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Qual o papel da literatura? Você acredita que ela deva abordar dramas humanos, tais como doenças, epidemias etc. ? Explique.
Procurou entre os que estavam no cais. Ele sentara-se no cimento, sob a escada que subia da rua para a primeira classe: -Tou aqui... -Pensi que vancê não viesse -Cumo não havia de vir? E depois numa voz triste: -Dizque meu barco vai demorar, nem chegou ainda em Pirapora, ta encaiado pelo caminho, depois ainda tem que voltar. -Cumo soube? Fui hoje na Campanhia... Mas se vancê não tiver em Pirapora vou bater São Paulo todo pra lhe encontrar. Jorge Amado / Seara vermelha
Transcreva o trecho de Seara Vermelha em seu caderno efetuando as correções de acordo com a norma padrão. 2) Qual o motivo de o autor ter registrado o modo de falar popular nesse diálogo? 3) Você considera adequado o autor abordar vivências locais, particulares de uma região? Sim, não? Explique. 4) Há certas obras que descrevem tanto a realidade como o comportamento referente a habitantes de países ricos. Por que são considerados modelos? Nós, o povo do 3° mundo, devemos seguir tais padrões? Por que os seguimos?
	Tal como em Vidas secas, Seara Vermelha centra seu enredo numa família de retirantes. Expulsa da terra, a família, atravessa a caatinga a pé somando-se à procissão de flagelados em São Paulo. Observe este trecho do livro     Seara Vermelha.
	O pior era que estava correndo a notícia, espalhada ninguém sabe como nem saída de que boca, que em Pirapora não permitiam o embarque de doentes. Que os impaludados não podiam seguir viagem para São Paulo, o governo não pagava passagem. Se quisessem ir teriam que pagar o bilhete de trem e não levariam nenhuma garantia de trabalho. Que havia um médico do governo a examinar cada um e só os que conseguissem passar no exame, que era rigoroso, que tinham direito à passagem. Amado, OP.CIT. P.143
Os dramas humanos enfrentados pelo prisma realista não ganham cores ou meias palavras que os atenuem. Veja a seguir outro trecho do mesmo livro: 	A disenteria cedeu, porém alguns homens e mulheres continuaram arriados, com febre. Era o impaludismo. Aqueles que já não o traziam no corpo, do alto sertão, o adquiriram ali nas águas do rio das sezões. Uma catinga insuportável fizera-se habitual na terceira classe.
	Às sujeiras dos doentes misturavam-se outros fétidos odores, provindos do chiqueiro dos porcos, dos engradados de galinhas, da latrina sempre cheia. E os gemidos e as palavras soltas na febre, e as queixas tornaram-se também tão comuns que já ninguém ligava. Os passageiros da primeira iam apavorados, alguns ameaçavam até saltar com medo do impaludismo. 	Um caixeiro- viajante aparecera com febre e os passageiros exigiram providências do comandante. Foi feita larga distribuição de quinino entre os imigrantes
	Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de sinhá Vitória, as palavras que sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente pra lá. O sertão mandaria para a cidade os homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos.
	Jucundina não sabe para onde vai, onde arrumará suas troxas e descansará seu corpo. Quando chegarem a São Paulo que destino tomarão? Dizem que faz frio, que no inverno é tão gelado que racham as orelhas e os lábios. Morrerão todos de frio, os poucos que restam. Procura, com um olhar que já não enxerga, o corpo de Ernesto, o resto da família. Jerônimo está deitado, Marta seca as lágrimas com as costas da mão, João Pedro fuma na balaustrada, Tonho corre com os meninos que não adoeceram. Quando partiram eram treze, contando com o jumento e a gata, foi Dinah quem contou. Agora são apenas cinco, quantos chegarão?
Uma parte do Brasil  			se espalha dentro da gente Os autores do chamado regionalismo nordestino nacionalizaram a seca e o drama humano dos retirantes. A questão nordestina é tão importante quanto violenta, grande quantidade de livros de literatura, história, sociologia entre outros foram escritos sobre ela. A seca pertence mesmo a todos os brasileiros.
Regionalismo seara vermelha

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  • 1. Qual o papel da literatura? Você acredita que ela deva abordar dramas humanos, tais como doenças, epidemias etc. ? Explique.
  • 2. Procurou entre os que estavam no cais. Ele sentara-se no cimento, sob a escada que subia da rua para a primeira classe: -Tou aqui... -Pensi que vancê não viesse -Cumo não havia de vir? E depois numa voz triste: -Dizque meu barco vai demorar, nem chegou ainda em Pirapora, ta encaiado pelo caminho, depois ainda tem que voltar. -Cumo soube? Fui hoje na Campanhia... Mas se vancê não tiver em Pirapora vou bater São Paulo todo pra lhe encontrar. Jorge Amado / Seara vermelha
  • 3. Transcreva o trecho de Seara Vermelha em seu caderno efetuando as correções de acordo com a norma padrão. 2) Qual o motivo de o autor ter registrado o modo de falar popular nesse diálogo? 3) Você considera adequado o autor abordar vivências locais, particulares de uma região? Sim, não? Explique. 4) Há certas obras que descrevem tanto a realidade como o comportamento referente a habitantes de países ricos. Por que são considerados modelos? Nós, o povo do 3° mundo, devemos seguir tais padrões? Por que os seguimos?
  • 4. Tal como em Vidas secas, Seara Vermelha centra seu enredo numa família de retirantes. Expulsa da terra, a família, atravessa a caatinga a pé somando-se à procissão de flagelados em São Paulo. Observe este trecho do livro Seara Vermelha.
  • 5. O pior era que estava correndo a notícia, espalhada ninguém sabe como nem saída de que boca, que em Pirapora não permitiam o embarque de doentes. Que os impaludados não podiam seguir viagem para São Paulo, o governo não pagava passagem. Se quisessem ir teriam que pagar o bilhete de trem e não levariam nenhuma garantia de trabalho. Que havia um médico do governo a examinar cada um e só os que conseguissem passar no exame, que era rigoroso, que tinham direito à passagem. Amado, OP.CIT. P.143
  • 6. Os dramas humanos enfrentados pelo prisma realista não ganham cores ou meias palavras que os atenuem. Veja a seguir outro trecho do mesmo livro: A disenteria cedeu, porém alguns homens e mulheres continuaram arriados, com febre. Era o impaludismo. Aqueles que já não o traziam no corpo, do alto sertão, o adquiriram ali nas águas do rio das sezões. Uma catinga insuportável fizera-se habitual na terceira classe.
  • 7. Às sujeiras dos doentes misturavam-se outros fétidos odores, provindos do chiqueiro dos porcos, dos engradados de galinhas, da latrina sempre cheia. E os gemidos e as palavras soltas na febre, e as queixas tornaram-se também tão comuns que já ninguém ligava. Os passageiros da primeira iam apavorados, alguns ameaçavam até saltar com medo do impaludismo. Um caixeiro- viajante aparecera com febre e os passageiros exigiram providências do comandante. Foi feita larga distribuição de quinino entre os imigrantes
  • 8. Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de sinhá Vitória, as palavras que sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente pra lá. O sertão mandaria para a cidade os homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos.
  • 9. Jucundina não sabe para onde vai, onde arrumará suas troxas e descansará seu corpo. Quando chegarem a São Paulo que destino tomarão? Dizem que faz frio, que no inverno é tão gelado que racham as orelhas e os lábios. Morrerão todos de frio, os poucos que restam. Procura, com um olhar que já não enxerga, o corpo de Ernesto, o resto da família. Jerônimo está deitado, Marta seca as lágrimas com as costas da mão, João Pedro fuma na balaustrada, Tonho corre com os meninos que não adoeceram. Quando partiram eram treze, contando com o jumento e a gata, foi Dinah quem contou. Agora são apenas cinco, quantos chegarão?
  • 10. Uma parte do Brasil se espalha dentro da gente Os autores do chamado regionalismo nordestino nacionalizaram a seca e o drama humano dos retirantes. A questão nordestina é tão importante quanto violenta, grande quantidade de livros de literatura, história, sociologia entre outros foram escritos sobre ela. A seca pertence mesmo a todos os brasileiros.