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Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,
 Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;

O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!

O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!

Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
- Pés descalços, braços nus -

Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;

Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais! 
Imagem: Arte de Ana Luz Sol
Texto: Casimiro de Abreu
Declamado por Paulo Autran
Formatação: Isa Quintanilha
Automação: JBBellini
dafnemqs@yahoo.com.br
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Paulo Paquet Autran nasceu no Rio de Janeiro, mas passou a maior parte de sua vida na capital
paulista. Com poucos meses de idade foi para Espírito Santo do Pinhal, interior de São Paulo,
graças ao trabalho de seu pai, delegado de polícia. Em 1927 sua família se fixou na cidade de São
Paulo.
Por influência do pai, Paulo Autran se formou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco
em 1945. Inicialmente, pensava em ser diplomata. Nessa época, participou de algumas peças de
teatro amador e acabou convidado a estrear profissionalmente em "Um Deus Dormiu Lá em
Casa", com direção de Adolfo Celi, no TBC - Teatro Brasileiro de Comédia.
No começo relutou, afirmando não ser um ator profissional. Quem o incentivou foi a atriz e
grande amiga Tônia Carrero. A peça estreou no dia 13 de dezembro de 1949 e tornou-se um
grande sucesso, rendendo inclusive prêmios para o ator.

Em mais de 50 anos de carreira fez cerca de 90 peças, 15 filmes, inúmeras
novelas e especiais para a TV. Era casado, desde 1999, com a atriz Karin
Rodrigues. Faleceu em12/10/2007,
Casimiro de Abreu (1837-1860) foi um poeta brasileiro. Autor de
"Meus Oito Anos", um dos poemas mais populares da literatura
brasileira. Pertence a segunda geração do romantismo. Enviado
para Lisboa, com apenas 16 anos, inicia sua vida literária. É nesse
período que escreve a maior parte dos poemas de seu único livro
"Primaveras". Escreve a peça "Camões e o Jau", que é aplaudida
no Teatro D. Fernando, em Lisboa. Casimiro é patrono da cadeira
nº 6 da Academia Brasileira de Letras.

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  • 3. Como são belos os dias Do despontar da existência! - Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é - lago sereno, O céu - um manto azulado, O mundo - um sonho dourado, A vida - um hino d'amor!
  • 4. Que auroras, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d'estrelas, A terra de aromas cheia, As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar!
  • 5. Oh! dias da minha infância! Oh! meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã! Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã!
  • 6. Livre filho das montanhas, Eu ia bem satisfeito, Da camisa aberto o peito, - Pés descalços, braços nus - Correndo pelas campinas À roda das cachoeiras, Atrás das asas ligeiras Das borboletas azuis!
  • 7. Naqueles tempos ditosos Ia colher as pitangas, Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; Rezava às Ave-Marias, Achava o céu sempre lindo, Adormecia sorrindo E despertava a cantar!
  • 8. Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! 
  • 9. Imagem: Arte de Ana Luz Sol Texto: Casimiro de Abreu Declamado por Paulo Autran Formatação: Isa Quintanilha Automação: JBBellini dafnemqs@yahoo.com.br
  • 10. Agora clica Paulo Paquet Autran nasceu no Rio de Janeiro, mas passou a maior parte de sua vida na capital paulista. Com poucos meses de idade foi para Espírito Santo do Pinhal, interior de São Paulo, graças ao trabalho de seu pai, delegado de polícia. Em 1927 sua família se fixou na cidade de São Paulo. Por influência do pai, Paulo Autran se formou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco em 1945. Inicialmente, pensava em ser diplomata. Nessa época, participou de algumas peças de teatro amador e acabou convidado a estrear profissionalmente em "Um Deus Dormiu Lá em Casa", com direção de Adolfo Celi, no TBC - Teatro Brasileiro de Comédia. No começo relutou, afirmando não ser um ator profissional. Quem o incentivou foi a atriz e grande amiga Tônia Carrero. A peça estreou no dia 13 de dezembro de 1949 e tornou-se um grande sucesso, rendendo inclusive prêmios para o ator. Em mais de 50 anos de carreira fez cerca de 90 peças, 15 filmes, inúmeras novelas e especiais para a TV. Era casado, desde 1999, com a atriz Karin Rodrigues. Faleceu em12/10/2007,
  • 11. Casimiro de Abreu (1837-1860) foi um poeta brasileiro. Autor de "Meus Oito Anos", um dos poemas mais populares da literatura brasileira. Pertence a segunda geração do romantismo. Enviado para Lisboa, com apenas 16 anos, inicia sua vida literária. É nesse período que escreve a maior parte dos poemas de seu único livro "Primaveras". Escreve a peça "Camões e o Jau", que é aplaudida no Teatro D. Fernando, em Lisboa. Casimiro é patrono da cadeira nº 6 da Academia Brasileira de Letras.