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Narrativa histórico-
materialista
DFCH454 – Linguagem do Cinema e do Audiovisual
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Prof. Cristiano Figueira Canguçu
1
Introdução
A narrativa histórico-materialista é a articulação de dois sistemas
formais em um mesmo filme de ficção:
• Um sistema narrativo, i.e., uma trama que produzirá uma fábula;
• Um sistema (não-narrativo) retórico, que defende um argumento
e apresenta razões que o sustentem.
2
Exemplos
Vanguarda soviética de 1920-30:
• Sergei Eisenstein: A greve (1925); Encouraçado Potemkin (1925);
Outubro (1928); A linha geral (1929); Ivan, o terrível (1932);
• Vsevolod Puovkin: A mãe (1926); O fim de São Petersburgo
(1927); Tempestade sobre a Ásia (1928);
• Lev Kuleshov: Mr. West no País dos Bolcheviques (1924);
• Alexandr Dovzhenko: Arsenal (1929); Terra (1930);
• Outros diretores: A roda do diabo (1926); Rendas (1928);
Fragmentos de um império (1929);
3
Exemplos
Vanguardas políticas de 1960-70 (influenciadas por Brecht, por
Althusser e pela republicação de Enseistein):
• Jean-Marie Straub e Danièle Huillet: Não reconciliados (1965);
Crônica de Anna Magdalena Bach (1968); Aula de História (1972);
• Grupo Dziga Vertov (Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Gorin e Anne-
Marie Miéville): Um filme como os outros (1968); Vento do leste
(1969); Pravda (1970); As lutas ideológicas na Itália (1971); Tudo
vai bem (1972);
• Jean-Luc Godard: Viver a vida (1962);
• Miklós Jancsó: Os sem Esperança (1966); O confronto (1969);
Allegro Barbaro (1979);
4
Subgêneros soviéticos
Sugêneros soviéticos:
1. A narrativa da revolução (Potemkin; Outubro; O fim de São
Petersburgo);
2. Discussão de problemas da vida pós-revolução (A roda do
diabo; rendas; Fragmentos de um império);
3. A construção de melhorias sociais (A linha geral; Terra; Ivan, o
terrível);
Fórmulas comuns na trama soviética:
1. Estrutura do confronto (maniqueísta) entre dois campos
sociais;
2. Estrutura do aprendizado da ética socialista.
5
Princípios da forma retórica
A estrutura retórica apresenta:
• um argumento persuasivo;
• que tem como objetivo que o público tenha uma determinada
opinião;
• e, quem sabe, agir de acordo com ela.
6
Atributos da forma retórica:
1. Autoconsciência:
o filme se dirige abertamente ao espectador via letreiros,
comentários de personagens, narração over, ou quebras da “quarta
parede” (ator olha diretamente e/ou se dirige à câmera);
2. Opiniaticidade:
esta estrutura não informa de modo neutro (embora o pareça
fazer), mas defende um ponto de vista dentre outros numa questão
polêmica ;
3. Emotividade:
em vez de só dar razões, apela-se muito às emoções;
4. Praticidade:
o filme não só tenta mudar nossa opinião, mas nos fazer agir
diferentemente;
7
Tipos de argumentos
• Apelos à autoridade (voz over confiável, personagens heroicos
e/ou com cargos que demonstrem conhecimento);
• Apelos a crenças comuns, incluindo representações negativas
(ad hominem) de certos tipos de personagens (burgueses,
feitores, religiosos, autoridades militares);
• Exemplificação (personagens e acontecimentos são exemplos
de uma tendência geral, supra-individual);
• Analogias (metáforas e comparações visuais), antíteses,
hipérboles...
• Apelos à emoção: defesa do que é virtuoso (bandeiras, família,
igualdade), indignação pela injustiça (sofrimento não-
merecido), escárnio pelo sofrimento do injusto... 8
Experimentalismo
As fábulas consistem em histórias didáticas e já conhecidas, mas
há espaço para experimentalismo.
Experimentos no estilo:
Ângulos de câmera incomuns; Lentes com distâncias focais
extremas; Montagem construtiva; Som extradiegético; Câmera
lenta e câmera acelerada; Desfoque; Iluminação chamativa; Uso de
fundos neutros; Poses e atuações não-naturalistas, quebrando a 4ª
parede; Montagem acelerada e inconsistente;
Experimentos na trama:
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9. Narração histórico-materialista

  • 1. Narrativa histórico- materialista DFCH454 – Linguagem do Cinema e do Audiovisual Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Prof. Cristiano Figueira Canguçu 1
  • 2. Introdução A narrativa histórico-materialista é a articulação de dois sistemas formais em um mesmo filme de ficção: • Um sistema narrativo, i.e., uma trama que produzirá uma fábula; • Um sistema (não-narrativo) retórico, que defende um argumento e apresenta razões que o sustentem. 2
  • 3. Exemplos Vanguarda soviética de 1920-30: • Sergei Eisenstein: A greve (1925); Encouraçado Potemkin (1925); Outubro (1928); A linha geral (1929); Ivan, o terrível (1932); • Vsevolod Puovkin: A mãe (1926); O fim de São Petersburgo (1927); Tempestade sobre a Ásia (1928); • Lev Kuleshov: Mr. West no País dos Bolcheviques (1924); • Alexandr Dovzhenko: Arsenal (1929); Terra (1930); • Outros diretores: A roda do diabo (1926); Rendas (1928); Fragmentos de um império (1929); 3
  • 4. Exemplos Vanguardas políticas de 1960-70 (influenciadas por Brecht, por Althusser e pela republicação de Enseistein): • Jean-Marie Straub e Danièle Huillet: Não reconciliados (1965); Crônica de Anna Magdalena Bach (1968); Aula de História (1972); • Grupo Dziga Vertov (Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Gorin e Anne- Marie Miéville): Um filme como os outros (1968); Vento do leste (1969); Pravda (1970); As lutas ideológicas na Itália (1971); Tudo vai bem (1972); • Jean-Luc Godard: Viver a vida (1962); • Miklós Jancsó: Os sem Esperança (1966); O confronto (1969); Allegro Barbaro (1979); 4
  • 5. Subgêneros soviéticos Sugêneros soviéticos: 1. A narrativa da revolução (Potemkin; Outubro; O fim de São Petersburgo); 2. Discussão de problemas da vida pós-revolução (A roda do diabo; rendas; Fragmentos de um império); 3. A construção de melhorias sociais (A linha geral; Terra; Ivan, o terrível); Fórmulas comuns na trama soviética: 1. Estrutura do confronto (maniqueísta) entre dois campos sociais; 2. Estrutura do aprendizado da ética socialista. 5
  • 6. Princípios da forma retórica A estrutura retórica apresenta: • um argumento persuasivo; • que tem como objetivo que o público tenha uma determinada opinião; • e, quem sabe, agir de acordo com ela. 6
  • 7. Atributos da forma retórica: 1. Autoconsciência: o filme se dirige abertamente ao espectador via letreiros, comentários de personagens, narração over, ou quebras da “quarta parede” (ator olha diretamente e/ou se dirige à câmera); 2. Opiniaticidade: esta estrutura não informa de modo neutro (embora o pareça fazer), mas defende um ponto de vista dentre outros numa questão polêmica ; 3. Emotividade: em vez de só dar razões, apela-se muito às emoções; 4. Praticidade: o filme não só tenta mudar nossa opinião, mas nos fazer agir diferentemente; 7
  • 8. Tipos de argumentos • Apelos à autoridade (voz over confiável, personagens heroicos e/ou com cargos que demonstrem conhecimento); • Apelos a crenças comuns, incluindo representações negativas (ad hominem) de certos tipos de personagens (burgueses, feitores, religiosos, autoridades militares); • Exemplificação (personagens e acontecimentos são exemplos de uma tendência geral, supra-individual); • Analogias (metáforas e comparações visuais), antíteses, hipérboles... • Apelos à emoção: defesa do que é virtuoso (bandeiras, família, igualdade), indignação pela injustiça (sofrimento não- merecido), escárnio pelo sofrimento do injusto... 8
  • 9. Experimentalismo As fábulas consistem em histórias didáticas e já conhecidas, mas há espaço para experimentalismo. Experimentos no estilo: Ângulos de câmera incomuns; Lentes com distâncias focais extremas; Montagem construtiva; Som extradiegético; Câmera lenta e câmera acelerada; Desfoque; Iluminação chamativa; Uso de fundos neutros; Poses e atuações não-naturalistas, quebrando a 4ª parede; Montagem acelerada e inconsistente; Experimentos na trama: Narração onisciente e opiniosa; Flashbacks e flash-forwards livres; Elipses inexplicadas... 9