O documento descreve a teoria do campo científico de acordo com Pierre Bourdieu. O campo científico é um espaço social onde pesquisadores competem por capital cultural específico e autoridade científica. Há uma luta entre grupos dominantes que tentam manter a ordem estabelecida e grupos dominados que buscam subverter essa ordem através de estratégias de conservação e subversão.
1. O campo científico
Pierre Bourdieu
ORTIZ, Renato (org.). 1983. Bourdieu – Sociologia. São Paulo:
Ática. Coleção Grandes Cientistas Sociais, vol. 39. p. 122-155. Disponível em:
http://www.isabelcarvalho.blog.br/wp-content/uploads/2011/03/O-Campo-
Cient%C3%ADfico-Pierre-Bourdieu.pdf. Acesso em: 15 agosto de 2014.
DANIELA PEREIRA
2. Pierre Bourdieu
Sociólogo, francês, filósofo de
formação, foi docente e dirigiu a
École de Sociologie du Collège de
France, onde criou, em 1975, sua
célebre revista ”Actes de la
recherche en sciences sociales”.
Há 23 livros publicados no
Brasil, escritos pelo sociólogo
Pierre Bourdieu, morreu vítima
de câncer ontem, na França.
Agosto de 1930
Janeiro de 2002
71 anos
3. Principais obras lançadas no Brasil
"O Campo Econômico" (editora Papirus)
"Contrafogos: Táticas para Enfrentar a Invasão Neoliberal" (editora Jorge Zahar)
"Contrafogos 2: por um Movimento Social Europeu" (editora Jorge Zahar)
"Convite à Sociologia Reflexiva" (editora Jorge Zahar), com Loïc Wacquant
"O Desencantamento do Mundo" (editora Perspectiva)
"A Dominação Masculina" (editora Bertrand Brasil)
"Economia das Trocas Linguísticas" (editora Edusp)
"A Economia das Trocas Simbólicas" (editora Perspectiva)
"Escritos de Educação" (editora Vozes)
"Liber 1" (editora Edusp)
"Lições da Aula" (editora Ática)
"Livre-Troca: Diálogos entre Ciência e Arte" (editora Bertrand), com Hans Haacke
"Meditações Pascalianas" (editora Bertrand Brasil)
"A Miséria do Mundo" (editora Vozes)
"Ontologia Política de Martin Heidegger" (editora Papirus)
"Pierre Bourdieu" (editora Ática), organização de Renato Ortiz
"O Poder Simbólico" (editora Bertrand Brasil)
"A Profissão de Sociólogo" (editora Vozes)
"Questões de Sociologia" (editora Marco Zero)
"Razões Práticas sobre a Teoria da Ação" (editora Papirus)
"As Regras da Arte" (editora Companhia das Letras)
"Reprodução - Elementos para uma Teoria do Sistema de Ensino" (editora Francisco Alves),
com Jean-Claude Passeron
"Sobre a Televisão" (editora Jorge Zahar)
4. A obra
Revista Actes de Ia Recherche en Sciences Sociales
A Actes foi uma das últimas revistas a ser
lançada na França, em 1975,
acompanhando uma onda de criação de
novos veículos iniciada nos anos 60,
dentro do movimento de renascimento das
ciências sociais. Como afirmou Bourdieu, a
lógica a presidir as formas iniciais da
revista foi uma lógica do "brouillon", do
rascunho, do inacabado, do ensaio, de
exposição das tentativas não acabadas e
dos trabalhos não definitivos. Essa
proposta inicial cedeu o sucesso da revista.
Disponível o original para download em:
http://www.persee.fr/web/guest/home
5. O campo científico
1. A luta pelo monopólio da competência
científica
2. A acumulação do capital científico
3. Capital científico e propensão a investir
4. A ordem (científica) estabelecida
5. Da revolução inaugural à revolução
permanente
6. A ciência e os doxósofos
6. A categoria de Campo em Bourdieu -
características
Espaços estruturados de posições;
Posições com propriedades que existem independente de
quem as ocupe;
Sujeitos dominantes - que tendem a manter;
Sujeitos dominados – tendem a subverter;
Tem objetos de disputa e interesses específicos que pertencem
somente aquele campo e que não são percebidos pelos que
não fazem parte do campo.
Pressupõe pessoas prontas para disputar o jogo, dotadas de
habitus, que impliquem no conhecimento e reconhecimento
da regra;
Reflete o estado da distribuição de capital específico que foi
acumulado e orienta posições futuras.
Somente detentores do campo interpretam os objetos do
campo, são “legítimos” e vistos como únicos capazes de
explicitar a razão de ser do objeto e do valor que ele tem.
7. A luta pelo monopólio da competência científica
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Campo científico - é o lugar, o espaço de jogo de uma luta
concorrencial.
O que está em jogo - é o monopólio da autoridade
científica (poder social).
Competência científica - capacidade de falar e de agir
legitimamente, socialmente outorgada.
Desnaturalizar o campo científico - recordar que o seu
próprio funcionamento produz e supõe uma forma
específica de interesse.
8. Não é razão pura (apenas poder simbólico e representação) - toda essa
ficção social que nada tem de socialmente fictício, modifica a percepção
social da capacidade propriamente técnica. Assim, os julgamentos sobre a
capacidade científica de um estudante ou de um pesquisador estão sempre
contaminados no transcurso de sua carreira, pelo conhecimento da posição
que ele ocupa nas hierarquias instituídas.
Conflitos epistemológicos são sempre, inseparavelmente, conflitos
políticos; assim, uma pesquisa sobre o poder no campo científico poderia
perfeitamente só comportar questões aparentemente epistemológicas.
Pesquisas com problemas considerados mais importantes - traz um lucro
simbólico também mais importante.
Não há "escolha“ científica − que não seja uma estratégia política de
investimento objetivamente orientada para a maximização do lucro
propriamente científico, isto é, a obtenção do reconhecimento dos pares-concorrentes.
9. A acumulação do capital científico
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Capital Social – que assegura um poder
Possíveis clientes seus próprios concorrentes.
Reconhecimento de valor de seu produto
Em jogo o poder de impor uma definição de ciência
(limitação dos campos do problema).
Hierarquia – dominantes (conseguem impor a
definição de ciência – função – juz e parte
interessada) e dominados ()
Mercado de bens cientifícos – lógica,
reconhecimento…
10. Capital científico e propensão a investir
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Campo científico – se define pelo estado das relações de força,
está na base das transformações do campo científico,
intermédio das estratégias de conservação ou de sub
Os investimentos dos pesquisadores dependem tanto na sua
importância versão da estrutura que ela mesma produz,
quanto da sua natureza da importância.
Prestígio - maneira direta, "contaminando" o julgamento das
capacidades científicas manifestadas na quantidade e na
qualidade dos trabalhos, ou de maneira indireta, por meio de
contatos com os mestres mais prestigiados que a elevada
origem escolar garante, mas ainda pela virtude das aspirações
que autorizam e que favorecem as chances objetivas.
11. A ordem (científica) estabelecida
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“O campo científico é sempre o lugar de uma luta, mais ou
menos desigual, entre agentes desigualmente dotados de
capital específico e, portanto, desigualmente capazes de se
apropriarem do produto do trabalho científico que o conjunto
dos concorrentes produz pela sua colaboração objetiva ao
colocarem em ação o conjunto dos meios de produção
científica disponíveis. Em todo campo se põem, com forças
mais ou menos desiguais segundo a estrutura da distribuição
do capital no campo (grau de homogeneidade), os
dominantes, ocupando as posições mais altas na estrutura de
distribuição de capital científico, e os dominados, isto é, os
novatos, que possuem um capital científico tanto mais
importante quanto maior a importância dos recursos
científicos acumulados no campo.” (p.16)
12. Estratégias de conservação e subverção - a
homogeneidade do campo cresce e que decresce
correlativamente a probabilidade das grandes
revoluções periódicas em proveito das inúmeras
pequenas revoluções permanentes.
Pretendentes – recorrem a estratégias antagônicas,
dependem de sua posição no campo, estratégias de
sucessão.
Dominantes consagram-se às estratégias de
conservação, assegurar a perpetuação da ordem.
13. Da revolução inaugural à revolução
permanente
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Relação entre interesse privado e o interesse acadêmico.
Método – quando inscrito nos mecanismos de campo – a
revolução se opera com assistência de uma instituição –
revolução permanente, mas cada vez mais desprovida de
efeitos políticos "dogmatismo legítimo“, só na esfera
acadêmica, não interessa aos mais desprovidos.
O antagonismo, que é o princípio da estrutura e da
transformação de todo campo social, tende a tomar-se cada
vez mais radical e fecundo porque o acordo forçado onde se
engendra a razão deixa cada vez menos lugar ao impensado e
a doxa (significa crença comum ou opinião popular).
14. “A transmutação torna-se cada vez mais total, à medida que o
interesse que todo produtor de bens simbólicos tem em
produzir produtos "que não sejam somente interessantes para
ele mesmo, mas também importantes para os outros“. (p.23)
A medida em que o "método científico se inscreve nos
mecanismos sociais que regulam o funcionamento do campo e
que se encontra, assim, dotado da objetividade superior de
uma lei social imanente, pode realmente objetivar-se em
instrumentos capazes de controlar e algumas vezes dominar
aqueles que o utilizam e nas disposições duravelmente
constituídas que a instituição escolar produz.
Essas disposições encontram um reforço contínuo nos
mecanismos sociais que, achando suporte no materialismo
racional da ciência objetivada e incorporada, produzem
controle e censura, mas também invenção e ruptura.
15. A ciência e os doxósofos
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Doxa - significa crença comum ou opinião popular.
A ciência jamais teve outro fundamento senão o da crença coletiva
em seus fundamentos, que o próprio funcionamento do campo
científico produz e supõe.
A censura que a ortodoxia exerce − e que a heterodoxia denuncia −
esconde uma censura ao mesmo tempo mais radical e invisível
porque constitutiva do próprio funcionamento do campo.
TEORIA – dois limites: campo religioso (verdade oficial, imposição
e não reconhecida como tal), demonstrando o interesse dos
dominantes, que por outro lado bane qualquer elemento arbitrário,
nas normas universais da razão.
16.
17.
18. CAMPO
CIENTÍFICO
Espaço Social
Relações de Força
entre
Agentes Sociais
Capital Cultural
Específico
de
reconhecimento
e prestígio
Tem uma…
Regras do Jogo
(Competência e
Acumulação de
Capital)
Competem por
Autoridade
Científica
Capacidade
técnica
Poder
Grupos
Estrutura
Limites
Definem
Dominantes
(Hegemônicos)
Competem com…
Pretendentes
(Dominados)
Estratégias de
Conservação
Estratégias de
Subverção
(Contrahegemônicas)
Estratégias de
Sucessão
(Subalternos)
é um
Formado por
Acumulam
É uma
inclui
Estabelecem
desenvolve
Competem segundo
19. Representações
Estrutura
Dupla
existência do
Real em Pierre
Bourdieu
CAPITAL
Objetivado
Institucionalizado Genéricos
Sentido
Prático
Racionalidade
Práticas
Pelos quais se..
Nos corpos
HABITUS
Nas Coisas
POSIÇÕES ESTRATÉGIAS
Associadas a.. INTERESSES Luta
Específicos
CAMPO
Distribuição desigual
Produz
Volume
Tragetória
Tem
Podem ser
Incorporado
Econômico
Cultural
Social
Simbólico
São