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ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR JOÃO CRUZ
Assunto: Leitura do Livro A espiral dourada.
Tema: A Invenção do Primeiro Meridiano
Aluno: Dafne Beatriz Sousa Santos - no 5
Série: 3o ano C do Ensino médio
Professora: Ms Maria Piedade Teodoro da Silva
Carlos Ossamu Cardoso Narita
Disciplina: Língua Portuguesa e Matemática
Jacareí, 13 de novembro de 2015
1 INTRODUÇÃO
O estudo em questão não só procura divulgar, principalmente, para a
sala de aula dos alunos do 3ºano C da Escola Estadual Professor João Cruz
com base no livro A Espiral Dourada dos autores Nuno Crato, Luís Tirapicos,
Carlos Pereira Santos, a invenção do primeiro meridiano, mas também os
conteúdos matemáticos que os livros didáticos, muitas vezes omitem, mas que
seriam importantes para a compreensão dos conceitos e fatos cartográficos.
Essa pesquisa, logo, procura conhecer a origem dos primeiros
meridianos e perceber suas influencias nos dias de hoje, por isso buscar
responder as seguintes questões: O que é meridiano? Para que é usado? Qual
é o principal meridiano?
2 Origem do Meridiano de Greenwich
2.1 Cartografia, convenções e outras invenções humanas.
“... para que latitude ou longitude será que
estou indo?” Alice não tinha a menor ideia do que
fosse latitude, nem do que fosse longitude, mas
lhe pareciam palavras imponentes para se dizer
(CARROLL, 2001)’’
A data de 11 de Agosto de 1675 corresponde à fundação do
Observatório Astronómico de Greenwich, instituição que se tornaria fulcral na
consolidação de um método rigoroso para estabelecer a longitude terrestre,
coordenada pela qual é possível saber se um determinado lugar (em terra ou
no mar) se encontra para Este ou para Oeste de um ponto (ou linha)
considerado como referência.
Na verdade, a preocupação já era antiga, julgando-se terem sido
Eratóstenes e, posteriormente, Hiparco (cerca de 150 anos antes do início da
2.nossa era) os primeiros a proporem o uso de duas coordenadas para definir
um lugar na superfície terrestre. Considerada a Terra como um globo, era
relativamente fácil conhecer a latitude pela elevação da estrela polar mas,
quanto à longitude, para além de imaginar um conjunto de linhas (meridianos)
indo de um ao outro polo, era indispensável tomar um desses meridianos como
referência e possuir um método de, num local a Este ou a Oeste de tal
referência, conhecer o deslocamento em relação a esse meridiano. No entanto,
demorou algum tempo até se obter concordância acerca de tal "referência",
tendo sido ultrapassado um período em que cada país produzia as suas cartas
de navegação com base no seu "meridiano zero", razão por que ele foi
admitido na ilha do Ferro (a mais ocidental do arquipélago das Canárias), nas
ilhas de Cabo Verde, em Londres, Lisboa, Paris e na Madeira, tendo até a ilha
do Pico sido sugerida para tal função.
Mais importante do que obter consenso quanto à localização da linha de
"origem" da contagem da longitude, era conseguir um método rigoroso de a
conhecer, o que gerou alguns esforços, nomeadamente o estabelecimento de
prémios. Em 1598, Filipe III de Espanha propõe uma generosa quantia a que
Galileu se candidata, oferecendo-se para "trabalhar em Lisboa", e, mais de 100
anos depois, é o governo inglês a tomar iniciativa idêntica, de que viria a surgir
o primeiro "cronómetro de marinha", instrumento capaz de manter a hora (com
rigor) à custa da sua capacidade de resistir aos balanços dos navios, a grandes
diferenças de temperatura e a altos graus de umidade.
Acreditava-se então que bastaria, em alto mar, conhecer a hora de
referência e – pela determinação do meio-dia solar (o momento em que o Sol
atingia a sua altura máxima) – estabelecer a diferença de "horas" entre o local
de referência e o local de "observação". A correspondência entre uma hora e
15 graus daria a diferença de longitude entre os dois lugares e,
consequentemente, o valor correspondente ao local onde a avaliação era
efetuada.
Na Conferência Internacional do Meridiano, realizada em Washington,
em 1884, vinte e seis países concordou em usar o meridiano que passa por
Greenwich como referência, embora alguns, como França e Portugal,
continuassem – por mais algum tempo – a usar os seus próprios meridianos,
Paris e Lisboa, respectivamente. Só em 1911 se estabeleceu, em Portugal, a
subordinação da hora legal ao meridiano de Greenwich.
2.2 O Meridiano de Greenwich
O Meridiano de Greenwich ou Meridiano Principal é o meridiano que
passa sobre a localidade de Greenwich (no Observatório Real, nos arredores
de Londres, Reino Unido) e que, por convenção, divide o globo terrestre
em ocidente e oriente, permitindo medir a longitude. Foi estabelecido
por Sir George Biddell Airy em 1851. Definido por acordo internacional
em 1884, enfrentou uma concorrência com a França (seria denominado
"meridiano de Paris"),Espanha, (seria denominado "meridiano de Cádis") e
com Portugal, (seria denominado "meridiano de Coimbra"), antes de ser
definido como o primeiro meridiano. Assim foi definido graças ao poder da
grande potência da época, a Inglaterra. Serve de referência para calcular
distâncias em longitudes e estabelecer os fusos horários. Cada fuso horário
corresponde a uma faixa de quinze graus de longitude de largura, sendo a hora
de Greenwich chamada de Greenwich Mean Time (GMT).
O Meridiano de Greenwich atravessa dois continentes e sete países.
(na Europa: Reino Unido, França e Espanha; e na África: Argélia, Mali, Burkina
Faso e Gana).
Seu antemeridiano é o meridiano 180, que coincide fugazmente com a
irregular Linha Internacional de Data, cruza uma parte da Rússia no estreito de
Bering e uma das ilhas do arquipélago de Fiji, no oceano Pacífico.
2.3 Antes e Depois de Greenwich
Nem sempre o meridiano de Greenwich foi utilizado para a contagem
dos graus de longitude. Balbi assim historiou o assunto, no seu Tratado de
Geographia Universal, Physica, Historica e Política (1858) não assim os graus
de longitude, por isso que contando-se de um meridiano de convenção, a que
chamam primeiro meridiano há dois modos de os contar, a saber : ou até 360º
começando do primeiro meridiano para a parte oriental até o encontrar pela
parte ocidental, ou até 180º para a parte oriental, e até outros 180º para a
ocidental, e em caso tal é mister que se declare expressamente se a longitude
é oriental ou ocidental.
Os geógrafos antigos, e ainda hoje os alemães, seguiram sempre o
primeiro modo de contá-los; o segundo foi geralmente adaptado pelos
modernos, e em particular pelos franceses e ingleses.
Quanto ao meridiano de convenção ou primeiro meridiano, convém
saber, que Ptolomeu adaptou o das ilhas Afortunadas ou Ilhas Canárias, por se
acharem no limite ocidental dos países naquele tempo conhecidos; que Luís
XIII, rei de França, determinou por decreto aos geógrafos franceses de
referirem as longitudes ao meridiano da Ilha de Ferro, que é a mais ocidental
daquele arquipélago; que os holandeses adaptaram o do Pico de Tenerife;
que Gerardo Mercator, célebre geógrafo, escolheu o da Ilha do Corvo no
arquipélago dos Açores, porque nele no seu tempo a agulha de marear não
sofria nenhuma declinação; que porém, ultimamente, quase todas as nações
adaptaram os meridianos de seus respectivos observatórios. Os franceses
reportam-se ao meridiano do observatório de Paris, os ingleses ao
de Greenwich, os espanhóis ao de Cádis, os portugueses ao de Coimbra ou ao
de Lisboa.
Em Portugal, no início do século XIX, adotou-se o Tempo Solar Médio
(dias sempre de 24 horas, quando na realidade apresentam variações entre
mais 16 ou menos 14 minutos ao longo do ano), simplificando a determinação
da Hora Legal. Posteriormente, a partir de 1878, o Observatório Astronómico
de Lisboa (OAL) passou a funcionar como único meridiano zero para todo o
território nacional. Em 1912, com a adesão do país ao sistema de fusos
horários, a hora legal de Portugal Continental passou a ser a do meridiano de
Greenwich e os relógios tiveram que ser adiantados em 36m e 44,68s, ou seja,
a diferença entre os meridianos do OAL e o de Greenwich.
Após Greenwich
Apesar da confusão em relação ao meridiano principal, já no ano de
1884 mais de um dois terços dos navios usavam o Meridiano de Greenwich
como referência de longitude. No mês de outubro daquele ano, sob os
auspícios de Chester A. Arthur, então presidente dos Estados Unidos, 41
delegados de 25 nações se encontraram em Washington, DC para a
Conferência Internacional do Meridiano. Esta Conferência selecionou o
Meridiano de Greenwich como meridiano principal devido à sua popularidade.
Votaram em favor do Meridiano de Greenwich o Império Austro-Húngaro,
o Chile, a Colômbia, a Costa Rica, a Alemanha, o Reino Unido, a Guatemala, o
Hawaii, a Itália, o Japão, a Libéria, o México, os Países Baixos, o Paraguai,
a Rússia, a Espanha, a Suécia, a Suíça e a Turquia. O Brasil e a França,
todavia, abstiveram-se do voto (por várias décadas ainda, os mapas franceses
permaneceram usando o Meridiano de Paris como meridiano zero) e
a República Dominicana votou contra. Os representantes dos Estados Unidos,
da Venezuela e de El Salvador faltaram à votação.
2.4 Paralelos e Meridianos
Os paralelos e meridianos são linhas imaginárias que fazem parte do
sistema de coordenadas geográficas da Terra. Eles configuram-se como
demarcações cartograficamente traçadas sobre o globo terrestre que são
utilizadas, além da localização, para diversos fins, como demarcações dos
solstícios e equinócios, os fusos horários, entre outros elementos.
Os paralelos, na verdade, são círculos traçados de forma perpendicular
ao eixo da Terra. Trata-se de círculos concêntricos, em que o maior deles é
a Linha do Equador, que divide o planeta nos hemisférios norte (boreal ou
setentrional) e sul (austral ou meridional). Assim, o diâmetro desses círculos
diminui conforme nos aproximamos dos polos terrestres.
Alguns dos paralelos da Terra são mais importantes por serem
demarcações das diferentes posições da luz solar ao longo do ano,
distinguindo as sequências alternadas de solstícios e equinócios. Essas linhas
são: os trópicos de Câncer e Capricórnio e também os círculos polares do
Ártico e do Antártico. Confira o esquema representado a seguir:
Os meridianos, por sua vez, são semicírculos traçados paralelamente ao
eixo terrestre, mantendo-se em posição vertical. Ao contrário dos paralelos,
que são dispostos paralelamente entre si, os meridianos encontram seu início e
fim no centro dos polos norte e sul, de forma que todo meridiano possui o seu
antimeridiano, e a distância entre ambos é sempre de 180º de longitude.
Como os meridianos são todos do mesmo tamanho, não existem
diferenças técnicas que permitam que um seja mais preponderante do que os
demais da forma como ocorre com a Linha do Equador em relação aos demais
paralelos. Assim sendo, estabeleceu-se, por convenção, que o principal
meridiano seria o de Greenwich, que se configuraria como uma espécie de
“marco zero” da Terra.
Assim, o Meridiano de Greenwich possui várias funções, como dividir o planeta
nos hemisférios oeste (ocidental) e leste (oriental) e também demarcar o grau
zero das longitudes e dos fusos horários.
Os paralelos são medidos em latitudes, que nada mais são do que a
distância entre eles e a Linha do Equador medida em graus. Já os meridianos,
como já foi mencionado, são medidos em longitudes, que são a distância em
graus em relação ao Meridiano de Greenwich. Essas duas linhas principais
possuem, respectivamente, 0º de latitude e 0º de longitude
2.5 A medição da longitude
A medição da longitude é importante tanto para a cartografia como para
uma navegação segura no oceano. Ao longo da história navegantes e
exploradores lutaram para encontrar um método de determinar a longitude
exata, o que levou séculos, envolvendo o esforço de grandes mentes
científicas como Américo Vespúcio e Galileu.
Determinar a latitude é simples no hemisfério norte: basta medir o
ângulo entre o horizonte e a Estrela Polar com ajuda de
um quadrante, astrolábio ou sextante. Mas o cálculo da longitude sempre
apresentou sérios problemas, principalmente no alto mar. O cálculo da
longitude, em teoria, reduz-se a medir a diferença de tempo entre um ponto de
referência e a posição atual do navio. A posição do Sol indica a hora local, mas
a referência de tempo não poderia ser conhecida sem relógios suficientemente
precisos, que só seriam construídas a partir dos séculos XVIII e XIX.
Inicialmente a longitude era deduzida de modo aproximado, estimando
as distâncias percorridas por navios, para isso usavam-se instrumentos
primitivos, como um sistema de nós numa corda que corria a intervalos
regulares de cerca de uma hora calculados com pouco precisos relógios de
areia, resultando na unidade náutica Nó (unidade), que permitia de forma muito
grosseira inferir as distâncias percorridas de Leste para Oeste ou vice-versa.
Uma tentativa de compensar estas imprecisões foi a marcação de linhas de
navegação entre portos nos mapas.
A dificuldade de determinar a longitude, além de imprecisões
cartográficas (por exemplo, para definir o meridiano de Tordesilhas) resultou
em autênticas catástrofes marítimas: a frota britânica do almirante Clowdisley
"chocou" com as Ilhas Scilly no ano 1707 por um erro de cálculo na posição. O
mesmo problema levou o navio inglês Centurion, em 1741, a cruzar o Estreito
de Magalhães, sem saber a sua posição: quando chegou ao Pacífico e queria
reabastecer no arquipélago Juan Fernández, sem saber se deveria seguir para
leste ou oeste tomou a decisão errada e acabou no Chile. Os navios espanhóis
e portugueses que navegavam para as Caraíbas tinham de seguir em
esquadras e por rotas fixas para evitar perder-se, o que os tornava presa fácil
de piratas e corsários. Todas estas circunstâncias fizeram do cálculo da
longitude uma prioridade estratégica para os governos. Em 1598 Filipe III de
Espanha criou um prêmio para quem "descobrisse a longitude". O mesmo faria
o governo britânico em 1714.
Outra possibilidade era medir as diferenças horárias entre dois pontos
através de observações astronômicas. Se souber a que horas ocorre
um eclipse num ponto de terra firme e medirmos a hora local desse eclipse no
mar, podemos calcular a longitude. Os eclipses solares ou lunares são raros,
mas isso foi resolvido desde que Galileu observara os satélites de Júpiter em
1610. Aí ocorrem eclipses milhares de vezes por ano. Galileu propôs que uma
observação no mar desses aparecimentos e desaparecimentos daria uma
medida precisa da longitude. O método era correto e foi de fato utilizado para
determinar a longitude em terra, mas com muita dificuldade na navegação,
devido à instabilidade dos navios.
Esta aplicação prática da observação astronômica levou à criação
de observatórios em toda a Europa: Cassini fundou o Observatório
Astronômico de Paris em 1667, a pedido de Colbert (ministro de Luís XIV),
onde a longitude de Paris foi determinada usando o método das luas de Júpiter
de Galileu. O Observatório de Greenwich foi fundado em 1675 com a missão
de estudar o mapa do céu, da lua e das estrelas "para aperfeiçoar a arte da
navegação."
Finalmente a solução para o problema da longitude foi encontrada - não
pela astronomia, mas pelos avanços tecnológicos na medição do tempo - por
um relojoeiro autodidata: John Harrison. Este inglês
criou cronómetros marinhos, que progressivamente eram mais precisos. Após
5 versões, chegou a atingir um desvio de apenas um terço de segundo por dia.
Estes cronômetros marinhos eram, contudo, extremamente caros.
O problema do posicionamento preciso dos navios foi resolvido por fim
graças ao GPS. O Sistema de posicionamento global é baseado na localização
por sinais recebidos por um conjunto de satélites artificiais que orbitam a Terra.
O receptor recebe os sinais destes satélites e por triangulação pode saber sua
posição precisa, com apenas alguns metros de erro.
2.6 A meridiana de Saint Sulpice
Ajoelhado na primeira fila de bancos, Silas fingia rezar enquanto
estudava o interior da igreja de Saint Sulpice. Embebida no granito do soalho
brilhava uma fina tira de latão que atravessava o chão da igreja, indo-se
prolongar num obelisco por onde trepava verticalmente até ao topo. Era na sua
base que a irmandade tinha escondido a Chave da Abóbada...
Quem tenha lido O Código Da Vinci lembrar-se-á deste emocionante
capítulo, em que o monge procurava a chave secreta do Priorado e destruiu
uma laje na base do obelisco. Nesse local descreve-se uma mística tira de
latão a que o autor chama «linha da rosa». Que seria essa linha?
Em tempos, a igreja de Saint Sulpice, assim como várias igrejas do sul
da Europa, nomeadamente a de São Petrónio, em Bolonha, funcionaram como
gigantescos observatórios solares. Nos seus soalhos foram desenhadas longas
linhas perfeitamente alinhadas com a direcção norte-sul. E nos seus tectos
foram efectuados orifícios por onde a luz do Sol passava, indo projectar uma
imagem do disco solar sobre o chão da igreja.
Esses instrumentos eram conhecidos como meridianas, pois a linha no
chão, se prolongada indefinidamente, passaria pelos pólos terrestres e daria
uma volta ao globo. Marca, pois, o meridiano do lugar. O Sol passa por cima
dessa linha quando atinge a sua altura máxima no céu e está exatamente na
direção sul. Por isso, tal passagem é designada como passagem meridiana do
Sol. Atinge-se no momento do meio-dia solar verdadeiro.
Na igreja de Saint Sulpice existia um orifício numa janela superior, na
altura obscurecida, onde se encontrava uma lente colocada por cima da linha
meridiana. Dessa forma, a imagem do Sol projectada pela lente passava sobre
a linha marcada com uma tira de latão exactamente no meio-dia solar. A igreja
funcionava, pois, como um gigantesco relógio solar, por onde se podiam
acertar diariamente os relógios mecânicos.
Quem teve a ideia de construir este aparelho foi à cura da paróquia de
Saint Sulpice, Jean-Baptiste-Joseph Languet, quando a igreja começou a ser
reconstruída numa escala maior e mais ampla, nos inícios do século XVIII. O
padre queria apenas marcar a hora solar exacta, de forma a executar os rituais
da igreja nos momentos próprios. Mas o homem a quem confiou a execução, o
matemático parisiense Pierre-Charles Lemonnier (1715-1799), tinha ambições
científicas mais arrojadas. Lemonnier resolveu instalar no orifício do tecto da
igreja uma lente, que possibilitava uma melhor focagem da imagem do Sol
projectada no soalho. E alinhou a linha meridiana de latão com um gigantesco
obelisco colocado no interior da igreja, de forma a que a imagem do Sol
projectada de Inverno pudesse ser menos distorcida.
Na realidade, a imagem do Sol passa sempre sobre a linha meridiana no
meio-dia solar. Mas passa em locais diferentes da linha ao longo do ano. De
Verão, quando o Sol está mais alto, a imagem projeta no soalho mais perto do
orifício do teto. De Inverno, quando o Sol está mais baixo, a imagem projecta-
se mais longe e é por isso mais alongada e distorcida. Colocando o obelisco no
enfiamento da meridiana, Lemonnier conseguiu reduzir essa distorção, fazendo
com que o ângulo do Sol com o plano onde estava a meridiana diminuísse.
Nos extremos da linha de latão, o matemático francês colocou as
marcas dos solstícios - no obelisco, o de Inverno; na outra extremidade, o de
Verão. No ponto intermédio apropriado, colocou as marcas dos equinócios de
Primavera e de Outono. O aparelho era tão preciso que Lemonnier dizia
conseguir calcular o meio-dia solar com a precisão de um quarto de segundo.
Mas os objectivos do matemático eram ainda mais ambiciosos. Ele queria
estudar a mudança de direcção dos raios solares causada pela atmosfera - a
chamada refracção - e os momentos em que a órbita da Terra a levava mais
perto e mais longe do Sol, os chamados periélio e afélio, respectivamente.
Ao fazê-lo, Lemonnier inscreve-se numa linha de investigação levada a
cabo em várias igrejas europeias e que ajudou a decidir a escolha entre o
modelo heliocêntrico de Copérnico, na sua versão de Kepler, e o antigo modelo
geocêntrico de Aristóteles e Ptolomeu. Com efeito, as aproximações e
afastamentos entre a Terra e o Sol ao longo do ano são diferentes nos dois
modelos. No de Kepler, resulta da forma elíptica das órbitas dos planetas. No
de Ptolomeu, resulta da posição excêntrica da circunferência em que o Sol se
moveria. A diferença de previsões dos dois modelos não é muito pronunciada,
mas pode teoricamente ser revelada pela maneira como o Sol muda de altura
meridiana ao longo do ano e pelo seu diâmetro aparente.
Durante muitos anos, os astrónomos tentaram medir esses parâmetros,
mas sem resultados conclusivos. Foram necessários instrumentos solares
gigantescos, com dimensões que apenas as grandes igrejas da altura
alcançavam. Nos séculos XVII e XVIII, a verdade foi revelada nas meridianas
dos soalhos das igrejas. O resultado é conhecido: os céus manifestaram-se a
favor de Kepler.
Os erros d'O Código Da Vinci
Ao contrário do que diz Dan Brown, a linha meridiana da igreja não é um
gnômon - nome habitualmente reservado a um ponteiro ou haste que marca a
sombra do Sol. No caso da igreja de Saint Sulpice, pode-se considerar a lente
no teto como um gnômon, e o próprio sistema, tal como um relógio solar, pode
ser chamado gnômon, por sinédoque.
O nome de «linha da rosa», dado por Brown à linha meridiana de Saint Sulpice,
é inventado. Ao contrário do que igualmente diz, a meridiana desta igreja nunca
serviu como marca do meridiano de referência de Paris. Esse meridiano de
referência, ou longitude zero, usado de 1669 a 1884 pelos marinheiros e
cartógrafos franceses, passa ligeiramente a leste, pelo Observatório de Paris.
A melhor referência moderna às meridianas solares nas igrejas é The Sun in
the Church, do historiador de ciência norte-americano J.L. Heilbron (Harvard,
1999)
(Nuno Crato, 2004)
3 Considerações finais
Nessa pesquisa vimos que embora os meridianos são visto como um só,
na verdade não é assim, pois são muitos, todos os homens ou navios têm
meridianos distintos, cada um tem o seu particular.
Este artigo sobre a escolha do primeiro meridiano universal tem as
características de um quebra-cabeça e consiste de várias narrativas em
escalas diferentes. Começamos com as linhas imaginárias que podemos
encontrar nos mapas e os quais chamaram de paralelos e meridianos. Em
seguido, descrevemos alguns métodos para medir posições geográficas,
alertando que essas coordenadas apenas teriam valor universal se existisse
um primeiro meridiano comum para todos os países.
4 Referencia
CRATO, Nuno. TIRAPICOS, Luís. SANTOS, Carlos Pereira. A Espiral
Dourada Lisboa, Portugal: Gradiva.
CARROLL, Lewis. Alice. Edição comentada: Aventuras de Alice no País das
Maravilhas e Através do Espelho Rio de Janeiro: Zahar.
Disponível: http://www.mundoeducacao.com/geografia/meridiano-
greenwich.htm > acesso 10 de novembro de 2015
Disponível: http://www.reino-unido.net/greenwich.htm > acesso 9 de novembro
de 2015
Disponível:
http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&view=article&i
d=51:o-meridiano-de-greenwich&catid=33:cacadores-de-estrelas&Itemid=124 >
acesso 13 de novembro de 2015
Disponível: https://pt.wikipedia.org/wiki/Meridiano_de_Greenwich> acesso 9 de
novembro de 2015

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O Primeiro Meridiano

  • 1. ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR JOÃO CRUZ Assunto: Leitura do Livro A espiral dourada. Tema: A Invenção do Primeiro Meridiano Aluno: Dafne Beatriz Sousa Santos - no 5 Série: 3o ano C do Ensino médio Professora: Ms Maria Piedade Teodoro da Silva Carlos Ossamu Cardoso Narita Disciplina: Língua Portuguesa e Matemática Jacareí, 13 de novembro de 2015
  • 2. 1 INTRODUÇÃO O estudo em questão não só procura divulgar, principalmente, para a sala de aula dos alunos do 3ºano C da Escola Estadual Professor João Cruz com base no livro A Espiral Dourada dos autores Nuno Crato, Luís Tirapicos, Carlos Pereira Santos, a invenção do primeiro meridiano, mas também os conteúdos matemáticos que os livros didáticos, muitas vezes omitem, mas que seriam importantes para a compreensão dos conceitos e fatos cartográficos. Essa pesquisa, logo, procura conhecer a origem dos primeiros meridianos e perceber suas influencias nos dias de hoje, por isso buscar responder as seguintes questões: O que é meridiano? Para que é usado? Qual é o principal meridiano?
  • 3. 2 Origem do Meridiano de Greenwich 2.1 Cartografia, convenções e outras invenções humanas. “... para que latitude ou longitude será que estou indo?” Alice não tinha a menor ideia do que fosse latitude, nem do que fosse longitude, mas lhe pareciam palavras imponentes para se dizer (CARROLL, 2001)’’ A data de 11 de Agosto de 1675 corresponde à fundação do Observatório Astronómico de Greenwich, instituição que se tornaria fulcral na consolidação de um método rigoroso para estabelecer a longitude terrestre, coordenada pela qual é possível saber se um determinado lugar (em terra ou no mar) se encontra para Este ou para Oeste de um ponto (ou linha) considerado como referência. Na verdade, a preocupação já era antiga, julgando-se terem sido Eratóstenes e, posteriormente, Hiparco (cerca de 150 anos antes do início da 2.nossa era) os primeiros a proporem o uso de duas coordenadas para definir um lugar na superfície terrestre. Considerada a Terra como um globo, era relativamente fácil conhecer a latitude pela elevação da estrela polar mas, quanto à longitude, para além de imaginar um conjunto de linhas (meridianos) indo de um ao outro polo, era indispensável tomar um desses meridianos como referência e possuir um método de, num local a Este ou a Oeste de tal referência, conhecer o deslocamento em relação a esse meridiano. No entanto, demorou algum tempo até se obter concordância acerca de tal "referência", tendo sido ultrapassado um período em que cada país produzia as suas cartas de navegação com base no seu "meridiano zero", razão por que ele foi admitido na ilha do Ferro (a mais ocidental do arquipélago das Canárias), nas ilhas de Cabo Verde, em Londres, Lisboa, Paris e na Madeira, tendo até a ilha do Pico sido sugerida para tal função. Mais importante do que obter consenso quanto à localização da linha de "origem" da contagem da longitude, era conseguir um método rigoroso de a conhecer, o que gerou alguns esforços, nomeadamente o estabelecimento de prémios. Em 1598, Filipe III de Espanha propõe uma generosa quantia a que Galileu se candidata, oferecendo-se para "trabalhar em Lisboa", e, mais de 100 anos depois, é o governo inglês a tomar iniciativa idêntica, de que viria a surgir o primeiro "cronómetro de marinha", instrumento capaz de manter a hora (com
  • 4. rigor) à custa da sua capacidade de resistir aos balanços dos navios, a grandes diferenças de temperatura e a altos graus de umidade. Acreditava-se então que bastaria, em alto mar, conhecer a hora de referência e – pela determinação do meio-dia solar (o momento em que o Sol atingia a sua altura máxima) – estabelecer a diferença de "horas" entre o local de referência e o local de "observação". A correspondência entre uma hora e 15 graus daria a diferença de longitude entre os dois lugares e, consequentemente, o valor correspondente ao local onde a avaliação era efetuada. Na Conferência Internacional do Meridiano, realizada em Washington, em 1884, vinte e seis países concordou em usar o meridiano que passa por Greenwich como referência, embora alguns, como França e Portugal, continuassem – por mais algum tempo – a usar os seus próprios meridianos, Paris e Lisboa, respectivamente. Só em 1911 se estabeleceu, em Portugal, a subordinação da hora legal ao meridiano de Greenwich. 2.2 O Meridiano de Greenwich O Meridiano de Greenwich ou Meridiano Principal é o meridiano que passa sobre a localidade de Greenwich (no Observatório Real, nos arredores de Londres, Reino Unido) e que, por convenção, divide o globo terrestre em ocidente e oriente, permitindo medir a longitude. Foi estabelecido por Sir George Biddell Airy em 1851. Definido por acordo internacional em 1884, enfrentou uma concorrência com a França (seria denominado "meridiano de Paris"),Espanha, (seria denominado "meridiano de Cádis") e com Portugal, (seria denominado "meridiano de Coimbra"), antes de ser definido como o primeiro meridiano. Assim foi definido graças ao poder da grande potência da época, a Inglaterra. Serve de referência para calcular distâncias em longitudes e estabelecer os fusos horários. Cada fuso horário corresponde a uma faixa de quinze graus de longitude de largura, sendo a hora de Greenwich chamada de Greenwich Mean Time (GMT). O Meridiano de Greenwich atravessa dois continentes e sete países. (na Europa: Reino Unido, França e Espanha; e na África: Argélia, Mali, Burkina Faso e Gana). Seu antemeridiano é o meridiano 180, que coincide fugazmente com a irregular Linha Internacional de Data, cruza uma parte da Rússia no estreito de Bering e uma das ilhas do arquipélago de Fiji, no oceano Pacífico. 2.3 Antes e Depois de Greenwich Nem sempre o meridiano de Greenwich foi utilizado para a contagem dos graus de longitude. Balbi assim historiou o assunto, no seu Tratado de
  • 5. Geographia Universal, Physica, Historica e Política (1858) não assim os graus de longitude, por isso que contando-se de um meridiano de convenção, a que chamam primeiro meridiano há dois modos de os contar, a saber : ou até 360º começando do primeiro meridiano para a parte oriental até o encontrar pela parte ocidental, ou até 180º para a parte oriental, e até outros 180º para a ocidental, e em caso tal é mister que se declare expressamente se a longitude é oriental ou ocidental. Os geógrafos antigos, e ainda hoje os alemães, seguiram sempre o primeiro modo de contá-los; o segundo foi geralmente adaptado pelos modernos, e em particular pelos franceses e ingleses. Quanto ao meridiano de convenção ou primeiro meridiano, convém saber, que Ptolomeu adaptou o das ilhas Afortunadas ou Ilhas Canárias, por se acharem no limite ocidental dos países naquele tempo conhecidos; que Luís XIII, rei de França, determinou por decreto aos geógrafos franceses de referirem as longitudes ao meridiano da Ilha de Ferro, que é a mais ocidental daquele arquipélago; que os holandeses adaptaram o do Pico de Tenerife; que Gerardo Mercator, célebre geógrafo, escolheu o da Ilha do Corvo no arquipélago dos Açores, porque nele no seu tempo a agulha de marear não sofria nenhuma declinação; que porém, ultimamente, quase todas as nações adaptaram os meridianos de seus respectivos observatórios. Os franceses reportam-se ao meridiano do observatório de Paris, os ingleses ao de Greenwich, os espanhóis ao de Cádis, os portugueses ao de Coimbra ou ao de Lisboa. Em Portugal, no início do século XIX, adotou-se o Tempo Solar Médio (dias sempre de 24 horas, quando na realidade apresentam variações entre mais 16 ou menos 14 minutos ao longo do ano), simplificando a determinação da Hora Legal. Posteriormente, a partir de 1878, o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) passou a funcionar como único meridiano zero para todo o território nacional. Em 1912, com a adesão do país ao sistema de fusos horários, a hora legal de Portugal Continental passou a ser a do meridiano de Greenwich e os relógios tiveram que ser adiantados em 36m e 44,68s, ou seja, a diferença entre os meridianos do OAL e o de Greenwich. Após Greenwich Apesar da confusão em relação ao meridiano principal, já no ano de 1884 mais de um dois terços dos navios usavam o Meridiano de Greenwich como referência de longitude. No mês de outubro daquele ano, sob os auspícios de Chester A. Arthur, então presidente dos Estados Unidos, 41 delegados de 25 nações se encontraram em Washington, DC para a Conferência Internacional do Meridiano. Esta Conferência selecionou o Meridiano de Greenwich como meridiano principal devido à sua popularidade. Votaram em favor do Meridiano de Greenwich o Império Austro-Húngaro,
  • 6. o Chile, a Colômbia, a Costa Rica, a Alemanha, o Reino Unido, a Guatemala, o Hawaii, a Itália, o Japão, a Libéria, o México, os Países Baixos, o Paraguai, a Rússia, a Espanha, a Suécia, a Suíça e a Turquia. O Brasil e a França, todavia, abstiveram-se do voto (por várias décadas ainda, os mapas franceses permaneceram usando o Meridiano de Paris como meridiano zero) e a República Dominicana votou contra. Os representantes dos Estados Unidos, da Venezuela e de El Salvador faltaram à votação. 2.4 Paralelos e Meridianos Os paralelos e meridianos são linhas imaginárias que fazem parte do sistema de coordenadas geográficas da Terra. Eles configuram-se como demarcações cartograficamente traçadas sobre o globo terrestre que são utilizadas, além da localização, para diversos fins, como demarcações dos solstícios e equinócios, os fusos horários, entre outros elementos. Os paralelos, na verdade, são círculos traçados de forma perpendicular ao eixo da Terra. Trata-se de círculos concêntricos, em que o maior deles é a Linha do Equador, que divide o planeta nos hemisférios norte (boreal ou setentrional) e sul (austral ou meridional). Assim, o diâmetro desses círculos diminui conforme nos aproximamos dos polos terrestres. Alguns dos paralelos da Terra são mais importantes por serem demarcações das diferentes posições da luz solar ao longo do ano, distinguindo as sequências alternadas de solstícios e equinócios. Essas linhas são: os trópicos de Câncer e Capricórnio e também os círculos polares do Ártico e do Antártico. Confira o esquema representado a seguir: Os meridianos, por sua vez, são semicírculos traçados paralelamente ao eixo terrestre, mantendo-se em posição vertical. Ao contrário dos paralelos, que são dispostos paralelamente entre si, os meridianos encontram seu início e fim no centro dos polos norte e sul, de forma que todo meridiano possui o seu antimeridiano, e a distância entre ambos é sempre de 180º de longitude. Como os meridianos são todos do mesmo tamanho, não existem diferenças técnicas que permitam que um seja mais preponderante do que os demais da forma como ocorre com a Linha do Equador em relação aos demais paralelos. Assim sendo, estabeleceu-se, por convenção, que o principal meridiano seria o de Greenwich, que se configuraria como uma espécie de “marco zero” da Terra.
  • 7. Assim, o Meridiano de Greenwich possui várias funções, como dividir o planeta nos hemisférios oeste (ocidental) e leste (oriental) e também demarcar o grau zero das longitudes e dos fusos horários. Os paralelos são medidos em latitudes, que nada mais são do que a distância entre eles e a Linha do Equador medida em graus. Já os meridianos, como já foi mencionado, são medidos em longitudes, que são a distância em graus em relação ao Meridiano de Greenwich. Essas duas linhas principais possuem, respectivamente, 0º de latitude e 0º de longitude 2.5 A medição da longitude A medição da longitude é importante tanto para a cartografia como para uma navegação segura no oceano. Ao longo da história navegantes e exploradores lutaram para encontrar um método de determinar a longitude exata, o que levou séculos, envolvendo o esforço de grandes mentes científicas como Américo Vespúcio e Galileu. Determinar a latitude é simples no hemisfério norte: basta medir o ângulo entre o horizonte e a Estrela Polar com ajuda de um quadrante, astrolábio ou sextante. Mas o cálculo da longitude sempre apresentou sérios problemas, principalmente no alto mar. O cálculo da longitude, em teoria, reduz-se a medir a diferença de tempo entre um ponto de referência e a posição atual do navio. A posição do Sol indica a hora local, mas a referência de tempo não poderia ser conhecida sem relógios suficientemente precisos, que só seriam construídas a partir dos séculos XVIII e XIX. Inicialmente a longitude era deduzida de modo aproximado, estimando as distâncias percorridas por navios, para isso usavam-se instrumentos primitivos, como um sistema de nós numa corda que corria a intervalos regulares de cerca de uma hora calculados com pouco precisos relógios de areia, resultando na unidade náutica Nó (unidade), que permitia de forma muito grosseira inferir as distâncias percorridas de Leste para Oeste ou vice-versa. Uma tentativa de compensar estas imprecisões foi a marcação de linhas de navegação entre portos nos mapas. A dificuldade de determinar a longitude, além de imprecisões cartográficas (por exemplo, para definir o meridiano de Tordesilhas) resultou em autênticas catástrofes marítimas: a frota britânica do almirante Clowdisley "chocou" com as Ilhas Scilly no ano 1707 por um erro de cálculo na posição. O mesmo problema levou o navio inglês Centurion, em 1741, a cruzar o Estreito de Magalhães, sem saber a sua posição: quando chegou ao Pacífico e queria reabastecer no arquipélago Juan Fernández, sem saber se deveria seguir para
  • 8. leste ou oeste tomou a decisão errada e acabou no Chile. Os navios espanhóis e portugueses que navegavam para as Caraíbas tinham de seguir em esquadras e por rotas fixas para evitar perder-se, o que os tornava presa fácil de piratas e corsários. Todas estas circunstâncias fizeram do cálculo da longitude uma prioridade estratégica para os governos. Em 1598 Filipe III de Espanha criou um prêmio para quem "descobrisse a longitude". O mesmo faria o governo britânico em 1714. Outra possibilidade era medir as diferenças horárias entre dois pontos através de observações astronômicas. Se souber a que horas ocorre um eclipse num ponto de terra firme e medirmos a hora local desse eclipse no mar, podemos calcular a longitude. Os eclipses solares ou lunares são raros, mas isso foi resolvido desde que Galileu observara os satélites de Júpiter em 1610. Aí ocorrem eclipses milhares de vezes por ano. Galileu propôs que uma observação no mar desses aparecimentos e desaparecimentos daria uma medida precisa da longitude. O método era correto e foi de fato utilizado para determinar a longitude em terra, mas com muita dificuldade na navegação, devido à instabilidade dos navios. Esta aplicação prática da observação astronômica levou à criação de observatórios em toda a Europa: Cassini fundou o Observatório Astronômico de Paris em 1667, a pedido de Colbert (ministro de Luís XIV), onde a longitude de Paris foi determinada usando o método das luas de Júpiter de Galileu. O Observatório de Greenwich foi fundado em 1675 com a missão de estudar o mapa do céu, da lua e das estrelas "para aperfeiçoar a arte da navegação." Finalmente a solução para o problema da longitude foi encontrada - não pela astronomia, mas pelos avanços tecnológicos na medição do tempo - por um relojoeiro autodidata: John Harrison. Este inglês criou cronómetros marinhos, que progressivamente eram mais precisos. Após 5 versões, chegou a atingir um desvio de apenas um terço de segundo por dia. Estes cronômetros marinhos eram, contudo, extremamente caros. O problema do posicionamento preciso dos navios foi resolvido por fim graças ao GPS. O Sistema de posicionamento global é baseado na localização por sinais recebidos por um conjunto de satélites artificiais que orbitam a Terra. O receptor recebe os sinais destes satélites e por triangulação pode saber sua posição precisa, com apenas alguns metros de erro. 2.6 A meridiana de Saint Sulpice
  • 9. Ajoelhado na primeira fila de bancos, Silas fingia rezar enquanto estudava o interior da igreja de Saint Sulpice. Embebida no granito do soalho brilhava uma fina tira de latão que atravessava o chão da igreja, indo-se prolongar num obelisco por onde trepava verticalmente até ao topo. Era na sua base que a irmandade tinha escondido a Chave da Abóbada... Quem tenha lido O Código Da Vinci lembrar-se-á deste emocionante capítulo, em que o monge procurava a chave secreta do Priorado e destruiu uma laje na base do obelisco. Nesse local descreve-se uma mística tira de latão a que o autor chama «linha da rosa». Que seria essa linha? Em tempos, a igreja de Saint Sulpice, assim como várias igrejas do sul da Europa, nomeadamente a de São Petrónio, em Bolonha, funcionaram como gigantescos observatórios solares. Nos seus soalhos foram desenhadas longas linhas perfeitamente alinhadas com a direcção norte-sul. E nos seus tectos foram efectuados orifícios por onde a luz do Sol passava, indo projectar uma imagem do disco solar sobre o chão da igreja. Esses instrumentos eram conhecidos como meridianas, pois a linha no chão, se prolongada indefinidamente, passaria pelos pólos terrestres e daria uma volta ao globo. Marca, pois, o meridiano do lugar. O Sol passa por cima dessa linha quando atinge a sua altura máxima no céu e está exatamente na direção sul. Por isso, tal passagem é designada como passagem meridiana do Sol. Atinge-se no momento do meio-dia solar verdadeiro. Na igreja de Saint Sulpice existia um orifício numa janela superior, na altura obscurecida, onde se encontrava uma lente colocada por cima da linha meridiana. Dessa forma, a imagem do Sol projectada pela lente passava sobre a linha marcada com uma tira de latão exactamente no meio-dia solar. A igreja funcionava, pois, como um gigantesco relógio solar, por onde se podiam acertar diariamente os relógios mecânicos. Quem teve a ideia de construir este aparelho foi à cura da paróquia de Saint Sulpice, Jean-Baptiste-Joseph Languet, quando a igreja começou a ser reconstruída numa escala maior e mais ampla, nos inícios do século XVIII. O padre queria apenas marcar a hora solar exacta, de forma a executar os rituais da igreja nos momentos próprios. Mas o homem a quem confiou a execução, o matemático parisiense Pierre-Charles Lemonnier (1715-1799), tinha ambições científicas mais arrojadas. Lemonnier resolveu instalar no orifício do tecto da igreja uma lente, que possibilitava uma melhor focagem da imagem do Sol projectada no soalho. E alinhou a linha meridiana de latão com um gigantesco obelisco colocado no interior da igreja, de forma a que a imagem do Sol projectada de Inverno pudesse ser menos distorcida. Na realidade, a imagem do Sol passa sempre sobre a linha meridiana no meio-dia solar. Mas passa em locais diferentes da linha ao longo do ano. De
  • 10. Verão, quando o Sol está mais alto, a imagem projeta no soalho mais perto do orifício do teto. De Inverno, quando o Sol está mais baixo, a imagem projecta- se mais longe e é por isso mais alongada e distorcida. Colocando o obelisco no enfiamento da meridiana, Lemonnier conseguiu reduzir essa distorção, fazendo com que o ângulo do Sol com o plano onde estava a meridiana diminuísse. Nos extremos da linha de latão, o matemático francês colocou as marcas dos solstícios - no obelisco, o de Inverno; na outra extremidade, o de Verão. No ponto intermédio apropriado, colocou as marcas dos equinócios de Primavera e de Outono. O aparelho era tão preciso que Lemonnier dizia conseguir calcular o meio-dia solar com a precisão de um quarto de segundo. Mas os objectivos do matemático eram ainda mais ambiciosos. Ele queria estudar a mudança de direcção dos raios solares causada pela atmosfera - a chamada refracção - e os momentos em que a órbita da Terra a levava mais perto e mais longe do Sol, os chamados periélio e afélio, respectivamente. Ao fazê-lo, Lemonnier inscreve-se numa linha de investigação levada a cabo em várias igrejas europeias e que ajudou a decidir a escolha entre o modelo heliocêntrico de Copérnico, na sua versão de Kepler, e o antigo modelo geocêntrico de Aristóteles e Ptolomeu. Com efeito, as aproximações e afastamentos entre a Terra e o Sol ao longo do ano são diferentes nos dois modelos. No de Kepler, resulta da forma elíptica das órbitas dos planetas. No de Ptolomeu, resulta da posição excêntrica da circunferência em que o Sol se moveria. A diferença de previsões dos dois modelos não é muito pronunciada, mas pode teoricamente ser revelada pela maneira como o Sol muda de altura meridiana ao longo do ano e pelo seu diâmetro aparente. Durante muitos anos, os astrónomos tentaram medir esses parâmetros, mas sem resultados conclusivos. Foram necessários instrumentos solares gigantescos, com dimensões que apenas as grandes igrejas da altura alcançavam. Nos séculos XVII e XVIII, a verdade foi revelada nas meridianas dos soalhos das igrejas. O resultado é conhecido: os céus manifestaram-se a favor de Kepler. Os erros d'O Código Da Vinci Ao contrário do que diz Dan Brown, a linha meridiana da igreja não é um gnômon - nome habitualmente reservado a um ponteiro ou haste que marca a sombra do Sol. No caso da igreja de Saint Sulpice, pode-se considerar a lente no teto como um gnômon, e o próprio sistema, tal como um relógio solar, pode ser chamado gnômon, por sinédoque. O nome de «linha da rosa», dado por Brown à linha meridiana de Saint Sulpice,
  • 11. é inventado. Ao contrário do que igualmente diz, a meridiana desta igreja nunca serviu como marca do meridiano de referência de Paris. Esse meridiano de referência, ou longitude zero, usado de 1669 a 1884 pelos marinheiros e cartógrafos franceses, passa ligeiramente a leste, pelo Observatório de Paris. A melhor referência moderna às meridianas solares nas igrejas é The Sun in the Church, do historiador de ciência norte-americano J.L. Heilbron (Harvard, 1999) (Nuno Crato, 2004)
  • 12. 3 Considerações finais Nessa pesquisa vimos que embora os meridianos são visto como um só, na verdade não é assim, pois são muitos, todos os homens ou navios têm meridianos distintos, cada um tem o seu particular. Este artigo sobre a escolha do primeiro meridiano universal tem as características de um quebra-cabeça e consiste de várias narrativas em escalas diferentes. Começamos com as linhas imaginárias que podemos encontrar nos mapas e os quais chamaram de paralelos e meridianos. Em seguido, descrevemos alguns métodos para medir posições geográficas, alertando que essas coordenadas apenas teriam valor universal se existisse um primeiro meridiano comum para todos os países.
  • 13. 4 Referencia CRATO, Nuno. TIRAPICOS, Luís. SANTOS, Carlos Pereira. A Espiral Dourada Lisboa, Portugal: Gradiva. CARROLL, Lewis. Alice. Edição comentada: Aventuras de Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho Rio de Janeiro: Zahar. Disponível: http://www.mundoeducacao.com/geografia/meridiano- greenwich.htm > acesso 10 de novembro de 2015 Disponível: http://www.reino-unido.net/greenwich.htm > acesso 9 de novembro de 2015 Disponível: http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&view=article&i d=51:o-meridiano-de-greenwich&catid=33:cacadores-de-estrelas&Itemid=124 > acesso 13 de novembro de 2015 Disponível: https://pt.wikipedia.org/wiki/Meridiano_de_Greenwich> acesso 9 de novembro de 2015