Este artigo descreve os parâmetros nacionais utilizados no controle da qualidade da água nos setores farmacêuticos no Brasil. Ele detalha os tipos de água usados, incluindo água purificada, ultrapurificada e para injetáveis, e as tecnologias de purificação como filtração, deionização e destilação. O artigo também discute os requisitos para distribuição, armazenamento e monitoramento da qualidade da água para garantir sua pureza.
PARÂMETROS NACIONAIS UTILIZADOS NO CONTROLE DE QUALIDADE DE ÁGUA NOS SETORES FARMACÊUTICOS
1. FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE
PARÂMETROS NACIONAIS UTILIZADOS NO CONTROLE
DE QUALIDADE DE ÁGUA NOS SETORES
FARMACÊUTICOS
LUZ, A. M.M¹, FERREIRA, D.B. S², RAMOS, C.P ³, FREIRE, P.N4
SANTOS, J.R5
VITÓRIA DA CONQUISTA-BA, 2013
2. OBJETIVO
Este artigo visou evidenciar através da pesquisa
bibliográfica de literaturas brasileiras que
regulamentam os parâmetros nacionais utilizados
no controle da qualidade da água nos setores
farmacêuticos.
3. INTRODUÇÃO
Água para uso farmacêutico são os diversos tipos de
água empregados na:
Síntese de fármacos;
Formulação e produção de medicamentos;
Laboratórios de ensaios;
Diagnósticos e demais aplicações relacionadas à área
da saúde;
Como componente na limpeza de utensílios,
equipamentos e sistemas.
(ANVISA, 2010, p. 391)
4. INTRODUÇÃO
O controle da contaminação da água é crucial,
uma vez que a água tem grande capacidade de
agregar compostos diversos e, também, de se
contaminar novamente após a purificação. Os
contaminantes da água são representados por
dois grandes grupos:
QUÍMICO
MICROBIOLÓGICO
(ANVISA, 2010, p. 391)
5. INTRODUÇÃO
Contaminantes químicos:
Os contaminantes orgânicos e inorgânicos têm origens
diversas:
Da fonte de alimentação;
Da extração de materiais com os quais ela entra em contato;
Da absorção de gases da atmosfera;
De resíduos poluentes, ou resíduos de produtos utilizados na
limpeza e sanitização de equipamentos.
Esses contaminantes podem ser avaliados, principalmente,
pelos ensaios de carbono orgânico total – COT e de
condutividade.
(ANVISA, 2010, p. 391)
6. INTRODUÇÃO
Contaminantes microbiológicos
São originários da própria microbiota da fonte de
água e, também, de alguns equipamentos de
purificação. Podem surgir, também, devido a
procedimentos
de
limpeza
e
sanitização
inadequados, que levam à formação de biofilmes.
(ANVISA, 2010, p. 391)
7. METODOLOGIA
Foi realizado um levantamento de literaturas brasileiras
pertinentes ao tema proposto para identificar os
parâmetros utilizados no controle da qualidade da água
usada nos setores farmacêuticos. Desta forma o artigo
foi embasado na RDC Nº. 49, de 23 de Novembro de
2010 que aprova a Farmacopéia brasileira- 5 edição
em que os insumos farmacêuticos, os medicamentos e
outros produtos sujeitos à vigilância sanitária devem
atender às normas e especificações estabelecidas pela
mesma e a RDC N 17, de 16 de abril de 2010 que
dispões sobre as Boas Práticas de fabricação de
medicamentos.
8. ÁGUAS FARMACÊUTICAS
Art. 548. Devem ser adotados mecanismos de
controle microbiológico e sanitização para os
sistemas de água purificada mantidos em
temperatura
ambiente,
pois
esses
são
particularmente suscetíveis à contaminação
microbiológica,
principalmente
quando
os
equipamentos ficarem estáticos durante períodos
de pouca ou nenhuma demanda de água.
(BRASIL, 2010, p 54)
9. TIPOS DE ÁGUA PARA USO
FARMACÊUTICO:
ÁGUA POTÁVEL: É obtida por tratamento da água
retirada de mananciais, por meio de processos
adequados para atender às especificações da
legislação brasileira relativa aos parâmetro físicos,
químicos, microbiológicos e radioativos;
ÁGUA REAGENTE: É obtida por um ou mais
processos, como destilação simples, deionização,
filtração, descloração ou outro, adequados às
características específicas de seu uso.
10. TIPOS DE ÁGUA PARA USO
FARMACÊUTICO:
A ÁGUA PURIFICADA (AP);
A ÁGUA ULTRAPURIFICADA (AUP);
A ÁGUA PARA INJETÁVEIS (API).
11. ÁGUA PURIFICADA (AP)
A água purificada é produzida a partir da água
potável ou da água reagente e deve atender às
especificações estabelecidas na respectiva
monografia. Não contém qualquer outra substância
adicionada. (ANVISA, 2010, p 392.)
12. Uso da Água Purificada nos setores
Farmacêuticos
É empregada como excipiente na produção de
formas farmacêuticas não parenterais e em
formulações magistrais. (ANVISA, 2010, p. 393).
13. ÁGUA ULTRAPURIFICADA (AUP)
Essa modalidade de água é requerida em
aplicações mais exigentes, principalmente em
laboratórios de ensaios, para diluição de
substâncias de referência, em controle de
qualidade e na limpeza final de equipamentos e
utensílios utilizados em processos que entrem em
contato direto com a amostra que requeira água
com esse nível de pureza. (ANVISA, 2010, p. 393).
14. ÁGUA ULTRAPURIFICADA (AUP)
É ideal para métodos de análise que exigem mínima interferência
e máxima precisão e exatidão.
A utilização de água ultrapurificada em análises quantitativas de
baixos teores de analito é essencial para obtenção de resultados
analíticos precisos.
Outros exemplos de aplicação da água ultrapurificada são:
análises de resíduos;
* endotoxinas,
preparações de calibradores;
* controles;
substância química de referência;
* cromatografia
a gás
espectrometria de absorção atômica em geral;
procedimentos enzimáticos;
cromatografia a líquido de alta eficiência;
métodos em biologia molecular e com cultivo celular etc.
15. ÁGUA PARA INJETAVEIS (AI)
A água para injetáveis deve atender aos ensaios
físico químicos preconizados para a água
purificada, além dos testes de contagem total de
bactérias < 10 UFC/ 100 mL, esterilidade,
particulados e de endotoxinas bacterianas, cujo
valor máximo é de 0,25 UI de endotoxina/mL.
(ANVISA, 2010, p. 393).
16. Uso da Água para Injetáveis nos
setores Farmacêutico
Água para Injetáveis é utilizada como excipiente na
preparação de produtos farmacêuticos parenterais
de pequeno e grande volume;
na fabricação de princípios ativos de uso parenteral;
produtos estéreis;
produtos que requeiram o controle de endotoxinas e
não são submetidos à etapa posterior de remoção; e
limpeza e preparação de processos, equipamentos e
componentes que entram em contato com as formas
parenterais na produção de fármacos.
(ANVISA, 2010, p. 393).
17. SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA:
TECNOLOGIAS DE PURIFICAÇÃO
Pré-filtração;
Ultrafiltração;
Adsorção por carvão vegetal ativado;
Tratamento com aditivos químicos;
Tratamento com abrandadores;
Deionização e eletrodeionização contínua;
Osmose reversa;
Filtração com carga eletrostática;
Microfiltração – retenção de micro-organismos;
Radiação ultravioleta (UV);
Destilação;
18. SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA:
TECNOLOGIAS DE PURIFICAÇÃO
Pré-filtração
Destina-se a remover contaminantes particulados na
faixa de tamanho entre 5 e 10 μm. É utilizado filtros
de areia, ou combinação de filtros.
(ANVISA, 2010, p. 395).
19. SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA:
TECNOLOGIAS DE PURIFICAÇÃO
Ultrafiltração
A ultrafiltração é realizada utilizando-se uma membrana
especial com a propriedade de reter moléculas conforme
o seu peso molecular e estereoquímica.
Na remoção de endotoxinas são utilizados filtros na faixa
de 10 000 Da, que retêm moléculas com massa
molecular maior ou igual a 10 000 Da.
(ANVISA, 2010, p. 396).
20. SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA:
TECNOLOGIAS DE PURIFICAÇÃO
Adsorção por carvão vegetal ativado
Essa tecnologia emprega a capacidade de adsorção do
carvão vegetal ativado em contato com compostos
orgânicos ou contaminantes, como as cloraminas.
Além disso remove agentes oxidantes por redução
química, em especial o cloro livre, que afeta outras
tecnologias baseadas em membrana, como a osmose
reversa ou a ultrafiltração.
(ANVISA, 2010, p. 395).
21. SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA:
TECNOLOGIAS DE PURIFICAÇÃO
Tratamento com aditivos químicos
Os aditivos químicos podem ser empregados da
seguinte forma: o ozônio, comumente usado no
controle de microorganismos e o metabissulfito,
aplicado como agente redutor para cloro livre, em
substituição ao carvão vegetal ativado.
(ANVISA, 2010, p. 395).
22. SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA:
TECNOLOGIAS DE PURIFICAÇÃO
Tratamento com Abrandadores
Emprega resinas regeneráveis de troca iônica;
O tratamento com abrandamento é utilizado na
proteção de tecnologias sensíveis à incrustação;
É necessário controlar a contagem microbiana.
23. SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA:
TECNOLOGIAS DE PURIFICAÇÃO
Deionização e eletrodeionização contínua
São tecnologias eficazes para a remoção de sais
inorgânicos dissolvidos;
Produzem água purificada de uso rotineiro;
As resinas catiônicas capturam os íons liberando o íon H+ na
água e as aniônicas liberam OH-;
Esse processo isolado não produz água de alta pureza.
24. SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA:
TECNOLOGIAS DE PURIFICAÇÃO
Osmose reversa
Tecnologia de purificação baseada em membranas
semi permeáveis;
As membranas de osmose reversa devem ser
devidamente controladas quanto à formação de
incrustações;
É imprescindível instalar um sistema de pré-tratamento
antes da osmose reversa.
(ANVISA, 2010, p. 396).
25. SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA:
TECNOLOGIAS DE PURIFICAÇÃO
Destilação
Destilação se baseia na evaporação, a fim de limpar a
água;
Em instalações industriais pode haver destiladores
simples, de múltiplos efeitos e os de compressão de
vapor, que são usados, em geral, para sistemas de
produção de grandes volumes;
É o processo mais antigo de purificação da água;
Retira íons, microorganismos, material orgânico e outras
impurezas;
Utilizada na produção da água para injetáveis.
(ANVISA, 2010, p. 397).
26. DISTRIBUIÇÃO E ARMAZENAMENTO
DE ÁGUA PARA USO FARMACÊUTICO
CAPÍTULO I - EXIGÊNCIAS GERAIS PARA SISTEMAS DE
ÁGUA PARA USO FARMACÊUTICO
Art. 527. Os sistemas de produção, armazenamento e
distribuição de água para uso farmacêutico devem ser
planejados, instalados, validados e mantidos de forma a
garantir a produção de água de qualidade apropriada.
1º Os sistemas não devem ser operados além de sua
capacidade planejada.
2º A água deve ser produzida, armazenada e distribuída
de forma a evitar contaminação microbiológica, química ou
física.
(BRASIL, 2010, p 52)
27. DISTRIBUIÇÃO E ARMAZENAMENTO
DE ÁGUA PARA USO FARMACÊUTICO
As condições de estocagem devem ser adequadas
à qualidade da água. A água ultrapurificada não
deve ser armazenada por período superior a 24
horas.
A
diretriz
fundamental
para
o
armazenamento da água purificada, da água
ultrapurificada, ou da água para injetáveis é levar
em conta que, quanto maior o grau de purificação
da água, mais rapidamente ela tende a se
Recontaminar.
(ANVISA, 2010, p. 397).
28. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse artigo elucidou os parâmetros utilizados no sistema de
purificação, sanitização e controle microbiológico da água para
que as empresas façam o uso da água com responsabilidade
na sua aplicabilidade dos diferentes setores farmacêuticos.
Foi possível perceber a importância dos sistemas de purificação
que são usados para se obter cada tipo de água, seja ela água
purificada, ultrapurificada ou água para injetáveis. Para obter
um produto final de qualidade não só a purificação se faz
necessário como tambem a atenção ao controle de qualidade
da água no que diz quanto à distribuição, armazenamento e o
monitoramento da qualidade da água para os setores
farmacêuticos.
29. REFERÊNCIAS
Brasil. Farmacopeia Brasileira, volume 2 / Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa,
2010. 391-398p., 1v/il.
BRASIL,RESOLUÇÃO - RDC Nº. 17, Dispõe
sobre as Boas Práticas de Fabricação de
Medicamentos, 16 de abril de 2010.