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Revista Mensal – Nº 214 – março 2015 – 3€ (Cont.)
Um orelhudo de olhar cativante
É Um bom candidato?
adoção
nem tUdo o qUe
dizem está correto
grooming
mini Lop
coelhos
tartarUga
de dorso
articULado
exóticos
porqUe deixoU
de ser Limpo?
gatos
tratamento
de animais
obesos
nutrição
exposições 8ª Canina naCional de FaFe | Gatos no Pet Festival
desparasitar
também é preciso no inverno?
passeios na rua
dicas para andar à trela
treino
ensine-o a estar sozinho em casa
Cocker spaniel inglês
toxoplasmose
zoonose feLina
experimente
Uma massagem
stress
o meU cão
deixoUdecomer
convivência
5607727082248
00214
3Cães&Companhia
Toxoplasmose
A
toxoplasmose é uma doença provoca-
da pelo parasita Toxoplasma gondii.
O ciclo de vida deste parasita é com-
plexo e envolve dois tipos de hospedeiros: um
hospedeiro definitivo (o gato) e um hospedeiro
intermédio (outros animais, incluindo o Homem).
Vamos aqui expor o ciclo de vida de forma sim-
plificada de modo a destacar as principais vias
de contaminação.
A toxoplasmose e o gato
A infeção com Toxoplasma gondii é mais comum
em gatos com acesso ao exterior e que são ca-
çadores ativos, e em gatos que são alimentados
com carne mal cozinhada ou crua. Em geral, de-
pendendo do seu estilo de vida,entre 20-60% dos
gatos serão infetados com o parasita, mas muito
poucos irão demonstrar sinais clínicos.
O gato é o hospedeiro definitivo,porque é apenas
nele que o parasita consegue produzir oocistos
(ovos), que são depois excretados nas fezes e po-
dem infetar outros animais, incluindo o Homem.
Quando um gato ingere uma presa ou carne con-
taminada o parasita é libertado no tracto diges-
tivo, multiplica-se na parede intestinal e produz
oocistos. Estes oocistos são depois excretados,
durante um período curto de tempo (geralmente
menos de 14 dias), nas fezes.
Os oocistos excretados nas fezes do gato não
são imediatamente infeciosos para outros ani-
mais, precisam primeiro de sofrer um processo
designado de esporulação que demora entre 1
a 5 dias. Uma vez esporulados, os oocistos são
infetantes para gatos, pessoas e outros hospe-
deiros intermediários.
É raro um gato voltar a excretar oocistos nas fe-
zes após a primeira infeção e,quando isto ocorre,
é geralmente em quantidade muito menor.
Sinais no gato
Se o gato não desencadear uma resposta imuni-
tária eficaz, pode desenvolver sinais de doença,
que podem incluir febre, perda de apetite, perda
de peso, letargia, pneumonia, problemas oftal-
mológicos, hepatite, sinais neurológicos, entre
outros.
A infeção numa gata gestante produz sinais
severos de doença, como morte fetal, aborto,
nados-mortos e morte de gatinhos jovens.
A toxoplasmose e o Homem
Estima-se que mundialmente mais de 500 mi-
lhões de pessoas estejam infetadas, porém a
maioria não apresenta sintomas. Pessoas que te-
nham sido infetadas com este parasita desenvol-
vem anticorpos contra o organismo que podem
ser detetados em análises de sangue.
Na maioria dos casos as pessoas são
infetadas por uma de duas vias: ingestão
de oocistos do ambiente (por contacto com solo
contaminado com oocistos já esporulados, ou
por ingestão de frutas ou vegetais contamina-
dos); ou ingestão de carne mal cozinhada que
esteja contaminada com quistos.
Outras vias menos comuns são: ingestão
de oocistos esporulados em água contaminada;
ingestão de leite não pasteurizado; inalação de
oocistos esporulados em partículas de pó (extre-
mamente raro).
Cães&Companhia Cães&Companhia
Cocker Spaniel Inglês
RAFPRIDE
SHARYSVIANSET
N
ormalmente, as pessoas apaixonam-se
pela sua aparência e é isso que leva
à sua escolha. Mas o Cocker Spaniel
Inglês é um eterno amigo e fiel companheiro,
sempre pronto para a brincadeira, incansável
seguidor do seu dono, por quem faz tudo para
o ver feliz.
As origens da raça
A família dos Spaniels reúne um dos maiores
grupos de cães e um dos mais especializados.
Sendo difícil estabelecer com precisão a altu-
ra em que os Spaniels fazem a sua entrada no
mundo das raças de cães, podemos porém afir-
mar que este grupo canino é um dos tipos mais
antigos. Representações de Spaniels aparecem
já em pinturas pertencentes à Antiguidade
Clássica, como é o caso da representação de
um destes exemplares numa pintura de Filipe II
da Macedónia, pai de Alexandre, o Grande.
Embora sabendo que os Spaniels cedo foram
difundidos por toda a Europa, só voltamos a ter
registo mais preciso deste tipo de cães no rei-
nado de Henrique VIII. São desta época registos
que referem que o Duque de Northumberland,
John Dudley, foi um dos primeiros a treinar
Spaniels para a caça e que no castelo do Rei
Henrique VIII havia um empregado que era o
guardião dos Spaniels com o nome de “Robin
the King’s Spaniel Keeper” (Robin, o Guardião
dos Spaniels do Rei).
Os vários Spaniels
Com o decorrer dos anos, os Spaniels foram di-
versificando o seu tamanho e as suas aptidões
para a caça. Durante o séc. XVI, esta família era
constituída por cães de água e de terra, tendo
desenvolvido cada uma delas particularidades
que as definem.
Em 1885, foi criado na Grã-Bretanha o Spaniel
Club, que começou a trabalhar afincadamente
na elaboração dos diferentes estalões que iriam
caracterizar os distintos tipos de Spaniel. O
Clumber, o Sussex, o Welsh Springer, o English
Springer, o Field, o Water Spaniel Irlandês e o
Cocker começaram a ser registados por volta
do séc. XIX como raças distintas.
O nome “Cocker”
A designação de Cocker Spaniel Inglês passa
então a corresponder aos exemplares mais
pequenos dos Spaniels. O termo “Cocker” ter-
-lhe-á sido atribuído devido à particular noto-
riedade e rapidez com que descobria e obrigava
as galinholas (woodcocks, em inglês) a levantar
voo, o que facilitava a sua caça.
O seu pequeno tamanho fazia com que o Co-
cker entrasse em lugares que outros Spaniels
maiores não conseguiam e não o deixavam
emaranhar-se tão facilmente nos arbustos bai-
xos e cheios de espinhos, que era a habitação
das galinholas.
Assim, tradicionalmente, o Cocker Spaniel foi
criado demonstrando aptidões naturais para a
caça, comportando-se muito bem no seu exer-
cício. Definiu-se como um cão hábil em localizar
e cobrar aves, dotado de um ótimo faro, agili-
dade, resistência na movimentação, rapidez em
aprender, disposição para o trabalho e muita vi-
talidade, sendo até hoje um excelente caçador.
No entanto, com o decorrer do tempo, foi sendo
cada vez mais utilizado como cão de compa-
nhia, quem sabe, devido ao ar angelical que
sempre apresenta.
Fixação da raça
A origem da denominação “Spaniels” ainda
hoje não reúne o consenso de todos os investi-
gadores, estando a origem desta palavra ainda
por definir com exatidão.
Alguns acreditam que a origem da designação
“Spaniel” acontece por estes cães terem supos-
tamente sido levados de Espanha para Ingla-
terra pelos romanos, já que a palavra Spaniel é
de origem espanhola e significa, precisamente,
“espanhóis”. No entanto, outros acreditam
que é mais provável que a palavra “Spaniel”
derive da palavra céltica “spain”, que significa
“coelho”, dando assim mais força à primeira e
original função para a qual os Spaniels foram
desenvolvidos.
Independentemente da origem da palavra, po-
demos afirmar com certeza que, do século XVII
em diante, foi aceite amplamente a palavra
Spaniel, para designar um conjunto de cães,
especialmente em Inglaterra, onde a denomi-
nação “Cocker” foi usada pela primeira vez em
1859, numa Exposição em Birmingham.
Outro marco importante na história desta raça
“Quero adotarum cão”
Notícias
Vila da“Cães & Companhia”no Pet Festival
Lançamento da DOGTV
A Encantadora de Gatos
Sozinho em casa
O meu cão deixou de comer
Raça: CockerSpaniel Inglês
Bem comportado com as visitas
“Dono, tenho medo!”
O mundo sensorial dos cãesV: O“tato”
Massagens para combatero stress
Grooming na“Era da Informação”
Tratamento de animais obesos
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Nesta edição
Conquista com o seu olhar inteligente, meigo e curioso.
Como afeta a vida do gato e do dono.
Revista Mensal - Nº 214 - março 2015
Começa a primavera
No mês de março os dias começam a ficar
maiores e mais quentes. Porisso, após alguns
meses mais“parados”pelo frio, surge a vontade
de saire passearcom o nosso companheiro.
E ele agradece. Nada melhor que conhecer novos locais e amiguinhos de 4 patas. Um passeio
pelo campo, por exemplo, permite que o nosso cão descubra inúmeros cheiros e experiencie
novas sensações.Também para os donos é um bom momento, pois permite esquecermo-nos do
stress e monotonia da nossa rotina semanal.
Nesta edição falamos do Cocker Spaniel Inglês, uma raça que conquista pela sua aparência, de
pelo comprido,longas orelhas e olhar doce.Um cão de companhia que tem como meta um único
objetivo:Agradar aos seus donos!
Nos gatos, abordamos uma das zoonoses mais conhecidas, a Toxoplasmose; e explicamos como
começar a passear o seu gato à trela, uma experiência de pode ser muito enriquecedora para
ambos.
Até ao próximo mês!
Marta Manta
Devo fazer desparasitação
no inverno?
D
e facto, este conceito está
completamente errado,
principalmente com as
alterações climatéricas que se têm
verificado nos últimos anos. Cada
vez mais, existem infestações de
pulgas em animais de interior (ga-
tos e cães) nos meses de inverno
e, nos últimos anos, surgem pul-
gas em animais que nunca tinham
tido uma única pulga ao longo da
vida.
Torna-se, portanto, cada vez mais
importante sensibilizar os donos
para uma adequada prevenção
das parasitoses externas durante
todo o ano, mesmo em animais de
interior que não vêm à rua.
Estes parasitas podem transmitir
doenças ao cão ou gato quando
são picados para sugar sangue,
mas também aos donos. A febre
da carraça no Humano é uma pa-
tologia de difícil diagnóstico e no
último ano, em Portugal, ocorre-
ram algumas mortes em humanos
devido a estas parasitoses.
Carraças e pulgas
As carraças são ectoparasitas
(parasitas que se instalam fora
do corpo do hospedeiro) que in-
festam diversas espécies animais
(cavalos, bovinos, roedores, cães,
gatos), incluindo o Homem.
As carraças picam o hospedeiro e
ingerem sangue para se alimenta-
rem, pelo que, em caso de grandes
infestações, pode ocorrer uma per-
da de sangue significativa. Quan-
do a saliva da carraça é espalhada,
esta pode veicular vírus, bactérias
ou protozoários (micro-organis-
mos unicelulares), caso a carraça
esteja infetada.
A pulga é um inseto sem asas, de
corpo castanho, achatado e com
longas pernas que lhe permitem
saltar até 75 vezes a sua altura.
Dentro dos géneros conhecidos, o
Ctenocephalides felis é aquele que
afeta 97% dos gatos e 92% dos
cães domésticos.
Vamos falar sobre as doenças
transmitidas pelas carraças e pelas
pulgas ao seu animal.
Babesiose canina
A babesiose canina é causada por
um protozoário denominado Babe-
sia canis, que atua infiltrando-se e
destruindo os glóbulos vermelhos,
resultando numa anemia grave.
Este hemoparasita (parasita que
vive na corrente sanguínea dos
animais) pode ser transmitido por
diversas espécies de carraças.
Os sinais clínicos que os cães apre-
sentam variam desde perda de
apetite, depressão, febre, anemia
(mucosas pálidas), icterícia (muco-
sas amarelas), diarreia e hemoglo-
binúria (urina de cor escura).
Erliquiose Canina
A erliquiose canina é causada por
uma rickettsia (bactéria intracito-
plasmática) pertencente ao género
Ehrlichia, que parasita os glóbulos
brancos e as plaquetas do sangue,
levando à sua destruição. Este
hemoparasita é transmitido por
carraças da espécie Rhipicephalus
sanguineus.
A doença passa por três fases clí-
nicas:
fase aguda os animais
apresentam-se geralmente febris,
com perda de peso, anorexia, as-
tenia (fraqueza muscular), e, com
menos frequência, verificam-se
secreções nasais, depressão, peté-
quias, sangramento nasal, edema
dos membros, vómitos, uveíte e
insuficiência hépato-renal;
A fase subclínica é, geral-
mente, assintomática, podendo
aparecer algumas complicações
como depressão, hemorragias,
edema dos membros, perda de
apetite e palidez das mucosas;
fase crónica, cães com
imunidade insuficiente podem
desenvolver sangramentos espon-
Mantenha o seu animal protegido o ano inteiro.
52
Sozinho em casa
I
nfelizmente, hoje em dia, os nossos cães
acabam por passar grandes períodos de
tempo sozinhos devido às nossas rotinas
e vidas familiares e, muitas vezes, desenvol-
vem problemas de comportamento como:
destruição, ladrar excessivo ou ansiedade por
separação. É por isto, imprescindível, ensinar
o nosso cão a como estar sozinho.
1. Exercício físico
O exercício físico é uma necessidade básica
que deve ser assegurada em qualquer cão.
base bem sólida para uma boa qualidade de
vida e bem-estar.
Entendemos que estimular mentalmente o
nosso cão, se traduz no colmatar das neces-
sidades mentais (jogos que façam o cão pen-
sar) e comportamentos naturais do cão (tais
como, escavar, roer, procurar comida, usar o
olfato e a visão).
Para satisfazermos esta necessidade do nos-
so cão podemos fazer jogos como esconder
comida pela casa (ou na divisão onde o cão
fica), dar-lhe ossos para roer, alimentá-lo
Lembre-se que se o cão estiver cansado, mui-
to provavelmente terá vontade de dormir as-
sim que tiver sozinho e sossegado.
Antes de sair de casa, dê um passeio que ele
possa apreciar, deixe-o cheirar e permita que
corra sem trela num local seguro e adequado
ou então com uma trela de 20 metros. Apro-
veite as atividades que ele gosta de fazer,
como por exemplo, brincar com uma bola ou
jogar tug of war, para o cansar e dar-lhe o
exercício físico que é essencial.
2. Estimulação mental
Em conjunto com um nível apropriado de
exercício físico, a estimulação mental é es-
sencial para o desenvolvimento saudável de
um cão, assim como na prevenção de proble-
mas comportamentais. Juntos formam uma
através de brinquedos dispensadores de co-
mida (como bolas e Kongs) ou através do
treino positivo. Na verdade, basta usar a ima-
ginação.
Procure fazer uma pequena sessão de treino
antes de sair e enquanto este está sozinho
deixe-o ocupado com umas das atividade
mencionadas anteriormente. É o momento
certo para ele se ocupar com uma dessas
tarefas.
3. Crate training
Durante as primeiras semanas de um cachor-
ro ou cão adulto na sua nova casa, aposte no
uso de uma crate (transportadora). Para co-
meçar a introduzi-la no seu quotidiano, faça
um treino gradual de habituação à mesma.
O objetivo é que se torne um espaço segu-
ro que significa sempre algo bom e positivo
6 dicas para ensinar o seu cão a estar sozinho
em casa.
16
22
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Devo fazerdesparasitação no inverno?
Zoonoses Felinas:Toxoplasmose
Passearo gato à trela
O seu gato deixou de serlimpo?
Coelhos Anões: Mini-Lop
Tartaruga de dorso articulado
Exposições e Eventos
Passatempo
Clube de Leitores
Adota-me
Montra
Biblioteca
Guia Comercial
Em abril
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Foto da capa: ©ShutterStock
O meu cão deixou de comer
Q
uando o cão deixa de comer pode ser
devido a causas físicas, como uma
doença, ou psicológicas, por estar de-
primido ou stressado. A dor é uma das causas
pela qual um cão pode perder o interesse pela
comida. Uma ferida na boca, uma cárie ou uma
doença podem tirar-lhe o apetite.
Os animais mais velhos podem sofrer de artro-
ses e como o movimento lhes causa dor deixam
de ir até ao prato da comida. Mas os problemas
de estômago também podem ser a causa da
perda de apetite.
As mudanças, a chegada de um novo animal a
casa ou o desaparecimento de um ser querido
podem ser outras das razões que levam o cão a
deixar de comer. Se um animal está deprimido,
stressado ou nervoso, pode perder o apetite. O
normal é que recupere passados uns dias, mas
se a inapetência persiste, é recomendável con-
sultar o médico veterinário.
Investigue as causas
Averiguar a causa da perda de apetite do cão é
importante para atacar o problema e conseguir
que volte a comer. O médico veterinário levará
a cabo um check up para saber o que se passou.
Mas temos de ter em conta que não deve pas-
sar mais de 48 horas sem ingerir alimento, pois
pode ser prejudicial para a sua saúde, se assim
for, consulte um especialista.
As informações que passamos ao veterinário so-
bre o cão, como pessoa que convive com ele e o
conhece melhor que ninguém, são fundamentais
para saber o que tira o apetite ao animal.
Mudanças no comportamento do cão ou da ro-
tina de casa podem oferecer uma valiosa orien-
tação para diagnosticar o que se passa. Após
implementar um tratamento adequado contra
o problema que apresenta, o apetite voltará a
aparecer.
Está farto da comida
Além das diversas patologias físicas e psico-
lógicas que podem deitar a baixo o apetite do
cão, estar farto da sua comida habitual também
pode ser a causa de não se interessar pelo que
está no comedouro.
Além disso, se lhe oferecemos petiscos e gulo-
seimas fora da sua dieta habitual, é normal que
depois não coma a ração.
A idade também tem influência na perda de
apetite do cão. Os animais mais velhos, a par-
tir de 10 anos, podem ter menos vontade de
comer; têm uma mobilidade mais reduzida, um
metabolismo mais lento e podem padecer de
dores nas articulações, por isso é normal que
comam menos.
Se o cão está farto do seu alimento seco habi-
tual pode ficar mais entusiasmado se adicionar-
mos uma colher de comida em lata e um pouco
de água morna. Para saber se está realmente
apático ou apenas aborrecido, pode oferecer-
lhe várias opções em pratos diferentes (galinha,
paté, vaca). Se o cão comer, saberá que é uma
questão de aborrecimento e não de doença.
Mas nunca esqueça que os cães podem ser re-
almente caprichosos com a comida e muitos es-
cravizam os seus donos com os seus caprichos
alimentares.
3 truques para que recupere o apetite
Além dos conselhos do médico veterinário, quando o seu cão perde o apetite pode usar
estes truques para que volte a comer:
1. Fazer com que os alimentos sejam mais atrativos e para o conseguir podemos dar-lhe
comida húmida que é mais saborosa. Se aquecermos um pouco no micro-ondas o cão
ficará mais interessado em comer.
2. Dar-lhe uma dieta caseira até que o cão recupere o apetite, faz com que coma melhor. Mas
este tipo de alimento deve ser supervisionado pelo veterinário. Não se podem preparar
menus de qualquer forma, apenas com ingredientes concretos, quantidades apropriadas e
elaborados corretamente.
3. As rações com uma grande quantidade de energia são uma boa opção para um cão sem
apetite, porque embora coma pouca quantidade de alimento, tem um aporte energético
suficiente.
20
Ajude o seu cão a recuperar o interesse
pela comida.
4 Cães&Companhia
Convivência
Eva Biosca Marcé
MédicaVeterinária
Fotos: Shutterstock
“Quero adotar um cão”
Será que é um bom candidato?
Há algum tempo que pensa em adotarum animal. Mas, como o escolher? O que deve terem conta
para que se adapte ao seu estilo de vida? Como saberse tem um bom temperamento?
5Cães&Companhia
A decisão de adotar deve ser bem pensada
e não um capricho momentâneoA
verdade é que muitas vezes coloca-
mos estas questões face ao desejo de
ter um cão, mas o mais importante
é deixado para depois. Antes de pensar em
como deveria ser, temos que averiguar se cum-
primos as condições para que a relação com
ele funcione, pelo menos da nossa parte.
Não siga um impulso
Há muitas pessoas que antes de adotarem um
cão já sabem o que querem, por exemplo, “um
cão de tamanho pequeno e que não largue
pelo, se possível que não ladre muito, e tem
de ser fêmea”.
Mas, pelo contrário, outras pessoas gostam
de seguir o primeiro impulso: “A mim não me
importa como é, fico com aquele que conquis-
tar o meu coração. Tenho espaço, mas pouco
tempo para estar com ele, por isso levo dois
e fazem companhia um ao outro”. Visto isto o
melhor é seguir umas premissas básicas antes
de adotar.
Nunca vá atrás de um impulso de um dia, por-
que foi com uma pessoa amiga ao canil ou
passou por uma loja e viu um cachorrinho. Isto
nunca!
A decisão de adotar deve ser ponderada e
não um capricho momentâneo, caso contrário
à mesma velocidade que entra em casa pode
sair também. Pense uma vez, duas vezes, três
vezes… um animal é para toda a vida.
Além disso, todos os que vivem consigo têm
de estar de acordo com a decisão.
Uma relação longa
A decisão de adotar um cão deve ser bem pen-
sada e não o capricho de um momento, já que
esse animal viverá aproximadamente uns 12
anos, no caso dos cães, um pouco mais se se
tratar de um gato e alguns pássaros, como os
papagaios, que chegam a viver mais do que
nós.
Implique-se verdadeiramente porque devolver
um animal é muito duro, tanto para si como
para ele.
Ficará de coração partido ao chegar a casa
O tempo que lhe dedicamos
é mais importante do que o espaço.
6 Cães&Companhia
sem ele, por muito difícil que tenha sido a
convivência entre ambos. E ficará sempre a
achar que não foi capaz ou que não fez o
suficiente.
Tempo é melhor que espaço
Tenha consciência do tempo que pode dedicar a
um animal. Não é como pôr uma nota na agen-
da para tirar uma horita por dia ou vários dias
por semana, este precisa de conviver consigo e,
além disso, irá acompanhá-lo onde for, inclusi-
vamente nos fins-de-semana e no verão.
Aponte num papel o estilo de vida que leva,
ou seja, os seus horários e o que vai modificar
quando tiver um animal. Não se esqueça de ter
em conta os sítios onde vai ao fim-de-semana,
pois pode não poder ir com ele.
Um cão ou gato de pelo comprido precisa de
ser escovado, sem pressas, com muita paciên-
cia e direito a recompensa no final.
Se, pelo contrário, tem todo o tempo do mundo,
dedique-lhe apenas o suficiente, se não pode vir
a ter problemas por excesso de atenção.
Espaço em casa
A um animal faz muito mais falta o tempo que
lhe possa dedicar do que o espaço de que dis-
põe. De nada serve ter um grande jardim se
não puder sair daí, pois precisa de experimen-
tar e conhecer outros espaços. Se não tem tem-
po suficiente para um cão, talvez seja melhor
adotar um gato.
Não precisa de viver num palácio, mas se for
uma casa alugada deve certificar-se primeiro
de que lhe permitem ter animais.
Por fim, e não menos importante, deve saber se
na sua comunidade os animais de companhia
são bem aceites, pois os seus vizinhos podem
não estar dispostos a ter animais no prédio ou
condomínio.
• O veterinário, que deve ser visitado regular-
mente. Pergunte o preço das vacinas, do micro-
chip e das consultas, deve contar sempre com
esses gastos;
• O grooming, para o manter cuidado e sau-
dável;
• Os acessórios, como a cama, coleira, trela,
brinquedos, etc.;
Faça perguntas
Se é a primeira vez que vai desfrutar da pre-
sença de um animal de companhia em casa,
procure encontrar resposta para todas as suas
dúvidas, entre amigos, fóruns da Internet ou
através de profissionais e especialistas.
Custos associados
Outra questão importante são os gastos que
representa ter um animal:
• A alimentação, que deve ser de qualidade.
Não compre a primeira que lhe vier à mão no
supermercado de uma marca desconhecida e.
à primeira diarreia. dê-lhe uma ração de alta
gama, adequada ao seu tamanho e idade;
• O seguro, obrigatório para algumas raças ca-
ninas, mas sempre aconselhável para todos os
animais de companhia;
• Durante as férias, tanto se levar o seu animal
como não, calcule o preço do passaporte (obri-
gatório para a Europa), do bilhete para ele ou
de quanto custa a sua estadia num hotel para
animais.
Tamanho e força
Um cão de tamanho grande. brincalhão e forte.
deve estar numa casa sem idosos delicados. Se
forem crianças a cair, porque o cão os empurrou,
normalmente não será grave, mas o mesmo já
não acontece com as pessoas mais frágeis.
Há muitos animais nos canis à espera de um
lar, mas antes de levarmos um para casa devemos
saber perfeitamente que o queremos mesmo
Tudo o que refletirmos antes de uma adoção
ajudará a uma decisão acertada.
Se decidiu ter um cão
Se decidir ter um cão e desfrutar dessa maravilhosa relação para toda a vida tenha em
atenção os seguintes pontos:
• Para um cão é mais importante o tempo que lhe dedicam do que o espaço disponível. Não
lhe serve de nada estar numa casa com um terreno grande para correr, se não tiver alguém
para lhe lançar a bola. Não gosta de brincar sem companhia.
• Um cão gosta mais de sair, cheirar sítios exteriores e ver os outros da sua espécie do que
ficar no jardim de casa. Com a desculpa do jardim, muitos não saem à rua.Alguns cães
chegam a habituar-se e, com o passar dos anos, são os próprios a não querer sair. No
entanto, não é justo que os privemos desses passeios tão agradáveis e necessários.
• Curiosamente, precisa de mais espaço um cão de tamanho médio ou pequeno, se for
nervoso, do que um de tamanho grande, se for molengão.
• Os cães mais velhos estão menos motivados e requerem menos atenção do dono, de
qualquer forma não lhe devemos dar menos atenção.
• Ter um cão em casa vai sujar sempre, portanto se gosta de ter sempre a casa impecável terá
de dedicar mais tempo à sua limpeza ou ter alguém que o ajude nessa tarefa.
No caso de crescer muito e não o conseguir
passear, pode sempre procurar um passeador
de cães (mais um gasto a ter em conta).
Muitos animais para adotar
Todos os fatores expostos são de grande im-
portância. Infelizmente, e independentemente
dos motivos, os Canis Municipais e as Asso-
ciações de Proteção Animal estão repletos de
animais que já tiveram um lar.
Infelizmente, houve um dia em que deixaram
de ser desejados, se tornaram um incómodo
e passaram a ser o número da sua boxe. Em
certos locais nem existe registo do historial do
animal, pode eventualmente o tratador lem-
brar-se de alguns pormenores da sua história.
Convém recordar que quase todos os animais
saem do canil esterilizados, pois com tantos
animais sem dono tentam que mais nenhum
se reproduza.
É triste, mas é assim, muitos animais saudáveis
continuam a ser sacrificados todos os anos, por
falta de lar, negando-se-lhes assim o direito à
vida.n
Os impulsos na escolha
do cão não costumam resultar bem.
Cães&Companhia8
Notícias
Novo canil
para Barreiro e Moita
O novo Centro Intermunicipal
de Recolha de Animais Errantes
ficará localizado junto ao
Mercado Abastecedor do Barreiro
e irá contemplar 33 boxes para
cães, celas de quarentena, um
gatil e um espaço administrativo.
O arranque da obra está previsto
para este verão, sendo o valor
inicial da obra de cerca de 335
mil euros.
“Encantadora de Gatos”
em Lisboa
Vicky Halls vai estar a 7 de
março, no Centro Cultural de
Belém, em Lisboa. Um evento
promovido pelo Hospital do
Gato, com o apoio da revista
"Cães & Companhia".
CÃOaroma no Fundão
Formação e passeio com
Fernanda Botelho no dia 7 de
março, no qual se vai fazer uma
introdução às plantas aromáticas
e medicinais. Saiba como tratar
e prevenir alguns problemas
comuns dos animais com
plantas e como construir uma
coleira repelente natural, entre
outras coisas. Organizado por
d'Alpetratínia. Mais informações:
964 939 072.
Curso para treinadores
Curso para treinadores com
Steve Mann, Presidente do
IMDT – Institute of Modern Dog
Trainers, nos dias 14 e 15 de
março, em Santa Maria da Feira.
Para mais informações:
itsallaboutdogs@hotmail.com
Teatro “Sílvia”
Sílvia é o nome da cadela de
Gonçalo e Catarina e dá título a
esta comédia em cena no Teatro
Villaret, em Lisboa, até 15 de
março. Conheça este estranho
“triângulo amoroso”
que mistura humor com ternura.
www.facebook.com/villaret.teatro
Seminário de Grooming
Seminário Artero, com
Workshop, no dia 22 de março,
na Exponor, com Luis Martín del
Río (stripping) e Ángel Esteban
(tesoura).
Para mais informações:
artero.portugal@gmail.com
Aranhas e Escorpiões
A Exposição"O Fascinante Mundo
das Aranhas e dos Escorpiões"
está patente até 5 de abril no
Museu Nacional de História
Natural e da Ciência, em Lisboa.
www.facebook.com/MUHNAC
Medicina Felina
O Congresso Europeu de
Medicina Felina 2015 irá
realizar-se de 1 a 5 de julho
no Porto. Com três temáticas:
dermatologia, hematologia e
controlo de fertilidade.
www.icatcare.org:8080
/isfm-congress
Órix-de-cimitarra,espécieextintanaNatureza,
nascenoJardimZoológico
Nasceu no Jardim Zoológico, em Lisboa, uma cria de Órix-de-cimitarra, espécie já extinta na Natureza desde
2000.A cria, com cerca de 15 kg, representa uma vitória importante no trabalho realizado no Jardim Zoológico
pela conservação desta espécie, que passou de abundante a extinta na Natureza em apenas algumas décadas.
Cada nova cria de Órix-de-cimitarra é uma esperança real para a sobrevivência da espécie, que já só pode ser
encontrada ao cuidado do Homem.A sua extinção deveu-se a uma combinação letal entre a caça intensiva a
partir de veículos com armas modernas, longos períodos de seca, desertificação e a redução de habitat natural
devido à expansão agrícola local e ao pastoreio de gado doméstico.
Como curiosidade, o Órix-de-cimitarra pode chegar até aos 200 kg e ter até 1,50 m de altura. É conhecido
pelos seus longos cornos, existentes nos machos e fêmeas, curvados para trás, que podem ir até aos 1,20
m de comprimento. É uma espécie herbívora.Vive em manadas de, pelo menos, 10 indivíduos, sempre com
a existência de um macho dominante. Cada gestação tem a duração de cerca de 8 meses e a fêmea tem,
normalmente, uma cria.A longevidade da espécie na natureza não é conhecida mas, sob cuidados humanos, o
Órix-de-cimitarra pode viver cerca de 30 anos.
PousadasdePortugaleRoyalCanin
comparceriaDogFriendly
Teve início em fevereiro uma parceria de colaboração entre as Pousadas de Portugal e a Royal Canin que visa
promover o conceito de “férias com o seu cão”. É cada vez mais evidente que os cães são considerados como
membros da família e, como tal, devem poder estar presentes em todos os momentos, inclusive nas férias.
As Pousadas de Portugal estão atentas às tendências do mercado e convidam os cães dos seus clientes para
usufruírem da estadia em conjunto em 17 unidades espalhadas pelo país. Cães de pequeno porte (até 15
kg) e cães guia, independentemente do seu peso e tamanho, podem ficar alojados nos quartos com os seus
donos e circular, quando devidamente acompanhados pelos donos, em áreas especificadas.
A Royal Canin associou-se a esta iniciativa, por considerar que
a mesma representa um passo importante na integração dos
animais de companhia em todos os aspetos da vida dos seus
donos e na criação de um mundo melhor para os animais
de companhia. No âmbito desta iniciativa Dog Friendly a
Royal Canin oferece a todos os hóspedes caninos um kit
de boas-vindas para os ajudar a sentirem-se em casa
que inclui uma embalagem de alimentação, uma cama,
um comedouro, uma base de chão e ainda sacos
higiénicos.
Pousadas de Portugal Dog Friendly:
Caniçada-Gerês, Guimarães, Amares, Vila
Pouca da Beira, Serra da Estrela, Ria,
Viseu, Palmela, Alvito, Vila Viçosa,
Alcácer, Marvão, Arraiolos, Estoi,
Tavira, Sagres e Horta.
10 Cães&Companhia
Vila da “Cães & Companhia”
Mostra Canina no Pet Festival 2015
Pode ver mais fotografias da Vila da “Cães & Companhia” e dos Encontros de Raça
11Cães&Companhia
realizados durante os 3 dias no nosso Facebook: www.facebook.com/caes.e.companhia
Obrigada a todos os nossos convidados e visitantes!
Lançamento da DOGTV
O seu cão vai adorar!
A DOGTV está a chegar a Portugal! O lançamento oficial está para breve, mas damos-lhe já a conhecer
em primeira mão este projeto dedicado aos nossos “cãopanheiros”.
Entrevista Redação
A
DOGTV Portugal é um canal de televi-
são exclusivo para o seu cão, para que
este se sinta sempre acompanhado,
mesmo quando está sozinho em casa. Para per-
ceber melhor este conceito falámos com Pedro
Costa, Diretor Geral da empresa que apostou
em trazer a DOGTV para o nosso país.
A DOGTV Portugal é um canal para o cão!
Pode explicar melhor este conceito?
O desenvolvimento da DOGTV levou alguns anos
e muitas horas de estudo de especialistas da área
comportamental. Finalmente, foi possível criar
conteúdos adaptados à visão e audição do cão,
e, sobretudo, que cumpram o objetivo de fazer
companhia e de melhorar a sua qualidade de vida
durante as horas em que ficam sozinhos em casa.
Uma grande percentagem dos lares
portugueses tem animais de companhia,
sendo estes maioritariamente cães.
Em que países já existe DOGTV e como
tem sido a sua aceitação?
A DOGTV foi lançada nos Estados Unidos, no
Japão, na Coreia e, recentemente, na Alemanha.
Portugal será o segundo país europeu a receber
este projeto.Ao todo, o canal chega a mais de 30
milhões de lares no mundo inteiro. É um verda-
deiro fenómeno.
A DOGTV tem três tipos de programação:
conteúdos relaxantes e estimulantes,
assim como de reforço positivo a
diferentes estímulos. O que os diferencia?
Acima de tudo o canal não é feito para hipnoti-
zar os cães à frente da televisão.A programação
é desenhada para acompanhar o ciclo diário.
Como nós, também os cães têm necessidade de
fazer coisas diferentes ao longo do dia. Umas ve-
zes mais calmas, outras mais mexidas.
Um problema comportamental frequente
é o stress e a ansiedade por separação.
A DOGTV pode ajudar nestes casos?
Sim. A DOGTV é aconselhada por vários espe-
cialistas para reduzir os problemas de ansiedade
dos cães através da presença constante que terá
ao longo do dia com conteúdos adaptados à sua
natureza e aos seus sentidos.
Os sentidos caninos são distintos dos
nossos. A emissão da DOGTV Portugal é
adaptada às suas características?
Esse é o maior “segredo” da DOGTV.As imagens
e os sons foram alterados para se adaptarem aos
A DOGTVPortugal é um canal de televisão exclusivo
para cães com o objetivo de fazercompanhia e melhorar
a sua qualidade de vida quando estão sozinhos em casa
cães. Provavelmente os donos vão achar a emis-
sãoestranha,umasvezescomcoresmaispálidas,
outras vezes muito azuladas.Não se preocupem!
O canal é para os cães, eles vão adorar.
A DOGTV Portugal prevê ter algum
conteúdo para os donos?
Durante a emissão, especialmente à noite e ao
fim de semana, a DOGTV terá conteúdos espe-
ciais para os donos dos cães, produzidos em Por-
tugal, mostrando a nossa realidade e ajudando a
conhecer melhor este universo fantástico que é
conviver e tratar os nossos amigos caninos.
Para que os donos percebam melhor o
conceito, é possível ver online alguns dos
programas disponíveis?
Podem espreitar o Facebook da DOGTV Portugal
ou o canal YouTube da DOGTV.
Há vários vídeos que explicam e exemplificam
todo o projeto.
www.facebook.com/dogtvportugal
Este é um canal premium.
Qual o seu valor?
A subscrição é de 4,99€ por mês e não obriga a
fidelização. n
14 Cães&Companhia
A Encantadora de Gatos
Vicky Halls pela primeira vez em Portugal
No dia 7 de março vai estar em Portugal, pela primeira vez,Vicky Halls, conhecida como
a “Encantadora de Gatos”, num evento promovido pelo Hospital do Gato, com o apoio da revista
“Cães & Companhia”.
F
alámos com a Dra. Maria João Dinis
da Fonseca, Diretora Clínica do Hospi-
tal do Gato e grande impulsionadora
deste evento inédito no nosso país.
Podemos dizer que na base deste
evento está o conceito subjacente
ao Hospital do Gato. Pode fazer uma
breve apresentação deste espaço?
O Hospital do Gato é um hospital veteriná-
rio inteiramente dedicado à espécie felina. É
o primeiro Hospital Veterinário em Portugal
com estas características. Com 20 anos de
experiência sempre em ambiente hospitalar,
senti necessidade de conseguir prestar cui-
dados mais diferenciados aos gatos, sobretu-
do quando é preciso que fiquem internados,
onde a qualidade do serviço é decisiva para a
sua recuperação.
Oferecer cuidados de excelência em medi-
cina felina é o nosso objetivo e isso só se
consegue com instalações e meios físicos
que o permitam, e com uma equipa que se
identifique com o conceito Cat-friendly. Mas
para que este projeto inovador seja valoriza-
do também os donos precisam de formação,
esta é também uma das nossas missões.
Quanto mais informados sobre gatos e so-
bre as suas particularidades forem os donos,
mais facilmente vão conseguir compreender
os seus gatos e mais vão apreciar este proje-
to e a sua equipa. A nossa assinatura é “Vi-
vemos o Gato”, porque na realidade é o que
fazemos diariamente no Hospital do Gato.
Como surgiu a ideia de fazer um evento
só sobre gatos? E a oportunidade
de convidar a “Encantadora da Gatos”?
Todas as consultas no Hospital do Gato, mas
sobretudo as de primeira vez, têm uma com-
ponente formativa. Os donos valorizam este
conceito e apreciam a diferença.
No entanto, em ambiente de “consulta” é
difícil os donos reterem tanta informação.
Assim, paralelamente a todo o material di-
Entrevista Redação
Num questionário realizado pelo Hospital do Gato
a proprietários, verificámos que mais de 80%
desconhece as necessidades básicas do seu gato
dático que fornecemos nas consultas, que-
remos organizar ações deste tipo, de modo
a promover a formação, mas de uma forma
mais lúdica. Este é o primeiro evento que or-
ganizamos, conta com o apoio da Purina, mas
queremos que tenha continuidade.
O nome da Vicky Halls surge por ser uma
oradora que alia um elevado conhecimento
técnico a uma linguagem acessível. O fato da
palestra ser em inglês foi contornado com a
utilização de tradução simultânea.
Pode dar-nos a conhecer
um pouco mais a oradora Vichy Halls?´
A Vicky Halls tem como formação de base
enfermagem veterinária. Em 1980, quando
Dra. Maria João Dinis da Fonseca,
Diretora Clínica do Hospital do Gato.
O evento é direcionado
a todos os amantes
de gatos e pretendemos
que decorra numa
linguagem acessível
e pouco técnica
começou a trabalhar num gatil, apercebeu-se
das dificuldades que existiam aquando das
adoções, pois a informação sobre comporta-
mento felino era escassa. Começou assim o
seu percurso, estimulado pela necessidade de
conhecimento para conseguir fazer melhor
pelos gatos.
O facto de ter mais de 30 anos de experiência,
sempre a lidar diretamente com os donos, faz
com que conheça como poucos todos os me-
andros e dificuldades que surgem, por vezes,
na convivência com os gatos. Foi bastante
pioneira, mas manteve-se sempre atualizada,
e é atualmente consultora na área de com-
portamento da prestigiada ISFM (Sociedade
Internacional de Medicina Felina).
Esta iniciativa é mais direcionada
para os donos ou para profissionais
(médicos, enfermeiros, auxiliares,
groomers, entre outros)?
O evento é direcionado a todos os amantes
de gatos e pretendemos que decorra numa
Breve Biografia de Vicky Halls
Vicky Halls é uma aclamada comportamentalista felina.
Com mais de 17 anos de experiência em tratamento
de problemas de comportamento em gatos, é autora
de vários best-sellers internacionais, entre eles dois
traduzidos para português: “Segredos de Gato: O Livro
que o Seu Gato Gostaria que Lesse” e “Detetive de
Gatos: À Descoberta dos Mistérios do Comportamento
do seu Gato”.
Integra o departamento de Comportamento e Bem-
-Estar Animal da ISFM - International Society of Feline
Medicine. É colaboradora regular de várias revistas
sobre gatos,“The Cat” e “ Your Cat”, bem como de
programas de rádio e televisão. Em 2008,Vicky foi
eleita a “Nation’s Favourite Cat Author” pelos leitores da
Revista “Your Cat”.
linguagem acessível e pouco técnica. No
entanto, certamente que os profissionais de
saúde também têm a aprender com o evento,
quanto mais não seja, qual a melhor maneira
de transmitir informação aos donos.
Existem muitas oportunidades para médicos
veterinários, enfermeiros e outros técnicos
aumentarem o seu conhecimento, mas for-
mações focadas nos donos são raras. A maio-
ria das inscrições tem sido para proprietários,
mas também temos várias inscrições de mé-
dicos veterinários.
Foram 5 os temas escolhidos para este
primeiro evento. Considera que estes
estão entre as dúvidas e problemas mais
frequentes entre os donos?
Sem dúvida que sim. São temas que consti-
tuem dúvidas diárias dos donos e que inter-
ferem com a relação que têm com o gato. Os
temas foram propostos por nós, e a opinião
da Vicky Halls foi em concordância com a
nossa, o que nos leva a concluir que no Reino
Unido, onde o gato é o animal de estimação
mais frequente, os problemas são semelhan-
tes.
Na sua opinião, acha que a maioria
dos donos compreende o seu gato?
Tenho a certeza que não. Num questionário
realizado pelo Hospital do Gato a proprietá-
rios de gatos, verificámos que mais de 80%
desconhece as necessidades básicas do seu
gato. Estes dados não me surpreenderam.
No Hospital do Gato estamos todos motiva-
dos para contrariar este resultado. Queremos
gatos mais saudáveis e mais felizes, que são
dois conceitos indissociáveis. São muitas as
doenças nos gatos que têm como base um
distúrbio do bem-estar felino e muitos os
problemas comportamentais que se tradu-
zem em problemas somáticos.
O que diria a um dono de gato
para o convidar a ir a este evento?
Trata-se de uma oportunidade única para
ficar a conhecer melhor o seu gato. Quanto
melhor o compreender mais vai gostar dele
(mais ainda!) e mais feliz vai ser a relação
dono-gato. Descortinar os enigmas do com-
portamento felino e ajudar a resolver os pro-
blemas mais frequentes vão ser objetivos al-
cançados. E qual é o dono que não se intriga
com algumas reações do seu gato? n
Para mais informações e inscrições:
• Tel. 213 017 360
• geral@hospitaldogato.com
• www.hospitaldogato.com
16 Cães&Companhia
Sozinho em casa
Como ensinaro seu cão
©ShutterStock
Os cães são animais altamente sociais e, como tal, requerem muita companhia e tempo da nossa
parte. Neste artigo damos-lhe 6 dicas para ensinar o seu cão a estar sozinho em casa.
Treino
Alexandra Monteiro
Treinadora da It's All About Dogs
Fotos: IAAD
I
nfelizmente, hoje em dia, os nossos cães
acabam por passar grandes períodos de
tempo sozinhos devido às nossas rotinas
e vidas familiares, e, muitas vezes, desen-
volvem problemas de comportamento como:
destruição, ladrar excessivo ou ansiedade por
separação. É por isso, imprescindível ensinar
o nosso cão a como estar sozinho.
1. Exercício físico
O exercício físico é uma necessidade básica
que deve ser assegurada em qualquer cão.
vida e bem-estar. Entendemos que estimular
mentalmente o nosso cão se traduz no col-
matar das necessidades mentais (jogos que
façam o cão pensar) e dos comportamentos
naturais do cão (tais como, escavar, roer, pro-
curar comida, usar o olfato e a visão).
Para satisfazermos esta necessidade do nosso
cão podemos fazer jogos como esconder comi-
da pela casa (ou na divisão onde o cão fica),
dar-lhe ossos para roer, alimentá-lo através de
brinquedos dispensadores de comida (como
bolas e Kongs) ou através do treino positivo.
Os cães devem sair de casa pelo menos
2x por dia, para poderem cheirar o ambiente
ao seu redor, mantendo-se em forma e mentalmente
estáveis
Lembre-se que se o cão estiver cansado, mui-
to provavelmente terá vontade de dormir as-
sim que estiver sozinho e sossegado.
Antes de sair de casa, dê um passeio que ele
possa apreciar, deixe-o cheirar e permita que
corra sem trela num local seguro e adequado
ou então com uma trela de 20 metros. Apro-
veite as atividades que ele gosta de fazer,
como por exemplo, brincar com uma bola ou
jogar tug of war, para o cansar e dar-lhe o
exercício físico que é essencial.
2. Estimulação mental
Em conjunto com um nível apropriado de
exercício físico, a estimulação mental é es-
sencial para o desenvolvimento saudável de
um cão, assim como na prevenção de proble-
mas comportamentais. Juntos formam uma
base bem sólida para uma boa qualidade de
Na verdade, basta usar a imaginação.
Procure fazer uma pequena sessão de treino
antes de sair e enquanto este está sozinho dei-
xe-o ocupado com umas das atividade men-
cionadas anteriormente. É o momento certo
para ele se ocupar com uma dessas tarefas.
3. Crate training
Durante as primeiras semanas de um cachorro
ou cão adulto na sua nova casa, aposte no uso
de uma crate (transportadora). Para começar a
introduzi-la no seu quotidiano, faça um treino
gradual de habituação à mesma. O objetivo é
que se torne um espaço seguro que significa
sempre algo bom e positivo para o cão, e nun-
ca deve significar castigo ou um espaço que o
cão quer evitar. Para conseguirmos que o cão
estabeleça este tipo de relação com a crate,
vamos introduzi-la aos poucos na vida do cão,
A Alice, com 8 semanas, já
aprendeu a gostar de dormir
sozinha dentro da crate.
18 Cães&Companhia
ou seja, é dentro da crate que o cão terá acesso
às coisas boas, como as suas refeições, um osso
ou um Kong.
No início do treino a porta nunca deve estar fe-
chada e o cão nunca pode ficar “preso” na cra-
te. À medida que evolui no processo de treino,
pode gradualmente ir fechando a porta, perma-
necendo fechada durante cada vez mais tempo.
Esta ferramenta vai permitir que o seu cão se
habitue a estar sozinho e sossegado num sítio
seguro, onde apenas pode interagir com os ob-
jetos apropriados para ele, como um Kong ou
um osso, evitando que procure a perna da mesa
para roer, por exemplo.
4. Quando o deixar sozinho
Quando trazemos um cachorro para casa ou
adotamos um cão já adulto, o mais certo é que-
rermos passar o máximo de tempo possível com
ele, raramente o deixamos sozinho pois quere-
mos que se sinta seguro na sua nova casa – o
que é perfeitamente normal.
No entanto, é muito importante que o cão
aprenda a estar sozinho, noutra divisão, mesmo
quando estamos em casa. Quando estiver perto
do seu cão, crie vários momentos diferentes um
para treinar, outro para brincar, momentos para
festinhas e momentos para o cão estar sosse-
gado sem receber atenção mesmo quando está
Evite criar fossos
sociais na vida do seu
companheiro e torne os
momentos de solidão em
momento de lazer, como
roer um Kong ou dormir
presente. Enquanto está em casa, por vezes,
coloque-o em outra divisão enquanto dorme ou
roi um osso.
5. Como o deixar sozinho
O confinamento ou acesso restrito aos vários
locais da casa é muito importante nos primeiros
tempos do cachorro, ou cão, em casa. Crie um
sítio à prova de cão, onde este ficará confortá-
vel e seguro durantes as suas saídas. Lembre-se
que, na sua ausência, o cão terá muito “tempo
livre” e vai procurar entreter-se com qualquer
coisa que encontrar.
O “espaço” que tem livre também dita o que
pode fazer. Portanto, mantenha-o num local
relativamente pequeno, com acesso a água
fresca, comida e brinquedos adequados (como
explicado na estimulação mental), e com a sua
casa-de-banho interna (caso seja um cachorro
pequeno ainda não acostumado a aguentar
tantas horas).
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa,
os cães não precisam de muito espaço livre quan-
do estão sozinhos. Na verdade, podem ficar num
espaço relativamente pequeno, onde se possam
ocupar com algumas coisas e descansar.
Promover a estimulação mental do cachorro
quando está sozinho é uma ótima forma
de incutir bons hábitos e evitar que este
associe a solidão a algo de mau.
Prepare o local onde o
cão fica durante o dia,
com uma cama quente,
brinquedos recheados de
comida, água e uma casa
de banho temporária
Quando o cachorro está cansado, física e mentalmente,
e quer descansar, pode ser deixado num local do seu agrado,
como a apanhar sol no pátio, pois, mesmo quando estamos
em casa, convém que aprenda gradualmente a ficar sozinho.
Quando o cachorro está a dormir deixe-o sozinho, para que
aprenda que estar sozinho é bom. Aproveite esses momentos
para o deixar sossegado.
A estimulação mental é muito importante,
dê ao cachorro um ossinho e deixe que
este permaneça sozinho enquanto o rói.
Quando os tutores chegam a casa,aí sim,podem
ter acesso à casa toda, sob a sua supervisão, evi-
tando assim que desenvolvam comportamentos
destrutivos, ou outros, que não querem que ele
repita.
6. Seja tranquilo
Os cães são muito observadores do nosso com-
portamento e rapidamente se apercebem dos
nossos padrões.Torne as suas saídas e chegadas
a casa mais calmas.
Tente não lhe tocar de forma muito excitada e
enérgica quando chega a casa, porque isso mo-
tiva o cão a pular, mordiscar e apresentar todos
aqueles comportamentos de exaltação associa-
dos à chegada do dono a casa.n
20 Cães&Companhia
O meu cão deixou de comer
O que faço?
Convivência Carolina Pinedo
Fotos: Shutterstock
Uma mudança, a chegada a casa de um bebé ou de outro animal, são circunstâncias que podem
desencadearperda de apetite no cão porstress, medo ou nervos, assim como se este estivera convalescer
de uma doença. Damos alguns conselhos para o ajudara conseguirque o seu cão recupere o interesse pela
comida.
21Cães&Companhia
Preste atenção aos hábitos alimentares
do seu cão, qualquer mudança pode ser sinal
de um problema na sua saúde
Q
uando o cão deixa de comer pode ser
devido a causas físicas, como uma
doença, ou psicológicas, por estar de-
primido ou stressado. A dor é uma das causas
pela qual um cão pode perder o interesse pela
comida. Uma ferida na boca, uma cárie ou uma
doença podem tirar-lhe o apetite.
Os animais mais velhos podem sofrer de artro-
ses e como o movimento lhes causa dor deixam
de ir até ao prato da comida. Mas os problemas
de estômago também podem ser a causa da
perda de apetite.
As mudanças, a chegada de um novo animal a
casa ou o desaparecimento de um ser querido
podem ser outras das razões que levam o cão a
deixar de comer. Se um animal está deprimido,
stressado ou nervoso, pode perder o apetite. O
normal é que recupere passados uns dias, mas
se a inapetência persiste, é recomendável con-
sultar o médico veterinário.
Investigue as causas
Averiguar a causa da perda de apetite do cão é
importante para atacar o problema e conseguir
que volte a comer. O médico veterinário levará
a cabo um check up para saber o que se passou.
Mas temos de ter em conta que não deve pas-
sar mais de 48 horas sem ingerir alimento, pois
pode ser prejudicial para a sua saúde; se assim
for, consulte um especialista.
As informações que passamos ao veterinário so-
bre o cão, como pessoa que convive com ele e o
conhece melhor que ninguém, são fundamentais
para saber o que tira o apetite ao animal.
Mudanças no comportamento do cão ou da ro-
tina de casa podem oferecer uma valiosa orien-
tação para diagnosticar o que se passa. Após
implementar um tratamento adequado contra
o problema que apresenta, o apetite voltará a
aparecer.
Está farto da comida
Além das diversas patologias físicas e psico-
lógicas que podem deitar abaixo o apetite do
cão, estar farto da sua comida habitual também
pode ser a causa de não se interessar pelo que
está no comedouro.
Além disso, se lhe oferecemos petiscos e gulo-
seimas fora da sua dieta habitual, é normal que
depois não coma a ração.
A idade também tem influência na perda de
apetite do cão. Os animais mais velhos, a par-
tir de 10 anos, podem ter menos vontade de
comer; têm uma mobilidade mais reduzida, um
metabolismo mais lento e podem padecer de
dores nas articulações, por isso é normal que
comam menos.
Se o cão está farto do seu alimento seco habi-
tual pode ficar mais entusiasmado se adicionar-
mos uma colher de comida em lata e um pouco
de água morna. Para saber se está realmente
apático ou apenas aborrecido, pode oferecer-
-lhe várias opções em pratos diferentes (galinha,
paté, vaca). Se o cão comer, saberá que é uma
questão de aborrecimento e não de doença.
Mas nunca esqueça que os cães podem ser re-
almente caprichosos com a comida e muitos es-
cravizam os seus donos com os seus caprichos
alimentares.n
3 truques para que recupere o apetite
Além dos conselhos do médico veterinário, quando o seu cão perde o apetite pode usar
estes truques para que volte a comer:
1. Fazer com que os alimentos sejam mais atrativos e, para o conseguir, podemos dar-lhe
comida húmida que é mais saborosa. Se aquecermos um pouco no micro-ondas o cão
ficará mais interessado em comer.
2. Dar-lhe uma dieta caseira até que o cão recupere o apetite, fará com que coma melhor.
Mas este tipo de alimento deve ser supervisionado pelo veterinário. Não se podem preparar
menus de qualquer forma, apenas com ingredientes concretos, quantidades apropriadas e
elaborados corretamente.
3. As rações com uma grande quantidade de energia são uma boa opção para um cão sem
apetite, porque embora coma pouca quantidade de alimento, tem um aporte energético
suficiente.
Averiguar a causa da perda de apetite
do cão é importante para atacar
o problema e conseguir que volte a comer.
Se lhe oferecermos petiscos e guloseimas
for da sua dieta habitual, é normal que
depois não coma a ração.
22 Cães&Companhia
Cocker Spaniel Inglês
Um orelhudo de olharcativante
RafpRide
Gabriela Rafael, do afixo “Rafpride”Raça
O Cocker Spaniel Inglês é conhecido
como uma das raças preferidas como cão
de companhia. É uma raça equilibrada
e multifacetada, um cão de caça e de
companhia, duas atividades que exerce
com o mesmo amor e dedicação, tendo
como meta um único objetivo: Agradar aos
seus donos!
23Cães&Companhia
SharySVianSet
N
ormalmente, as pessoas apaixonam-se
pela sua aparência e é isso que leva
à sua escolha. Mas o Cocker Spaniel
Inglês é um eterno amigo e fiel companheiro,
sempre pronto para a brincadeira, incansável
seguidor do seu dono, por quem faz tudo para
o ver feliz.
As origens da raça
A família dos Spaniels reúne um dos maiores
grupos de cães e um dos mais especializados.
Sendo difícil estabelecer com precisão a altu-
ra em que os Spaniels fazem a sua entrada no
mundo das raças de cães, podemos porém afir-
mar que este grupo canino é um dos tipos mais
antigos. Representações de Spaniels aparecem
já em pinturas pertencentes à Antiguidade
Clássica, como é o caso da representação de
um destes exemplares numa pintura de Filipe II
da Macedónia, pai de Alexandre, o Grande.
Embora sabendo que os Spaniels cedo foram
difundidos por toda a Europa, só voltamos a ter
registo mais preciso deste tipo de cães no rei-
nado de Henrique VIII. São desta época registos
que referem que o Duque de Northumberland,
John Dudley, foi um dos primeiros a treinar
Spaniels para a caça e que no castelo do Rei
Henrique VIII havia um empregado que era o
guardião dos Spaniels com o nome de “Robin
the King’s Spaniel Keeper” (Robin, o Guardião
dos Spaniels do Rei).
Os vários Spaniels
Com o decorrer dos anos, os Spaniels foram di-
versificando o seu tamanho e as suas aptidões
para a caça. Durante o séc. XVI, esta família era
constituída por cães de água e de terra, tendo
desenvolvido cada uma delas particularidades
que as definem.
Em 1885, foi criado na Grã-Bretanha o Spaniel
Club, que começou a trabalhar afincadamente
na elaboração dos diferentes estalões que iriam
caracterizar os distintos tipos de Spaniel. O
Clumber, o Sussex, o Welsh Springer, o English
Springer, o Field, o Water Spaniel Irlandês e o
Cocker começaram a ser registados por volta
do séc. XIX como raças distintas.
O nome “Cocker”
A designação de Cocker Spaniel Inglês passa
então a corresponder aos exemplares mais
pequenos dos Spaniels. O termo “Cocker” ter-
-lhe-á sido atribuído devido à particular noto-
riedade e rapidez com que descobria e obrigava
as galinholas (woodcocks, em inglês) a levantar
voo, o que facilitava a sua caça.
O seu pequeno tamanho fazia com que o Co-
cker entrasse em lugares que outros Spaniels
maiores não conseguiam e não o deixavam
emaranhar-se tão facilmente nos arbustos bai-
xos e cheios de espinhos, que era a habitação
das galinholas.
Assim, tradicionalmente, o Cocker Spaniel foi
criado demonstrando aptidões naturais para a
caça, comportando-se muito bem no seu exer-
cício. Definiu-se como um cão hábil em localizar
e cobrar aves, dotado de um ótimo faro, agili-
dade, resistência na movimentação, rapidez em
aprender, disposição para o trabalho e muita vi-
A raça é dotada de um temperamento meigo
e afetuoso, pleno de vida
talidade, sendo até hoje um excelente caçador.
No entanto, com o decorrer do tempo, foi sendo
cada vez mais utilizado como cão de compa-
nhia, quem sabe, devido ao ar angelical que
sempre apresenta.
Fixação da raça
A origem da denominação “Spaniels” ainda
hoje não reúne o consenso de todos os investi-
gadores, estando a origem desta palavra ainda
por definir com exatidão.
Alguns acreditam que a origem da designação
“Spaniel” acontece por estes cães terem supos-
tamente sido levados de Espanha para Ingla-
terra pelos romanos, já que a palavra Spaniel é
de origem espanhola e significa, precisamente,
“espanhóis”. No entanto, outros acreditam
que é mais provável que a palavra “Spaniel”
derive da palavra céltica “spain”, que significa
“coelho”, dando assim mais força à primeira e
original função para a qual os Spaniels foram
desenvolvidos.
Independentemente da origem da palavra, po-
demos afirmar com certeza que, do século XVII
em diante, foi aceite amplamente a palavra
Spaniel, para designar um conjunto de cães,
especialmente em Inglaterra, onde a denomi-
nação “Cocker” foi usada pela primeira vez em
1859, numa Exposição em Birmingham.
Outro marco importante na história desta raça
O Cocker deve ter
uma aparência
alegre e robusta.
24 Cães&Companhia
Herbert Summers Loyd, proprietário do afixo “Of Ware”,
com três dos seus exemplares, estando no meio “Lucky
star of Ware”, duas vezes ganhador do Best in Show da
Crufts (fotografia retirada da Wikipédia).
aconteceu no ano de 1879, altura em que nasce
“Obo”, um Cocker Spaniel Inglês negro que deu
origem à linhagem de todos os Cockers moder-
nos.
Com a fundação do English Kennel Club em
1873, o Cocker Spaniel passou a ser conside-
rado uma raça separada do Field Spaniel e do
Springer Spaniel.
O English Kennel Club reconheceu a raça em 1892
e o seu primeiro estalão (conjunto de característi-
cas que definem uma raça) foi então publicado.
O prestígio desta raça afirmou-se definitiva-
mente quando venceu o prémio de “Melhor
Exemplar da Exposição” (Best in Show) na Ex-
posição Crufts, em Londres, por seis vezes (nos
anos de 1930, 1931, 1938, 1939, 1948 e 1950)
pelos exemplares do famoso Canil “Of Ware”,
do Criador Herbert Summers Loyd.
Atualmente, esta raça é utilizada principalmente
como cão de companhia, de Exposição e de caça.
A raça atual
Como em muitas outras raças de cães, existem
ainda hoje algumas diferenças morfológicas en-
tre os exemplares usados para o trabalho e aque-
les que são criados como exemplares de beleza
para participarem em Exposições Caninas.
No Cocker Spaniel Inglês, basicamente, o cão de
trabalho será um exemplar ligeiramente mais
leve, com um corpo mais curto do que um exem-
plar criado para Exposição.
Em termos de aparência, e como será facilmen-
te compreendido, o cão de Exposição terá pelo
e franjas mais compridos e bem tratados do que
o seu compatriota caçador.
É da utilização deste animal nas caçadas que
surgiu o costume de se amputar parte da sua
cauda: dizia-se que o Cocker, ao caçar, balança-
va a sua cauda de um lado ao outro com tanto
entusiasmo que sacudia os arbustos à sua volta
e acabava por espantar a caça. Hoje, com a proi-
bição das cirurgias estéticas em animais, esse
costume deixou de fazer sentido.
Principais aptidões da raça
O Cocker Spaniel Inglês, embora tenha sido se-
lecionado com a finalidade de ser utilizado no
levantamento da caça na vegetação rasteira,
cedo entrou nas casas dos seus proprietários,
tornando-se um elemento da família e uma
das raças, por excelência, escolhida para cães
de companhia, função que desempenha neste
momento, na maioria dos países.
No entanto, em países como França e Inglaterra,
os seus dotes e forte instinto de caçador conti-
nuam a ser utilizados e muito apreciados.
Em Portugal
Tal como na grande maioria dos países eu-
ropeus, em Portugal o Cocker aparece desde
sempre na lista dos cães mais registados e mais
procurados.
No primeiro Livro de Origens Português (LOP), que
data de 1956,é interessante verificar que em 2.200
exemplares registados, 400 eram da raça Cocker
Spaniel Inglês, colocando a raça em primeiro lugar,
muito longe do segundo classificado, o Setter com
239 exemplares.É assim evidente a enorme aceita-
ção que a raça teve desde início no nosso país.
Na primeira década do século XXI,a sua posição da
lista das raças mais registadas foi variando, tendo
ido do 5º lugar em 2000 até ao 21º lugar nos anos
de 2009 e 2010.
Deve ter uma natureza alegre que se reflete
na cauda a abanar, num movimento típico cheio
de energia
Viansetsharys
O pelo deve ser liso e de textura
sedosa, nunca deve ser duro
e ondulado
Aparência geral
Na classificação da Federação Cinológica Interna-
cional (FCI), o Cocker Spaniel pertence ao Grupo 8,
destinado aos cães de água, levantadores de caça
e retrievers.
De aparência geral, o Cocker deve ser um cão ale-
gre e robusto,próprio para a caça,bem balanceado
e compacto. Deve ter uma natureza alegre que se
reflete na cauda a abanar, num movimento típico
cheio de energia. O seu temperamento deve ser
meigo e afetuoso, pleno de vida.
Morfologicamente, o Cocker Spaniel Inglês deve
apresentar um corpo sólido,bem musculado e bem
proporcionado.A estrutura óssea deve ser robusta
e firme. Os machos devem ter uma altura entre os
39 e os 42 cm, enquanto as fêmeas devem andar
entre os 38 e os 39 cm. O seu peso deve manter-se
entre os 13 e os 15 kg.
Uma cabeça característica
A cabeça deve apresentar linhas suaves, com um
crânio bem desenvolvido e cinzelado, e um stop
bem marcado. Os olhos devem ser cheios, de cor
castanho-escuro. No entanto, quando os exem-
plares apresentam pelagens de cor fígado, fígado
ruão e fígado e branco, a cor dos olhos será muito
mais clara, em harmonia com a cor do pelo. O seu
olhar deve ser um misto de inteligência e meiguice
com um estado de alerta e curiosidade permanen-
te por tudo aquilo que o rodeia.
As orelhas devem ser de inserção baixa e, quando
esticadas para a frente, o seu comprimento deve
alcançar a ponta do nariz. A mandíbula deve ser
forte, com uma mordedura em tesoura, perfeita,
regular e completa, isto é, os incisivos superiores
sobrepassam ligeiramente os inferiores e são inse-
ridos em ângulo reto com os maxilares. Os ossos
da face não devem ser proeminentes. A saída do
pescoço é elegante e este deve ser de comprimento
médio e musculado.
Vianset
Um cão equilibrado
O tronco deve ser forte e compacto, com um peito
profundo e costelas bem arqueadas.A linha dorsal
deve ser firme e reta, sendo ligeiramente descen-
dente na parte posterior do cão.
Os membros devem possuir uma boa ossatura. Os
anteriores devem ser direitos e curtos,enquanto os
posteriores devem ser bem angulados e muscula-
dos. Mãos e pés devem mostrar dedos fechados.
O Cocker deve apresentar um andamento fluente,
com grande propulsão e boa cobertura de solo.
De cauda a abanar
De alguns anos a esta parte, os criadores deixaram
de amputar parte da cauda.Esta prática prendia-se
com o facto de esta não interferir no trabalho do
cão quando se dedicava à caça.Nestes exemplares
a cauda deveria ter mais de 10 cm (corresponden-
do à terceira vértebra).
Para os exemplares de cauda inteira, esta deve ser
ligeiramente curva, de comprimento proporcional
ao corpo não devendo ultrapassar o jarrete.
A cauda deve estar inserida ligeiramente abaixo da
linha do dorso. Deve ser alegre em movimento e
portada horizontalmente.
A sua pelagem
Na sua pelagem, o Cocker ostenta um dos seus
grandes atrativos,uma vez que aliado à sua conhe-
cida franja, apresenta cores muito variadas, que
vão desde as sólidas às particolours.
Algumas pelagens apresentam marcações em cor
de canela conhecidas como tan.
Nas sólidas temos cores como o preto, o dourado,
o fígado ou chocolate, o black and tan (preto afo-
gueado) e o fígado e tan.Nestas cores sólidas,só é
permitida a existência de pelo branco no peito.
Nos particolours aparecem uma grande combina-
ção de cores. Nos exemplares com duas cores (bi-
colores), aparece sempre a cor branca juntamente
com o preto, o laranja, o fígado ou o limão. Nos
exemplares com três cores (tricolores) podemos
encontrar as cores: preto, branco e tan; e fígado,
branco e tan.
Finalmente,nosexemplaresruãopodemosteracor
azul, azul com tan, laranja, limão, fígado e fígado
com tan. O pelo deve ser liso e de textura sedosa.
Nunca deve ser duro e ondulado. Ao contrário do
Na sua pelagem, o Cocker ostenta um dos seus
grandes atrativos, pode apresentarcores muito
variadas, que vão desde as sólidas às particolours
A preparação de um exemplar
de Exposição requer cuidados mais
específicos, nomeadamente, no que
respeita ao pelo e à tosquia.
RafpRideRafpRide©MastiM.pt
Vianset©aCalVes
que muitos possam pensar,o estalão da raça refere
que o pelo desta raça nunca deve ser muito abun-
dante e, embora deva apresentar uma boa franja
nos anteriores e corpo, o seu comprimento deve
manter-se acima dos jarretes.
Exemplares de Exposição
A preparação de um exemplar de Exposição requer
cuidados mais específicos, nomeadamente, no que
respeita ao pelo e à tosquia.
Num Cocker Spaniel de Exposição,e para que o seu
pelo cresça e se mantenha nas melhores condições,
é necessário, para além da escovagem diária, um a
dois banhos semanais com produtos próprios para
o pelo e cor do cão.
A esta raça corresponde uma tosquia específica,
que os cães de Exposição devem respeitar. Nesta
tosquia é usada a máquina, uma tesoura, uma te-
soura de desbaste e as mãos.
A máquina é utilizada, basicamente, na parte inte-
rior das orelhas e na zona do pescoço que vai des-
de a parte de baixo da mandíbula até à ponta do
externo.A tesoura é utilizada no acerto das patas e
a tesoura de desbaste poderá ser usada na junção
entre a cabeça e as orelhas e na junção do pescoço
com o resto do corpo. A tosquia da cabeça e de
todo o resto do corpo deverá ser realizada à mão
(hand stripping).
Temperamento
O Cocker Spaniel Inglês é,por natureza,curioso,ca-
rinhoso, dócil, leal e sensível. Muito sociável, adora
estar junto das pessoas,em muito particular,da sua
família humana,a qual venera com grande dedica-
ção, exigindo dela alguma atenção.
Não são bons cães de guarda, já que não apresen-
tam grande tendência para ladrar e não costumam
ser agressivos.
O Cocker adora fazer amizades e não se tornará
agressivo com visitas estranhas que apareçam na
casa dos seus donos. Sempre bem-humorado, gos-
ta de mostrar ao mundo a sua felicidade. Sempre
dependente dos seus donos, atento aos mais pe-
quenos gestos,este animal é tão especial,que mui-
tas vezes basta um olhar para que nos entenda.
Num período de desenvolvimento e da implemen-
tação da raça, alguns exemplares de cores sólidas
demonstraram comportamentos menos sociáveis.
No entanto, neste momento e fruto do trabalho de
criadores responsáveis, este problema parece estar
ultrapassado.
Um cão de família de excelência
O Cocker Spaniel é um cão alegre e brincalhão, ca-
racterísticas demonstradas pelo constante abanar
da cauda. É um cão que adora o dono e todos os
membros da família. Gosta da vida ao ar livre, sen-
do sociável para com as outras raças.
Pode viver muito bem em apartamento e em am-
bientes maiores, pois adapta-se muito bem a di-
ferentes locais e situações. A grande popularida-
de que esta raça tem mantido ao longo dos anos
pode ser explicada devido à ótima personalidade
dos cachorros, que se adaptam ao tipo de vida
dos seus familiares. Se os donos forem mais tran-
quilos e caseiros, os cães não se importam de ficar
deitados sem fazer nada; se os donos forem mais
agitados e adorarem fazer exercício, estes também
os acompanham alegremente.
RafpRide©MastiM.pt
28 Cães&Companhia
Esta raça tem demonstrado ser uma ótima e alegre
companheira para as crianças.Gostam de brincar e
sentem-se em casa no meio de uma boa confusão.
Além disso,são bastante sociáveis,até mesmo com
pessoas estranhas.
Não aprecia ser deixado sozinho, já que necessita
de bastante atenção. É um cão que gosta de ser
incluído na vida familiar e que gosta de agradar ao
dono, seja qual for a atividade que lhe seja “pe-
dida”, pois demonstra uma energia inesgotável.
Gosta de atenção e de carinho,que retribui de uma
forma redobrada. Este cão precisa de estar bem
inserido na família, caso contrário será infeliz e
poderá mesmo desenvolver comportamentos que
não são típicos da raça.
Maturidade e reprodução
Normalmente, nesta raça, o primeiro cio aparece
entre os 9 e os 12 meses de idade, mas as fême-
as atingem a sua maturidade sexual por volta dos
2 anos de idade, altura em que estão preparadas
para poderem fazer a sua primeira ninhada.A raça
não demonstra dificuldades em realizar uma mon-
ta natural.
O nascimento ocorre entre os 60 e os 63 dias de
gestação, nascendo, na maior parte das vezes, en-
tre 4 a 8 cachorros.
Quandosepensaemrealizarumaninhada,algumas
precauções devem ser tidas em conta. Certifique-se
que os pais dos futuros cachorros têm temperamen-
tos equilibrados.Ambos os progenitores devem ser
Durante o seu primeiro ano de vida,a comida colo-
cada à disposição do animal pode ser mais abun-
dante do que nos anos seguintes, o que leva a que
alguns criadores optem por alimentar exemplares
mais do que uma vez por dia.
Deve também ser seguida com atenção a mudan-
ça da dentição de leite para a dentição definitiva a
fim de verificar se a colocação desta está conforme
o estalão da raça. Se alguns dentes começarem a
nascer sem os de leite terem caído, é aconselhável
uma visita ao médico veterinário.
É importante seguir com cuidado o desenvolvimen-
to dos cachorros até à idade adulta, tendo o cuida-
do de verificar todos os aspetos da sua morfologia.
Escolha do cachorro
É muito importante quando se toma a decisão
de trazer um cão para a nossa vida familiar, per-
ceber que este é um ser que necessita de cuida-
dos e de atenção.
Por vezes, a aparência adorável dos cachorros
faz com que a decisão não seja muito pensada
e ponderada. Temos sempre que pensar que o
adorável cachorrinho vai crescer e irá dar lugar
a um exemplar adulto, que no caso do Cocker
Spaniel Inglês pode compartilhar as nossas vi-
das por mais de 15 anos.
Se este passo foi realizado,é a altura então de pro-
curar um local onde adquirir o seu companheiro. E
aqui é preciso algum cuidado e bom senso. O local
mais fiável,será procurar junto do Clube Português
de Canicultura, que lhe fornecerá uma lista atuali-
zada dos criadores e das ninhadas registadas mais
recentes.
Através deste método, terá a certeza que está a
adquirir um exemplar que foi criado devidamente,
cuidado e alimentado de forma correta e com os
cuidados veterinários em dia.
Um dos problemas que existe com as raças muito
populares, e com a grande procura que existe de
exemplares destas raças, é de apareceram cachor-
ros vendidos por preços muito mais baixos, mas
cuja criação é fruto de acasalamentos pouco cui-
O convívio diário com esta raça proporciona sem-
pre aos seus donos a descoberta de mais uma brin-
cadeira ou de uma habilidade, pois, por trás deste
cão de estrutura média,está um ser astuto e esper-
talhão que não se cansa de nos surpreender.
Educação e treino
Como acontece com todas as raças, o Cocker Spa-
niel Inglês necessita, desde tenra idade, conhecer
regras e normas de comportamento, sabendo re-
conhecer a autoridade de todos os membros da
família.
É um cão fácil de educar, mas apenas se tornará o
companheiro ideal se os donos estiverem dispostos
a aproveitar a sua enorme inteligência e capacida-
de de aprender, dispensando algum tempo na sua
educação. É preciso lembrarmo-nos que os bons
cães de companhia não nasceram assim; foram
bem-educados para se tornarem excelentes com-
panheiros.
sujeitosaalgunstestes:radiografiaparadespistede
displasia da anca; exame ocular para detetar possí-
veis doenças hereditárias; e análise ao sangue para
verificar se existe alguma complicação renal.
Cachorros
Os cachorros nascem com um peso que pode variar
entre os 200 e os 400 gramas, e medem cerca de
18 a 20 cm.
Na grande maioria dos casos, o leite da mãe é ali-
mento necessário e suficiente para que os cachor-
ros cresçam de uma forma harmoniosa e saudável.
Por volta das três semanas,os cachorros tornam-se
maisativos,começandoaexplorareaestaratentos
a tudo o que os rodeia.
Aos dois meses deve começar a ser introduzida na
sua alimentação ração seca ao mesmo tempo que
se inicia o desmame. Por norma, este processo é
realizado de forma progressiva,com os cachorros a
fazerem uma boa adaptação.
É um cão que gosta de ser incluído na vida
familiar, seja qual for a atividade “pedida”,
pois demonstra uma energia inesgotável
O seu olhar deve ser um
misto de inteligência e de
meiguice com um estado
de alerta e curiosidade
permanente por tudo
aquilo que o rodeia.
RafpRide
ShaRyS
dados que dão depois origem a animais que, ao
nível da aparência, mas principalmente ao nível
do temperamento e do comportamento, nada
têm a ver com o Cocker Spaniel Inglês.
Uma raça saudável
O Cocker tem uma esperança média de vida que
pode atingir os 15 anos de idade ou mais. Como
em todas as raças, o Cocker Spaniel Inglês exige
alguns cuidados específicos em relação à sua
higiene e saúde.
Devido ao tipo de orelhas que apresenta, esta
raça tem predisposição para o aparecimento
de otites, problema que se resolve facilmente
rapando com uma máquina, com frequência, o
pelo que cresce da parte interior das mesmas.
Este procedimento poderá ser realizado pelos
próprios donos uma vez que a máquina nunca
magoa o animal. Em casos mais extremos, de-
verão ser utilizados produtos próprios recomen-
dados pelo seu veterinário.
Esta raça é também suscetível ao aparecimento
de atrofia progressiva da retina (PRA), displasia
da anca (HD) e nefropatia familiar (FN).
Atenção com o peso!
A raça exige cuidados com a alimentação. Os
Cockers são muito gulosos possuindo um notá-
vel apetite, o que os torna propensos a criarem
problemas de obesidade. Devoram tudo o que
lhes aparece à frente.
O excesso de peso no animal irá provocar-lhe o
mau funcionamento dos órgãos vitais e proble-
mas nas articulações, afetando a médio prazo a
sua qualidade de vida.
Não oferecer petiscos fora de horas e controlar
as doses de ração que lhe são dadas são as re-
gras milagrosas para os manter em forma.
Cuidados com a pelagem
O banho deve ser frequente, com água tépida,
utilizando um champô adequado ao tipo de
pelo para que este se mantenha longo e sedoso,
havendo também champôs adaptados às dife-
rentes variedades de cor que esta raça apresen-
ta. Podem ser finalizados com a aplicação de um
amaciador.
O pelo deve ser seco com a ajuda de um seca-
dor e de uma escova. Esta prática é fundamental
para que o seu pelo cresça bonito e saudável.
Deve ser penteado com uma escova ou carda-
deira pelo menos duas vezes por semana, para
que o pelo mantenha a aparência que tanto ca-
racteriza a raça.
De dois em dois meses, o Cocker Inglês deve ver
o seu pelo arranjado e acertado, com particular
atenção à tosquia do pelo interior das orelhas
e do pelo que cresce por baixo das patas, entre
as almofadas.
Embora alguns donos o façam no tempo mais
quente, o animal em nada beneficia quando
decidem cortar-lhes de forma drástica o pelo,
deixando-o muito curto por todo o corpo. Nor-
malmente, os animais não gostam desta nova
aparência que lhes é dada, andando alguns dias
tristes e a esconderem-se das pessoas.
Não é necessário fazer a tosquia completa do
Cocker, porque o cão adapta-se ao calor, per-
dendo o subpelo. Além disso, a utilização de
uma máquina de tosquia altera a textura do
pelo, tornando-o menos sedoso e mais encara-
colado, fazendo-o também perder o seu brilho
natural.
Adora exercício e água
Os donos devem proporcionar-lhe exercício físi-
co diariamente, devido à sua grande energia e
atividade. Gosta de passear na companhia dos
donos e adora que lhe sejam atirados objetos
para ir buscar.
Se os passeios forem perto do mar, de rios ou
de lagoas, prepare-se pois, por certo, o seu cão
irá brincar para dentro de água, atividade que
lhe agrada particularmente, independentemen-
te da temperatura a que a esta se encontre. No
entanto, se a brincadeira tiver lugar na água
salgada, o Cocker deve tomar banho de água
doce quando chegar a casa, para que o pelo não
seque com o sal, uma vez que este provoca a
desidratação e a quebra do pelo.
Nos passeios pelo campo temos de ter em aten-
ção as praganas que frequentemente se pren-
dem na pelagem do corpo e nas orelhas.
Desporto canino
O Cocker é uma raça versátil que tem a capa-
cidade de se comportar de forma exemplar na
execução de tarefas muito diferenciadas. Sendo
um cão obediente, normalmente realiza as ativi-
dades que lhe são solicitadas pelo seu dono.
Quem o vê nas suas horas de descanso dificil-
mente verá nele um cão disposto ao trabalho.
Não podia estar mais enganado.
Esta raça admirável adora um bom dia de traba-
lho no campo ou uma longa caminhada.
Em provas de Agility, modalidade onde o animal
deve passar por vários obstáculos sob o coman-
do do dono, o Cocker cumpre a tarefa na perfei-
ção, contagiando com a sua alegria todos aque-
les que assistem à competição. Os praticantes
desta modalidade referem a enorme disposição
e alegria que a raça apresenta quando se depa-
ra com uma pista com obstáculos, fazendo do
exercício uma enorme diversão.
Devido à sua enorme inteligência,também obtém
excelentes resultados em provas de Obediência.
Cão de assistência
No entanto, e mais uma vez devido à sua enorme
versatilidade, é também um excelente exemplar
para ser usado em terapia com idosos e com
crianças que apresentem dificuldades físicas e/ou
mentais. Este “pequeno” animal tem a grandeza
de conseguir transmitir serenidade e tranquilida-
de, ajudando assim na cura e reabilitação. n
Nota de agradecimento: Agradecemos a Gabriela Rafael
do afixo “Rafpride”, a Dora Rosado do afixo “Sharysh” e
a Rui Gonçalves do afixo “Vianset”, por nos terem cedido
fotografias de exemplares da sua propriedade para
ilustrar este artigo.
Gosta de água, de passear na companhia dos
donos e adora que lhe sejam atirados objetos
para ir buscar.
30 Cães&Companhia
Convivência Vera Vicinanza
Fotos: Shutterstock
Bem comportado com as visitas
Seja em casa ou nos passeios
Muitos cães comportam-se de forma desconfiada e, em alguns casos, agressiva em relação a pessoas
estranhas. Estas condutas podem dever-se a falta ou alteração de sociabilização, ou também a uma
educação incorreta.
Viver em sociedade significa não limitar
a liberdade dos restantes para que também
respeitem a nossa
P
ara prevenir problemas,
o cão deve ser exposto
desde cachorro à maior
quantidade possível de estímulos,
sobretudo da 3ª à 12ª semana.
Uma boa forma de educar o cão
é apresentar-lhe os estranhos que
visitam a nossa casa.
É importante controlar a porta de
casa, para que o cão aprenda a
estar tranquilo e sentado na pre-
sença de uma visita. Depois va-
mos ser nós a dar-lhe permissão
para se levantar e saudar o nosso
convidado.
Se considerarmos a sociedade
num sentido mais amplo, é certo
que uma boa convivência com os
vizinhos depende exclusivamente
do Homem. O dono do cão é a li-
gação com o resto da sociedade
humana: é quem guia o seu com-
panheiro animal num mundo que
para o cão não teria sentido sem
a intervenção do seu companhei-
ro humano. É por esta razão que
abandonar um cão não só signifi-
ca uma traição, como é também
uma condenação à solidão para
um animal com um indiscutível
sentido social.
O cão espera que nós o guiemos
no nosso mundo, que o apresen-
temos ao seu novo ambiente, que
o ensinemos a como se compor-
tar perante as situações em que
se encontra, porque nós assim o
quisemos.
Saídas à rua
Para muitos donos de cães sair à
rua é um autêntico pesadelo, que
começa na porta de casa. Contro-
lar a porta é um bom início para
controlar tudo o que vem depois,
o passeio e as relações sociais
fora da família e da casa. Em
muitos casos é o cão que leva o
humano a passear e não o con-
trário.
Antes de sair de casa uma boa
prática é pedir ao cão que se
sente e espere o nosso sinal para
poder sair. Desta forma estamos
a canalizar a sua atenção para
a obediência e não para a exci-
tação.
Durante os passeios
Uma vez na rua todo o trabalho
de educação que levámos a cabo
como donos começa a ter um sen-
tido mais amplo. Não só estamos
a partilhar um agradável passeio
ao ar livre com o nosso cão, como
estamos a interagir com o mundo.
Os nossos atos como donos res-
ponsáveis influenciam a criação
de uma consciência social favorá-
Antes de sair de casa uma boa
prática é pedir ao cão que se
sente e espere o nosso sinal
para poder sair.
32 Cães&Companhia
vel, ou não, nos animais.
Muitas pessoas não partilham dos
nossos gostos e podem sentir-se
incomodadas se um cão passeia
solto e se aproxima. As suas re-
ações podem ser imprevisíveis,
assim como as do animal. Outras
não toleram o ladrar ou que dei-
xem a rua suja por terem donos ir-
tificadas pois
o animal repre-
senta realmente
uma fonte de incó-
modo e de ruído. Em
muitos casos, uma boa
educação do cão pode ser
a chave para a convivência em
sociedade.
É importante ser tolerante: trata-
-se de animais que não têm culpa
dos erros dos donos. E os donos,
pela sua parte, devem aceitar que
nem todas as pessoas gostam de
cães e agir com consciência e res-
peito.
Em muitos casos, os vizinhos que,
por exemplo, se queixam de que
o animal ladra na ausência dos
donos podem ser uma fonte de
informação importante, fa-
zendo com que se descubra
um problema de conduta e
uma consequente falta de
bem-estar do animal.
Educação e formação
Viver em sociedade significa
não limitar a liberdade dos
Devemos tentar que o nosso cão
seja mais sociável e se saiba
comportar na presença de estranhos
Muitas pessoas não partilham dos nossos
gostos e podem sentir-se incomodadas
se um cão passeia solto e se aproxima
Apesar
de adorarmos
o nosso cão, não
podemos permitir
que este salte para
todas as pessoas.
estas leis demonstram mais uma
vez as suas limitações e na reali-
dade transferem para o animal e
para o dono responsável todo o
peso e a “culpa” sem enfrentar
o problema desde a sua raiz. Esta
lei, e em geral as que se referem
aos animais, estão longe de ser
partilhadas pelos profissionais e
responsáveis. Sem falar das agres-
sões e mordidas, que em muitos
casos podiam ter sido evitadas
com um pouco de senso comum e
de responsabilidade.
Tudo isto faz com que a sociedade
possa ser relutante à posse de ani-
mais, como se demonstrou com a
promulgação de leis sobre animais
potencialmente perigosos. Sem
entrar na matéria, só diremos que
deixam um enorme vazio legal nas
suas possibilidades de execução.
O cão e os vizinhos
Em muitos casos a convivência
com os vizinhos é dificultada por
danos incompreensíveis que fa-
zem, por exemplo, ser proibido ter
todo o tipo de animais em muitos
prédios ou condomínios.
Noutros casos, as queixas são jus-
portante conhecer as leis, educar
o cão e compreender como este
comunica, para isso os donos têm
de se informar e de aprender.Tudo
isto deveria ser obrigatório para
um dono.
Seria interessante propor que os
donos de cães, e não só donos de
cães “potencialmente perigosos”,
demonstrem ter estes conheci-
mentos através de provas, cursos,
formação ou o que fosse necessá-
rio.
Seria poupado muito sofrimento,
maus tratos infligidos de forma
voluntária ou involuntária, e irí-
amos chegar a uma convivência
mais serena e a uma posse mais
responsável.n
Em casa, é importante que o cão
aprenda a estar tranquilo, sentado
ou deitado, na presença de uma visita,
sem comportamentos exuberantes
restantes para que também res-
peitem a nossa.
Colocando-nos na pele dos restan-
tes entenderemos que quiçá de-
vemos escutar também as suas
necessidades. Isto serve tanto
para os donos de cães como
para as pessoas que não
querem partilhar a sua vida
com um animal. Simples-
mente escutando e sendo
tolerante pode-se chegar
a um acordo e, com isso,
à convivência.
Todos os donos devem
conhecer os direitos e
deveres inerentes à
posse responsável
de um cão. É im-
34 Cães&Companhia
“Dono, tenho medo!”
Perceba o que sente o seu cão
Fobias Eduardo de Benito
Fotos: Shutterstock
O medo nos cães é bastante mais frequente do que pensamos e nem sempre está ligado a situações vividas
pelo animal,já que em muitos casos tem uma forte carga hereditária.
35Cães&Companhia
O medo permite ao cão responder perante
situações de perigo de um modo rápido
e contundente
O
medo é um mecanismo de defesa
no animal, a sua ansiedade dispara
quando crê que está exposto a um
perigo e atua como sinal de alerta. Quando o
perigo real ou suposto desaparece, a sua an-
siedade também e retorna ao seu estado emo-
cional normal. Sentir medo é o resultado de
um processo adaptativo nos seres humanos, é
portanto uma resposta biológica de defesa e é
essencial na sobrevivência da espécie.
O medo permite ao cão responder perante
situações de perigo de um modo rápido e
contundente, por isso o medo na natureza é
positivo. Desencadeia-se perante a perceção
de um perigo, real ou imaginário, gerando
um estado emocional que tem uma resposta
fisiológica e de conduta no cão que se prepara
para se defender ou fugir, já que ambos lhe
permitem enfrentar o perigo. O medo, em con-
sequência, não é uma reação negativa. Outra
coisa é que interfira na vida quotidiana do cão
até criar um estado de mal-estar no seu am-
biente social.
A ansiedade do medo
A ansiedade não se pode controlar, uma vez que
quando aparece o animal é dominado por esta e
de nada serve tentarmos pô-la na ordem, só nos
cabe esperar que passe por si mesma. Podemos,
sim,ajudar o nosso cão aliviando o seu sofrimen-
to e oferecendo-lhe proteção. Por isso, é muito
importante conservar a calma e não cair no erro
de gritar, castigar ou forçar o cão a experimentar
à força aquilo que o assusta.
O aparecimento de um comportamento de fobia
provoca respostas bastantes comuns em todos
os casos. O cão começa a olhar para todo o lado
com inquietação, como se procurasse um sítio
para onde fugir. É o seu instinto ancestral de
proteção, que o leva a localizar o refúgio mais
seguro para se colocar a salvo. Muitos donos
reagem com excessiva severidade e, inclusive,
com intolerância perante o medo dos seus cães,
o que representa uma conduta irracional e ir-
responsável.
O medo do nosso cão não nos deve oprimir,
é necessário abordá-lo com inteligência para
minimizar as suas consequências. É certo que
é triste ver um cão louco por causa do medo.
Correm sem sentido à procura de um local onde
se sintam protegidos e logo procuram um novo
sítio que lhes parece oferecer maior proteção.
Podem ferir-se ao embater contra objetos fruto
do medo, ladram e gemem sem parar.
O animal está em sofrimento, por isso a nossa
reação tem de ser calma para poder oferecer-
-lhe ajuda; e não de raiva, com a qual só au-
mentaríamos o sofrimento do animal e piorá-
vamos as coisas.
Tratamento correto
Há uma parte de conduta aprendida no medo
de todos os cães. Se o animal se sente premiado
após uma crise de ansiedade, o comportamen-
to é reforçado. O dono que acaricia, abraça ou
acalma com uma guloseima o medo do seu cão
acaba por reforçar essa conduta e o cão ex-
pressará mais medo na próxima vez. É o medo
rentável. Comportando-se deste modo o dono,
inconscientemente, iniciou um processo de sen-
sibilização no animal pelo objeto ou situação
que lhe provoca medo.
A melhor prevenção consiste em ignorar o
medo, mas este é um dos comportamentos
mais difíceis de curar, por isso não vai passar
logo.
Medo dos ruídos sociais
Uma das fobias mais comuns nos cães é o
medo de ruídos fortes e inesperados, como os
foguetes das festas, e recebe o nome de acus-
ticofobia. O cão afetado de acusticofobia foge
desesperadamente, pois encontra-se dominado
por um estado de nervosismo tal que não con-
O medo é um mecanismo
de defesa no animal,
a sua ansiedade dispara
quando crê estar exposto
a um perigo.
36 Cães&Companhia
trola os seus movimentos. Se está na rua pode
perder-se e se estiver fechado em casa pode
destruir tudo o que encontra ao seu alcance. O
terror apodera-se dele e procurará proteção de-
baixo das camas, num armário ou em qualquer
canto da casa.
Medo das pessoas
O medo que alguns cães apresentam perante a
presença de pessoas desconhecidas é conheci-
do como antropofobia. Este medo não é gerado,
normalmente, por todas as pessoas, mas por
determinados grupos como pessoas que usam
uma determinada roupa (uniforme), que são de
determinada raça (pessoas de cor) ou de gru-
pos sociais muito marcados, como crianças e
idosos.
Quando a antropofobia não é hereditária pode
dever-se a uma sociabilização incorreta em
cachorro ou a uma experiência traumática. A
manipulação do cachorro por parte do criador
desde o dia do seu nascimento, complementada
pela mãe, é uma ferramenta essencial para evi-
tar o medo das pessoas nos canídeos.
Medo de outros cães
Alguns cães são inseguros, têm falta de confian-
ça em si mesmos, e a presença de um compa-
nheiro canino assusta-os. Podemos dizer que
padecem de cinofobia. A cinofobia é um trans-
torno psicológico persistente, anormal e injusti-
ficado de medo de cães.
Pode esconder um processo de sociabilização
inadequado e é encontrada com frequência em
animais que foram separados da mãe ao nascer
e criados a biberão. Estes cães não aprenderam
os mecanismos de comunicação da sua espé-
cie, essenciais para permitir a coesão dentro do
grupo e a interação entre os seus membros de
modo adequado.
Ao desconhecer todos esses sinais que consti-
tuem uma linguagem muito complexa e que é
baseada fundamentalmente em sinais auditi-
É muito importante que o dono mantenha
a calma e não caia no erro de gritar, castigar
ou forçaro cão a experimentarà força aquilo
que o assusta
vos, visuais, olfativos e táteis com que os cães
transmitem informação, o cão não responde de
forma correta às mensagens enviadas por outro
cão e sente medo.
Perante outro cão estes animais escondem a
cauda entre as patas, adotam todos os sinais de
um animal submisso, mas como são dominados
pelo medo, ao mesmo tempo mostram sinais
agressivos de defesa, como mostrar os dentes,
que podem desencadear o ataque do outro cão.
É um processo que se autoalimenta, o medo
desencadeia agressividade e esta desencadeia
a agressão do outro cão, pelo que o processo se
agrava cada vez mais.
Medo das trovoadas
As trovoadas assustam um grande número de
cães, mas também outros animais, como os ca-
valos; esta fobia recebe o nome de brontofobia
(medo de trovões e relâmpagos).
O nível de intensidade do pânico varia nota-
velmente nos animais, mas alguns cães podem
começar a tremer quando escutam os primeiros
trovões. O medo aparece cedo no cachorro e,
geralmente, é herdado, embora também possa
ser resultado de um episódio traumático.
Agorafobia
A rua é motivo de medo para um grande nú-
mero de cães. Normalmente, são cães que em
cachorros foram mantidos isolados em canis ou
37Cães&Companhia
ambientes muito monótonos. Para estes a rua
aparece como uma ameaça onde os carros, as
luzes, as pessoas a ir e vir, ou a presença de ob-
jetos, como contentores de lixo, os assustam.
É uma fobia adquirida por uma educação
inadequada.
A agorafobia pode desenvolver-se
em fobias específicas, por exem-
plo, o medo de objetos volumosos ou de passa-
gens subterrâneas ou elevadas para atravessar
a rua.
Medo da “educação”
Embora pareça estranho, muitos cães são víti-
mas do seu dono, que lhes cria inconsciente-
mente um estado de stress e de ansiedade pela
educação. Um treino baseado na dominância e
no castigo acaba por provocar aversão, e até
medo, no cão.
É um erro muito generalizado crer que um
método de treino é uma receita infalível e que
se o aplicarmos no cão este se vai tornar num
companheiro extraordinário. Quando um profis-
sional aceita a tarefa de educar um cão toma
em consideração aspetos do animal como a sua
idade, sexo, resistência ao stress, etc. pois den-
tro de todas as raças há exemplares mais fortes
psicologicamente e outros mais instáveis.
Cada cão é um mundo diferente, com uma
personalidade própria marcada por fato-
res tão diversos como a impregnação
que recebeu em cachorro ou a so-
ciabilização posterior. O treinador
precisa de ter sensibilidade para
captar as reações do cão em
cada momento e responder
a estas com estímulos
adequados; trata-se de
uma interação mútua.
Esta sensibilidade só
se obtém quando nos
interessamos verdadei-
ramente no cão, anali-
sando o seu comporta-
mento, comparando-o
com outros cães e, no
final, trabalhando com
vocação e afeto pelo
animal.n
Muitos cães são vítimas do seu dono,
que lhes cria inconscientemente um
estado de stress e de ansiedade pela
educação.
38 Cães&Companhia
O “tato”:
Sistema somatossensorial
Desde pequenos que nos ensinam que temos cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladare tato. O tato,
dizem-nos, é o que nos permite aperceberdo mundo através do toque. Mas será este sentido assim tão
simples como nos indicaram?
Sentidos
Carla Cruz
Bióloga, Mestre em Produção Animal
e Doutoranda em Ciência Animal
(www.aradik.net)
Fotos: Shutterstock
O mundo sensorial dos cães V
39Cães&Companhia
D
e uma forma geral e clássica, o tato
corresponde ao sentido que recebe e in-
terpreta estímulos mecânicos (de forma
passiva por contacto e pressão, e de forma ativa
por palpação).
Emnós,humanos,otatoéumsentidodeimportân-
cia fundamental.Os nossos longos dedos têm uma
elevada sensibilidade sensorial, e o polegar oponí-
vel permite a manipulação fácil de objetos.À parte
da visão,muita da nossa perceção do mundo passa
por tocarmos e pegarmos nas coisas, sentirmos a
sua forma,a sua dureza,a sua textura.
Em contrapartida, é fácil perceber que nos cães
o tato, como o entendemos popularmente, não
terá uma importância tão relevante como acon-
tece connosco.Afinal, os seus dedos são curtos e
encurvados, e servem para andar e não para ma-
nipular. Adicionalmente, a sua superfície ventral
está recoberta por espessas almofadas que ab-
sorvem os impactos do movimento, dificilmente
permitem uma sensação fina.
Sistema somatossensorial
Mas, na realidade, a receção de estímulos é mui-
to mais que o sentir aquilo em que se toca, daí
este sentido ser mais corretamente chamado de
sistema somatossensorial, algo que o caracteri-
za bem melhor que a simples denominação de
tato – é o sistema encarregado de experienciar
as sensações no e do corpo (soma), através de
diferentes tipos de recetores, nomeadamente:
• Mecanorrecetores: sensíveis a alterações
físicas, torções, alongamentos e pressão;
•Nociceptores:responsáveispelaperceçãodedor;
• Propriocetores: sensíveis ao movimento e
posição do corpo;
• Termorrecetores: respondem à temperatura
(calor e frio);
•Quimiorrecetores:sensíveisaestímulosquímicos.
Estes recetores estão distribuídos pelo corpo,
a maioria na pele, mas também nos músculos
e nas vísceras. Vejamos em mais detalhe como
atuam estes recetores.
Mecanorrecetores
Estes recetores são os que existem em maior nú-
mero na pele. A pele é o maior órgão do corpo,
envolvendo-o completamente e protegendo-o
das agressões exteriores, pelo que, naturalmen-
te, faz sentido que contenha diferentes tipos de
recetores que permitam ao organismo interagir
com o meio envolvente.
Por exemplo, na base de cada folículo de pelo
(o local onde o pelo nasce e emerge para fora
da pele) existem recetores específicos que são
ativados quando há movimentos externos que
levam a que o tecido à sua volta estique ou se
dobre. Quando o seu cão está a correr atrás de
uma bola, escorrega e cai no chão, são os meca-
norrecetores que indicam ao cão que ocorreu um
embate. São também estes recetores que indi-
cam ao seu companheiro, deitado no sofá ao seu
lado, que está a receber festas suas.
As vibrissas do cão
Nos cães têm interesse particular os mecanorre-
cetores nas vibrissas, ou “bigodes”, que têm no
focinho, aqueles pelos especiais isolados, mais
compridos e rijos, que nós não possuímos. Gra-
Os mecanorrecetores são os principais responsáveis
pelo “tato” como o consideramos popularmente
ças a eles, as vibrissas fornecem informação so-
bre objetos próximos,coordenam os movimentos
do focinho e podem servir como uma espécie de
proteção ocular, evitando colisões acidentais.
Além da sensibilidade a esta estimulação mecâ-
nica direta, são também sensíveis às vibrações e
movimentos subtis das correntes de ar.Talvez por
isto a maioria dos cães não gosta que se sopre
na sua face (apesar de curiosamente a maioria
adorar viajar com a cabeça fora do carro, rece-
bendo plenamente o impacto do vento na cara).
Por esta razão, a prática relativamente comum
de cortar as vibrissas aos cães, para que fiquem
mais “bonitos” ou “elegantes”, priva-os de uma
função sensorial importante.
Mecanorrecetores na pele
Existem ainda outros tipos de mecanorrecetores
na pele.À superfície existem por exemplo os dis-
cos de Merkel (nada a ver com a política alemã),
Os nociceptores estão
localizados na maior parte
da pele e enervam a maioria
dos órgãos, estes são
responsáveis pela perceção
de estímulos, químicos ou
térmicos, que podem causar
danos ao corpo.
O contacto social, como festas,
ajuda a acalmar os cães em situações
de stress, diminui o ritmo cardíaco
e a pressão sanguínea.
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  • 1. Revista Mensal – Nº 214 – março 2015 – 3€ (Cont.) Um orelhudo de olhar cativante É Um bom candidato? adoção nem tUdo o qUe dizem está correto grooming mini Lop coelhos tartarUga de dorso articULado exóticos porqUe deixoU de ser Limpo? gatos tratamento de animais obesos nutrição exposições 8ª Canina naCional de FaFe | Gatos no Pet Festival desparasitar também é preciso no inverno? passeios na rua dicas para andar à trela treino ensine-o a estar sozinho em casa Cocker spaniel inglês toxoplasmose zoonose feLina experimente Uma massagem stress o meU cão deixoUdecomer convivência 5607727082248 00214
  • 2.
  • 3. 3Cães&Companhia Toxoplasmose A toxoplasmose é uma doença provoca- da pelo parasita Toxoplasma gondii. O ciclo de vida deste parasita é com- plexo e envolve dois tipos de hospedeiros: um hospedeiro definitivo (o gato) e um hospedeiro intermédio (outros animais, incluindo o Homem). Vamos aqui expor o ciclo de vida de forma sim- plificada de modo a destacar as principais vias de contaminação. A toxoplasmose e o gato A infeção com Toxoplasma gondii é mais comum em gatos com acesso ao exterior e que são ca- çadores ativos, e em gatos que são alimentados com carne mal cozinhada ou crua. Em geral, de- pendendo do seu estilo de vida,entre 20-60% dos gatos serão infetados com o parasita, mas muito poucos irão demonstrar sinais clínicos. O gato é o hospedeiro definitivo,porque é apenas nele que o parasita consegue produzir oocistos (ovos), que são depois excretados nas fezes e po- dem infetar outros animais, incluindo o Homem. Quando um gato ingere uma presa ou carne con- taminada o parasita é libertado no tracto diges- tivo, multiplica-se na parede intestinal e produz oocistos. Estes oocistos são depois excretados, durante um período curto de tempo (geralmente menos de 14 dias), nas fezes. Os oocistos excretados nas fezes do gato não são imediatamente infeciosos para outros ani- mais, precisam primeiro de sofrer um processo designado de esporulação que demora entre 1 a 5 dias. Uma vez esporulados, os oocistos são infetantes para gatos, pessoas e outros hospe- deiros intermediários. É raro um gato voltar a excretar oocistos nas fe- zes após a primeira infeção e,quando isto ocorre, é geralmente em quantidade muito menor. Sinais no gato Se o gato não desencadear uma resposta imuni- tária eficaz, pode desenvolver sinais de doença, que podem incluir febre, perda de apetite, perda de peso, letargia, pneumonia, problemas oftal- mológicos, hepatite, sinais neurológicos, entre outros. A infeção numa gata gestante produz sinais severos de doença, como morte fetal, aborto, nados-mortos e morte de gatinhos jovens. A toxoplasmose e o Homem Estima-se que mundialmente mais de 500 mi- lhões de pessoas estejam infetadas, porém a maioria não apresenta sintomas. Pessoas que te- nham sido infetadas com este parasita desenvol- vem anticorpos contra o organismo que podem ser detetados em análises de sangue. Na maioria dos casos as pessoas são infetadas por uma de duas vias: ingestão de oocistos do ambiente (por contacto com solo contaminado com oocistos já esporulados, ou por ingestão de frutas ou vegetais contamina- dos); ou ingestão de carne mal cozinhada que esteja contaminada com quistos. Outras vias menos comuns são: ingestão de oocistos esporulados em água contaminada; ingestão de leite não pasteurizado; inalação de oocistos esporulados em partículas de pó (extre- mamente raro). Cães&Companhia Cães&Companhia Cocker Spaniel Inglês RAFPRIDE SHARYSVIANSET N ormalmente, as pessoas apaixonam-se pela sua aparência e é isso que leva à sua escolha. Mas o Cocker Spaniel Inglês é um eterno amigo e fiel companheiro, sempre pronto para a brincadeira, incansável seguidor do seu dono, por quem faz tudo para o ver feliz. As origens da raça A família dos Spaniels reúne um dos maiores grupos de cães e um dos mais especializados. Sendo difícil estabelecer com precisão a altu- ra em que os Spaniels fazem a sua entrada no mundo das raças de cães, podemos porém afir- mar que este grupo canino é um dos tipos mais antigos. Representações de Spaniels aparecem já em pinturas pertencentes à Antiguidade Clássica, como é o caso da representação de um destes exemplares numa pintura de Filipe II da Macedónia, pai de Alexandre, o Grande. Embora sabendo que os Spaniels cedo foram difundidos por toda a Europa, só voltamos a ter registo mais preciso deste tipo de cães no rei- nado de Henrique VIII. São desta época registos que referem que o Duque de Northumberland, John Dudley, foi um dos primeiros a treinar Spaniels para a caça e que no castelo do Rei Henrique VIII havia um empregado que era o guardião dos Spaniels com o nome de “Robin the King’s Spaniel Keeper” (Robin, o Guardião dos Spaniels do Rei). Os vários Spaniels Com o decorrer dos anos, os Spaniels foram di- versificando o seu tamanho e as suas aptidões para a caça. Durante o séc. XVI, esta família era constituída por cães de água e de terra, tendo desenvolvido cada uma delas particularidades que as definem. Em 1885, foi criado na Grã-Bretanha o Spaniel Club, que começou a trabalhar afincadamente na elaboração dos diferentes estalões que iriam caracterizar os distintos tipos de Spaniel. O Clumber, o Sussex, o Welsh Springer, o English Springer, o Field, o Water Spaniel Irlandês e o Cocker começaram a ser registados por volta do séc. XIX como raças distintas. O nome “Cocker” A designação de Cocker Spaniel Inglês passa então a corresponder aos exemplares mais pequenos dos Spaniels. O termo “Cocker” ter- -lhe-á sido atribuído devido à particular noto- riedade e rapidez com que descobria e obrigava as galinholas (woodcocks, em inglês) a levantar voo, o que facilitava a sua caça. O seu pequeno tamanho fazia com que o Co- cker entrasse em lugares que outros Spaniels maiores não conseguiam e não o deixavam emaranhar-se tão facilmente nos arbustos bai- xos e cheios de espinhos, que era a habitação das galinholas. Assim, tradicionalmente, o Cocker Spaniel foi criado demonstrando aptidões naturais para a caça, comportando-se muito bem no seu exer- cício. Definiu-se como um cão hábil em localizar e cobrar aves, dotado de um ótimo faro, agili- dade, resistência na movimentação, rapidez em aprender, disposição para o trabalho e muita vi- talidade, sendo até hoje um excelente caçador. No entanto, com o decorrer do tempo, foi sendo cada vez mais utilizado como cão de compa- nhia, quem sabe, devido ao ar angelical que sempre apresenta. Fixação da raça A origem da denominação “Spaniels” ainda hoje não reúne o consenso de todos os investi- gadores, estando a origem desta palavra ainda por definir com exatidão. Alguns acreditam que a origem da designação “Spaniel” acontece por estes cães terem supos- tamente sido levados de Espanha para Ingla- terra pelos romanos, já que a palavra Spaniel é de origem espanhola e significa, precisamente, “espanhóis”. No entanto, outros acreditam que é mais provável que a palavra “Spaniel” derive da palavra céltica “spain”, que significa “coelho”, dando assim mais força à primeira e original função para a qual os Spaniels foram desenvolvidos. Independentemente da origem da palavra, po- demos afirmar com certeza que, do século XVII em diante, foi aceite amplamente a palavra Spaniel, para designar um conjunto de cães, especialmente em Inglaterra, onde a denomi- nação “Cocker” foi usada pela primeira vez em 1859, numa Exposição em Birmingham. Outro marco importante na história desta raça “Quero adotarum cão” Notícias Vila da“Cães & Companhia”no Pet Festival Lançamento da DOGTV A Encantadora de Gatos Sozinho em casa O meu cão deixou de comer Raça: CockerSpaniel Inglês Bem comportado com as visitas “Dono, tenho medo!” O mundo sensorial dos cãesV: O“tato” Massagens para combatero stress Grooming na“Era da Informação” Tratamento de animais obesos 04 08 10 12 14 16 20 22 30 34 38 42 44 48 Nesta edição Conquista com o seu olhar inteligente, meigo e curioso. Como afeta a vida do gato e do dono. Revista Mensal - Nº 214 - março 2015 Começa a primavera No mês de março os dias começam a ficar maiores e mais quentes. Porisso, após alguns meses mais“parados”pelo frio, surge a vontade de saire passearcom o nosso companheiro. E ele agradece. Nada melhor que conhecer novos locais e amiguinhos de 4 patas. Um passeio pelo campo, por exemplo, permite que o nosso cão descubra inúmeros cheiros e experiencie novas sensações.Também para os donos é um bom momento, pois permite esquecermo-nos do stress e monotonia da nossa rotina semanal. Nesta edição falamos do Cocker Spaniel Inglês, uma raça que conquista pela sua aparência, de pelo comprido,longas orelhas e olhar doce.Um cão de companhia que tem como meta um único objetivo:Agradar aos seus donos! Nos gatos, abordamos uma das zoonoses mais conhecidas, a Toxoplasmose; e explicamos como começar a passear o seu gato à trela, uma experiência de pode ser muito enriquecedora para ambos. Até ao próximo mês! Marta Manta Devo fazer desparasitação no inverno? D e facto, este conceito está completamente errado, principalmente com as alterações climatéricas que se têm verificado nos últimos anos. Cada vez mais, existem infestações de pulgas em animais de interior (ga- tos e cães) nos meses de inverno e, nos últimos anos, surgem pul- gas em animais que nunca tinham tido uma única pulga ao longo da vida. Torna-se, portanto, cada vez mais importante sensibilizar os donos para uma adequada prevenção das parasitoses externas durante todo o ano, mesmo em animais de interior que não vêm à rua. Estes parasitas podem transmitir doenças ao cão ou gato quando são picados para sugar sangue, mas também aos donos. A febre da carraça no Humano é uma pa- tologia de difícil diagnóstico e no último ano, em Portugal, ocorre- ram algumas mortes em humanos devido a estas parasitoses. Carraças e pulgas As carraças são ectoparasitas (parasitas que se instalam fora do corpo do hospedeiro) que in- festam diversas espécies animais (cavalos, bovinos, roedores, cães, gatos), incluindo o Homem. As carraças picam o hospedeiro e ingerem sangue para se alimenta- rem, pelo que, em caso de grandes infestações, pode ocorrer uma per- da de sangue significativa. Quan- do a saliva da carraça é espalhada, esta pode veicular vírus, bactérias ou protozoários (micro-organis- mos unicelulares), caso a carraça esteja infetada. A pulga é um inseto sem asas, de corpo castanho, achatado e com longas pernas que lhe permitem saltar até 75 vezes a sua altura. Dentro dos géneros conhecidos, o Ctenocephalides felis é aquele que afeta 97% dos gatos e 92% dos cães domésticos. Vamos falar sobre as doenças transmitidas pelas carraças e pelas pulgas ao seu animal. Babesiose canina A babesiose canina é causada por um protozoário denominado Babe- sia canis, que atua infiltrando-se e destruindo os glóbulos vermelhos, resultando numa anemia grave. Este hemoparasita (parasita que vive na corrente sanguínea dos animais) pode ser transmitido por diversas espécies de carraças. Os sinais clínicos que os cães apre- sentam variam desde perda de apetite, depressão, febre, anemia (mucosas pálidas), icterícia (muco- sas amarelas), diarreia e hemoglo- binúria (urina de cor escura). Erliquiose Canina A erliquiose canina é causada por uma rickettsia (bactéria intracito- plasmática) pertencente ao género Ehrlichia, que parasita os glóbulos brancos e as plaquetas do sangue, levando à sua destruição. Este hemoparasita é transmitido por carraças da espécie Rhipicephalus sanguineus. A doença passa por três fases clí- nicas: fase aguda os animais apresentam-se geralmente febris, com perda de peso, anorexia, as- tenia (fraqueza muscular), e, com menos frequência, verificam-se secreções nasais, depressão, peté- quias, sangramento nasal, edema dos membros, vómitos, uveíte e insuficiência hépato-renal; A fase subclínica é, geral- mente, assintomática, podendo aparecer algumas complicações como depressão, hemorragias, edema dos membros, perda de apetite e palidez das mucosas; fase crónica, cães com imunidade insuficiente podem desenvolver sangramentos espon- Mantenha o seu animal protegido o ano inteiro. 52 Sozinho em casa I nfelizmente, hoje em dia, os nossos cães acabam por passar grandes períodos de tempo sozinhos devido às nossas rotinas e vidas familiares e, muitas vezes, desenvol- vem problemas de comportamento como: destruição, ladrar excessivo ou ansiedade por separação. É por isto, imprescindível, ensinar o nosso cão a como estar sozinho. 1. Exercício físico O exercício físico é uma necessidade básica que deve ser assegurada em qualquer cão. base bem sólida para uma boa qualidade de vida e bem-estar. Entendemos que estimular mentalmente o nosso cão, se traduz no colmatar das neces- sidades mentais (jogos que façam o cão pen- sar) e comportamentos naturais do cão (tais como, escavar, roer, procurar comida, usar o olfato e a visão). Para satisfazermos esta necessidade do nos- so cão podemos fazer jogos como esconder comida pela casa (ou na divisão onde o cão fica), dar-lhe ossos para roer, alimentá-lo Lembre-se que se o cão estiver cansado, mui- to provavelmente terá vontade de dormir as- sim que tiver sozinho e sossegado. Antes de sair de casa, dê um passeio que ele possa apreciar, deixe-o cheirar e permita que corra sem trela num local seguro e adequado ou então com uma trela de 20 metros. Apro- veite as atividades que ele gosta de fazer, como por exemplo, brincar com uma bola ou jogar tug of war, para o cansar e dar-lhe o exercício físico que é essencial. 2. Estimulação mental Em conjunto com um nível apropriado de exercício físico, a estimulação mental é es- sencial para o desenvolvimento saudável de um cão, assim como na prevenção de proble- mas comportamentais. Juntos formam uma através de brinquedos dispensadores de co- mida (como bolas e Kongs) ou através do treino positivo. Na verdade, basta usar a ima- ginação. Procure fazer uma pequena sessão de treino antes de sair e enquanto este está sozinho deixe-o ocupado com umas das atividade mencionadas anteriormente. É o momento certo para ele se ocupar com uma dessas tarefas. 3. Crate training Durante as primeiras semanas de um cachor- ro ou cão adulto na sua nova casa, aposte no uso de uma crate (transportadora). Para co- meçar a introduzi-la no seu quotidiano, faça um treino gradual de habituação à mesma. O objetivo é que se torne um espaço segu- ro que significa sempre algo bom e positivo 6 dicas para ensinar o seu cão a estar sozinho em casa. 16 22 56 Devo fazerdesparasitação no inverno? Zoonoses Felinas:Toxoplasmose Passearo gato à trela O seu gato deixou de serlimpo? Coelhos Anões: Mini-Lop Tartaruga de dorso articulado Exposições e Eventos Passatempo Clube de Leitores Adota-me Montra Biblioteca Guia Comercial Em abril 52 56 60 62 66 68 72 80 82 86 88 90 92 98 Foto da capa: ©ShutterStock O meu cão deixou de comer Q uando o cão deixa de comer pode ser devido a causas físicas, como uma doença, ou psicológicas, por estar de- primido ou stressado. A dor é uma das causas pela qual um cão pode perder o interesse pela comida. Uma ferida na boca, uma cárie ou uma doença podem tirar-lhe o apetite. Os animais mais velhos podem sofrer de artro- ses e como o movimento lhes causa dor deixam de ir até ao prato da comida. Mas os problemas de estômago também podem ser a causa da perda de apetite. As mudanças, a chegada de um novo animal a casa ou o desaparecimento de um ser querido podem ser outras das razões que levam o cão a deixar de comer. Se um animal está deprimido, stressado ou nervoso, pode perder o apetite. O normal é que recupere passados uns dias, mas se a inapetência persiste, é recomendável con- sultar o médico veterinário. Investigue as causas Averiguar a causa da perda de apetite do cão é importante para atacar o problema e conseguir que volte a comer. O médico veterinário levará a cabo um check up para saber o que se passou. Mas temos de ter em conta que não deve pas- sar mais de 48 horas sem ingerir alimento, pois pode ser prejudicial para a sua saúde, se assim for, consulte um especialista. As informações que passamos ao veterinário so- bre o cão, como pessoa que convive com ele e o conhece melhor que ninguém, são fundamentais para saber o que tira o apetite ao animal. Mudanças no comportamento do cão ou da ro- tina de casa podem oferecer uma valiosa orien- tação para diagnosticar o que se passa. Após implementar um tratamento adequado contra o problema que apresenta, o apetite voltará a aparecer. Está farto da comida Além das diversas patologias físicas e psico- lógicas que podem deitar a baixo o apetite do cão, estar farto da sua comida habitual também pode ser a causa de não se interessar pelo que está no comedouro. Além disso, se lhe oferecemos petiscos e gulo- seimas fora da sua dieta habitual, é normal que depois não coma a ração. A idade também tem influência na perda de apetite do cão. Os animais mais velhos, a par- tir de 10 anos, podem ter menos vontade de comer; têm uma mobilidade mais reduzida, um metabolismo mais lento e podem padecer de dores nas articulações, por isso é normal que comam menos. Se o cão está farto do seu alimento seco habi- tual pode ficar mais entusiasmado se adicionar- mos uma colher de comida em lata e um pouco de água morna. Para saber se está realmente apático ou apenas aborrecido, pode oferecer- lhe várias opções em pratos diferentes (galinha, paté, vaca). Se o cão comer, saberá que é uma questão de aborrecimento e não de doença. Mas nunca esqueça que os cães podem ser re- almente caprichosos com a comida e muitos es- cravizam os seus donos com os seus caprichos alimentares. 3 truques para que recupere o apetite Além dos conselhos do médico veterinário, quando o seu cão perde o apetite pode usar estes truques para que volte a comer: 1. Fazer com que os alimentos sejam mais atrativos e para o conseguir podemos dar-lhe comida húmida que é mais saborosa. Se aquecermos um pouco no micro-ondas o cão ficará mais interessado em comer. 2. Dar-lhe uma dieta caseira até que o cão recupere o apetite, faz com que coma melhor. Mas este tipo de alimento deve ser supervisionado pelo veterinário. Não se podem preparar menus de qualquer forma, apenas com ingredientes concretos, quantidades apropriadas e elaborados corretamente. 3. As rações com uma grande quantidade de energia são uma boa opção para um cão sem apetite, porque embora coma pouca quantidade de alimento, tem um aporte energético suficiente. 20 Ajude o seu cão a recuperar o interesse pela comida.
  • 4. 4 Cães&Companhia Convivência Eva Biosca Marcé MédicaVeterinária Fotos: Shutterstock “Quero adotar um cão” Será que é um bom candidato? Há algum tempo que pensa em adotarum animal. Mas, como o escolher? O que deve terem conta para que se adapte ao seu estilo de vida? Como saberse tem um bom temperamento?
  • 5. 5Cães&Companhia A decisão de adotar deve ser bem pensada e não um capricho momentâneoA verdade é que muitas vezes coloca- mos estas questões face ao desejo de ter um cão, mas o mais importante é deixado para depois. Antes de pensar em como deveria ser, temos que averiguar se cum- primos as condições para que a relação com ele funcione, pelo menos da nossa parte. Não siga um impulso Há muitas pessoas que antes de adotarem um cão já sabem o que querem, por exemplo, “um cão de tamanho pequeno e que não largue pelo, se possível que não ladre muito, e tem de ser fêmea”. Mas, pelo contrário, outras pessoas gostam de seguir o primeiro impulso: “A mim não me importa como é, fico com aquele que conquis- tar o meu coração. Tenho espaço, mas pouco tempo para estar com ele, por isso levo dois e fazem companhia um ao outro”. Visto isto o melhor é seguir umas premissas básicas antes de adotar. Nunca vá atrás de um impulso de um dia, por- que foi com uma pessoa amiga ao canil ou passou por uma loja e viu um cachorrinho. Isto nunca! A decisão de adotar deve ser ponderada e não um capricho momentâneo, caso contrário à mesma velocidade que entra em casa pode sair também. Pense uma vez, duas vezes, três vezes… um animal é para toda a vida. Além disso, todos os que vivem consigo têm de estar de acordo com a decisão. Uma relação longa A decisão de adotar um cão deve ser bem pen- sada e não o capricho de um momento, já que esse animal viverá aproximadamente uns 12 anos, no caso dos cães, um pouco mais se se tratar de um gato e alguns pássaros, como os papagaios, que chegam a viver mais do que nós. Implique-se verdadeiramente porque devolver um animal é muito duro, tanto para si como para ele. Ficará de coração partido ao chegar a casa O tempo que lhe dedicamos é mais importante do que o espaço.
  • 6. 6 Cães&Companhia sem ele, por muito difícil que tenha sido a convivência entre ambos. E ficará sempre a achar que não foi capaz ou que não fez o suficiente. Tempo é melhor que espaço Tenha consciência do tempo que pode dedicar a um animal. Não é como pôr uma nota na agen- da para tirar uma horita por dia ou vários dias por semana, este precisa de conviver consigo e, além disso, irá acompanhá-lo onde for, inclusi- vamente nos fins-de-semana e no verão. Aponte num papel o estilo de vida que leva, ou seja, os seus horários e o que vai modificar quando tiver um animal. Não se esqueça de ter em conta os sítios onde vai ao fim-de-semana, pois pode não poder ir com ele. Um cão ou gato de pelo comprido precisa de ser escovado, sem pressas, com muita paciên- cia e direito a recompensa no final. Se, pelo contrário, tem todo o tempo do mundo, dedique-lhe apenas o suficiente, se não pode vir a ter problemas por excesso de atenção. Espaço em casa A um animal faz muito mais falta o tempo que lhe possa dedicar do que o espaço de que dis- põe. De nada serve ter um grande jardim se não puder sair daí, pois precisa de experimen- tar e conhecer outros espaços. Se não tem tem- po suficiente para um cão, talvez seja melhor adotar um gato. Não precisa de viver num palácio, mas se for uma casa alugada deve certificar-se primeiro de que lhe permitem ter animais. Por fim, e não menos importante, deve saber se na sua comunidade os animais de companhia são bem aceites, pois os seus vizinhos podem não estar dispostos a ter animais no prédio ou condomínio. • O veterinário, que deve ser visitado regular- mente. Pergunte o preço das vacinas, do micro- chip e das consultas, deve contar sempre com esses gastos; • O grooming, para o manter cuidado e sau- dável; • Os acessórios, como a cama, coleira, trela, brinquedos, etc.; Faça perguntas Se é a primeira vez que vai desfrutar da pre- sença de um animal de companhia em casa, procure encontrar resposta para todas as suas dúvidas, entre amigos, fóruns da Internet ou através de profissionais e especialistas. Custos associados Outra questão importante são os gastos que representa ter um animal: • A alimentação, que deve ser de qualidade. Não compre a primeira que lhe vier à mão no supermercado de uma marca desconhecida e. à primeira diarreia. dê-lhe uma ração de alta gama, adequada ao seu tamanho e idade; • O seguro, obrigatório para algumas raças ca- ninas, mas sempre aconselhável para todos os animais de companhia; • Durante as férias, tanto se levar o seu animal como não, calcule o preço do passaporte (obri- gatório para a Europa), do bilhete para ele ou de quanto custa a sua estadia num hotel para animais. Tamanho e força Um cão de tamanho grande. brincalhão e forte. deve estar numa casa sem idosos delicados. Se forem crianças a cair, porque o cão os empurrou, normalmente não será grave, mas o mesmo já não acontece com as pessoas mais frágeis. Há muitos animais nos canis à espera de um lar, mas antes de levarmos um para casa devemos saber perfeitamente que o queremos mesmo Tudo o que refletirmos antes de uma adoção ajudará a uma decisão acertada.
  • 7. Se decidiu ter um cão Se decidir ter um cão e desfrutar dessa maravilhosa relação para toda a vida tenha em atenção os seguintes pontos: • Para um cão é mais importante o tempo que lhe dedicam do que o espaço disponível. Não lhe serve de nada estar numa casa com um terreno grande para correr, se não tiver alguém para lhe lançar a bola. Não gosta de brincar sem companhia. • Um cão gosta mais de sair, cheirar sítios exteriores e ver os outros da sua espécie do que ficar no jardim de casa. Com a desculpa do jardim, muitos não saem à rua.Alguns cães chegam a habituar-se e, com o passar dos anos, são os próprios a não querer sair. No entanto, não é justo que os privemos desses passeios tão agradáveis e necessários. • Curiosamente, precisa de mais espaço um cão de tamanho médio ou pequeno, se for nervoso, do que um de tamanho grande, se for molengão. • Os cães mais velhos estão menos motivados e requerem menos atenção do dono, de qualquer forma não lhe devemos dar menos atenção. • Ter um cão em casa vai sujar sempre, portanto se gosta de ter sempre a casa impecável terá de dedicar mais tempo à sua limpeza ou ter alguém que o ajude nessa tarefa. No caso de crescer muito e não o conseguir passear, pode sempre procurar um passeador de cães (mais um gasto a ter em conta). Muitos animais para adotar Todos os fatores expostos são de grande im- portância. Infelizmente, e independentemente dos motivos, os Canis Municipais e as Asso- ciações de Proteção Animal estão repletos de animais que já tiveram um lar. Infelizmente, houve um dia em que deixaram de ser desejados, se tornaram um incómodo e passaram a ser o número da sua boxe. Em certos locais nem existe registo do historial do animal, pode eventualmente o tratador lem- brar-se de alguns pormenores da sua história. Convém recordar que quase todos os animais saem do canil esterilizados, pois com tantos animais sem dono tentam que mais nenhum se reproduza. É triste, mas é assim, muitos animais saudáveis continuam a ser sacrificados todos os anos, por falta de lar, negando-se-lhes assim o direito à vida.n Os impulsos na escolha do cão não costumam resultar bem.
  • 8. Cães&Companhia8 Notícias Novo canil para Barreiro e Moita O novo Centro Intermunicipal de Recolha de Animais Errantes ficará localizado junto ao Mercado Abastecedor do Barreiro e irá contemplar 33 boxes para cães, celas de quarentena, um gatil e um espaço administrativo. O arranque da obra está previsto para este verão, sendo o valor inicial da obra de cerca de 335 mil euros. “Encantadora de Gatos” em Lisboa Vicky Halls vai estar a 7 de março, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Um evento promovido pelo Hospital do Gato, com o apoio da revista "Cães & Companhia". CÃOaroma no Fundão Formação e passeio com Fernanda Botelho no dia 7 de março, no qual se vai fazer uma introdução às plantas aromáticas e medicinais. Saiba como tratar e prevenir alguns problemas comuns dos animais com plantas e como construir uma coleira repelente natural, entre outras coisas. Organizado por d'Alpetratínia. Mais informações: 964 939 072. Curso para treinadores Curso para treinadores com Steve Mann, Presidente do IMDT – Institute of Modern Dog Trainers, nos dias 14 e 15 de março, em Santa Maria da Feira. Para mais informações: itsallaboutdogs@hotmail.com Teatro “Sílvia” Sílvia é o nome da cadela de Gonçalo e Catarina e dá título a esta comédia em cena no Teatro Villaret, em Lisboa, até 15 de março. Conheça este estranho “triângulo amoroso” que mistura humor com ternura. www.facebook.com/villaret.teatro Seminário de Grooming Seminário Artero, com Workshop, no dia 22 de março, na Exponor, com Luis Martín del Río (stripping) e Ángel Esteban (tesoura). Para mais informações: artero.portugal@gmail.com Aranhas e Escorpiões A Exposição"O Fascinante Mundo das Aranhas e dos Escorpiões" está patente até 5 de abril no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa. www.facebook.com/MUHNAC Medicina Felina O Congresso Europeu de Medicina Felina 2015 irá realizar-se de 1 a 5 de julho no Porto. Com três temáticas: dermatologia, hematologia e controlo de fertilidade. www.icatcare.org:8080 /isfm-congress Órix-de-cimitarra,espécieextintanaNatureza, nascenoJardimZoológico Nasceu no Jardim Zoológico, em Lisboa, uma cria de Órix-de-cimitarra, espécie já extinta na Natureza desde 2000.A cria, com cerca de 15 kg, representa uma vitória importante no trabalho realizado no Jardim Zoológico pela conservação desta espécie, que passou de abundante a extinta na Natureza em apenas algumas décadas. Cada nova cria de Órix-de-cimitarra é uma esperança real para a sobrevivência da espécie, que já só pode ser encontrada ao cuidado do Homem.A sua extinção deveu-se a uma combinação letal entre a caça intensiva a partir de veículos com armas modernas, longos períodos de seca, desertificação e a redução de habitat natural devido à expansão agrícola local e ao pastoreio de gado doméstico. Como curiosidade, o Órix-de-cimitarra pode chegar até aos 200 kg e ter até 1,50 m de altura. É conhecido pelos seus longos cornos, existentes nos machos e fêmeas, curvados para trás, que podem ir até aos 1,20 m de comprimento. É uma espécie herbívora.Vive em manadas de, pelo menos, 10 indivíduos, sempre com a existência de um macho dominante. Cada gestação tem a duração de cerca de 8 meses e a fêmea tem, normalmente, uma cria.A longevidade da espécie na natureza não é conhecida mas, sob cuidados humanos, o Órix-de-cimitarra pode viver cerca de 30 anos. PousadasdePortugaleRoyalCanin comparceriaDogFriendly Teve início em fevereiro uma parceria de colaboração entre as Pousadas de Portugal e a Royal Canin que visa promover o conceito de “férias com o seu cão”. É cada vez mais evidente que os cães são considerados como membros da família e, como tal, devem poder estar presentes em todos os momentos, inclusive nas férias. As Pousadas de Portugal estão atentas às tendências do mercado e convidam os cães dos seus clientes para usufruírem da estadia em conjunto em 17 unidades espalhadas pelo país. Cães de pequeno porte (até 15 kg) e cães guia, independentemente do seu peso e tamanho, podem ficar alojados nos quartos com os seus donos e circular, quando devidamente acompanhados pelos donos, em áreas especificadas. A Royal Canin associou-se a esta iniciativa, por considerar que a mesma representa um passo importante na integração dos animais de companhia em todos os aspetos da vida dos seus donos e na criação de um mundo melhor para os animais de companhia. No âmbito desta iniciativa Dog Friendly a Royal Canin oferece a todos os hóspedes caninos um kit de boas-vindas para os ajudar a sentirem-se em casa que inclui uma embalagem de alimentação, uma cama, um comedouro, uma base de chão e ainda sacos higiénicos. Pousadas de Portugal Dog Friendly: Caniçada-Gerês, Guimarães, Amares, Vila Pouca da Beira, Serra da Estrela, Ria, Viseu, Palmela, Alvito, Vila Viçosa, Alcácer, Marvão, Arraiolos, Estoi, Tavira, Sagres e Horta.
  • 9.
  • 10. 10 Cães&Companhia Vila da “Cães & Companhia” Mostra Canina no Pet Festival 2015 Pode ver mais fotografias da Vila da “Cães & Companhia” e dos Encontros de Raça
  • 11. 11Cães&Companhia realizados durante os 3 dias no nosso Facebook: www.facebook.com/caes.e.companhia Obrigada a todos os nossos convidados e visitantes!
  • 12. Lançamento da DOGTV O seu cão vai adorar! A DOGTV está a chegar a Portugal! O lançamento oficial está para breve, mas damos-lhe já a conhecer em primeira mão este projeto dedicado aos nossos “cãopanheiros”. Entrevista Redação
  • 13. A DOGTV Portugal é um canal de televi- são exclusivo para o seu cão, para que este se sinta sempre acompanhado, mesmo quando está sozinho em casa. Para per- ceber melhor este conceito falámos com Pedro Costa, Diretor Geral da empresa que apostou em trazer a DOGTV para o nosso país. A DOGTV Portugal é um canal para o cão! Pode explicar melhor este conceito? O desenvolvimento da DOGTV levou alguns anos e muitas horas de estudo de especialistas da área comportamental. Finalmente, foi possível criar conteúdos adaptados à visão e audição do cão, e, sobretudo, que cumpram o objetivo de fazer companhia e de melhorar a sua qualidade de vida durante as horas em que ficam sozinhos em casa. Uma grande percentagem dos lares portugueses tem animais de companhia, sendo estes maioritariamente cães. Em que países já existe DOGTV e como tem sido a sua aceitação? A DOGTV foi lançada nos Estados Unidos, no Japão, na Coreia e, recentemente, na Alemanha. Portugal será o segundo país europeu a receber este projeto.Ao todo, o canal chega a mais de 30 milhões de lares no mundo inteiro. É um verda- deiro fenómeno. A DOGTV tem três tipos de programação: conteúdos relaxantes e estimulantes, assim como de reforço positivo a diferentes estímulos. O que os diferencia? Acima de tudo o canal não é feito para hipnoti- zar os cães à frente da televisão.A programação é desenhada para acompanhar o ciclo diário. Como nós, também os cães têm necessidade de fazer coisas diferentes ao longo do dia. Umas ve- zes mais calmas, outras mais mexidas. Um problema comportamental frequente é o stress e a ansiedade por separação. A DOGTV pode ajudar nestes casos? Sim. A DOGTV é aconselhada por vários espe- cialistas para reduzir os problemas de ansiedade dos cães através da presença constante que terá ao longo do dia com conteúdos adaptados à sua natureza e aos seus sentidos. Os sentidos caninos são distintos dos nossos. A emissão da DOGTV Portugal é adaptada às suas características? Esse é o maior “segredo” da DOGTV.As imagens e os sons foram alterados para se adaptarem aos A DOGTVPortugal é um canal de televisão exclusivo para cães com o objetivo de fazercompanhia e melhorar a sua qualidade de vida quando estão sozinhos em casa cães. Provavelmente os donos vão achar a emis- sãoestranha,umasvezescomcoresmaispálidas, outras vezes muito azuladas.Não se preocupem! O canal é para os cães, eles vão adorar. A DOGTV Portugal prevê ter algum conteúdo para os donos? Durante a emissão, especialmente à noite e ao fim de semana, a DOGTV terá conteúdos espe- ciais para os donos dos cães, produzidos em Por- tugal, mostrando a nossa realidade e ajudando a conhecer melhor este universo fantástico que é conviver e tratar os nossos amigos caninos. Para que os donos percebam melhor o conceito, é possível ver online alguns dos programas disponíveis? Podem espreitar o Facebook da DOGTV Portugal ou o canal YouTube da DOGTV. Há vários vídeos que explicam e exemplificam todo o projeto. www.facebook.com/dogtvportugal Este é um canal premium. Qual o seu valor? A subscrição é de 4,99€ por mês e não obriga a fidelização. n
  • 14. 14 Cães&Companhia A Encantadora de Gatos Vicky Halls pela primeira vez em Portugal No dia 7 de março vai estar em Portugal, pela primeira vez,Vicky Halls, conhecida como a “Encantadora de Gatos”, num evento promovido pelo Hospital do Gato, com o apoio da revista “Cães & Companhia”. F alámos com a Dra. Maria João Dinis da Fonseca, Diretora Clínica do Hospi- tal do Gato e grande impulsionadora deste evento inédito no nosso país. Podemos dizer que na base deste evento está o conceito subjacente ao Hospital do Gato. Pode fazer uma breve apresentação deste espaço? O Hospital do Gato é um hospital veteriná- rio inteiramente dedicado à espécie felina. É o primeiro Hospital Veterinário em Portugal com estas características. Com 20 anos de experiência sempre em ambiente hospitalar, senti necessidade de conseguir prestar cui- dados mais diferenciados aos gatos, sobretu- do quando é preciso que fiquem internados, onde a qualidade do serviço é decisiva para a sua recuperação. Oferecer cuidados de excelência em medi- cina felina é o nosso objetivo e isso só se consegue com instalações e meios físicos que o permitam, e com uma equipa que se identifique com o conceito Cat-friendly. Mas para que este projeto inovador seja valoriza- do também os donos precisam de formação, esta é também uma das nossas missões. Quanto mais informados sobre gatos e so- bre as suas particularidades forem os donos, mais facilmente vão conseguir compreender os seus gatos e mais vão apreciar este proje- to e a sua equipa. A nossa assinatura é “Vi- vemos o Gato”, porque na realidade é o que fazemos diariamente no Hospital do Gato. Como surgiu a ideia de fazer um evento só sobre gatos? E a oportunidade de convidar a “Encantadora da Gatos”? Todas as consultas no Hospital do Gato, mas sobretudo as de primeira vez, têm uma com- ponente formativa. Os donos valorizam este conceito e apreciam a diferença. No entanto, em ambiente de “consulta” é difícil os donos reterem tanta informação. Assim, paralelamente a todo o material di- Entrevista Redação Num questionário realizado pelo Hospital do Gato a proprietários, verificámos que mais de 80% desconhece as necessidades básicas do seu gato dático que fornecemos nas consultas, que- remos organizar ações deste tipo, de modo a promover a formação, mas de uma forma mais lúdica. Este é o primeiro evento que or- ganizamos, conta com o apoio da Purina, mas queremos que tenha continuidade. O nome da Vicky Halls surge por ser uma oradora que alia um elevado conhecimento técnico a uma linguagem acessível. O fato da palestra ser em inglês foi contornado com a utilização de tradução simultânea. Pode dar-nos a conhecer um pouco mais a oradora Vichy Halls?´ A Vicky Halls tem como formação de base enfermagem veterinária. Em 1980, quando Dra. Maria João Dinis da Fonseca, Diretora Clínica do Hospital do Gato.
  • 15. O evento é direcionado a todos os amantes de gatos e pretendemos que decorra numa linguagem acessível e pouco técnica começou a trabalhar num gatil, apercebeu-se das dificuldades que existiam aquando das adoções, pois a informação sobre comporta- mento felino era escassa. Começou assim o seu percurso, estimulado pela necessidade de conhecimento para conseguir fazer melhor pelos gatos. O facto de ter mais de 30 anos de experiência, sempre a lidar diretamente com os donos, faz com que conheça como poucos todos os me- andros e dificuldades que surgem, por vezes, na convivência com os gatos. Foi bastante pioneira, mas manteve-se sempre atualizada, e é atualmente consultora na área de com- portamento da prestigiada ISFM (Sociedade Internacional de Medicina Felina). Esta iniciativa é mais direcionada para os donos ou para profissionais (médicos, enfermeiros, auxiliares, groomers, entre outros)? O evento é direcionado a todos os amantes de gatos e pretendemos que decorra numa Breve Biografia de Vicky Halls Vicky Halls é uma aclamada comportamentalista felina. Com mais de 17 anos de experiência em tratamento de problemas de comportamento em gatos, é autora de vários best-sellers internacionais, entre eles dois traduzidos para português: “Segredos de Gato: O Livro que o Seu Gato Gostaria que Lesse” e “Detetive de Gatos: À Descoberta dos Mistérios do Comportamento do seu Gato”. Integra o departamento de Comportamento e Bem- -Estar Animal da ISFM - International Society of Feline Medicine. É colaboradora regular de várias revistas sobre gatos,“The Cat” e “ Your Cat”, bem como de programas de rádio e televisão. Em 2008,Vicky foi eleita a “Nation’s Favourite Cat Author” pelos leitores da Revista “Your Cat”. linguagem acessível e pouco técnica. No entanto, certamente que os profissionais de saúde também têm a aprender com o evento, quanto mais não seja, qual a melhor maneira de transmitir informação aos donos. Existem muitas oportunidades para médicos veterinários, enfermeiros e outros técnicos aumentarem o seu conhecimento, mas for- mações focadas nos donos são raras. A maio- ria das inscrições tem sido para proprietários, mas também temos várias inscrições de mé- dicos veterinários. Foram 5 os temas escolhidos para este primeiro evento. Considera que estes estão entre as dúvidas e problemas mais frequentes entre os donos? Sem dúvida que sim. São temas que consti- tuem dúvidas diárias dos donos e que inter- ferem com a relação que têm com o gato. Os temas foram propostos por nós, e a opinião da Vicky Halls foi em concordância com a nossa, o que nos leva a concluir que no Reino Unido, onde o gato é o animal de estimação mais frequente, os problemas são semelhan- tes. Na sua opinião, acha que a maioria dos donos compreende o seu gato? Tenho a certeza que não. Num questionário realizado pelo Hospital do Gato a proprietá- rios de gatos, verificámos que mais de 80% desconhece as necessidades básicas do seu gato. Estes dados não me surpreenderam. No Hospital do Gato estamos todos motiva- dos para contrariar este resultado. Queremos gatos mais saudáveis e mais felizes, que são dois conceitos indissociáveis. São muitas as doenças nos gatos que têm como base um distúrbio do bem-estar felino e muitos os problemas comportamentais que se tradu- zem em problemas somáticos. O que diria a um dono de gato para o convidar a ir a este evento? Trata-se de uma oportunidade única para ficar a conhecer melhor o seu gato. Quanto melhor o compreender mais vai gostar dele (mais ainda!) e mais feliz vai ser a relação dono-gato. Descortinar os enigmas do com- portamento felino e ajudar a resolver os pro- blemas mais frequentes vão ser objetivos al- cançados. E qual é o dono que não se intriga com algumas reações do seu gato? n Para mais informações e inscrições: • Tel. 213 017 360 • geral@hospitaldogato.com • www.hospitaldogato.com
  • 16. 16 Cães&Companhia Sozinho em casa Como ensinaro seu cão ©ShutterStock Os cães são animais altamente sociais e, como tal, requerem muita companhia e tempo da nossa parte. Neste artigo damos-lhe 6 dicas para ensinar o seu cão a estar sozinho em casa. Treino Alexandra Monteiro Treinadora da It's All About Dogs Fotos: IAAD
  • 17. I nfelizmente, hoje em dia, os nossos cães acabam por passar grandes períodos de tempo sozinhos devido às nossas rotinas e vidas familiares, e, muitas vezes, desen- volvem problemas de comportamento como: destruição, ladrar excessivo ou ansiedade por separação. É por isso, imprescindível ensinar o nosso cão a como estar sozinho. 1. Exercício físico O exercício físico é uma necessidade básica que deve ser assegurada em qualquer cão. vida e bem-estar. Entendemos que estimular mentalmente o nosso cão se traduz no col- matar das necessidades mentais (jogos que façam o cão pensar) e dos comportamentos naturais do cão (tais como, escavar, roer, pro- curar comida, usar o olfato e a visão). Para satisfazermos esta necessidade do nosso cão podemos fazer jogos como esconder comi- da pela casa (ou na divisão onde o cão fica), dar-lhe ossos para roer, alimentá-lo através de brinquedos dispensadores de comida (como bolas e Kongs) ou através do treino positivo. Os cães devem sair de casa pelo menos 2x por dia, para poderem cheirar o ambiente ao seu redor, mantendo-se em forma e mentalmente estáveis Lembre-se que se o cão estiver cansado, mui- to provavelmente terá vontade de dormir as- sim que estiver sozinho e sossegado. Antes de sair de casa, dê um passeio que ele possa apreciar, deixe-o cheirar e permita que corra sem trela num local seguro e adequado ou então com uma trela de 20 metros. Apro- veite as atividades que ele gosta de fazer, como por exemplo, brincar com uma bola ou jogar tug of war, para o cansar e dar-lhe o exercício físico que é essencial. 2. Estimulação mental Em conjunto com um nível apropriado de exercício físico, a estimulação mental é es- sencial para o desenvolvimento saudável de um cão, assim como na prevenção de proble- mas comportamentais. Juntos formam uma base bem sólida para uma boa qualidade de Na verdade, basta usar a imaginação. Procure fazer uma pequena sessão de treino antes de sair e enquanto este está sozinho dei- xe-o ocupado com umas das atividade men- cionadas anteriormente. É o momento certo para ele se ocupar com uma dessas tarefas. 3. Crate training Durante as primeiras semanas de um cachorro ou cão adulto na sua nova casa, aposte no uso de uma crate (transportadora). Para começar a introduzi-la no seu quotidiano, faça um treino gradual de habituação à mesma. O objetivo é que se torne um espaço seguro que significa sempre algo bom e positivo para o cão, e nun- ca deve significar castigo ou um espaço que o cão quer evitar. Para conseguirmos que o cão estabeleça este tipo de relação com a crate, vamos introduzi-la aos poucos na vida do cão, A Alice, com 8 semanas, já aprendeu a gostar de dormir sozinha dentro da crate.
  • 18. 18 Cães&Companhia ou seja, é dentro da crate que o cão terá acesso às coisas boas, como as suas refeições, um osso ou um Kong. No início do treino a porta nunca deve estar fe- chada e o cão nunca pode ficar “preso” na cra- te. À medida que evolui no processo de treino, pode gradualmente ir fechando a porta, perma- necendo fechada durante cada vez mais tempo. Esta ferramenta vai permitir que o seu cão se habitue a estar sozinho e sossegado num sítio seguro, onde apenas pode interagir com os ob- jetos apropriados para ele, como um Kong ou um osso, evitando que procure a perna da mesa para roer, por exemplo. 4. Quando o deixar sozinho Quando trazemos um cachorro para casa ou adotamos um cão já adulto, o mais certo é que- rermos passar o máximo de tempo possível com ele, raramente o deixamos sozinho pois quere- mos que se sinta seguro na sua nova casa – o que é perfeitamente normal. No entanto, é muito importante que o cão aprenda a estar sozinho, noutra divisão, mesmo quando estamos em casa. Quando estiver perto do seu cão, crie vários momentos diferentes um para treinar, outro para brincar, momentos para festinhas e momentos para o cão estar sosse- gado sem receber atenção mesmo quando está Evite criar fossos sociais na vida do seu companheiro e torne os momentos de solidão em momento de lazer, como roer um Kong ou dormir presente. Enquanto está em casa, por vezes, coloque-o em outra divisão enquanto dorme ou roi um osso. 5. Como o deixar sozinho O confinamento ou acesso restrito aos vários locais da casa é muito importante nos primeiros tempos do cachorro, ou cão, em casa. Crie um sítio à prova de cão, onde este ficará confortá- vel e seguro durantes as suas saídas. Lembre-se que, na sua ausência, o cão terá muito “tempo livre” e vai procurar entreter-se com qualquer coisa que encontrar. O “espaço” que tem livre também dita o que pode fazer. Portanto, mantenha-o num local relativamente pequeno, com acesso a água fresca, comida e brinquedos adequados (como explicado na estimulação mental), e com a sua casa-de-banho interna (caso seja um cachorro pequeno ainda não acostumado a aguentar tantas horas). Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, os cães não precisam de muito espaço livre quan- do estão sozinhos. Na verdade, podem ficar num espaço relativamente pequeno, onde se possam ocupar com algumas coisas e descansar. Promover a estimulação mental do cachorro quando está sozinho é uma ótima forma de incutir bons hábitos e evitar que este associe a solidão a algo de mau.
  • 19. Prepare o local onde o cão fica durante o dia, com uma cama quente, brinquedos recheados de comida, água e uma casa de banho temporária Quando o cachorro está cansado, física e mentalmente, e quer descansar, pode ser deixado num local do seu agrado, como a apanhar sol no pátio, pois, mesmo quando estamos em casa, convém que aprenda gradualmente a ficar sozinho. Quando o cachorro está a dormir deixe-o sozinho, para que aprenda que estar sozinho é bom. Aproveite esses momentos para o deixar sossegado. A estimulação mental é muito importante, dê ao cachorro um ossinho e deixe que este permaneça sozinho enquanto o rói. Quando os tutores chegam a casa,aí sim,podem ter acesso à casa toda, sob a sua supervisão, evi- tando assim que desenvolvam comportamentos destrutivos, ou outros, que não querem que ele repita. 6. Seja tranquilo Os cães são muito observadores do nosso com- portamento e rapidamente se apercebem dos nossos padrões.Torne as suas saídas e chegadas a casa mais calmas. Tente não lhe tocar de forma muito excitada e enérgica quando chega a casa, porque isso mo- tiva o cão a pular, mordiscar e apresentar todos aqueles comportamentos de exaltação associa- dos à chegada do dono a casa.n
  • 20. 20 Cães&Companhia O meu cão deixou de comer O que faço? Convivência Carolina Pinedo Fotos: Shutterstock Uma mudança, a chegada a casa de um bebé ou de outro animal, são circunstâncias que podem desencadearperda de apetite no cão porstress, medo ou nervos, assim como se este estivera convalescer de uma doença. Damos alguns conselhos para o ajudara conseguirque o seu cão recupere o interesse pela comida.
  • 21. 21Cães&Companhia Preste atenção aos hábitos alimentares do seu cão, qualquer mudança pode ser sinal de um problema na sua saúde Q uando o cão deixa de comer pode ser devido a causas físicas, como uma doença, ou psicológicas, por estar de- primido ou stressado. A dor é uma das causas pela qual um cão pode perder o interesse pela comida. Uma ferida na boca, uma cárie ou uma doença podem tirar-lhe o apetite. Os animais mais velhos podem sofrer de artro- ses e como o movimento lhes causa dor deixam de ir até ao prato da comida. Mas os problemas de estômago também podem ser a causa da perda de apetite. As mudanças, a chegada de um novo animal a casa ou o desaparecimento de um ser querido podem ser outras das razões que levam o cão a deixar de comer. Se um animal está deprimido, stressado ou nervoso, pode perder o apetite. O normal é que recupere passados uns dias, mas se a inapetência persiste, é recomendável con- sultar o médico veterinário. Investigue as causas Averiguar a causa da perda de apetite do cão é importante para atacar o problema e conseguir que volte a comer. O médico veterinário levará a cabo um check up para saber o que se passou. Mas temos de ter em conta que não deve pas- sar mais de 48 horas sem ingerir alimento, pois pode ser prejudicial para a sua saúde; se assim for, consulte um especialista. As informações que passamos ao veterinário so- bre o cão, como pessoa que convive com ele e o conhece melhor que ninguém, são fundamentais para saber o que tira o apetite ao animal. Mudanças no comportamento do cão ou da ro- tina de casa podem oferecer uma valiosa orien- tação para diagnosticar o que se passa. Após implementar um tratamento adequado contra o problema que apresenta, o apetite voltará a aparecer. Está farto da comida Além das diversas patologias físicas e psico- lógicas que podem deitar abaixo o apetite do cão, estar farto da sua comida habitual também pode ser a causa de não se interessar pelo que está no comedouro. Além disso, se lhe oferecemos petiscos e gulo- seimas fora da sua dieta habitual, é normal que depois não coma a ração. A idade também tem influência na perda de apetite do cão. Os animais mais velhos, a par- tir de 10 anos, podem ter menos vontade de comer; têm uma mobilidade mais reduzida, um metabolismo mais lento e podem padecer de dores nas articulações, por isso é normal que comam menos. Se o cão está farto do seu alimento seco habi- tual pode ficar mais entusiasmado se adicionar- mos uma colher de comida em lata e um pouco de água morna. Para saber se está realmente apático ou apenas aborrecido, pode oferecer- -lhe várias opções em pratos diferentes (galinha, paté, vaca). Se o cão comer, saberá que é uma questão de aborrecimento e não de doença. Mas nunca esqueça que os cães podem ser re- almente caprichosos com a comida e muitos es- cravizam os seus donos com os seus caprichos alimentares.n 3 truques para que recupere o apetite Além dos conselhos do médico veterinário, quando o seu cão perde o apetite pode usar estes truques para que volte a comer: 1. Fazer com que os alimentos sejam mais atrativos e, para o conseguir, podemos dar-lhe comida húmida que é mais saborosa. Se aquecermos um pouco no micro-ondas o cão ficará mais interessado em comer. 2. Dar-lhe uma dieta caseira até que o cão recupere o apetite, fará com que coma melhor. Mas este tipo de alimento deve ser supervisionado pelo veterinário. Não se podem preparar menus de qualquer forma, apenas com ingredientes concretos, quantidades apropriadas e elaborados corretamente. 3. As rações com uma grande quantidade de energia são uma boa opção para um cão sem apetite, porque embora coma pouca quantidade de alimento, tem um aporte energético suficiente. Averiguar a causa da perda de apetite do cão é importante para atacar o problema e conseguir que volte a comer. Se lhe oferecermos petiscos e guloseimas for da sua dieta habitual, é normal que depois não coma a ração.
  • 22. 22 Cães&Companhia Cocker Spaniel Inglês Um orelhudo de olharcativante RafpRide Gabriela Rafael, do afixo “Rafpride”Raça O Cocker Spaniel Inglês é conhecido como uma das raças preferidas como cão de companhia. É uma raça equilibrada e multifacetada, um cão de caça e de companhia, duas atividades que exerce com o mesmo amor e dedicação, tendo como meta um único objetivo: Agradar aos seus donos!
  • 23. 23Cães&Companhia SharySVianSet N ormalmente, as pessoas apaixonam-se pela sua aparência e é isso que leva à sua escolha. Mas o Cocker Spaniel Inglês é um eterno amigo e fiel companheiro, sempre pronto para a brincadeira, incansável seguidor do seu dono, por quem faz tudo para o ver feliz. As origens da raça A família dos Spaniels reúne um dos maiores grupos de cães e um dos mais especializados. Sendo difícil estabelecer com precisão a altu- ra em que os Spaniels fazem a sua entrada no mundo das raças de cães, podemos porém afir- mar que este grupo canino é um dos tipos mais antigos. Representações de Spaniels aparecem já em pinturas pertencentes à Antiguidade Clássica, como é o caso da representação de um destes exemplares numa pintura de Filipe II da Macedónia, pai de Alexandre, o Grande. Embora sabendo que os Spaniels cedo foram difundidos por toda a Europa, só voltamos a ter registo mais preciso deste tipo de cães no rei- nado de Henrique VIII. São desta época registos que referem que o Duque de Northumberland, John Dudley, foi um dos primeiros a treinar Spaniels para a caça e que no castelo do Rei Henrique VIII havia um empregado que era o guardião dos Spaniels com o nome de “Robin the King’s Spaniel Keeper” (Robin, o Guardião dos Spaniels do Rei). Os vários Spaniels Com o decorrer dos anos, os Spaniels foram di- versificando o seu tamanho e as suas aptidões para a caça. Durante o séc. XVI, esta família era constituída por cães de água e de terra, tendo desenvolvido cada uma delas particularidades que as definem. Em 1885, foi criado na Grã-Bretanha o Spaniel Club, que começou a trabalhar afincadamente na elaboração dos diferentes estalões que iriam caracterizar os distintos tipos de Spaniel. O Clumber, o Sussex, o Welsh Springer, o English Springer, o Field, o Water Spaniel Irlandês e o Cocker começaram a ser registados por volta do séc. XIX como raças distintas. O nome “Cocker” A designação de Cocker Spaniel Inglês passa então a corresponder aos exemplares mais pequenos dos Spaniels. O termo “Cocker” ter- -lhe-á sido atribuído devido à particular noto- riedade e rapidez com que descobria e obrigava as galinholas (woodcocks, em inglês) a levantar voo, o que facilitava a sua caça. O seu pequeno tamanho fazia com que o Co- cker entrasse em lugares que outros Spaniels maiores não conseguiam e não o deixavam emaranhar-se tão facilmente nos arbustos bai- xos e cheios de espinhos, que era a habitação das galinholas. Assim, tradicionalmente, o Cocker Spaniel foi criado demonstrando aptidões naturais para a caça, comportando-se muito bem no seu exer- cício. Definiu-se como um cão hábil em localizar e cobrar aves, dotado de um ótimo faro, agili- dade, resistência na movimentação, rapidez em aprender, disposição para o trabalho e muita vi- A raça é dotada de um temperamento meigo e afetuoso, pleno de vida talidade, sendo até hoje um excelente caçador. No entanto, com o decorrer do tempo, foi sendo cada vez mais utilizado como cão de compa- nhia, quem sabe, devido ao ar angelical que sempre apresenta. Fixação da raça A origem da denominação “Spaniels” ainda hoje não reúne o consenso de todos os investi- gadores, estando a origem desta palavra ainda por definir com exatidão. Alguns acreditam que a origem da designação “Spaniel” acontece por estes cães terem supos- tamente sido levados de Espanha para Ingla- terra pelos romanos, já que a palavra Spaniel é de origem espanhola e significa, precisamente, “espanhóis”. No entanto, outros acreditam que é mais provável que a palavra “Spaniel” derive da palavra céltica “spain”, que significa “coelho”, dando assim mais força à primeira e original função para a qual os Spaniels foram desenvolvidos. Independentemente da origem da palavra, po- demos afirmar com certeza que, do século XVII em diante, foi aceite amplamente a palavra Spaniel, para designar um conjunto de cães, especialmente em Inglaterra, onde a denomi- nação “Cocker” foi usada pela primeira vez em 1859, numa Exposição em Birmingham. Outro marco importante na história desta raça O Cocker deve ter uma aparência alegre e robusta.
  • 24. 24 Cães&Companhia Herbert Summers Loyd, proprietário do afixo “Of Ware”, com três dos seus exemplares, estando no meio “Lucky star of Ware”, duas vezes ganhador do Best in Show da Crufts (fotografia retirada da Wikipédia). aconteceu no ano de 1879, altura em que nasce “Obo”, um Cocker Spaniel Inglês negro que deu origem à linhagem de todos os Cockers moder- nos. Com a fundação do English Kennel Club em 1873, o Cocker Spaniel passou a ser conside- rado uma raça separada do Field Spaniel e do Springer Spaniel. O English Kennel Club reconheceu a raça em 1892 e o seu primeiro estalão (conjunto de característi- cas que definem uma raça) foi então publicado. O prestígio desta raça afirmou-se definitiva- mente quando venceu o prémio de “Melhor Exemplar da Exposição” (Best in Show) na Ex- posição Crufts, em Londres, por seis vezes (nos anos de 1930, 1931, 1938, 1939, 1948 e 1950) pelos exemplares do famoso Canil “Of Ware”, do Criador Herbert Summers Loyd. Atualmente, esta raça é utilizada principalmente como cão de companhia, de Exposição e de caça. A raça atual Como em muitas outras raças de cães, existem ainda hoje algumas diferenças morfológicas en- tre os exemplares usados para o trabalho e aque- les que são criados como exemplares de beleza para participarem em Exposições Caninas. No Cocker Spaniel Inglês, basicamente, o cão de trabalho será um exemplar ligeiramente mais leve, com um corpo mais curto do que um exem- plar criado para Exposição. Em termos de aparência, e como será facilmen- te compreendido, o cão de Exposição terá pelo e franjas mais compridos e bem tratados do que o seu compatriota caçador. É da utilização deste animal nas caçadas que surgiu o costume de se amputar parte da sua cauda: dizia-se que o Cocker, ao caçar, balança- va a sua cauda de um lado ao outro com tanto entusiasmo que sacudia os arbustos à sua volta e acabava por espantar a caça. Hoje, com a proi- bição das cirurgias estéticas em animais, esse costume deixou de fazer sentido. Principais aptidões da raça O Cocker Spaniel Inglês, embora tenha sido se- lecionado com a finalidade de ser utilizado no levantamento da caça na vegetação rasteira, cedo entrou nas casas dos seus proprietários, tornando-se um elemento da família e uma das raças, por excelência, escolhida para cães de companhia, função que desempenha neste momento, na maioria dos países. No entanto, em países como França e Inglaterra, os seus dotes e forte instinto de caçador conti- nuam a ser utilizados e muito apreciados. Em Portugal Tal como na grande maioria dos países eu- ropeus, em Portugal o Cocker aparece desde sempre na lista dos cães mais registados e mais procurados. No primeiro Livro de Origens Português (LOP), que data de 1956,é interessante verificar que em 2.200 exemplares registados, 400 eram da raça Cocker Spaniel Inglês, colocando a raça em primeiro lugar, muito longe do segundo classificado, o Setter com 239 exemplares.É assim evidente a enorme aceita- ção que a raça teve desde início no nosso país. Na primeira década do século XXI,a sua posição da lista das raças mais registadas foi variando, tendo ido do 5º lugar em 2000 até ao 21º lugar nos anos de 2009 e 2010. Deve ter uma natureza alegre que se reflete na cauda a abanar, num movimento típico cheio de energia Viansetsharys O pelo deve ser liso e de textura sedosa, nunca deve ser duro e ondulado
  • 25. Aparência geral Na classificação da Federação Cinológica Interna- cional (FCI), o Cocker Spaniel pertence ao Grupo 8, destinado aos cães de água, levantadores de caça e retrievers. De aparência geral, o Cocker deve ser um cão ale- gre e robusto,próprio para a caça,bem balanceado e compacto. Deve ter uma natureza alegre que se reflete na cauda a abanar, num movimento típico cheio de energia. O seu temperamento deve ser meigo e afetuoso, pleno de vida. Morfologicamente, o Cocker Spaniel Inglês deve apresentar um corpo sólido,bem musculado e bem proporcionado.A estrutura óssea deve ser robusta e firme. Os machos devem ter uma altura entre os 39 e os 42 cm, enquanto as fêmeas devem andar entre os 38 e os 39 cm. O seu peso deve manter-se entre os 13 e os 15 kg. Uma cabeça característica A cabeça deve apresentar linhas suaves, com um crânio bem desenvolvido e cinzelado, e um stop bem marcado. Os olhos devem ser cheios, de cor castanho-escuro. No entanto, quando os exem- plares apresentam pelagens de cor fígado, fígado ruão e fígado e branco, a cor dos olhos será muito mais clara, em harmonia com a cor do pelo. O seu olhar deve ser um misto de inteligência e meiguice com um estado de alerta e curiosidade permanen- te por tudo aquilo que o rodeia. As orelhas devem ser de inserção baixa e, quando esticadas para a frente, o seu comprimento deve alcançar a ponta do nariz. A mandíbula deve ser forte, com uma mordedura em tesoura, perfeita, regular e completa, isto é, os incisivos superiores sobrepassam ligeiramente os inferiores e são inse- ridos em ângulo reto com os maxilares. Os ossos da face não devem ser proeminentes. A saída do pescoço é elegante e este deve ser de comprimento médio e musculado. Vianset
  • 26. Um cão equilibrado O tronco deve ser forte e compacto, com um peito profundo e costelas bem arqueadas.A linha dorsal deve ser firme e reta, sendo ligeiramente descen- dente na parte posterior do cão. Os membros devem possuir uma boa ossatura. Os anteriores devem ser direitos e curtos,enquanto os posteriores devem ser bem angulados e muscula- dos. Mãos e pés devem mostrar dedos fechados. O Cocker deve apresentar um andamento fluente, com grande propulsão e boa cobertura de solo. De cauda a abanar De alguns anos a esta parte, os criadores deixaram de amputar parte da cauda.Esta prática prendia-se com o facto de esta não interferir no trabalho do cão quando se dedicava à caça.Nestes exemplares a cauda deveria ter mais de 10 cm (corresponden- do à terceira vértebra). Para os exemplares de cauda inteira, esta deve ser ligeiramente curva, de comprimento proporcional ao corpo não devendo ultrapassar o jarrete. A cauda deve estar inserida ligeiramente abaixo da linha do dorso. Deve ser alegre em movimento e portada horizontalmente. A sua pelagem Na sua pelagem, o Cocker ostenta um dos seus grandes atrativos,uma vez que aliado à sua conhe- cida franja, apresenta cores muito variadas, que vão desde as sólidas às particolours. Algumas pelagens apresentam marcações em cor de canela conhecidas como tan. Nas sólidas temos cores como o preto, o dourado, o fígado ou chocolate, o black and tan (preto afo- gueado) e o fígado e tan.Nestas cores sólidas,só é permitida a existência de pelo branco no peito. Nos particolours aparecem uma grande combina- ção de cores. Nos exemplares com duas cores (bi- colores), aparece sempre a cor branca juntamente com o preto, o laranja, o fígado ou o limão. Nos exemplares com três cores (tricolores) podemos encontrar as cores: preto, branco e tan; e fígado, branco e tan. Finalmente,nosexemplaresruãopodemosteracor azul, azul com tan, laranja, limão, fígado e fígado com tan. O pelo deve ser liso e de textura sedosa. Nunca deve ser duro e ondulado. Ao contrário do Na sua pelagem, o Cocker ostenta um dos seus grandes atrativos, pode apresentarcores muito variadas, que vão desde as sólidas às particolours A preparação de um exemplar de Exposição requer cuidados mais específicos, nomeadamente, no que respeita ao pelo e à tosquia. RafpRideRafpRide©MastiM.pt Vianset©aCalVes
  • 27. que muitos possam pensar,o estalão da raça refere que o pelo desta raça nunca deve ser muito abun- dante e, embora deva apresentar uma boa franja nos anteriores e corpo, o seu comprimento deve manter-se acima dos jarretes. Exemplares de Exposição A preparação de um exemplar de Exposição requer cuidados mais específicos, nomeadamente, no que respeita ao pelo e à tosquia. Num Cocker Spaniel de Exposição,e para que o seu pelo cresça e se mantenha nas melhores condições, é necessário, para além da escovagem diária, um a dois banhos semanais com produtos próprios para o pelo e cor do cão. A esta raça corresponde uma tosquia específica, que os cães de Exposição devem respeitar. Nesta tosquia é usada a máquina, uma tesoura, uma te- soura de desbaste e as mãos. A máquina é utilizada, basicamente, na parte inte- rior das orelhas e na zona do pescoço que vai des- de a parte de baixo da mandíbula até à ponta do externo.A tesoura é utilizada no acerto das patas e a tesoura de desbaste poderá ser usada na junção entre a cabeça e as orelhas e na junção do pescoço com o resto do corpo. A tosquia da cabeça e de todo o resto do corpo deverá ser realizada à mão (hand stripping). Temperamento O Cocker Spaniel Inglês é,por natureza,curioso,ca- rinhoso, dócil, leal e sensível. Muito sociável, adora estar junto das pessoas,em muito particular,da sua família humana,a qual venera com grande dedica- ção, exigindo dela alguma atenção. Não são bons cães de guarda, já que não apresen- tam grande tendência para ladrar e não costumam ser agressivos. O Cocker adora fazer amizades e não se tornará agressivo com visitas estranhas que apareçam na casa dos seus donos. Sempre bem-humorado, gos- ta de mostrar ao mundo a sua felicidade. Sempre dependente dos seus donos, atento aos mais pe- quenos gestos,este animal é tão especial,que mui- tas vezes basta um olhar para que nos entenda. Num período de desenvolvimento e da implemen- tação da raça, alguns exemplares de cores sólidas demonstraram comportamentos menos sociáveis. No entanto, neste momento e fruto do trabalho de criadores responsáveis, este problema parece estar ultrapassado. Um cão de família de excelência O Cocker Spaniel é um cão alegre e brincalhão, ca- racterísticas demonstradas pelo constante abanar da cauda. É um cão que adora o dono e todos os membros da família. Gosta da vida ao ar livre, sen- do sociável para com as outras raças. Pode viver muito bem em apartamento e em am- bientes maiores, pois adapta-se muito bem a di- ferentes locais e situações. A grande popularida- de que esta raça tem mantido ao longo dos anos pode ser explicada devido à ótima personalidade dos cachorros, que se adaptam ao tipo de vida dos seus familiares. Se os donos forem mais tran- quilos e caseiros, os cães não se importam de ficar deitados sem fazer nada; se os donos forem mais agitados e adorarem fazer exercício, estes também os acompanham alegremente. RafpRide©MastiM.pt
  • 28. 28 Cães&Companhia Esta raça tem demonstrado ser uma ótima e alegre companheira para as crianças.Gostam de brincar e sentem-se em casa no meio de uma boa confusão. Além disso,são bastante sociáveis,até mesmo com pessoas estranhas. Não aprecia ser deixado sozinho, já que necessita de bastante atenção. É um cão que gosta de ser incluído na vida familiar e que gosta de agradar ao dono, seja qual for a atividade que lhe seja “pe- dida”, pois demonstra uma energia inesgotável. Gosta de atenção e de carinho,que retribui de uma forma redobrada. Este cão precisa de estar bem inserido na família, caso contrário será infeliz e poderá mesmo desenvolver comportamentos que não são típicos da raça. Maturidade e reprodução Normalmente, nesta raça, o primeiro cio aparece entre os 9 e os 12 meses de idade, mas as fême- as atingem a sua maturidade sexual por volta dos 2 anos de idade, altura em que estão preparadas para poderem fazer a sua primeira ninhada.A raça não demonstra dificuldades em realizar uma mon- ta natural. O nascimento ocorre entre os 60 e os 63 dias de gestação, nascendo, na maior parte das vezes, en- tre 4 a 8 cachorros. Quandosepensaemrealizarumaninhada,algumas precauções devem ser tidas em conta. Certifique-se que os pais dos futuros cachorros têm temperamen- tos equilibrados.Ambos os progenitores devem ser Durante o seu primeiro ano de vida,a comida colo- cada à disposição do animal pode ser mais abun- dante do que nos anos seguintes, o que leva a que alguns criadores optem por alimentar exemplares mais do que uma vez por dia. Deve também ser seguida com atenção a mudan- ça da dentição de leite para a dentição definitiva a fim de verificar se a colocação desta está conforme o estalão da raça. Se alguns dentes começarem a nascer sem os de leite terem caído, é aconselhável uma visita ao médico veterinário. É importante seguir com cuidado o desenvolvimen- to dos cachorros até à idade adulta, tendo o cuida- do de verificar todos os aspetos da sua morfologia. Escolha do cachorro É muito importante quando se toma a decisão de trazer um cão para a nossa vida familiar, per- ceber que este é um ser que necessita de cuida- dos e de atenção. Por vezes, a aparência adorável dos cachorros faz com que a decisão não seja muito pensada e ponderada. Temos sempre que pensar que o adorável cachorrinho vai crescer e irá dar lugar a um exemplar adulto, que no caso do Cocker Spaniel Inglês pode compartilhar as nossas vi- das por mais de 15 anos. Se este passo foi realizado,é a altura então de pro- curar um local onde adquirir o seu companheiro. E aqui é preciso algum cuidado e bom senso. O local mais fiável,será procurar junto do Clube Português de Canicultura, que lhe fornecerá uma lista atuali- zada dos criadores e das ninhadas registadas mais recentes. Através deste método, terá a certeza que está a adquirir um exemplar que foi criado devidamente, cuidado e alimentado de forma correta e com os cuidados veterinários em dia. Um dos problemas que existe com as raças muito populares, e com a grande procura que existe de exemplares destas raças, é de apareceram cachor- ros vendidos por preços muito mais baixos, mas cuja criação é fruto de acasalamentos pouco cui- O convívio diário com esta raça proporciona sem- pre aos seus donos a descoberta de mais uma brin- cadeira ou de uma habilidade, pois, por trás deste cão de estrutura média,está um ser astuto e esper- talhão que não se cansa de nos surpreender. Educação e treino Como acontece com todas as raças, o Cocker Spa- niel Inglês necessita, desde tenra idade, conhecer regras e normas de comportamento, sabendo re- conhecer a autoridade de todos os membros da família. É um cão fácil de educar, mas apenas se tornará o companheiro ideal se os donos estiverem dispostos a aproveitar a sua enorme inteligência e capacida- de de aprender, dispensando algum tempo na sua educação. É preciso lembrarmo-nos que os bons cães de companhia não nasceram assim; foram bem-educados para se tornarem excelentes com- panheiros. sujeitosaalgunstestes:radiografiaparadespistede displasia da anca; exame ocular para detetar possí- veis doenças hereditárias; e análise ao sangue para verificar se existe alguma complicação renal. Cachorros Os cachorros nascem com um peso que pode variar entre os 200 e os 400 gramas, e medem cerca de 18 a 20 cm. Na grande maioria dos casos, o leite da mãe é ali- mento necessário e suficiente para que os cachor- ros cresçam de uma forma harmoniosa e saudável. Por volta das três semanas,os cachorros tornam-se maisativos,começandoaexplorareaestaratentos a tudo o que os rodeia. Aos dois meses deve começar a ser introduzida na sua alimentação ração seca ao mesmo tempo que se inicia o desmame. Por norma, este processo é realizado de forma progressiva,com os cachorros a fazerem uma boa adaptação. É um cão que gosta de ser incluído na vida familiar, seja qual for a atividade “pedida”, pois demonstra uma energia inesgotável O seu olhar deve ser um misto de inteligência e de meiguice com um estado de alerta e curiosidade permanente por tudo aquilo que o rodeia. RafpRide ShaRyS
  • 29. dados que dão depois origem a animais que, ao nível da aparência, mas principalmente ao nível do temperamento e do comportamento, nada têm a ver com o Cocker Spaniel Inglês. Uma raça saudável O Cocker tem uma esperança média de vida que pode atingir os 15 anos de idade ou mais. Como em todas as raças, o Cocker Spaniel Inglês exige alguns cuidados específicos em relação à sua higiene e saúde. Devido ao tipo de orelhas que apresenta, esta raça tem predisposição para o aparecimento de otites, problema que se resolve facilmente rapando com uma máquina, com frequência, o pelo que cresce da parte interior das mesmas. Este procedimento poderá ser realizado pelos próprios donos uma vez que a máquina nunca magoa o animal. Em casos mais extremos, de- verão ser utilizados produtos próprios recomen- dados pelo seu veterinário. Esta raça é também suscetível ao aparecimento de atrofia progressiva da retina (PRA), displasia da anca (HD) e nefropatia familiar (FN). Atenção com o peso! A raça exige cuidados com a alimentação. Os Cockers são muito gulosos possuindo um notá- vel apetite, o que os torna propensos a criarem problemas de obesidade. Devoram tudo o que lhes aparece à frente. O excesso de peso no animal irá provocar-lhe o mau funcionamento dos órgãos vitais e proble- mas nas articulações, afetando a médio prazo a sua qualidade de vida. Não oferecer petiscos fora de horas e controlar as doses de ração que lhe são dadas são as re- gras milagrosas para os manter em forma. Cuidados com a pelagem O banho deve ser frequente, com água tépida, utilizando um champô adequado ao tipo de pelo para que este se mantenha longo e sedoso, havendo também champôs adaptados às dife- rentes variedades de cor que esta raça apresen- ta. Podem ser finalizados com a aplicação de um amaciador. O pelo deve ser seco com a ajuda de um seca- dor e de uma escova. Esta prática é fundamental para que o seu pelo cresça bonito e saudável. Deve ser penteado com uma escova ou carda- deira pelo menos duas vezes por semana, para que o pelo mantenha a aparência que tanto ca- racteriza a raça. De dois em dois meses, o Cocker Inglês deve ver o seu pelo arranjado e acertado, com particular atenção à tosquia do pelo interior das orelhas e do pelo que cresce por baixo das patas, entre as almofadas. Embora alguns donos o façam no tempo mais quente, o animal em nada beneficia quando decidem cortar-lhes de forma drástica o pelo, deixando-o muito curto por todo o corpo. Nor- malmente, os animais não gostam desta nova aparência que lhes é dada, andando alguns dias tristes e a esconderem-se das pessoas. Não é necessário fazer a tosquia completa do Cocker, porque o cão adapta-se ao calor, per- dendo o subpelo. Além disso, a utilização de uma máquina de tosquia altera a textura do pelo, tornando-o menos sedoso e mais encara- colado, fazendo-o também perder o seu brilho natural. Adora exercício e água Os donos devem proporcionar-lhe exercício físi- co diariamente, devido à sua grande energia e atividade. Gosta de passear na companhia dos donos e adora que lhe sejam atirados objetos para ir buscar. Se os passeios forem perto do mar, de rios ou de lagoas, prepare-se pois, por certo, o seu cão irá brincar para dentro de água, atividade que lhe agrada particularmente, independentemen- te da temperatura a que a esta se encontre. No entanto, se a brincadeira tiver lugar na água salgada, o Cocker deve tomar banho de água doce quando chegar a casa, para que o pelo não seque com o sal, uma vez que este provoca a desidratação e a quebra do pelo. Nos passeios pelo campo temos de ter em aten- ção as praganas que frequentemente se pren- dem na pelagem do corpo e nas orelhas. Desporto canino O Cocker é uma raça versátil que tem a capa- cidade de se comportar de forma exemplar na execução de tarefas muito diferenciadas. Sendo um cão obediente, normalmente realiza as ativi- dades que lhe são solicitadas pelo seu dono. Quem o vê nas suas horas de descanso dificil- mente verá nele um cão disposto ao trabalho. Não podia estar mais enganado. Esta raça admirável adora um bom dia de traba- lho no campo ou uma longa caminhada. Em provas de Agility, modalidade onde o animal deve passar por vários obstáculos sob o coman- do do dono, o Cocker cumpre a tarefa na perfei- ção, contagiando com a sua alegria todos aque- les que assistem à competição. Os praticantes desta modalidade referem a enorme disposição e alegria que a raça apresenta quando se depa- ra com uma pista com obstáculos, fazendo do exercício uma enorme diversão. Devido à sua enorme inteligência,também obtém excelentes resultados em provas de Obediência. Cão de assistência No entanto, e mais uma vez devido à sua enorme versatilidade, é também um excelente exemplar para ser usado em terapia com idosos e com crianças que apresentem dificuldades físicas e/ou mentais. Este “pequeno” animal tem a grandeza de conseguir transmitir serenidade e tranquilida- de, ajudando assim na cura e reabilitação. n Nota de agradecimento: Agradecemos a Gabriela Rafael do afixo “Rafpride”, a Dora Rosado do afixo “Sharysh” e a Rui Gonçalves do afixo “Vianset”, por nos terem cedido fotografias de exemplares da sua propriedade para ilustrar este artigo. Gosta de água, de passear na companhia dos donos e adora que lhe sejam atirados objetos para ir buscar.
  • 30. 30 Cães&Companhia Convivência Vera Vicinanza Fotos: Shutterstock Bem comportado com as visitas Seja em casa ou nos passeios Muitos cães comportam-se de forma desconfiada e, em alguns casos, agressiva em relação a pessoas estranhas. Estas condutas podem dever-se a falta ou alteração de sociabilização, ou também a uma educação incorreta.
  • 31. Viver em sociedade significa não limitar a liberdade dos restantes para que também respeitem a nossa P ara prevenir problemas, o cão deve ser exposto desde cachorro à maior quantidade possível de estímulos, sobretudo da 3ª à 12ª semana. Uma boa forma de educar o cão é apresentar-lhe os estranhos que visitam a nossa casa. É importante controlar a porta de casa, para que o cão aprenda a estar tranquilo e sentado na pre- sença de uma visita. Depois va- mos ser nós a dar-lhe permissão para se levantar e saudar o nosso convidado. Se considerarmos a sociedade num sentido mais amplo, é certo que uma boa convivência com os vizinhos depende exclusivamente do Homem. O dono do cão é a li- gação com o resto da sociedade humana: é quem guia o seu com- panheiro animal num mundo que para o cão não teria sentido sem a intervenção do seu companhei- ro humano. É por esta razão que abandonar um cão não só signifi- ca uma traição, como é também uma condenação à solidão para um animal com um indiscutível sentido social. O cão espera que nós o guiemos no nosso mundo, que o apresen- temos ao seu novo ambiente, que o ensinemos a como se compor- tar perante as situações em que se encontra, porque nós assim o quisemos. Saídas à rua Para muitos donos de cães sair à rua é um autêntico pesadelo, que começa na porta de casa. Contro- lar a porta é um bom início para controlar tudo o que vem depois, o passeio e as relações sociais fora da família e da casa. Em muitos casos é o cão que leva o humano a passear e não o con- trário. Antes de sair de casa uma boa prática é pedir ao cão que se sente e espere o nosso sinal para poder sair. Desta forma estamos a canalizar a sua atenção para a obediência e não para a exci- tação. Durante os passeios Uma vez na rua todo o trabalho de educação que levámos a cabo como donos começa a ter um sen- tido mais amplo. Não só estamos a partilhar um agradável passeio ao ar livre com o nosso cão, como estamos a interagir com o mundo. Os nossos atos como donos res- ponsáveis influenciam a criação de uma consciência social favorá- Antes de sair de casa uma boa prática é pedir ao cão que se sente e espere o nosso sinal para poder sair.
  • 32. 32 Cães&Companhia vel, ou não, nos animais. Muitas pessoas não partilham dos nossos gostos e podem sentir-se incomodadas se um cão passeia solto e se aproxima. As suas re- ações podem ser imprevisíveis, assim como as do animal. Outras não toleram o ladrar ou que dei- xem a rua suja por terem donos ir- tificadas pois o animal repre- senta realmente uma fonte de incó- modo e de ruído. Em muitos casos, uma boa educação do cão pode ser a chave para a convivência em sociedade. É importante ser tolerante: trata- -se de animais que não têm culpa dos erros dos donos. E os donos, pela sua parte, devem aceitar que nem todas as pessoas gostam de cães e agir com consciência e res- peito. Em muitos casos, os vizinhos que, por exemplo, se queixam de que o animal ladra na ausência dos donos podem ser uma fonte de informação importante, fa- zendo com que se descubra um problema de conduta e uma consequente falta de bem-estar do animal. Educação e formação Viver em sociedade significa não limitar a liberdade dos Devemos tentar que o nosso cão seja mais sociável e se saiba comportar na presença de estranhos Muitas pessoas não partilham dos nossos gostos e podem sentir-se incomodadas se um cão passeia solto e se aproxima Apesar de adorarmos o nosso cão, não podemos permitir que este salte para todas as pessoas. estas leis demonstram mais uma vez as suas limitações e na reali- dade transferem para o animal e para o dono responsável todo o peso e a “culpa” sem enfrentar o problema desde a sua raiz. Esta lei, e em geral as que se referem aos animais, estão longe de ser partilhadas pelos profissionais e responsáveis. Sem falar das agres- sões e mordidas, que em muitos casos podiam ter sido evitadas com um pouco de senso comum e de responsabilidade. Tudo isto faz com que a sociedade possa ser relutante à posse de ani- mais, como se demonstrou com a promulgação de leis sobre animais potencialmente perigosos. Sem entrar na matéria, só diremos que deixam um enorme vazio legal nas suas possibilidades de execução. O cão e os vizinhos Em muitos casos a convivência com os vizinhos é dificultada por danos incompreensíveis que fa- zem, por exemplo, ser proibido ter todo o tipo de animais em muitos prédios ou condomínios. Noutros casos, as queixas são jus-
  • 33. portante conhecer as leis, educar o cão e compreender como este comunica, para isso os donos têm de se informar e de aprender.Tudo isto deveria ser obrigatório para um dono. Seria interessante propor que os donos de cães, e não só donos de cães “potencialmente perigosos”, demonstrem ter estes conheci- mentos através de provas, cursos, formação ou o que fosse necessá- rio. Seria poupado muito sofrimento, maus tratos infligidos de forma voluntária ou involuntária, e irí- amos chegar a uma convivência mais serena e a uma posse mais responsável.n Em casa, é importante que o cão aprenda a estar tranquilo, sentado ou deitado, na presença de uma visita, sem comportamentos exuberantes restantes para que também res- peitem a nossa. Colocando-nos na pele dos restan- tes entenderemos que quiçá de- vemos escutar também as suas necessidades. Isto serve tanto para os donos de cães como para as pessoas que não querem partilhar a sua vida com um animal. Simples- mente escutando e sendo tolerante pode-se chegar a um acordo e, com isso, à convivência. Todos os donos devem conhecer os direitos e deveres inerentes à posse responsável de um cão. É im-
  • 34. 34 Cães&Companhia “Dono, tenho medo!” Perceba o que sente o seu cão Fobias Eduardo de Benito Fotos: Shutterstock O medo nos cães é bastante mais frequente do que pensamos e nem sempre está ligado a situações vividas pelo animal,já que em muitos casos tem uma forte carga hereditária.
  • 35. 35Cães&Companhia O medo permite ao cão responder perante situações de perigo de um modo rápido e contundente O medo é um mecanismo de defesa no animal, a sua ansiedade dispara quando crê que está exposto a um perigo e atua como sinal de alerta. Quando o perigo real ou suposto desaparece, a sua an- siedade também e retorna ao seu estado emo- cional normal. Sentir medo é o resultado de um processo adaptativo nos seres humanos, é portanto uma resposta biológica de defesa e é essencial na sobrevivência da espécie. O medo permite ao cão responder perante situações de perigo de um modo rápido e contundente, por isso o medo na natureza é positivo. Desencadeia-se perante a perceção de um perigo, real ou imaginário, gerando um estado emocional que tem uma resposta fisiológica e de conduta no cão que se prepara para se defender ou fugir, já que ambos lhe permitem enfrentar o perigo. O medo, em con- sequência, não é uma reação negativa. Outra coisa é que interfira na vida quotidiana do cão até criar um estado de mal-estar no seu am- biente social. A ansiedade do medo A ansiedade não se pode controlar, uma vez que quando aparece o animal é dominado por esta e de nada serve tentarmos pô-la na ordem, só nos cabe esperar que passe por si mesma. Podemos, sim,ajudar o nosso cão aliviando o seu sofrimen- to e oferecendo-lhe proteção. Por isso, é muito importante conservar a calma e não cair no erro de gritar, castigar ou forçar o cão a experimentar à força aquilo que o assusta. O aparecimento de um comportamento de fobia provoca respostas bastantes comuns em todos os casos. O cão começa a olhar para todo o lado com inquietação, como se procurasse um sítio para onde fugir. É o seu instinto ancestral de proteção, que o leva a localizar o refúgio mais seguro para se colocar a salvo. Muitos donos reagem com excessiva severidade e, inclusive, com intolerância perante o medo dos seus cães, o que representa uma conduta irracional e ir- responsável. O medo do nosso cão não nos deve oprimir, é necessário abordá-lo com inteligência para minimizar as suas consequências. É certo que é triste ver um cão louco por causa do medo. Correm sem sentido à procura de um local onde se sintam protegidos e logo procuram um novo sítio que lhes parece oferecer maior proteção. Podem ferir-se ao embater contra objetos fruto do medo, ladram e gemem sem parar. O animal está em sofrimento, por isso a nossa reação tem de ser calma para poder oferecer- -lhe ajuda; e não de raiva, com a qual só au- mentaríamos o sofrimento do animal e piorá- vamos as coisas. Tratamento correto Há uma parte de conduta aprendida no medo de todos os cães. Se o animal se sente premiado após uma crise de ansiedade, o comportamen- to é reforçado. O dono que acaricia, abraça ou acalma com uma guloseima o medo do seu cão acaba por reforçar essa conduta e o cão ex- pressará mais medo na próxima vez. É o medo rentável. Comportando-se deste modo o dono, inconscientemente, iniciou um processo de sen- sibilização no animal pelo objeto ou situação que lhe provoca medo. A melhor prevenção consiste em ignorar o medo, mas este é um dos comportamentos mais difíceis de curar, por isso não vai passar logo. Medo dos ruídos sociais Uma das fobias mais comuns nos cães é o medo de ruídos fortes e inesperados, como os foguetes das festas, e recebe o nome de acus- ticofobia. O cão afetado de acusticofobia foge desesperadamente, pois encontra-se dominado por um estado de nervosismo tal que não con- O medo é um mecanismo de defesa no animal, a sua ansiedade dispara quando crê estar exposto a um perigo.
  • 36. 36 Cães&Companhia trola os seus movimentos. Se está na rua pode perder-se e se estiver fechado em casa pode destruir tudo o que encontra ao seu alcance. O terror apodera-se dele e procurará proteção de- baixo das camas, num armário ou em qualquer canto da casa. Medo das pessoas O medo que alguns cães apresentam perante a presença de pessoas desconhecidas é conheci- do como antropofobia. Este medo não é gerado, normalmente, por todas as pessoas, mas por determinados grupos como pessoas que usam uma determinada roupa (uniforme), que são de determinada raça (pessoas de cor) ou de gru- pos sociais muito marcados, como crianças e idosos. Quando a antropofobia não é hereditária pode dever-se a uma sociabilização incorreta em cachorro ou a uma experiência traumática. A manipulação do cachorro por parte do criador desde o dia do seu nascimento, complementada pela mãe, é uma ferramenta essencial para evi- tar o medo das pessoas nos canídeos. Medo de outros cães Alguns cães são inseguros, têm falta de confian- ça em si mesmos, e a presença de um compa- nheiro canino assusta-os. Podemos dizer que padecem de cinofobia. A cinofobia é um trans- torno psicológico persistente, anormal e injusti- ficado de medo de cães. Pode esconder um processo de sociabilização inadequado e é encontrada com frequência em animais que foram separados da mãe ao nascer e criados a biberão. Estes cães não aprenderam os mecanismos de comunicação da sua espé- cie, essenciais para permitir a coesão dentro do grupo e a interação entre os seus membros de modo adequado. Ao desconhecer todos esses sinais que consti- tuem uma linguagem muito complexa e que é baseada fundamentalmente em sinais auditi- É muito importante que o dono mantenha a calma e não caia no erro de gritar, castigar ou forçaro cão a experimentarà força aquilo que o assusta vos, visuais, olfativos e táteis com que os cães transmitem informação, o cão não responde de forma correta às mensagens enviadas por outro cão e sente medo. Perante outro cão estes animais escondem a cauda entre as patas, adotam todos os sinais de um animal submisso, mas como são dominados pelo medo, ao mesmo tempo mostram sinais agressivos de defesa, como mostrar os dentes, que podem desencadear o ataque do outro cão. É um processo que se autoalimenta, o medo desencadeia agressividade e esta desencadeia a agressão do outro cão, pelo que o processo se agrava cada vez mais. Medo das trovoadas As trovoadas assustam um grande número de cães, mas também outros animais, como os ca- valos; esta fobia recebe o nome de brontofobia (medo de trovões e relâmpagos). O nível de intensidade do pânico varia nota- velmente nos animais, mas alguns cães podem começar a tremer quando escutam os primeiros trovões. O medo aparece cedo no cachorro e, geralmente, é herdado, embora também possa ser resultado de um episódio traumático. Agorafobia A rua é motivo de medo para um grande nú- mero de cães. Normalmente, são cães que em cachorros foram mantidos isolados em canis ou
  • 37. 37Cães&Companhia ambientes muito monótonos. Para estes a rua aparece como uma ameaça onde os carros, as luzes, as pessoas a ir e vir, ou a presença de ob- jetos, como contentores de lixo, os assustam. É uma fobia adquirida por uma educação inadequada. A agorafobia pode desenvolver-se em fobias específicas, por exem- plo, o medo de objetos volumosos ou de passa- gens subterrâneas ou elevadas para atravessar a rua. Medo da “educação” Embora pareça estranho, muitos cães são víti- mas do seu dono, que lhes cria inconsciente- mente um estado de stress e de ansiedade pela educação. Um treino baseado na dominância e no castigo acaba por provocar aversão, e até medo, no cão. É um erro muito generalizado crer que um método de treino é uma receita infalível e que se o aplicarmos no cão este se vai tornar num companheiro extraordinário. Quando um profis- sional aceita a tarefa de educar um cão toma em consideração aspetos do animal como a sua idade, sexo, resistência ao stress, etc. pois den- tro de todas as raças há exemplares mais fortes psicologicamente e outros mais instáveis. Cada cão é um mundo diferente, com uma personalidade própria marcada por fato- res tão diversos como a impregnação que recebeu em cachorro ou a so- ciabilização posterior. O treinador precisa de ter sensibilidade para captar as reações do cão em cada momento e responder a estas com estímulos adequados; trata-se de uma interação mútua. Esta sensibilidade só se obtém quando nos interessamos verdadei- ramente no cão, anali- sando o seu comporta- mento, comparando-o com outros cães e, no final, trabalhando com vocação e afeto pelo animal.n Muitos cães são vítimas do seu dono, que lhes cria inconscientemente um estado de stress e de ansiedade pela educação.
  • 38. 38 Cães&Companhia O “tato”: Sistema somatossensorial Desde pequenos que nos ensinam que temos cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladare tato. O tato, dizem-nos, é o que nos permite aperceberdo mundo através do toque. Mas será este sentido assim tão simples como nos indicaram? Sentidos Carla Cruz Bióloga, Mestre em Produção Animal e Doutoranda em Ciência Animal (www.aradik.net) Fotos: Shutterstock O mundo sensorial dos cães V
  • 39. 39Cães&Companhia D e uma forma geral e clássica, o tato corresponde ao sentido que recebe e in- terpreta estímulos mecânicos (de forma passiva por contacto e pressão, e de forma ativa por palpação). Emnós,humanos,otatoéumsentidodeimportân- cia fundamental.Os nossos longos dedos têm uma elevada sensibilidade sensorial, e o polegar oponí- vel permite a manipulação fácil de objetos.À parte da visão,muita da nossa perceção do mundo passa por tocarmos e pegarmos nas coisas, sentirmos a sua forma,a sua dureza,a sua textura. Em contrapartida, é fácil perceber que nos cães o tato, como o entendemos popularmente, não terá uma importância tão relevante como acon- tece connosco.Afinal, os seus dedos são curtos e encurvados, e servem para andar e não para ma- nipular. Adicionalmente, a sua superfície ventral está recoberta por espessas almofadas que ab- sorvem os impactos do movimento, dificilmente permitem uma sensação fina. Sistema somatossensorial Mas, na realidade, a receção de estímulos é mui- to mais que o sentir aquilo em que se toca, daí este sentido ser mais corretamente chamado de sistema somatossensorial, algo que o caracteri- za bem melhor que a simples denominação de tato – é o sistema encarregado de experienciar as sensações no e do corpo (soma), através de diferentes tipos de recetores, nomeadamente: • Mecanorrecetores: sensíveis a alterações físicas, torções, alongamentos e pressão; •Nociceptores:responsáveispelaperceçãodedor; • Propriocetores: sensíveis ao movimento e posição do corpo; • Termorrecetores: respondem à temperatura (calor e frio); •Quimiorrecetores:sensíveisaestímulosquímicos. Estes recetores estão distribuídos pelo corpo, a maioria na pele, mas também nos músculos e nas vísceras. Vejamos em mais detalhe como atuam estes recetores. Mecanorrecetores Estes recetores são os que existem em maior nú- mero na pele. A pele é o maior órgão do corpo, envolvendo-o completamente e protegendo-o das agressões exteriores, pelo que, naturalmen- te, faz sentido que contenha diferentes tipos de recetores que permitam ao organismo interagir com o meio envolvente. Por exemplo, na base de cada folículo de pelo (o local onde o pelo nasce e emerge para fora da pele) existem recetores específicos que são ativados quando há movimentos externos que levam a que o tecido à sua volta estique ou se dobre. Quando o seu cão está a correr atrás de uma bola, escorrega e cai no chão, são os meca- norrecetores que indicam ao cão que ocorreu um embate. São também estes recetores que indi- cam ao seu companheiro, deitado no sofá ao seu lado, que está a receber festas suas. As vibrissas do cão Nos cães têm interesse particular os mecanorre- cetores nas vibrissas, ou “bigodes”, que têm no focinho, aqueles pelos especiais isolados, mais compridos e rijos, que nós não possuímos. Gra- Os mecanorrecetores são os principais responsáveis pelo “tato” como o consideramos popularmente ças a eles, as vibrissas fornecem informação so- bre objetos próximos,coordenam os movimentos do focinho e podem servir como uma espécie de proteção ocular, evitando colisões acidentais. Além da sensibilidade a esta estimulação mecâ- nica direta, são também sensíveis às vibrações e movimentos subtis das correntes de ar.Talvez por isto a maioria dos cães não gosta que se sopre na sua face (apesar de curiosamente a maioria adorar viajar com a cabeça fora do carro, rece- bendo plenamente o impacto do vento na cara). Por esta razão, a prática relativamente comum de cortar as vibrissas aos cães, para que fiquem mais “bonitos” ou “elegantes”, priva-os de uma função sensorial importante. Mecanorrecetores na pele Existem ainda outros tipos de mecanorrecetores na pele.À superfície existem por exemplo os dis- cos de Merkel (nada a ver com a política alemã), Os nociceptores estão localizados na maior parte da pele e enervam a maioria dos órgãos, estes são responsáveis pela perceção de estímulos, químicos ou térmicos, que podem causar danos ao corpo. O contacto social, como festas, ajuda a acalmar os cães em situações de stress, diminui o ritmo cardíaco e a pressão sanguínea.