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INTRODUÇÃO
                               1 TESSALONICENSES
        Autoria
        A igreja primitiva e os pais da igreja defenderam, desde os primórdios, a autoria paulina desta
      primeira carta aos tessalonicenses. Desde o ano 140 d.C., quando Marcião registrou em sua obra
      o fato de Paulo ter escrito à Igreja em Tessalônica, em sua estada em Corinto, até hoje, não houve
      muitas divergências quanto à autoria dessa carta, que é considerada, ao lado de Gálatas, a mais
      antiga epístola canônica de Paulo.
        Paulo, Silas e Timóteo chegaram pela primeira vez à cidade portuária de Tessalônica, durante a
      segunda grande viagem missionária (At 17.1-14). Depois de Filipos, foi Tessalônica o segundo lugar
      aonde o Evangelho chegou no continente europeu. Pelo fato de a mensagem e a pregação do
      apóstolo de Cristo ter contribuído para o esvaziamento da sinagoga da cidade, os judeus passaram
      a acusar Jasom, o hospedeiro de Paulo, de estar abrigando traidores de César. Os governantes de
      Tessalônica usaram Jasom como refém para exigir que Paulo e seus discípulos se retirassem da
      cidade. Assim que chegaram a Atenas, Paulo enviou Timóteo de volta a Tessalônica a fim de animar
      os crentes fiéis e enviar-lhe um relatório sobre o estado geral dos cristãos tessalonicenses (1Ts 3.1-
      5). Mais tarde, Timóteo se encontrou com Paulo em Corinto, onde foram escritas as duas cartas à
      Igreja em Tessalônica (3.6).
        Tudo indica que Paulo passou pouco tempo junto aos tessalonicenses nessa viagem. Alguns estu-
      diosos afirmam que esse tempo não excedeu a um mês, pois somente três sábados são menciona-
      dos no livro de Atos dos apóstolos (At 17.2). Todavia, por causa do grande número de gentios, com
      certeza, o ministério de Paulo foi muito mais extenso naquele momento histórico (1Ts 1.9).
        O relatório do jovem líder e fiel missionário Timóteo tranqüilizou o coração do pai espiritual dos
      tessalonicenses, e lhe deu muitas razões para glorificar o nome do Senhor pela condição de boa
      saúde espiritual que a Igreja em Tessalônica demonstrava, apesar das perseguições e das pressões
      seculares e pagãs que rondavam a comunidade daqueles crentes.

        Propósitos
        A Igreja em Tessalônica foi fundada pelo apóstolo Paulo em sua segunda grande viagem
      missionária, e compunha-se de convertidos dentre os judeus e muitos gentios vindos do mais
      absoluto paganismo, entre os quais vários gregos, homens e mulheres da nobreza local (At 17.4).
        Considerando que Paulo tinha sido obrigado a partir abruptamente de Tessalônica (At 17.5-10), é
      fácil entender o quanto muitos novos crentes ficaram desnorteados (1.9). Portanto, o alvo principal
      do apóstolo nessa carta foi proporcionar encorajamento, especialmente a esses novos convertidos
      vindos do paganismo, a fim de que se mantivessem fiéis, mesmo em meio às mais severas provações
      e perseguições (3.3-5). Além disso, Paulo se preocupa em oferecer à Igreja uma boa instrução sobre
      como viver um estilo de vida piedoso (4.1-8), servindo diariamente ao Senhor com um coração
      sincero e dedicado (4.11,12). Paulo ainda é categórico quanto à salvação e o futuro eterno dos
      cristãos que morrem antes da segunda vinda gloriosa de Jesus Cristo (4.13,15). Por isso, Paulo dá
      ênfase à doutrina das últimas coisas (escatologia), e finaliza cada capítulo de 1 Tessalonicenses com
      uma referência clara a esse retorno do Senhor. No capítulo 4, o apóstolo é ainda mais esclarecedor
      a esse respeito (1.9,10; 2.19,20; 3.13; 4.13-18; 5.23,24). As duas epístolas aos tessalonicenses são
      também chamadas de “as cartas escatológicas” de Paulo. As passagens-chave da primeira carta se
      referem ao arrebatamento da Igreja (4.13-18) e ao Dia do Senhor (5.11).

        Data da primeira publicação
        A grande importância das cartas aos tessalonicenses não reside apenas no fato de figurarem entre
      as primeiras epístolas canônicas de autoria do apóstolo do Senhor e revelarem muito da sua vida
      e obra junto à Igreja, mas por conterem informações preciosas e seguras sobre o glorioso retorno
      de Cristo.
        Paulo produziu sua primeira missiva à Igreja em, Tessalônica, no ano 51 d.C. A arqueologia




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moderna descobriu sólida confirmação dessa data ao encontrar o registro desse fato numa inscrição
       escavada na cidade de Delfos, na Grécia, que data o proconsulado de Gálio entre os anos de 51 e 52
       d.C. e, assim, coloca na mesma data a presença de Paulo em Corinto (At 18.12-17).

         Esboço geral de 1 Tessalonicenses
            1. Ação de graças pelos cristãos em Tessalônica (1.2-4)
            2. Provas da revelação e conversão a Cristo (1.5-10)
            3. Paulo reafirma o caráter do seu ministério (2.1-12)
               A. A sinceridade de seus motivos mais íntimos (2.1-6)
               B. A pureza de suas emoções (2.7,8)
               C. A fidelidade de sua vida (2.9-12)
            4. A recepção por parte da Igreja em Tessalônica (2.13-16)
               A. A recepção da Palavra de Deus (2.13)
               B. A perseguição por causa da Palavra (2.14-16)
            5. Relacionamento de Paulo com a Igreja (2.17 – 3.13)
               A. Os objetivos do apóstolo (2.17,18)
               B. A missão do jovem líder Timóteo (3.1-10)
               C. Oração pelo encontro com os irmãos (3.11-13)
            6. Encorajamentos de Paulo aos tessalonicenses (4.1 – 5.22)
               A. Quanto a uma vida bonita em Cristo (4.1-4)
               B. O perigo de uma fé volúvel e impura (4.5-8)
               C. A bênção de amar aos irmãos (4.9-12)
               D. As consolações destinadas aos crentes (4.13-18)
               E. O Dia do Senhor (5.1-11)
               F. Como deve caminhar a Igreja (5.12-22)
            7. Oração final, saudações e bênção apostólica (5.23-28)




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1 TESSALONICENSES
      Prefácio e saudação                                                  5 porque o nosso evangelho não chegou


      1  Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja
         dos tessalonicenses, em Deus Pai e
      no Senhor Jesus Cristo, graça e paz a vós
                                                                           a vós somente por meio de palavras,
                                                                           mas igualmente com poder, no Espírito
                                                                           Santo, e em plena certeza de fé. Sabeis
      outros.1                                                             muito bem como procedemos em vosso
                                                                           benefício quando estávamos convosco.4
      Ação de graças pela fé da Igreja                                     6 De fato, vos tornastes nossos discípulos
      2  Sempre agradecemos a Deus por to-                                 e do Senhor, pois, apesar de muito sofri-
      dos vós, mencionando-vos em nossas                                   mento, recebestes a Palavra com a alegria
      orações.                                                             que vem do Espírito Santo.
      3 Recordamo-nos constantemente, na                                   7 Dessa forma, vos tornastes o padrão
      presença do nosso Deus e Pai, do vosso                               de fé para todos os crentes que estão na
      trabalho que resulta da fé operosa, do                               Macedônia e na Acaia.5
      amor fraternal abnegado e da perseve-                                8 Porquanto, a partir de vós, não somen-
      rança que vem de uma convicta esperan-                               te a Palavra do Senhor foi proclamada
      ça em nosso Senhor Jesus Cristo,2                                    na Macedônia e na Acaia, mas também
      4 reconhecendo, irmãos amados de Deus,                               a vossa fé em Deus tornou-se conhecida
      que fostes eleitos por Ele,3                                         em todos os lugares, a ponto de não



         1 Silvano (ou Silas, uma variante do mesmo nome) serviu com Paulo em sua segunda viagem missionária e, juntamente com
      Timóteo, ajudou o apóstolo a fundar a Igreja em Tessalônica (At 15.22; At 17.1-14). Paulo enfatiza a união vital entre Pai, Filho e
      Espírito Santo (v.5), em mais uma demonstração clara do relacionamento triunitário que salva, capacita e abençoa com “graça
      e paz” todo cristão sincero (3.11; 2Ts 1.2,8,12; 2.16; 3.5; Jo 14.27; 20.19; Gl 1.3; Ef 1.2; Fl 1.3,4). O título “Senhor” é a tradução
      grega da expressão hebraica “Jeová”, conforme aparece na Septuaginta (a tradução grega do AT); o mesmo título do Deus da
      Aliança do AT, que agora, no AT é outorgado a Jesus, o Messias (Cristo) ressurreto e glorificado (Fl 2.9-11).
         2 A tríade básica da vida cristã: fé em Cristo, esperança e amor é mencionada em diversas oportunidades ao longo de todo o NT
      (5.8; Rm 5.2-5; 1Co 13.13; Gl 5.5,6; Cl 1.4,5; Hb 6.10-12; 10.22-24; 1Pe 1.3-8,21,22). A fé em Cristo sempre produz ações práticas
      de amor a Deus, por sua Igreja e pela humanidade (Rm 1.5; 16.26; Gl 5.6; 2Ts 1.11; Tg 2.14-26). A esperança do cristão não se
      compara ao mero otimismo ou bom agouro propagados pelas doutrinas de auto-ajuda e motivação pessoal, pois o crente confia
      na pessoa de Deus, em Cristo Jesus, que retornará, em breve e gloriosamente para viver com sua Igreja por toda a eternidade
      (v.10; Hb 6.18-20; Cl 1.5).
         3 Deus “elege” seu povo. Tanto no AT, onde Deus “escolhe” a nação de Israel para ser o Seu povo, como no NT, onde o Senhor
      “separa” indivíduos como seus adoradores e discípulos. Esse fato reforça a doutrina bíblica de que a Salvação é dom de Deus e
      um ato inexplicável da Sua soberania. A “eleição” é o amor de Deus em plena ação (1Pe 1.2; Ef 1.4; Cl 3.12; 2Ts 2.13).
         4 O Evangelho não é apenas a apresentação de uma idéia ou conceito teológico, mas a operação do poder da pessoa de
      Deus; por meio do Espírito Santo, em função do sacrifício vicário de Cristo. A mensagem de boas novas (do Evangelho) pregada
      por Paulo, Silvano e Timóteo, a qual eles mesmos haviam recebido pela fé é, em primeiro lugar, o Evangelho de Deus, o Pai;
      uma vez que a própria expressão “Evangelho” significa “Cristo, o Filho de Deus, a Palavra” (Jo 1.1-3). A convicção (esperança
      com certeza) que há no coração dos missionários pregadores e nos tessalonicenses não advém deles próprios, mas da ação do
      Espírito Santo. Por isso, pregar o Evangelho não é apenas transmitir uma informação, é invocar a pessoa do Espírito de Cristo
      para ministrar à audiência, inclusive ao pregador, a vontade de Deus (2.8; 3.2; Rm 15.13-19; 1Co 2.4,5).
         5 Paulo percebe no comportamento diário dos tessalonicenses o poder regenerador e transformador do Espírito de Deus. Por
      isso, qualifica esses cristãos como verdadeiros discípulos, cujo sentido é o de “imitadores” ou “seguidores” de Cristo. Somente
      a profunda felicidade, produzida na alma do crente, pelo Espírito Santo, é capaz de nos fazer atravessar pelos sofrimentos mais
      agudos, sem perder a esperança nem a certeza de que Deus é bom e sensível a tudo o que acontece conosco, bem como às
      nossas respostas (3.7; 1Pe 1.6; 4.13; 2Co 8.2; Fp 2.17; Cl 1.24; At 17.5-14; 1Ts 2.14). Ao receber o Evangelho com a alegria
      indestrutível daqueles que têm certeza de que Cristo habita em suas vidas, os cristãos de Tessalônica passaram a ser “exemplos”
      (padrão a ser seguido) e “discipuladores” de todos à sua volta e por toda a Grécia. Desde a Macedônia, a grande província roma-
      na ao norte, até Acaia, ao sul. Os cristãos da Igreja em Tessalônica compreenderam claramente o significado do discipulado e,
      observando Cristo na vida de Paulo, passaram a compartilhar do mesmo Cristo e a fazer outros discípulos do Senhor (2Ts 3.9).




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5                               1 TESSALONICENSES 1, 2

       ser necessário que acrescentemos mais                                 6 Da mesma forma, nunca nos dedica-
       nada a isso.                                                          mos a buscar honrarias, quer da vossa
       9 Porque todos eles relatam de que                                    parte ou mesmo de outros.
       maneira fomos recebidos por vós, e de                                 7 Muito embora, como apóstolos de
       que maneira vos convertestes dos ídolos                               Cristo, pudéssemos ter solicitado de vós,
       a Deus, para servirdes ao Deus vivo e                                 o nosso sustento, todavia, agimos entre
       verdadeiro,                                                           vós com todo o desprendimento, como a
       10 enquanto aguardais do céu seu Fi-                                  mãe que acarinha os próprios filhos.3
       lho, a quem Ele ressuscitou dentre os                                 8 Assim, por causa do grande afeto por
       mortos, Jesus, que nos livra da ira que                               vós, decidimos dar-lhes não somente o
       certamente virá.6                                                     Evangelho de Deus, mas igualmente a
                                                                             nossa própria vida, tendo em vista que
       A verdadeira pregação da Palavra                                      vos tornastes muito amados por nós.

       2  Irmãos, vós mesmos sabeis que não
          foi inútil a visita que vos fizemos.1
       2 Apesar de termos sido maltratados e
                                                                             9 Porque, certamente, vos recordais,
                                                                             caros irmãos, do nosso dedicado e exte-
                                                                             nuante ministério; e de como, noite e
       muito ofendidos em Filipos, como é de                                 dia, trabalhamos para não vivermos à
       vosso conhecimento, nosso Deus nos                                    custa de nenhum de vós, enquanto vos
       proporcionou uma disposição corajosa                                  comunicávamos o Evangelho de Deus.
       para vos anunciar seu Evangelho em                                    10 Vós e Deus sois testemunhas de como
       meio a grandes batalhas.                                              nos portamos de maneira santa, justa e
       3 Pois a nossa exortação não tem origem                               irrepreensível entre vós, os que credes;
       no pecado nem tampouco em motivos                                     11 E sabeis, ainda, que tratávamos a cada
       impuros, muito menos temos qualquer                                   um de vós com a mesma deferência que
       intenção de vos enganar;2                                             um pai trata seus filhos,
       4 pelo contrário, visto que somos ho-                                 12 suplicando-vos, consolando-vos e
       mens de Deus, aprovados por Ele para                                  oferecendo nosso testemunho, a fim
       nos confiar seu Evangelho, não prega-                                  de que possais viver de modo digno de
       mos para agradar as pessoas, mas sim a                                Deus, que os convocou para o seu Reino
       Deus, que prova o nosso coração.                                      e glória.4
       5 A verdade é que jamais nos utilizamos
       de linguagem bajuladora, como bem                                     A Igreja deve acatar a Palavra
       sabeis, nem de artimanhas gananciosas.                                13 Outro motivo ainda temos nós para,
       Deus é testemunha desta verdade.                                      incessantemente, dar graças a Deus: é


          6 Paulo, em suas duas breves cartas aos cristãos da Igreja em Tessalônica, dedica importante espaço ao segundo, iminente e
       glorioso retorno de Cristo (v.10; 2.19; 3.13; 4.13-5.4; 2Ts 1.7-10; 2.1-12). A “ira vindoura” ou “o Dia do Senhor” se refere ao tempo
       de julgamento que Deus estabelecerá sobre a Terra, em geral, e à raça humana, em particular. Esse será um julgamento para
       condenação, pois a única forma de absolvição do ser humano é aceitar a graça da Salvação quando esta se lhe apresenta e não
       rejeitá-la, para que não seja igualmente rejeitado no “último dia” (Is 2.10-22; Sf 3.8; Rm 3.5-6; Hb 6.2; Jd 14-15; Ap 6.17).
          Capítulo 2
          1 As melhores credenciais de Paulo, como servo e apóstolo do Senhor, eram suas próprias atitudes no convívio com os cristãos
       de todas as igrejas por onde passava. Os versos 1 a 12 apresentam uma espécie de “pequeno manual do ministro”.
          2 O vocábulo grego original, aqui traduzido por “enganar”, era costumeiramente aplicado às “iscas” usadas para pegar peixes.
       Na época de Paulo, o termo ganhou o sentido de “astúcia aplicada com o objetivo principal de obter vantagens”.
          3 Os filósofos epicureus e cínicos, assim como seus discípulos, buscavam conquistar adeptos, viajando e pregando com este
       objetivo principal, sempre regiamente patrocinados por seus seguidores. Os apóstolos tinham o direito de ter suas necessidades
       supridas por suas igrejas; contudo, Paulo, nem sempre aceitou esse tipo de cooperação financeira (1Co 9.3-14; 2Co 11.7-11).
          4 Paulo nos revela algumas das mais importantes responsabilidades do ministro cristão: A palavra grega parakaleõ significa
       “implorar” (Rm 12.1), indicando que cabe ao servo do Senhor “buscar dedicada e humildemente” levar a Palavra de Deus a
       todas as pessoas. A expressão original grega paramutheomai aqui tem o sentido de “encorajar”, “consolar” os mais fracos e
       deprimidos. E a palavra grega marturomai transmite a idéia de “insistir sem perder o ânimo” com aqueles crentes que parecem
       sempre depender de um modelo humano para prosseguir na vida cristã.




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1 TESSALONICENSES 2, 3                                          6

      que, tendo vós recebido a Palavra que                               companhia pessoal, mas não distantes
      de nós ouvistes, que provém de Deus,                                do vosso coração, trabalhamos inces-
      acolhestes não como simples ensino de                               santemente com o objetivo de ir e ver os
      homens, mas sim como, em verdade é, a                               vossos rostos;
      Palavra de Deus, a qual, com toda certe-                            18 por isso, queríamos visitar-vos. Eu,
      za, está operando eficazmente em vós, os                             Paulo, quis vos saudar face a face não
      que credes.                                                         somente uma vez, mas duas; porém,
      14 Tanto é assim, queridos irmãos, que                              Satanás nos provocou impedimentos.7
      vos tornastes discípulos das igrejas de                             19 Todavia, quando nosso Senhor Jesus
      Deus em Cristo Jesus que estão na Ju-                               retornar, quem será a nossa esperança,
      déia. Afinal, também vós padecestes, da                              alegria ou coroa de glória diante dele?
      parte de vossos próprios patrícios, as                              Ora, não sois vós?
      mesmas crueldades que eles, por sua vez,                            20 Com toda a certeza, vós sois a nossa
      sofreram dos judeus,5                                               glória e a nossa grande alegria!
      15 os quais não somente assassinaram o
      Senhor Jesus e os profetas, como igual-                             Paulo envia Timóteo em missão
      mente nos perseguiram. Eles fizeram o
      que era mal diante de Deus e são hostis
      a todos,
                                                                          3   Por isso, não podendo mais suportar
                                                                              nossa preocupação por vós, achamos
                                                                          melhor ficarmos sozinhos em Atenas;1
      16 esforçando-se ao máximo para nos                                 2 e, desse modo, enviamos nosso irmão
      impedir de pregar aos não-judeus a fim                               Timóteo, cooperador de Deus no Evan-
      de que estes sejam salvos. Dessa forma,                             gelho de Cristo, para vos fortalecer e vos
      seguem acumulando seus pecados. Con-                                encorajar na fé,2
      tudo, sobre eles, chegou finalmente, a ira                           3 a fim de que ninguém fraqueje diante
      de Deus.6                                                           dessas aflições; porquanto, estais bem
                                                                          informados de que fomos destinados
      O amor de Paulo pelos discípulos                                    para isso.3
      17 Nós, no entanto, amados irmãos,                                  4 Pois, quando ainda estávamos convos-
      privados momentaneamente da vossa                                   co, já vos advertíamos que haveríamos de



         5 Na Septuaginta (a tradução grega do AT), a expressão original ekklesia, “igreja”, refere-se à assembléia do Povo Escolhido,
      e tem a ver com o termo hebraico “sinagoga”. A diferença fundamental entre a “Igreja” e a “sinagoga” é que, nas igrejas cristãs,
      Jesus Cristo é o Messias prometido, nosso Salvador. Os “discípulos” de Jesus Cristo devem ser seus “imitadores” tanto nos
      momentos de exultação e glória, como nas provações e sofrimentos (At 17.5-9; Rm 9.1-3; 10.1).
         6 Paulo afirma que a ira escatológica, o derramamento da ira punitiva de Deus contra a humanidade pecaminosa, já está
      presente sobre a Terra.
         7 Satanás e seus demônios são os responsáveis diretos por todos os obstáculos que surgem no caminho da propagação do
      Evangelho. Por isso, é fundamental que todo projeto missionário, evangelístico, e que vise à ministração da Palavra, seja regado
      com fervorosa oração. A vontade de Deus, entretanto, é soberana, e nada nem ninguém é capaz de vencer ao Espírito de Cristo
      (Lc 11.21,22; 1Ts 3.11).
         Capítulo 3
         1 A divisão dos capítulos apenas indica o assunto principal, mas não deve prejudicar a compreensão geral da informação de
      Paulo, iniciada no verso 17 do capítulo anterior. Paulo usa a palavra grega “abandonado” para comunicar sua sensação ao ter
      decidido ficar só em Atenas para enfrentar a filosofia grega incrédula (At 17.14,15). O uso da terceira pessoa do plural é apenas
      um recurso de modéstia literária, Paulo está falando apenas de si mesmo.
         2 A expressão grega sunergon significa “companheiro de trabalho”, e está ligada à função eclesiástica do “ministro cristão”,
      diakonos, conforme os melhores originais gregos (1Co 3.9). Paulo usa a palavra “fortalecer” extraída do grego clássico, que
      significava “escorar uma construção”, como uma figura de linguagem.
         3 Paulo se refere às perseguições e tribulações sofridas pelos tessalonicenses e os cristãos em geral, pelo fato de não mais
      pertencerem ao sistema mundial controlado por Satanás. Por isso, até a volta de Cristo, o sofrimento e as aflições passam a ser
      normais e previsíveis na vida diária do crente, e não exceções (Mc 4.17; Jo 16.33; At 14.22; 2Ts 3.12; 1Pe 4.12). Entretanto, essas
      adversidades não escapam à supervisão amorosa do Senhor, nem podem ser consideradas como meros infortúnios, pois fazem
      parte dos sábios propósitos de Deus (At 11.19; Rm 5.3; 2Co 1.4; 4.17).




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7                              1 TESSALONICENSES 3, 4

       sofrer tribulações, como de fato ocorreu,                           dia, para que possamos ver o vosso rosto
       como também é de vosso pleno conhe-                                 e suprir o que falta à vossa fé.6
       cimento.                                                            11 Que o próprio Deus, nosso Pai, e
       5 Foi por isso que, já não me sendo mais                            nosso Senhor Jesus preparem o nosso
       possível continuar agüentando, enviei                               caminho até vós.7
       Timóteo para conhecer o estado da vossa                             12 Que o Senhor faça crescer e transbor-
       fé, temendo que o Tentador vos tivesse                              dar o amor que tendes uns para com os
       seduzido, tornando inútil todo o nosso                              outros e para com todas as pessoas, a
       empenho.4                                                           exemplo do nosso amor por vós.
                                                                           13 Que Ele fortaleça o vosso coração para
       Timóteo retorna com boas novas                                      serem irrepreensíveis em santidade dian-
       6 Agora, contudo, Timóteo acaba de                                  te de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso
       chegar da vossa parte, dando-nos boas                               Senhor Jesus com todos os seus santos!8
       notícias a respeito da fé e do amor que
       tendes. Ele nos relatou que é permanente                            Vivendo para adorar a Deus
       a vossa lembrança afetuosa quanto a nós,
       e que é grande o vosso desejo em nos ver
       pessoalmente, da mesma forma como
                                                                           4   Quanto ao mais, caros irmãos, já vos
                                                                               orientamos acerca de como viver a
                                                                           fim de agradar a Deus e, de fato, assim
       nós ansiamos por ver-vos.5                                          estais caminhando. Agora, vos rogamos e
       7 Por isso, irmãos, em toda a nossa                                 encorajamos no Senhor Jesus que, nesse
       necessidade e tribulação nos sentimos                               sentido, vos aperfeiçoeis cada vez mais.1
       encorajados quando soubemos da fé que                               2 Pois sabeis os mandamentos que vos
       tendes;                                                             recomendamos pela autoridade do Se-
       8 porquanto, se estais firmes no Senhor,                             nhor Jesus.
       há mais alegria em nossa vida.                                      3 A vontade de Deus é esta: a vossa san-
       9 Pois, quanta gratidão podemos expres-                             tificação; por isso, afastai-vos da imorali-
       sar a Deus por vós, diante da grande                                dade sexual.
       satisfação com que nos alegramos por                                4 Cada um de vós saiba viver com seu
       vossa causa perante nosso Deus,                                     próprio cônjuge em santidade e honra,
       10 suplicando, continuamente, noite e                               5 não dominados pela paixão de desejos




          4 O termo “Tentador”, que aqui também se refere a um dos nomes do Diabo, e as expressões “seduzir”, “enganar”, “iludir” ou
       “tentar”, vêm da mesma raiz grega. Satanás é mencionado em todas as principais divisões do NT. Ele é o líder maior dos espíritos
       malignos e dos seres humanos por ele “seduzidos” (Jo 16.11; Ef 2.2). O Diabo e seus demônios podem nos afetar em âmbito
       físico ou espiritual, entretanto, nunca sem a soberana permissão de Deus (Jó 2.1-10; 2Co 12.7; Mt 13.39; Mc 4.15; 2Co 4.4). Ele
       tentou a Jesus e seguirá tentando os crentes até a volta do Senhor (Mt 4.1-11; Lc 22.3-1; 1Co 7.5). O Inimigo busca prejudicar
       todos os empreendimentos cristãos (2.18); porém, já está completamente derrotado por Cristo (Cl 2.15; Ap 20.10) e, portanto, os
       cristãos não necessitam viver subjugados por ele e suas artimanhas (Ef 6.16).
          5 Esse é o único caso no NT em que a expressão grega original euanggelisamen não significa “as boas novas da Salvação em
       Cristo”, nosso “Evangelho”, mas simplesmente a transmissão de boas notícias.
          6 As freqüentes orações de Paulo pelos irmãos em Tessalônica foram respondidas alguns anos mais tarde (At 20.1,2).
          7 O verbo original grego “preparar”, no sentido de “conduzir” encontra-se no singular indicando a perfeita unidade de Deus-Pai
       com Deus-Filho, a pessoa do Senhor Jesus.
          8 A expressão grega original “fortalecer” significa todo o processo de “santificação” (separação para adoração e serviço a
       Deus), no qual todo cristão é engajado, a partir do momento que se entrega aos cuidados de Cristo e recebe o Espírito Santo de
       Deus para habitar em sua alma. Esse ministério do Espírito só será encerrado no final da vida do crente, com a glorificação da
       alma (1Co 1.2). Paulo realmente aguardava a volta do Senhor em breve, por isso encoraja os crentes de Tessalônica a estarem
       prontos, na expectativa do retorno iminente do Senhor com seus anjos e todos aqueles que já estão em sua presença. Assim se
       dará logo mais, quando Jesus voltar. Por isso, os votos de Paulo são para nós também.
          Capítulo 4
          1 Paulo usa literalmente a expressão grega “caminhar” como metáfora de “viver a vida cristã”, como discípulos do “Caminho”,
       que é Cristo (Rm 6.4; 2Co 5.7; Ef 4.1; 5.17; Cl 1.10). As palavras do apóstolo não devem ser interpretadas como algum tipo de
       arrogância ou autoritarismo humano. As expressões originais são carregadas de fraternidade, sinceridade e autoridade espiritual;
       como um pai orientando seus filhos amados (1Co 2.16).




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1 TESSALONICENSES 4                                            8

      sem controle, à semelhança dos pagãos                              com as próprias mãos, como já vos
      que não conhecem a Deus.2                                          orientamos;4
      6 Quanto a este assunto, ninguém seduza                            12 de modo que vos porteis com dignida-
      ou tire proveito de seu irmão, porque                              de para com os de fora, e de nada venhais
      o Senhor castigará todas essas práticas,                           a necessitar da parte deles.
      como já vos advertimos com toda a
      certeza.                                                           A volta de Cristo e os crentes
      7 Pois Deus não nos convocou para a im-                            13 Não desejamos, no entanto, irmãos,
      pureza, mas sim para a santificação.                                que sejais ignorantes em relação aos que
      8 Portanto, aquele que rejeita estas orien-                        já dormem no Senhor, para que não vos
      tações não está rejeitando o homem, mas                            entristeçais como os outros que não pos-
      a Deus, que vos outorga o seu Espírito                             suem a esperança.5
      Santo.3                                                            14 Porquanto, se cremos que Jesus mor-
                                                                         reu e ressuscitou, da mesma maneira
      O cristão deve agir com amor                                       devemos crer que Deus, por intermédio
      9 No que se refere ao amor fraternal,                              de Jesus, trará juntamente com Ele os
      entretanto, não há necessidade de que                              que nele faleceram.6
      eu vos escreva, porquanto vós mesmos                               15 Afirmamos a todos vós, pela Palavra
      estais por Deus instruídos que deveis                              do Senhor, que nós, os que estivermos
      amar-vos uns aos outros;                                           vivos quando se der o retorno do Senhor,
      10 e, na verdade, estais praticando esta                           certamente não precederemos os que
      ordem mesmo para com todos os irmãos                               dormem nele.
      em toda a Macedônia. Todavia, vos en-                              16 Pois, dada a ordem, com a voz do ar-
      corajamos, queridos irmãos, que vos                                canjo e o ressoar da trombeta de Deus,
      aperfeiçoeis nisto cada vez mais,                                  o próprio Senhor descerá dos céus, e
      11 buscando viver em paz, cuidando                                 os mortos em Cristo ressuscitarão pri-
      cada qual da sua vida, e trabalhando                               meiro.



         2 No mundo greco-romano do séc.I a.C, devido às guerras, aos conflitos sociais e à proliferação das culturas pagãs, os padrões
      morais haviam atingido os níveis mais baixos de pudor e respeito. Imperava a violência; aos mais fortes era dado o direito de
      satisfazer todas as suas vontades; e o tempo médio de vida não ultrapassava os 30 anos. Neste contexto é que Paulo exorta os
      cristãos a manterem seus corpos e vida moral de acordo com o padrão de Cristo, e não conforme a sociedade. Afinal, os cristãos,
      são o templo do Espírito Santo de Deus (1Co 5.1; 6.19).
         3 Paulo se refere ao ministério do Espírito Santo de Deus, o de fazer seus mandamentos compreensíveis ao coração dos
      cristãos (Is 54.13), em grego theodidaktoi (Jo 7.17). O apóstolo usa a palavra grega philadelphia “amor fraterno entre irmãos de
      sangue” para evidenciar o tipo de amor solidário e incondicional que deve haver entre os “irmãos em Cristo”, considerando que
      todos os cristãos têm o mesmo Pai celestial (Jo 6.45; 1Co 2.13).
         4 Paulo ensina que, apesar do nosso chamado à solidariedade e zelo de uns para com os outros, não devemos exagerar
      em nossos cuidados, muito menos em nossa dependência uns dos outros. Alguns tessalonicenses estavam desrespeitando
      a privacidade dos seus irmãos; outros, abusando da hospitalidade, cortesia e ajuda de irmãos mais abastados. Para muitos
      gregos, na época, trabalhar em serviços braçais era desonroso, cabendo exclusivamente aos escravos. Alguns gregos crentes
      estavam negligenciando o trabalho, em virtude da iminente volta de Cristo. Paulo adverte que nem as tradições culturais, nem a
      proximidade do retorno do Senhor, são motivos para o cristão deixar qualquer de suas obrigações éticas e morais.
         5 Paulo usa o termo “adormecer” como metáfora da “morte do cristão”, pois o aspecto definitivo e horrendo da separação de
      uma pessoa de Deus, isto é, a morte, é eliminado completamente quando a alma reconhece em Jesus Cristo o seu Salvador e
      ganha o “selo divino” (Espírito Santo), que garante sua ressurreição e vida eterna. Alguns tessalonicenses entenderam, de forma
      errônea, que todos os crentes permaneceriam vivos na Terra até a iminente volta de Cristo. Por isso, ficaram em dúvida, quanto à
      ressurreição daqueles crentes que estavam morrendo. A sociedade grega era profundamente influenciada pela cultura pagã. Por
      isso, os gregos tinham verdadeiro horror à morte e a consideravam como o final de tudo, o apodrecimento da vida. Os cristãos,
      no entanto, podem se alegrar com a segurança que têm na glória da vida eterna em companhia do Senhor (1Co 15.55-57; Fp
      1.21-23).
         6 Paulo usa aqui, literalmente, a expressão grega “morreu” e não “dormiu”, em relação ao falecimento de Jesus. Isso para
      evidenciar a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte na cruz do Calvário (1Co 15.14-22).




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9                               1 TESSALONICENSES 4, 5

       17 Logo em seguida, nós, os que esti-                                 e filhos do dia; nós não somos da noite,
       vermos vivos sobre a Terra, seremos                                   muito menos das trevas.
       arrebatados como eles nas nuvens,                                     6 Assim, pois, não durmamos como os
       para o encontro com o Senhor nos ares.                                demais; mas estejamos alertas e sejamos
       E, assim, estaremos com Cristo para                                   sóbrios;
       sempre!                                                               7 pois os que dormem, adormecem de
       18 Consolai-vos, portanto, uns aos outros                             noite, e os que se embriagam, é de noite
       com estas palavras.                                                   que se embebedam.
                                                                             8 Nós, no entanto, que somos do dia, se-
       Cristo retornará em breve                                             jamos sóbrios, revestindo-nos da arma-

       5   Caros irmãos, em relação aos tempos
           e épocas, não é necessário que eu vos
       escreva;
                                                                             dura da fé e do amor, tendo por capacete
                                                                             a esperança da salvação.3
                                                                             9 Porque Deus não nos designou para a
       2 pois vós mesmos estais bem informa-                                 ira, mas para sermos contemplados pela
       dos de que o Dia do Senhor virá como                                  salvação por intermédio de nosso Senhor
       “ladrão à noite”.1                                                    Jesus Cristo.4
       3 Quando vos afirmarem: “Paz e segu-                                   10 Ele morreu por nós para que, quer
       rança!”, eis que repentina destruição se                              estejamos acordados quer dormindo,
       precipitará sobre eles, assim como “as                                vivamos unidos a Ele.5
       dores de parto” tomam uma mulher                                      11 Por isso, aconselhai-vos e encorajai-
       grávida, e de forma alguma encontrarão                                vos mutuamente, como de fato já estais
       escape.2                                                              fazendo.

       Revestir-se de Cristo e vigiar                                        Como manter o fogo do Espírito
       4 Entretanto, vós irmãos, não estais                                  12 Caros irmãos, agora vos suplicamos
       vivendo nas trevas, para que esse Dia,                                que dedicais toda a consideração para
       como se fosse um ladrão, vos ataque de                                com os que se esforçam no ministério,
       surpresa;                                                             os quais vos lideram e aconselham no
       5 porquanto, vós todos sois filhos da luz                              Senhor;




         1 Desde o início da Igreja surgem, de tempos em tempos, pessoas que afirmam conhecer o Dia do Senhor, ou seja, o dia do
       glorioso retorno de Jesus Cristo. Entretanto, Paulo nos lembra das palavras proféticas do próprio Senhor, garantindo que sua volta
       pode acontecer a qualquer momento, mas cuja data e hora são uma determinação secreta e exclusiva de Deus-Pai (Mt 24.42,43;
       Lc 12.39,40; 2Pe 3.10; Ap 3.3; 16.15; At 1.6,7).
         2 A expressão hebraica “Dia do Senhor” tem sua origem no AT (Am 5.18) e refere-se a um período de tempo em que o Espírito
       de Deus virá e intervirá pessoalmente na Terra e, especialmente na humanidade, com juízo penal e premiações de bênçãos. No
       NT o conceito se mantém inalterado, apresentando a condenação dos incrédulos e ímpios, e a salvação dos crentes sinceros (Rm
       2.5; 2Pe 2.9; 3.12; Ef 4.30). É citado, também, como “o último dia” (Jo 6.39), o “grande Dia” (Jd 6) ou, simplesmente, “o Dia” (2Ts
       1.10). Esse será o dia em que tudo será consumado em relação ao julgamento eterno de cada pessoa em toda a humanidade.
       Contudo, o Dia final ocorrerá de forma tão rápida e surpreendente como o assalto de um ladrão à noite (2Ts 2.3; Lc 21.34).
         3 A melhor maneira de vigiar (literalmente em grego “manter-se alerta”), a fim de que o Dia do Senhor não nos sobrevenha com
       repentina destruição (afastamento eterno do ser humano da presença abençoadora de Deus), é mantermos nossa principal ca-
       racterística cristã: ser luz, pois somos “filhos da Luz”, isto é, “filhos de Deus” (Jo 1.12; 8.12). Vivermos desembaraçados (sóbrios)
       da rede mundial de pecado que cobre e entorpece o planeta (Hb 12.1); vestirmo-nos com a armadura de Deus, que não se refere
       apenas a algumas virtudes específicas, mas a todo o fruto do Espírito Santo (Rm 13.12; 2Co 6.7; 10.4; Gl 5.22,23; Ef 6.13-17).
         4 A expressão grega etheto, não significa “predestinar”, como aparece em algumas versões. O termo “designou” está mais de
       acordo com o sentido original da frase e do contexto dos ensinos teológicos de Paulo (Rm 8.29.30). A iniciativa da nossa salvação
       do julgamento punitivo que ocorrerá no “Dia do Senhor” é fruto do seu imenso amor, manifestado em toda a sua dramaticidade
       e esplendor na morte e ressurreição do seu Filho por nós (v.10; Rm 5.8).
         5 Ao aceitarmos a graça da Salvação, o Senhor nos abençoa com um tipo de aliança e relacionamento que nada, nem a morte,
       poderá destruir (Jo 6.37).




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1 TESSALONICENSES 5                                             10

      13 e que os tenhais na mais alta estima,                             22 Afastai-vos       de toda a forma de mal.
      expressando vosso amor e reconhecimen-
      to pela obra que realizam para convosco.                             Oração pela vida integral da Igreja
      Caminhai em paz uns com os outros.                                   23 Que o próprio Deus da paz vos san-
      14 Irmãos, também vos exortamos a que                                tifique integralmente. Que todo o vosso
      admoesteis os sonolentos, consoleis os                               espírito, alma e corpo sejam mantidos
      desanimados, ampareis os fracos e sejais                             irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
      pacientes para com todos.6                                           Jesus Cristo.8
      15 Evitai que ninguém retribua o mal                                 24 Aquele que vos chama é fiel, e Ele tam-
      com o mal, mas encorajai que todos se-                               bém o fará.9
      jam bondosos uns para com os outros.
      16 Conservai permanentemente a vossa                                 Pedido de oração e saudação final
      alegria!                                                             25 Irmãos, orai por nós.
      17 Orai constantemente.                                              26 Saudai todos os irmãos com um beijo
      18 Dai graças em toda e qualquer cir-                                santo.10
      cunstância, porquanto essa é a vontade                               27 Encarrego-vos, pelo Senhor, que esta
      de Deus em Cristo Jesus para convosco.                               carta seja lida para todos os irmãos.
      19 Não apagueis o fulgor do Espírito!7
      20 Não trateis com desdém as profecias,                              Bênção apostólica
      21 mas, examinai todas as evidências, re-                            28 A graça de nosso Senhor Jesus Cristo
      tende o que é bom.                                                   esteja em todos vós!11




        6 Alguns cristãos de Tessalônica estavam se sentido tomados pela idéia de que Jesus voltaria naqueles dias, a ponto de se
      desinteressarem de cumprir as responsabilidades básicas da vida diária, como cooperar com a família e com a Igreja, estudar, tra-
      balhar. A palavra grega, aqui traduzida por “sonolentos”, também pode ser traduzida por “ociosos”. Entretanto, todos devem ser
      encorajados com paciência; e os mais fracos (desanimados), ajudados pelos mais fortalecidos na fé (Rm 14.1-15; 1Co 8.13).
        7 A falta de perdão entre os crentes (Mt 5.38-42; 18.21-35; Rm 12.17; 1Pe 3.9); da alegria íntima de ter sido salvo por Cristo; das
      orações diárias; de uma atitude de gratidão a Deus, mesmo em meio às difíceis tribulações da vida (Rm 1.9,10; Ef 6.18; Cl 1.3;
      2Ts 1.3; Ef 5.20); do aprendizado e expressão da Palavra de Deus (v.20); do uso dos dons espirituais em benefício do Corpo de
      Cristo (Rm 12.6; 1Co 12.10,28; 13.2; 14.3; Ef 4.11); e o envolvimento com o que é pecaminoso, são demonstrações claras de que
      o cristão está ofuscando o brilho (poder) do Espírito Santo em sua vida. Não perderá a salvação por isso, mas caminhará pela vida
      como um moribundo, até que entregue novamente o controle da sua vida nas mãos do Espírito de Cristo (Jo 10.10).
        8 Paulo, ao fazer referência ao ser humano completo, usa as expressões gregas originais p√en'ma - pneuma (espírito); Ynch; -
      psyché (alma) e sw'ma - soma (corpo) em analogia à visão hebraica da integralidade humana, expressada por Jesus, em aramaico,
      ensinando que devemos amar a Deus e aos nossos semelhantes com todas as forças do nosso ser (Mc 12.30).
        9 Paulo demonstra sua fé absoluta na onipotência e na justiça de Deus, que saberá completar a boa obra que começou na vida
      dos crentes e em todo o universo (Gn 18.25; Fp 1.6; Nm 23.19).
        10 Beijar um ou os dois lados do rosto, em sinal de humilde e respeitosa saudação, era uma tradição cultural entre os povos
      orientais, que corresponde ao nosso aperto de mãos ou abraço. A Igreja não deve transformar os aspectos culturais de um povo
      em doutrina. Por isso, o ósculo santo (beijo no rosto), como outros costumes populares de uma nação ou região, podem ser ou
      não incorporados ou adaptados por outras igrejas cristãs, de forma espontânea, com bom senso e sem qualquer vínculo direto
      com a necessária obediência aos preceitos bíblicos (Rm 16.16; 1Co 16.20; 2Co 13.12; 1Pe 5.14).
        11 Paulo usa, originalmente, uma expressão extremamente enfática, literalmente: “intimo-vos no nome do Senhor”, com o
      propósito de garantir que todos os cristãos tomem conhecimento do seu amor pela Igreja e acolham suas orientações. Por isso,
      também, Paulo tinha o hábito de encerrar suas cartas com a impetração de uma bênção apostólica a seus leitores, que, às vezes,
      era acrescida das bênçãos que nos são proporcionadas pela Trindade em ação (1Co 13.14).




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A Igreja em Tessalônica

  • 1. INTRODUÇÃO 1 TESSALONICENSES Autoria A igreja primitiva e os pais da igreja defenderam, desde os primórdios, a autoria paulina desta primeira carta aos tessalonicenses. Desde o ano 140 d.C., quando Marcião registrou em sua obra o fato de Paulo ter escrito à Igreja em Tessalônica, em sua estada em Corinto, até hoje, não houve muitas divergências quanto à autoria dessa carta, que é considerada, ao lado de Gálatas, a mais antiga epístola canônica de Paulo. Paulo, Silas e Timóteo chegaram pela primeira vez à cidade portuária de Tessalônica, durante a segunda grande viagem missionária (At 17.1-14). Depois de Filipos, foi Tessalônica o segundo lugar aonde o Evangelho chegou no continente europeu. Pelo fato de a mensagem e a pregação do apóstolo de Cristo ter contribuído para o esvaziamento da sinagoga da cidade, os judeus passaram a acusar Jasom, o hospedeiro de Paulo, de estar abrigando traidores de César. Os governantes de Tessalônica usaram Jasom como refém para exigir que Paulo e seus discípulos se retirassem da cidade. Assim que chegaram a Atenas, Paulo enviou Timóteo de volta a Tessalônica a fim de animar os crentes fiéis e enviar-lhe um relatório sobre o estado geral dos cristãos tessalonicenses (1Ts 3.1- 5). Mais tarde, Timóteo se encontrou com Paulo em Corinto, onde foram escritas as duas cartas à Igreja em Tessalônica (3.6). Tudo indica que Paulo passou pouco tempo junto aos tessalonicenses nessa viagem. Alguns estu- diosos afirmam que esse tempo não excedeu a um mês, pois somente três sábados são menciona- dos no livro de Atos dos apóstolos (At 17.2). Todavia, por causa do grande número de gentios, com certeza, o ministério de Paulo foi muito mais extenso naquele momento histórico (1Ts 1.9). O relatório do jovem líder e fiel missionário Timóteo tranqüilizou o coração do pai espiritual dos tessalonicenses, e lhe deu muitas razões para glorificar o nome do Senhor pela condição de boa saúde espiritual que a Igreja em Tessalônica demonstrava, apesar das perseguições e das pressões seculares e pagãs que rondavam a comunidade daqueles crentes. Propósitos A Igreja em Tessalônica foi fundada pelo apóstolo Paulo em sua segunda grande viagem missionária, e compunha-se de convertidos dentre os judeus e muitos gentios vindos do mais absoluto paganismo, entre os quais vários gregos, homens e mulheres da nobreza local (At 17.4). Considerando que Paulo tinha sido obrigado a partir abruptamente de Tessalônica (At 17.5-10), é fácil entender o quanto muitos novos crentes ficaram desnorteados (1.9). Portanto, o alvo principal do apóstolo nessa carta foi proporcionar encorajamento, especialmente a esses novos convertidos vindos do paganismo, a fim de que se mantivessem fiéis, mesmo em meio às mais severas provações e perseguições (3.3-5). Além disso, Paulo se preocupa em oferecer à Igreja uma boa instrução sobre como viver um estilo de vida piedoso (4.1-8), servindo diariamente ao Senhor com um coração sincero e dedicado (4.11,12). Paulo ainda é categórico quanto à salvação e o futuro eterno dos cristãos que morrem antes da segunda vinda gloriosa de Jesus Cristo (4.13,15). Por isso, Paulo dá ênfase à doutrina das últimas coisas (escatologia), e finaliza cada capítulo de 1 Tessalonicenses com uma referência clara a esse retorno do Senhor. No capítulo 4, o apóstolo é ainda mais esclarecedor a esse respeito (1.9,10; 2.19,20; 3.13; 4.13-18; 5.23,24). As duas epístolas aos tessalonicenses são também chamadas de “as cartas escatológicas” de Paulo. As passagens-chave da primeira carta se referem ao arrebatamento da Igreja (4.13-18) e ao Dia do Senhor (5.11). Data da primeira publicação A grande importância das cartas aos tessalonicenses não reside apenas no fato de figurarem entre as primeiras epístolas canônicas de autoria do apóstolo do Senhor e revelarem muito da sua vida e obra junto à Igreja, mas por conterem informações preciosas e seguras sobre o glorioso retorno de Cristo. Paulo produziu sua primeira missiva à Igreja em, Tessalônica, no ano 51 d.C. A arqueologia 1TS_B.indd 2 5/8/2007, 23:28:51
  • 2. moderna descobriu sólida confirmação dessa data ao encontrar o registro desse fato numa inscrição escavada na cidade de Delfos, na Grécia, que data o proconsulado de Gálio entre os anos de 51 e 52 d.C. e, assim, coloca na mesma data a presença de Paulo em Corinto (At 18.12-17). Esboço geral de 1 Tessalonicenses 1. Ação de graças pelos cristãos em Tessalônica (1.2-4) 2. Provas da revelação e conversão a Cristo (1.5-10) 3. Paulo reafirma o caráter do seu ministério (2.1-12) A. A sinceridade de seus motivos mais íntimos (2.1-6) B. A pureza de suas emoções (2.7,8) C. A fidelidade de sua vida (2.9-12) 4. A recepção por parte da Igreja em Tessalônica (2.13-16) A. A recepção da Palavra de Deus (2.13) B. A perseguição por causa da Palavra (2.14-16) 5. Relacionamento de Paulo com a Igreja (2.17 – 3.13) A. Os objetivos do apóstolo (2.17,18) B. A missão do jovem líder Timóteo (3.1-10) C. Oração pelo encontro com os irmãos (3.11-13) 6. Encorajamentos de Paulo aos tessalonicenses (4.1 – 5.22) A. Quanto a uma vida bonita em Cristo (4.1-4) B. O perigo de uma fé volúvel e impura (4.5-8) C. A bênção de amar aos irmãos (4.9-12) D. As consolações destinadas aos crentes (4.13-18) E. O Dia do Senhor (5.1-11) F. Como deve caminhar a Igreja (5.12-22) 7. Oração final, saudações e bênção apostólica (5.23-28) 1TS_B.indd 3 5/8/2007, 23:28:55
  • 3. 1 TESSALONICENSES Prefácio e saudação 5 porque o nosso evangelho não chegou 1 Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo, graça e paz a vós a vós somente por meio de palavras, mas igualmente com poder, no Espírito Santo, e em plena certeza de fé. Sabeis outros.1 muito bem como procedemos em vosso benefício quando estávamos convosco.4 Ação de graças pela fé da Igreja 6 De fato, vos tornastes nossos discípulos 2 Sempre agradecemos a Deus por to- e do Senhor, pois, apesar de muito sofri- dos vós, mencionando-vos em nossas mento, recebestes a Palavra com a alegria orações. que vem do Espírito Santo. 3 Recordamo-nos constantemente, na 7 Dessa forma, vos tornastes o padrão presença do nosso Deus e Pai, do vosso de fé para todos os crentes que estão na trabalho que resulta da fé operosa, do Macedônia e na Acaia.5 amor fraternal abnegado e da perseve- 8 Porquanto, a partir de vós, não somen- rança que vem de uma convicta esperan- te a Palavra do Senhor foi proclamada ça em nosso Senhor Jesus Cristo,2 na Macedônia e na Acaia, mas também 4 reconhecendo, irmãos amados de Deus, a vossa fé em Deus tornou-se conhecida que fostes eleitos por Ele,3 em todos os lugares, a ponto de não 1 Silvano (ou Silas, uma variante do mesmo nome) serviu com Paulo em sua segunda viagem missionária e, juntamente com Timóteo, ajudou o apóstolo a fundar a Igreja em Tessalônica (At 15.22; At 17.1-14). Paulo enfatiza a união vital entre Pai, Filho e Espírito Santo (v.5), em mais uma demonstração clara do relacionamento triunitário que salva, capacita e abençoa com “graça e paz” todo cristão sincero (3.11; 2Ts 1.2,8,12; 2.16; 3.5; Jo 14.27; 20.19; Gl 1.3; Ef 1.2; Fl 1.3,4). O título “Senhor” é a tradução grega da expressão hebraica “Jeová”, conforme aparece na Septuaginta (a tradução grega do AT); o mesmo título do Deus da Aliança do AT, que agora, no AT é outorgado a Jesus, o Messias (Cristo) ressurreto e glorificado (Fl 2.9-11). 2 A tríade básica da vida cristã: fé em Cristo, esperança e amor é mencionada em diversas oportunidades ao longo de todo o NT (5.8; Rm 5.2-5; 1Co 13.13; Gl 5.5,6; Cl 1.4,5; Hb 6.10-12; 10.22-24; 1Pe 1.3-8,21,22). A fé em Cristo sempre produz ações práticas de amor a Deus, por sua Igreja e pela humanidade (Rm 1.5; 16.26; Gl 5.6; 2Ts 1.11; Tg 2.14-26). A esperança do cristão não se compara ao mero otimismo ou bom agouro propagados pelas doutrinas de auto-ajuda e motivação pessoal, pois o crente confia na pessoa de Deus, em Cristo Jesus, que retornará, em breve e gloriosamente para viver com sua Igreja por toda a eternidade (v.10; Hb 6.18-20; Cl 1.5). 3 Deus “elege” seu povo. Tanto no AT, onde Deus “escolhe” a nação de Israel para ser o Seu povo, como no NT, onde o Senhor “separa” indivíduos como seus adoradores e discípulos. Esse fato reforça a doutrina bíblica de que a Salvação é dom de Deus e um ato inexplicável da Sua soberania. A “eleição” é o amor de Deus em plena ação (1Pe 1.2; Ef 1.4; Cl 3.12; 2Ts 2.13). 4 O Evangelho não é apenas a apresentação de uma idéia ou conceito teológico, mas a operação do poder da pessoa de Deus; por meio do Espírito Santo, em função do sacrifício vicário de Cristo. A mensagem de boas novas (do Evangelho) pregada por Paulo, Silvano e Timóteo, a qual eles mesmos haviam recebido pela fé é, em primeiro lugar, o Evangelho de Deus, o Pai; uma vez que a própria expressão “Evangelho” significa “Cristo, o Filho de Deus, a Palavra” (Jo 1.1-3). A convicção (esperança com certeza) que há no coração dos missionários pregadores e nos tessalonicenses não advém deles próprios, mas da ação do Espírito Santo. Por isso, pregar o Evangelho não é apenas transmitir uma informação, é invocar a pessoa do Espírito de Cristo para ministrar à audiência, inclusive ao pregador, a vontade de Deus (2.8; 3.2; Rm 15.13-19; 1Co 2.4,5). 5 Paulo percebe no comportamento diário dos tessalonicenses o poder regenerador e transformador do Espírito de Deus. Por isso, qualifica esses cristãos como verdadeiros discípulos, cujo sentido é o de “imitadores” ou “seguidores” de Cristo. Somente a profunda felicidade, produzida na alma do crente, pelo Espírito Santo, é capaz de nos fazer atravessar pelos sofrimentos mais agudos, sem perder a esperança nem a certeza de que Deus é bom e sensível a tudo o que acontece conosco, bem como às nossas respostas (3.7; 1Pe 1.6; 4.13; 2Co 8.2; Fp 2.17; Cl 1.24; At 17.5-14; 1Ts 2.14). Ao receber o Evangelho com a alegria indestrutível daqueles que têm certeza de que Cristo habita em suas vidas, os cristãos de Tessalônica passaram a ser “exemplos” (padrão a ser seguido) e “discipuladores” de todos à sua volta e por toda a Grécia. Desde a Macedônia, a grande província roma- na ao norte, até Acaia, ao sul. Os cristãos da Igreja em Tessalônica compreenderam claramente o significado do discipulado e, observando Cristo na vida de Paulo, passaram a compartilhar do mesmo Cristo e a fazer outros discípulos do Senhor (2Ts 3.9). 1TS_B.indd 4 5/8/2007, 23:28:55
  • 4. 5 1 TESSALONICENSES 1, 2 ser necessário que acrescentemos mais 6 Da mesma forma, nunca nos dedica- nada a isso. mos a buscar honrarias, quer da vossa 9 Porque todos eles relatam de que parte ou mesmo de outros. maneira fomos recebidos por vós, e de 7 Muito embora, como apóstolos de que maneira vos convertestes dos ídolos Cristo, pudéssemos ter solicitado de vós, a Deus, para servirdes ao Deus vivo e o nosso sustento, todavia, agimos entre verdadeiro, vós com todo o desprendimento, como a 10 enquanto aguardais do céu seu Fi- mãe que acarinha os próprios filhos.3 lho, a quem Ele ressuscitou dentre os 8 Assim, por causa do grande afeto por mortos, Jesus, que nos livra da ira que vós, decidimos dar-lhes não somente o certamente virá.6 Evangelho de Deus, mas igualmente a nossa própria vida, tendo em vista que A verdadeira pregação da Palavra vos tornastes muito amados por nós. 2 Irmãos, vós mesmos sabeis que não foi inútil a visita que vos fizemos.1 2 Apesar de termos sido maltratados e 9 Porque, certamente, vos recordais, caros irmãos, do nosso dedicado e exte- nuante ministério; e de como, noite e muito ofendidos em Filipos, como é de dia, trabalhamos para não vivermos à vosso conhecimento, nosso Deus nos custa de nenhum de vós, enquanto vos proporcionou uma disposição corajosa comunicávamos o Evangelho de Deus. para vos anunciar seu Evangelho em 10 Vós e Deus sois testemunhas de como meio a grandes batalhas. nos portamos de maneira santa, justa e 3 Pois a nossa exortação não tem origem irrepreensível entre vós, os que credes; no pecado nem tampouco em motivos 11 E sabeis, ainda, que tratávamos a cada impuros, muito menos temos qualquer um de vós com a mesma deferência que intenção de vos enganar;2 um pai trata seus filhos, 4 pelo contrário, visto que somos ho- 12 suplicando-vos, consolando-vos e mens de Deus, aprovados por Ele para oferecendo nosso testemunho, a fim nos confiar seu Evangelho, não prega- de que possais viver de modo digno de mos para agradar as pessoas, mas sim a Deus, que os convocou para o seu Reino Deus, que prova o nosso coração. e glória.4 5 A verdade é que jamais nos utilizamos de linguagem bajuladora, como bem A Igreja deve acatar a Palavra sabeis, nem de artimanhas gananciosas. 13 Outro motivo ainda temos nós para, Deus é testemunha desta verdade. incessantemente, dar graças a Deus: é 6 Paulo, em suas duas breves cartas aos cristãos da Igreja em Tessalônica, dedica importante espaço ao segundo, iminente e glorioso retorno de Cristo (v.10; 2.19; 3.13; 4.13-5.4; 2Ts 1.7-10; 2.1-12). A “ira vindoura” ou “o Dia do Senhor” se refere ao tempo de julgamento que Deus estabelecerá sobre a Terra, em geral, e à raça humana, em particular. Esse será um julgamento para condenação, pois a única forma de absolvição do ser humano é aceitar a graça da Salvação quando esta se lhe apresenta e não rejeitá-la, para que não seja igualmente rejeitado no “último dia” (Is 2.10-22; Sf 3.8; Rm 3.5-6; Hb 6.2; Jd 14-15; Ap 6.17). Capítulo 2 1 As melhores credenciais de Paulo, como servo e apóstolo do Senhor, eram suas próprias atitudes no convívio com os cristãos de todas as igrejas por onde passava. Os versos 1 a 12 apresentam uma espécie de “pequeno manual do ministro”. 2 O vocábulo grego original, aqui traduzido por “enganar”, era costumeiramente aplicado às “iscas” usadas para pegar peixes. Na época de Paulo, o termo ganhou o sentido de “astúcia aplicada com o objetivo principal de obter vantagens”. 3 Os filósofos epicureus e cínicos, assim como seus discípulos, buscavam conquistar adeptos, viajando e pregando com este objetivo principal, sempre regiamente patrocinados por seus seguidores. Os apóstolos tinham o direito de ter suas necessidades supridas por suas igrejas; contudo, Paulo, nem sempre aceitou esse tipo de cooperação financeira (1Co 9.3-14; 2Co 11.7-11). 4 Paulo nos revela algumas das mais importantes responsabilidades do ministro cristão: A palavra grega parakaleõ significa “implorar” (Rm 12.1), indicando que cabe ao servo do Senhor “buscar dedicada e humildemente” levar a Palavra de Deus a todas as pessoas. A expressão original grega paramutheomai aqui tem o sentido de “encorajar”, “consolar” os mais fracos e deprimidos. E a palavra grega marturomai transmite a idéia de “insistir sem perder o ânimo” com aqueles crentes que parecem sempre depender de um modelo humano para prosseguir na vida cristã. 1TS_B.indd 5 5/8/2007, 23:28:57
  • 5. 1 TESSALONICENSES 2, 3 6 que, tendo vós recebido a Palavra que companhia pessoal, mas não distantes de nós ouvistes, que provém de Deus, do vosso coração, trabalhamos inces- acolhestes não como simples ensino de santemente com o objetivo de ir e ver os homens, mas sim como, em verdade é, a vossos rostos; Palavra de Deus, a qual, com toda certe- 18 por isso, queríamos visitar-vos. Eu, za, está operando eficazmente em vós, os Paulo, quis vos saudar face a face não que credes. somente uma vez, mas duas; porém, 14 Tanto é assim, queridos irmãos, que Satanás nos provocou impedimentos.7 vos tornastes discípulos das igrejas de 19 Todavia, quando nosso Senhor Jesus Deus em Cristo Jesus que estão na Ju- retornar, quem será a nossa esperança, déia. Afinal, também vós padecestes, da alegria ou coroa de glória diante dele? parte de vossos próprios patrícios, as Ora, não sois vós? mesmas crueldades que eles, por sua vez, 20 Com toda a certeza, vós sois a nossa sofreram dos judeus,5 glória e a nossa grande alegria! 15 os quais não somente assassinaram o Senhor Jesus e os profetas, como igual- Paulo envia Timóteo em missão mente nos perseguiram. Eles fizeram o que era mal diante de Deus e são hostis a todos, 3 Por isso, não podendo mais suportar nossa preocupação por vós, achamos melhor ficarmos sozinhos em Atenas;1 16 esforçando-se ao máximo para nos 2 e, desse modo, enviamos nosso irmão impedir de pregar aos não-judeus a fim Timóteo, cooperador de Deus no Evan- de que estes sejam salvos. Dessa forma, gelho de Cristo, para vos fortalecer e vos seguem acumulando seus pecados. Con- encorajar na fé,2 tudo, sobre eles, chegou finalmente, a ira 3 a fim de que ninguém fraqueje diante de Deus.6 dessas aflições; porquanto, estais bem informados de que fomos destinados O amor de Paulo pelos discípulos para isso.3 17 Nós, no entanto, amados irmãos, 4 Pois, quando ainda estávamos convos- privados momentaneamente da vossa co, já vos advertíamos que haveríamos de 5 Na Septuaginta (a tradução grega do AT), a expressão original ekklesia, “igreja”, refere-se à assembléia do Povo Escolhido, e tem a ver com o termo hebraico “sinagoga”. A diferença fundamental entre a “Igreja” e a “sinagoga” é que, nas igrejas cristãs, Jesus Cristo é o Messias prometido, nosso Salvador. Os “discípulos” de Jesus Cristo devem ser seus “imitadores” tanto nos momentos de exultação e glória, como nas provações e sofrimentos (At 17.5-9; Rm 9.1-3; 10.1). 6 Paulo afirma que a ira escatológica, o derramamento da ira punitiva de Deus contra a humanidade pecaminosa, já está presente sobre a Terra. 7 Satanás e seus demônios são os responsáveis diretos por todos os obstáculos que surgem no caminho da propagação do Evangelho. Por isso, é fundamental que todo projeto missionário, evangelístico, e que vise à ministração da Palavra, seja regado com fervorosa oração. A vontade de Deus, entretanto, é soberana, e nada nem ninguém é capaz de vencer ao Espírito de Cristo (Lc 11.21,22; 1Ts 3.11). Capítulo 3 1 A divisão dos capítulos apenas indica o assunto principal, mas não deve prejudicar a compreensão geral da informação de Paulo, iniciada no verso 17 do capítulo anterior. Paulo usa a palavra grega “abandonado” para comunicar sua sensação ao ter decidido ficar só em Atenas para enfrentar a filosofia grega incrédula (At 17.14,15). O uso da terceira pessoa do plural é apenas um recurso de modéstia literária, Paulo está falando apenas de si mesmo. 2 A expressão grega sunergon significa “companheiro de trabalho”, e está ligada à função eclesiástica do “ministro cristão”, diakonos, conforme os melhores originais gregos (1Co 3.9). Paulo usa a palavra “fortalecer” extraída do grego clássico, que significava “escorar uma construção”, como uma figura de linguagem. 3 Paulo se refere às perseguições e tribulações sofridas pelos tessalonicenses e os cristãos em geral, pelo fato de não mais pertencerem ao sistema mundial controlado por Satanás. Por isso, até a volta de Cristo, o sofrimento e as aflições passam a ser normais e previsíveis na vida diária do crente, e não exceções (Mc 4.17; Jo 16.33; At 14.22; 2Ts 3.12; 1Pe 4.12). Entretanto, essas adversidades não escapam à supervisão amorosa do Senhor, nem podem ser consideradas como meros infortúnios, pois fazem parte dos sábios propósitos de Deus (At 11.19; Rm 5.3; 2Co 1.4; 4.17). 1TS_B.indd 6 5/8/2007, 23:28:59
  • 6. 7 1 TESSALONICENSES 3, 4 sofrer tribulações, como de fato ocorreu, dia, para que possamos ver o vosso rosto como também é de vosso pleno conhe- e suprir o que falta à vossa fé.6 cimento. 11 Que o próprio Deus, nosso Pai, e 5 Foi por isso que, já não me sendo mais nosso Senhor Jesus preparem o nosso possível continuar agüentando, enviei caminho até vós.7 Timóteo para conhecer o estado da vossa 12 Que o Senhor faça crescer e transbor- fé, temendo que o Tentador vos tivesse dar o amor que tendes uns para com os seduzido, tornando inútil todo o nosso outros e para com todas as pessoas, a empenho.4 exemplo do nosso amor por vós. 13 Que Ele fortaleça o vosso coração para Timóteo retorna com boas novas serem irrepreensíveis em santidade dian- 6 Agora, contudo, Timóteo acaba de te de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso chegar da vossa parte, dando-nos boas Senhor Jesus com todos os seus santos!8 notícias a respeito da fé e do amor que tendes. Ele nos relatou que é permanente Vivendo para adorar a Deus a vossa lembrança afetuosa quanto a nós, e que é grande o vosso desejo em nos ver pessoalmente, da mesma forma como 4 Quanto ao mais, caros irmãos, já vos orientamos acerca de como viver a fim de agradar a Deus e, de fato, assim nós ansiamos por ver-vos.5 estais caminhando. Agora, vos rogamos e 7 Por isso, irmãos, em toda a nossa encorajamos no Senhor Jesus que, nesse necessidade e tribulação nos sentimos sentido, vos aperfeiçoeis cada vez mais.1 encorajados quando soubemos da fé que 2 Pois sabeis os mandamentos que vos tendes; recomendamos pela autoridade do Se- 8 porquanto, se estais firmes no Senhor, nhor Jesus. há mais alegria em nossa vida. 3 A vontade de Deus é esta: a vossa san- 9 Pois, quanta gratidão podemos expres- tificação; por isso, afastai-vos da imorali- sar a Deus por vós, diante da grande dade sexual. satisfação com que nos alegramos por 4 Cada um de vós saiba viver com seu vossa causa perante nosso Deus, próprio cônjuge em santidade e honra, 10 suplicando, continuamente, noite e 5 não dominados pela paixão de desejos 4 O termo “Tentador”, que aqui também se refere a um dos nomes do Diabo, e as expressões “seduzir”, “enganar”, “iludir” ou “tentar”, vêm da mesma raiz grega. Satanás é mencionado em todas as principais divisões do NT. Ele é o líder maior dos espíritos malignos e dos seres humanos por ele “seduzidos” (Jo 16.11; Ef 2.2). O Diabo e seus demônios podem nos afetar em âmbito físico ou espiritual, entretanto, nunca sem a soberana permissão de Deus (Jó 2.1-10; 2Co 12.7; Mt 13.39; Mc 4.15; 2Co 4.4). Ele tentou a Jesus e seguirá tentando os crentes até a volta do Senhor (Mt 4.1-11; Lc 22.3-1; 1Co 7.5). O Inimigo busca prejudicar todos os empreendimentos cristãos (2.18); porém, já está completamente derrotado por Cristo (Cl 2.15; Ap 20.10) e, portanto, os cristãos não necessitam viver subjugados por ele e suas artimanhas (Ef 6.16). 5 Esse é o único caso no NT em que a expressão grega original euanggelisamen não significa “as boas novas da Salvação em Cristo”, nosso “Evangelho”, mas simplesmente a transmissão de boas notícias. 6 As freqüentes orações de Paulo pelos irmãos em Tessalônica foram respondidas alguns anos mais tarde (At 20.1,2). 7 O verbo original grego “preparar”, no sentido de “conduzir” encontra-se no singular indicando a perfeita unidade de Deus-Pai com Deus-Filho, a pessoa do Senhor Jesus. 8 A expressão grega original “fortalecer” significa todo o processo de “santificação” (separação para adoração e serviço a Deus), no qual todo cristão é engajado, a partir do momento que se entrega aos cuidados de Cristo e recebe o Espírito Santo de Deus para habitar em sua alma. Esse ministério do Espírito só será encerrado no final da vida do crente, com a glorificação da alma (1Co 1.2). Paulo realmente aguardava a volta do Senhor em breve, por isso encoraja os crentes de Tessalônica a estarem prontos, na expectativa do retorno iminente do Senhor com seus anjos e todos aqueles que já estão em sua presença. Assim se dará logo mais, quando Jesus voltar. Por isso, os votos de Paulo são para nós também. Capítulo 4 1 Paulo usa literalmente a expressão grega “caminhar” como metáfora de “viver a vida cristã”, como discípulos do “Caminho”, que é Cristo (Rm 6.4; 2Co 5.7; Ef 4.1; 5.17; Cl 1.10). As palavras do apóstolo não devem ser interpretadas como algum tipo de arrogância ou autoritarismo humano. As expressões originais são carregadas de fraternidade, sinceridade e autoridade espiritual; como um pai orientando seus filhos amados (1Co 2.16). 1TS_B.indd 7 5/8/2007, 23:29:02
  • 7. 1 TESSALONICENSES 4 8 sem controle, à semelhança dos pagãos com as próprias mãos, como já vos que não conhecem a Deus.2 orientamos;4 6 Quanto a este assunto, ninguém seduza 12 de modo que vos porteis com dignida- ou tire proveito de seu irmão, porque de para com os de fora, e de nada venhais o Senhor castigará todas essas práticas, a necessitar da parte deles. como já vos advertimos com toda a certeza. A volta de Cristo e os crentes 7 Pois Deus não nos convocou para a im- 13 Não desejamos, no entanto, irmãos, pureza, mas sim para a santificação. que sejais ignorantes em relação aos que 8 Portanto, aquele que rejeita estas orien- já dormem no Senhor, para que não vos tações não está rejeitando o homem, mas entristeçais como os outros que não pos- a Deus, que vos outorga o seu Espírito suem a esperança.5 Santo.3 14 Porquanto, se cremos que Jesus mor- reu e ressuscitou, da mesma maneira O cristão deve agir com amor devemos crer que Deus, por intermédio 9 No que se refere ao amor fraternal, de Jesus, trará juntamente com Ele os entretanto, não há necessidade de que que nele faleceram.6 eu vos escreva, porquanto vós mesmos 15 Afirmamos a todos vós, pela Palavra estais por Deus instruídos que deveis do Senhor, que nós, os que estivermos amar-vos uns aos outros; vivos quando se der o retorno do Senhor, 10 e, na verdade, estais praticando esta certamente não precederemos os que ordem mesmo para com todos os irmãos dormem nele. em toda a Macedônia. Todavia, vos en- 16 Pois, dada a ordem, com a voz do ar- corajamos, queridos irmãos, que vos canjo e o ressoar da trombeta de Deus, aperfeiçoeis nisto cada vez mais, o próprio Senhor descerá dos céus, e 11 buscando viver em paz, cuidando os mortos em Cristo ressuscitarão pri- cada qual da sua vida, e trabalhando meiro. 2 No mundo greco-romano do séc.I a.C, devido às guerras, aos conflitos sociais e à proliferação das culturas pagãs, os padrões morais haviam atingido os níveis mais baixos de pudor e respeito. Imperava a violência; aos mais fortes era dado o direito de satisfazer todas as suas vontades; e o tempo médio de vida não ultrapassava os 30 anos. Neste contexto é que Paulo exorta os cristãos a manterem seus corpos e vida moral de acordo com o padrão de Cristo, e não conforme a sociedade. Afinal, os cristãos, são o templo do Espírito Santo de Deus (1Co 5.1; 6.19). 3 Paulo se refere ao ministério do Espírito Santo de Deus, o de fazer seus mandamentos compreensíveis ao coração dos cristãos (Is 54.13), em grego theodidaktoi (Jo 7.17). O apóstolo usa a palavra grega philadelphia “amor fraterno entre irmãos de sangue” para evidenciar o tipo de amor solidário e incondicional que deve haver entre os “irmãos em Cristo”, considerando que todos os cristãos têm o mesmo Pai celestial (Jo 6.45; 1Co 2.13). 4 Paulo ensina que, apesar do nosso chamado à solidariedade e zelo de uns para com os outros, não devemos exagerar em nossos cuidados, muito menos em nossa dependência uns dos outros. Alguns tessalonicenses estavam desrespeitando a privacidade dos seus irmãos; outros, abusando da hospitalidade, cortesia e ajuda de irmãos mais abastados. Para muitos gregos, na época, trabalhar em serviços braçais era desonroso, cabendo exclusivamente aos escravos. Alguns gregos crentes estavam negligenciando o trabalho, em virtude da iminente volta de Cristo. Paulo adverte que nem as tradições culturais, nem a proximidade do retorno do Senhor, são motivos para o cristão deixar qualquer de suas obrigações éticas e morais. 5 Paulo usa o termo “adormecer” como metáfora da “morte do cristão”, pois o aspecto definitivo e horrendo da separação de uma pessoa de Deus, isto é, a morte, é eliminado completamente quando a alma reconhece em Jesus Cristo o seu Salvador e ganha o “selo divino” (Espírito Santo), que garante sua ressurreição e vida eterna. Alguns tessalonicenses entenderam, de forma errônea, que todos os crentes permaneceriam vivos na Terra até a iminente volta de Cristo. Por isso, ficaram em dúvida, quanto à ressurreição daqueles crentes que estavam morrendo. A sociedade grega era profundamente influenciada pela cultura pagã. Por isso, os gregos tinham verdadeiro horror à morte e a consideravam como o final de tudo, o apodrecimento da vida. Os cristãos, no entanto, podem se alegrar com a segurança que têm na glória da vida eterna em companhia do Senhor (1Co 15.55-57; Fp 1.21-23). 6 Paulo usa aqui, literalmente, a expressão grega “morreu” e não “dormiu”, em relação ao falecimento de Jesus. Isso para evidenciar a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte na cruz do Calvário (1Co 15.14-22). 1TS_B.indd 8 5/8/2007, 23:29:04
  • 8. 9 1 TESSALONICENSES 4, 5 17 Logo em seguida, nós, os que esti- e filhos do dia; nós não somos da noite, vermos vivos sobre a Terra, seremos muito menos das trevas. arrebatados como eles nas nuvens, 6 Assim, pois, não durmamos como os para o encontro com o Senhor nos ares. demais; mas estejamos alertas e sejamos E, assim, estaremos com Cristo para sóbrios; sempre! 7 pois os que dormem, adormecem de 18 Consolai-vos, portanto, uns aos outros noite, e os que se embriagam, é de noite com estas palavras. que se embebedam. 8 Nós, no entanto, que somos do dia, se- Cristo retornará em breve jamos sóbrios, revestindo-nos da arma- 5 Caros irmãos, em relação aos tempos e épocas, não é necessário que eu vos escreva; dura da fé e do amor, tendo por capacete a esperança da salvação.3 9 Porque Deus não nos designou para a 2 pois vós mesmos estais bem informa- ira, mas para sermos contemplados pela dos de que o Dia do Senhor virá como salvação por intermédio de nosso Senhor “ladrão à noite”.1 Jesus Cristo.4 3 Quando vos afirmarem: “Paz e segu- 10 Ele morreu por nós para que, quer rança!”, eis que repentina destruição se estejamos acordados quer dormindo, precipitará sobre eles, assim como “as vivamos unidos a Ele.5 dores de parto” tomam uma mulher 11 Por isso, aconselhai-vos e encorajai- grávida, e de forma alguma encontrarão vos mutuamente, como de fato já estais escape.2 fazendo. Revestir-se de Cristo e vigiar Como manter o fogo do Espírito 4 Entretanto, vós irmãos, não estais 12 Caros irmãos, agora vos suplicamos vivendo nas trevas, para que esse Dia, que dedicais toda a consideração para como se fosse um ladrão, vos ataque de com os que se esforçam no ministério, surpresa; os quais vos lideram e aconselham no 5 porquanto, vós todos sois filhos da luz Senhor; 1 Desde o início da Igreja surgem, de tempos em tempos, pessoas que afirmam conhecer o Dia do Senhor, ou seja, o dia do glorioso retorno de Jesus Cristo. Entretanto, Paulo nos lembra das palavras proféticas do próprio Senhor, garantindo que sua volta pode acontecer a qualquer momento, mas cuja data e hora são uma determinação secreta e exclusiva de Deus-Pai (Mt 24.42,43; Lc 12.39,40; 2Pe 3.10; Ap 3.3; 16.15; At 1.6,7). 2 A expressão hebraica “Dia do Senhor” tem sua origem no AT (Am 5.18) e refere-se a um período de tempo em que o Espírito de Deus virá e intervirá pessoalmente na Terra e, especialmente na humanidade, com juízo penal e premiações de bênçãos. No NT o conceito se mantém inalterado, apresentando a condenação dos incrédulos e ímpios, e a salvação dos crentes sinceros (Rm 2.5; 2Pe 2.9; 3.12; Ef 4.30). É citado, também, como “o último dia” (Jo 6.39), o “grande Dia” (Jd 6) ou, simplesmente, “o Dia” (2Ts 1.10). Esse será o dia em que tudo será consumado em relação ao julgamento eterno de cada pessoa em toda a humanidade. Contudo, o Dia final ocorrerá de forma tão rápida e surpreendente como o assalto de um ladrão à noite (2Ts 2.3; Lc 21.34). 3 A melhor maneira de vigiar (literalmente em grego “manter-se alerta”), a fim de que o Dia do Senhor não nos sobrevenha com repentina destruição (afastamento eterno do ser humano da presença abençoadora de Deus), é mantermos nossa principal ca- racterística cristã: ser luz, pois somos “filhos da Luz”, isto é, “filhos de Deus” (Jo 1.12; 8.12). Vivermos desembaraçados (sóbrios) da rede mundial de pecado que cobre e entorpece o planeta (Hb 12.1); vestirmo-nos com a armadura de Deus, que não se refere apenas a algumas virtudes específicas, mas a todo o fruto do Espírito Santo (Rm 13.12; 2Co 6.7; 10.4; Gl 5.22,23; Ef 6.13-17). 4 A expressão grega etheto, não significa “predestinar”, como aparece em algumas versões. O termo “designou” está mais de acordo com o sentido original da frase e do contexto dos ensinos teológicos de Paulo (Rm 8.29.30). A iniciativa da nossa salvação do julgamento punitivo que ocorrerá no “Dia do Senhor” é fruto do seu imenso amor, manifestado em toda a sua dramaticidade e esplendor na morte e ressurreição do seu Filho por nós (v.10; Rm 5.8). 5 Ao aceitarmos a graça da Salvação, o Senhor nos abençoa com um tipo de aliança e relacionamento que nada, nem a morte, poderá destruir (Jo 6.37). 1TS_B.indd 9 5/8/2007, 23:29:06
  • 9. 1 TESSALONICENSES 5 10 13 e que os tenhais na mais alta estima, 22 Afastai-vos de toda a forma de mal. expressando vosso amor e reconhecimen- to pela obra que realizam para convosco. Oração pela vida integral da Igreja Caminhai em paz uns com os outros. 23 Que o próprio Deus da paz vos san- 14 Irmãos, também vos exortamos a que tifique integralmente. Que todo o vosso admoesteis os sonolentos, consoleis os espírito, alma e corpo sejam mantidos desanimados, ampareis os fracos e sejais irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor pacientes para com todos.6 Jesus Cristo.8 15 Evitai que ninguém retribua o mal 24 Aquele que vos chama é fiel, e Ele tam- com o mal, mas encorajai que todos se- bém o fará.9 jam bondosos uns para com os outros. 16 Conservai permanentemente a vossa Pedido de oração e saudação final alegria! 25 Irmãos, orai por nós. 17 Orai constantemente. 26 Saudai todos os irmãos com um beijo 18 Dai graças em toda e qualquer cir- santo.10 cunstância, porquanto essa é a vontade 27 Encarrego-vos, pelo Senhor, que esta de Deus em Cristo Jesus para convosco. carta seja lida para todos os irmãos. 19 Não apagueis o fulgor do Espírito!7 20 Não trateis com desdém as profecias, Bênção apostólica 21 mas, examinai todas as evidências, re- 28 A graça de nosso Senhor Jesus Cristo tende o que é bom. esteja em todos vós!11 6 Alguns cristãos de Tessalônica estavam se sentido tomados pela idéia de que Jesus voltaria naqueles dias, a ponto de se desinteressarem de cumprir as responsabilidades básicas da vida diária, como cooperar com a família e com a Igreja, estudar, tra- balhar. A palavra grega, aqui traduzida por “sonolentos”, também pode ser traduzida por “ociosos”. Entretanto, todos devem ser encorajados com paciência; e os mais fracos (desanimados), ajudados pelos mais fortalecidos na fé (Rm 14.1-15; 1Co 8.13). 7 A falta de perdão entre os crentes (Mt 5.38-42; 18.21-35; Rm 12.17; 1Pe 3.9); da alegria íntima de ter sido salvo por Cristo; das orações diárias; de uma atitude de gratidão a Deus, mesmo em meio às difíceis tribulações da vida (Rm 1.9,10; Ef 6.18; Cl 1.3; 2Ts 1.3; Ef 5.20); do aprendizado e expressão da Palavra de Deus (v.20); do uso dos dons espirituais em benefício do Corpo de Cristo (Rm 12.6; 1Co 12.10,28; 13.2; 14.3; Ef 4.11); e o envolvimento com o que é pecaminoso, são demonstrações claras de que o cristão está ofuscando o brilho (poder) do Espírito Santo em sua vida. Não perderá a salvação por isso, mas caminhará pela vida como um moribundo, até que entregue novamente o controle da sua vida nas mãos do Espírito de Cristo (Jo 10.10). 8 Paulo, ao fazer referência ao ser humano completo, usa as expressões gregas originais p√en'ma - pneuma (espírito); Ynch; - psyché (alma) e sw'ma - soma (corpo) em analogia à visão hebraica da integralidade humana, expressada por Jesus, em aramaico, ensinando que devemos amar a Deus e aos nossos semelhantes com todas as forças do nosso ser (Mc 12.30). 9 Paulo demonstra sua fé absoluta na onipotência e na justiça de Deus, que saberá completar a boa obra que começou na vida dos crentes e em todo o universo (Gn 18.25; Fp 1.6; Nm 23.19). 10 Beijar um ou os dois lados do rosto, em sinal de humilde e respeitosa saudação, era uma tradição cultural entre os povos orientais, que corresponde ao nosso aperto de mãos ou abraço. A Igreja não deve transformar os aspectos culturais de um povo em doutrina. Por isso, o ósculo santo (beijo no rosto), como outros costumes populares de uma nação ou região, podem ser ou não incorporados ou adaptados por outras igrejas cristãs, de forma espontânea, com bom senso e sem qualquer vínculo direto com a necessária obediência aos preceitos bíblicos (Rm 16.16; 1Co 16.20; 2Co 13.12; 1Pe 5.14). 11 Paulo usa, originalmente, uma expressão extremamente enfática, literalmente: “intimo-vos no nome do Senhor”, com o propósito de garantir que todos os cristãos tomem conhecimento do seu amor pela Igreja e acolham suas orientações. Por isso, também, Paulo tinha o hábito de encerrar suas cartas com a impetração de uma bênção apostólica a seus leitores, que, às vezes, era acrescida das bênçãos que nos são proporcionadas pela Trindade em ação (1Co 13.14). 1TS_B.indd 10 5/8/2007, 23:29:08