1) O documento discute o crescimento do turismo de cruzeiros desde os anos 1970, com foco nas Américas, Europa e região da Macaronésia.
2) Apresenta dados sobre os principais mercados emissores e companhias de cruzeiros, além de aspectos da relação entre cruzeiros e destinos.
3) Discorre sobre as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças do desenvolvimento do turismo de cruzeiros na região da Macaronésia.
3. Crescimento significativo a partir dos anos 70;
Em 2000 : 7,2 milhoes de passageiros: 13,3
milhoes em 2008; em 2009: 13,445 (Cruise Lines
International Association –CLIA -2009).
O impacto econômico no maior mercado
mundial (EUA): $40,2 milhões em 2008 – 6% de
aumento sobre 2007; 357.710 postos de
trabalhos (CLIA, 2009).
No mercado europeu: em 2008 - 21, 7 milhões de
visitantes em seus portos, 15% a mais em
relação a 2007 (ECC - Europe Cruise Council,
2009).
4. 1) Os passageiros têm a oportunidade de visitar
uma variedade de lugares em um curto período
de tempo, sem os problemas dos outros modos
de viajar.
2) Os navios são auto-suficientes.
3) A função dos tripulantes é garantir que os
passageiros tenham uma estadia agradável.
4) Alta qualidade gastronômica e do serviço.
Davidoff & Davidoff, (1994 citado por Dowling, 2006:03)
5. Em 1840, o britânico Samuel Cunard, percebeu a necessidade de regularidade
nos fluxos de comércio na travessia do Atlântico, originado mais tarde uma
das maiores empresas do mundo, a Cunard Line.
O primeiro registro de um cruzeiro transatlântico, foi em 1867 com o Quaker
City que partiu de Nova York para uma viagem à Terra Santa, Egito, Criméia e
Grécia, com uma duração de seis meses.
As longas distâncias tornavam a viagem monótona e os melhores
entretenimentos a bordo, só estavam disponíveis aos passageiros de primeira
classe, com algumas atividades programadas e aparelhos de ginástica, usados
particularmente pelos homens (Britto, 2006);
Período de guerra e pós-guerra: utilização dos navios para a guerra e
necessidade de recomeço do sector;
A partir dos anos 70 a evolução: “ O resort marinho” (OMT, 2008)
Novo conceito: - A combinação de transporte, alojamento e entretenimento,
dentro de um contexto de qualidade e segurança .
7. El entretenimiento en los cruceros- gimnasio y actividades para los niños.
Fuente: Maxtone-Graham ( 1978) citado por Brito (2006).
8.
9.
10.
11. 1- Carnival Corporation
Com sede em Miami ( E.U.A.) e Londres (Inglaterra);
Incluem as linhas Carnival Cruise Lines, Holland America Line,
Princess Cruises e Seabourn Cruise Line em Norteamérica; P&O
Cruises, Cunard Line e Ocean Village no Reino Unido; AIDA na
Alemania; Costa Cruises no sul da Europa; Iberocruceros na
Espanha; e P&O Cruises na Australia.
Perfil
92 navios, com outros 13 programados para entrega ate 2012.
Aproximadamente 177.000 clientes e 65.000 empregados a bordo.
A maior e mais popular linha de cruzeiros.
12. 2- Royal Caribbean International
Sede em Miami, Florida;
Incluem as linhas Celebrity Cruises e Royal Caribbean International.
Perfil
21 navios e dois em construçao.
3- Star Cruises Group
Sede em Kuala Lumpur, Malaysia;
Incluem as linhas America, Norwegian Cruise Line, Orient Lines, e Star Cruises
Perfil
Entidade controladora, Cruise Line (NCL), é a terceira operadora de cruzeiros no
mundo;
16 navios e mais de 200 destinos.
Fuente: CLIA, 2009; Ward, 2008.
13. Figura 3 – La geografía de los cruceros turísticos
Fuente: Savia, mayo de 2005
La geografía de los cruceros turísticos
Fuente: Savia, mayo de 2005
14. Caribe/ Bahamas – principal destino mundial, responsavel por mais de 50 % dos cruzeiros
em 2008 . Alem de praia e sol, area de jogos e compras, possui raizes europeia.
Mediterráneo e Sudeste Europeu- viagem a historia das grandes civilizaçoes,
oferece arquitectura, gastronomía e paisagens exóticas. Italia é o destino de cruzeiros favorito na
Europa com 23% dos movimentos de passageiros em transito, seguido de Grecia (20%), Espanha
(17%) e França (8%).
Alaska – destino em ascençao, com 5,8 milhoes de visitantes em 2008, que desperta o
interesse por paisagens inóspitas e natureza quase intocavel.
Norte Europeu – a presença de cidades prósperas e sofisticadas, paisagens com beleza
agreste, os campos de flores, alem de arquitectura tanto antigua como moderna, arte, música e
literatura.
Asia/ Pacifico – oferece destinos exóticos, fascinantes tradicoes, historia e patrimonio
cultural. Uma regiao que esta experimentando os beneficios do sector, económico y social, onde
as empresas estao se adaptando ao mercado. Adequar as ofertas gastronomicas e de lazer, sao
un dos requisitos para atender a essa demanda.
(Cruise Industry News -2009)
15. A “globalização no mar” ( Wood,2000): fusões das
grandes corporações e a diversidade de nacionalidade
da tripulação;
Mão de obra: 85% são para os serviços hoteleiros e
15% para a Marinha, geograficamente distribuídos
(Bin Wu, 2005);
As bandeiras de conveniência ou Flags of convenience
(FOC). Os registros desses países representam mais
de 50% da frota atual de cruzeiros do mundo, que
buscam os benefícios fiscais de paraísos ( Panamá,
Libéria ou Bahamas), mas operam em escritórios
localizados nas principais capitais do mundo (Chin,
2008).
16. Relação cruzeiro-destino;
Benefícios iniciais: a recuperação/reabilitação ou
construção de novos terminais.
Schubert (2006) exemplifica: Baltimore Inner
Harbour, Baterry ParK City e Southstreet Seaport em
Nova York, os Docklands, em Londres e Darling
Harbour, em Sydney.
Integrar o cruzeiro ao destino como forma de
fomentar a economia local e permitir aos cruzeiristas,
uma experiência com o lugar;
A transformação das zonas portuárias em áreas
comerciais também é parte da reconfiguração
espacial promovida pela prática regular do cruzeiro.
17. Pontos fracos da relaçao cruzeiro-destino:
Falha de comunicação do produto, onde as referências a
lugares a serem visitados são tratados superficialmente,
quando inexistente ( Cunin, 2006);
Competição desigual de determinados destinos que sofrem
com os serviços oferecidos a bordo (Sheridan e Teal,2006).
Principais fatores que influenciam a decisão do desembarque
dos turistas: limpeza, segurança pessoal, hospitalidade local,
paisagem, conservação dos recursos naturais, acessibilidade,
gastronomia, artesanato, costumes locais e entretenimento
noturno (Cuellar-Rio e Kido-Cruz, 2008) .
18.
19. Por sua localização geoestratégica, as ilhas do
Atlântico desempenharam o papel de base de
comunicação entre os principais continentes.
O movimento de barcos na região intensificou o
comércio de escravos negros oriundos principalmente
da costa leste da África, onde Cabo Verde ramificava
para as outras ilhas, e logo para a Europa e América
Em 1939 o governo espanhol organizou um cruzeiro
transatlântico para apresentar o “Estado Novo”, para
os países hispano-americanos, com o objetivo de
conhecer o poderio estatal do governo de Franco,
com escala em Santa Cruz de Tenerife (Ruiz, 2000);
20. Em Madeira, entre as décadas de 40 e 50, navios saiam de Southampton
em direção à Cidade do Cabo na África do Sul, tinham a ilha como
itinerário;
Na década de 60 a ilha da Madeira operava com cruzeiros da companhia
Greg Line, que fazia linha Inglaterra- Madera, onde havia uma importante
comunidade inglesa.
Na mesma época, os navios Camberra da P&O Orient Lines, com linhas
que operavam desde St. Petersburg, caracterizou o periodo de dominio
soviético de cruzeiros, com a clientela, em sua grande maioria, nórdica.
Nos anos 80 e 90, quando o sector de cruzeiros apresentou uma
expansao mundial, chegaram novos turistas.
Em 1994, foi criada a Cruises in the Atlantic, resultante de um acordo
entre as autoridades portuárias das ilhas Canárias e Madeira para
promover, em conjunto, o sector de cruzeiros entre as ilhas.
21. Porto de Las Palmas - Las Palmas de G. Canaria :244.962
Porto de Arrecife – Lanzarote ( Canarias): 260.692
Porto do Rosario – Fuerteventura (Canarias): 70.758
Santa Cruz de la Palma ( Canarias): 143.764
Santa Cruz de Tenerife (Canarias): 280.698
San Sebastián de la Gomera ( Canarias): 10.919
La Estaca – Hierro ( Canarias): 670
Porto Grande de Mindelo – São Vicente (Cabo Verde): 22.114
Praia – Santiago (Cabo Verde): 795
Funchal- (Madera): 394.960
Punta Delgada (Azores): 57.517
Dados da Autoridade Portuária de Las Palmas; AutoridadePortuária de Santa Cruz de Tenerife; Secretaria Regional de Turismo e Transportes daRegião Autónoma
de Madeira; ENAPOR – Portos de Cabo Verde; Site do turismo dePortugal, para os dados de Açores.
22. I. Forças:
Localização geográfica – as ilhas da Macaronesia estão localizadas em uma região no
Atlântico, com uma interligação entre as Américas, Europa e África.
Desenvolvimento turístico – o turismo é uma ferramenta de desenvolvimento na
maior parte das ilhas, com altas taxas de receitas anuais, ofertas de serviços de
qualidade e esforços de melhoria contínua da profissionalização do setor.
Segurança – a região tem estabilidade política e econômica, sem registro de ordem
social e/ou natural, no passado recente.
Clima – pela sua própria geografia, o clima varia entre tropical e subtropical, onde a
Madeira e os Açores têm uma maior taxa de precipitação em relação as Canárias e
Cabo Verde.
Recursos naturais e culturais – as ilhas apresentam paisagem variada, passando por
vulcões, praias, áreas verdes e semi-desérticas, flora e fauna endêmicas e as
especificidades culturais e remanescentes da arquitetura da era colonial e/ou
patrimônio dos povos antigos, que são fortes atrações turísticas.
Proximidade com a Europa – o principal mercado emissor para a maioria das ilhas é o
europeu, principalmente ingleses e alemães.
Infra-estrutura portuária existente – pela condição insular, as ilhas têm desenvolvido
o sistema portuário, sendo que algumas já têm terminais próprios para os cruzeiros.
23. II. Debilidades
Especialização do setor – o turismo de cruzeiro é relativamente novo
nas ilhas, e falta regulação nos portos, para que possam estar preparados
para receber novas demandas.
Infra-estrutura dos portos – os portos mais bem equipados, como os de
Las Palmas de Gran Canaria, Tenerife e da Madeira estão em vantagem
sobre as outras ilhas que necessitam adequar-se ao setor.
Conexão entre as ilhas – com ressalvo as Canárias e Madeira, que
mantêm Cruises in the Atlantic, as outras ilhas estão a margem desse
processo e pendentes de outros mercados turísticos.
Pouca presença do mercado norte-americano – a presença do maior
mercado emissor do mundo nas ilhas ainda é pequena.
Comunicação deficiente dos recursos culturais da região – as ilhas em
si, se vendem por suas praias e paisagens naturais em detrimento de
todos os recursos culturais, diminuindo as ofertas em terra.
24. III. Ameaças
Concorrência entre os portos da Macaronesia – a criação de um acordo entre os
portos da região, ou simplesmente a extensão do Cruises in the Atlantic, poderia
ser uma alternativa para distribuir melhor as paragens em portos da região.
Concorrência com outros portos – destinos como as ilhas Baleares e Caribe, com
características geográficas semelhantes são importantes concorrentes no
mercado da Macaronesia.
Aumento da prostituição e da criminalidade nos portos – é sabido que nos
cenários de desenvolvimento do turismo existe a possibilidade de um aumento
da marginalidade que fere a imagem do destino, que pode ser contido e apoiado
por um plano de ação para a segurança nos portos das regiões.
Impacto sócio-ambiental – a chegada de diversos navios em um dia no porto,
pode comprometer o bem-estar dos residentes locais.
Navios atracados e turistas a bordo – devido às grandes ofertas de
entretenimento a bordo dos navios, muitos cruzeiristas podem optar por não
conhecer os destinos, por falta de conhecimento de ofertas interessantes,
resultando em uma frágil relação entre porto-destino.
25. IV. Oportunidades
Benefício para população local – os benefícios do turismo de cruzeiros para a
população local ainda são contestáveis, principalmente por causa da falta de
integração e qualificação da força de trabalho local nos serviços de turismo.
Disseminar a cultura e a história local – a criação de ofertas com base na
história local é uma forma de preservação cultural quando bem planejada.
Construção de novos terminais – construir novo cais, que sirvam apenas o
turismo de cruzeiro, pode ajudar a consolidar o mercado na região.
Atrair investidores para as ilhas – na região, o porto de Las Palmas encontra-se
em 3.º lugar no ranking dos portos da Península Ibérica, em 2008; o Funchal em
5.º, o que os qualifica como mecanismos de atração para a região. Pensando em
Cabo Verde, os portos nacionais necessitam novos investimentos.
Atrair maior n.º de escalas – a região pode atrair um maior numero de escala,
fazendo conexão entre as ilhas com rotas que passam pelo arquipélago.
Atrair o mercado norte-americano – as ilhas têm ofertas suficientes para atrair
novos mercados, como os afro-americanos e o turismo de raízes na Africa.
26. O cenário de crescimento do setor de turismo de
cruzeiros é favorável ao desenvolvimento
também em outras áreas geográficas que
apresentem potenciais e infra-estrutura para
atender a demanda mundial.
As principais regiões de cruzeiro do mundo,
como o Caribe, Mediterrâneo e o Alasca,
possuem os requisitos necessários para o bom
desenvolvimento do setor, que incluem a infra-
estrutura portuária, ademais de atrativos
naturais e culturais ofertados em terra.
27. Canárias e de Madeira, apresentam vantagem em número de
escalas e de cruzeiristas, relativamente a Cabo Verde e Açores,
sendo que essa última vem investindo para poder competir com
melhores condições.
As ilhas da Macaronesia apresentam elementos paisagísticos e
culturais para entrar no mercado de cruzeiros turísticos,
beneficiado principalmente por sua condição geográfica, que
repercute em área de comunicação, especialmente entre America,
Europa e África.
Verifica-se uma falta de planejamento conjunto que poderia atrair
benefícios gerais para a região e inserir-la como uma importante
área de cruzeiros turísticos.
O mercado das ilhas atlânticas da região da Macaronesia é uma
dessas áreas que podem oferecer, de maneira mais incisiva,
recursos para se inserir nas grandes rotas dos cruzeiros marítimos.
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