabo
como donos começa a ter um sen-
tido mais amplo. Não só estamos
a partilhar um agradável passeio
ao ar livre com o nosso cão, como
estamos a interagir com o mundo.
Os nossos atos como donos res-
ponsáveis influenciam a criação
de uma consciência social favorá-
Antes de sair de casa uma boa
prática é pedir ao cão que se
sente e espere o nosso sinal
para poder sair.
32. 32 Cães&Companhia
vel, ou não, nos animais.
Muitas pessoas não partilham dos
nossos gostos e podem sentir-se
incomodadas se um cão passeia
solto e se aproxima. As suas re-
ações podem ser imprevisíveis,
assim como as do animal. Outras
não toleram o ladrar ou que dei-
xem a rua suja por terem donos ir-
tificadas pois
o animal repre-
senta realmente
uma fonte de incó-
modo e de ruído. Em
muitos casos, uma boa
educação do cão pode ser
a chave para a convivência em
sociedade.
É importante ser tolerante: trata-
-se de animais que não têm culpa
dos erros dos donos. E os donos,
pela sua parte, devem aceitar que
nem todas as pessoas gostam de
cães e agir com consciência e res-
peito.
Em muitos casos, os vizinhos que,
por exemplo, se queixam de que
o animal ladra na ausência dos
donos podem ser uma fonte de
informação importante, fa-
zendo com que se descubra
um problema de conduta e
uma consequente falta de
bem-estar do animal.
Educação e formação
Viver em sociedade significa
não limitar a liberdade dos
Devemos tentar que o nosso cão
seja mais sociável e se saiba
comportar na presença de estranhos
Muitas pessoas não partilham dos nossos
gostos e podem sentir-se incomodadas
se um cão passeia solto e se aproxima
Apesar
de adorarmos
o nosso cão, não
podemos permitir
que este salte para
todas as pessoas.
estas leis demonstram mais uma
vez as suas limitações e na reali-
dade transferem para o animal e
para o dono responsável todo o
peso e a “culpa” sem enfrentar
o problema desde a sua raiz. Esta
lei, e em geral as que se referem
aos animais, estão longe de ser
partilhadas pelos profissionais e
responsáveis. Sem falar das agres-
sões e mordidas, que em muitos
casos podiam ter sido evitadas
com um pouco de senso comum e
de responsabilidade.
Tudo isto faz com que a sociedade
possa ser relutante à posse de ani-
mais, como se demonstrou com a
promulgação de leis sobre animais
potencialmente perigosos. Sem
entrar na matéria, só diremos que
deixam um enorme vazio legal nas
suas possibilidades de execução.
O cão e os vizinhos
Em muitos casos a convivência
com os vizinhos é dificultada por
danos incompreensíveis que fa-
zem, por exemplo, ser proibido ter
todo o tipo de animais em muitos
prédios ou condomínios.
Noutros casos, as queixas são jus-
33. portante conhecer as leis, educar
o cão e compreender como este
comunica, para isso os donos têm
de se informar e de aprender.Tudo
isto deveria ser obrigatório para
um dono.
Seria interessante propor que os
donos de cães, e não só donos de
cães “potencialmente perigosos”,
demonstrem ter estes conheci-
mentos através de provas, cursos,
formação ou o que fosse necessá-
rio.
Seria poupado muito sofrimento,
maus tratos infligidos de forma
voluntária ou involuntária, e irí-
amos chegar a uma convivência
mais serena e a uma posse mais
responsável.n
Em casa, é importante que o cão
aprenda a estar tranquilo, sentado
ou deitado, na presença de uma visita,
sem comportamentos exuberantes
restantes para que também res-
peitem a nossa.
Colocando-nos na pele dos restan-
tes entenderemos que quiçá de-
vemos escutar também as suas
necessidades. Isto serve tanto
para os donos de cães como
para as pessoas que não
querem partilhar a sua vida
com um animal. Simples-
mente escutando e sendo
tolerante pode-se chegar
a um acordo e, com isso,
à convivência.
Todos os donos devem
conhecer os direitos e
deveres inerentes à
posse responsável
de um cão. É im-
34. 34 Cães&Companhia
“Dono, tenho medo!”
Perceba o que sente o seu cão
Fobias Eduardo de Benito
Fotos: Shutterstock
O medo nos cães é bastante mais frequente do que pensamos e nem sempre está ligado a situações vividas
pelo animal,já que em muitos casos tem uma forte carga hereditária.
35. 35Cães&Companhia
O medo permite ao cão responder perante
situações de perigo de um modo rápido
e contundente
O
medo é um mecanismo de defesa
no animal, a sua ansiedade dispara
quando crê que está exposto a um
perigo e atua como sinal de alerta. Quando o
perigo real ou suposto desaparece, a sua an-
siedade também e retorna ao seu estado emo-
cional normal. Sentir medo é o resultado de
um processo adaptativo nos seres humanos, é
portanto uma resposta biológica de defesa e é
essencial na sobrevivência da espécie.
O medo permite ao cão responder perante
situações de perigo de um modo rápido e
contundente, por isso o medo na natureza é
positivo. Desencadeia-se perante a perceção
de um perigo, real ou imaginário, gerando
um estado emocional que tem uma resposta
fisiológica e de conduta no cão que se prepara
para se defender ou fugir, já que ambos lhe
permitem enfrentar o perigo. O medo, em con-
sequência, não é uma reação negativa. Outra
coisa é que interfira na vida quotidiana do cão
até criar um estado de mal-estar no seu am-
biente social.
A ansiedade do medo
A ansiedade não se pode controlar, uma vez que
quando aparece o animal é dominado por esta e
de nada serve tentarmos pô-la na ordem, só nos
cabe esperar que passe por si mesma. Podemos,
sim,ajudar o nosso cão aliviando o seu sofrimen-
to e oferecendo-lhe proteção. Por isso, é muito
importante conservar a calma e não cair no erro
de gritar, castigar ou forçar o cão a experimentar
à força aquilo que o assusta.
O aparecimento de um comportamento de fobia
provoca respostas bastantes comuns em todos
os casos. O cão começa a olhar para todo o lado
com inquietação, como se procurasse um sítio
para onde fugir. É o seu instinto ancestral de
proteção, que o leva a localizar o refúgio mais
seguro para se colocar a salvo. Muitos donos
reagem com excessiva severidade e, inclusive,
com intolerância perante o medo dos seus cães,
o que representa uma conduta irracional e ir-
responsável.
O medo do nosso cão não nos deve oprimir,
é necessário abordá-lo com inteligência para
minimizar as suas consequências. É certo que
é triste ver um cão louco por causa do medo.
Correm sem sentido à procura de um local onde
se sintam protegidos e logo procuram um novo
sítio que lhes parece oferecer maior proteção.
Podem ferir-se ao embater contra objetos fruto
do medo, ladram e gemem sem parar.
O animal está em sofrimento, por isso a nossa
reação tem de ser calma para poder oferecer-
-lhe ajuda; e não de raiva, com a qual só au-
mentaríamos o sofrimento do animal e piorá-
vamos as coisas.
Tratamento correto
Há uma parte de conduta aprendida no medo
de todos os cães. Se o animal se sente premiado
após uma crise de ansiedade, o comportamen-
to é reforçado. O dono que acaricia, abraça ou
acalma com uma guloseima o medo do seu cão
acaba por reforçar essa conduta e o cão ex-
pressará mais medo na próxima vez. É o medo
rentável. Comportando-se deste modo o dono,
inconscientemente, iniciou um processo de sen-
sibilização no animal pelo objeto ou situação
que lhe provoca medo.
A melhor prevenção consiste em ignorar o
medo, mas este é um dos comportamentos
mais difíceis de curar, por isso não vai passar
logo.
Medo dos ruídos sociais
Uma das fobias mais comuns nos cães é o
medo de ruídos fortes e inesperados, como os
foguetes das festas, e recebe o nome de acus-
ticofobia. O cão afetado de acusticofobia foge
desesperadamente, pois encontra-se dominado
por um estado de nervosismo tal que não con-
O medo é um mecanismo
de defesa no animal,
a sua ansiedade dispara
quando crê estar exposto
a um perigo.
36. 36 Cães&Companhia
trola os seus movimentos. Se está na rua pode
perder-se e se estiver fechado em casa pode
destruir tudo o que encontra ao seu alcance. O
terror apodera-se dele e procurará proteção de-
baixo das camas, num armário ou em qualquer
canto da casa.
Medo das pessoas
O medo que alguns cães apresentam perante a
presença de pessoas desconhecidas é conheci-
do como antropofobia. Este medo não é gerado,
normalmente, por todas as pessoas, mas por
determinados grupos como pessoas que usam
uma determinada roupa (uniforme), que são de
determinada raça (pessoas de cor) ou de gru-
pos sociais muito marcados, como crianças e
idosos.
Quando a antropofobia não é hereditária pode
dever-se a uma sociabilização incorreta em
cachorro ou a uma experiência traumática. A
manipulação do cachorro por parte do criador
desde o dia do seu nascimento, complementada
pela mãe, é uma ferramenta essencial para evi-
tar o medo das pessoas nos canídeos.
Medo de outros cães
Alguns cães são inseguros, têm falta de confian-
ça em si mesmos, e a presença de um compa-
nheiro canino assusta-os. Podemos dizer que
padecem de cinofobia. A cinofobia é um trans-
torno psicológico persistente, anormal e injusti-
ficado de medo de cães.
Pode esconder um processo de sociabilização
inadequado e é encontrada com frequência em
animais que foram separados da mãe ao nascer
e criados a biberão. Estes cães não aprenderam
os mecanismos de comunicação da sua espé-
cie, essenciais para permitir a coesão dentro do
grupo e a interação entre os seus membros de
modo adequado.
Ao desconhecer todos esses sinais que consti-
tuem uma linguagem muito complexa e que é
baseada fundamentalmente em sinais auditi-
É muito importante que o dono mantenha
a calma e não caia no erro de gritar, castigar
ou forçaro cão a experimentarà força aquilo
que o assusta
vos, visuais, olfativos e táteis com que os cães
transmitem informação, o cão não responde de
forma correta às mensagens enviadas por outro
cão e sente medo.
Perante outro cão estes animais escondem a
cauda entre as patas, adotam todos os sinais de
um animal submisso, mas como são dominados
pelo medo, ao mesmo tempo mostram sinais
agressivos de defesa, como mostrar os dentes,
que podem desencadear o ataque do outro cão.
É um processo que se autoalimenta, o medo
desencadeia agressividade e esta desencadeia
a agressão do outro cão, pelo que o processo se
agrava cada vez mais.
Medo das trovoadas
As trovoadas assustam um grande número de
cães, mas também outros animais, como os ca-
valos; esta fobia recebe o nome de brontofobia
(medo de trovões e relâmpagos).
O nível de intensidade do pânico varia nota-
velmente nos animais, mas alguns cães podem
começar a tremer quando escutam os primeiros
trovões. O medo aparece cedo no cachorro e,
geralmente, é herdado, embora também possa
ser resultado de um episódio traumático.
Agorafobia
A rua é motivo de medo para um grande nú-
mero de cães. Normalmente, são cães que em
cachorros foram mantidos isolados em canis ou
37. 37Cães&Companhia
ambientes muito monótonos. Para estes a rua
aparece como uma ameaça onde os carros, as
luzes, as pessoas a ir e vir, ou a presença de ob-
jetos, como contentores de lixo, os assustam.
É uma fobia adquirida por uma educação
inadequada.
A agorafobia pode desenvolver-se
em fobias específicas, por exem-
plo, o medo de objetos volumosos ou de passa-
gens subterrâneas ou elevadas para atravessar
a rua.
Medo da “educação”
Embora pareça estranho, muitos cães são víti-
mas do seu dono, que lhes cria inconsciente-
mente um estado de stress e de ansiedade pela
educação. Um treino baseado na dominância e
no castigo acaba por provocar aversão, e até
medo, no cão.
É um erro muito generalizado crer que um
método de treino é uma receita infalível e que
se o aplicarmos no cão este se vai tornar num
companheiro extraordinário. Quando um profis-
sional aceita a tarefa de educar um cão toma
em consideração aspetos do animal como a sua
idade, sexo, resistência ao stress, etc. pois den-
tro de todas as raças há exemplares mais fortes
psicologicamente e outros mais instáveis.
Cada cão é um mundo diferente, com uma
personalidade própria marcada por fato-
res tão diversos como a impregnação
que recebeu em cachorro ou a so-
ciabilização posterior. O treinador
precisa de ter sensibilidade para
captar as reações do cão em
cada momento e responder
a estas com estímulos
adequados; trata-se de
uma interação mútua.
Esta sensibilidade só
se obtém quando nos
interessamos verdadei-
ramente no cão, anali-
sando o seu comporta-
mento, comparando-o
com outros cães e, no
final, trabalhando com
vocação e afeto pelo
animal.n
Muitos cães são vítimas do seu dono,
que lhes cria inconscientemente um
estado de stress e de ansiedade pela
educação.
38. 38 Cães&Companhia
O “tato”:
Sistema somatossensorial
Desde pequenos que nos ensinam que temos cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladare tato. O tato,
dizem-nos, é o que nos permite aperceberdo mundo através do toque. Mas será este sentido assim tão
simples como nos indicaram?
Sentidos
Carla Cruz
Bióloga, Mestre em Produção Animal
e Doutoranda em Ciência Animal
(www.aradik.net)
Fotos: Shutterstock
O mundo sensorial dos cães V
39. 39Cães&Companhia
D
e uma forma geral e clássica, o tato
corresponde ao sentido que recebe e in-
terpreta estímulos mecânicos (de forma
passiva por contacto e pressão, e de forma ativa
por palpação).
Emnós,humanos,otatoéumsentidodeimportân-
cia fundamental.Os nossos longos dedos têm uma
elevada sensibilidade sensorial, e o polegar oponí-
vel permite a manipulação fácil de objetos.À parte
da visão,muita da nossa perceção do mundo passa
por tocarmos e pegarmos nas coisas, sentirmos a
sua forma,a sua dureza,a sua textura.
Em contrapartida, é fácil perceber que nos cães
o tato, como o entendemos popularmente, não
terá uma importância tão relevante como acon-
tece connosco.Afinal, os seus dedos são curtos e
encurvados, e servem para andar e não para ma-
nipular. Adicionalmente, a sua superfície ventral
está recoberta por espessas almofadas que ab-
sorvem os impactos do movimento, dificilmente
permitem uma sensação fina.
Sistema somatossensorial
Mas, na realidade, a receção de estímulos é mui-
to mais que o sentir aquilo em que se toca, daí
este sentido ser mais corretamente chamado de
sistema somatossensorial, algo que o caracteri-
za bem melhor que a simples denominação de
tato – é o sistema encarregado de experienciar
as sensações no e do corpo (soma), através de
diferentes tipos de recetores, nomeadamente:
• Mecanorrecetores: sensíveis a alterações
físicas, torções, alongamentos e pressão;
•Nociceptores:responsáveispelaperceçãodedor;
• Propriocetores: sensíveis ao movimento e
posição do corpo;
• Termorrecetores: respondem à temperatura
(calor e frio);
•Quimiorrecetores:sensíveisaestímulosquímicos.
Estes recetores estão distribuídos pelo corpo,
a maioria na pele, mas também nos músculos
e nas vísceras. Vejamos em mais detalhe como
atuam estes recetores.
Mecanorrecetores
Estes recetores são os que existem em maior nú-
mero na pele. A pele é o maior órgão do corpo,
envolvendo-o completamente e protegendo-o
das agressões exteriores, pelo que, naturalmen-
te, faz sentido que contenha diferentes tipos de
recetores que permitam ao organismo interagir
com o meio envolvente.
Por exemplo, na base de cada folículo de pelo
(o local onde o pelo nasce e emerge para fora
da pele) existem recetores específicos que são
ativados quando há movimentos externos que
levam a que o tecido à sua volta estique ou se
dobre. Quando o seu cão está a correr atrás de
uma bola, escorrega e cai no chão, são os meca-
norrecetores que indicam ao cão que ocorreu um
embate. São também estes recetores que indi-
cam ao seu companheiro, deitado no sofá ao seu
lado, que está a receber festas suas.
As vibrissas do cão
Nos cães têm interesse particular os mecanorre-
cetores nas vibrissas, ou “bigodes”, que têm no
focinho, aqueles pelos especiais isolados, mais
compridos e rijos, que nós não possuímos. Gra-
Os mecanorrecetores são os principais responsáveis
pelo “tato” como o consideramos popularmente
ças a eles, as vibrissas fornecem informação so-
bre objetos próximos,coordenam os movimentos
do focinho e podem servir como uma espécie de
proteção ocular, evitando colisões acidentais.
Além da sensibilidade a esta estimulação mecâ-
nica direta, são também sensíveis às vibrações e
movimentos subtis das correntes de ar.Talvez por
isto a maioria dos cães não gosta que se sopre
na sua face (apesar de curiosamente a maioria
adorar viajar com a cabeça fora do carro, rece-
bendo plenamente o impacto do vento na cara).
Por esta razão, a prática relativamente comum
de cortar as vibrissas aos cães, para que fiquem
mais “bonitos” ou “elegantes”, priva-os de uma
função sensorial importante.
Mecanorrecetores na pele
Existem ainda outros tipos de mecanorrecetores
na pele.À superfície existem por exemplo os dis-
cos de Merkel (nada a ver com a política alemã),
Os nociceptores estão
localizados na maior parte
da pele e enervam a maioria
dos órgãos, estes são
responsáveis pela perceção
de estímulos, químicos ou
térmicos, que podem causar
danos ao corpo.
O contacto social, como festas,
ajuda a acalmar os cães em situações
de stress, diminui o ritmo cardíaco
e a pressão sanguínea.