2. Proposta 1 Grupo 1
Os participantes foram dispostos em
três grupos, e receberam de Cynthia,
Lucia e Patricia cada qual uma caixa
contendo palavras recortadas. As
instruções dadas foram apenas de
que cada grupo teria dez minutos
para arranjar as palavras em frase(s),
usando cada palavra apenas uma vez
e que não havia ali pontuação.
Grupo 2 Grupo 3
3. Execução Grupo 1
As palavras contidas na caixa de
cada grupo eram originárias de uma
determinada frase sobre Design e
também havia “palavras extras”, mas
os grupos não sabiam de nada disso
e foram organizando as palavras,
cada qual a seu modo.
Grupo 2 Grupo 3
4. Execução – Grupo 1 (Participantes: Claudia, Liliana, Gabriel e Arthur)
A frase original, entregue decomposta para o Grupo 1, era:
“O designer, (…) precisamente por usar qualquer material e qualquer
técnica, sem preconceitos artísticos, precisa de um método que lhe
permita realizar o projeto com o material correto, com as técnicas mais
adequadas e na forma correspondente à função (inclusive a função
psicológica)”. Bruno Munari
5. O grupo partiu para a montagem
de frases curtas, e, conforme
foram montando as primeiras,
encontraram dificuldades para
montar outras com as palavras
restantes.
O exercício de pensar nas
palavras existentes e tentar
construir frases, sentidos, com
elas, levou a construções que
utilizavam palavras que estavam
na “biblioteca” de seus
produtores, mas não no rol de
“estrelas” daquela “constelação”, As frases montadas pelo grupo foram:
ou seja, algumas vezes, as - Qualquer técnica de Design precisa de
palavras ideais para completar metodologia.
determinadas construções não - Qualquer projeto que permita usar técnicas
constavam dentre as palavras forma uma função.
disponibilizadas, o que forçava o - O designer pesquisa material e método sem
grupo a repensar a frase proposta preconceitos.
e buscar outra possível. - Criar ciência e realizar o correspondente
artísticos.
6. Execução – Grupo 2 (Bianca, Flávio, Heloiza e Júlia)
A frase original, entregue decomposta para o Grupo 2, era:
“A maioria das pessoas comete o erro de pensar que Design é aparência.
As pessoas pensam que é esse verniz – que aos designers é entregue esta
caixa e dito: “deixe bonito”! Isso não é o que achamos que seja Design. Não
é só o que aparece e sente-se. Design é como funciona”. Bill Gates
7. Execução – Grupo 2 (Bianca, Flávio, Heloiza e Júlia)
frase montada na primeira etapa
O grupo tirou todas as palavras da caixa e deixou-as sobre as mesas
defronte a si, e numa mesa ao lado tentava compor uma única frase.
Todos participavam, ora tirando, ora pondo palavras e questionando se
efetivamente o texto composto estava fazendo sentido.
8. Execução – Grupo 3 (Claudia, Fabiana, Marco Antonio e Sandro)
A frase original, entregue decomposta para o Grupo 3, era:
“No atual cenário cultural, qualificado, sobretudo, pela insistente e
dinâmica ação das imagens, o Design, como uma instância de linguagem
e instrumento diferenciador dos produtos da sociedade de consumo, é um
dos responsáveis pelos principais parâmetros simbólicos e econômicos
que divide as classes sociais estratificadas. Transforma-se em um
construtor de símbolos.” Vera Nojima
9. Execução – Grupo 3 (Claudia, Fabiana, Marco Antonio e Sandro)
O grupo dividiu as palavras em verbos, substantivos, adjetivos e
conjunções, a fim de facilitar a composição.
Cada participante foi “puxando” de sua biblioteca conexões entre as
palavras, dependendo de estudos que estavam realizando, coisas que
estavam lendo sobre aquele assunto neste momento.
As primeiras frases formadas foram: “O design é sobretudo um criador de
produtos de massa, construtor de símbolos e imagens de consumo.” e
“O design une pesquisa, ciência, arte e linguagem cultural”.
10. Proposta 2
Após 15 minutos disponibilizados para a formação das frases, os
participantes receberam, então, a informação de que originalmente
aquelas palavras compunham uma só frase e que isso também seria
esperado deles na segunda etapa; também foram avisados de que
neste segundo momento algumas palavras seriam “roubadas” por
Cynthia, Lucia e Patricia dentre as que haviam sido disponibilizadas,
mesmo que estivessem compondo alguma das frases iniciais.
A frase deveria ser reformulada, ou novas frases seriam construídas.
Outros dez minutos foram fornecidos para aquela construção posterior
à desconstrução.
11. Execução 2a. Etapa – Grupo 1 (Claudia, Liliana, Gabriel e Arthur)
Foram retiradas as principais palavras que haviam sido inseridas e não
constavam da frase original: “pesquisa”, “pedagógica”, “hipótese”,
comercial”, “metodologia”, “artista”, ciência”.
Apesar de a maior parte dessas
palavras não ter sido usada pelo grupo
na primeira etapa, a retirada delas e a
nova ordem de construir uma única
frase pareceram ajudar a organização
do pensamento, levando o grupo a
desenvolver uma frase mais coesa e
coerente do que na primeira etapa.
Podemos fazer um paralelo com a
construção do trabalho acadêmico,
onde muitas vezes é preciso “cortar”,
“roubar” palavras e trechos para que o
todo ganhe coerência e coesão.
Frase final
12. Execução 2a. Etapa – Grupo 2 (Bianca, Flávio, Heloiza e Júlia)
Frase final
A retirada de duas palavras que não constavam da frase inicial não afetou
o fôlego do grupo, que prontamente reiniciou novas composições e dentro
do prazo dado apresentou uma nova frase.
13. Execução 2a. Etapa – Grupo 3 (Claudia, Fabiana, Marco Antonio e Sandro)
Foram retiradas da frase
inicial do grupo as palavras
“símbolos” e “design”. Os
participantes recomeçaram o
trabalho e, rearranjando as
palavras, compuseram novas
frases.
Nesta segunda etapa a frase
criada foi: “O design é
sobretudo um instrumento
criador de produtos de
consumo de massa, construtor
cultural de parâmetros da
linguagem e dos produtos;
instância dinâmica que une
arte, ciência, pesquisa e
sociedade.”
14. Análise
Após efetuarem a leitura das
frases construídas (as da
primeira e da segunda etapas)
os grupos foram apresentados
à versão original da frase, de
onde saíram os fragmentos que
estavam em cada uma das
caixas.
Cynthia, Lucia e Patricia
agradeceram aos participantes,
visivelmente muito
empenhados em suas
composições, e passaram a
comentar os diferentes
momentos da dinâmica.
15. Análise
O primeiro momento, de
construção, era o momento
em que os textos eram
“bordados” – para usar a
linguagem de Colasanti –
com o uso da biblioteca de
cada membro da equipe.
O segundo momento foi
fruto de uma desconstrução
– o “roubo”das palavras – e
assim, com algo faltando ou
tendo que dispor em novo
arranjo – foi preciso
desmanchar o que havia
sido “bordado”e compor
novamente outros textos.
16. Análise
A existência de uma frase “original” não era – como foi questionado por
alguns participantes – para que ela fosse adivinhada e recomposta tal
qual o autor a houvesse concebido. O exercício evidenciou o que a
criatividade e as bibliotecas de cada um dos componentes dos grupos
são capazes de compor. Ter um ponto de partida era, como analisou a
professora Jackeline, uma segurança, a “disciplina”. Todavia, a riqueza
da interdisciplinaridade dos participantes surpreendeu com tantas
possibilidades, tantos textos – distintos do inicial – formados.
17. Conclusão
Como se tratavam de frases que falavam sobre
Design, elas precisavam fazer sentido para o
mundo do Design, e porquanto o texto seja como
os textos acadêmicos que são produzidos na pós-
graduação, estão sujeitos a cortes.
Fruto das bibliotecas – referindo-se ao termo de
Goulemot – de cada componente do grupo, o
texto sofreu cortes, e teve que receber nova
estrutura.
Escrever uma dissertação ou uma tese tem
também estes momentos: bordar e desmanchar o
bordado. Tecer e puxar os fios ora tecidos para
fora do tecido, seja para fazer novas relações com
outros autores, argumentos e fatos, seja porque
ele não tenha sentido naquela página.
Por mais que um corte ou cada desmancho doa.
18. Referências
Colasanti, Marina. A moça tecelã. São Paulo: Global, 2004.
Goulemot, J. Da leitura como produção de sentidos. In: Chartier, R.
Práticas da leitura. São Paulo: Estação Liberdade, 1996.