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Resumo
Reflexão sobre a educação no século XXI com enfoque especial
à educação dos bibliotecários. Destaca os quatros pilares
básicos e essenciais, preconizados pela Unesco, a um novo
conceito de educação: aprender a conhecer, aprender a viver
juntos, aprender a fazer e aprender a ser. Apresenta as
ponderações elaboradas por Morin , a pedido da Unesco, que
poderão melhorar a educação do futuro. Com base em tais
fundamentos, discute o papel e a formação do bibliotecário no
século XXI. Declara que os dilemas dos educadores, nesses
novos tempos, estão centrados em três questionamentos: O que
ensinar? Como ensinar? Para que ensinar? Pondera que a
formação do bibliotecário deverá enfatizar sua função educativa
e que a base deve ser polivalente alicerçada em um conjunto de
valores que possibilite alterar percepções, maneiras de pensar e
instaure a cooperação e a sabedoria em detrimento do
tecnicismo hoje privilegiado. Conclui que o papel mais
importante do bibliotecário no século XXI parece ainda ser o de
gerenciador da informação.
Palavras-chave
Educação dos bibliotecários; Profissional da informação.
The professional education in the XXI century:
challengs and dilemmas
Abstract
Reflection on education in the 21th century with special
attention on librarians’ education. It emphasizes the four basic
points, praised by Unesco, to a new concept of education: to
learn to know, to learn to live together, to learn to do and to
learn to be. It presents the points developed by Morin, for
UNESCO, that will be able to improve the education of the
future. On the bases of such points examine the role of
librarians education in 21th century. The educators’ dilemas in
these times are centered in three questions: What to teach?
How to teach? and Why to teach? It suggests that the
Librarianship curricula must privilegie librarians’ educative role
and that this role must be founded in a set of values in order to
modify perceptions, and emphasize cooperation in detriment of
technology. The paper concludes that the most important
function of librarians in 21th century will be the one of
information managers.
Keywords
Librarians’ education; Information professionals.
A formação profissional no século XXI:
desafios e dilemas
Edna Lúcia da Silva
Doutora em Ciência da Informação – UFRJ-Eco/CNPQ-Ibict
Professora do Departamento de Ciência da Informação. Centro de
Ciências da Educação. Universidade Federal de Santa Catarina.
E-mail: els@newsite.com.br
Miriam Vieira da Cunha
Doutora em Ciência da Informação – CNAM, Paris. Professora do
Departamento de Ciência da Informação. Centro de Ciências da
Educação. Universidade Federal de Santa Catarina.
E-mail: mcunha@unetsul.com.br
INTRODUÇÃO
AchegadadoséculoXXIvemmarcadacomalgumasca-
racterísticas:omundoglobalizadoeaemergênciadeuma
nova sociedade que se convencionou chamar de socie-
dade do conhecimento. Tal cenário traz inúmeras trans-
formações em todos os setores da vida humana. O pro-
gresso tecnológico é evidente, e a importância dada à
informação é incontestável. O progresso tecnológico
atua, principalmente, como facilitador no processo
comunicacional. Agora é possível processar, armazenar,
recuperar e comunicar informação em qualquer forma-
to, sem interferência de fatores como distância, tempo
ou volume. Para González de Gómez1
, “trata-se de uma
revolução que agrega novas capacidades à inteligência
humana e muda o modo de trabalharmos juntos e viver-
mosjuntos”.
O mundo globalizado da sociedade do conhecimento
trouxe mudanças significativas ao mundo do trabalho.
O conceito de emprego está sendo substituído pelo de
trabalho. A atividade produtiva passa a depender de co-
nhecimentos, e o trabalhador deverá ser um sujeito cria-
tivo, crítico e pensante, preparado para agir e se adaptar
rapidamente às mudanças dessa nova sociedade.
O diploma passa a não significar necessariamente uma
garantia de emprego. A empregabilidade está relaciona-
da à qualificação pessoal; as competências técnicas de-
verão estar associadas à capacidade de decisão, de adap-
tação a novas situações, de comunicação oral e escrita,
de trabalho em equipe. O profissional será valorizado
na medida da sua habilidade para estabelecer relações e
de assumir liderança. Para Drucker2
, “os principais gru-
pos sociais da sociedade do conhecimento serão os ‘tra-
balhadoresdoconhecimento”’,pessoascapazesde alocar
conhecimentos para incrementar a produtividade e ge-
rar inovação.
Na perspectiva do trabalho na sociedade do conheci-
mento, a criatividade e a disposição para capacitação
permanente serão requeridas e valorizadas. As
tecnologias de informação e comunicação estão modifi-
cando as situações de trabalho, e as máquinas passaram a
executar tarefas rotineiras em substituição aos seres hu-
manos. Neste ambiente de mudanças, “a construção do
Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002
78
Edna Lúcia da Silva / Miriam Vieira da Cunha
conhecimento já não é mais produto unilateral de seres
humanos isolados, mas de uma vasta colaboração
cognitiva distribuída, da qual participam aprendentes
humanos e sistemas cognitivos artificiais”3
. Constata-
se,também,queesseéumprocessosempossibilidadede
reversão. Oquefazer?Ossereshumanosterãodealterar
suas expectativas de emprego e modificar as suas rela-
ções com o trabalho.
Nesta conjuntura, em que a mudança tecnológica é a
regra,buscarcondiçõesparaancorarapreparaçãodopro-
fissional do futuro requer uma estratégia diferenciada.
Este profissional deverá interagir com máquinas sofisti-
cadas e inteligentes, será um agente no processo de to-
mada de decisão. Além disso, o seu valor no mercado
será estimado com base em seu dinamismo, em sua
criatividade e em seu empreendedorismo. Todas esses
fatores evidenciam que só a educação será capaz de pre-
parar as pessoas para enfrentar os desafios dessa nova
sociedade.
Além disso, segundo De Masi4
, existem alguns valores
emergentes, nesta nova sociedade, que merecem ser le-
vados em consideração quando tratamos de formação e
educaçãoprofissional. Umdeleséaintelectualidade(va-
lorização das atividades cerebrais em detrimento às ati-
vidadesbraçais);outroéacriatividade(tarefasrepetitivas
e chatas serão feitas pelas máquinas); outro é a estética
(o que distingue hoje não é mais a técnica, e sim a estéti-
ca, o design). Para este autor, ainda, a subjetividade, a
emotividade,adesestruturaçãoeadescontinuidadetam-
bém são valores importantes e, por isso, deverão, tam-
bém, estar na mira dos processos educativos do futuro.
Esta realidade parece apontar para uma educação básica
e polivalente que valorize a cultura geral, a postura pro-
fissional, a ética e a responsabilidade social.
Refletir sobre a formação do bibliotecário para atuar no
cenáriodoséculoXXIéoobjetivodestetrabalho. Nesta
reflexão,merecerãodestaque:aeducaçãoeoséculoXXI
e a educação dos bibliotecários.
A EDUCAÇÃO E O SÉCULO XXI
Na sociedade do conhecimento, os indivíduos são fun-
damentais. Druker5
alerta que o conhecimento moeda
desta nova era não é impessoal como o dinheiro. “Co-
nhecimento não reside em um livro, em um banco de
dados, em um programa desoftware:estescontêminfor-
mações. O conhecimento está sempre incorporado por
uma pessoa, é transportado por uma pessoa, é criado,
ampliado ou aperfeiçoado por uma pessoa, é aplicado,
ensinadoetransmitidoporumapessoaeéusado,bemou
mal, por uma pessoa. Para ele, a sociedade do conheci-
mento coloca a pessoa no centro, e isso levanta desafios
e questões a respeito de como preparar a pessoa para
atuar neste novo contexto.
Para Delors6
,“face aos múltiplos desafios do futuro, a
educação surge como um trunfo indispensável à huma-
nidade na construção dos ideais da paz, da liberdade e da
justiça social. Para ele, só a educação conduzirá “a um
desenvolvimento humano mais harmonioso, mais au-
têntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão so-
cial, as incompreensões, as opressões, as guerras...”
Combasenestavisão,aUnesco,pormeiode suaComis-
são Internacional sobre a Educação para o século XXI,
presidida por Jacques Delors6
, estabeleceosquatropila-
resdeumnovotipodeeducaçãocomenfoqueemapren-
der a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e
aprender a ser.
Aprender a viver juntoéconsideradounsdospilaresmais
importantes do processo educativo desses novos tem-
pos. Ressaltaainterdependênciadomundomodernoea
importância das relações. Tudo está interligado e tudo
queaconteceafetaráatodosdeumaformaoudeoutra.O
que o mundo precisa mais é de compreensão mútua, in-
tercâmbios pacíficos e harmonia. “Trata-se de aprender
a viver conjuntamente, desenvolvendo o conhecimento
dos outros, de sua história, de suas tradições e de sua
espiritualidade. E, a partir disso, criar um espírito novo
que, graças precisamente a essa percepção de nossas
interdependências crescentes e a uma análise partilhada
dos riscos e desafios do futuro, promova a realização de
projetos comuns, ou melhor, uma gestão inteligente e
apaziguadora dos inevitáveis conflitos...”.
Aprender a conhecer é um pilar que tem como pano de
fundooprazerdecompreender,deconhecerededesco-
brir. Aprenderparaconhecersupõeaprenderparaapren-
der, exercitando a atenção, a memória e o pensamento.
Uma das tarefas mais importantes no processoeduca-
cional, hoje, é ensinar como chegar à informação. Parte
daconsciênciadequeéimpossívelestudartudo,dequeo
conhecimento não cessa de progredir e se acumular. En-
tão o mais importante é saber conhecer os meios para se
chegar até ele.
Aprenderafazersignificaqueaeducaçãonãopodeaceitar
a imposição de opção entre a teoria e a técnica, o saber e
o fazer. A educação para o novo século tem a obrigação
Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002
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de associar a técnica com a aplicação de conhecimentos
teóricos.
Aprender a seré um pilar que foi preconizado pelo Rela-
tório Edgard Faure, preparado para a Unesco, na década
de 70. O mundo atual exige de cada pessoa uma grande
capacidade de autonomia e uma postura ética. Conside-
ra-se que os atos e as responsabilidades pessoais interfe-
rem no destino coletivo. Refere-se ao desenvolvimento
dos talentos do ser humano: memória, raciocínio, ima-
ginação, capacidades físicas, sentido estético, facilidade
decomunicaçãocomosoutros,carismanaturaletc.Con-
firma a necessidade de “cada um se conhecer e se com-
preendermelhor”.
A educação no século XXI deverá ser uma educação ao
longo da vida. Este conceito permite “ordenar as dife-
rentesseqüênciasdeaprendizagem(educaçãobásica,se-
cundária e superior), gerir as transições, diversificar os
percursos, valorizando-os”. A educação deverá se preo-
cupar com a formação do cidadão, da pessoa em seu sen-
tido amplo, e não somente com a formação profissional.
Igualmente importante para o entendimento dos cami-
nhos da educação do futuro é o documento elaborado
por Morin7
,apedidodaUnesco. Esteautor,nestedocu-
mento, apresenta reflexões a respeito de questões funda-
mentais para melhorar a educação no próximo século.
A primeira ressalta que o conhecimento comporta erros
e ilusões. A mente humana é sujeita a falhas de memó-
ria, enganos e, por isso, a escola deve preparar a mente
humana para conhecer o que é conhecer como forma de
estar apta para o combate e identificação permanente
de erros. Portanto, “é necessário introduzir e desenvol-
ver na educação o estudo das características cerebrais,
mentais, culturais dos conhecimentos humanos, de seus
processosemodalidades,dasdisposiçõestantopsíquicas
quanto culturais” com forma de identificar o que leva ao
erro ou à ilusão.
A segunda refere-se ao que Morin chama de “conheci-
mento pertinente”. Trata da necessidade de promover o
conhecimento capaz de apreender problemas globais e
fundamentais para neles inserir os conhecimentos par-
ciais e locais”. O conhecimento deve estar voltado para
apreender os objetos em seu contexto, sua complexida-
de, seu conjunto. Para Morin, é preciso “ensinar os mé-
todos que permitam estabelecer as relações mútuas e as
influências recíprocas entre as partes e o todo em um
mundocomplexo”.
A terceira reflexão defende que a educação do futuro
deverá ser centrada na condição humana. Ensinar a con-
dição humana significa situar/questionar nossa posição
no mundo no plano físico, biológico, psíquico, cultural,
social e histórico. “Para a educação do futuro, é necessá-
rio promover grande remembramento dos conhecimen-
tos oriundos das ciências naturais, a fim de situar a con-
dição humana no mundo, dos conhecimentos derivados
das ciências humanas para colocar em evidência a
muldimensionalidade e a complexidade humanas, bem
como integrar (na educação do futuro) a contribuição
inestimável das humanidades, não somente a filosofia e
a história, mas também a literatura , a poesia, as artes...”.
Na quarta reflexão, Morin enfatiza que a educação do
futurotambémdeveráestarcomprometidaemensinara
“identidade da terra”. É preciso aprender a “estar aqui”,
o que significa aprender a viver, a dividir, a comunicar, a
comungarnasculturassingularese,também, aprendera
ser, viver, dividir e comunicar-se como ser humano do
planeta terra.Omundoglobalnecessitadesereshumanos
que tenham “consciência antropológica”, “consciência
ecológica”, “consciência cívica terrena” e “consciência
espiritual da condição humana”.
Na quinta, Morin enfoca que a educação deve mostrar
que na atualidade a lógica determinística deve ser subs-
tituídapelalógicadaincerteza. Porisso,aeducaçãodeve
ensinar “princípios de estratégia que permitam enfren-
tarosimprevistos,oinesperadoeaincertezaemodificar
seu desenvolvimento, em virtude das informações ad-
quiridas ao longo do tempo”. Para Morin, “é preciso
aprenderanavegaremumoceanodeincertezasemmeio
aarquipélagosdecerteza”.
Na sexta, Morin afirma que a educação deve “ensinar a
compreensão”. A educação para a compreensão é funda-
mental em todos os níveis educativos e em todas as ida-
des. Considera a compreensão mútua fundamental para
aeducaçãodofuturo. Porisso,estudaraincompreensão
apartirdesuasraízes,suasmodalidadeseefeitospossibi-
litaria a identificação das causas do racismo, da xenofo-
bia, do desprezo e traria uma base mais consistente à
“educação para a paz”.
Finalmente, Morin levanta a questão da “ética do gêne-
ro humano”. A educação do futuro deve conduzir à
“antropoética”. A ética, neste sentido, para Morin, tem
três dimensões: uma do indivíduo, uma social e outra da
espécie. Estas três dimensões estão inter-relacionadas e
deveriamservistasdemaneiraintegrada. Aantropoética
supõe a decisão consciente de “assumir a condição hu-
A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas
Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002
80
mana indivíduo/sociedade/espécie na complexidade do
nosso ser; alcançar a humanidade em nós mesmos em
nossa consciência pessoal e assumir o destino humano
em suas antinomias e plenitude”. A antropoética pres-
supõe “trabalhar para a humanização da humanidade;
efetuar a dupla pilotagem do planeta: obedecer à vida,
guiar a vida; alcançar a unidade planetária na diversida-
de; respeitar no outro, ao mesmo tempo, a diferença e a
identidade quanto a si mesmo; desenvolver a ética da
solidariedade; desenvolver a ética da compreensão; en-
sinar a ética do gênero humano”.
Emresumo,aeducaçãonoséculoXXIestaráatreladaao
desenvolvimento da capacidade intelectual dos estudan-
tes e a princípios éticos, de compreensão e de solidarie-
dade humana. A educação visará a prepará-los para li-
dar com mudanças e diversidades tecnológicas, econô-
micas e culturais, equipando-os com qualidades como
iniciativa, atitude e adaptabilidade. A universidade, neste
contexto, tem seu papel ampliado. A globalização, se-
gundo a Unesco8
, mostra que o “moderno desenvolvi-
mento de recursos humanos implica não somente uma
necessidade de perícia em profissionalismo avançado,
mas também de consciência nos assuntos culturais, de
meio ambiente e social envolvidos”. Para isso, a univer-
sidade deverá reforçar seus papéis no aumento dos valo-
res éticos e morais da sociedade e no desenvolvimento
do espírito cívico ativo e participativo de seus futuros
graduados.Auniversidadeprecisadar“maiorênfase para
o desenvolvimento pessoal dos estudantes, juntamente
com a preparação de sua vida profissional”.
AEDUCAÇÃODOBIBLIOTECÁRIO:ALGUMAS
REFLEXÕES
Jamais a evolução da ciência e da técnica foi tão rápida e
com tantas conseqüências diretas sobre a vida cotidiana,
o trabalho, as formas de comunicação e a relação com o
corpo e com o espaço. É no universo do saber e do saber
fazer (o universo das técnicas) que estas mudanças são
mais fortes. Por esta razão, o saber condiciona todas as
outras dimensões da vida em sociedade.
A quantidade de mensagens em circulação nunca foi tão
grande. Entretanto, dispomos de poucos instrumentos
para filtrar a informação pertinente, para estabelecer
comparações,enfim,paranosencontrarmosnosespaços
dos fluxos informacionais. A distância entre a quantida-
de dos fluxos, das mensagens e as formas tradicionais de
decisão e de orientação é cada vez maior.
Ora, como vimos anteriormente, para ser um ator efeti-
vo na sociedade do conhecimento, cada indivíduo deve
aprender a manejar sua riqueza de conhecimento, como
gerar novos conhecimentos e como traduzir o conheci-
mento em informação útil para o desenvolvimento da
sociedade de forma a agir e se adaptar a estarealidade.
Aeradoconhecimentodemandamentesquestionadoras
e imaginativas que devem ser cultivadas através de uma
educação adequada e com conteúdos pertinentes e con-
seqüentes.
O conceito de sociedade do conhecimento se baseia no
crescente reconhecimento do papel que ocupam a aqui-
sição, a criação, a assimilação e a disseminação do co-
nhecimento em todas as áreas da sociedade. “Averdade
nãoédadapronta[...],masestáconstantementeemjogo,
através de processos abertos e coletivos de pesquisa, de
construção e de crítica9
.
Ora, para construir e criticar, é necessário buscar infor-
mação, disponibilizar informação, criar e transformar
informação. Estas práticas são intimamente ligadas ao
fazer dos profissionais da informação e especificamente
dosbibliotecários.
A realidade em que vivemos, dentro de um contexto
globalizado,exigedosprofissionaisdetodasasáreasme-
lhor desempenho e mais eficiência. Dentro deste con-
texto,osbibliotecáriosdevemestarpreparadosdeforma
a responder às novas exigências da sociedade do conhe-
cimento.
Nestasociedadeondeautilizaçãoeficazdainformaçãoe
do conhecimento tornou-se fundamental, a competên-
cia destes profissionais tem sido submetida à pressão de
novas formas de demanda, conseqüência da necessidade
de as pessoas e as instituições operarem de forma mais
eficaz em termos de tomada de decisão, de inovação e de
aquisição de conhecimento.
De que forma se transmitem estas competências? Como
preparar profissionais para lidar com esta nova realida-
de, para serem atores efetivos nesta nova realidade, para
interagir nesta nova sociedade?
O valor e a organização do conhecimento dependem da
motivação e dos objetivos de cada indivíduo em um de-
terminado momento. Somente o exercício em situações
reais dá sentido e valor ao conhecimento.
Edna Lúcia da Silva / Miriam Vieira da Cunha
Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002
81
Segundo Levy10
, “o conhecimento que vive de invenção
coletiva, de transformação, de interpretação e de troca é
um dos lugares onde a solidariedade do homem pode ter
mais sentido, transformando-se em um dos laços mais
fortes entre os indivíduos”.
Parece-nos importante incutir na educação dos biblio-
tecários o princípio de “conhecimento pertinente”, pre-
conizado por Morin, levando-os a estabelecer relações
recíprocas entre as partes e o todo.
Ora, os bibliotecários são levados cada vez mais a parti-
cipar ativamente do fluxo internacional de informações
por meio da prestação de serviços a usuários virtuais que
podem estar localizados em qualquer local do planeta.
Em contrapartida, estes mesmos profissionais se benefi-
ciam e utilizam serviços provenientes deste fluxo inter-
nacional. É essencial que estes profissionais sejam for-
mados no sentido de compartilhar serviços colaboran-
do, desta forma, em um sistema global de informações.
Seufazeré,portanto,essencialmenteumfazerdetrocar,
de pôr à disposição informações a partir de um contexto
local – o da instituição e da unidade de informação –
para um contexto planetário e deste contexto planetá-
rio para o individual.
Além disso, parece fundamental que a formação destes
profissionais que lidam basicamente com informação e
conhecimento os leve a adquirir uma consciência de sua
importância.
A diversidade e o fluxo dos conhecimentos disponíveis
atualmente são tais que nenhum indivíduo pode possuir
a totalidade do conhecimento. A inteligência e o pensa-
mentoestãocondenadosaotrabalhoemcomum,àaber-
tura, à transparência, à troca. Como afirma Levy10
, “nas
nossas interações com as coisas, desenvolvemos compe-
tências.Nasnossasrelaçõescomossignosecomainfor-
mação, adquirimos conhecimento. Na relação com os
outros, através da iniciação e da transmissão, fazemos
viver o saber. Competência, conhecimento e saber (que
podem estar relacionados com os mesmos objetos) são
três formas complementares da transação cognitiva que
seconfundemtodootempo. Cadaatividade,cadaatode
comunicação, cada relação humana implica um aprendi-
zado.”
Ora, trabalho em comum, cooperação, transparência,
troca são, no nosso entender, princípios fundamentais
do fazer bibliotecário.
Vivemos em um movimento de fragmentação e de dis-
persão que se instala no mundo do trabalho. As mudan-
ças neste universo em direção a um trabalho mais quali-
ficadoenfatizamanecessidadedenovosmodelosdequa-
lificação profissional.
Quemodelossãoesses?
Nonossoentender,essesmodelosdevemestarbaseados
nos princípios enfatizados por Morin sobre a educação
do futuro. Neste sentido, a educação dos bibliotecários
deverá, no século XXI, priorizar a condição humana,
enfatizandoprincípioscomoo“conhecimentopertinen-
te”, o aprender a ser, a comunicar-se e a compreender
outros indivíduos. É fundamental enfatizar a necessida-
de de articulação do acervo cognitivo com o mundo do
trabalho em paralelo ao investimento individual em trei-
namento e capacitação.
Os novos perfis profissionais privilegiam a criatividade,
a interatividade, a flexibilidade e o aprendizado contí-
nuo. Além disso, os novos profissionais devem ser capa-
zes de operacionalizar seu conhecimento de modo inte-
grado às suas aptidões e vivências culturais.
Énecessárioenfatizarqueobibliotecárioéemsuaessên-
cia um mediador, um comunicador, alguém que põe em
contatoinformaçõescompessoas,pessoascominforma-
ções.
Umadasquestõescentraisdasociedadedainformaçãoé
queoobjetodetrabalhodohomempassaaserainteração
com outros homens. O saber e a comunicação passam a
ocupar a maioria das atividades humanas. Além disso, é
necessário lembrar que “a informação é um fator intrín-
seco a qualquer atividade, fator este que deve ser conhe-
cido, processado, compreendido e utilizado contribuin-
doparaampliardeformaseguraasatividadeshumanas”11
.
Os bibliotecários, profissionais que privilegiam a infor-
mação no seu fazer cotidiano, têm um papel importante
acumprirnasociedadedoconhecimento. Incutiracons-
ciênciadaimportânciadestepapeljuntamentecomprin-
cípios como ética, solidariedade humana, capacidade
crítica e de questionamento pode fazer o diferencial ne-
cessário na construção de uma sociedade mais justa e
equilibrada.
Esperamos que, com uma educação baseada em princí-
pioséticosesolidários,osbibliotecáriossejamatoresfun-
damentais neste processo.
A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas
Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002
82
CONCLUSÃO
OsdilemasdoseducadoresdoséculoXXIparecemestar
resumidos em três questionamentos: O que ensinar?
Como ensinar? Para que ensinar?
Dertouzos12
alerta que a educação é muito mais que a
transferência de conhecimentos de professores para alu-
nos. Acender a “chama da vontade de aprender no cora-
ção dos estudantes, dar o exemplo e criar vínculos entre
professoresealunos”sãofatoresessenciais paraosuces-
so do aprendizado. E este é um papel que a tecnologia
nãopoderácumprir.
Em A cabeça bem-feita, Morin13
defende que o ensino
educativo deve buscar não a mera transmissão do saber
acumulado, mas uma cultura que possibilite a compre-
ensão da condição humana e nos ajude a viver, e que
favoreça um modo de pensar aberto e livre. A educação,
para o autor, deve propiciar a compreensão do contexto,
otodoemrelaçãoàspartes,aspartesemrelaçãoaotodo.
Para ele, o excesso de especialização do saber leva ao en-
fraquecimento da responsabilidade e da solidariedade.
Cada um faz a sua parte, e não há consciência da co-
responsabilidade pelo todo. Ensinar não é distribuir cer-
tezas, mas instigar dúvidas; não é inculcar a aceitação
passivadoestabelecido,masinstrumentalizarparaacon-
testação;nãoéformariguais,masdiferentes,unidospelo
respeito e aceitação das próprias diversidades. A educa-
ção “pode ajudar a nos tornarmos melhores, se não mais
felizes, e nos ensinar a assumir a parte prosaica e viver a
parte poética de nossas vidas”.
OpapelmaisimportantedobibliotecárionoséculoXXI
parece ainda ser o de gerenciador da informação. A im-
portância dessa tarefa pode ser assim colocada: o gran-
de problema desse século é a superabundância de infor-
mação. Então, se não possuirmos sistemas e estratégias
adequadas de acesso à informação ou estivermos
despreparadosparaacessá-las,dequeservirátantainfor-
mação? Do que servirá a tecnologia, se a maioria das
pessoasnãosaberáutilizá-laounãoteráacessoaelas?Os
computadores e os sistemas inteligentes de
processamento de dados podem até assumir parte dessa
tarefa. No entanto, a organização e a manipulação de
toda essa informação requer instruções, e aqui é que o
bibliotecário poderá contribuir. Tal tarefa influenciará
diretamenteavidadetodasaspessoaseirárequerercom-
petências de cunho educativo, intelectual, social e
tecnológico.
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novos espaços. Informare, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2-3, jan. 1997.
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comiss%C3%B5es50/Eventos/ 1999/ Palestras/
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13. MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: reformar a reforma , reforçar
o pensamento. Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 2000.
Edna Lúcia da Silva / Miriam Vieira da Cunha
Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002

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A formação profissional no século xxi desafios e dilemas

  • 1. 77 Resumo Reflexão sobre a educação no século XXI com enfoque especial à educação dos bibliotecários. Destaca os quatros pilares básicos e essenciais, preconizados pela Unesco, a um novo conceito de educação: aprender a conhecer, aprender a viver juntos, aprender a fazer e aprender a ser. Apresenta as ponderações elaboradas por Morin , a pedido da Unesco, que poderão melhorar a educação do futuro. Com base em tais fundamentos, discute o papel e a formação do bibliotecário no século XXI. Declara que os dilemas dos educadores, nesses novos tempos, estão centrados em três questionamentos: O que ensinar? Como ensinar? Para que ensinar? Pondera que a formação do bibliotecário deverá enfatizar sua função educativa e que a base deve ser polivalente alicerçada em um conjunto de valores que possibilite alterar percepções, maneiras de pensar e instaure a cooperação e a sabedoria em detrimento do tecnicismo hoje privilegiado. Conclui que o papel mais importante do bibliotecário no século XXI parece ainda ser o de gerenciador da informação. Palavras-chave Educação dos bibliotecários; Profissional da informação. The professional education in the XXI century: challengs and dilemmas Abstract Reflection on education in the 21th century with special attention on librarians’ education. It emphasizes the four basic points, praised by Unesco, to a new concept of education: to learn to know, to learn to live together, to learn to do and to learn to be. It presents the points developed by Morin, for UNESCO, that will be able to improve the education of the future. On the bases of such points examine the role of librarians education in 21th century. The educators’ dilemas in these times are centered in three questions: What to teach? How to teach? and Why to teach? It suggests that the Librarianship curricula must privilegie librarians’ educative role and that this role must be founded in a set of values in order to modify perceptions, and emphasize cooperation in detriment of technology. The paper concludes that the most important function of librarians in 21th century will be the one of information managers. Keywords Librarians’ education; Information professionals. A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas Edna Lúcia da Silva Doutora em Ciência da Informação – UFRJ-Eco/CNPQ-Ibict Professora do Departamento de Ciência da Informação. Centro de Ciências da Educação. Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: els@newsite.com.br Miriam Vieira da Cunha Doutora em Ciência da Informação – CNAM, Paris. Professora do Departamento de Ciência da Informação. Centro de Ciências da Educação. Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: mcunha@unetsul.com.br INTRODUÇÃO AchegadadoséculoXXIvemmarcadacomalgumasca- racterísticas:omundoglobalizadoeaemergênciadeuma nova sociedade que se convencionou chamar de socie- dade do conhecimento. Tal cenário traz inúmeras trans- formações em todos os setores da vida humana. O pro- gresso tecnológico é evidente, e a importância dada à informação é incontestável. O progresso tecnológico atua, principalmente, como facilitador no processo comunicacional. Agora é possível processar, armazenar, recuperar e comunicar informação em qualquer forma- to, sem interferência de fatores como distância, tempo ou volume. Para González de Gómez1 , “trata-se de uma revolução que agrega novas capacidades à inteligência humana e muda o modo de trabalharmos juntos e viver- mosjuntos”. O mundo globalizado da sociedade do conhecimento trouxe mudanças significativas ao mundo do trabalho. O conceito de emprego está sendo substituído pelo de trabalho. A atividade produtiva passa a depender de co- nhecimentos, e o trabalhador deverá ser um sujeito cria- tivo, crítico e pensante, preparado para agir e se adaptar rapidamente às mudanças dessa nova sociedade. O diploma passa a não significar necessariamente uma garantia de emprego. A empregabilidade está relaciona- da à qualificação pessoal; as competências técnicas de- verão estar associadas à capacidade de decisão, de adap- tação a novas situações, de comunicação oral e escrita, de trabalho em equipe. O profissional será valorizado na medida da sua habilidade para estabelecer relações e de assumir liderança. Para Drucker2 , “os principais gru- pos sociais da sociedade do conhecimento serão os ‘tra- balhadoresdoconhecimento”’,pessoascapazesde alocar conhecimentos para incrementar a produtividade e ge- rar inovação. Na perspectiva do trabalho na sociedade do conheci- mento, a criatividade e a disposição para capacitação permanente serão requeridas e valorizadas. As tecnologias de informação e comunicação estão modifi- cando as situações de trabalho, e as máquinas passaram a executar tarefas rotineiras em substituição aos seres hu- manos. Neste ambiente de mudanças, “a construção do Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002
  • 2. 78 Edna Lúcia da Silva / Miriam Vieira da Cunha conhecimento já não é mais produto unilateral de seres humanos isolados, mas de uma vasta colaboração cognitiva distribuída, da qual participam aprendentes humanos e sistemas cognitivos artificiais”3 . Constata- se,também,queesseéumprocessosempossibilidadede reversão. Oquefazer?Ossereshumanosterãodealterar suas expectativas de emprego e modificar as suas rela- ções com o trabalho. Nesta conjuntura, em que a mudança tecnológica é a regra,buscarcondiçõesparaancorarapreparaçãodopro- fissional do futuro requer uma estratégia diferenciada. Este profissional deverá interagir com máquinas sofisti- cadas e inteligentes, será um agente no processo de to- mada de decisão. Além disso, o seu valor no mercado será estimado com base em seu dinamismo, em sua criatividade e em seu empreendedorismo. Todas esses fatores evidenciam que só a educação será capaz de pre- parar as pessoas para enfrentar os desafios dessa nova sociedade. Além disso, segundo De Masi4 , existem alguns valores emergentes, nesta nova sociedade, que merecem ser le- vados em consideração quando tratamos de formação e educaçãoprofissional. Umdeleséaintelectualidade(va- lorização das atividades cerebrais em detrimento às ati- vidadesbraçais);outroéacriatividade(tarefasrepetitivas e chatas serão feitas pelas máquinas); outro é a estética (o que distingue hoje não é mais a técnica, e sim a estéti- ca, o design). Para este autor, ainda, a subjetividade, a emotividade,adesestruturaçãoeadescontinuidadetam- bém são valores importantes e, por isso, deverão, tam- bém, estar na mira dos processos educativos do futuro. Esta realidade parece apontar para uma educação básica e polivalente que valorize a cultura geral, a postura pro- fissional, a ética e a responsabilidade social. Refletir sobre a formação do bibliotecário para atuar no cenáriodoséculoXXIéoobjetivodestetrabalho. Nesta reflexão,merecerãodestaque:aeducaçãoeoséculoXXI e a educação dos bibliotecários. A EDUCAÇÃO E O SÉCULO XXI Na sociedade do conhecimento, os indivíduos são fun- damentais. Druker5 alerta que o conhecimento moeda desta nova era não é impessoal como o dinheiro. “Co- nhecimento não reside em um livro, em um banco de dados, em um programa desoftware:estescontêminfor- mações. O conhecimento está sempre incorporado por uma pessoa, é transportado por uma pessoa, é criado, ampliado ou aperfeiçoado por uma pessoa, é aplicado, ensinadoetransmitidoporumapessoaeéusado,bemou mal, por uma pessoa. Para ele, a sociedade do conheci- mento coloca a pessoa no centro, e isso levanta desafios e questões a respeito de como preparar a pessoa para atuar neste novo contexto. Para Delors6 ,“face aos múltiplos desafios do futuro, a educação surge como um trunfo indispensável à huma- nidade na construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social. Para ele, só a educação conduzirá “a um desenvolvimento humano mais harmonioso, mais au- têntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão so- cial, as incompreensões, as opressões, as guerras...” Combasenestavisão,aUnesco,pormeiode suaComis- são Internacional sobre a Educação para o século XXI, presidida por Jacques Delors6 , estabeleceosquatropila- resdeumnovotipodeeducaçãocomenfoqueemapren- der a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser. Aprender a viver juntoéconsideradounsdospilaresmais importantes do processo educativo desses novos tem- pos. Ressaltaainterdependênciadomundomodernoea importância das relações. Tudo está interligado e tudo queaconteceafetaráatodosdeumaformaoudeoutra.O que o mundo precisa mais é de compreensão mútua, in- tercâmbios pacíficos e harmonia. “Trata-se de aprender a viver conjuntamente, desenvolvendo o conhecimento dos outros, de sua história, de suas tradições e de sua espiritualidade. E, a partir disso, criar um espírito novo que, graças precisamente a essa percepção de nossas interdependências crescentes e a uma análise partilhada dos riscos e desafios do futuro, promova a realização de projetos comuns, ou melhor, uma gestão inteligente e apaziguadora dos inevitáveis conflitos...”. Aprender a conhecer é um pilar que tem como pano de fundooprazerdecompreender,deconhecerededesco- brir. Aprenderparaconhecersupõeaprenderparaapren- der, exercitando a atenção, a memória e o pensamento. Uma das tarefas mais importantes no processoeduca- cional, hoje, é ensinar como chegar à informação. Parte daconsciênciadequeéimpossívelestudartudo,dequeo conhecimento não cessa de progredir e se acumular. En- tão o mais importante é saber conhecer os meios para se chegar até ele. Aprenderafazersignificaqueaeducaçãonãopodeaceitar a imposição de opção entre a teoria e a técnica, o saber e o fazer. A educação para o novo século tem a obrigação Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002
  • 3. 79 de associar a técnica com a aplicação de conhecimentos teóricos. Aprender a seré um pilar que foi preconizado pelo Rela- tório Edgard Faure, preparado para a Unesco, na década de 70. O mundo atual exige de cada pessoa uma grande capacidade de autonomia e uma postura ética. Conside- ra-se que os atos e as responsabilidades pessoais interfe- rem no destino coletivo. Refere-se ao desenvolvimento dos talentos do ser humano: memória, raciocínio, ima- ginação, capacidades físicas, sentido estético, facilidade decomunicaçãocomosoutros,carismanaturaletc.Con- firma a necessidade de “cada um se conhecer e se com- preendermelhor”. A educação no século XXI deverá ser uma educação ao longo da vida. Este conceito permite “ordenar as dife- rentesseqüênciasdeaprendizagem(educaçãobásica,se- cundária e superior), gerir as transições, diversificar os percursos, valorizando-os”. A educação deverá se preo- cupar com a formação do cidadão, da pessoa em seu sen- tido amplo, e não somente com a formação profissional. Igualmente importante para o entendimento dos cami- nhos da educação do futuro é o documento elaborado por Morin7 ,apedidodaUnesco. Esteautor,nestedocu- mento, apresenta reflexões a respeito de questões funda- mentais para melhorar a educação no próximo século. A primeira ressalta que o conhecimento comporta erros e ilusões. A mente humana é sujeita a falhas de memó- ria, enganos e, por isso, a escola deve preparar a mente humana para conhecer o que é conhecer como forma de estar apta para o combate e identificação permanente de erros. Portanto, “é necessário introduzir e desenvol- ver na educação o estudo das características cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos humanos, de seus processosemodalidades,dasdisposiçõestantopsíquicas quanto culturais” com forma de identificar o que leva ao erro ou à ilusão. A segunda refere-se ao que Morin chama de “conheci- mento pertinente”. Trata da necessidade de promover o conhecimento capaz de apreender problemas globais e fundamentais para neles inserir os conhecimentos par- ciais e locais”. O conhecimento deve estar voltado para apreender os objetos em seu contexto, sua complexida- de, seu conjunto. Para Morin, é preciso “ensinar os mé- todos que permitam estabelecer as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundocomplexo”. A terceira reflexão defende que a educação do futuro deverá ser centrada na condição humana. Ensinar a con- dição humana significa situar/questionar nossa posição no mundo no plano físico, biológico, psíquico, cultural, social e histórico. “Para a educação do futuro, é necessá- rio promover grande remembramento dos conhecimen- tos oriundos das ciências naturais, a fim de situar a con- dição humana no mundo, dos conhecimentos derivados das ciências humanas para colocar em evidência a muldimensionalidade e a complexidade humanas, bem como integrar (na educação do futuro) a contribuição inestimável das humanidades, não somente a filosofia e a história, mas também a literatura , a poesia, as artes...”. Na quarta reflexão, Morin enfatiza que a educação do futurotambémdeveráestarcomprometidaemensinara “identidade da terra”. É preciso aprender a “estar aqui”, o que significa aprender a viver, a dividir, a comunicar, a comungarnasculturassingularese,também, aprendera ser, viver, dividir e comunicar-se como ser humano do planeta terra.Omundoglobalnecessitadesereshumanos que tenham “consciência antropológica”, “consciência ecológica”, “consciência cívica terrena” e “consciência espiritual da condição humana”. Na quinta, Morin enfoca que a educação deve mostrar que na atualidade a lógica determinística deve ser subs- tituídapelalógicadaincerteza. Porisso,aeducaçãodeve ensinar “princípios de estratégia que permitam enfren- tarosimprevistos,oinesperadoeaincertezaemodificar seu desenvolvimento, em virtude das informações ad- quiridas ao longo do tempo”. Para Morin, “é preciso aprenderanavegaremumoceanodeincertezasemmeio aarquipélagosdecerteza”. Na sexta, Morin afirma que a educação deve “ensinar a compreensão”. A educação para a compreensão é funda- mental em todos os níveis educativos e em todas as ida- des. Considera a compreensão mútua fundamental para aeducaçãodofuturo. Porisso,estudaraincompreensão apartirdesuasraízes,suasmodalidadeseefeitospossibi- litaria a identificação das causas do racismo, da xenofo- bia, do desprezo e traria uma base mais consistente à “educação para a paz”. Finalmente, Morin levanta a questão da “ética do gêne- ro humano”. A educação do futuro deve conduzir à “antropoética”. A ética, neste sentido, para Morin, tem três dimensões: uma do indivíduo, uma social e outra da espécie. Estas três dimensões estão inter-relacionadas e deveriamservistasdemaneiraintegrada. Aantropoética supõe a decisão consciente de “assumir a condição hu- A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002
  • 4. 80 mana indivíduo/sociedade/espécie na complexidade do nosso ser; alcançar a humanidade em nós mesmos em nossa consciência pessoal e assumir o destino humano em suas antinomias e plenitude”. A antropoética pres- supõe “trabalhar para a humanização da humanidade; efetuar a dupla pilotagem do planeta: obedecer à vida, guiar a vida; alcançar a unidade planetária na diversida- de; respeitar no outro, ao mesmo tempo, a diferença e a identidade quanto a si mesmo; desenvolver a ética da solidariedade; desenvolver a ética da compreensão; en- sinar a ética do gênero humano”. Emresumo,aeducaçãonoséculoXXIestaráatreladaao desenvolvimento da capacidade intelectual dos estudan- tes e a princípios éticos, de compreensão e de solidarie- dade humana. A educação visará a prepará-los para li- dar com mudanças e diversidades tecnológicas, econô- micas e culturais, equipando-os com qualidades como iniciativa, atitude e adaptabilidade. A universidade, neste contexto, tem seu papel ampliado. A globalização, se- gundo a Unesco8 , mostra que o “moderno desenvolvi- mento de recursos humanos implica não somente uma necessidade de perícia em profissionalismo avançado, mas também de consciência nos assuntos culturais, de meio ambiente e social envolvidos”. Para isso, a univer- sidade deverá reforçar seus papéis no aumento dos valo- res éticos e morais da sociedade e no desenvolvimento do espírito cívico ativo e participativo de seus futuros graduados.Auniversidadeprecisadar“maiorênfase para o desenvolvimento pessoal dos estudantes, juntamente com a preparação de sua vida profissional”. AEDUCAÇÃODOBIBLIOTECÁRIO:ALGUMAS REFLEXÕES Jamais a evolução da ciência e da técnica foi tão rápida e com tantas conseqüências diretas sobre a vida cotidiana, o trabalho, as formas de comunicação e a relação com o corpo e com o espaço. É no universo do saber e do saber fazer (o universo das técnicas) que estas mudanças são mais fortes. Por esta razão, o saber condiciona todas as outras dimensões da vida em sociedade. A quantidade de mensagens em circulação nunca foi tão grande. Entretanto, dispomos de poucos instrumentos para filtrar a informação pertinente, para estabelecer comparações,enfim,paranosencontrarmosnosespaços dos fluxos informacionais. A distância entre a quantida- de dos fluxos, das mensagens e as formas tradicionais de decisão e de orientação é cada vez maior. Ora, como vimos anteriormente, para ser um ator efeti- vo na sociedade do conhecimento, cada indivíduo deve aprender a manejar sua riqueza de conhecimento, como gerar novos conhecimentos e como traduzir o conheci- mento em informação útil para o desenvolvimento da sociedade de forma a agir e se adaptar a estarealidade. Aeradoconhecimentodemandamentesquestionadoras e imaginativas que devem ser cultivadas através de uma educação adequada e com conteúdos pertinentes e con- seqüentes. O conceito de sociedade do conhecimento se baseia no crescente reconhecimento do papel que ocupam a aqui- sição, a criação, a assimilação e a disseminação do co- nhecimento em todas as áreas da sociedade. “Averdade nãoédadapronta[...],masestáconstantementeemjogo, através de processos abertos e coletivos de pesquisa, de construção e de crítica9 . Ora, para construir e criticar, é necessário buscar infor- mação, disponibilizar informação, criar e transformar informação. Estas práticas são intimamente ligadas ao fazer dos profissionais da informação e especificamente dosbibliotecários. A realidade em que vivemos, dentro de um contexto globalizado,exigedosprofissionaisdetodasasáreasme- lhor desempenho e mais eficiência. Dentro deste con- texto,osbibliotecáriosdevemestarpreparadosdeforma a responder às novas exigências da sociedade do conhe- cimento. Nestasociedadeondeautilizaçãoeficazdainformaçãoe do conhecimento tornou-se fundamental, a competên- cia destes profissionais tem sido submetida à pressão de novas formas de demanda, conseqüência da necessidade de as pessoas e as instituições operarem de forma mais eficaz em termos de tomada de decisão, de inovação e de aquisição de conhecimento. De que forma se transmitem estas competências? Como preparar profissionais para lidar com esta nova realida- de, para serem atores efetivos nesta nova realidade, para interagir nesta nova sociedade? O valor e a organização do conhecimento dependem da motivação e dos objetivos de cada indivíduo em um de- terminado momento. Somente o exercício em situações reais dá sentido e valor ao conhecimento. Edna Lúcia da Silva / Miriam Vieira da Cunha Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002
  • 5. 81 Segundo Levy10 , “o conhecimento que vive de invenção coletiva, de transformação, de interpretação e de troca é um dos lugares onde a solidariedade do homem pode ter mais sentido, transformando-se em um dos laços mais fortes entre os indivíduos”. Parece-nos importante incutir na educação dos biblio- tecários o princípio de “conhecimento pertinente”, pre- conizado por Morin, levando-os a estabelecer relações recíprocas entre as partes e o todo. Ora, os bibliotecários são levados cada vez mais a parti- cipar ativamente do fluxo internacional de informações por meio da prestação de serviços a usuários virtuais que podem estar localizados em qualquer local do planeta. Em contrapartida, estes mesmos profissionais se benefi- ciam e utilizam serviços provenientes deste fluxo inter- nacional. É essencial que estes profissionais sejam for- mados no sentido de compartilhar serviços colaboran- do, desta forma, em um sistema global de informações. Seufazeré,portanto,essencialmenteumfazerdetrocar, de pôr à disposição informações a partir de um contexto local – o da instituição e da unidade de informação – para um contexto planetário e deste contexto planetá- rio para o individual. Além disso, parece fundamental que a formação destes profissionais que lidam basicamente com informação e conhecimento os leve a adquirir uma consciência de sua importância. A diversidade e o fluxo dos conhecimentos disponíveis atualmente são tais que nenhum indivíduo pode possuir a totalidade do conhecimento. A inteligência e o pensa- mentoestãocondenadosaotrabalhoemcomum,àaber- tura, à transparência, à troca. Como afirma Levy10 , “nas nossas interações com as coisas, desenvolvemos compe- tências.Nasnossasrelaçõescomossignosecomainfor- mação, adquirimos conhecimento. Na relação com os outros, através da iniciação e da transmissão, fazemos viver o saber. Competência, conhecimento e saber (que podem estar relacionados com os mesmos objetos) são três formas complementares da transação cognitiva que seconfundemtodootempo. Cadaatividade,cadaatode comunicação, cada relação humana implica um aprendi- zado.” Ora, trabalho em comum, cooperação, transparência, troca são, no nosso entender, princípios fundamentais do fazer bibliotecário. Vivemos em um movimento de fragmentação e de dis- persão que se instala no mundo do trabalho. As mudan- ças neste universo em direção a um trabalho mais quali- ficadoenfatizamanecessidadedenovosmodelosdequa- lificação profissional. Quemodelossãoesses? Nonossoentender,essesmodelosdevemestarbaseados nos princípios enfatizados por Morin sobre a educação do futuro. Neste sentido, a educação dos bibliotecários deverá, no século XXI, priorizar a condição humana, enfatizandoprincípioscomoo“conhecimentopertinen- te”, o aprender a ser, a comunicar-se e a compreender outros indivíduos. É fundamental enfatizar a necessida- de de articulação do acervo cognitivo com o mundo do trabalho em paralelo ao investimento individual em trei- namento e capacitação. Os novos perfis profissionais privilegiam a criatividade, a interatividade, a flexibilidade e o aprendizado contí- nuo. Além disso, os novos profissionais devem ser capa- zes de operacionalizar seu conhecimento de modo inte- grado às suas aptidões e vivências culturais. Énecessárioenfatizarqueobibliotecárioéemsuaessên- cia um mediador, um comunicador, alguém que põe em contatoinformaçõescompessoas,pessoascominforma- ções. Umadasquestõescentraisdasociedadedainformaçãoé queoobjetodetrabalhodohomempassaaserainteração com outros homens. O saber e a comunicação passam a ocupar a maioria das atividades humanas. Além disso, é necessário lembrar que “a informação é um fator intrín- seco a qualquer atividade, fator este que deve ser conhe- cido, processado, compreendido e utilizado contribuin- doparaampliardeformaseguraasatividadeshumanas”11 . Os bibliotecários, profissionais que privilegiam a infor- mação no seu fazer cotidiano, têm um papel importante acumprirnasociedadedoconhecimento. Incutiracons- ciênciadaimportânciadestepapeljuntamentecomprin- cípios como ética, solidariedade humana, capacidade crítica e de questionamento pode fazer o diferencial ne- cessário na construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. Esperamos que, com uma educação baseada em princí- pioséticosesolidários,osbibliotecáriossejamatoresfun- damentais neste processo. A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002
  • 6. 82 CONCLUSÃO OsdilemasdoseducadoresdoséculoXXIparecemestar resumidos em três questionamentos: O que ensinar? Como ensinar? Para que ensinar? Dertouzos12 alerta que a educação é muito mais que a transferência de conhecimentos de professores para alu- nos. Acender a “chama da vontade de aprender no cora- ção dos estudantes, dar o exemplo e criar vínculos entre professoresealunos”sãofatoresessenciais paraosuces- so do aprendizado. E este é um papel que a tecnologia nãopoderácumprir. Em A cabeça bem-feita, Morin13 defende que o ensino educativo deve buscar não a mera transmissão do saber acumulado, mas uma cultura que possibilite a compre- ensão da condição humana e nos ajude a viver, e que favoreça um modo de pensar aberto e livre. A educação, para o autor, deve propiciar a compreensão do contexto, otodoemrelaçãoàspartes,aspartesemrelaçãoaotodo. Para ele, o excesso de especialização do saber leva ao en- fraquecimento da responsabilidade e da solidariedade. Cada um faz a sua parte, e não há consciência da co- responsabilidade pelo todo. Ensinar não é distribuir cer- tezas, mas instigar dúvidas; não é inculcar a aceitação passivadoestabelecido,masinstrumentalizarparaacon- testação;nãoéformariguais,masdiferentes,unidospelo respeito e aceitação das próprias diversidades. A educa- ção “pode ajudar a nos tornarmos melhores, se não mais felizes, e nos ensinar a assumir a parte prosaica e viver a parte poética de nossas vidas”. OpapelmaisimportantedobibliotecárionoséculoXXI parece ainda ser o de gerenciador da informação. A im- portância dessa tarefa pode ser assim colocada: o gran- de problema desse século é a superabundância de infor- mação. Então, se não possuirmos sistemas e estratégias adequadas de acesso à informação ou estivermos despreparadosparaacessá-las,dequeservirátantainfor- mação? Do que servirá a tecnologia, se a maioria das pessoasnãosaberáutilizá-laounãoteráacessoaelas?Os computadores e os sistemas inteligentes de processamento de dados podem até assumir parte dessa tarefa. No entanto, a organização e a manipulação de toda essa informação requer instruções, e aqui é que o bibliotecário poderá contribuir. Tal tarefa influenciará diretamenteavidadetodasaspessoaseirárequerercom- petências de cunho educativo, intelectual, social e tecnológico. REFERÊNCIAS 1. GONZÁLEZ DE GOMEZ, Maria Nélida. A globalização e os novos espaços. Informare, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2-3, jan. 1997. 2. DRUCKER, Peter. Sociedade pós-capitalista. 6. ed. São Paulo : Pioneira, 1997. 3. ASSMANN, Hugo. A metamorfose do aprender na sociedade da informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 20, n. 2, p. 7-15, maio/ago. 2000. 4. DE MASI, Domenico. Competência criativa: o desafio da educa- ção no novo milênio. Disponível em: <http://www.al.rs. gov. .br / comiss%C3%B5es50/Eventos/ 1999/ Palestras/ 991026_Domenico_De_Masi.htm>. Acesso em: 12 maio 2001. 5. DRUCKER, Peter. Sociedade de pós-capitalista. 6. ed. São Paulo : Pioneira, 1997. p. xvi. 6. DELORS, Jacques. (0rg.). Educação: um tesouro a descobrir: relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educa- ção para o século XXI. 4. ed. São Paulo : Cortez, 2000. p. 11, p.19- 32. 7. MORIN, Edgar.Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo : Cortez, 2000. 8. UNESCO. Políticademudançaedesenvolvimentonoensinosuperior. Rio de Janeiro : Garamond, 1999. 9. LEVY, Pierre. A revolução contemporânea em matéria de comu- nicação. Revista Famecos, Porto Alegre, n. 9, dez.1998. Dispo- nível em: < http://www.pucrs.br/famecos/levyfinal.html.>. Acesso em: 12 maio 2002. 10. _______. L’inteligence collective: pour une anthropologie du cyberspace. Paris: La Découverte, 1997. 11. CARVALHO, Isabel Cristina Louzada; KANISKI, Ana Lúcia. A sociedade do conhecimento e o acesso á informação: para que e para quem? Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 33-39, set./dez.2000. 12. DERTOUZOS, Michael. O que será: como a informação transfor- mará nossas vidas. São Paulo : Companhia das Letras, 2000. 13. MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: reformar a reforma , reforçar o pensamento. Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 2000. Edna Lúcia da Silva / Miriam Vieira da Cunha Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 77-82, set./dez. 2002