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“A fé é um conhecimento para
  o qual é preciso despertar,
   é Deus conhecendo-se
    a Si mesmo em nós.”
                Jean-Yves Leloup
A lufada de vento
 arranca folhas
   das plantas.
Entrego-me
à causa que
é esperança.
Uma saudade.
Funda, farta,
 forte, fértil.
Seis anos,
Quatro meses,
 Nove dias.
À noite
   segue o dia.
Não há tribulação
 sem consolação.
O reencontro.
O abraço e o riso,
a comemoração.
Um toque, uma palavra,
      um olhar.
A mãe, e a filha.
O tão esperado beijo, após a mais
     longa e penosa espera.
“Esses filhos são minha luz,
minha lua, minhas estrelas.”
“Por eles encontrei coragem para
     enfrentar a selva, para voltar a vê-los.”
As lágrimas.

    Feitos de
  barro e sopro,
 somos um feixe
de surpreendentes
    emoções.
O amor
dos filhos.
E o amor
dos pais.
Ingrid Betancourt
nasceu no dia de Natal,
em dezembro de 1961.
 Como todos os pais,
  sua mãe e seu pai
   desejam à filha
 recém-nascida todo
  o bem do mundo.
“Que encontre na felicidade
uma constante companheira,
       filha amada.
       Saiba que se
      te machucares,
      Nós também
        iremos
       nos ferir...”
Diante do oceano de
     possibilidades da vida,
cabe aos pais conduzir os
  passos dos filhos pelo
     melhor dos caminhos.
E Ingrid teve nos
seus pais um vivo exemplo
     de generosidade,
       de integridade,
  e de amoroso serviço ao
   próximo necessitado.
A mãe de Ingrid, dona
 Yolanda Pulecio, sempre
  esteve envolvida em
     causas sociais.
     Ainda no ano de
 1958, criou o Albergue
    Infantil de Bogotá,
  instituição destinada a
acolher menores carentes
em situação de risco social.
Yolanda Pulecio,
    em 1958.
Ao longo de mais
  de cinco décadas
    de existência,
 aproximadamente
   12.000 crianças
encontraram abrigo
    na instituição.
Hoje, ao caminhar pela
 capital colombiana, dona
   Yolanda não raramente
   se depara com algum
  ex-aluno da instituição,
  já adulto, que a abraça e
  agradece todo o carinho
    e cuidado recebidos,
tratando-a carinhosamente
   por “Máma Yolanda”.
E, no exemplo da
   sua querida mãe,
 encontrou Ingrid a
lição da importância
    do cuidado e
    da compaixão.
O olhar da mãe
e o olhar da filha.
 Missão, dever,
    destino.
O que é que torna
 plena uma vida?
A Caridade,
a Compaixão e a Justiça.
Os movimentos da alma.
A leveza proporcionada
  pela conscientização
do dever a ser cumprido,
    – a promoção da
   dignidade humana.
“A vida, para ser bela,
   deve estar cercada
de verdade, de bondade,
      de liberdade.
   Essas são as coisas
    pelas quais vale
    a pena morrer.”
            Rubem Alves
O pai de Ingrid,
  Gabriel Betancourt,
   dedicou a sua vida a
 outra causa igualmente
  nobre, – a promoção
da educação e da cultura.
Atuou, inicialmente,
como ministro da Educação,
    na Colômbia, sendo
       posteriormente
   designado embaixador
  colombiano na Unesco,
 o que motivou a mudança
  da família para a França,
    quando Ingrid ainda
        era pequena.
A residência da família
  era um local de encontro
para renomados pensadores
e artistas latino-americanos,
    como Pablo Neruda,
     Fernando Botero e
  Gabriel García Márquez.
Dentre as recordações
  de Ingrid desta época
  figuram as tardes que
ela, adolescente, passava
  lendo poesia ao lado
    de Pablo Neruda.
Certa vez, perguntaram
 ao poeta qual a coisa
   mais importante
  do mundo, ao que
    ele respondeu:
   “Tratar de que
 o mundo seja digno
  para todas as vidas
  humanas, não só
    para algumas.”
E Ingrid cresce ouvindo
os conselhos de seu pai:
 “Foi graças à Colômbia
    que você conheceu
a Europa, frequentou as
melhores escolas e viveu
  um esplendor cultural
 que colombiano algum
dificilmente conhecerá...”
“Todas essas possibilidades
 de que você se beneficia
   fazem com que hoje
  você tenha uma dívida
       com o país.
  Não se esqueça disso.”
E com tais palavras em
  mente, Ingrid se forma
 em Ciências Sociais, pelo
   Instituto de Estudos
     Políticos de Paris.
  Em 1983, casa-se com
   o diplomata francês
Fabrice Delloye, com quem
 tem dois filhos, Mélanie,
    nascida em 1985, e
Lorenzo, nascido em 1988.
Aos 29 anos de idade,
    depois de conhecer
  as vantagens de uma
     vida confortável
     e privilegiada na
     capital francesa,
Ingrid Betancourt resolve
   fazer o inimaginável.
Lança-se de corpo e alma,
  disposta a contribuir
na plena medida de suas
  forças para o resgate
 de seu país de origem,
      a Colômbia.
Um país mergulhado
   num cenário explosivo,
     caracterizado pelo
poder dos narcotraficantes,
a corrupção de autoridades,
e o terror dos paramilitares
     de extrema direita.
Uma jovem mulher,
com os seus sonhos
e as suas esperanças.
 O que seria de nós,
se não sonhássemos?...
Em 1994, aos 33 anos,
    é eleita Deputada,
   com a maior votação
     registrada no país.
    Incansável militante,
     torna-se uma árdua
   promotora da justiça
   social e da educação,
elegendo-se posteriormente
 Senadora, outra vez com a
maior votação já registrada para o cargo no país.
Uma vez que a causa
        que abraça,
 – o combate à corja de
   políticos corruptos
   e ao narcotráfico –,
     defronta muitos
    interesses escusos,
não tarda até que comece
   a receber seguidas
  ameaças de morte.
Tais ameaças, no entanto,
     apenas reforçam a sua
  convicção da necessidade
de seus esforços e da validade
    da causa pela qual luta.
 Ingrid mantém a sua agenda,
  sendo que a única mudança
   na sua rotina é o colete à
   prova de balas, que passa
     a usar constantemente.
Uma jovem mulher,
   com a sua fé
 e a sua coragem.
oragem significa arriscar
       o conhecido em nome
       do desconhecido,
   o familiar pelo não familiar,
      o que é confortável
       pela peregrinação
     desconfortável e árdua
     rumo a outro destino.
Não é possível saber se
 conseguiremos fazer
  a travessia ou não.
   É uma aposta.
 Mas apenas os que
  apostam sabem
   o que é a vida.
E em 2002, aos 40 anos
de idade, Ingrid Betancourt
  resolve se candidatar à
 presidência da Colômbia.
23 de fevereiro de 2002
Foto tirada minutos antes de seu sequestro.
Em plena campanha presidencial,
vestindo uma camiseta que leva o slogan
da sua campanha – “Colombia Nueva”.
Durante o deslocamento para o vilarejo de San Vicente,
        a emboscada, o sequestro, a violência.
Uma guerrilha tão sangrenta,
   quanto imprevisível.
                      Ingrid é arrancada
                         do veículo, e
                      levada prisioneira
                     para o desconhecido.
                      O cruel cativeiro
                     nas densas florestas
                        colombianas.
A fragilidade feminina
    diante do cruel
   encarceramento.
 A sua fragilidade,
  e a sua força...
Um cativeiro localizado em meio à densa
vegetação, sob várias camadas de sombras
    formadas pela copa das árvores,
                         tornando praticamente
                             impossível a sua
                       localização por aeronaves
                             que porventura
                          sobrevoassem a área.
Sombras sobre sombras,
fazendo com que por vezes
  os reféns fiquem vários
  dias sem ver a luz do sol.
E apenas um mês após o
sequestro, o pai de Ingrid, em meio
    ao desespero, vem a falecer
                        em decorrência
                         de problemas
                     cardio-respiratórios.
A família lança um apelo humanitário,
para que Ingrid seja liberta, de modo a poder
        participar do enterro do pai.
                       O pedido é ignorado.
As durezas da rotina nos acampamentos,
         as longas marchas mata adentro,
     todas as privações, humilhações, torturas.
Os constantes deslocamentos,
 visando dificultar possíveis
  operações de localização
         e resgate.
Num vídeo gravado como
 prova de vida, Ingrid afirma:
“Estou bem, estou viva.
Só peço a Deus que
 me ajude a colocar
um pé na frente do
 outro para poder
andar dia após dia.”
Numa entrevista concedida após
a sua libertação, Ingrid recorda:

                 “Nós (os sequestrados)
                    levávamos a dor
                  do mundo em todas
                   as suas dimensões.
                      Em todas as
                   suas expressões”.
“A floresta é um lugar hostil. Tudo dói nela.
A pele não é um espaço de proteção, mas de dor.
                              Comer dói,
                          ir ao banheiro dói,
                           tomar banho dói,
                         viver dói, respirar dói.
                          Não ver o céu dói.
                          Não ver as pessoas
                         que a gente ama dói”.
“Os incessantes sons macabros dos animais,
      e, à noite, o som dos gemidos
dos companheiros que choravam dormindo
        e gritavam seus pesadelos”.

                           “Um deserto
                             de afeição,
                          de solidariedade,
                              de afeto.”
“Como reféns, passávamos por
     uma humilhação constante.
Éramos vítimas de total arbitrariedade.

                     Você passa a conhecer
                     o pior que pode existir
                      numa alma humana.”
“O que me permitiu passar por
tamanho sofrimento foi o sentimento
  de que Deus estava ao nosso lado.

                     Não fosse por este
                  sentimento, dificilmente
                    conseguiria suportar
                     as penas impostas
                        no cativeiro.”
Desce a tarde.
No céu, luz sutilíssima,
 quase invisível, está
o primeiro sinal da lua.
E por cinco
vezes, Ingrid tenta fugir
   do cruel cativeiro.
 Em uma das ocasiões,
 passa três dias perdida
  na selva antes de ser
      recapturada.
Ela conta que durante
     os dias que passou
      perdida na selva,
     apesar de todos os
  riscos e das incertezas
    a que estava exposta,
    era motivo de alívio
 e tranquilidade sentir-se
 livre, a salvo dos olhares
vigilantes dos guardas, das
   armas e das correntes.
Acrescenta que parte
      da noite buscava
   uma clareira em meio
     à densa vegetação,
e ao se deitar contemplava,
    em liberdade, a lua e
as estrelas antes de dormir.
E, em meio ao desconhecido,
 não sabia para que lado ir,
  se encontraria algo com
 que pudesse se alimentar,
   ou mesmo se sairia viva
      daquela situação.
 Sabia, porém, que estava
  livre, e isto lhe bastava.
“Durante os anos de
 cativeiro, descobri que
  a liberdade é tão vital
    quanto o oxigênio.
 Ela é a principal chave
para a dignidade humana.”
           Ingrid Betancourt
“Liberdade,
essa palavra que o sonho
    humano alimenta,
  que não há ninguém
      que explique
     e ninguém que
     não entenda...”
           Cecília Meireles
O alvorecer de mais um dia, recebido na
 frágil liberdade que a fuga concedera.
O incessante caminhar, até o fim
   das forças ao cair da noite.
O côncavo do céu,
 e a interrogação
    das estrelas.

  A serena beleza
   do horizonte
só encontra sentido
quando se está livre.
E após cada captura, o castigo redobrado.
          A fragilidade de um corpo,
         diante das garras do agressor.

As correntes cada vez
    mais pesadas,
    as privações e
    humilhações
cada vez mais severas.
Não raro, os carcereiros executam os fugitivos
     que são recapturados, de modo a servir
    de lição, e desencorajar os demais reféns.

  Ingrid Betancourt, no
 entanto, é considerada
 uma moeda de troca de
alto valor, o que faz com
que sua vida seja poupada.
Embora lhe poupem
      a vida, não lhe
   aliviam os castigos,
  cada vez mais severos
após cada tentativa de fuga.
Numa ocasião,
  ela é acorrentada pelo
  pescoço a uma árvore.
  Por três dias é forçada
   a permanecer em pé,
sob o jugo do cruel castigo,
   até que resolvam lhe
      abrandar a pena.
Em outra ocasião,
  Ingrid tem as
botas confiscadas.
Outra punição para
 os fugitivos capturados
 é atormentá-los durante
  o sono com tarântulas
         e cobras.
Lembrando-lhes que a selva
 que os cerca está infestada
  destes e outros perigos.
A fragilidade de
  uma mulher
e a sua fortaleza.
  A sua fé, e
o seu calvário...
Certa vez, determinaram
que Ingrid deveria reparar
 e costurar os uniformes
    gastos e rasgados.

 Além da pilha de uniformes velhos,
     entregaram-lhe também
        material de costura.
Foi nessa ocasião
que ela confeccionou,
  com linhas, botões
   e alguns gravetos,
 o rosário que viria a
acompanhá-la durante
     as duras penas
      do cativeiro.
Um símbolo
  de fé.
Um símbolo
de resistência.
Um símbolo
  de fé.
Um símbolo
de resistência.
“Na selva eu perdi
  a infância de
  meus filhos...
 e ganhei Deus,
ganhei humildade
  e muito amor
  pelo mundo.”
Tribulações podem
   ser joias para
       a alma,
 uma ocasião para
   a elevação do
      espírito.
Quantas lágrimas não regaram o solo
do cativeiro em meio à selva fechada?
A ilimitada resignação necessária
quando a fé é testada até o extremo.
Na nossa caminhada pela vida terrena,
há momentos em que somos obrigados a
peregrinar por terras candentes e áridas.
Há momentos em que constatamos
   que, salvo a nossa fé e a nossa esperança,
tudo mais nos foi roubado, tudo mais perdemos.
E é neste instante que descobrimos
    que tudo ainda possuímos...
Salvo a Fé, o Amor e a Esperança,
       tudo mais perece.
São os sonhos dos homens que
sustentam o mundo em sua órbita.
Que seria de nós,
se não sonhássemos?...
Um antigo
    ditado ensina:
    “Quanto mais
  intenso o inverno,
      mais bela a
primavera floresce ...”
Um antigo
    ditado ensina:
    “Quanto mais
  intenso o inverno,
      mais bela a
primavera floresce ...”
02 de julho, 2008.
O milagre do resgate.
02 de julho, 2008.
O milagre do resgate.
O tão aguardado abraço.
Quem algum dia sondará o que se passou
no coração desta mãe, e no coração da sua filha?...
Feitos de
  barro e sopro,
 somos um feixe
de surpreendentes
    emoções.
Não há tribulação
sem consolação,
    já diziam
os povos antigos.
A supressão do
 tempo na dilatação
amorosa do espírito.
  Há momentos
  em que o Amor
    derrama-se
    abundante,
  gratuito, fundo
      e forte.
E nos dias de cativeiro,
     a constante
 lembrança dos filhos
 – Mélanie e Lorenzo,
    de quem fora
    apartada ainda
      pequenos.
Mélanie contava,
então, com dezesseis
   anos de idade,
  e Lorenzo, com
    apenas treze.
O tempo que corre
   sem cessar.
E que transforma
     crianças
 e adolescentes
em jovens adultos.
Lacunas a serem preenchidas.
Lembranças e histórias
a serem compartilhadas...
Diante da pergunta
 se o dia mais feliz
da sua vida foi o dia
 da sua libertação,
Ingrid, sem hesitar
 por um segundo,
    responde...
...que não,
acrescentando que
os dias mais felizes
da sua vida foram
 as datas em que
   seus filhos tão
amados nasceram.
E ao ser questionada
  sobre a carreira
política interrompida,
  ela responde que
  a sua experiência
 político-partidária
   a fez perder as
esperanças de que as
mudanças necessárias
  possam advir da
    arena política.
Acrescenta
   que abandona
a política partidária,
mas não a Política.
  A Política com
“p” maiúsculo, que
move, que mobiliza,
  que impulsiona
 rumo ao Amor,
    à Justiça, e
  à Solidariedade.
A Política
   do Amor.
  A Política
da Compaixão.
   A Política
da Fraternidade.
E apenas poucas semanas após a
sua libertação, Ingrid inicia uma série
de visitas a presidentes e autoridades,
                            com o intuito de
                           agradecer o apoio
                             que resultou na
                              sua soltura,...
...e, principalmente, de mobilizar as lideranças
para a urgente necessidade de se buscar saídas
       para o impasse dos tantos que ainda
                                 se encontram
                                 sequestrados e
                             mantidos cativos nas
                              selvas colombianas.
A incansável
caminhada – agendas,
 encontros, reuniões.
   A utopia de
    um outro
  mundo possível.
Brasil
Chile




        Bolívia
Equador




Venezuela
México




Espanha
Argentina
Peru




Colômbia
França
Título de “Cidadã de Honra”,
conferido pela Prefeitura de Paris.
“Ontem chorava lágrimas de tristeza,
    hoje, lágrimas de alegria...”
Na Sede da Organização
das Nações Unidas (ONU)
    Nova York, EUA
Troféu “Pellegrino di Pace”
   (“Peregrino da Paz”)
       Roma, Itália
Na cerimônia de encerramento da conferência
 “A Civilização da Paz: Diálogo entre Culturas
e Religiões”, Ingrid dirigiu-se aos participantes:
“É preciso acreditar num mundo melhor,
que o bem sempre vence o mal, e que nos próximos dias
haveremos de testemunhar o início do tempo do espírito,
               tão esperado por nós.”
“Os valores da nossa civilização devem mudar,
com a sede de poder e a ganância dando lugar
            ao serviço e à doação.”
“A verdadeira mudança deve começar
em cada um de nós. É a partir do somatório
 das mudanças individuais que poderemos
      construir um mundo melhor.”
“Nós somos os construtores de um tempo novo,
aqueles que inauguram um tempo novo do espírito,
     um tempo oportuno para que os sonhos
               se tornem realidade.”
“Com a fé tudo é possível.”
Evento promovido
   pela comissão
  organizadora do
Prêmio Nobel da Paz.
Ao lado de Bono Vox,
 ativista com trabalhos
humanitários na África.
O emocionante reencontro com
o policial colombiano Pinchao,
 ex-companheiro de cativeiro.
Depois de oito anos no cativeiro, Pinchao conseguiu fugir,
  em 2007, do acampamento onde era mantido refém,
      deixando-se levar, durante uma tempestade,
       para a liberdade pela correnteza de um rio,
   seguido de dezoito dias de caminhada pela selva.
Recordando os tempos difíceis de cativeiro,
 e o apoio recebido em tais horas, ele afirma:
“Ingrid foi minha luz, meu caminho, meu guia
 nos momentos em que estava na escuridão”.
Prêmio
“Mulher do Ano 2008”
   Viena, Áustria
Encontro “Como construir um mundo melhor”
Ao lado de Luis Eladio Pérez, ex-congressista
colombiano, que aborda em seu livro, intitulado
    “Inferno Verde”, os sete anos em que
  permaneceu confinado no cárcere das Farc.
Durante o lançamento
    do livro de seu ex-
   colega de cativeiro,
    Ingrid, com a voz
embargada e chorando
 em alguns momentos,
lembrou os reféns que
  ainda permanecem
    cativos na selva,
  à espera de resgate:
“Sou muito feliz...
mas meu coração
ainda está preso
 nas árvores da
   floresta...”
A importância dos vínculos afetivos.
“Minha terapia é o amor de minha família,
     com eles eu volto a ser feliz”,...
...afirma Ingrid, cercada dos filhos, da mãe,
        da irmã, Astrid, e do sobrinho.
Uma família feliz nada mais é
 que o paraíso antecipado.
Entrega do Prêmio
Príncipe de Astúrias
da Concórdia 2008.
  Cidade de Oviedo,
      Espanha.
Um reconhecimento
 “da dignidade e da
coragem” de Ingrid
 diante do cativeiro.
Segundo o júri, ela
  personifica todos
 aqueles no mundo
 que estão privados
      de liberdade
   devido à “defesa
dos direitos humanos
      e luta contra
       a violência,
     a corrupção e
    o narcotráfico”.
Ingrid, após afirmar que não merece
 “semelhante distinção”, aceita receber o prêmio,
com “imensa emoção, muito respeito e humildade”
  em nome de seus antigos colegas de cativeiro,
                 vivos e mortos.
Dedica o prêmio à sua “amada Pátria, a Colômbia,
               sedenta de concórdia e paz”.
  E, agradecendo a Deus, pede para que Ele a guie para
“poder responder com altura e sabedoria às oportunidades
         que se abrem para servir aos que sofrem,
      e ser a voz dos que não podem se expressar”.
“Atrevo-me a receber o prêmio em nome
         de meus companheiros sequestrados,
 aqueles que estão esperando sua vez para a liberdade,
e, com muito amor, em nome dos meus companheiros
   que não voltarão, aqueles que morreram na selva”.
Cerimônia de entrega
           da medalha da
     “Legião da Honra”,
a mais alta condecoração
               da França.
O mundo, e as voltas que ele dá.
A fragilidade e a força,
   a fé e a coragem
    de uma mulher.
A fragilidade e a força,
   a fé e a coragem
 de todas as mulheres.
A fragilidade e a força,
                                  a fé e a coragem
                                   de uma mulher.
                               A fragilidade e a força,
                                  a fé e a coragem
                                de todas as mulheres.



Tema musical:                                         Formatação:
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Ingrid 3
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Ingrid 3

  • 1. “A fé é um conhecimento para o qual é preciso despertar, é Deus conhecendo-se a Si mesmo em nós.” Jean-Yves Leloup
  • 2. A lufada de vento arranca folhas das plantas.
  • 4. Uma saudade. Funda, farta, forte, fértil.
  • 6. À noite segue o dia. Não há tribulação sem consolação.
  • 8. O abraço e o riso, a comemoração.
  • 9. Um toque, uma palavra, um olhar.
  • 10. A mãe, e a filha.
  • 11. O tão esperado beijo, após a mais longa e penosa espera.
  • 12. “Esses filhos são minha luz, minha lua, minhas estrelas.”
  • 13. “Por eles encontrei coragem para enfrentar a selva, para voltar a vê-los.”
  • 14.
  • 15. As lágrimas. Feitos de barro e sopro, somos um feixe de surpreendentes emoções.
  • 16. O amor dos filhos. E o amor dos pais.
  • 17. Ingrid Betancourt nasceu no dia de Natal, em dezembro de 1961. Como todos os pais, sua mãe e seu pai desejam à filha recém-nascida todo o bem do mundo.
  • 18. “Que encontre na felicidade uma constante companheira, filha amada. Saiba que se te machucares, Nós também iremos nos ferir...”
  • 19. Diante do oceano de possibilidades da vida, cabe aos pais conduzir os passos dos filhos pelo melhor dos caminhos.
  • 20. E Ingrid teve nos seus pais um vivo exemplo de generosidade, de integridade, e de amoroso serviço ao próximo necessitado.
  • 21. A mãe de Ingrid, dona Yolanda Pulecio, sempre esteve envolvida em causas sociais. Ainda no ano de 1958, criou o Albergue Infantil de Bogotá, instituição destinada a acolher menores carentes em situação de risco social.
  • 22. Yolanda Pulecio, em 1958.
  • 23. Ao longo de mais de cinco décadas de existência, aproximadamente 12.000 crianças encontraram abrigo na instituição.
  • 24. Hoje, ao caminhar pela capital colombiana, dona Yolanda não raramente se depara com algum ex-aluno da instituição, já adulto, que a abraça e agradece todo o carinho e cuidado recebidos, tratando-a carinhosamente por “Máma Yolanda”.
  • 25. E, no exemplo da sua querida mãe, encontrou Ingrid a lição da importância do cuidado e da compaixão.
  • 26. O olhar da mãe e o olhar da filha. Missão, dever, destino. O que é que torna plena uma vida?
  • 27. A Caridade, a Compaixão e a Justiça. Os movimentos da alma. A leveza proporcionada pela conscientização do dever a ser cumprido, – a promoção da dignidade humana.
  • 28. “A vida, para ser bela, deve estar cercada de verdade, de bondade, de liberdade. Essas são as coisas pelas quais vale a pena morrer.” Rubem Alves
  • 29. O pai de Ingrid, Gabriel Betancourt, dedicou a sua vida a outra causa igualmente nobre, – a promoção da educação e da cultura.
  • 30. Atuou, inicialmente, como ministro da Educação, na Colômbia, sendo posteriormente designado embaixador colombiano na Unesco, o que motivou a mudança da família para a França, quando Ingrid ainda era pequena.
  • 31. A residência da família era um local de encontro para renomados pensadores e artistas latino-americanos, como Pablo Neruda, Fernando Botero e Gabriel García Márquez.
  • 32. Dentre as recordações de Ingrid desta época figuram as tardes que ela, adolescente, passava lendo poesia ao lado de Pablo Neruda.
  • 33. Certa vez, perguntaram ao poeta qual a coisa mais importante do mundo, ao que ele respondeu: “Tratar de que o mundo seja digno para todas as vidas humanas, não só para algumas.”
  • 34. E Ingrid cresce ouvindo os conselhos de seu pai: “Foi graças à Colômbia que você conheceu a Europa, frequentou as melhores escolas e viveu um esplendor cultural que colombiano algum dificilmente conhecerá...”
  • 35. “Todas essas possibilidades de que você se beneficia fazem com que hoje você tenha uma dívida com o país. Não se esqueça disso.”
  • 36. E com tais palavras em mente, Ingrid se forma em Ciências Sociais, pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris. Em 1983, casa-se com o diplomata francês Fabrice Delloye, com quem tem dois filhos, Mélanie, nascida em 1985, e Lorenzo, nascido em 1988.
  • 37. Aos 29 anos de idade, depois de conhecer as vantagens de uma vida confortável e privilegiada na capital francesa, Ingrid Betancourt resolve fazer o inimaginável.
  • 38. Lança-se de corpo e alma, disposta a contribuir na plena medida de suas forças para o resgate de seu país de origem, a Colômbia.
  • 39. Um país mergulhado num cenário explosivo, caracterizado pelo poder dos narcotraficantes, a corrupção de autoridades, e o terror dos paramilitares de extrema direita.
  • 40. Uma jovem mulher, com os seus sonhos e as suas esperanças. O que seria de nós, se não sonhássemos?...
  • 41. Em 1994, aos 33 anos, é eleita Deputada, com a maior votação registrada no país. Incansável militante, torna-se uma árdua promotora da justiça social e da educação, elegendo-se posteriormente Senadora, outra vez com a maior votação já registrada para o cargo no país.
  • 42. Uma vez que a causa que abraça, – o combate à corja de políticos corruptos e ao narcotráfico –, defronta muitos interesses escusos, não tarda até que comece a receber seguidas ameaças de morte.
  • 43. Tais ameaças, no entanto, apenas reforçam a sua convicção da necessidade de seus esforços e da validade da causa pela qual luta. Ingrid mantém a sua agenda, sendo que a única mudança na sua rotina é o colete à prova de balas, que passa a usar constantemente.
  • 44. Uma jovem mulher, com a sua fé e a sua coragem.
  • 45. oragem significa arriscar o conhecido em nome do desconhecido, o familiar pelo não familiar, o que é confortável pela peregrinação desconfortável e árdua rumo a outro destino.
  • 46. Não é possível saber se conseguiremos fazer a travessia ou não. É uma aposta. Mas apenas os que apostam sabem o que é a vida.
  • 47. E em 2002, aos 40 anos de idade, Ingrid Betancourt resolve se candidatar à presidência da Colômbia.
  • 48. 23 de fevereiro de 2002 Foto tirada minutos antes de seu sequestro.
  • 49. Em plena campanha presidencial, vestindo uma camiseta que leva o slogan da sua campanha – “Colombia Nueva”.
  • 50. Durante o deslocamento para o vilarejo de San Vicente, a emboscada, o sequestro, a violência.
  • 51. Uma guerrilha tão sangrenta, quanto imprevisível. Ingrid é arrancada do veículo, e levada prisioneira para o desconhecido. O cruel cativeiro nas densas florestas colombianas.
  • 52. A fragilidade feminina diante do cruel encarceramento. A sua fragilidade, e a sua força...
  • 53. Um cativeiro localizado em meio à densa vegetação, sob várias camadas de sombras formadas pela copa das árvores, tornando praticamente impossível a sua localização por aeronaves que porventura sobrevoassem a área.
  • 54. Sombras sobre sombras, fazendo com que por vezes os reféns fiquem vários dias sem ver a luz do sol.
  • 55. E apenas um mês após o sequestro, o pai de Ingrid, em meio ao desespero, vem a falecer em decorrência de problemas cardio-respiratórios.
  • 56. A família lança um apelo humanitário, para que Ingrid seja liberta, de modo a poder participar do enterro do pai. O pedido é ignorado.
  • 57. As durezas da rotina nos acampamentos, as longas marchas mata adentro, todas as privações, humilhações, torturas. Os constantes deslocamentos, visando dificultar possíveis operações de localização e resgate.
  • 58. Num vídeo gravado como prova de vida, Ingrid afirma: “Estou bem, estou viva. Só peço a Deus que me ajude a colocar um pé na frente do outro para poder andar dia após dia.”
  • 59. Numa entrevista concedida após a sua libertação, Ingrid recorda: “Nós (os sequestrados) levávamos a dor do mundo em todas as suas dimensões. Em todas as suas expressões”.
  • 60. “A floresta é um lugar hostil. Tudo dói nela. A pele não é um espaço de proteção, mas de dor. Comer dói, ir ao banheiro dói, tomar banho dói, viver dói, respirar dói. Não ver o céu dói. Não ver as pessoas que a gente ama dói”.
  • 61. “Os incessantes sons macabros dos animais, e, à noite, o som dos gemidos dos companheiros que choravam dormindo e gritavam seus pesadelos”. “Um deserto de afeição, de solidariedade, de afeto.”
  • 62. “Como reféns, passávamos por uma humilhação constante. Éramos vítimas de total arbitrariedade. Você passa a conhecer o pior que pode existir numa alma humana.”
  • 63. “O que me permitiu passar por tamanho sofrimento foi o sentimento de que Deus estava ao nosso lado. Não fosse por este sentimento, dificilmente conseguiria suportar as penas impostas no cativeiro.”
  • 64. Desce a tarde. No céu, luz sutilíssima, quase invisível, está o primeiro sinal da lua.
  • 65. E por cinco vezes, Ingrid tenta fugir do cruel cativeiro. Em uma das ocasiões, passa três dias perdida na selva antes de ser recapturada.
  • 66. Ela conta que durante os dias que passou perdida na selva, apesar de todos os riscos e das incertezas a que estava exposta, era motivo de alívio e tranquilidade sentir-se livre, a salvo dos olhares vigilantes dos guardas, das armas e das correntes.
  • 67. Acrescenta que parte da noite buscava uma clareira em meio à densa vegetação, e ao se deitar contemplava, em liberdade, a lua e as estrelas antes de dormir.
  • 68. E, em meio ao desconhecido, não sabia para que lado ir, se encontraria algo com que pudesse se alimentar, ou mesmo se sairia viva daquela situação. Sabia, porém, que estava livre, e isto lhe bastava.
  • 69. “Durante os anos de cativeiro, descobri que a liberdade é tão vital quanto o oxigênio. Ela é a principal chave para a dignidade humana.” Ingrid Betancourt
  • 70. “Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda...” Cecília Meireles
  • 71. O alvorecer de mais um dia, recebido na frágil liberdade que a fuga concedera.
  • 72. O incessante caminhar, até o fim das forças ao cair da noite.
  • 73. O côncavo do céu, e a interrogação das estrelas. A serena beleza do horizonte só encontra sentido quando se está livre.
  • 74. E após cada captura, o castigo redobrado. A fragilidade de um corpo, diante das garras do agressor. As correntes cada vez mais pesadas, as privações e humilhações cada vez mais severas.
  • 75. Não raro, os carcereiros executam os fugitivos que são recapturados, de modo a servir de lição, e desencorajar os demais reféns. Ingrid Betancourt, no entanto, é considerada uma moeda de troca de alto valor, o que faz com que sua vida seja poupada.
  • 76. Embora lhe poupem a vida, não lhe aliviam os castigos, cada vez mais severos após cada tentativa de fuga.
  • 77. Numa ocasião, ela é acorrentada pelo pescoço a uma árvore. Por três dias é forçada a permanecer em pé, sob o jugo do cruel castigo, até que resolvam lhe abrandar a pena.
  • 78. Em outra ocasião, Ingrid tem as botas confiscadas.
  • 79. Outra punição para os fugitivos capturados é atormentá-los durante o sono com tarântulas e cobras. Lembrando-lhes que a selva que os cerca está infestada destes e outros perigos.
  • 80. A fragilidade de uma mulher e a sua fortaleza. A sua fé, e o seu calvário...
  • 81. Certa vez, determinaram que Ingrid deveria reparar e costurar os uniformes gastos e rasgados. Além da pilha de uniformes velhos, entregaram-lhe também material de costura.
  • 82. Foi nessa ocasião que ela confeccionou, com linhas, botões e alguns gravetos, o rosário que viria a acompanhá-la durante as duras penas do cativeiro.
  • 83. Um símbolo de fé. Um símbolo de resistência.
  • 84. Um símbolo de fé. Um símbolo de resistência.
  • 85. “Na selva eu perdi a infância de meus filhos... e ganhei Deus, ganhei humildade e muito amor pelo mundo.”
  • 86. Tribulações podem ser joias para a alma, uma ocasião para a elevação do espírito.
  • 87. Quantas lágrimas não regaram o solo do cativeiro em meio à selva fechada?
  • 88. A ilimitada resignação necessária quando a fé é testada até o extremo.
  • 89. Na nossa caminhada pela vida terrena, há momentos em que somos obrigados a peregrinar por terras candentes e áridas.
  • 90. Há momentos em que constatamos que, salvo a nossa fé e a nossa esperança, tudo mais nos foi roubado, tudo mais perdemos.
  • 91. E é neste instante que descobrimos que tudo ainda possuímos...
  • 92. Salvo a Fé, o Amor e a Esperança, tudo mais perece.
  • 93. São os sonhos dos homens que sustentam o mundo em sua órbita.
  • 94. Que seria de nós, se não sonhássemos?...
  • 95. Um antigo ditado ensina: “Quanto mais intenso o inverno, mais bela a primavera floresce ...”
  • 96. Um antigo ditado ensina: “Quanto mais intenso o inverno, mais bela a primavera floresce ...”
  • 97. 02 de julho, 2008. O milagre do resgate.
  • 98. 02 de julho, 2008. O milagre do resgate.
  • 99. O tão aguardado abraço.
  • 100. Quem algum dia sondará o que se passou no coração desta mãe, e no coração da sua filha?...
  • 101.
  • 102. Feitos de barro e sopro, somos um feixe de surpreendentes emoções.
  • 103. Não há tribulação sem consolação, já diziam os povos antigos.
  • 104. A supressão do tempo na dilatação amorosa do espírito. Há momentos em que o Amor derrama-se abundante, gratuito, fundo e forte.
  • 105. E nos dias de cativeiro, a constante lembrança dos filhos – Mélanie e Lorenzo, de quem fora apartada ainda pequenos.
  • 106. Mélanie contava, então, com dezesseis anos de idade, e Lorenzo, com apenas treze.
  • 107. O tempo que corre sem cessar. E que transforma crianças e adolescentes em jovens adultos.
  • 108. Lacunas a serem preenchidas.
  • 109. Lembranças e histórias a serem compartilhadas...
  • 110. Diante da pergunta se o dia mais feliz da sua vida foi o dia da sua libertação, Ingrid, sem hesitar por um segundo, responde...
  • 111. ...que não, acrescentando que os dias mais felizes da sua vida foram as datas em que seus filhos tão amados nasceram.
  • 112. E ao ser questionada sobre a carreira política interrompida, ela responde que a sua experiência político-partidária a fez perder as esperanças de que as mudanças necessárias possam advir da arena política.
  • 113. Acrescenta que abandona a política partidária, mas não a Política. A Política com “p” maiúsculo, que move, que mobiliza, que impulsiona rumo ao Amor, à Justiça, e à Solidariedade.
  • 114. A Política do Amor. A Política da Compaixão. A Política da Fraternidade.
  • 115. E apenas poucas semanas após a sua libertação, Ingrid inicia uma série de visitas a presidentes e autoridades, com o intuito de agradecer o apoio que resultou na sua soltura,...
  • 116. ...e, principalmente, de mobilizar as lideranças para a urgente necessidade de se buscar saídas para o impasse dos tantos que ainda se encontram sequestrados e mantidos cativos nas selvas colombianas.
  • 117. A incansável caminhada – agendas, encontros, reuniões. A utopia de um outro mundo possível.
  • 118. Brasil
  • 119. Chile Bolívia
  • 125. Título de “Cidadã de Honra”, conferido pela Prefeitura de Paris.
  • 126. “Ontem chorava lágrimas de tristeza, hoje, lágrimas de alegria...”
  • 127. Na Sede da Organização das Nações Unidas (ONU) Nova York, EUA
  • 128. Troféu “Pellegrino di Pace” (“Peregrino da Paz”) Roma, Itália
  • 129. Na cerimônia de encerramento da conferência “A Civilização da Paz: Diálogo entre Culturas e Religiões”, Ingrid dirigiu-se aos participantes:
  • 130. “É preciso acreditar num mundo melhor, que o bem sempre vence o mal, e que nos próximos dias haveremos de testemunhar o início do tempo do espírito, tão esperado por nós.”
  • 131. “Os valores da nossa civilização devem mudar, com a sede de poder e a ganância dando lugar ao serviço e à doação.”
  • 132. “A verdadeira mudança deve começar em cada um de nós. É a partir do somatório das mudanças individuais que poderemos construir um mundo melhor.”
  • 133. “Nós somos os construtores de um tempo novo, aqueles que inauguram um tempo novo do espírito, um tempo oportuno para que os sonhos se tornem realidade.”
  • 134. “Com a fé tudo é possível.”
  • 135. Evento promovido pela comissão organizadora do Prêmio Nobel da Paz.
  • 136. Ao lado de Bono Vox, ativista com trabalhos humanitários na África.
  • 137. O emocionante reencontro com o policial colombiano Pinchao, ex-companheiro de cativeiro.
  • 138. Depois de oito anos no cativeiro, Pinchao conseguiu fugir, em 2007, do acampamento onde era mantido refém, deixando-se levar, durante uma tempestade, para a liberdade pela correnteza de um rio, seguido de dezoito dias de caminhada pela selva.
  • 139. Recordando os tempos difíceis de cativeiro, e o apoio recebido em tais horas, ele afirma: “Ingrid foi minha luz, meu caminho, meu guia nos momentos em que estava na escuridão”.
  • 140. Prêmio “Mulher do Ano 2008” Viena, Áustria
  • 141. Encontro “Como construir um mundo melhor”
  • 142. Ao lado de Luis Eladio Pérez, ex-congressista colombiano, que aborda em seu livro, intitulado “Inferno Verde”, os sete anos em que permaneceu confinado no cárcere das Farc.
  • 143. Durante o lançamento do livro de seu ex- colega de cativeiro, Ingrid, com a voz embargada e chorando em alguns momentos, lembrou os reféns que ainda permanecem cativos na selva, à espera de resgate:
  • 144. “Sou muito feliz... mas meu coração ainda está preso nas árvores da floresta...”
  • 145.
  • 146. A importância dos vínculos afetivos.
  • 147. “Minha terapia é o amor de minha família, com eles eu volto a ser feliz”,...
  • 148. ...afirma Ingrid, cercada dos filhos, da mãe, da irmã, Astrid, e do sobrinho.
  • 149. Uma família feliz nada mais é que o paraíso antecipado.
  • 150. Entrega do Prêmio Príncipe de Astúrias da Concórdia 2008. Cidade de Oviedo, Espanha.
  • 151. Um reconhecimento “da dignidade e da coragem” de Ingrid diante do cativeiro.
  • 152. Segundo o júri, ela personifica todos aqueles no mundo que estão privados de liberdade devido à “defesa dos direitos humanos e luta contra a violência, a corrupção e o narcotráfico”.
  • 153. Ingrid, após afirmar que não merece “semelhante distinção”, aceita receber o prêmio, com “imensa emoção, muito respeito e humildade” em nome de seus antigos colegas de cativeiro, vivos e mortos.
  • 154. Dedica o prêmio à sua “amada Pátria, a Colômbia, sedenta de concórdia e paz”. E, agradecendo a Deus, pede para que Ele a guie para “poder responder com altura e sabedoria às oportunidades que se abrem para servir aos que sofrem, e ser a voz dos que não podem se expressar”.
  • 155. “Atrevo-me a receber o prêmio em nome de meus companheiros sequestrados, aqueles que estão esperando sua vez para a liberdade, e, com muito amor, em nome dos meus companheiros que não voltarão, aqueles que morreram na selva”.
  • 156.
  • 157. Cerimônia de entrega da medalha da “Legião da Honra”, a mais alta condecoração da França.
  • 158. O mundo, e as voltas que ele dá.
  • 159.
  • 160. A fragilidade e a força, a fé e a coragem de uma mulher. A fragilidade e a força, a fé e a coragem de todas as mulheres.
  • 161. A fragilidade e a força, a fé e a coragem de uma mulher. A fragilidade e a força, a fé e a coragem de todas as mulheres. Tema musical: Formatação: La Vie Continue (Andre Rieu) um_peregrino@hotmail.com