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SONIA AUGUSTA DE MORAES




CLICANDO A INTERNET: UM PROJETO COM JOVENS E ADULTOS




             MARECHAL CÂNDIDO RONDON
                  SETEMBRO-2003




                                                       1
SONIA AUGUSTA DE MORAES




CLICANDO A INTERNET: UM PROJETO COM JOVENS E ADULTOS




                      Monografia apresentada como requisito parcial à
                      obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-
                      Graduação     em      Organização     do   Trabalho
                      Pedagógico da Universidade Estadual do Oeste do
                      Paraná, Unioeste.
                          Orientador: Prof. Ms. Marco Antonio B. Carvalho.




                 MARECHAL CÂNDIDO RONDON
                      SETEMBRO-2003




                                                                        2
Dedicado a uma pessoa Divina: minha mãe (in memoriam)




                                                   3
AGRADECIMENTOS




Agradeço aos colegas de turma pelos bons momentos que passamos juntos.




A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.




Meu especial agradecimento a todos os Jovens e Adultos do CEEBJA que
colaboraram como sujeitos da pesquisa.




                                                                                   4
“A tecnologia é maravilhosa, mas é preciso
que ela chegue à escola pública, senão as
diferenças sociais vão se aprofundar”.

                               Paulo Freire




                                         5
SUMÁRIO




1        INTRODUÇÃO........................................................................................       07

2        A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS CIÊNCIAS..........................................                              09

2.1      As grandes descobertas..........................................................................         10

3         A MÁQUINA CHAMADA COMPUTADOR.............................................                               14
3.1      A Internet: uma trajetória revolucionária.................................................               16
3.2      O uso dos recursos tecnológicos na educação.......................................                       18
4        A INTERNET NA EDUCAÇÃO................................................................                   22
4.1      As novas tecnologias e a sua aplicação no processo educacional.........                                  22
4.2      Alguns dados estatísticos da população excluída da era digital.............                              25

4.3      Minhas primeiras experiências com o computador e a Internet............... 28

5        UMA EXPERIÊNCIA ESTIMULADORA................................................... 43

5.1      Descrevendo o projeto “Clicando a Internet”............................................ 45

5.2      Os objetivos e estratégias do projeto Clicando a Internet.......................                         48

5.3      As dinâmicas usadas em sala de aula..................................................... 54

5.4      Atividades desenvolvidas com os alunos no laboratório de informática.. 57

5.5      Algumas falas sobre o projeto.................................................................           69



6        CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................                 73

REFERÊNCIAS.................................................................................................      77

ANEXOS............................................................................................................. 79




                                                                                                                         6
1.    INTRODUÇÃO




O desenvolvimento da tecnologia tem acarretado inúmeras transformações na
nossa sociedade, entre elas o surgimento de uma nova linguagem que inclui o uso
de recursos tecnológicos, que disponibiliza dados e informações o que permite
novas formas de comunicação. Fala-se aqui do computador e da Internet.



A aprendizagem intermediada pelo uso do computador tem gerado discussões
sobre as mudanças no processo de ensino bem como no processo de
aprendizagem. Se antes as únicas vias eram a sala de aula, o professor e os livros
didáticos, hoje este conceito se amplia e ao aluno é permitido “navegar” pelo
oceano de informações disponibilizadas pela Internet.



Para isto torna-se condição essencial refletir sobre a utilização desses recursos: o
computador e a Internet no sistema educacional. Na tentativa de estabelecer este
diálogo, este texto está dividido em quatro partes:


A primeira apresenta um relato breve sobre a evolução histórica das ciências,
destacando as principais descobertas a partir dos séculos XV e XVI e enfatizando
que estas, como as anteriores já continham o germe do desenvolvimento
tecnológico que vivenciamos na contemporaneidade.


A segunda comenta-se sobre as etapas de desenvolvimento de novas técnicas
para a criação do computador eletrônico. Destacando a revolução ocorrida com a
Internet e como o uso desses novos recursos: o computador e a Internet passam a
influenciar na vida das pessoas e conseqüentemente na educação.




                                                                                  7
Na seqüência do trabalho apresentamos uma proposta de análise referente ao
papel da Internet na educação. Para fazer um estudo desta temática acreditamos
que ela pode ser aplicada no processo educacional e apresentamos o que já
mudou e os indicativos do que ainda tem que mudar para que a mesma se torne
mais eficiente e eficaz em sua aplicação na educação. Também apresentamos
alguns dados estatísticos da população excluída da era digital. Finalizando esse
capítulo apresento minhas primeiras experiências com o computador e a Internet.



A quarta parte ira abordar sobre a Internet no processo ensino aprendizagem e os
possíveis inconvenientes dessa utilização, passando pela questão do processo
ensino aprendizagem, pelo novo perfil do professor e o que se espera deste “novo
aluno” nesta “nova sociedade”.



Com a chegada da Internet na escola um novo mundo com inúmeras
possibilidades abre-se diante de alunos e professores. O paradigma tradicional do
ensino baseado em aulas expositivas, consultas a enciclopédias e livros didáticos
dá espaço a uma nova realidade. Fala-se aqui de livros, sites, bibliotecas virtuais
que tanto o aluno quanto o professor podem visitar e consultar bastando para isto
um computador conectado a Internet.



Acredita-se que os grandes questionamentos seriam: como utilizar tais recursos
em sala de aula. E na tentativa de responder esta questão apresento como parte
final deste trabalho um projeto realizado com alunos de Educação de Jovens e
Adultos de uma escola Pública do Estado do Paraná. O projeto Clicando a Internet,
onde destaco os principais objetivos e estratégias, dinâmicas utilizadas em sala de
aula e no laboratório de informática, bem como depoimento dos alunos que
participaram do referido projeto.




                                                                                  8
2.    A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS CIÊNCIAS




Ao longo da história do homem muitas foram as transformações ocorridas nas
sociedades. O ser humano desde o início procurou desenvolver instrumentos e
ferramentas para satisfazer suas necessidades. Com a evolução do tempo, a
ciência foi tomando um papel cada vez mais importante nas sociedades.


Em especial na época em que vivemos, ela tornou-se integrante indispensável para
o nosso cotidiano. Mas os avanços da ciência e da tecnologia são tantos que
muitas sociedades não conseguem acompanhar essas transformações.


A cada dia que passa o homem apresenta novas descobertas em diferentes áreas
como no campo da genética, da química, da informática, e em muitas outras áreas
do conhecimento. Para nós talvez, muitas invenções feitas no passado, não são
tão valorizadas e às vezes até consideradas simples, mas para o homem que viveu
naquela época suas descobertas foram fundamentais para sua sobrevivência e não
eram tão simples como imaginamos.


No sentido de pontuar como o desenvolvimento da ciência e da tecnologia em
tempos remotos foi mola mestra para o desencadear de nossa evolução científica e
tecnológica, vamos recordar algumas das descobertas feitas pelo homem e
verificar como isso influenciou no seu modo de vida à época.


Os nossos antepassados, de acordo com suas necessidades foram criando
instrumentos para o seu trabalho. Os instrumentos eram feitos de pedras, ossos e,
principalmente madeira. Através de experimentos conseguiu fazer objetos que
serviam para cavar, cortar, descascar, produziu machados, facas, e cada vez mais
iam melhorando seus instrumentos de trabalho. E quando o homem aprendeu a
usar os metais, ele pode aperfeiçoar ainda mais suas ferramentas e armas,




                                                                               9
combinando instrumentos simples e bem cedo inventou as primeiras máquinas.
Para Gay (1996)
                       Com o aprimoramento de técnicas mais complexas o ser humano passou
                       por grandes revoluções. A primeira grande revolução foi a do neolítico,
                       nesse período as técnicas desenvolvidas foram fundamentais para a
                       sobrevivência do homem, a começar pela prática da agricultura e
                       também pela fabricação de objetos e ferramentas, que nesse período
                       histórico, essas descobertas representaram grandes invenções, pois
                       facilitaram a vida cotidiana do homem. (p. 34)1


Mas, todo esse processo demorou milhares e milhares de anos. Nos últimos
trezentos anos, as invenções se multiplicaram rapidamente e continuam se
aperfeiçoando cada vez mais. As máquinas e aparelhos que hoje conhecemos e
utilizamos são fruto do trabalho de milhões de pessoas, acumulado durante o
passar do tempo.




2.1        As grandes descobertas


Já vivemos muitas eras ou ciclos: era dos descobrimentos, a do renascimento, da
revolução científica, da revolução industrial e vivemos hoje a era da tecnologia com
o uso intensivo da informatização. Vivendo na atualidade às vezes nem da para
acreditar que existiram épocas na história em que o homem só conhecia o seu
território, e não imaginava que além do oceano existissem outros continentes e
outros povos.


Na história das descobertas encontramos interessantes e importantes fatos que
marcaram nosso desenvolvimento. A invenção da bússola, assim como o
aprimoramento das técnicas de navegação, facilitou a expansão marítima européia,
resultando na nova rota marítima para as Índias, realizadas por Vasco da Gama.
Os avanços da tecnologia de navegação da época foram notáveis, não tardando
assim o descobrimento da "nova terra", a América, realizada por Cristóvão



1
    Esta citação e outras que ocorrerem do referido autor estão no texto original em espanhol. Tradução minha.




                                                                                                             10
Colombo. Por outro lado, a pólvora, outrora utilizada meramente para a fabricação
de fogos de artifício, passou a ser utilizada para fins militares.


Percebemos que a partir dessa nova realidade, as novas descobertas vinham de
encontro com as necessidades da época, pois para explorar novas terras os
homens tinham que aprimorar e aperfeiçoar as técnicas de navegação, pois caso
contrário seria impossível a conquista de novos territórios. Os séculos XV e XVI
marcaram o início das grandes descobertas onde para muitos escritores foi o
renascer das artes, da literatura e das ciências. Esse período ficou conhecido como
o Renascimento.


O Renascimento manifestou-se primeiramente nas cidades italianas e depois se
difundiu por toda a Europa. Sobre esse período Harman (1995) diz:


                 Os historiadores da Renascença se referem muitas vezes a três grandes
                 desenvolvimentos importantes nas artes mecânica, a invenção da
                 imprensa, da pólvora e da bússola que contribuíram de forma notável
                 para o rápido desenvolvimento das sociedades européias nesse período.
                 (p. 17)


Muitos foram os representantes do renascimento italiano, dentre eles destacamos
Leonardo Da Vinci (1452-1519): foi pintor, arquiteto, escultor, físico, engenheiro, se
destacou na arte e nas ciências. Arruda (1986) em relação a Leonardo da Vinci diz
que “já no século XVI ele tinha imaginado uma máquina a vapor, mas foi apenas no
século XVIII que ela teve aplicação efetiva”. (p. 109)


Com isso percebemos que as invenções são feitas a partir das necessidades do
homem e da sociedade com o passar dos tempos, cada vez mais o homem
necessita de novos métodos e técnicas para o seu trabalho e para sua vida
cotidiana. Muitas foram às descobertas importantes feitas nesse período como
registra Harman (1995):


                 A publicação de Sobre a Revolução das esferas celestes (1543) pelo
                 astrônomo polonês Nicolau Copérnico deu início a uma transformação na




                                                                                   11
concepção do universo.Copérnico argumentava que o Sol era o Centro
                dos cosmos e não a Terra. [...] Essa publicação deu início a um processo
                que transformava a concepção do lugar do homem na natureza. (p. 26)


Outra personalidade importante do renascimento foi Galileu Galilei (1564-1642)
matemático, físico e astrônomo. Ele trouxe a teoria de Copérnico para o foco de um
debate intelectual, demonstrou que o centro do Universo é o Sol e não a Terra foi
perseguido pela Igreja que defendia a teoria de que a Terra era o centro do
Universo.


Galileu Galilei desmontou todo uma teoria criada pela igreja que através de suas
idéias, tinham o objetivo de reforçar o seu poder. Os grandes avanços da ciência
ocorridos graças às descobertas de Galileu e Copérnico, deram um impulso para
as pesquisas de Isaac Newton. Ele foi matemático, físico e astrônomo, descobriu
as leis da gravitação universal e da decomposição da luz. A respeito de Newton
Chassot (2000), faz o seguinte comentário:


                Newton não desconheceu as contribuições dos que o antecederam, (...)
                deixou claro em sua frase: “se vi mais longe do que os outros homens, foi
                porque me coloquei sobre os ombros de gigantes”, [...] Newton tornou-se,
                um século mais tarde, o símbolo da revolução científica européia. (p. 109)

Podemos dizer que a cada nova idéia, a cada novo instrumento criado pelo
homem, muitas foram e muitas serão as transformações ocorridas nas sociedades,
pois cada vez mais a ciências avança de uma forma rápida, mas tudo isso se deve
ao fato de já existir invenções importantíssimas feitas pelos homens no passado e
hoje essas invenções são fundamentais para outras grandes descobertas.


Também não podemos deixar de destacar que a cultura renascentista foi divulgada
graças à invenção da imprensa pelo alemão Gutemberg (1397-1468). De acordo
com os dizeres de Lobato (1972) “até o aparecimento da prensa [...] não existia no
Ocidente um só livro impresso, um só jornal, uma só revista”. (p. 152)




                                                                                       12
Hoje temos uma variedade de materiais impressos, e por isso fica até difícil
imaginar como seria a nossa vida sem livros, revistas e jornais, mas só que nem
sempre foi assim como comenta Kalinke (1999):


               Os avanços tecnológicos começam a ser utilizados, praticamente, por
               todos os ramos do conhecimento. As.descobertas são extremamente
               rápidas e estão à nossa disposição com uma velocidade nunca antes
               imaginada. O advento do chip, que deu origem aos computadores atuais,
               talvez tenha sido o grande achado deste milênio. (p. 13)

Verificamos que na atualidade os avanços tecnológicos são tão rápidos que muitos
produtos   tornam-se   obsoletos,    ficando   até   difícil   acompanhar    tantas
transformações.


Em relação à época atual Aquiles Gay (1996), destaca a importância do surgimento
de novas tecnologias no campo da microeletrônica, na biotecnologia e na
informática. Essa nova revolução é chamada pelo autor de Revolução científico
Tecnológica.


Nessa revolução ele cita o exemplo do computador, que realiza em poucos
segundos, operações complexas que com métodos tradicionais levariam dias de
trabalhos. O autor caracteriza bem essa grande revolução quando diz que
“Estamos passando de um esquema em que preponderante era a energia, e o
outro em que a supremacia passa pela informação; dos Cavalos a Vapor aos
Megabytes”. (p. 42)

A seguir vamos fazer um breve histórico da evolução do computador e analisar
algumas idéias em torno de seu uso e, em especial, discutir a sua aplicabilidade
enquanto recurso na educação.




                                                                                 13
3.    A MÁQUINA CHAMADA COMPUTADOR




Já dissemos que o homem durante toda a sua existência vem desenvolvendo e
aperfeiçoando seus instrumentos de trabalho e que com o passar do tempo ele
criou a necessidade de fazer cálculos mais complexos e de armazenar informações
cada vez mais volumosas. Sobre as formas utilizadas pelo homem para
representar quantidades, Silva (1980) diz que


                O primeiro sistema que o homem utilizou para representar quantidades
                foram os seus próprios dedos, posteriormente utilizou pedras, gravetos,
                nós em barbantes. [...] Essa representação não era a ideal para os
                comerciantes e mercadores. E passaram a usar placas de argila para a
                representação gráfica dos seus cálculos. Mais tarde, os egípcios
                trouxeram uma grande vantagem com o uso do pergaminho, e com os
                romanos começaram a escrever suas leis. (p. 18)


Mas foi na Antiguidade que surgiu o primeiro sistema de cálculo manual, há 3000
anos. Sua origem se deu na China e depois difundido por outros países orientais,
era o ábaco. Estes métodos se mostraram lentos e inexatos e não foram capazes
de atender as necessidades do homem com o passar dos tempos.


Mas foi a partir dos séculos XVII e XVIII que temos o desenvolvimento das técnicas
de cálculo. Temos a máquina de somar de Blaise Pascal, surgida em 1642. O Tear
de Jacquard antecede as modernas máquinas de cartões perfurados. Idealizada
por Leibnitz, foi criado em 1671 uma máquina de multiplicações, por volta de 1833,
Charles Babbage, continuou as invenções de Pascal e Jacquard, para conceber a
sua máquina analítica, mas não continuou por falta de recurso técnicos, conforme
revelou Silva (Ibidem).




                                                                                    14
Podemos Perceber como eram lentas as etapas de desenvolvimento de novas
técnicas nesse período e muitas vezes por falta de recursos não havia a
possibilidade de se continuar com um projeto. Se compararmos com a atualidade
as descobertas de hoje são muito mais rápidas, obviamente quando existe
interesse político ou econômico envolvido, mas é bom relembrar que estas
descobertas muito devem ao fato de já existir todo um rol de conhecimentos
anteriores.


Silva (Ibidem) revela que por volta de 1880, o Dr. Hermenn Hollerith, construiu o
primeiro conjunto mecanográfico de gestão com cartões perfurados. Em 1866,
William S. Burroughs produziu em escala industrial, máquinas de somar que
imprimiam o resultado.


As máquinas precedentes ainda eram relativamente lentas, para as necessidades
do homem nesse período em que desencadeava a guerra na Europa e que depois
se alastraria pelo mundo. Em 1871, uma equipe de engenheiros e estudantes da
Universidade de Harward, liderada pelo Prof. Howard Aiken, retomaram os estudos
de Charles Babbage, e por volta de 1944 eles concluíram com êxito um projeto de
computador, que ficou conhecido por Harward Mark I. As operações eram
controladas automaticamente com relés eletromagnéticos e os cálculos aritméticos
eram feitos mecanicamente.


Dois anos mais tarde, na Universidade de Pensilvânia, os Profs Eckert e John W.
Mauchly constroem para o exército norte–americano, um computador capaz de
efetuar 30 multiplicações por segundo. Foi o primeiro computador a usar
internamente componentes totalmente eletrônicos. A esse computador deu-se o
nome de E.N.I.A.C. (Eletronic Numerical Integrator And Computer).


Após isso foi feita a evolucão para a máquina E.D.V.A.C. (Eletronic Discrete
Variable Automatic Computer), e posteriormente em 1952 a partir do E.D.V.A.C
atingiu-se o primeiro computador comercial do mundo: o Univac Nos seis anos que




                                                                              15
compreendem o período de implantação, muitas firmas passam a comercializar os
computadores. E a partir de 1950, as máquinas não são unicamente destinadas
aos cálculos científicos, mas a toda a espécie de processamentos lógicos das
informações.
Com este relato histórico apresentado por Marco Antonio F. da Silva fica claro
afirmar que ao longo da trajetória de vida dos seres humanos eles foram criando
ferramentas para facilitar o seu trabalho e sua vida cotidiana, e que o computador
foi mais uma das ferramentas inventadas para auxiliá-lo na sua vida profissional e
também no seu dia a dia.


Assim, neste contexto de desenvolvimento o computador propiciou muitos outros
recursos que foram criados a partir das mais variadas aplicações que foram dando
para esta nova ferramenta que passou a revolucionar o mundo moderno. Dentre
estas variadas aplicações o que mais vem impressionando os pesquisadores é a
Internet.




3.1    A Internet: uma trajetória revolucionária



Esse recurso também teve suas etapas de evolução, pois as pessoas que criaram
a Internet não fizeram isto da noite para o dia. O registro de criação nos leva ao
governo dos Estados Unidos nos anos sessenta, mais especificamente, ao
Departamento de Defesa dos EUA (Advanced Research Projects Agency).


Neste período, foi criada uma rede de computadores cuja finalidade era pesquisar
novas formas de comunicação. É bom lembrar que este período Histórico era os
tempos da chamada Guerra Fria, e os EUA tinham que mostrar sua supremacia
junto à extinta União Soviética. O objetivo desse departamento era desenvolver um
sistema que resistisse aos possíveis ataques inimigos.




                                                                               16
Assim, com este cenário, surgiu a Arpanet. Além da arquitetura inteligente, a
Arpanet adotou uma linguagem de comunicação bastante polivalente, capaz de
fazer    com   que   computadores    de   diferentes   modelos     e   fabricantes   se
comunicassem entre si.
Posteriormente esta forma de comunicação chegou à universidade. Sobre este
encaminhamento dado aos primeiros trabalhos com a informática interligando as
comunicações, Bauer (1997) revela que


                Em 21 de novembro de 1969, foi trocada a primeira mensagem eletrônica
                pela Arpanet, entre a Universidade da Califórnia e o Instituto de
                Pesquisas de Stanford. Reservada no início a poucos acadêmicos e
                pesquisadores americanos ligados à indústria militar, a Internet começou
                a se popularizar nos anos 80. Diversas outras redes começaram a se
                ligar à antiga Arpanet, dando-lhe um caráter de “rede das redes” daí o
                nome Internet (net, em inglês, significa rede).(p.21)


Muito mais do que novas ferramentas, todas essas descobertas serviram para que
o homem pudesse abrir caminhos, em busca da expansão do lugar físico e de
melhorar sua vida. Hoje, com a Internet, o homem pode viajar por muitos lugares,
bibliotecas, conversar com pessoas do mundo inteiro.


O computador e os recursos da Internet são usados para vários fins, e a sua
utilização chegou também a área da educação e isto tem gerado muitas
discussões. Para alguns autores o uso do computador e de seus recursos na
educação pode ampliar o mundo daqueles que a utilizam, abrindo novas
possibilidades tanto para professores como para alunos. Outros até apóiam o uso
do computador na educação, mas consideram que se deve ter cautela ao trabalhar
com esse recurso e há ainda aqueles que não vêem com bons olhos a utilização
do computador na sala de aula, ou podemos dizer, no processo educativo do
aluno.


Assim, parece oportuno discorrermos sobre a utilização desta máquina, com seus
diferentes recursos que podem ser trabalhados na educação, e, apresentar




                                                                                     17
também, como o trabalho efetivo com a tecnologia é apresentado no discurso
oficial da educação brasileira.




3.2   O uso dos recursos tecnológicos na educação


A informática faz parte do dia a dia do cidadão, quando usa o telefone, a agência
bancária, são inúmeras as coisas em que esta tecnologia esta presente.


Na educação a informática utiliza-se principalmente do computador, através dessa
ferramenta o aluno poderá construir objetos virtuais, realizar cálculos complexos
editar textos, criar páginas e muitas outras coisas. Mas anteriormente, outras
tecnologias foram introduzidas na educação.


                A primeira revolução tecnológica no aprendizado foi provocada por
                Comenius (1592-1670), quando transformou o livro impresso em
                ferramenta de ensino e de aprendizagem, com a invenção da cartilha e
                do livro texto. (Proinfo: Informática e formação de professores, SEED,
                2000, p. 13)



Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) em sua versão preliminar destaca a
importância dos recursos tecnológicos na educação quando afirma que “o uso do
computador na escola irá proporcionar, uma melhora da atividade de ensino e da
qualidade da aprendizagem”. (p.151)

Porém, o documento enfatiza que

                A incorporação de recursos tecnológicos não é por si só, garantia de
                maior qualidade na Educação, a utilização dos microcomputadores na
                escola não é sinônimo de transformação da prática pedagógica. É
                preciso levar em conta qual é a Educação que queremos oferecer aos
                nossos alunos e que a utilização das novas tecnologias seja amplamente
                discutida e elaborada conjuntamente com os professores, alunos equipe
                técnica e comunidade escola. (p.151)




                                                                                   18
Nas escolas atualmente o que se percebe e que alguns professores não tem muito
interesse em desenvolver projetos utilizando o computador, muitos menos de ler
novas propostas, novas idéias, sobre como trabalhar com essa novas tecnologias
na educação.




Também temos presenciado que muitas escola possuem ótimos laboratórios, mas
seus professores passam a utilizar o computador sem propostas, sem amarrar com
os conteúdos e utilizando-se das máquinas apenas como mera executora de
tarefas, onde o aluno passa a realizar atividades mecânicas.




Consideramos que para aprender a trabalhar com word, planilhas, power point,
excel, pode-se aprender tranqüilamente lendo manuais. O mais interessante seria
aprender o que fazer com todos esses recursos que o computador oferece, onde o
aluno possa desenvolver sua criatividade e que esta esteja voltada para a melhor
compreensão dos demais conteúdos escolares. Pois caso contrário usar a nova
tecnologia poderá representar apenas a troca de um recurso, pois poderemos estar
produzindo uma aula memorística, desconectada da realidade social dos alunos
mesmo estando em um sofisticado laboratório.




Essa realidade não é apenas no ensino fundamental ou médio, recentemente
ficamos observando uma aula no laboratório de uma instituição de Ensino Superior.
Nesse laboratório de informática tinha em torno de vinte computadores, em cada
computador tinha dois alunos em alguns casos até três, e a aula era sobre excel, o
professor ficava “ensinando” as diversas funções das barras de ferramentas, como
tinha apenas um aluno por computador um fazia, o outro apenas olhava.




                                                                               19
O professor poderia usar essa aula para mostrar ao aluno que com o excel, ele
poderá criar, desenvolver, programas, tabelas históricas, que sejam interessantes
para as empresas ou até para suas atividades pessoais, seria uma forma de
mostrar para o aluno que ele tem condições de criar idéias novas e não sempre
reproduzir o que os outros já produziram. Paulo Freire (1995) faz um comentário
interessante sobre o uso de computadores na educação:



                A educação não se reduz à técnica, mas não se faz educação sem ela.
                Utilizar computadores na educação, em lugar de reduzir, pode expandir a
                capacidade crítica e criativa de nossos meninos e meninas. Dependendo
                de quem o usa, a favor de que e de quem e para quê. O homem concreto
                deve se instrumentar com o recurso da ciência e da tecnologia para
                melhor lutar pela causa de sua humanização e de sua libertação. (p. 22)


Entendemos que os professores são fundamentais nesse processo de expandir a
capacidade crítica do aluno, mas se esse professor não tiver propostas de ensino,
poderá usar o computador apenas para executar tarefas repetitivas e mesmo que
possa produzir alguma atratividade ao aluno, seu lado aplicativo deixaria a desejar,
pois poderia estar estimulando a passividade ao invés do espírito crítico.


Ao usar o computador, o professor deve proporcionar condições aos alunos de
criar, questionar, buscar novos conhecimentos, interpretar os textos, errar, acertar
e ao utilizar mais esse recurso, que é o computador, isso não irá prejudicar o aluno
em nada, irá possibilitar mais conhecimentos, onde o aluno poderá através da
Internet até consultar textos, periódicos, em uma biblioteca da Espanha, sem
precisar ir até lá, e se não fosse o computador nada disso seria possível.


                O aluno deixa de ser passivo, de ser o receptáculo das informações para
                ser ativo aprendiz, construtor do seu conhecimento. Portanto, a ênfase da
                educação deixa de ser a memorização da informação transmitida pelo
                professor e passa a ser a construção do conhecimento realizado pelo
                aluno de maneira significativa sendo o professor o facilitador desse
                processo de construção.2

2
  José Armando VALENTE, Fernando José de ALMEIDA, Visão Analítica da Informática
na Educação no Brasil: a questão da formação do professor, disponível em




                                                                                      20
Para alguns professores essas propostas de ensino que visam romper
radicalmente com o ensino tradicional ainda muito presente em escolas e até
universidades não passam de um exercício de retórica. Mas nós enquanto
professores da rede Estadual de Ensino acreditamos que inovar na educação é
preciso. E se o computador e a Internet possibilita essa mudança temos não só
que acreditar, mas acompanhar essas inovações, para possibilitar aos nossos
alunos o acesso a mais essa nova forma de comunicação e conhecimento, que
com certeza poderá auxiliar em seu processo de escolarização.


Assim, com este pano de fundo, ou seja, afirmando que a tecnologia da informação
já adentrou ao espaço escolar vamos nos deter de forma mais direcionada a
discutir como a Internet pode ser utilizada no espaço escolar.




http://www.inf.ufsc.br/sbc_ie/revista/nr1/valente.htm acesso em: 04 março de 2003




                                                                                    21
4.    A INTERNET NA EDUCAÇÃO




4.1   As novas tecnologias e a sua aplicação no processo educacional


O uso de novas tecnologias tornou-se uma necessidade no mundo em que
vivemos, conforme já destacamos no capítulo anterior, e a descoberta de novas
tecnologias tem nos afetado de todas as formas.


Sobre o conceito de novas tecnologias, Marques (1999) afirma que:


               Por novas tecnologias entendemos hoje, o surgimento de uma outra
               articulação de linguagem encarnada em novos suportes que são as
               máquinas com que os homens se comunicam, dotando-as da capacidade
               de processarem e intercambiarem informações. (p. 45)


Das tecnologias atuais, o computador e os seus recursos são amplamente
utilizados em nosso dia a dia. Com essa máquina muita coisa mudou, hoje a maior
parte da sociedade convive com as praticidades criadas por suas diferentes
aplicabilidades. Entre seus recursos destacamos a informática.


Com todas essas novas possibilidades do uso do computador, muita coisa passa a
ser feita de forma diferente, antes, por exemplo, comprávamos em lojas e
pagávamos com dinheiro, cheque ou cartão, hoje também compramos nas
mesmas lojas, mas sem precisar ir até elas, pagamos por débito eletrônico direto,
ou por meio do cartão, dispondo assim de certa comodidade.




                                                                              22
Nesse novo processo de compras, utilizam-se os computadores para trocarem não
somente as informações necessárias para efetuar e pagar uma compra, mas
também as empresas, no mesmo instante em que executam esta operação, já
controlam seus estoques e toda a sua contabilidade. Além desse exemplo, muitos
outros podem ser citados, em que o computador se apresentará como sendo a
ferramenta principal, contribuindo assim de forma direta e indireta para
significativas mudanças comportamentais.


No bojo destas mudanças, uma pessoa hoje pode conhecer outra, namorar e
ultimamente até casar-se usando o computador, coisa que em tempos passados,
jamais poderíamos acreditar, que alguém pudesse casar com outra pessoa usando
o computador como o mediador de um contrato interpessoal.


Um outro exemplo de aplicabilidade está nos serviços diversos que o computador
pode oferecer, que vai desde uma receita de bolo que pode ser encontrada nas
páginas da Net até diferentes e sofisticadas operações bancárias.


Cabe destacar como este equipamento também tem auxiliado em áreas que
mantinham uma tradição histórica de funcionamento como é o caso da medicina,
pois na atualidade, já estamos sendo surpreendidos com os sofisticados
procedimentos cirúrgicos sendo comandados pelo cirurgião que às vezes, se
encontra em outro continente, ou seja, um procedimento médico sendo executado
com o auxilio imediato da máquina.


Outra aplicação do computador na área da saúde é que através dele, podemos
achar com maior rapidez, doadores de órgãos que tenham compatibilidade com
aqueles que dependem, muitas vezes em caráter de urgência deste serviço.


Uma área importante que na atualidade tem se apropriado deste recurso é a área
do direito. Já vivemos em tempos de interrogatórios via on-line e da utilização de




                                                                               23
julgamentos que são monitorados e transmitidos para as salas de diferentes
universidades como material de estudo.


Neste contexto, certamente podemos afirmar que o computador tem facilitado a
vida de muitas pessoas. Assim, é próprio que pensemos que esta tecnologia não
poderia deixar de influenciar o sistema educacional.
Sobre esta apropriação do computador no campo da educação, que ganha a
nomenclatura de “novas tecnologias em educação”, Masetto (2003) argumenta
que:


                O uso da informática, do computador, da Internet, do Cd-Rom, da
                hipermídia, da multimídia, de ferramentas para a educação à distância –
                como chats, grupos ou listas de discussões, correio eletrônico etc, - e de
                outros recursos e linguagem digitais de que atualmente dispomos e que
                podem colaborar significativamente para tornar o processo de educação
                mais eficiente e mais eficaz. (p. 152)


O uso do computador na escola trouxe novas formas de ensinar assim como cria
novas perspectivas de aprendizado. Exemplo disto pode ser encontrado no
comentário de Masetto (Ibidem, p. 152), quando diz que “essas novas tecnologias
cooperam para o desenvolvimento da educação em sua forma presencial
(fisicamente), [...] e principalmente para o processo de aprendizagem à distância
(virtual)”.


Essas novas formas de ensinar e aprender vem gerando entre os especialistas e
educadores, muitos questionamentos, dúvidas, ansiedades, em que todos estão
tentando, de uma forma ou de outra, buscar respostas para essas mudanças
pedagógicas advindas com a introdução dos computadores no ambiente escolar, e
com ênfase na aplicabilidade da Internet nas escolas, que é objeto desta
discussão.


Sinalizando para a potencialidade destas mudanças, já podemos verificar
alterações até na estrutura física da escola, pois o modelo presencial de ensino




                                                                                       24
que marcou toda a história da educação, hoje já abre espaço para o que
chamamos de “escola virtual”.


Essa escola tem muitas características que a diferem da escola presencial, a
começar que esta não tem um endereço fixo, mas vários endereços. Tampouco
possui uma hora especifica para dela fazer uso, é a escola mediada pelo
computador, onde parecer não haver limites para o conhecimento.
Sobre esse tipo de escola, Marques (1999) comenta:


               A Escola Virtual envolve contatos múltiplos e freqüentes de alunos com
               alunos, de alunos com professores, de alunos e professores com
               interlocutores externo, com grupos e listas de discussão sobre assuntos
               diversos. E envolve escolas interligadas, participantes de projetos
               comuns. (p. 146)


Essa escola virtual, já é realidade, embora para um número ainda pequeno de
alunos, que através de comunidades também virtuais, passam a estabelecer novas
formas de aprendizagem, intercambiando conhecimentos e informações.


Quando ouvimos o discurso sobre todos esses recursos tecnológicos aplicados a
escola virtual, dá-se a impressão que a maioria das escolas, e dos alunos já tem ou
terão, em pouco tempo, acesso a todos esses recursos, principalmente ao
computador e a Internet, no entanto, é importante registrar nesse momento alguns
dados estatísticos sobre o que se pode chamar de a “exclusão digital”.




4.2   Alguns dados estatísticos da população excluída da era digital


Recente pesquisa feita pela Unesco e divulgada pela jornalista Luciana
Constantino, revelou que:


               Mais da metade dos alunos do ensino médio que estão se preparando
               para prestar vestibular ou ingressar no mercado de trabalho, não tem
               acesso a computador em casa. [...] E 40% dos estudantes de escolas
               privadas não possuem computador, enquanto esse dado passa para 80%




                                                                                   25
quando se fala em escolas públicas. Por outro lado, uma parcela dos
                       professores também admite não dominar a informática. [...] Dos docentes
                       de escolas públicas, de 7,2% a 24,6% dizem não ter domínio do
                       equipamento.3



Em outro momento, também no jornal Folha de São Paulo, Marijô Zilveti publicou
um artigo sobre a inclusão digital, e ações de setores que visam aumentar a essa
população excluída da era digital, o acesso à informação. Segundo esse artigo:




                       A população mundial ultrapassa a casa dos 6 bilhões. Desse total, 605,6
                       milhões estão conectados na Internet. Essa última estimativa é baseada
                       em vários parâmetros, de acordo com o NUA Internet Surveys
                       (www.nua.com) , revelando que os computadores ainda estão restritos a
                       universidades, empresas e lares de alta renda. (p. F4)4




É possível uma melhor analise destes dados quando observamos o gráfico
apresentado na reportagem e que apresenta o “EUA, Canadá, Europa, Ásia e
Pacífico como sendo responsáveis por mais de 560 milhões de usuários que
utilizam a rede em casa ou no trabalho”. A jornalista revelou ainda que “um em
cada três europeus usa a internet, de acordo com o site www. analysys.com “.

                                                  Gráfico 01




3
    Folha de São Paulo, 29 / 04/ 2003. Caderno 4. Computador é luxo para pré-vestibulando.
4
    Folha de São Paulo, 26 / 03 / 2003. Caderno F4. Tecnologia vira meio para inserir cidadão no mundo.




                                                                                                          26
Quantos habitantes estão conectados na rede (em milhões)
                                   Total : 605,6
                                       2002

    250                                                                         Canadá e EUA
    200       1 82 ,67                 190,91                        1 87,2 4
                                                                                América Latina
    150                                                                         Europa
    100                                                                         África
                              33,35
     50                                                                         Oriente Médio
                                                 6,31      5 ,1 2
      0                                                                         Ásia / Pacífico
            Canadá e América          Europa    África   Oriente     Ásia /
              EUA     Latina                             Médio      Pacífico



                         Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 26 de março de 2003.



Na seqüência de seu artigo ela comenta que “especialistas acreditam que a guerra
contra a exclusão digital depende dos esforços do governo (em várias instâncias),
parcerias com empresas e investimentos em projetos que contemplem as
inovações tecnológicas”. (F4)




Algumas organizações não governamentais e comunidades têm tomado iniciativas
para incluir a população carente em projetos usando o computador e seus
recursos.




Em relação à guerra contra a exclusão digital o jornalista e educador Gilberto
Dimenstein, é citado no mesmo artigo de Marijô Zilveti, porque afirma que o mais
importante, segundo ele, é usar o computador como forma de se expressar “para
habilitar o jovem a poder mudar sua comunidade”. (p. F4)




                                                                                                  27
Alguns projetos são indicativos de um olhar e de uma prática, já em funcionamento,
de oferecer condições de acesso à população de menor renda à informática, como
é o caso da cidade de Curitiba que segundo Behrens (2000) “existem os Faróis do
Saber, que oferecem à população de baixa renda e à comunidade em geral o
acesso à rede de informação via Internet”. (p. 118)




Sabemos que o número de pessoas excluídas do acesso ao computador e a
Internet é considerável, mas nós enquanto profissionais da educação devemos
incentivar e desenvolver projetos, que possibilite aos chamados “excluídos digitais”,
o acesso às novas tecnologias de informações. Sobre essa realidade, Behrens
(Ibidem ) diz :



                  A realidade brasileira não tem permitido o acesso aos recursos
                  tecnológicos a todos os cidadãos com igualdade, mas este fator não deve
                  servir como desculpa para isentar o professor de oferecer a melhor
                  possibilidade metodológica que puder disponibilizar para seus alunos. (p.
                  118)




Muitos são os projetos desenvolvidos para a inclusão digital, em anexo,
apresentamos uma lista com endereços eletrônicos de algumas instituições que se
dedicam a essa parcela da população que não tem acesso aos recursos
tecnológicos. Atualmente, enquanto professora, não faço parte dessa parcela da
população excluída da era digital, mas nem sempre foi assim.




4.3    Minhas primeiras experiências com o computador e a Internet




                                                                                        28
Acredito ser oportuno o testemunho de meu envolvimento com esta temática, em
especial com o uso do computador, pois durante muito tempo ignorei sua aplicação
na minha prática educacional. Via outras pessoas digitando, fazendo tabelas e
desenhos, no computador. Também usavam uma nomenclatura desconhecida para
mim, como é o caso de “navegar na rede” isto me fazia sentir como uma
“analfabeta digital" diante da linguagem destes colegas.


Minha experiência profissional como professora iniciou-se no ano de 1990 com
alunos do curso de Magistério. Nesse curso ministrava aulas da disciplina de
História e Geografia. Atualmente trabalho como professora de História e Geografia
na rede pública de ensino para Jovens e Adultos e também coordeno projetos em
educação à distância na secretaria Municipal de Educação do Município de
Marechal Cândido Rondon no estado do Paraná.


O computador passou a fazer parte da minha vida pessoal e profissional há muito
pouco tempo, a partir do segundo semestre do ano de 1999. Até essa data, muitos
dos trabalhos que precisava para minhas atividades de sala de aula eram feitos por
outras pessoas que já trabalhavam com o computador.


Outras atividades eram realizadas com a minha máquina de escrever. Neste
período é interessante revelar que não tinha muito interesse em trocar a máquina
de escrever pelo computador. E que somente a partir do segundo semestre do ano
de 1999, esse cenário começou a mudar em minha vida não só de docente, mas
também de pessoa inserida no mundo tecnológico. Nesse ano trabalhava com a
Educação de Jovens e Adultos, em uma escola pública, quando um folder chamou-
me a atenção, por anunciar um curso de Lato Sensu, em Educação a Distância,
para habilitar professores na formação de tutores, que iriam atuar em cursos
presenciais e a distância. O curso estava oferecendo cem vagas para os
professores da Universidade Federal de Paraná, e trinta vagas para professores
externos, embora a probabilidade de ingresso fosse pequena para minhas
pretensões à época, elaborei um projeto e consegui ingressar no curso.




                                                                               29
No primeiro dia de aula, já senti os impactos das tecnologias, muitos professores
ao invés de anotar as atividades em seus cadernos, possuíam notebook e na lista
com os nomes dos cursistas, tínhamos de anotar nosso e-mail, a maioria já
possuía seu endereço eletrônico, mas eu não tinha nem e-mail, e nem computador.
Para não “fazer feio” liguei para o meu primo e pedi o seu e-mail, e passei como se
fosse o meu.


Esse curso tratou sobre a Educação à Distância e seus recursos, o que mais me
impressionou foi uma aula onde o professor estava na Espanha e através dos
recursos da videoconferência, foi possível manter um diálogo entre o professor e a
turma em tempo real. Esta dinâmica de aula foi fundamental para entendermos que
a diferença, do tipo de aula, não era pelo fato do professor estar presente, ou
ausente, e sim a diferença estava na metodologia usada pelo professor.


Nesta experiência vivenciada pela turma, observamos que ele utilizou-se dos
novos recursos oferecidos pelo avanço das tecnologias que possibilitaram, neste
caso, uma outra forma de comunicação e interação, essa realidade não prejudicou
em nada o processo de aprendizagem, ao contrário, houve uma grande
interatividade, entre os alunos, e o resultando foi uma aula interessante e dinâmica
para todos os participantes.


O curso também, disponibilizou um laboratório de informática e no último dia
tivemos uma aula prática. Não existia nenhuma atividade programada, era apenas
para matar nossa curiosidade, acessar a Internet e perguntar as dúvidas ao
professor. Eu como nunca se quer tinha ligado um computador, fiquei apenas
observando os meus colegas, claro, não queria deixar transparecer que não sabia
nada, por isso optei por ficar só olhando, senti nesse momento, até um pouco de
vergonha, por não saber lidar com o computador, a maioria dos cursistas já
demonstravam uma certa intimidade com a máquina. Mas tudo bem passou essa




                                                                                 30
aula e ao final do curso tínhamos que desenvolver as atividades propostas pelos
guias didáticos.


A disciplina de Comunicação e Informação em Educação a Distância, propôs uma
atividade no qual era usado o computador. Como não tinha ainda computador, fui
fazer a atividade no computador do meu primo, que estava no escritório onde ele
trabalhava.


A atividade proposta era a seguinte: entrar num programa de site de busca, e
buscar a expressão Educação a Distância, na resposta virão várias possibilidades.
Clique uma. Na resposta virão várias opções: clique uma e assim por diante. Essa
atividade era para demonstrar que em cada processo era construído um texto
diferente. E ao clicar em outros, tínhamos vários textos.
Mas o mais importante da atividade era que o próprio aluno clicasse nos links,
como ainda não sabia navegar na Internet, meu primo, fez as atividades e imprimiu
os textos para que pudesse apresentar para o professor. De certa forma senti
frustrada, por não poder realizar a tarefa usando o computador. A partir dessa
atividade comecei a perceber que estava motivada a usar o computador, e seus
recursos. Enquanto aluna do curso, senti que a motivação foi impulsionada pelas
atividades propostas, no qual o computador foi o elemento principal para realizá-
las. Sobre essa situação onde a motivação é fator fundamental para a
aprendizagem, Andrade (2003) comenta:


                   [...] O fato é que sem motivação não ocorre aprendizagem. Não adianta
                   insistir para que uma pessoa aprenda se ela não estiver motivada. [...]
                   Motivar ou produzir motivos significa predispor a pessoa para a
                   aprendizagem. O aluno estará motivado para aprender quando está
                   disposto a iniciar e continuar o processo de aprendizagem, ou quando
                   está interessado em aprender um certo assunto ou resolver um dado
                   problema. Daí a importância em motivá-lo, tendo em vista seus
                   interesses, sua bagagem cultural. (p. 71)


Após esse curso, como já relatei, passei a me interessar mais pela Educação a
Distância. No ano de 2000 adquiri meu primeiro computador e logo instalei a
Internet. A partir daí comecei a manusear o computador com o auxílio de minha




                                                                                       31
filha de doze anos que já sabia lidar com o computador e com a Internet. Logo
criei meu primeiro e-mail que foi       augusta@rondonet.com.br,       atualmente é
sam@rondonet.com.br, troquei, em função dos vírus.


Na Internet, comecei a acessar os endereço que foram repassados para nós no
curso. Lembro-me como se fosse hoje, da primeira página que acessei, foi do site
www.ead.ufms.br. Nesse mesmo site fiz meu primeiro curso on-line que era sobre
Criação de página na Internet para professores. Mas não tive muita sorte, porque o
curso ficou apenas uma semana on-line.


O ambiente virtual das aulas eram interessantes, mas não sei porque motivo, o
criador do curso, mandou uma mensagem via e-mail, dizendo da impossibilidade
de continuar o curso, recebi apenas um e-mail do professor, mas como estava no
início do curso, apenas li e ficou por isso mesmo.
Esse início frustrante de curso on-line, não foi suficiente para me desanimar, logo
me inscrevi noutro curso on-line do portal www.klickeducacao.com.br o curso era
Sala de Aula e Internet, esse sim valeu a pena, o curso possibilitou vários
momentos de interação entre a Tutora Flávia Amaral Rezende e os cursistas.


Nesse curso aprendi a anexar as primeiras mensagens no e-mail, algumas
técnicas de navegar, fiz leituras de textos interessantes e serviu também para
melhorar um projeto que vinha elaborando em sala de aula, e o mais importante é
que perdi aquele medo de trabalhar com o computador e a vergonha foi superada
pela vontade de aprender. Meu primeiro e-mail foi destinado à Tutora Flávia
Rezende, pois estava com problemas para acessar o curso:


                Olá professora Flávia estou sem poder acessar ao curso pois, aparece à
                mensagem que a página não está disponível ou quando aparece,
                aparece em código.
                Gostaria que verificasse.
                Abraço
                Sonia Moraes


E a resposta da professora foi:




                                                                                   32
Sonia!



               Ola! Bom você estar conosco embora pareça que ainda persistam alguns
               problemas. Se você acessa o sistema via Home da Escola de
               Professores e por algum motivo o sistema cai, sua senha fica presa por
               15 minutos. Se o problema ainda persiste são 20h35 de domingo me
               avise. Tente me contar se aparece erro 404. Qualquer dúvida a mais me
               ligue apesar de estar em São Paulo. (011) 4418154.


Depois de solucionado o problema passei a acessar, o curso e a trocar e-mails
entre os cursistas, inicialmente foram para as apresentações, enviei um e-mail aos
colegas, onde fiz um breve histórico sobre minhas funções e anexei a primeira
imagem no e-mail!

               Olá amigos sou a professora Sonia Moraes esta foto é do Departamento
               de Educação a Distância da Secretaria de Educação de Marechal
               Cândido Rondon, atualmente estou coordenando o curso de tutoria da
               Universidade Federal do Paraná, este curso não é totalmente on-line,
               existem momento presenciais e a distância posteriormente o nosso
               Município implantará o Centro Associado com cursos à distância da
               UFPR (especialização, técnico e graduação), futuramente mestrado (em
               Educação a Distância pela UFPR), apenas está aguardando parecer do
               MEC.




               Um abraço!


Nesse curso on-line, através da troca de e-mails percebi que a maioria dos
professores estavam tentando aos poucos introduzir o computador e a Internet em




                                                                                  33
sala de aula, podemos verificar essa realidade em alguns e-mails enviados pelos
colegas de curso.


                    Sou Mônica, professora de Ensino Fundamental e de História da rede
                    pública municipal, trabalhei quatro anos como professora orientadora
                    de informática educativa e atualmente estou trabalhando no Núcleo
                    de Ação Educativa da PMSP na equipe pedagógica. É um prazer
                    poder compartilhar esse espaço com vocês. Sou marinheira de
                    primeira viagem em curso on-line. Minhas expectativas com relação
                    ao curso são: pesquisar na internet com maior agilidade, refletir sobre
                    o uso pedagógico desse recurso no desenvolvimento de projetos e
                    pensar sobre formas de viabilização de troca de conhecimentos e
                    informações através da criação de sites.
                    Até breve: Mônica

Essa professora mostra a sua preocupação, sobre como usar a Internet no
desenvolvimento de projetos. Muitos professores pensam em usar esse recurso em
sala de aula, mas a realidade muitas vezes impossibilita a realização de projetos
que utilizam o computador e seus recursos. Para preparar os professores para a
utilização do computador e da Internet, Moran (2000) destaca alguns passos:


                O primeiro passo é procurar de todas as formas tornar viável o acesso
                freqüente e personalizado de professores e alunos às novas tecnologias,
                notadamente à Internet. [...] A sociedade precisa ter como projeto político
                à procura de formas de diminuir a distância que separa os que podem os
                que não podem pagar pelo acesso à informação. (p. 50)

Ele acrescenta ainda que

                O segundo passo é ajudar na familiarização com o computador, com
                seus aplicativos e com a Internet. Aprender a utilizá-lo no nível básico,
                como ferramenta. No nível mais avançado: dominar a ferramenta da
                Web, do e-mail. Aprender a pesquisar nos search, a participar de listas
                de discussões, a construir páginas. O nível seguinte é auxiliar os
                professores na utilização pedagógica da Internet e dos programas
                multimídia. (p. 51)

Também a minha principal preocupação, era como usar o recurso da Internet, num
projeto que estava começando a ser desenvolvido, com Jovens e Adultos de uma
escola pública do Município de Marechal Cândido Rondon, no estado do Paraná. E
enviei o seguinte e-mail:




                                                                                        34
Desejo utilizar os recursos de internet porque a educação não pode
                excluir os alunos desses avanços tecnológicos, negar esses recursos ao
                aluno que nunca viu ou usou a Internet é contribuir para a discriminação
                ou exclusão daqueles que talvez só terão oportunidade de utilizar esse
                recurso na escola, através de um projeto bem elaborado. A faixa etária
                dos alunos é entre14 a 45 são Jovens e adultos que já foram excluídos
                do ensino regular.

                Possuo o planejamento dos objetivos, justificativas metodologias e
                avaliação, enfim da dinâmica em relação aos conteúdos, que será
                montado a partir da construção do aluno através das atividades proposta.
                 Usaria a Internet para que o aluno pudesse visualizar e acessar os
                principais recursos da Internet, bem como conhecer sites, traduzir
                termos, enviar e-mail enfim na realidade mesmo o principal objetivo e
                desmistificar o termo Internet.

                Ao invés dos alunos escreverem o que é a Internet irão praticar. Tenho
                um aluno que trabalha de bóia fria quando convidei ele e outros alunos
                para acessar a Internet o mesmo disse: “Essa coisa não vai explodir
                não?” E percebe-se o brilho nos olhos desses alunos que pela primeira
                vez entraram em contato com o computador e que ainda infelizmente são
                excluídos desses recursos tecnológicos.

Muitos professores atualmente se empenham no desenvolvimento de projetos que
envolvem as novas tecnologias educacionais, principalmente o computador e a
Internet. Muitos especialistas e educadores questionam como esse recurso, o da
Internet, vem sendo conduzido nas escolas, quem tem acesso, como ter acesso,
podemos controlar o acesso, em suma, discute-se como o professor vem
trabalhando esse recurso, como está sendo aplicado e como se dá o conhecimento
significativo produzido através desse recurso.


Todos esses questionamentos são pertinentes, não podemos também endeusar a
Internet, como se ela fosse resolver todos os problemas da educação, mas
também não podemos menosprezar todos esses avanços tecnológicos, a escola
não deve ficar alheia a todas essas inovações. Sobre a aplicabilidade do recurso
da Internet Moran (2000) enfatiza que


                A Internet é uma mídia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade
                e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa
                motivação aumenta se o professor cria um clima de confiança, de
                abertura, de cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia, o que
                facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de




                                                                                      35
comunicação autêntica do professor de estabelecer relações de
               confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, pela competência e pela
               simpatia com que atua. (p. 53)

Só o fato de você dizer ao aluno que hoje a aula será realizada com pesquisa na
Internet, já percebemos a alegria deles, coisa que em muitos casos não ocorre
normalmente nas salas de aula. No meu caso o que mais motivou o uso do
computador, foi o recurso da Internet, o computador sem Internet, representa muito
pouco, para aquilo a que me disponho a fazer. Moran (Ibidem) também diz que na
Internet desenvolvemos formas novas de comunicação, principalmente na escrita.


               Escrevemos de forma mais aberta, hipertextual, conectada,
               multilingüística, aproximando texto e imagem. Agora começamos a
               incorporar sons e imagens em movimento. A possibilidade de divulgar
               páginas pessoais e grupais na Internet gera uma grande motivação
               visibilidade, responsabilidade para professores e alunos. (p. 53)


Sem dúvida, a Internet deixa a pessoa “mais a vontade” para escrever, para dar
sua opinião, tanto que uma pessoa passa a conversar com a outra como se já
conhecesse há muito tempo, criando muitas vezes laços de amizade, que, em
alguns casos chega ao extremo de um casamento.


Contudo, Moran (Ibidem) também faz um alerta para alguns problemas no uso da
Internet na educação. Ele aponta que


               Alunos não aceitam facilmente essa mudança na forma de ensinar e de
               aprender. Estão acostumados a receber tudo pronto do professor, e
               esperam que ele continue “dando aula”.[...] Alguns professores também
               criticam essa nova forma, porque parece um modo de não dar aula, de
               ficar “brincando” de aula...

               Há facilidade de dispersão. Muitos alunos se perdem no emaranhado de
               possibilidades de navegação. [...] deixando-se arrastar para áreas de
               interesse pessoal.

               Percebemos também a impaciência de muitos alunos por mudar de um
               endereço para outro.[...] Os alunos, principalmente os mais jovens,
               “passeiam” pelas páginas da Internet, deixando de lado coisas
               importantes.




                                                                                  36
Há grupos mais ativos, outros menos, grupos de alunos mais motivados e
               maduros, outros menos. Com cada grupo, é preciso procurar encontrar a
               proposta mais adequada [...] O mais importante é a credibilidade do
               professor, sua capacidade de estabelecer laços de empatia, de afeto, de
               colaboração, de incentivo. (p. 54-55)
Como podemos observar, ao desenvolvermos projetos com Internet temos de ter
claro, quais são os propósitos, aonde queremos chegar, o que queremos que o
aluno desenvolva, acessar a Internet por acessar não irá acrescentar muita coisa
aos alunos. Pela quantidade de informações que possui, a Internet, o aluno poderá
facilmente não saber o que fazer com tantas novidades, e passe a navegar, só pelo
fato de achar legal, interessante, bonito, deixando de lado os verdadeiros motivos
que o levaram a pesquisar. Em relação a todo esse encantamento, que a Internet
provoca no aluno, Moran (2000), faz um alerta interessante:


               Ensinar com as novas mídias será uma revolução se mudarmos
               simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm
               distantes professores e alunos. Caso contrário, conseguiremos dar um
               verniz de modernidade, sem mexer no essencial. A Internet é um novo
               meio de comunicação [...] que pode nos ajudar a rever, a ampliar e a
               modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender. (p. 63)

Além da Internet, outros recursos interessantes, podem ser usados, alguns
professores, consideram a troca de e-mail importante, para aumentar a
comunicação entre professores e alunos.


Em outra mensagem enviada via e-mail, a colega do curso Sala de Aula e Internet,
Zoraia diz que seu objetivo é o de vivenciar conhecimentos pela rede, via e-mail e
através do chat:


               Olá Professora e colegas,

                Sou Zoraia, moro em Natal e trabalho com o recurso da Informática na
               Educação desde 1995 na escola Auxiliadora de Natal da Educação
               Infantil ao Ensino Médio. Venho trabalhando com projetos que se
               desenvolvem na sala de aula e o laboratório, mas o conteúdo curricular
               é orientado pelo professor da disciplina, ou disciplinas quando é um
               trabalho interdisciplinar. A minha busca é vivenciar esta troca de
               conhecimento pela rede, via e-mails e através do chat e posteriormente,
                proporcionar aos alunos experiências semelhantes com outros colégios
               e possibilitar o "diálogo” sobre um conteúdo curricular proposto em




                                                                                   37
projetos, visando a utilização de nova metodologia para ampliar a
                aprendizagem.
                Um abraço. :-)
                Zoraia.

Em relação a esse e-mail da aluna Zoraia do Curso Sala de Aula e Internet, ela
busca vivenciar conhecimentos pela rede, via e-mail e através do Chat. O Chat são
salas de visita na Internet onde as pessoas podem dialogar uns com os outros. É
bastante usado principalmente pelos jovens. Para Masetto (2000)

                Essa técnica possibilita-nos as manifestações espontâneas dos
                participantes sobre determinado assunto. [...] Possibilita-nos também
                preparar uma discussão mais consistente, motivar um grupo para um
                assunto, incentivar o grupo quando o sentimos apático, criar ambiente de
                grande liberdade de expressão. (p.156-157)




A primeira vez que tive experiência de participar de um Chat foi nesse curso Sala
de Aula e Internet, para poder participar o aluno deveria ler os textos propostos,
cujo tema era sobre a Interatividade. Foi muito interessante, eram muitos alunos na
sala, e ficamos discutindo basicamente sobre o Tema proposto, eram muitas
informações e rápidas ao mesmo tempo, mas foi possível acompanhar e concluir
mais essa etapa do curso.

Outro depoimento foi da cursista professora Lílian:

                Eu sou Lílian Luchiari Baraldi Ninin, sou professora da Rede Estadual de
                Ensino do Estado de São Paulo há 12 anos; sou do interior do Estado da
                cidade de Garça. Leciono na área de Ciências e Matemática e minha
                Escola atende o ensino fundamental e Médio. Minha escola recebeu um
                laboratório de informática que intitulamos de Sala Ambiente de
                Informática (SAI) nós recebemos alguns cursos em nível de softwares
                educacionais mas em relação à internet temos livre acesso porém cabe a
                cada professor desenvolver a melhor maneira em utilizá-la. Eu já
                desenvolvo algum trabalho, mas, sempre com aquele receio em saber se
                o que estou fazendo está correto ou até mesmo o quanto mais isso
                poderia ser explorado. É por isso que me aventurei pela primeira vez
                nesse curso on-line pois tenho esperança que a troca de vivências visa
                me enriquecer e aos meus colegas também. Um abraço, Lílian.




                                                                                     38
Ela comenta sobre alguns cursos que sua escola ofereceu para “capacitar” o
professor. Mas em relação ao uso da Internet em sala de aula, segundo relato da
professora Lílian, compete ao professor, desenvolver uma melhor maneira para
utilizá-la. Ela escreve que já vem desenvolvendo alguns trabalhos mas tem dúvidas
se o que ela está fazendo está correto, ou o que poderia ser feito para melhorar.

Saber como utilizar o computador e seus recursos em sala de aula, é a grande
dificuldade apontada pela maioria dos professores. Andrade (2000) destaca em
seu artigo que

                       Apesar da formação que vem recebendo em informática na Educação
                       esses profissionais ainda revelam que não estão compreendendo como
                       podem desenvolver, [...] projetos pedagógicos com as novas tecnologias,
                       principalmente, como podem possibilitar a realização de projetos de
                       aprendizagem na utilização do computador pelos seus alunos. (p. 68)




Essa falta de preparo e conhecimento sobre como trabalhar em sala de aula com
todos esses recursos tecnológicos faz parte da realidade de uma grande maioria
de professores. Apesar de existir uma política educacional de preparar os
professores para utilizarem esses recursos, nem todos usufruem deles. No meu
caso, por exemplo, o único curso que fiz ofertado pelo Núcleo de Tecnologia
Educacional (NTE)2 foi no ano de 2002, foram apenas 20 horas, onde as aulas
eram bastantes técnicas, como trabalhar, com planilhas, Word, banco de dados,
coisa que já dominava, meu interesse maior era ter algumas idéias para melhorar o
que já vinha fazendo com meus alunos, mas isso não ocorreu, considero o curso
uma espécie de “treinamento” rápido.

Comentando sobre esses programas de treinamentos de professores Pretto (2001)
diz:

                       A falta das condições de acesso e as dificuldades em preparar
                       professores e alunos para o trabalho com essas tecnologias não podem
                       ser um estímulo para a implantação de programas de formação
                       aligeirada, sejam eles presenciais ou à distância. A formação dos

2
    NTEs- são núcleos criados pelo ProInfo para treinamento de professores em informática.




                                                                                             39
professores é essencialmente um ato político de formação de cidadania e
               não um simples oferecimento de conteúdos para serem assimilados [...]
               Mais do que tudo, a formação dos professores no mundo contemporâneo
               tem que se dar de forma continuada e permanente e, para tal, nada
               melhor do que termos todos professores, alunos e escolas conectados
               através desses modernos recursos tecnológicos de informação e
               comunicação. (p. 51)




Reforçando o comentário sobre a formação do professor para que ele aproprie-se
desses modernos recursos, Valente (2002) afirma que




               A formação do professor deve prover condições para que ele construa
               conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda que e como
               integrar o computador na sua prática [...] Deve-se criar condições para
               que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e a experiência
               vivida durante a sua formação, para a sua realidade de sala de aula
               compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetivos
               pedagógicos que se dispõe a atingir. (p. 26)



Mas enquanto essa formação não oferece condições para o professor construir
conhecimento sobre as técnicas computacionais e enquanto todas as escolas não
usufruem desses recursos tecnológicos de informação e comunicação o professor
vai desenvolvendo projetos conforme suas condições, fica difícil generalizar essa
situação, cada professor e cada escola têm a sua realidade.

Temos muitos professores que não possuíram nenhuma formação para trabalhar
com a informática, no entanto nos dão grandes lições de dedicação e estudo,
realizando projetos que servem até de exemplos. Por isso considero importantes
as palavras de Moran, (2000) que comenta um pouco sobre essa realidade.

               Cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar
               varias tecnologias e muitos procedimentos metodológicos.[...] Não se
               trata de dar receitas, porque as situações são muito diversificadas. É
               importante que cada docente encontre, sua maneira de sentir-se bem,
               comunicar-se bem, ensinar bem, ajudar os alunos a aprender melhor. É
               importante diversificar as formas de dar aula, de realizar atividades, de
               avaliar. (p. 32)




                                                                                     40
Como não podemos pensar que vamos encontrar uma receita “pronta” sobre
projetos e como aplicá-los temos que analisar a realidade de cada escola, de cada
turma e o melhor seria se pudéssemos analisar cada aluno.




Nesse curso Sala de Aula e Internet uma das atividades propostas era elaborar um
projeto usando a Internet como recurso principal. Os professores que estavam
fazendo o curso apresentaram suas idéias e propostas, a troca de e-mail
possibilitou uma dinâmica interativa entre todos os participantes.




O correio eletrônico foi à ferramenta mais usada no curso, e sobre esse recurso
importantíssimo da Internet Masetto (2000) comenta que



                     Pensando no processo de aprendizagem e na interação entre aluno e
                     professor para o encaminhamento desse processo, o recurso do correio
                     eletrônico apresenta-se como muito forte, em virtude de alguns fatores
                     como a facilitação de encontros entre aluno e professor. [...] Esse recurso
                     é muito importante para a aprendizagem dos alunos, porque os coloca
                     em contato imediato, favorecendo a interaprendizagem2, a troca de
                     materiais, a produção de texto em conjunto. Incentiva o aprendiz a
                     assumir a responsabilidade por seu processo de aprendizagem. (p. 158)


Das lições que aprendi em relação as minhas experiências, com o computador e a
Internet, é que a curiosidade e a vontade de aprender, foi me levando a descobrir
outros caminhos, que me levaram a outros novos caminhos, e através deles hoje
posso dizer que o computador é meu aliado naquilo que disponho a fazer, quer
seja em casa ou na escola.




2
 É a forma de se apresentar e tratar um conteúdo ou tema que ajuda o aprendiz a coletar informações,
relacioná-las, organizá-las, manipulá-las, discuti-las e debatê-las com seus colegas, com o professor e com
outras pessoas.




                                                                                                              41
Meu envolvimento com o computador produziu até um site, com todas essas
experiências vividas por uma professora que desmistificou a idéia de que o
computador é um bicho de sete cabeças, para quem há pouco tempo se quer sabia
ligar um computador, considero que o avanço em relação ao domínio dessa
máquina e de seus recursos foi considerável. Caso queira acessar o site construído
a partir de todas essas experiências o endereço é www.clicandoainternet.com.br


Atualmente o computador faz parte do meu cotidiano, descobri, entre tantas coisas,
que para o conhecimento não há limites, o limite quem estabelece é o ser humano,
mas ao descobrir que podemos ampliar nossas possibilidades e, com isso ampliar
nossos limites, não paramos mais, e a cada dia queremos mais e mais o
desconhecido que passa a nos fascinar.


Este fascínio e em meio de angústias e ansiedades levou-me a pensar sobre a
parcela da população excluída da era digital. E desenvolvi numa escola pública do
Município de Marechal Cândido Rondon, no estado do Paraná, um projeto que
possibilitasse aos alunos o acesso ao computador e aos recursos da Internet que
será abordado no próximo capítulo.




                                                                               42
5.    UMA EXPERIÊNCIA ESTIMULADORA




Os novos paradigmas educacionais contemplam a inserção de novas tecnologias
de informação e comunicação em ambientes educacionais. A informática na
educação é um assunto bastante polêmico, marcado por mudanças que precisam
ser incorporadas ao processo ensino aprendizagem.



Muitas escolas já estão aderindo à nova ferramenta e estão levando seus alunos
para o computador. Com essas mudanças na educação, surge uma outra maneira
de pensar e realizar o aprendizado, mudando o papel dos professores e dos alunos
no processo ensino-aprendizagem. Qual o papel dos professores e dos alunos,
nessa nova perspectiva de ensino? Para Valente (2002)


               O papel do professor deixará de ser o de total entregador da informação
               para ser o de facilitador, supervisor, consultor do aluno no processo de
               resolver o seu problema [...] Caberá ao professor saber desempenhar um
               papel de desafiador, mantendo vivo o interesse do aluno, e incentivando




                                                                                    43
relações sociais, de modo que os alunos possam aprender uns com os
                  outros, e saber trabalhar em grupo. (p. 43)


Corroborando com a idéia de que existe uma necessidade de mudança, Andrade
(2002) apresenta um novo papel a ser assumido pelo professor:


                  Ele deve criar espaços de aprendizagem e atividades, como a
                  aprendizagem por projetos. Colocando-se como aprendiz, como um
                  indivíduo com mais experiência e que tem maiores condições de
                  aprender, o professor pode desempenhar muitas funções novas, ou seja,
                  mediador, ativador, articulador, orientador e especialista da
                  aprendizagem. (p. 80)


Com isso percebemos que o professor não pode mais compartilhar um ensino a
base de repassar os conteúdos de um livro ou pedir aos alunos para fazerem
atividades, que para eles não tenham sentido algum, esse tipo de “ensino” reflete
naquilo que a maioria dos alunos pensam sobre determinadas disciplinas, quando
perguntamos, por exemplo, para que serve a História, muitos respondem, para
nada, outros, para decorar para a prova. Assim como muda o papel do professor
nesse novo paradigma, a do aluno também passa por mudanças. Para Valente
(2002) o aluno:


                  deverá estar constantemente interessado no aprimoramento de suas
                  idéias e habilidades e solicitar do sistema educacional a criação de
                  situações que permitam esse aprimoramento [...] Deve ser ativo: sair da
                  passividade, de quem só recebe [...] deve desenvolver habilidades, como
                  ter autonomia, saber pensar, criar, aprender a aprender [...] Ele deve ter
                  claro que aprender é fundamental para sobreviver na sociedade do
                  conhecimento. (p. 44)


Nessa nova visão de professor e aluno, Behrens (2000) comenta:


                  Em parceria, professores e alunos precisam buscar um processo de auto-
                  organização para acessar a informação, analisar, refletir e elaborar com
                  autonomia o conhecimento. (p. 71)

Acreditamos também que o aprender “é fundamental para sobreviver na sociedade
do conhecimento’’ e saber lidar com o computador e seus recursos neste contexto
também se torna fundamental em uma sociedade que passa por constantes




                                                                                         44
transformações e que exigem que a escola desenvolva projetos incluindo estas
novas tecnologias de informações.


Não podemos deixar que nossos jovens e adolescentes façam parte desse grande
número de excluídos da era digital, não queremos ser utópico em achar que a
informática na educação ira resolver o problema da exclusão social, mas ao
menos, ao desenvolvermos projetos utilizando a Web estamos possibilitando ao
nosso aluno a capacidade de encontrar e associar informações, de trabalhar em
grupo de se comunicar, fazer pesquisas, interpretar dados desenvolvendo a
capacidade crítica. Sobre o uso de computadores na educação Valente (2002) faz
o seguinte comentário:


                A possibilidade que o computador oferece como ferramenta para ajudar o
                aprendiz a construir conhecimento e a compreender o que faz, constitui
                uma verdadeira revolução do processo de aprendizagem e uma chance
                de transformar a escola. (p. 107)




5.1   Descrevendo o projeto “Clicando a Internet”




A idéia de um projeto que utilizasse o computador e seus recursos começou a ser
“alimentada” numa aula de geografia, quando estávamos estudando o conteúdo
que falava sobre a Internet e a Globalização.




Após a leitura do texto os alunos passaram a responder um questionário da
apostila sobre o assunto, e uma das perguntas era: o que é Internet? Então um
aluno dirigiu-se até a minha mesa e perguntou: em que linha eu acho essa




                                                                                   45
resposta? Essa atitude do aluno fez com que houvesse uma mudança nas
estratégias de trabalho em sala de aula. Ao invés do aluno escrever sobre o que é
a Internet, seria melhor se ele pudesse acessar a Internet e conhecer os principais
recursos dessa ferramenta.




O fato do aluno simplesmente responder a questão na apostila, não iria contribuir
para nenhuma aprendizagem significativa. No entanto um projeto que utilizasse o
computador poderia contribuir para facilitar e aumentar seus conhecimentos, e de
certa forma desmistificar aquela idéia de que o computador é um bicho de sete
cabeças. Essa mudança no método do trabalho escolar é comentada por Andrade
(2003)




               Em primeiro lugar, o trabalho escolar hoje deve ser um trabalho de
               conhecimento contextualizado, de modo a ser facilitador da
               aprendizagem significativa. Esta só ocorre quando os conteúdos das
               diversas áreas de conhecimento podem ser associados com os saberes
               da realidade autêntica do educando, implicando numa multiplicidade de
               uso de linguagens e de integração desses saberes.

               Em segundo lugar, o trabalho na escola deve superar a perspectiva
               disciplinar. As diversas disciplinas do currículo precisam ser utilizadas
               para solucionar um problema concreto, concorrendo para uma concepção
               interdisciplinar. (p. 61 p.62)




Atualmente nas escolas, a maioria dos alunos trabalham com aprendizagens que
significam muito pouco, ao usarem o livro didático ficam resolvendo tarefas de
forma mecânica, muitas vezes até para preencher o tempo em sala de aula e como
se isso ainda não bastasse, muitos professores exigem que os alunos decorem os
conteúdos, para no final realizarem uma prova, achando com isso que o aluno
aprendeu o conteúdo.




                                                                                     46
Para Valente (2002) “a educação não pode ser mais baseada em um fazer
descompromissado, de realizar tarefas e chegar num resultado igual à resposta
que se encontra no final do livro texto, mas do fazer que leva ao compreender” (p.
31)




Para não realizar esse tipo de educação de “realizar tarefas”, pensei num projeto
que utilizasse o computador e a Internet, parecia ser impossível de se realizar, pois
a escola não possuía computador para os alunos, muito menos acesso a Internet.

Para Andrade (2002) “a atividade de realizar projetos é própria do ser humano. O
homem é um ser que planeja, não aceitando simplesmente o que a natureza lhe
impõe”. (p.73)




Enquanto professora, do ensino de Educação de Jovens e Adultos, não podia
aceitar o fato de que a maioria dos meus alunos nunca tinham acessado a Internet,
talvez para muitas pessoas, isso seja insignificante, para quem tem computador e
acesso a Internet, realmente não pode se quer imaginar como se sente um aluno
que tem a oportunidade de acessar pela primeira vez a Internet e que se talvez não
fosse esse projeto, não teria essa oportunidade.




Ao elaborarmos um projeto usando o computador devemos romper com modelos
de ensinos tradicionais, caso contrário, estaremos, apenas, acrescentando um
recurso a mais em sala de aula, o computador por si só não é sinônimo de
mudança devemos arriscar naquilo que propomos, tendo consciência dessa
mudança do papel do professor e do aluno em sala de aula, considero que pior do




                                                                                  47
que não arriscar, é ficar com está. E como não queria ficar como estava,
juntamente com os alunos desenvolvemos o projeto Clicando a Internet.




5.2   Os objetivos e estratégias do projeto Clicando a Internet




Uma pesquisa realizada com os estudantes do CEEBJA - Centro Estadual de
Educação Básica para Jovens e Adultos (600 alunos com idade entre 25 e 55
anos) demonstrou que quase 90% dos alunos nunca tiveram contato com um
computador antes da implantação do projeto.




A escola não pode ficar alheia a esses avanços tecnológicos. Através de projetos
bem planejados as disciplinas poderão contar com outros recursos em sala de aula
como o computador e a Internet possibilitando uma maior interatividade entre os
envolvidos no processo ensino aprendizagem. Em relação ao uso da Internet na
Educação Valente (2000) comenta:




                                                                             48
O uso da Internet, representa o ponto mais avançado da aplicação das
                novas tecnologias, para fins educativos, não apenas no sentido de
                hardware e software. Ela pode ser vista como um enorme supermercado
                de informações, onde o que se procura pode ser “puxado” no momento
                que se deseja. (p. 76)




A Internet possibilita hoje um oceano de informações. Os intercâmbios científicos,
comerciais, culturais são cada vez mais freqüentes e exige conhecimento em
línguas estrangeiras e principalmente o domínio das novas tecnologias.




Os professores deverão se atualizar constantemente e se preparar para lidar com
essa nova realidade. Dependendo do trabalho do professor a Internet poderá
possibilitar uma interação na prática, onde os alunos participam de ambientes
virtuais de aprendizagem, através de debates, fóruns, discussão por e-mail. Cada
professor dependendo de sua realidade poderá viabilizar momentos onde os
alunos poderão ter o contato com as novas tecnologias.




O projeto Clicando a Internet foi desenvolvido com os alunos de Educação de
Jovens e Adultos do ensino fundamental de 5ª a 8ª série, a faixa etária destes
alunos são de 25 a 55 anos, a maioria são trabalhadores, donas de casa, jovens
desempregados que nunca acessaram a Internet. A foto abaixo é da turma que
participou do projeto:




                                      Foto 01




                                                                                 49
Alunos de Educação de Jovens e Adultos que pela primeira vez clicaram na Internet.




Este projeto foi desenvolvido pelas disciplinas de Geografia, Informática e Inglês. A
geografia é uma ciência que tem relacionamento com uma série de outras ciências.
Com relação ao impacto da tecnologia da informática é necessário atentar para o
acesso as redes de informações, com a Internet o aluno aumenta as conexões
lingüísticas, as geográficas e as interpessoais.


As lingüísticas porque interage com inúmeros textos e imagens, muitos textos em
vários idiomas, daí a necessidade de se dominar pelo menos os principais termos
da Internet, geográficas porque se desloca continuamente em diferentes espaços,
culturas, tempos, adquirindo uma visão mais abrangente do mundo em que
vivemos e outros mundos.


Em relação às relações interpessoais porque o referido projeto pretende despertar
o aluno para a importância da pesquisa, da solidariedade do trabalho voluntário do




                                                                                        50
sentimento humanitário e de que principalmente temos muito por fazer e contribuir
para a construção de uma sociedade mais justa mais humana.


A Web poderá oportunizar de uma forma mais rápida e eficiente o despertar do
sentimento humanitário que muitas vezes passa despercebido em nosso dia a dia.
Através da Web podemos incentivar os alunos a visitarem sites de trabalhos
voluntários de combate a fome a pobreza, enfim despertar no aluno o sentimento
de amor ao próximo.




Acreditamos que a Internet é uma força poderosa para ajudar os alunos a
desenvolverem um senso de responsabilidade pessoal com seu próprio
aprendizado, com a Internet eles poderão expandir seus horizontes.




O objetivo principal deste projeto é o de aproximar os alunos com os termos e os
recursos da Internet, para que os alunos sintam-se motivados e curiosos pelas
novas possibilidades que elas representam, dentre os principais objetivos podemos
citar:




    •    Ler Planejar e direcionar atividades que envolvam os alunos ativamente no
         processo ensino aprendizagem (teoria e prática da Internet).
    •    Ler textos sobre a importância e uso da Internet nos dias atuais (pontos
         positivos e negativos).
    •    Criar um glossário (inglês/português dos principais termos da informática).
    •    Clicar em alguns sites para entender alguns recurso da Internet.
    •    Criar uma rede de comunicação ente alunos e professores via e-mail para
         troca de informações e pesquisa.




                                                                                       51
•   Montar uma agenda com os principais endereços de sites sobre: educação,
       saúde, recreação e trabalhos voluntários.
   •   Acessar sites de interesses do aluno, fazendo uma análise posterior de
       pontos positivos e negativos, incentivando uma análise crítica dos sites
       visitados.
   •   Produzir um guia didático a partir dos resultados dos trabalhos dos alunos.
   •   Estimular um relacionamento mais humano, solidário, fortalecendo laços de
       amizade entre os envolvidos no projeto.
   •   Identificar as principais partes de um computador e seu funcionamento.
   •   Produzir um site com as principais experiências deste projeto.




Cada projeto tem seus objetivos a serem atingidos e para que isso ocorra é
necessário criar metodologias de trabalho, as principais metodologias são:

   •   Trabalhar aula prática sobre o computador e sistema operacional (hardware
       e software).
   •   Fazer pesquisa de campo com alunos de Educação de Jovens e adultos
       sobre quem tem acesso aos recursos de Internet e e-mail bem como
       conhecimentos de informática.
   •   Aulas teóricas e práticas sobre como acessar a Internet e sobre principais
       recursos da Web no laboratório de informática da Unioeste.
   •   Selecionar textos de sites sobre recursos tecnológicos e sua relação com a
       educação.
   •   Pesquisar sites sobre a questão ambiental (degradação, preservação e
       projetos).
   •   Selecionar sites de trabalhos voluntários de combate à fome e a pobreza no
       mundo.
   •   Convidar alunos voluntários para ajudar no projeto ensinando os alunos que
       nunca tiveram acesso ao computador.




                                                                                     52
•       Elaborar um glossário português e inglês dos principais termos utilizados na
           Internet.
   •       Visitar o provedor www.oel.com.br, para conhecer o sistema de conexão da
           Internet.
   •       Criar agendas com endereços eletrônicos e principais sites pesquisados.
   •       Cadastrar alunos que não possuem e-mail no site www.bol.com.br para que
           os mesmos possam acessar em instituições públicas que acessam
           Internet(caso eles não possuam).
   •       Buscar parcerias com empresas de informática e outras empresas para
           auxiliar no desenvolvimento do projeto.




Os recursos materiais usados foram computadores em rede, livros revistas, jornais,
xerox de textos, pastas para a organização do material, agendas para anotar sites
de interesse do aluno, camisetas e outros.

O projeto iniciou em outubro de 2001 e as principais etapas do projeto foram:

       •     Seleção de textos em revistas sobre Internet e informática.
       •     Estudo de termos inglês/português para criação de um glossário de
            informática.
       •     Aula prática em laboratório para conhecer os recursos da Internet e e-
            mail.
       •     Seleção dos principais sites para criar uma agenda referencial.
       •     Publicação de material impresso, material on-line sobre o trabalho.
       •    Divulgação em jornais revistas e registro através de fotos.




Toda aprendizagem é um processo dinâmico de construção de conhecimento, por
isso a avaliação não deverá servir para medir o grau de conhecimento do aluno,
mas para auxiliá-lo no decorrer do desenvolvimento do projeto. Bem como para




                                                                                     53
avaliar os envolvidos no projeto, pontos positivos e negativos para que possamos
atingir os objetivos propostos.




Ao destacarmos as principais etapas do projeto, nem tudo foi como o esperado,
todo projeto, é apenas um plano, e conforme as dificuldades iam aparecendo
íamos criando outras situações que possibilitassem dar continuidade ao projeto. O
principal problema foi o fato da escola possuir apenas três computadores, que
eram utilizados pelos funcionários da secretaria. Mas isso não foi suficiente para
desistir do projeto, buscamos parceria com a Unioeste e ela nos cedeu o
laboratório de informática para as aulas práticas.




5.3   As dinâmicas usadas em sala de aula




O projeto tem como objetivo possibilitar ao aluno o aceso aos recursos
tecnológicos: do computador e da Internet, além daqueles que vinham sendo
utilizados em sala de aula, vídeo, apostila, trabalho em equipe e outras dinâmicas.
O principal o objetivo é o de desmistificar a idéia que o computador é coisa de
outro mundo. Pelo fato da maioria dos alunos serem adultos, muitos se sentiam
“incapazes” de manusear um computador.




                                                                                54
Os alunos tiveram o contato inicial com a tecnologia através de revistas levadas
para   sala   de   aula.   Inicialmente   fizemos   várias   pesquisas   em   revistas
especializadas em informática e Internet, para que os alunos conhecessem alguns
termos da Internet, começando pelo bem simples, no qual eles deveriam relacionar
sites e e-mails de alguns temas como saúde, educação, trabalho voluntário,
esportes e outros, conforme sua curiosidade, também deveriam anotar palavras
relacionadas à Internet e pesquisar o seu significado.




Durante essa aula, a curiosidade foi tomando conta dos alunos. Muitos tinham
dificuldades em relação a pronuncia dos termos em inglês usados na Internet.
Fizemos uma relação das principais palavras em inglês, e a professora Sueli
Fritzem que auxiliou no projeto, trabalhou a pronuncia de algumas palavras em
inglês, como por exemplo, download, chat , hardware, software e outras.




Nessa atividade, percebeu-se de certa forma um pouco da timidez dos alunos ao
pronunciarem as palavras em inglês, mas aos poucos foram se soltando e logo
passaram a falar fluentemente as palavras. Em seguida, elaboraram um glossário
com os principais termos da informática, como software, website e off-line.
Conforme a dificuldade iam aparecendo, os alunos consultavam o glossário, isso
ajudou na compreensão desses termos, que antes eram totalmente desconhecido
para eles.




Na outra etapa do projeto o professor Carlos Alberto Erich de informática trouxe
um computador para sala de aula e desmontou, mostrando aos alunos a
composição do hardware e software do computador, a importância de cada um e o




                                                                                   55
Projeto Clicando a Internet ensina jovens e adultos a usar a rede
Projeto Clicando a Internet ensina jovens e adultos a usar a rede
Projeto Clicando a Internet ensina jovens e adultos a usar a rede
Projeto Clicando a Internet ensina jovens e adultos a usar a rede
Projeto Clicando a Internet ensina jovens e adultos a usar a rede
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Projeto Clicando a Internet ensina jovens e adultos a usar a rede
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  • 1. SONIA AUGUSTA DE MORAES CLICANDO A INTERNET: UM PROJETO COM JOVENS E ADULTOS MARECHAL CÂNDIDO RONDON SETEMBRO-2003 1
  • 2. SONIA AUGUSTA DE MORAES CLICANDO A INTERNET: UM PROJETO COM JOVENS E ADULTOS Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no Curso de Pós- Graduação em Organização do Trabalho Pedagógico da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Unioeste. Orientador: Prof. Ms. Marco Antonio B. Carvalho. MARECHAL CÂNDIDO RONDON SETEMBRO-2003 2
  • 3. Dedicado a uma pessoa Divina: minha mãe (in memoriam) 3
  • 4. AGRADECIMENTOS Agradeço aos colegas de turma pelos bons momentos que passamos juntos. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. Meu especial agradecimento a todos os Jovens e Adultos do CEEBJA que colaboraram como sujeitos da pesquisa. 4
  • 5. “A tecnologia é maravilhosa, mas é preciso que ela chegue à escola pública, senão as diferenças sociais vão se aprofundar”. Paulo Freire 5
  • 6. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 07 2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS CIÊNCIAS.......................................... 09 2.1 As grandes descobertas.......................................................................... 10 3 A MÁQUINA CHAMADA COMPUTADOR............................................. 14 3.1 A Internet: uma trajetória revolucionária................................................. 16 3.2 O uso dos recursos tecnológicos na educação....................................... 18 4 A INTERNET NA EDUCAÇÃO................................................................ 22 4.1 As novas tecnologias e a sua aplicação no processo educacional......... 22 4.2 Alguns dados estatísticos da população excluída da era digital............. 25 4.3 Minhas primeiras experiências com o computador e a Internet............... 28 5 UMA EXPERIÊNCIA ESTIMULADORA................................................... 43 5.1 Descrevendo o projeto “Clicando a Internet”............................................ 45 5.2 Os objetivos e estratégias do projeto Clicando a Internet....................... 48 5.3 As dinâmicas usadas em sala de aula..................................................... 54 5.4 Atividades desenvolvidas com os alunos no laboratório de informática.. 57 5.5 Algumas falas sobre o projeto................................................................. 69 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 73 REFERÊNCIAS................................................................................................. 77 ANEXOS............................................................................................................. 79 6
  • 7. 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento da tecnologia tem acarretado inúmeras transformações na nossa sociedade, entre elas o surgimento de uma nova linguagem que inclui o uso de recursos tecnológicos, que disponibiliza dados e informações o que permite novas formas de comunicação. Fala-se aqui do computador e da Internet. A aprendizagem intermediada pelo uso do computador tem gerado discussões sobre as mudanças no processo de ensino bem como no processo de aprendizagem. Se antes as únicas vias eram a sala de aula, o professor e os livros didáticos, hoje este conceito se amplia e ao aluno é permitido “navegar” pelo oceano de informações disponibilizadas pela Internet. Para isto torna-se condição essencial refletir sobre a utilização desses recursos: o computador e a Internet no sistema educacional. Na tentativa de estabelecer este diálogo, este texto está dividido em quatro partes: A primeira apresenta um relato breve sobre a evolução histórica das ciências, destacando as principais descobertas a partir dos séculos XV e XVI e enfatizando que estas, como as anteriores já continham o germe do desenvolvimento tecnológico que vivenciamos na contemporaneidade. A segunda comenta-se sobre as etapas de desenvolvimento de novas técnicas para a criação do computador eletrônico. Destacando a revolução ocorrida com a Internet e como o uso desses novos recursos: o computador e a Internet passam a influenciar na vida das pessoas e conseqüentemente na educação. 7
  • 8. Na seqüência do trabalho apresentamos uma proposta de análise referente ao papel da Internet na educação. Para fazer um estudo desta temática acreditamos que ela pode ser aplicada no processo educacional e apresentamos o que já mudou e os indicativos do que ainda tem que mudar para que a mesma se torne mais eficiente e eficaz em sua aplicação na educação. Também apresentamos alguns dados estatísticos da população excluída da era digital. Finalizando esse capítulo apresento minhas primeiras experiências com o computador e a Internet. A quarta parte ira abordar sobre a Internet no processo ensino aprendizagem e os possíveis inconvenientes dessa utilização, passando pela questão do processo ensino aprendizagem, pelo novo perfil do professor e o que se espera deste “novo aluno” nesta “nova sociedade”. Com a chegada da Internet na escola um novo mundo com inúmeras possibilidades abre-se diante de alunos e professores. O paradigma tradicional do ensino baseado em aulas expositivas, consultas a enciclopédias e livros didáticos dá espaço a uma nova realidade. Fala-se aqui de livros, sites, bibliotecas virtuais que tanto o aluno quanto o professor podem visitar e consultar bastando para isto um computador conectado a Internet. Acredita-se que os grandes questionamentos seriam: como utilizar tais recursos em sala de aula. E na tentativa de responder esta questão apresento como parte final deste trabalho um projeto realizado com alunos de Educação de Jovens e Adultos de uma escola Pública do Estado do Paraná. O projeto Clicando a Internet, onde destaco os principais objetivos e estratégias, dinâmicas utilizadas em sala de aula e no laboratório de informática, bem como depoimento dos alunos que participaram do referido projeto. 8
  • 9. 2. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS CIÊNCIAS Ao longo da história do homem muitas foram as transformações ocorridas nas sociedades. O ser humano desde o início procurou desenvolver instrumentos e ferramentas para satisfazer suas necessidades. Com a evolução do tempo, a ciência foi tomando um papel cada vez mais importante nas sociedades. Em especial na época em que vivemos, ela tornou-se integrante indispensável para o nosso cotidiano. Mas os avanços da ciência e da tecnologia são tantos que muitas sociedades não conseguem acompanhar essas transformações. A cada dia que passa o homem apresenta novas descobertas em diferentes áreas como no campo da genética, da química, da informática, e em muitas outras áreas do conhecimento. Para nós talvez, muitas invenções feitas no passado, não são tão valorizadas e às vezes até consideradas simples, mas para o homem que viveu naquela época suas descobertas foram fundamentais para sua sobrevivência e não eram tão simples como imaginamos. No sentido de pontuar como o desenvolvimento da ciência e da tecnologia em tempos remotos foi mola mestra para o desencadear de nossa evolução científica e tecnológica, vamos recordar algumas das descobertas feitas pelo homem e verificar como isso influenciou no seu modo de vida à época. Os nossos antepassados, de acordo com suas necessidades foram criando instrumentos para o seu trabalho. Os instrumentos eram feitos de pedras, ossos e, principalmente madeira. Através de experimentos conseguiu fazer objetos que serviam para cavar, cortar, descascar, produziu machados, facas, e cada vez mais iam melhorando seus instrumentos de trabalho. E quando o homem aprendeu a usar os metais, ele pode aperfeiçoar ainda mais suas ferramentas e armas, 9
  • 10. combinando instrumentos simples e bem cedo inventou as primeiras máquinas. Para Gay (1996) Com o aprimoramento de técnicas mais complexas o ser humano passou por grandes revoluções. A primeira grande revolução foi a do neolítico, nesse período as técnicas desenvolvidas foram fundamentais para a sobrevivência do homem, a começar pela prática da agricultura e também pela fabricação de objetos e ferramentas, que nesse período histórico, essas descobertas representaram grandes invenções, pois facilitaram a vida cotidiana do homem. (p. 34)1 Mas, todo esse processo demorou milhares e milhares de anos. Nos últimos trezentos anos, as invenções se multiplicaram rapidamente e continuam se aperfeiçoando cada vez mais. As máquinas e aparelhos que hoje conhecemos e utilizamos são fruto do trabalho de milhões de pessoas, acumulado durante o passar do tempo. 2.1 As grandes descobertas Já vivemos muitas eras ou ciclos: era dos descobrimentos, a do renascimento, da revolução científica, da revolução industrial e vivemos hoje a era da tecnologia com o uso intensivo da informatização. Vivendo na atualidade às vezes nem da para acreditar que existiram épocas na história em que o homem só conhecia o seu território, e não imaginava que além do oceano existissem outros continentes e outros povos. Na história das descobertas encontramos interessantes e importantes fatos que marcaram nosso desenvolvimento. A invenção da bússola, assim como o aprimoramento das técnicas de navegação, facilitou a expansão marítima européia, resultando na nova rota marítima para as Índias, realizadas por Vasco da Gama. Os avanços da tecnologia de navegação da época foram notáveis, não tardando assim o descobrimento da "nova terra", a América, realizada por Cristóvão 1 Esta citação e outras que ocorrerem do referido autor estão no texto original em espanhol. Tradução minha. 10
  • 11. Colombo. Por outro lado, a pólvora, outrora utilizada meramente para a fabricação de fogos de artifício, passou a ser utilizada para fins militares. Percebemos que a partir dessa nova realidade, as novas descobertas vinham de encontro com as necessidades da época, pois para explorar novas terras os homens tinham que aprimorar e aperfeiçoar as técnicas de navegação, pois caso contrário seria impossível a conquista de novos territórios. Os séculos XV e XVI marcaram o início das grandes descobertas onde para muitos escritores foi o renascer das artes, da literatura e das ciências. Esse período ficou conhecido como o Renascimento. O Renascimento manifestou-se primeiramente nas cidades italianas e depois se difundiu por toda a Europa. Sobre esse período Harman (1995) diz: Os historiadores da Renascença se referem muitas vezes a três grandes desenvolvimentos importantes nas artes mecânica, a invenção da imprensa, da pólvora e da bússola que contribuíram de forma notável para o rápido desenvolvimento das sociedades européias nesse período. (p. 17) Muitos foram os representantes do renascimento italiano, dentre eles destacamos Leonardo Da Vinci (1452-1519): foi pintor, arquiteto, escultor, físico, engenheiro, se destacou na arte e nas ciências. Arruda (1986) em relação a Leonardo da Vinci diz que “já no século XVI ele tinha imaginado uma máquina a vapor, mas foi apenas no século XVIII que ela teve aplicação efetiva”. (p. 109) Com isso percebemos que as invenções são feitas a partir das necessidades do homem e da sociedade com o passar dos tempos, cada vez mais o homem necessita de novos métodos e técnicas para o seu trabalho e para sua vida cotidiana. Muitas foram às descobertas importantes feitas nesse período como registra Harman (1995): A publicação de Sobre a Revolução das esferas celestes (1543) pelo astrônomo polonês Nicolau Copérnico deu início a uma transformação na 11
  • 12. concepção do universo.Copérnico argumentava que o Sol era o Centro dos cosmos e não a Terra. [...] Essa publicação deu início a um processo que transformava a concepção do lugar do homem na natureza. (p. 26) Outra personalidade importante do renascimento foi Galileu Galilei (1564-1642) matemático, físico e astrônomo. Ele trouxe a teoria de Copérnico para o foco de um debate intelectual, demonstrou que o centro do Universo é o Sol e não a Terra foi perseguido pela Igreja que defendia a teoria de que a Terra era o centro do Universo. Galileu Galilei desmontou todo uma teoria criada pela igreja que através de suas idéias, tinham o objetivo de reforçar o seu poder. Os grandes avanços da ciência ocorridos graças às descobertas de Galileu e Copérnico, deram um impulso para as pesquisas de Isaac Newton. Ele foi matemático, físico e astrônomo, descobriu as leis da gravitação universal e da decomposição da luz. A respeito de Newton Chassot (2000), faz o seguinte comentário: Newton não desconheceu as contribuições dos que o antecederam, (...) deixou claro em sua frase: “se vi mais longe do que os outros homens, foi porque me coloquei sobre os ombros de gigantes”, [...] Newton tornou-se, um século mais tarde, o símbolo da revolução científica européia. (p. 109) Podemos dizer que a cada nova idéia, a cada novo instrumento criado pelo homem, muitas foram e muitas serão as transformações ocorridas nas sociedades, pois cada vez mais a ciências avança de uma forma rápida, mas tudo isso se deve ao fato de já existir invenções importantíssimas feitas pelos homens no passado e hoje essas invenções são fundamentais para outras grandes descobertas. Também não podemos deixar de destacar que a cultura renascentista foi divulgada graças à invenção da imprensa pelo alemão Gutemberg (1397-1468). De acordo com os dizeres de Lobato (1972) “até o aparecimento da prensa [...] não existia no Ocidente um só livro impresso, um só jornal, uma só revista”. (p. 152) 12
  • 13. Hoje temos uma variedade de materiais impressos, e por isso fica até difícil imaginar como seria a nossa vida sem livros, revistas e jornais, mas só que nem sempre foi assim como comenta Kalinke (1999): Os avanços tecnológicos começam a ser utilizados, praticamente, por todos os ramos do conhecimento. As.descobertas são extremamente rápidas e estão à nossa disposição com uma velocidade nunca antes imaginada. O advento do chip, que deu origem aos computadores atuais, talvez tenha sido o grande achado deste milênio. (p. 13) Verificamos que na atualidade os avanços tecnológicos são tão rápidos que muitos produtos tornam-se obsoletos, ficando até difícil acompanhar tantas transformações. Em relação à época atual Aquiles Gay (1996), destaca a importância do surgimento de novas tecnologias no campo da microeletrônica, na biotecnologia e na informática. Essa nova revolução é chamada pelo autor de Revolução científico Tecnológica. Nessa revolução ele cita o exemplo do computador, que realiza em poucos segundos, operações complexas que com métodos tradicionais levariam dias de trabalhos. O autor caracteriza bem essa grande revolução quando diz que “Estamos passando de um esquema em que preponderante era a energia, e o outro em que a supremacia passa pela informação; dos Cavalos a Vapor aos Megabytes”. (p. 42) A seguir vamos fazer um breve histórico da evolução do computador e analisar algumas idéias em torno de seu uso e, em especial, discutir a sua aplicabilidade enquanto recurso na educação. 13
  • 14. 3. A MÁQUINA CHAMADA COMPUTADOR Já dissemos que o homem durante toda a sua existência vem desenvolvendo e aperfeiçoando seus instrumentos de trabalho e que com o passar do tempo ele criou a necessidade de fazer cálculos mais complexos e de armazenar informações cada vez mais volumosas. Sobre as formas utilizadas pelo homem para representar quantidades, Silva (1980) diz que O primeiro sistema que o homem utilizou para representar quantidades foram os seus próprios dedos, posteriormente utilizou pedras, gravetos, nós em barbantes. [...] Essa representação não era a ideal para os comerciantes e mercadores. E passaram a usar placas de argila para a representação gráfica dos seus cálculos. Mais tarde, os egípcios trouxeram uma grande vantagem com o uso do pergaminho, e com os romanos começaram a escrever suas leis. (p. 18) Mas foi na Antiguidade que surgiu o primeiro sistema de cálculo manual, há 3000 anos. Sua origem se deu na China e depois difundido por outros países orientais, era o ábaco. Estes métodos se mostraram lentos e inexatos e não foram capazes de atender as necessidades do homem com o passar dos tempos. Mas foi a partir dos séculos XVII e XVIII que temos o desenvolvimento das técnicas de cálculo. Temos a máquina de somar de Blaise Pascal, surgida em 1642. O Tear de Jacquard antecede as modernas máquinas de cartões perfurados. Idealizada por Leibnitz, foi criado em 1671 uma máquina de multiplicações, por volta de 1833, Charles Babbage, continuou as invenções de Pascal e Jacquard, para conceber a sua máquina analítica, mas não continuou por falta de recurso técnicos, conforme revelou Silva (Ibidem). 14
  • 15. Podemos Perceber como eram lentas as etapas de desenvolvimento de novas técnicas nesse período e muitas vezes por falta de recursos não havia a possibilidade de se continuar com um projeto. Se compararmos com a atualidade as descobertas de hoje são muito mais rápidas, obviamente quando existe interesse político ou econômico envolvido, mas é bom relembrar que estas descobertas muito devem ao fato de já existir todo um rol de conhecimentos anteriores. Silva (Ibidem) revela que por volta de 1880, o Dr. Hermenn Hollerith, construiu o primeiro conjunto mecanográfico de gestão com cartões perfurados. Em 1866, William S. Burroughs produziu em escala industrial, máquinas de somar que imprimiam o resultado. As máquinas precedentes ainda eram relativamente lentas, para as necessidades do homem nesse período em que desencadeava a guerra na Europa e que depois se alastraria pelo mundo. Em 1871, uma equipe de engenheiros e estudantes da Universidade de Harward, liderada pelo Prof. Howard Aiken, retomaram os estudos de Charles Babbage, e por volta de 1944 eles concluíram com êxito um projeto de computador, que ficou conhecido por Harward Mark I. As operações eram controladas automaticamente com relés eletromagnéticos e os cálculos aritméticos eram feitos mecanicamente. Dois anos mais tarde, na Universidade de Pensilvânia, os Profs Eckert e John W. Mauchly constroem para o exército norte–americano, um computador capaz de efetuar 30 multiplicações por segundo. Foi o primeiro computador a usar internamente componentes totalmente eletrônicos. A esse computador deu-se o nome de E.N.I.A.C. (Eletronic Numerical Integrator And Computer). Após isso foi feita a evolucão para a máquina E.D.V.A.C. (Eletronic Discrete Variable Automatic Computer), e posteriormente em 1952 a partir do E.D.V.A.C atingiu-se o primeiro computador comercial do mundo: o Univac Nos seis anos que 15
  • 16. compreendem o período de implantação, muitas firmas passam a comercializar os computadores. E a partir de 1950, as máquinas não são unicamente destinadas aos cálculos científicos, mas a toda a espécie de processamentos lógicos das informações. Com este relato histórico apresentado por Marco Antonio F. da Silva fica claro afirmar que ao longo da trajetória de vida dos seres humanos eles foram criando ferramentas para facilitar o seu trabalho e sua vida cotidiana, e que o computador foi mais uma das ferramentas inventadas para auxiliá-lo na sua vida profissional e também no seu dia a dia. Assim, neste contexto de desenvolvimento o computador propiciou muitos outros recursos que foram criados a partir das mais variadas aplicações que foram dando para esta nova ferramenta que passou a revolucionar o mundo moderno. Dentre estas variadas aplicações o que mais vem impressionando os pesquisadores é a Internet. 3.1 A Internet: uma trajetória revolucionária Esse recurso também teve suas etapas de evolução, pois as pessoas que criaram a Internet não fizeram isto da noite para o dia. O registro de criação nos leva ao governo dos Estados Unidos nos anos sessenta, mais especificamente, ao Departamento de Defesa dos EUA (Advanced Research Projects Agency). Neste período, foi criada uma rede de computadores cuja finalidade era pesquisar novas formas de comunicação. É bom lembrar que este período Histórico era os tempos da chamada Guerra Fria, e os EUA tinham que mostrar sua supremacia junto à extinta União Soviética. O objetivo desse departamento era desenvolver um sistema que resistisse aos possíveis ataques inimigos. 16
  • 17. Assim, com este cenário, surgiu a Arpanet. Além da arquitetura inteligente, a Arpanet adotou uma linguagem de comunicação bastante polivalente, capaz de fazer com que computadores de diferentes modelos e fabricantes se comunicassem entre si. Posteriormente esta forma de comunicação chegou à universidade. Sobre este encaminhamento dado aos primeiros trabalhos com a informática interligando as comunicações, Bauer (1997) revela que Em 21 de novembro de 1969, foi trocada a primeira mensagem eletrônica pela Arpanet, entre a Universidade da Califórnia e o Instituto de Pesquisas de Stanford. Reservada no início a poucos acadêmicos e pesquisadores americanos ligados à indústria militar, a Internet começou a se popularizar nos anos 80. Diversas outras redes começaram a se ligar à antiga Arpanet, dando-lhe um caráter de “rede das redes” daí o nome Internet (net, em inglês, significa rede).(p.21) Muito mais do que novas ferramentas, todas essas descobertas serviram para que o homem pudesse abrir caminhos, em busca da expansão do lugar físico e de melhorar sua vida. Hoje, com a Internet, o homem pode viajar por muitos lugares, bibliotecas, conversar com pessoas do mundo inteiro. O computador e os recursos da Internet são usados para vários fins, e a sua utilização chegou também a área da educação e isto tem gerado muitas discussões. Para alguns autores o uso do computador e de seus recursos na educação pode ampliar o mundo daqueles que a utilizam, abrindo novas possibilidades tanto para professores como para alunos. Outros até apóiam o uso do computador na educação, mas consideram que se deve ter cautela ao trabalhar com esse recurso e há ainda aqueles que não vêem com bons olhos a utilização do computador na sala de aula, ou podemos dizer, no processo educativo do aluno. Assim, parece oportuno discorrermos sobre a utilização desta máquina, com seus diferentes recursos que podem ser trabalhados na educação, e, apresentar 17
  • 18. também, como o trabalho efetivo com a tecnologia é apresentado no discurso oficial da educação brasileira. 3.2 O uso dos recursos tecnológicos na educação A informática faz parte do dia a dia do cidadão, quando usa o telefone, a agência bancária, são inúmeras as coisas em que esta tecnologia esta presente. Na educação a informática utiliza-se principalmente do computador, através dessa ferramenta o aluno poderá construir objetos virtuais, realizar cálculos complexos editar textos, criar páginas e muitas outras coisas. Mas anteriormente, outras tecnologias foram introduzidas na educação. A primeira revolução tecnológica no aprendizado foi provocada por Comenius (1592-1670), quando transformou o livro impresso em ferramenta de ensino e de aprendizagem, com a invenção da cartilha e do livro texto. (Proinfo: Informática e formação de professores, SEED, 2000, p. 13) Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) em sua versão preliminar destaca a importância dos recursos tecnológicos na educação quando afirma que “o uso do computador na escola irá proporcionar, uma melhora da atividade de ensino e da qualidade da aprendizagem”. (p.151) Porém, o documento enfatiza que A incorporação de recursos tecnológicos não é por si só, garantia de maior qualidade na Educação, a utilização dos microcomputadores na escola não é sinônimo de transformação da prática pedagógica. É preciso levar em conta qual é a Educação que queremos oferecer aos nossos alunos e que a utilização das novas tecnologias seja amplamente discutida e elaborada conjuntamente com os professores, alunos equipe técnica e comunidade escola. (p.151) 18
  • 19. Nas escolas atualmente o que se percebe e que alguns professores não tem muito interesse em desenvolver projetos utilizando o computador, muitos menos de ler novas propostas, novas idéias, sobre como trabalhar com essa novas tecnologias na educação. Também temos presenciado que muitas escola possuem ótimos laboratórios, mas seus professores passam a utilizar o computador sem propostas, sem amarrar com os conteúdos e utilizando-se das máquinas apenas como mera executora de tarefas, onde o aluno passa a realizar atividades mecânicas. Consideramos que para aprender a trabalhar com word, planilhas, power point, excel, pode-se aprender tranqüilamente lendo manuais. O mais interessante seria aprender o que fazer com todos esses recursos que o computador oferece, onde o aluno possa desenvolver sua criatividade e que esta esteja voltada para a melhor compreensão dos demais conteúdos escolares. Pois caso contrário usar a nova tecnologia poderá representar apenas a troca de um recurso, pois poderemos estar produzindo uma aula memorística, desconectada da realidade social dos alunos mesmo estando em um sofisticado laboratório. Essa realidade não é apenas no ensino fundamental ou médio, recentemente ficamos observando uma aula no laboratório de uma instituição de Ensino Superior. Nesse laboratório de informática tinha em torno de vinte computadores, em cada computador tinha dois alunos em alguns casos até três, e a aula era sobre excel, o professor ficava “ensinando” as diversas funções das barras de ferramentas, como tinha apenas um aluno por computador um fazia, o outro apenas olhava. 19
  • 20. O professor poderia usar essa aula para mostrar ao aluno que com o excel, ele poderá criar, desenvolver, programas, tabelas históricas, que sejam interessantes para as empresas ou até para suas atividades pessoais, seria uma forma de mostrar para o aluno que ele tem condições de criar idéias novas e não sempre reproduzir o que os outros já produziram. Paulo Freire (1995) faz um comentário interessante sobre o uso de computadores na educação: A educação não se reduz à técnica, mas não se faz educação sem ela. Utilizar computadores na educação, em lugar de reduzir, pode expandir a capacidade crítica e criativa de nossos meninos e meninas. Dependendo de quem o usa, a favor de que e de quem e para quê. O homem concreto deve se instrumentar com o recurso da ciência e da tecnologia para melhor lutar pela causa de sua humanização e de sua libertação. (p. 22) Entendemos que os professores são fundamentais nesse processo de expandir a capacidade crítica do aluno, mas se esse professor não tiver propostas de ensino, poderá usar o computador apenas para executar tarefas repetitivas e mesmo que possa produzir alguma atratividade ao aluno, seu lado aplicativo deixaria a desejar, pois poderia estar estimulando a passividade ao invés do espírito crítico. Ao usar o computador, o professor deve proporcionar condições aos alunos de criar, questionar, buscar novos conhecimentos, interpretar os textos, errar, acertar e ao utilizar mais esse recurso, que é o computador, isso não irá prejudicar o aluno em nada, irá possibilitar mais conhecimentos, onde o aluno poderá através da Internet até consultar textos, periódicos, em uma biblioteca da Espanha, sem precisar ir até lá, e se não fosse o computador nada disso seria possível. O aluno deixa de ser passivo, de ser o receptáculo das informações para ser ativo aprendiz, construtor do seu conhecimento. Portanto, a ênfase da educação deixa de ser a memorização da informação transmitida pelo professor e passa a ser a construção do conhecimento realizado pelo aluno de maneira significativa sendo o professor o facilitador desse processo de construção.2 2 José Armando VALENTE, Fernando José de ALMEIDA, Visão Analítica da Informática na Educação no Brasil: a questão da formação do professor, disponível em 20
  • 21. Para alguns professores essas propostas de ensino que visam romper radicalmente com o ensino tradicional ainda muito presente em escolas e até universidades não passam de um exercício de retórica. Mas nós enquanto professores da rede Estadual de Ensino acreditamos que inovar na educação é preciso. E se o computador e a Internet possibilita essa mudança temos não só que acreditar, mas acompanhar essas inovações, para possibilitar aos nossos alunos o acesso a mais essa nova forma de comunicação e conhecimento, que com certeza poderá auxiliar em seu processo de escolarização. Assim, com este pano de fundo, ou seja, afirmando que a tecnologia da informação já adentrou ao espaço escolar vamos nos deter de forma mais direcionada a discutir como a Internet pode ser utilizada no espaço escolar. http://www.inf.ufsc.br/sbc_ie/revista/nr1/valente.htm acesso em: 04 março de 2003 21
  • 22. 4. A INTERNET NA EDUCAÇÃO 4.1 As novas tecnologias e a sua aplicação no processo educacional O uso de novas tecnologias tornou-se uma necessidade no mundo em que vivemos, conforme já destacamos no capítulo anterior, e a descoberta de novas tecnologias tem nos afetado de todas as formas. Sobre o conceito de novas tecnologias, Marques (1999) afirma que: Por novas tecnologias entendemos hoje, o surgimento de uma outra articulação de linguagem encarnada em novos suportes que são as máquinas com que os homens se comunicam, dotando-as da capacidade de processarem e intercambiarem informações. (p. 45) Das tecnologias atuais, o computador e os seus recursos são amplamente utilizados em nosso dia a dia. Com essa máquina muita coisa mudou, hoje a maior parte da sociedade convive com as praticidades criadas por suas diferentes aplicabilidades. Entre seus recursos destacamos a informática. Com todas essas novas possibilidades do uso do computador, muita coisa passa a ser feita de forma diferente, antes, por exemplo, comprávamos em lojas e pagávamos com dinheiro, cheque ou cartão, hoje também compramos nas mesmas lojas, mas sem precisar ir até elas, pagamos por débito eletrônico direto, ou por meio do cartão, dispondo assim de certa comodidade. 22
  • 23. Nesse novo processo de compras, utilizam-se os computadores para trocarem não somente as informações necessárias para efetuar e pagar uma compra, mas também as empresas, no mesmo instante em que executam esta operação, já controlam seus estoques e toda a sua contabilidade. Além desse exemplo, muitos outros podem ser citados, em que o computador se apresentará como sendo a ferramenta principal, contribuindo assim de forma direta e indireta para significativas mudanças comportamentais. No bojo destas mudanças, uma pessoa hoje pode conhecer outra, namorar e ultimamente até casar-se usando o computador, coisa que em tempos passados, jamais poderíamos acreditar, que alguém pudesse casar com outra pessoa usando o computador como o mediador de um contrato interpessoal. Um outro exemplo de aplicabilidade está nos serviços diversos que o computador pode oferecer, que vai desde uma receita de bolo que pode ser encontrada nas páginas da Net até diferentes e sofisticadas operações bancárias. Cabe destacar como este equipamento também tem auxiliado em áreas que mantinham uma tradição histórica de funcionamento como é o caso da medicina, pois na atualidade, já estamos sendo surpreendidos com os sofisticados procedimentos cirúrgicos sendo comandados pelo cirurgião que às vezes, se encontra em outro continente, ou seja, um procedimento médico sendo executado com o auxilio imediato da máquina. Outra aplicação do computador na área da saúde é que através dele, podemos achar com maior rapidez, doadores de órgãos que tenham compatibilidade com aqueles que dependem, muitas vezes em caráter de urgência deste serviço. Uma área importante que na atualidade tem se apropriado deste recurso é a área do direito. Já vivemos em tempos de interrogatórios via on-line e da utilização de 23
  • 24. julgamentos que são monitorados e transmitidos para as salas de diferentes universidades como material de estudo. Neste contexto, certamente podemos afirmar que o computador tem facilitado a vida de muitas pessoas. Assim, é próprio que pensemos que esta tecnologia não poderia deixar de influenciar o sistema educacional. Sobre esta apropriação do computador no campo da educação, que ganha a nomenclatura de “novas tecnologias em educação”, Masetto (2003) argumenta que: O uso da informática, do computador, da Internet, do Cd-Rom, da hipermídia, da multimídia, de ferramentas para a educação à distância – como chats, grupos ou listas de discussões, correio eletrônico etc, - e de outros recursos e linguagem digitais de que atualmente dispomos e que podem colaborar significativamente para tornar o processo de educação mais eficiente e mais eficaz. (p. 152) O uso do computador na escola trouxe novas formas de ensinar assim como cria novas perspectivas de aprendizado. Exemplo disto pode ser encontrado no comentário de Masetto (Ibidem, p. 152), quando diz que “essas novas tecnologias cooperam para o desenvolvimento da educação em sua forma presencial (fisicamente), [...] e principalmente para o processo de aprendizagem à distância (virtual)”. Essas novas formas de ensinar e aprender vem gerando entre os especialistas e educadores, muitos questionamentos, dúvidas, ansiedades, em que todos estão tentando, de uma forma ou de outra, buscar respostas para essas mudanças pedagógicas advindas com a introdução dos computadores no ambiente escolar, e com ênfase na aplicabilidade da Internet nas escolas, que é objeto desta discussão. Sinalizando para a potencialidade destas mudanças, já podemos verificar alterações até na estrutura física da escola, pois o modelo presencial de ensino 24
  • 25. que marcou toda a história da educação, hoje já abre espaço para o que chamamos de “escola virtual”. Essa escola tem muitas características que a diferem da escola presencial, a começar que esta não tem um endereço fixo, mas vários endereços. Tampouco possui uma hora especifica para dela fazer uso, é a escola mediada pelo computador, onde parecer não haver limites para o conhecimento. Sobre esse tipo de escola, Marques (1999) comenta: A Escola Virtual envolve contatos múltiplos e freqüentes de alunos com alunos, de alunos com professores, de alunos e professores com interlocutores externo, com grupos e listas de discussão sobre assuntos diversos. E envolve escolas interligadas, participantes de projetos comuns. (p. 146) Essa escola virtual, já é realidade, embora para um número ainda pequeno de alunos, que através de comunidades também virtuais, passam a estabelecer novas formas de aprendizagem, intercambiando conhecimentos e informações. Quando ouvimos o discurso sobre todos esses recursos tecnológicos aplicados a escola virtual, dá-se a impressão que a maioria das escolas, e dos alunos já tem ou terão, em pouco tempo, acesso a todos esses recursos, principalmente ao computador e a Internet, no entanto, é importante registrar nesse momento alguns dados estatísticos sobre o que se pode chamar de a “exclusão digital”. 4.2 Alguns dados estatísticos da população excluída da era digital Recente pesquisa feita pela Unesco e divulgada pela jornalista Luciana Constantino, revelou que: Mais da metade dos alunos do ensino médio que estão se preparando para prestar vestibular ou ingressar no mercado de trabalho, não tem acesso a computador em casa. [...] E 40% dos estudantes de escolas privadas não possuem computador, enquanto esse dado passa para 80% 25
  • 26. quando se fala em escolas públicas. Por outro lado, uma parcela dos professores também admite não dominar a informática. [...] Dos docentes de escolas públicas, de 7,2% a 24,6% dizem não ter domínio do equipamento.3 Em outro momento, também no jornal Folha de São Paulo, Marijô Zilveti publicou um artigo sobre a inclusão digital, e ações de setores que visam aumentar a essa população excluída da era digital, o acesso à informação. Segundo esse artigo: A população mundial ultrapassa a casa dos 6 bilhões. Desse total, 605,6 milhões estão conectados na Internet. Essa última estimativa é baseada em vários parâmetros, de acordo com o NUA Internet Surveys (www.nua.com) , revelando que os computadores ainda estão restritos a universidades, empresas e lares de alta renda. (p. F4)4 É possível uma melhor analise destes dados quando observamos o gráfico apresentado na reportagem e que apresenta o “EUA, Canadá, Europa, Ásia e Pacífico como sendo responsáveis por mais de 560 milhões de usuários que utilizam a rede em casa ou no trabalho”. A jornalista revelou ainda que “um em cada três europeus usa a internet, de acordo com o site www. analysys.com “. Gráfico 01 3 Folha de São Paulo, 29 / 04/ 2003. Caderno 4. Computador é luxo para pré-vestibulando. 4 Folha de São Paulo, 26 / 03 / 2003. Caderno F4. Tecnologia vira meio para inserir cidadão no mundo. 26
  • 27. Quantos habitantes estão conectados na rede (em milhões) Total : 605,6 2002 250 Canadá e EUA 200 1 82 ,67 190,91 1 87,2 4 América Latina 150 Europa 100 África 33,35 50 Oriente Médio 6,31 5 ,1 2 0 Ásia / Pacífico Canadá e América Europa África Oriente Ásia / EUA Latina Médio Pacífico Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 26 de março de 2003. Na seqüência de seu artigo ela comenta que “especialistas acreditam que a guerra contra a exclusão digital depende dos esforços do governo (em várias instâncias), parcerias com empresas e investimentos em projetos que contemplem as inovações tecnológicas”. (F4) Algumas organizações não governamentais e comunidades têm tomado iniciativas para incluir a população carente em projetos usando o computador e seus recursos. Em relação à guerra contra a exclusão digital o jornalista e educador Gilberto Dimenstein, é citado no mesmo artigo de Marijô Zilveti, porque afirma que o mais importante, segundo ele, é usar o computador como forma de se expressar “para habilitar o jovem a poder mudar sua comunidade”. (p. F4) 27
  • 28. Alguns projetos são indicativos de um olhar e de uma prática, já em funcionamento, de oferecer condições de acesso à população de menor renda à informática, como é o caso da cidade de Curitiba que segundo Behrens (2000) “existem os Faróis do Saber, que oferecem à população de baixa renda e à comunidade em geral o acesso à rede de informação via Internet”. (p. 118) Sabemos que o número de pessoas excluídas do acesso ao computador e a Internet é considerável, mas nós enquanto profissionais da educação devemos incentivar e desenvolver projetos, que possibilite aos chamados “excluídos digitais”, o acesso às novas tecnologias de informações. Sobre essa realidade, Behrens (Ibidem ) diz : A realidade brasileira não tem permitido o acesso aos recursos tecnológicos a todos os cidadãos com igualdade, mas este fator não deve servir como desculpa para isentar o professor de oferecer a melhor possibilidade metodológica que puder disponibilizar para seus alunos. (p. 118) Muitos são os projetos desenvolvidos para a inclusão digital, em anexo, apresentamos uma lista com endereços eletrônicos de algumas instituições que se dedicam a essa parcela da população que não tem acesso aos recursos tecnológicos. Atualmente, enquanto professora, não faço parte dessa parcela da população excluída da era digital, mas nem sempre foi assim. 4.3 Minhas primeiras experiências com o computador e a Internet 28
  • 29. Acredito ser oportuno o testemunho de meu envolvimento com esta temática, em especial com o uso do computador, pois durante muito tempo ignorei sua aplicação na minha prática educacional. Via outras pessoas digitando, fazendo tabelas e desenhos, no computador. Também usavam uma nomenclatura desconhecida para mim, como é o caso de “navegar na rede” isto me fazia sentir como uma “analfabeta digital" diante da linguagem destes colegas. Minha experiência profissional como professora iniciou-se no ano de 1990 com alunos do curso de Magistério. Nesse curso ministrava aulas da disciplina de História e Geografia. Atualmente trabalho como professora de História e Geografia na rede pública de ensino para Jovens e Adultos e também coordeno projetos em educação à distância na secretaria Municipal de Educação do Município de Marechal Cândido Rondon no estado do Paraná. O computador passou a fazer parte da minha vida pessoal e profissional há muito pouco tempo, a partir do segundo semestre do ano de 1999. Até essa data, muitos dos trabalhos que precisava para minhas atividades de sala de aula eram feitos por outras pessoas que já trabalhavam com o computador. Outras atividades eram realizadas com a minha máquina de escrever. Neste período é interessante revelar que não tinha muito interesse em trocar a máquina de escrever pelo computador. E que somente a partir do segundo semestre do ano de 1999, esse cenário começou a mudar em minha vida não só de docente, mas também de pessoa inserida no mundo tecnológico. Nesse ano trabalhava com a Educação de Jovens e Adultos, em uma escola pública, quando um folder chamou- me a atenção, por anunciar um curso de Lato Sensu, em Educação a Distância, para habilitar professores na formação de tutores, que iriam atuar em cursos presenciais e a distância. O curso estava oferecendo cem vagas para os professores da Universidade Federal de Paraná, e trinta vagas para professores externos, embora a probabilidade de ingresso fosse pequena para minhas pretensões à época, elaborei um projeto e consegui ingressar no curso. 29
  • 30. No primeiro dia de aula, já senti os impactos das tecnologias, muitos professores ao invés de anotar as atividades em seus cadernos, possuíam notebook e na lista com os nomes dos cursistas, tínhamos de anotar nosso e-mail, a maioria já possuía seu endereço eletrônico, mas eu não tinha nem e-mail, e nem computador. Para não “fazer feio” liguei para o meu primo e pedi o seu e-mail, e passei como se fosse o meu. Esse curso tratou sobre a Educação à Distância e seus recursos, o que mais me impressionou foi uma aula onde o professor estava na Espanha e através dos recursos da videoconferência, foi possível manter um diálogo entre o professor e a turma em tempo real. Esta dinâmica de aula foi fundamental para entendermos que a diferença, do tipo de aula, não era pelo fato do professor estar presente, ou ausente, e sim a diferença estava na metodologia usada pelo professor. Nesta experiência vivenciada pela turma, observamos que ele utilizou-se dos novos recursos oferecidos pelo avanço das tecnologias que possibilitaram, neste caso, uma outra forma de comunicação e interação, essa realidade não prejudicou em nada o processo de aprendizagem, ao contrário, houve uma grande interatividade, entre os alunos, e o resultando foi uma aula interessante e dinâmica para todos os participantes. O curso também, disponibilizou um laboratório de informática e no último dia tivemos uma aula prática. Não existia nenhuma atividade programada, era apenas para matar nossa curiosidade, acessar a Internet e perguntar as dúvidas ao professor. Eu como nunca se quer tinha ligado um computador, fiquei apenas observando os meus colegas, claro, não queria deixar transparecer que não sabia nada, por isso optei por ficar só olhando, senti nesse momento, até um pouco de vergonha, por não saber lidar com o computador, a maioria dos cursistas já demonstravam uma certa intimidade com a máquina. Mas tudo bem passou essa 30
  • 31. aula e ao final do curso tínhamos que desenvolver as atividades propostas pelos guias didáticos. A disciplina de Comunicação e Informação em Educação a Distância, propôs uma atividade no qual era usado o computador. Como não tinha ainda computador, fui fazer a atividade no computador do meu primo, que estava no escritório onde ele trabalhava. A atividade proposta era a seguinte: entrar num programa de site de busca, e buscar a expressão Educação a Distância, na resposta virão várias possibilidades. Clique uma. Na resposta virão várias opções: clique uma e assim por diante. Essa atividade era para demonstrar que em cada processo era construído um texto diferente. E ao clicar em outros, tínhamos vários textos. Mas o mais importante da atividade era que o próprio aluno clicasse nos links, como ainda não sabia navegar na Internet, meu primo, fez as atividades e imprimiu os textos para que pudesse apresentar para o professor. De certa forma senti frustrada, por não poder realizar a tarefa usando o computador. A partir dessa atividade comecei a perceber que estava motivada a usar o computador, e seus recursos. Enquanto aluna do curso, senti que a motivação foi impulsionada pelas atividades propostas, no qual o computador foi o elemento principal para realizá- las. Sobre essa situação onde a motivação é fator fundamental para a aprendizagem, Andrade (2003) comenta: [...] O fato é que sem motivação não ocorre aprendizagem. Não adianta insistir para que uma pessoa aprenda se ela não estiver motivada. [...] Motivar ou produzir motivos significa predispor a pessoa para a aprendizagem. O aluno estará motivado para aprender quando está disposto a iniciar e continuar o processo de aprendizagem, ou quando está interessado em aprender um certo assunto ou resolver um dado problema. Daí a importância em motivá-lo, tendo em vista seus interesses, sua bagagem cultural. (p. 71) Após esse curso, como já relatei, passei a me interessar mais pela Educação a Distância. No ano de 2000 adquiri meu primeiro computador e logo instalei a Internet. A partir daí comecei a manusear o computador com o auxílio de minha 31
  • 32. filha de doze anos que já sabia lidar com o computador e com a Internet. Logo criei meu primeiro e-mail que foi augusta@rondonet.com.br, atualmente é sam@rondonet.com.br, troquei, em função dos vírus. Na Internet, comecei a acessar os endereço que foram repassados para nós no curso. Lembro-me como se fosse hoje, da primeira página que acessei, foi do site www.ead.ufms.br. Nesse mesmo site fiz meu primeiro curso on-line que era sobre Criação de página na Internet para professores. Mas não tive muita sorte, porque o curso ficou apenas uma semana on-line. O ambiente virtual das aulas eram interessantes, mas não sei porque motivo, o criador do curso, mandou uma mensagem via e-mail, dizendo da impossibilidade de continuar o curso, recebi apenas um e-mail do professor, mas como estava no início do curso, apenas li e ficou por isso mesmo. Esse início frustrante de curso on-line, não foi suficiente para me desanimar, logo me inscrevi noutro curso on-line do portal www.klickeducacao.com.br o curso era Sala de Aula e Internet, esse sim valeu a pena, o curso possibilitou vários momentos de interação entre a Tutora Flávia Amaral Rezende e os cursistas. Nesse curso aprendi a anexar as primeiras mensagens no e-mail, algumas técnicas de navegar, fiz leituras de textos interessantes e serviu também para melhorar um projeto que vinha elaborando em sala de aula, e o mais importante é que perdi aquele medo de trabalhar com o computador e a vergonha foi superada pela vontade de aprender. Meu primeiro e-mail foi destinado à Tutora Flávia Rezende, pois estava com problemas para acessar o curso: Olá professora Flávia estou sem poder acessar ao curso pois, aparece à mensagem que a página não está disponível ou quando aparece, aparece em código. Gostaria que verificasse. Abraço Sonia Moraes E a resposta da professora foi: 32
  • 33. Sonia! Ola! Bom você estar conosco embora pareça que ainda persistam alguns problemas. Se você acessa o sistema via Home da Escola de Professores e por algum motivo o sistema cai, sua senha fica presa por 15 minutos. Se o problema ainda persiste são 20h35 de domingo me avise. Tente me contar se aparece erro 404. Qualquer dúvida a mais me ligue apesar de estar em São Paulo. (011) 4418154. Depois de solucionado o problema passei a acessar, o curso e a trocar e-mails entre os cursistas, inicialmente foram para as apresentações, enviei um e-mail aos colegas, onde fiz um breve histórico sobre minhas funções e anexei a primeira imagem no e-mail! Olá amigos sou a professora Sonia Moraes esta foto é do Departamento de Educação a Distância da Secretaria de Educação de Marechal Cândido Rondon, atualmente estou coordenando o curso de tutoria da Universidade Federal do Paraná, este curso não é totalmente on-line, existem momento presenciais e a distância posteriormente o nosso Município implantará o Centro Associado com cursos à distância da UFPR (especialização, técnico e graduação), futuramente mestrado (em Educação a Distância pela UFPR), apenas está aguardando parecer do MEC. Um abraço! Nesse curso on-line, através da troca de e-mails percebi que a maioria dos professores estavam tentando aos poucos introduzir o computador e a Internet em 33
  • 34. sala de aula, podemos verificar essa realidade em alguns e-mails enviados pelos colegas de curso. Sou Mônica, professora de Ensino Fundamental e de História da rede pública municipal, trabalhei quatro anos como professora orientadora de informática educativa e atualmente estou trabalhando no Núcleo de Ação Educativa da PMSP na equipe pedagógica. É um prazer poder compartilhar esse espaço com vocês. Sou marinheira de primeira viagem em curso on-line. Minhas expectativas com relação ao curso são: pesquisar na internet com maior agilidade, refletir sobre o uso pedagógico desse recurso no desenvolvimento de projetos e pensar sobre formas de viabilização de troca de conhecimentos e informações através da criação de sites. Até breve: Mônica Essa professora mostra a sua preocupação, sobre como usar a Internet no desenvolvimento de projetos. Muitos professores pensam em usar esse recurso em sala de aula, mas a realidade muitas vezes impossibilita a realização de projetos que utilizam o computador e seus recursos. Para preparar os professores para a utilização do computador e da Internet, Moran (2000) destaca alguns passos: O primeiro passo é procurar de todas as formas tornar viável o acesso freqüente e personalizado de professores e alunos às novas tecnologias, notadamente à Internet. [...] A sociedade precisa ter como projeto político à procura de formas de diminuir a distância que separa os que podem os que não podem pagar pelo acesso à informação. (p. 50) Ele acrescenta ainda que O segundo passo é ajudar na familiarização com o computador, com seus aplicativos e com a Internet. Aprender a utilizá-lo no nível básico, como ferramenta. No nível mais avançado: dominar a ferramenta da Web, do e-mail. Aprender a pesquisar nos search, a participar de listas de discussões, a construir páginas. O nível seguinte é auxiliar os professores na utilização pedagógica da Internet e dos programas multimídia. (p. 51) Também a minha principal preocupação, era como usar o recurso da Internet, num projeto que estava começando a ser desenvolvido, com Jovens e Adultos de uma escola pública do Município de Marechal Cândido Rondon, no estado do Paraná. E enviei o seguinte e-mail: 34
  • 35. Desejo utilizar os recursos de internet porque a educação não pode excluir os alunos desses avanços tecnológicos, negar esses recursos ao aluno que nunca viu ou usou a Internet é contribuir para a discriminação ou exclusão daqueles que talvez só terão oportunidade de utilizar esse recurso na escola, através de um projeto bem elaborado. A faixa etária dos alunos é entre14 a 45 são Jovens e adultos que já foram excluídos do ensino regular. Possuo o planejamento dos objetivos, justificativas metodologias e avaliação, enfim da dinâmica em relação aos conteúdos, que será montado a partir da construção do aluno através das atividades proposta. Usaria a Internet para que o aluno pudesse visualizar e acessar os principais recursos da Internet, bem como conhecer sites, traduzir termos, enviar e-mail enfim na realidade mesmo o principal objetivo e desmistificar o termo Internet. Ao invés dos alunos escreverem o que é a Internet irão praticar. Tenho um aluno que trabalha de bóia fria quando convidei ele e outros alunos para acessar a Internet o mesmo disse: “Essa coisa não vai explodir não?” E percebe-se o brilho nos olhos desses alunos que pela primeira vez entraram em contato com o computador e que ainda infelizmente são excluídos desses recursos tecnológicos. Muitos professores atualmente se empenham no desenvolvimento de projetos que envolvem as novas tecnologias educacionais, principalmente o computador e a Internet. Muitos especialistas e educadores questionam como esse recurso, o da Internet, vem sendo conduzido nas escolas, quem tem acesso, como ter acesso, podemos controlar o acesso, em suma, discute-se como o professor vem trabalhando esse recurso, como está sendo aplicado e como se dá o conhecimento significativo produzido através desse recurso. Todos esses questionamentos são pertinentes, não podemos também endeusar a Internet, como se ela fosse resolver todos os problemas da educação, mas também não podemos menosprezar todos esses avanços tecnológicos, a escola não deve ficar alheia a todas essas inovações. Sobre a aplicabilidade do recurso da Internet Moran (2000) enfatiza que A Internet é uma mídia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta se o professor cria um clima de confiança, de abertura, de cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia, o que facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de 35
  • 36. comunicação autêntica do professor de estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, pela competência e pela simpatia com que atua. (p. 53) Só o fato de você dizer ao aluno que hoje a aula será realizada com pesquisa na Internet, já percebemos a alegria deles, coisa que em muitos casos não ocorre normalmente nas salas de aula. No meu caso o que mais motivou o uso do computador, foi o recurso da Internet, o computador sem Internet, representa muito pouco, para aquilo a que me disponho a fazer. Moran (Ibidem) também diz que na Internet desenvolvemos formas novas de comunicação, principalmente na escrita. Escrevemos de forma mais aberta, hipertextual, conectada, multilingüística, aproximando texto e imagem. Agora começamos a incorporar sons e imagens em movimento. A possibilidade de divulgar páginas pessoais e grupais na Internet gera uma grande motivação visibilidade, responsabilidade para professores e alunos. (p. 53) Sem dúvida, a Internet deixa a pessoa “mais a vontade” para escrever, para dar sua opinião, tanto que uma pessoa passa a conversar com a outra como se já conhecesse há muito tempo, criando muitas vezes laços de amizade, que, em alguns casos chega ao extremo de um casamento. Contudo, Moran (Ibidem) também faz um alerta para alguns problemas no uso da Internet na educação. Ele aponta que Alunos não aceitam facilmente essa mudança na forma de ensinar e de aprender. Estão acostumados a receber tudo pronto do professor, e esperam que ele continue “dando aula”.[...] Alguns professores também criticam essa nova forma, porque parece um modo de não dar aula, de ficar “brincando” de aula... Há facilidade de dispersão. Muitos alunos se perdem no emaranhado de possibilidades de navegação. [...] deixando-se arrastar para áreas de interesse pessoal. Percebemos também a impaciência de muitos alunos por mudar de um endereço para outro.[...] Os alunos, principalmente os mais jovens, “passeiam” pelas páginas da Internet, deixando de lado coisas importantes. 36
  • 37. Há grupos mais ativos, outros menos, grupos de alunos mais motivados e maduros, outros menos. Com cada grupo, é preciso procurar encontrar a proposta mais adequada [...] O mais importante é a credibilidade do professor, sua capacidade de estabelecer laços de empatia, de afeto, de colaboração, de incentivo. (p. 54-55) Como podemos observar, ao desenvolvermos projetos com Internet temos de ter claro, quais são os propósitos, aonde queremos chegar, o que queremos que o aluno desenvolva, acessar a Internet por acessar não irá acrescentar muita coisa aos alunos. Pela quantidade de informações que possui, a Internet, o aluno poderá facilmente não saber o que fazer com tantas novidades, e passe a navegar, só pelo fato de achar legal, interessante, bonito, deixando de lado os verdadeiros motivos que o levaram a pesquisar. Em relação a todo esse encantamento, que a Internet provoca no aluno, Moran (2000), faz um alerta interessante: Ensinar com as novas mídias será uma revolução se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário, conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial. A Internet é um novo meio de comunicação [...] que pode nos ajudar a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender. (p. 63) Além da Internet, outros recursos interessantes, podem ser usados, alguns professores, consideram a troca de e-mail importante, para aumentar a comunicação entre professores e alunos. Em outra mensagem enviada via e-mail, a colega do curso Sala de Aula e Internet, Zoraia diz que seu objetivo é o de vivenciar conhecimentos pela rede, via e-mail e através do chat: Olá Professora e colegas, Sou Zoraia, moro em Natal e trabalho com o recurso da Informática na Educação desde 1995 na escola Auxiliadora de Natal da Educação Infantil ao Ensino Médio. Venho trabalhando com projetos que se desenvolvem na sala de aula e o laboratório, mas o conteúdo curricular é orientado pelo professor da disciplina, ou disciplinas quando é um trabalho interdisciplinar. A minha busca é vivenciar esta troca de conhecimento pela rede, via e-mails e através do chat e posteriormente, proporcionar aos alunos experiências semelhantes com outros colégios e possibilitar o "diálogo” sobre um conteúdo curricular proposto em 37
  • 38. projetos, visando a utilização de nova metodologia para ampliar a aprendizagem. Um abraço. :-) Zoraia. Em relação a esse e-mail da aluna Zoraia do Curso Sala de Aula e Internet, ela busca vivenciar conhecimentos pela rede, via e-mail e através do Chat. O Chat são salas de visita na Internet onde as pessoas podem dialogar uns com os outros. É bastante usado principalmente pelos jovens. Para Masetto (2000) Essa técnica possibilita-nos as manifestações espontâneas dos participantes sobre determinado assunto. [...] Possibilita-nos também preparar uma discussão mais consistente, motivar um grupo para um assunto, incentivar o grupo quando o sentimos apático, criar ambiente de grande liberdade de expressão. (p.156-157) A primeira vez que tive experiência de participar de um Chat foi nesse curso Sala de Aula e Internet, para poder participar o aluno deveria ler os textos propostos, cujo tema era sobre a Interatividade. Foi muito interessante, eram muitos alunos na sala, e ficamos discutindo basicamente sobre o Tema proposto, eram muitas informações e rápidas ao mesmo tempo, mas foi possível acompanhar e concluir mais essa etapa do curso. Outro depoimento foi da cursista professora Lílian: Eu sou Lílian Luchiari Baraldi Ninin, sou professora da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo há 12 anos; sou do interior do Estado da cidade de Garça. Leciono na área de Ciências e Matemática e minha Escola atende o ensino fundamental e Médio. Minha escola recebeu um laboratório de informática que intitulamos de Sala Ambiente de Informática (SAI) nós recebemos alguns cursos em nível de softwares educacionais mas em relação à internet temos livre acesso porém cabe a cada professor desenvolver a melhor maneira em utilizá-la. Eu já desenvolvo algum trabalho, mas, sempre com aquele receio em saber se o que estou fazendo está correto ou até mesmo o quanto mais isso poderia ser explorado. É por isso que me aventurei pela primeira vez nesse curso on-line pois tenho esperança que a troca de vivências visa me enriquecer e aos meus colegas também. Um abraço, Lílian. 38
  • 39. Ela comenta sobre alguns cursos que sua escola ofereceu para “capacitar” o professor. Mas em relação ao uso da Internet em sala de aula, segundo relato da professora Lílian, compete ao professor, desenvolver uma melhor maneira para utilizá-la. Ela escreve que já vem desenvolvendo alguns trabalhos mas tem dúvidas se o que ela está fazendo está correto, ou o que poderia ser feito para melhorar. Saber como utilizar o computador e seus recursos em sala de aula, é a grande dificuldade apontada pela maioria dos professores. Andrade (2000) destaca em seu artigo que Apesar da formação que vem recebendo em informática na Educação esses profissionais ainda revelam que não estão compreendendo como podem desenvolver, [...] projetos pedagógicos com as novas tecnologias, principalmente, como podem possibilitar a realização de projetos de aprendizagem na utilização do computador pelos seus alunos. (p. 68) Essa falta de preparo e conhecimento sobre como trabalhar em sala de aula com todos esses recursos tecnológicos faz parte da realidade de uma grande maioria de professores. Apesar de existir uma política educacional de preparar os professores para utilizarem esses recursos, nem todos usufruem deles. No meu caso, por exemplo, o único curso que fiz ofertado pelo Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE)2 foi no ano de 2002, foram apenas 20 horas, onde as aulas eram bastantes técnicas, como trabalhar, com planilhas, Word, banco de dados, coisa que já dominava, meu interesse maior era ter algumas idéias para melhorar o que já vinha fazendo com meus alunos, mas isso não ocorreu, considero o curso uma espécie de “treinamento” rápido. Comentando sobre esses programas de treinamentos de professores Pretto (2001) diz: A falta das condições de acesso e as dificuldades em preparar professores e alunos para o trabalho com essas tecnologias não podem ser um estímulo para a implantação de programas de formação aligeirada, sejam eles presenciais ou à distância. A formação dos 2 NTEs- são núcleos criados pelo ProInfo para treinamento de professores em informática. 39
  • 40. professores é essencialmente um ato político de formação de cidadania e não um simples oferecimento de conteúdos para serem assimilados [...] Mais do que tudo, a formação dos professores no mundo contemporâneo tem que se dar de forma continuada e permanente e, para tal, nada melhor do que termos todos professores, alunos e escolas conectados através desses modernos recursos tecnológicos de informação e comunicação. (p. 51) Reforçando o comentário sobre a formação do professor para que ele aproprie-se desses modernos recursos, Valente (2002) afirma que A formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda que e como integrar o computador na sua prática [...] Deve-se criar condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e a experiência vivida durante a sua formação, para a sua realidade de sala de aula compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetivos pedagógicos que se dispõe a atingir. (p. 26) Mas enquanto essa formação não oferece condições para o professor construir conhecimento sobre as técnicas computacionais e enquanto todas as escolas não usufruem desses recursos tecnológicos de informação e comunicação o professor vai desenvolvendo projetos conforme suas condições, fica difícil generalizar essa situação, cada professor e cada escola têm a sua realidade. Temos muitos professores que não possuíram nenhuma formação para trabalhar com a informática, no entanto nos dão grandes lições de dedicação e estudo, realizando projetos que servem até de exemplos. Por isso considero importantes as palavras de Moran, (2000) que comenta um pouco sobre essa realidade. Cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar varias tecnologias e muitos procedimentos metodológicos.[...] Não se trata de dar receitas, porque as situações são muito diversificadas. É importante que cada docente encontre, sua maneira de sentir-se bem, comunicar-se bem, ensinar bem, ajudar os alunos a aprender melhor. É importante diversificar as formas de dar aula, de realizar atividades, de avaliar. (p. 32) 40
  • 41. Como não podemos pensar que vamos encontrar uma receita “pronta” sobre projetos e como aplicá-los temos que analisar a realidade de cada escola, de cada turma e o melhor seria se pudéssemos analisar cada aluno. Nesse curso Sala de Aula e Internet uma das atividades propostas era elaborar um projeto usando a Internet como recurso principal. Os professores que estavam fazendo o curso apresentaram suas idéias e propostas, a troca de e-mail possibilitou uma dinâmica interativa entre todos os participantes. O correio eletrônico foi à ferramenta mais usada no curso, e sobre esse recurso importantíssimo da Internet Masetto (2000) comenta que Pensando no processo de aprendizagem e na interação entre aluno e professor para o encaminhamento desse processo, o recurso do correio eletrônico apresenta-se como muito forte, em virtude de alguns fatores como a facilitação de encontros entre aluno e professor. [...] Esse recurso é muito importante para a aprendizagem dos alunos, porque os coloca em contato imediato, favorecendo a interaprendizagem2, a troca de materiais, a produção de texto em conjunto. Incentiva o aprendiz a assumir a responsabilidade por seu processo de aprendizagem. (p. 158) Das lições que aprendi em relação as minhas experiências, com o computador e a Internet, é que a curiosidade e a vontade de aprender, foi me levando a descobrir outros caminhos, que me levaram a outros novos caminhos, e através deles hoje posso dizer que o computador é meu aliado naquilo que disponho a fazer, quer seja em casa ou na escola. 2 É a forma de se apresentar e tratar um conteúdo ou tema que ajuda o aprendiz a coletar informações, relacioná-las, organizá-las, manipulá-las, discuti-las e debatê-las com seus colegas, com o professor e com outras pessoas. 41
  • 42. Meu envolvimento com o computador produziu até um site, com todas essas experiências vividas por uma professora que desmistificou a idéia de que o computador é um bicho de sete cabeças, para quem há pouco tempo se quer sabia ligar um computador, considero que o avanço em relação ao domínio dessa máquina e de seus recursos foi considerável. Caso queira acessar o site construído a partir de todas essas experiências o endereço é www.clicandoainternet.com.br Atualmente o computador faz parte do meu cotidiano, descobri, entre tantas coisas, que para o conhecimento não há limites, o limite quem estabelece é o ser humano, mas ao descobrir que podemos ampliar nossas possibilidades e, com isso ampliar nossos limites, não paramos mais, e a cada dia queremos mais e mais o desconhecido que passa a nos fascinar. Este fascínio e em meio de angústias e ansiedades levou-me a pensar sobre a parcela da população excluída da era digital. E desenvolvi numa escola pública do Município de Marechal Cândido Rondon, no estado do Paraná, um projeto que possibilitasse aos alunos o acesso ao computador e aos recursos da Internet que será abordado no próximo capítulo. 42
  • 43. 5. UMA EXPERIÊNCIA ESTIMULADORA Os novos paradigmas educacionais contemplam a inserção de novas tecnologias de informação e comunicação em ambientes educacionais. A informática na educação é um assunto bastante polêmico, marcado por mudanças que precisam ser incorporadas ao processo ensino aprendizagem. Muitas escolas já estão aderindo à nova ferramenta e estão levando seus alunos para o computador. Com essas mudanças na educação, surge uma outra maneira de pensar e realizar o aprendizado, mudando o papel dos professores e dos alunos no processo ensino-aprendizagem. Qual o papel dos professores e dos alunos, nessa nova perspectiva de ensino? Para Valente (2002) O papel do professor deixará de ser o de total entregador da informação para ser o de facilitador, supervisor, consultor do aluno no processo de resolver o seu problema [...] Caberá ao professor saber desempenhar um papel de desafiador, mantendo vivo o interesse do aluno, e incentivando 43
  • 44. relações sociais, de modo que os alunos possam aprender uns com os outros, e saber trabalhar em grupo. (p. 43) Corroborando com a idéia de que existe uma necessidade de mudança, Andrade (2002) apresenta um novo papel a ser assumido pelo professor: Ele deve criar espaços de aprendizagem e atividades, como a aprendizagem por projetos. Colocando-se como aprendiz, como um indivíduo com mais experiência e que tem maiores condições de aprender, o professor pode desempenhar muitas funções novas, ou seja, mediador, ativador, articulador, orientador e especialista da aprendizagem. (p. 80) Com isso percebemos que o professor não pode mais compartilhar um ensino a base de repassar os conteúdos de um livro ou pedir aos alunos para fazerem atividades, que para eles não tenham sentido algum, esse tipo de “ensino” reflete naquilo que a maioria dos alunos pensam sobre determinadas disciplinas, quando perguntamos, por exemplo, para que serve a História, muitos respondem, para nada, outros, para decorar para a prova. Assim como muda o papel do professor nesse novo paradigma, a do aluno também passa por mudanças. Para Valente (2002) o aluno: deverá estar constantemente interessado no aprimoramento de suas idéias e habilidades e solicitar do sistema educacional a criação de situações que permitam esse aprimoramento [...] Deve ser ativo: sair da passividade, de quem só recebe [...] deve desenvolver habilidades, como ter autonomia, saber pensar, criar, aprender a aprender [...] Ele deve ter claro que aprender é fundamental para sobreviver na sociedade do conhecimento. (p. 44) Nessa nova visão de professor e aluno, Behrens (2000) comenta: Em parceria, professores e alunos precisam buscar um processo de auto- organização para acessar a informação, analisar, refletir e elaborar com autonomia o conhecimento. (p. 71) Acreditamos também que o aprender “é fundamental para sobreviver na sociedade do conhecimento’’ e saber lidar com o computador e seus recursos neste contexto também se torna fundamental em uma sociedade que passa por constantes 44
  • 45. transformações e que exigem que a escola desenvolva projetos incluindo estas novas tecnologias de informações. Não podemos deixar que nossos jovens e adolescentes façam parte desse grande número de excluídos da era digital, não queremos ser utópico em achar que a informática na educação ira resolver o problema da exclusão social, mas ao menos, ao desenvolvermos projetos utilizando a Web estamos possibilitando ao nosso aluno a capacidade de encontrar e associar informações, de trabalhar em grupo de se comunicar, fazer pesquisas, interpretar dados desenvolvendo a capacidade crítica. Sobre o uso de computadores na educação Valente (2002) faz o seguinte comentário: A possibilidade que o computador oferece como ferramenta para ajudar o aprendiz a construir conhecimento e a compreender o que faz, constitui uma verdadeira revolução do processo de aprendizagem e uma chance de transformar a escola. (p. 107) 5.1 Descrevendo o projeto “Clicando a Internet” A idéia de um projeto que utilizasse o computador e seus recursos começou a ser “alimentada” numa aula de geografia, quando estávamos estudando o conteúdo que falava sobre a Internet e a Globalização. Após a leitura do texto os alunos passaram a responder um questionário da apostila sobre o assunto, e uma das perguntas era: o que é Internet? Então um aluno dirigiu-se até a minha mesa e perguntou: em que linha eu acho essa 45
  • 46. resposta? Essa atitude do aluno fez com que houvesse uma mudança nas estratégias de trabalho em sala de aula. Ao invés do aluno escrever sobre o que é a Internet, seria melhor se ele pudesse acessar a Internet e conhecer os principais recursos dessa ferramenta. O fato do aluno simplesmente responder a questão na apostila, não iria contribuir para nenhuma aprendizagem significativa. No entanto um projeto que utilizasse o computador poderia contribuir para facilitar e aumentar seus conhecimentos, e de certa forma desmistificar aquela idéia de que o computador é um bicho de sete cabeças. Essa mudança no método do trabalho escolar é comentada por Andrade (2003) Em primeiro lugar, o trabalho escolar hoje deve ser um trabalho de conhecimento contextualizado, de modo a ser facilitador da aprendizagem significativa. Esta só ocorre quando os conteúdos das diversas áreas de conhecimento podem ser associados com os saberes da realidade autêntica do educando, implicando numa multiplicidade de uso de linguagens e de integração desses saberes. Em segundo lugar, o trabalho na escola deve superar a perspectiva disciplinar. As diversas disciplinas do currículo precisam ser utilizadas para solucionar um problema concreto, concorrendo para uma concepção interdisciplinar. (p. 61 p.62) Atualmente nas escolas, a maioria dos alunos trabalham com aprendizagens que significam muito pouco, ao usarem o livro didático ficam resolvendo tarefas de forma mecânica, muitas vezes até para preencher o tempo em sala de aula e como se isso ainda não bastasse, muitos professores exigem que os alunos decorem os conteúdos, para no final realizarem uma prova, achando com isso que o aluno aprendeu o conteúdo. 46
  • 47. Para Valente (2002) “a educação não pode ser mais baseada em um fazer descompromissado, de realizar tarefas e chegar num resultado igual à resposta que se encontra no final do livro texto, mas do fazer que leva ao compreender” (p. 31) Para não realizar esse tipo de educação de “realizar tarefas”, pensei num projeto que utilizasse o computador e a Internet, parecia ser impossível de se realizar, pois a escola não possuía computador para os alunos, muito menos acesso a Internet. Para Andrade (2002) “a atividade de realizar projetos é própria do ser humano. O homem é um ser que planeja, não aceitando simplesmente o que a natureza lhe impõe”. (p.73) Enquanto professora, do ensino de Educação de Jovens e Adultos, não podia aceitar o fato de que a maioria dos meus alunos nunca tinham acessado a Internet, talvez para muitas pessoas, isso seja insignificante, para quem tem computador e acesso a Internet, realmente não pode se quer imaginar como se sente um aluno que tem a oportunidade de acessar pela primeira vez a Internet e que se talvez não fosse esse projeto, não teria essa oportunidade. Ao elaborarmos um projeto usando o computador devemos romper com modelos de ensinos tradicionais, caso contrário, estaremos, apenas, acrescentando um recurso a mais em sala de aula, o computador por si só não é sinônimo de mudança devemos arriscar naquilo que propomos, tendo consciência dessa mudança do papel do professor e do aluno em sala de aula, considero que pior do 47
  • 48. que não arriscar, é ficar com está. E como não queria ficar como estava, juntamente com os alunos desenvolvemos o projeto Clicando a Internet. 5.2 Os objetivos e estratégias do projeto Clicando a Internet Uma pesquisa realizada com os estudantes do CEEBJA - Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (600 alunos com idade entre 25 e 55 anos) demonstrou que quase 90% dos alunos nunca tiveram contato com um computador antes da implantação do projeto. A escola não pode ficar alheia a esses avanços tecnológicos. Através de projetos bem planejados as disciplinas poderão contar com outros recursos em sala de aula como o computador e a Internet possibilitando uma maior interatividade entre os envolvidos no processo ensino aprendizagem. Em relação ao uso da Internet na Educação Valente (2000) comenta: 48
  • 49. O uso da Internet, representa o ponto mais avançado da aplicação das novas tecnologias, para fins educativos, não apenas no sentido de hardware e software. Ela pode ser vista como um enorme supermercado de informações, onde o que se procura pode ser “puxado” no momento que se deseja. (p. 76) A Internet possibilita hoje um oceano de informações. Os intercâmbios científicos, comerciais, culturais são cada vez mais freqüentes e exige conhecimento em línguas estrangeiras e principalmente o domínio das novas tecnologias. Os professores deverão se atualizar constantemente e se preparar para lidar com essa nova realidade. Dependendo do trabalho do professor a Internet poderá possibilitar uma interação na prática, onde os alunos participam de ambientes virtuais de aprendizagem, através de debates, fóruns, discussão por e-mail. Cada professor dependendo de sua realidade poderá viabilizar momentos onde os alunos poderão ter o contato com as novas tecnologias. O projeto Clicando a Internet foi desenvolvido com os alunos de Educação de Jovens e Adultos do ensino fundamental de 5ª a 8ª série, a faixa etária destes alunos são de 25 a 55 anos, a maioria são trabalhadores, donas de casa, jovens desempregados que nunca acessaram a Internet. A foto abaixo é da turma que participou do projeto: Foto 01 49
  • 50. Alunos de Educação de Jovens e Adultos que pela primeira vez clicaram na Internet. Este projeto foi desenvolvido pelas disciplinas de Geografia, Informática e Inglês. A geografia é uma ciência que tem relacionamento com uma série de outras ciências. Com relação ao impacto da tecnologia da informática é necessário atentar para o acesso as redes de informações, com a Internet o aluno aumenta as conexões lingüísticas, as geográficas e as interpessoais. As lingüísticas porque interage com inúmeros textos e imagens, muitos textos em vários idiomas, daí a necessidade de se dominar pelo menos os principais termos da Internet, geográficas porque se desloca continuamente em diferentes espaços, culturas, tempos, adquirindo uma visão mais abrangente do mundo em que vivemos e outros mundos. Em relação às relações interpessoais porque o referido projeto pretende despertar o aluno para a importância da pesquisa, da solidariedade do trabalho voluntário do 50
  • 51. sentimento humanitário e de que principalmente temos muito por fazer e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa mais humana. A Web poderá oportunizar de uma forma mais rápida e eficiente o despertar do sentimento humanitário que muitas vezes passa despercebido em nosso dia a dia. Através da Web podemos incentivar os alunos a visitarem sites de trabalhos voluntários de combate a fome a pobreza, enfim despertar no aluno o sentimento de amor ao próximo. Acreditamos que a Internet é uma força poderosa para ajudar os alunos a desenvolverem um senso de responsabilidade pessoal com seu próprio aprendizado, com a Internet eles poderão expandir seus horizontes. O objetivo principal deste projeto é o de aproximar os alunos com os termos e os recursos da Internet, para que os alunos sintam-se motivados e curiosos pelas novas possibilidades que elas representam, dentre os principais objetivos podemos citar: • Ler Planejar e direcionar atividades que envolvam os alunos ativamente no processo ensino aprendizagem (teoria e prática da Internet). • Ler textos sobre a importância e uso da Internet nos dias atuais (pontos positivos e negativos). • Criar um glossário (inglês/português dos principais termos da informática). • Clicar em alguns sites para entender alguns recurso da Internet. • Criar uma rede de comunicação ente alunos e professores via e-mail para troca de informações e pesquisa. 51
  • 52. Montar uma agenda com os principais endereços de sites sobre: educação, saúde, recreação e trabalhos voluntários. • Acessar sites de interesses do aluno, fazendo uma análise posterior de pontos positivos e negativos, incentivando uma análise crítica dos sites visitados. • Produzir um guia didático a partir dos resultados dos trabalhos dos alunos. • Estimular um relacionamento mais humano, solidário, fortalecendo laços de amizade entre os envolvidos no projeto. • Identificar as principais partes de um computador e seu funcionamento. • Produzir um site com as principais experiências deste projeto. Cada projeto tem seus objetivos a serem atingidos e para que isso ocorra é necessário criar metodologias de trabalho, as principais metodologias são: • Trabalhar aula prática sobre o computador e sistema operacional (hardware e software). • Fazer pesquisa de campo com alunos de Educação de Jovens e adultos sobre quem tem acesso aos recursos de Internet e e-mail bem como conhecimentos de informática. • Aulas teóricas e práticas sobre como acessar a Internet e sobre principais recursos da Web no laboratório de informática da Unioeste. • Selecionar textos de sites sobre recursos tecnológicos e sua relação com a educação. • Pesquisar sites sobre a questão ambiental (degradação, preservação e projetos). • Selecionar sites de trabalhos voluntários de combate à fome e a pobreza no mundo. • Convidar alunos voluntários para ajudar no projeto ensinando os alunos que nunca tiveram acesso ao computador. 52
  • 53. Elaborar um glossário português e inglês dos principais termos utilizados na Internet. • Visitar o provedor www.oel.com.br, para conhecer o sistema de conexão da Internet. • Criar agendas com endereços eletrônicos e principais sites pesquisados. • Cadastrar alunos que não possuem e-mail no site www.bol.com.br para que os mesmos possam acessar em instituições públicas que acessam Internet(caso eles não possuam). • Buscar parcerias com empresas de informática e outras empresas para auxiliar no desenvolvimento do projeto. Os recursos materiais usados foram computadores em rede, livros revistas, jornais, xerox de textos, pastas para a organização do material, agendas para anotar sites de interesse do aluno, camisetas e outros. O projeto iniciou em outubro de 2001 e as principais etapas do projeto foram: • Seleção de textos em revistas sobre Internet e informática. • Estudo de termos inglês/português para criação de um glossário de informática. • Aula prática em laboratório para conhecer os recursos da Internet e e- mail. • Seleção dos principais sites para criar uma agenda referencial. • Publicação de material impresso, material on-line sobre o trabalho. • Divulgação em jornais revistas e registro através de fotos. Toda aprendizagem é um processo dinâmico de construção de conhecimento, por isso a avaliação não deverá servir para medir o grau de conhecimento do aluno, mas para auxiliá-lo no decorrer do desenvolvimento do projeto. Bem como para 53
  • 54. avaliar os envolvidos no projeto, pontos positivos e negativos para que possamos atingir os objetivos propostos. Ao destacarmos as principais etapas do projeto, nem tudo foi como o esperado, todo projeto, é apenas um plano, e conforme as dificuldades iam aparecendo íamos criando outras situações que possibilitassem dar continuidade ao projeto. O principal problema foi o fato da escola possuir apenas três computadores, que eram utilizados pelos funcionários da secretaria. Mas isso não foi suficiente para desistir do projeto, buscamos parceria com a Unioeste e ela nos cedeu o laboratório de informática para as aulas práticas. 5.3 As dinâmicas usadas em sala de aula O projeto tem como objetivo possibilitar ao aluno o aceso aos recursos tecnológicos: do computador e da Internet, além daqueles que vinham sendo utilizados em sala de aula, vídeo, apostila, trabalho em equipe e outras dinâmicas. O principal o objetivo é o de desmistificar a idéia que o computador é coisa de outro mundo. Pelo fato da maioria dos alunos serem adultos, muitos se sentiam “incapazes” de manusear um computador. 54
  • 55. Os alunos tiveram o contato inicial com a tecnologia através de revistas levadas para sala de aula. Inicialmente fizemos várias pesquisas em revistas especializadas em informática e Internet, para que os alunos conhecessem alguns termos da Internet, começando pelo bem simples, no qual eles deveriam relacionar sites e e-mails de alguns temas como saúde, educação, trabalho voluntário, esportes e outros, conforme sua curiosidade, também deveriam anotar palavras relacionadas à Internet e pesquisar o seu significado. Durante essa aula, a curiosidade foi tomando conta dos alunos. Muitos tinham dificuldades em relação a pronuncia dos termos em inglês usados na Internet. Fizemos uma relação das principais palavras em inglês, e a professora Sueli Fritzem que auxiliou no projeto, trabalhou a pronuncia de algumas palavras em inglês, como por exemplo, download, chat , hardware, software e outras. Nessa atividade, percebeu-se de certa forma um pouco da timidez dos alunos ao pronunciarem as palavras em inglês, mas aos poucos foram se soltando e logo passaram a falar fluentemente as palavras. Em seguida, elaboraram um glossário com os principais termos da informática, como software, website e off-line. Conforme a dificuldade iam aparecendo, os alunos consultavam o glossário, isso ajudou na compreensão desses termos, que antes eram totalmente desconhecido para eles. Na outra etapa do projeto o professor Carlos Alberto Erich de informática trouxe um computador para sala de aula e desmontou, mostrando aos alunos a composição do hardware e software do computador, a importância de cada um e o 55