1. A INTERPRETAÇÃO TIPOLÓGICA
A interpretação tipológica é distinta do método gramático-histórico
e da abordagem alegórica. Sua exegese focaliza exclusivamente um
período de tempo conforme o contexto da Escritura. Deve-se perguntar,
contudo, se o significado de um evento ou profecia veterotestamentária
pode ser determinado inteiramente pela situação histórica original. O
sentido de um simples evento, com freqüência, será completamente
entendido apenas à luz de suas conseqüências na história posterior.
Desde o princípio, a fé de Israel em Jeová como o Soberano Senhor
da História continha uma esperança fundamental para o futuro (Gênesis
3:15; 12:2-3). Essa esperança foi concentrada, não na exaltação nacional
e prosperidade material como tal, mas na expectante presença de Deus
em Glória entre Israel (Isaías 40:5) e em sua intervenção final para
restaurar o paraíso perdido para o seu povo e para toda a Terra (Isaías 2;
9; 11; 52; Salmo 2; 46; 48; 72).
A esperança de Israel foi construída sobre a promessa do reino
vindouro de Deus: "O teu Deus reina!" (Isaías 52:7). Entre todas as
nações do mundo oriental, apenas Israel desenvolveu uma escatologia,
uma esperança na qual Deus gradualmente desvelou Sua promessa,
corrigiu as falsas esperanças nacionais e constantemente transcendeu os
conceitos de Israel sobre o Seu reino, ao apontar um futuro cumprimento
que excederia a todas as expectações terrenas israelitas (Isaías 64:4; cf. l
Coríntios 2:9).1
Em sua adoração comum, Israel cantava de seu Deus como o
Salvador e a Esperança do mundo: "...ó Deus, Salvador nosso, esperança
de todos os confins da terra e dos mares longínquos'' (Salmo 65:5; cf.
Deuteronômio 7:9-10; Isaías 2:1-4).
Logo que Jesus de Nazaré nasceu e foi dedicado a Deus no templo
de Jerusalém, um certo Simeão, "que esperava a consolação de Israel",
tomou o bebê Jesus em seus braços e louvou ao Senhor:
2. A Interpretação Tipológica 2
Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua
palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste
diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do
teu povo de Israel. – Lucas 2:29-32
Os primeiros cristãos judeus acreditavam que Jesus era o Messias
da profecia, o alvo e cumprimento da promessa veterotestamentária. O
Novo Testamento é o fruto da convicção deles de que Deus havia
cumprido a Sua promessa em Cristo Jesus (2 Coríntios 1:20). A chegada
do Rei davídico e o derramamento do Espírito de Deus, como prometido
para os últimos dias pelos profetas (Joel 2:28 vv; Isaías 32:15; Zacarias
12:10), significava para os apóstolos que o fim da velha geração havia
chegado (1 Coríntios 10:11) e a era predita do reino messiânico ou "os
últimos dias", havia começado (Atos 2:16 vv).
Um profundo senso de unidade dramática da obra salvadora de
Deus por Israel no passado (o êxodo do Egito e a libertação de
Babilônia) e a ressurreição de Cristo, bem como o Seu reino presente, se
apoderaram dos apóstolos. Começaram a ler todo o Velho Testamento sob
uma nova luz – a do seu cumprimento em Jesus Cristo e em Seu Israel.
Para os cristãos primitivos, Cristo e Sua Igreja tornaram-se o
contexto histórico pleno do Velho Testamento! Através do Espírito de
Deus os olhos dos apóstolos foram abertos para compreenderem o
significado do ritual do santuário e os atos redentivos da história de
Israel, antes obscurecidos para eles.
Os escritores do Novo Testamento, sob inspiração divina,
expuseram surpreendentes correspondências entre os atos redentivos de
Deus no Velho Testamento e a salvação que haviam contemplado em
Jesus. O estudo dessas correspondências históricas é chamado de
tipologia cristã.
Uma definição válida do tipo bíblico pode ser vista na seguinte
descrição:
Um tipo é uma instituição, evento histórico ou pessoa estabelecida por
Deus e que efetivamente prefigura alguma verdade ligada com o
Cristianismo.2
3. A Interpretação Tipológica 3
Essa definição teológica traça uma clara linha de demarcação entre
a tipologia e a alegoria. Os tipos bíblicos não são ficção, mas reais e
significativos na história da salvação de Israel, e.g., o santuário, o êxodo,
Abraão e outros.
Porém, que evidência existe de que aqui vamos lidar com os tipos
prefigurativos de Cristo e Sua salvação? É o de haver algumas notáveis
semelhanças e similaridades com a vida e a obra de Jesus Cristo? C. T.
Fritsch responde, "Não". "A tipologia não é simplesmente uma questão
de reunir todas a semelhanças entre o Velho e ó Novo Testamentos, mas
de compreender o processo redentivo fundamental e revelacional que
começa no Velho Testamento e encontra o seu cumprimento no Novo".3
Como um exemplo, ele menciona que "o concerto do Sinai se torna
um tipo daquela perfeita relação de concerto entre Deus e o homem em
Cristo, claramente esboçado no novo Concerto de Jeremias 31." Em
outras palavras, uma instituição, evento ou pessoa do Velho Testamento
torna-se um tipo claro e compreensivo à luz de Cristo e do Seu povo do
concerto como antítipos. Esta conclusão apresenta a divisão feita pelos
dispensacionalistas entre Israel e a Igreja, como um literalismo forçado.
É a autoridade do Novo Testamento que estabelece a ligação
divinamente pré-ordenada entre o tipo e o antítipo e revela a natureza
preditiva do tipo. A tipologia é baseada na convicção cristã de fé de que
Jesus é o Messias da profecia de Israel e o Novo Testamento, é uma
continuação viva e a arrematação das Escrituras hebraicas.
Conseqüentemente: "O relacionamento dependente entre o tipo e o
antítipo é simplesmente uma das muitas evidências do relacionamento
dependente entre o Velho e o Novo Testamento".4
Nossa investigação primária está voltada para a questão se Cristo e
os escritores do Novo Testamento estavam engajados em princípio no
pensamento tipológico. Parece claro que foi o próprio Jesus que
introduziu no judaísmo a nova idéia de que o tempo dos antítipos havia
chegado pela Sua notável reivindicação de que a Sua missão messiânica
era "maior do que" a missão profética de Jonas (Mateus 12:412); "maior
4. A Interpretação Tipológica 4
do que" a sabedoria de Salomão (Mateus 12:42); maior do que a realeza
de Davi (cf. Marcos 2:2528). Ele afirmou até mesmo, "aqui está quem é
maior que o templo" (Mateus 12:6). A este respeito, Ele declarou que
Sua morte sacrifical proveria "o sangue da [nova] aliança, derramado em
favor de muitos" (Marcos 14:24).
Em todas essas afirmações, Jesus apresentou-Se como a realidade
última para a qual todos os tipos, símbolos e profecias messiânicas na
economia salvífica de Israel haviam apontado. Vendo-Se a Si mesmo
como o antítipo do sagrado ritual do templo israelense e de seus
oficiantes ungidos, anunciou também o cumprimento da era messiânica
(Lucas 4:16-21) e o derramamento do Espírito de Deus (Lucas 24:49;
Atos 1:8), enfim, a chegada do tempo escatológico.
A tipologia de Jesus, assim como a profecia de Israel, é
caracterizada pelo seu cumprimento culminante no tempo escatológico
dos "últimos dias" (cf. Hebreus 1:1-2).5 Para Jesus, Sua missão em
cumprir as Escrituras hebraicas e os tipos históricos de Israel possuía um
significado tanto redentivo quanto escatológico.
Os escritores do Novo Testamento deram continuidade ao
pensamento tipológico de Jesus em suas aplicações do Velho Testamento
ao seu próprio mandato apostólico e à missão evangélica.
O Novo Testamento inteiro é essencialmente caracterizado pela
aplicação tipológica e escatológica do Velho Testamento, motivada e
dirigida pelo Espírito Santo.6 Embora L. Goppelt reconheça diferentes
linhas de conexão entre o Velho e o Novo Testamentos, ele chega à
seguinte conclusão: "Entre as várias maneiras das quais o Novo
Testamento aplica o Velho, a tipologia se classifica como predominante
e a mais característica maneira de interpretação"7
Nas epístolas de Paulo – especialmente Romanos 5:12-19 e 1
Coríntios 10:1-11 e na carta aos Hebreus, Goppelt observa o padrão
tipológico mais proeminente e sistematicamente. Observa, contudo, que
a tipologia paulina da história veterotestamentária é determinada pela sua
experiência de fé no Cristo Jesus ressurreto e glorificado. Em outras
5. A Interpretação Tipológica 5
palavras, o sentido pleno das Escrituras e dos tipos do Velho Testamento
é revelado e pode ser compreendido apenas pela fé em Cristo. Como
Paulo declara a respeito de seus contemporâneos judeus:
Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração
deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é
retirado. ... em Cristo, é removido (2 Coríntios 3:15-16, 14).
Parece haver um acordo geral de que Paulo usa o termo typos em
um novo sentido histórico para a tipologia em Romanos 5:14, onde
chama literalmente a Adão de "um tipo daquele que haveria de vir"
(NVI). Ele interpreta a narrativa de Gênesis 3 em relação à queda de
Adão à luz do Cristo ressurreto e anuncia, sob o Espírito Santo, um
relacionamento tipológico entre ambos. Isso significa que o primeiro
homem representa uma exposição avançada do futuro Adão, Cristo Jesus
(Ver 1 Coríntios 15:45, 47).
A correspondência entre Adão e Cristo é de natureza antitética que,
não obstante, mantém uma similaridade básica: ambos foram indicados
por Deus como cabeça da raça humana e viveram uma vida de
significado decisivo e universal para a humanidade.
A New Scofield Reference Bible reconhece que (em uma nota sobre
Gênesis 5:1), "Adão, como a cabeça natural da raça (Lucas 3:38) é um
tipo contrastante de Cristo, a Cabeça da nova criação." Enquanto Adão
causou a queda universal do homem no pecado e na morte, a vitória de
Cristo sobre Satanás valeu "muito mais" para o homem (Romanos 5:7)
do que o que fora perdido por Adão: justiça (justificação) e vida eterna
(ressurreição; 1 Coríntios 15:22; Romanos 5:17-19).
Além disso, Paulo pensa tipologicamente quando interpreta os atos
de Deus na história passada de Israel à luz de Cristo e Sua Igreja em 1
Coríntios 10:1-11.8 Contudo, alguns tomam essa passagem paulina
meramente como uma exortação moral na qual a história do antigo Israel
funciona exclusivamente como uma advertência "exemplo" para a
santificação moral da igreja de Corinto.
6. A Interpretação Tipológica 6
Certamente é verdade que o apóstolo tenta retificar para os coríntios
um equívoco básico quanto aos sacramentos cristãos (o batismo e a ceia
do Senhor) através de sua ilustração admoestando sobre a falha moral de
Israel (1 Coríntios 10:1-5). Não obstante, o impulso teológico específico
e o significado escatológico da admoestação de Paulo à igreja de Corinto
se perderiam se os termos typoi (1 Coríntios 10:6) e tipikos (1 Coríntios
10:11) forem privados do senso teológico que Paulo emprega para typoi
em sua tipologia de Romanos 5:14.9
Paulo vai ao ponto em sua exortação dentro do contexto da era
messiânica ao usar uma apresentação avançada em Israel de algumas
realidades obtidas em Cristo Jesus. Não foi a partir de uma exegese
isolada do Velho Testamento que ele chegou a essa dimensão adiantada
da história salvífica de Israel. A partir de seu status como um apóstolo da
Igreja e através do Espírito de Profecia, vê os eventos da história da
salvação de Israel como tipos da comunidade escatológica do Messias,
"para nós ia Igreja] sobre quem os fins dos séculos têm chegado" (1
Coríntios 10:11). De fato, para Paulo, "estas coisas .., foram escritas"
especificamente para a Igreja, o povo de Deus dos últimos dias.
A correspondência encontra-se primariamente na similaridade
essencial dos atos divinos de libertação e julgamento de Israel e da
Igreja. Paulo chama Moisés e os israelitas simplesmente de "nossos pais"
(1 Coríntios 10:1). Isso expressa a unidade teológica entre Israel e a
Igreja. Ambos participaram da redentora e mantenedora graça de Cristo
(1 Coríntios 10:4). Da mesma forma, o julgamento de Deus sobre Israel
é uma prefiguração de Seu juízo sobre os cristãos que abusam de Sua
graça em Cristo.10
Embora haja mais do que analogia ou correspondência teológica na
tipologia do Novo Testamento, há também progresso messiânico ou
intensificação e complementação teológica além da similaridade.
A exortação moral de Paulo à igreja dos coríntios contém mais do
que a pressuposição de que o Deus de Israel é o mesmo Deus moral da
7. A Interpretação Tipológica 7
Igreja e que Ele a salvará e julgará de acordo com os Seus atos no antigo
Israel (1 Coríntios 10:6).
Paulo via a redenção de Israel através do Êxodo como um padrão
ou tipo que apontava para frente "em um sentido remoto, oculto e típico"
(P. Fairbain)11 á cruz de Cristo. Porque Ele foi sacrificado como o
verdadeiro Cordeiro Pascal (1 Coríntios 5:7), na "plenitude dos tempos"
(Gálatas 4:4). Todos os que aplicam o Seu sangue sacrifical ao coração e
à vida pertencem ao Israel do novo Êxodo.
Cristo deu novos sacramentos ao povo do novo concerto (o
batismo e a ceia do Senhor) e os estabeleceu como peregrinos até o
descanso final na Nova Jerusalém (Hebreus 4).
A Igreja, como o Israel escatológico, com o seu novo concerto no
sangue de Cristo, é o cumprimento dos planos de Deus com o antigo
Israel. O novo concerto possui uma glória que ultrapassa o velho (2
Coríntios 3). Desde que a glória divina deixou o velho templo (Mateus
23:38), a Igreja de Cristo tornou-se um templo vivo de Deus na Terra (2
Coríntios 3:16-18). Agora que "os fins dos séculos" (1 Coríntios 10:11),
a complementação de toda a velha dispensação têm chegado, a
comunidade messiânica deve seguir a Cristo como o Rei de Israel e
obedecer à Sua Palavra (2 Coríntios 7:1).
A desobediência de Israel durante a sua peregrinação no deserto é,
de acordo com Hebreus 4:11, "um exemplo ilustrativo" (hypodeigma)
para a Igreja em sua peregrinação:
Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus...
Portanto, esforcemo-nos por entrar naquele descanso, para que ninguém
venha a cair, seguindo aquele exemplo de desobediência. (Hebreus 4:9- 11,
NVI).
Goppelt conclui que "sob a influência de Paulo tipos tornou-se um
termo hermenêutico em toda a Igreja".12 Ele se refere ao uso posterior do
termo antypon em 1 Pedro 3:21. Pedro literalmente escreve que o
batismo é,um "antítipo" ou "contraparte" da libertação de Noé do
dilúvio. Por isso, pode-se concluir da tipologia de Pedro: "Então, é
8. A Interpretação Tipológica 8
apenas à luz do antítipo, que o significado pleno do tipo
veterotestamentário torna-se claro. Daí, pode ser dito que é o antítipo que
determina a identidade do tipo do Velho Testamento, tornando nítido o
seu significado mais profundo e espiritual".13 Em outras palavras, a
chave para a compreensão da natureza e identidade de um tipo no Velho
Testamento deveria ser procurada na interpretação que o Novo faz do
Velho.
Além da tipologia horizontal, o Novo Testamento desenvolve uma
tipologia explicitamente vertical, na qual o monte Sião, Jerusalém, o
tabernáculo israelita e o sacerdócio levítico servem como sombra ou
reflexo dos originais celestiais (ver Hebreus 8:5; Atos 7:44 [cf. Êxodo
25:40]; 12:22 [cf. Gálatas 4:26]).
Hebreus relaciona o tabernáculo israelita diretamente à obra
salvífica de Cristo no Céu. A principal seção, Hebreus 8:1-10:18, explica
que o presente reino de Cristo como Rei Sacerdote à mão direita de Deus
(8:1; 10:12) é o cumprimento escatológico pretendido nos tipos do Velho
Testamento e nas sombras de Israel. A implicação clara dessa progressão
na história da salvação desde a antiga geração ou dispensação até a era
messiânica é a descontinuidade do sacerdócio e da lei levítica, dos
sacrifícios e do santuário terrestre e de um Reinado davídico sobre o
trono terrenal.
Na ressurreição e ascensão de Cristo "uma esperança superior é
introduzida, pela qual nos chegamos a Deus" (Hebreus 7:18). Cristo, de
uma vez por todas, cumpriu e "removeu" ou "anulou" todos os velhos
regulamentos de tipos e sombras (Hebreus 7:18; 10:9). O autor de
Hebreus se refere predominantemente ao cumprimento cristológico da
incomparável promessa ao Reino davídico no Salmo 110:1 e 4:
"Disse o SENHOR ao meu senhor: 'Assenta-te á minha direita, até que
eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.' O SENHOR jurou e não se
arrependerá: 'Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque'."
9. A Interpretação Tipológica 9
O contexto dos versos deste Salmo indica que a promessa divina
aplicava-se acima de tudo ao reinado do rei Davi sobre o trono terrestre
em Jerusalém (versos 2 e 3). Contudo, tanto o autor de Hebreus quanto
Pedro transferem o trono davídico de sua localização terrestre para o
trono de Deus no Céu (Hebreus 1:3, 13; 8:1; 10:12; 13; 12:1; Atos 2:36).
Cheio do Espírito de Deus, no dia histórico do Pentecostes, Pedro
proclamou aos judeus em Jerusalém:
Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este
Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (Atos 2:36; ênfase
acrescentada).
O título "Senhor" significa governador soberano, e "Cristo", quer
dizer Messias ou Ungido. Cristo Jesus, por Sua ascensão ao Céu, entrou
em Seu reino messiânico, assentou-se à destra de Deus (Hebreus 1:13;
Apocalipse 3:21). Ele continuará a reinar até que ponha os Seus inimigos
debaixo dos Seus pés (1 Coríntios 15:25).
Os eruditos do Novo Testamento concordam que a natureza
celestial desse reino messiânico foi prevista no Velho. O Seu reinado
sobre Israel era a partir de Jerusalém (Salmo 132:11). Porém, "no Novo
Testamento, Seu reino é universal em abrangência e a partir do Céu".14
Deveria ficar claro que o autor de Hebreus compreendia o Salmo
110 num sentido diferente e mais amplo do que os autores do Velho
Testamento.15 A surpreendente verdade do cumprimento cristológico do
concerto davídico é o testemunho especial dessa epístola. Cristo,
governando do Seu trono de graça no Céu como o Rei messiânico, em
unidade com o Seu ofício como Sumo Sacerdote messiânico, é a
mensagem da tipologia vertical de Hebreus.
A aplicação neotestamentária do Salmo 110 ao governo presente de
Cristo é considerada como de importância fundamental para o evangelho
apostólico.16
Ao invés de ensinar um "adiamento" do reino davídico de Cristo ou
assumir qualquer lacuna entre o Salmo 110:1 e 2 como assegura o
dispensacionalismo 17, Hebreus declara que Cristo, pela ordenação de
10. A Interpretação Tipológica 10
Deus, começou a cumprir o concerto davídico ao governar sobre a Igreja
e todos os poderes, autoridades e anjos. Reinando a partir do trono da
graça de Deus (Hebreus 4:16) no poder do Altíssimo, ele "pode salvar
totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles" (Hebreus 7:25).
Já na era presente, "Deus colocou todas as coisas debaixo de seus
pés..." (Efésios 1:20-22; [NVI] ênfase acrescentada), porque Ele agora
está assentado à destra de Deus, "ficando-lhe subordinados anjos, e
potestades, e poderes" (1 Pedro 3:22). Num sentido mais amplo do que
os reis davídicos, Cristo está reinando agora com Deus em Seu trono
(Apocalipse 3:21). Separar o trono de Deus do trono davídico de Cristo18
é uma divisão injustificada do Pai e do Filho, a fim de manter o dogma
de um adiamento do reinado de Cristo para o milênio.
Uma separação do trono de Davi do trono de Deus já foi
considerada uma ficção no Velho Testamento porque o rei davídico era
teocrático e assentava-se "no trono do reino do SENHOR, sobre Israel"
(1 Crônicas 28:5; cf. 29:23; 2 Crônicas 29:8). No estado eterno de glória
na Terra, o trono de Cristo é ainda um com o trono de Deus (Apocalipse
22:1, 3).
Como Abraão reconhecia alguém maior do que ele no sumo
sacerdote Melquisedeque, assim os descendentes de Abraão são
chamados a reconhecer Alguém que é proclamado por Deus como o Rei-
Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque (Hebreus
5:5-10; 7). Este Rei-Sacerdote satisfaz as necessidades de Israel e de
todos os gentios porque ele é santo, inculpável e "feito mais alto do que
os céus" (Hebreus 7:26), e que está mesmo "à destra do trono da
Majestade nos céus" (Hebreus 8:1).
A tipologia vertical de Hebreus não implica que a escatologia
inaugurada pelo presente sacerdócio e reinado de Cristo é o
cumprimento final do concerto davídico. Constantemente, o autor
vislumbra a futura consumação apocalíptica do reino de Deus, a vinda da
cidade celestial, um mundo melhor:
11. A Interpretação Tipológica 11
Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual
estamos falando (Hebreus 2:5; ênfase acrescentada).
Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que
há de vir (Hebreus 13:14; 11:10; ênfase acrescentada).
Portanto, é correto insistir numa futura consumação do Salmo 110
em ligação com a segunda vinda de Cristo e o julgamento final. Ele
mesmo aplicou a promessa do governo teocrático do referido Salmo em
um sentido apocalíptico à destruição final dos inimigos de Deus quando
de Seu retorno em glória (ver Mateus 25:3.1-33, 41). Quando Caifás, o
sumo sacerdote, colocou Cristo sob juramento para testificar se Ele era o
Messias prometido, Jesus respondeu:
Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que, desde agora, vereis o
Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as
nuvens do céu (Mateus 2:64; cf. Marcos 14:62; Lucas 22:69).
Nesse momento solene, Jesus uniu o Filho do Homem apocalíptico
(de Daniel 7:13-14) e o Messias davídico (do Salmo 110) em uma
Pessoa e aplicou ambos à Sua própria vinda em glória do céu para julgar
o mundo. Na Sua segunda vinda, o Salmo 110 encontrará o seu
cumprimento final, dramático e cósmico na salvação da Igreja de Cristo
e na destruição de Seus inimigos.
Sumariando, a perspectiva tipológica é fundamental para a própria
compreensão de Cristo e de Sua missão messiânica bem como da
mensagem dos escritores do Novo Testamento. A tipologia cristã – tanto
no seu aspecto horizontal quanto vertical – é caracterizada por um
cumprimento presente dos tipos do Velho Testamento na obra redentiva
de Cristo e pela esperança da futura consumação do Seu reinado no
último julgamento.
A abordagem tipológica do Novo Testamento é motivada pela idéia
de cumprimento na história da salvação.19 A tipologia corresponde a
uma teologia de progressão dos atos salvíficos de Deus através de Jesus
Cristo. É baseada no pressuposto bíblico de que Ele sempre age de
acordo com os princípios imutáveis de Sua natureza santa e de Sua
vontade (Números 23:19; Malaquias 3:6).20
12. A Interpretação Tipológica 12
No Novo Testamento, a tipologia é caracterizada tanto pela
correspondência histórica quanto teológica entre o tipo e o antítipo. A
correlação teológica consiste no fato de que os tipos do Velho
Testamento são todos determinados teologicamente pela sua relação
específica com Jeová, o Deus de Israel, enquanto todos os antítipos do
Novo Testamento são qualificados por sua relação com Cristo Jesus, o
Filho de Deus.
Pelo fato da comunhão do concerto com Deus ser estabelecida
apenas através de Cristo, toda a tipologia no Novo Testamento converge
e culmina em Cristo. Porque Ele cumpre e completa a história da
salvação do Velho Testamento, a tipologia do Novo se origina, centraliza
e termina em Cristo.21
Esse foco cristológico e a perspectiva escatológica distinguem a
tipologia de qualquer situação paralela acidental. Sempre que
personagens, eventos ou instituições históricas sejam entendidos como
prefigurando algum aspecto do ministério de Cristo, uma perspectiva
tipológica se torna visível. A relação de tipo-antítipo não é simplesmente
de repetição, mas de complementação escatológica. Por isso, o antítipo
não é meramente uma forma desenvolvida do tipo, mas uma obra de
Deus nova e peculiar através do Messias, de maneira que o antítipo, em
alguns aspectos, pode até mesmo colocar-se em oposição ao tipo (e,g., os
cultos sacrificais, Adão).
Goppelt ressaltou que a interpretação tipológica dos apóstolos
tomou lugar na liberdade do Espírito Santo e não é um método
hermenêutico científico e técnico como o histórico-filosófico.22 A
tipologia neotestamentária não começa com a história do Velho
Testamento ou com rituais simbólicos, mas com Jesus e Sua salvação.
Partindo de Jesus, que provou ser o Messias de Israel por Sua vida,
morte e ressurreição, os escritores apostólicos procuram os paralelos
veterotestamentários e então, guiados pelo Espírito Santo, tiram
conclusões quanto ao seu significado teológico e moral para a Igreja de
Cristo.
13. A Interpretação Tipológica 13
23
Em sua constante retrospectiva à história de Israel à luz de Jesus
Cristo, os escritores do Novo Testamento tentam desvelar como o ato
redentivo de Deus em Cristo está relacionado com os atos salvíficos de
Deus no passado (ver 1 Pedro 1:10-12). Se a exegese for definida como
estabelecendo estritamente o verdadeiro significado do texto original
como o autor humano pretendia, por meio do método gramático-
histórico, então a tipologia não é um método de exegese do Velho
Testamento.24 A tipologia é a interpretação teológico-cristológica da
história do Velho Testamento pelo Novo, que vai além da mera exegese.
Nas palavras de Francis Foulkes:
Ela [a tipologia] tira mais do que o sentido literal da passagem. O Novo
Testamento faz isso quando vê a Cristo como o tema e o cumprimento de
todo o Velho, sem limitá-la ao que é explicitamente profecia messiânica...A
interpretação tipológica mostra que a revelação parcial e fragmentária no
Velho Testamento aponta adiante para Cristo...A tipologia lê nas Escrituras
um significado que não está lá, mas o entende à luz do cumprimento na
história...Todavia, não lê um novo princípio no contexto. Interpreta as
relações de Deus com o homem a partir do contexto literal, e então aponta
para uma maneira na qual Deus vem lidando com o homem em Cristo.25
Assim, a interpretação tipológica neotestamentária do Velho
Testamento provê uma chave maior para captar a unidade teológica da
Bíblia e "ajuda a evitar a fragmentação que é freqüentemente o fruto dos
estudos puramente histórico-gramaticais".26
A tipologia não envolve qualquer depreciação da interpretação
literal ou histórica do Velho Testamento, mas é baseada na exegese
histórica deste, a fim de captar a compreensão mais completa ou o
sentido mais pleno (o sensus plenior) dos atos redentivo-históricos de
Deus para toda a raça humana.27 Alguém poderia dizer também que o
sentido tipológico é o "autêntico prolongamento do sentido literal" do
Velho Testamento tanto quanto a exegese é uma "perspectiva
fundamental'' dos ensinos do Novo (J. Daniélou).28 Tomás de Aquino
apresentou uma análise perspectiva:
14. A Interpretação Tipológica 14
O autor das Escrituras Sagradas é Deus, em cujo poder reside o
expressar o significado não apenas por palavras – o homem também pode
fazer isso – mas também por meio das coisas. Por isso, aqui, como em todo
campo do conhecimento (scientia), as palavras têm significado, porém neste
caso, em adição, as coisas significadas pelas palavras também têm um
sentido. O primeiro sentido pelo qual as palavras significam coisas é o literal
ou histórico. O sentido pelo qual as coisas significadas pelas palavras
querem dizer algo mais, é reconhecido como o seu senso espiritual, o qual é
baseado no literal e o pressupõe.29
Afirmamos que o senso tipológico genuíno não super impõe um
sentido diferente ao significado literal das palavras das Escrituras, mas
pertence ao significado profético das coisas ou eventos expressos pelas
palavras da Bíblia. A verdadeira interpretação tipológica do Velho
Testamento não cria um segundo sentido ou alegorização além do
significado literal, mas ouve "como o sentido histórico do texto continua a
falar na situação do Novo" (H. W. Wolff).30 Em um ensaio instrutivo,
Donald A. Hagner afirma:
Para esses homens [do Novo Testamento], os relacionamentos da
tipologia eram os resultados do desígnio de Deus de maneira que, de
alguma forma, o tipo "profetizava" o antítipo e o último "cumpria" o primeiro.
...A descrição das correspondências tipológicas é um exemplo especial
na detecção do sensus plenior do material veterotestamentário. Isto é, o
Velho Testamento é visto como contendo um sentido mais pleno do que
imediatamente percebido pelos olhos, e realmente, discernível apenas à luz
de sua contraparte neotestamentária.31
O sentido teológico completo da história veterotestamentária de
Israel pode ser captado apenas por aqueles que crêem que Jesus é o
Messias de Israel, que o concerto de Deus com as doze tribos israelitas é
cumprido e completado – não adiado – no concerto de Cristo com os
Seus doze apóstolos (2 Coríntios 3; Hebreus 4). Concordamos com a
conclusão equilibrada de David L. Baker de que a "correta compreensão
e o uso do Velho Testamento dependem do Novo, e por outro lado, um
dos usos primários do Velho é ser a base para o correto entendimento e
uso do Novo Testamento".32
15. A Interpretação Tipológica 15
Limitações dos Tipos
J. Barton Payne ensina em sua Encyclopedia of Biblical Prophecy
(Harper, 1973) que os tipos bíblicos possuem quatro características
essenciais: (1) um tipo deve ter uma origem divina, e.g., Êxodo 25:40;
cf. Hebreus 8:5; (2) um tipo deve ser redentivo, e.g., Zacarias 14:16; cf.
João 20: 31; (3) um tipo deve ser uma representação simbólica, e.g., do
sacerdócio e ritual levítico; (4) um tipo deve ser uma profecia
representada, e.g., Números 21:9; cf. João 3:14; Colossenses 2:17;
Hebreus 10:1(ver pp. 24-26). Resumindo, um tipo é "uma decretação
divina da redenção futura" (p. 23).
Payne discute mais do que cinqüenta tipos bíblicos que preenchem
aqueles requerimentos cristológicos (listados nas páginas 671-672 de sua
Encyclopedia), muitos dos quais são tirados do ritual do santuário e das
festividades cúlticas de Israel. Embora seu desígnio preditivo tenha sido
compreendido por apenas uns poucos israelitas naquele tempo, tais como
Moisés (Êxodo 25:40), seu significado simbólico em relação à maneira
geral substituinte de salvação e sua função como um símbolo da
santificação de Israel a Deus (Salmo Si :7, 16-17) "parecem ter sido bem
compreendidos" pelos santos do Velho Testamento. .
Prestimosa é a distinção entre um símbolo e um tipo: "O símbolo é
um fato que ensina uma verdade moral. O tipo é o fato que ensina uma
verdade moral e prediz alguma efetivação real daquela verdade''.33
A pergunta continua, quais são os controles para o estabelecimento
da tipologia bíblica a fim de evitar especulações e alegorizações fúteis?34
Bernard Ramm enfatiza que o Novo Testamento focaliza sua tipologia
nos grandes fatos de Cristo, na Sua redenção e nas verdades básicas,
espirituais e morais da experiência cristã.35
A tipologia do Novo Testamento não lida com minúcias e
eventualidades, nem ensina correspondência ou identidade completa
entre tipo e antítipo. Conseqüentemente, uma pronunciada dissimilaridade
16. A Interpretação Tipológica 16
entre tipo e antítipo deve ser reconhecida. Ramm por isso conclui: "A
verdade típica está no ponto da similaridade.Um dos erros cardeais em
tipologia é tornar típicos os elementos de dissimilaridade em um tipo".36
Os esforços cristãos para captar o que é realmente essencial na
história da salvação veterotestamentária e distingui-los claramente de
similaridades meramente externas, demanda mais do que uma exegese
puramente histórica pode oferecer. Requer a iluminação e a direção do
Espírito Santo para descobrir o padrão tipológico entre os dois
Testamentos.
A descoberta de um novo padrão tipológico nas Santas Escrituras,
através do qual nossas esperanças de libertação apocalíptica da Igreja de
Cristo são renovadas e fortalecidas, deve ser baseada, por isso, na clara
autoridade do Novo Testamento.37 Os atos salvadores de Deus na história
de Israel devem ser aplicados por um escritor do Novo Testamento à
futura redenção do povo de Cristo por alusões literárias claras ao Velho
Testamento e a uma analogia transparente da estrutura teológica em
relação à história da salvação de Israel.
O Dispensacionalismo e a Tipologia
No dispensacionalismo enfrentamos o fato de que a hermenêutica
do literalismo aceita a tipologia cristã para algumas partes históricas
selecionadas do Velho Testamento. Mas, repentinamente, rejeita cada
aplicação tipológica do concerto de Deus com Israel ao novo concerto de
Cristo com Sua Igreja, bem como, qualquer noção de tipologia nas
profecias de Israel. Isso parece demonstrar um uso arbitrário e
especulativo da tipologia dentro do Velho Testamento.
O dispensacionalista Lewis S. Chafer oferece essa razão por sua
aceitação da tipologia cristã: "Parece razoável supor que quando é feito
um relato do casamento de qualquer homem do Velho Testamento, o
qual em si mesmo é um tipo de Cristo, esse casamento pode ter
significado típico".38 Então apresenta muitos exemplos de uniões
17. A Interpretação Tipológica 17
matrimoniais no Antigo Testamento que são tipológicas da união de
Cristo com a igreja no Novo Testamento, e.g., "Moisés é um tipo de
Cristo como Libertador; dessa forma, Zípora sua esposa, escolhida entre
os gentios enquanto ele estava longe dos seus irmãos, é uma sugestão da
retirada da Igreja durante o período entre os dois adventos de Cristo".39
É difícil ver como Chafer, ao mesmo tempo, pode manter sua tese
de que a Igreja "foi inteiramente imprevista e está completamente
desvinculada de qualquer propósito divino que a preceda ou suceda".40
Um tipo, de acordo com a New Scofield Reference Bible, é "uma
ilustração divinamente pretendida de alguma verdade" (p. 6; ênfase
acrescentada). Se Eva, Rebeca, Zípora, Abigail, Rute e a Sulamita forem
todas reconhecidas como tipos veterotestamentários da Igreja do Novo
Testamento, então é "razoável" concluir que a Igreja de Cristo "não foi
prevista" e está desde o princípio "desvinculada" dos divinos propósitos
de Deus para a humanidade?
Além do mais, não seria justamente razoável aceitar Israel, o povo
do concerto de Jeová, como um tipo do povo de Cristo no novo
concerto? Mas, aqui, o dispensacionalismo repentinamente relembra a
sua hermenêutica básica de literalismo – cujo princípio não é aplicado às
uniões matrimoniais de pessoas simples no Velho Testamento: "Mas,
nenhum concerto ou profecia traz essa nação à cidadania celestial ou à
união matrimonial com Cristo".41
Como esse julgamento pode ser justificado, quando considerada a
esperança de Abraão de uma cidade celestial e a de Israel por um país
melhor (Hebreus 11:10, 16)? Cristo anuncia que Abraão, Isaque e Jacó,
juntamente com muitos crentes gentios, receberão a cidadania celestial
no reino de Deus (Lucas 13:28-29) ou no reino dos céus (Mateus 8:11;
cf. Hebreus 11:39-40).
A rejeição de Chafer da união matrimonial de Israel com Cristo,
tampouco é justificada. Primeiramente, quatro profetas do Velho
Testamento descrevem o relacionamento de concerto entre Jeová e Israel
18. A Interpretação Tipológica 18
em termos de uma união matrimonial: Oséias (2:7, 16, 19-20), Isaías
(54:5-8), Jeremias (3:8) e Ezequiel (16).
O apóstolo Paulo aplica o motivo matrimonial à relação de Cristo
com sua Igreja: "Visto que vos tenho preparado para vos apresentar
como virgem pura a um só esposo, que é Cristo" (2 Coríntios 11:2). A
New Scofield Reference Bible, no entanto, conclui: "Israel será a esposa
terrena do Senhor (Oséias 2:23); a Igreja, a noiva celestial do Cordeiro
(Ap 19:7)" (p. 920). Essa concepção antevê que a divindade tem duas
diferentes noivas em dois diferentes lugares.
Não obstante, em relação à visão apocalíptica de João da descida da
nova Jerusalém do céu à Terra (Apocalipse 21:2), lemos no comentário
da Scofield: "A nova Jerusalém é o lugar de habitação dos santos de
todas as eras através da eternidade e cumpre a esperança de Abraão
quanto à cidade celestial (Hebreus 11:10-16; Hebreus 12:22-24)" (p. 1375).
Este comentário não admite que tanto os redimidos de Israel quanto
os da Igreja serão reunidos em um só rebanho sob um único Pastor em
um só lugar (comparar João 10:14-16 com Isaías 56:8)? A unidade
orgânica do Israel espiritual e dos gentios espirituais em Cristo não está
expressa pela combinação dos nomes das doze tribos e dos doze
apóstolos na estrutura da nova Jerusalém [Apocalipse 21:12, 14)?
O dispensacionalismo legitimamente rejeita uma identificação ou
equação não histórica da nação de Israel com a Igreja do novo concerto.
Contudo, conclui que tanto um quanto o outro estão basicamente
separados por diferentes propósitos e promessas. Ele nunca considera
qualquer ligação tipológica entre o Israel de Deus e a Igreja. Enquanto
aceita os tipos messiânicos no Velho Testamento em relação a Cristo e a
Igreja42, rejeita o velho concerto como um tipo cio novo concerto e Israel
como um tipo da Igreja.
Interpretar a Igreja como "um novo Israel espiritual" é considerado
por Ryrie uma "interpretação tipológica artificial"43 porque conflita com
o literalismo. Ele declara: "Levar esta designação Israel para os crentes
19. A Interpretação Tipológica 19
na Igreja não é autorizado pelo Novo Testamento... Os crentes, como um
grupo, não são chamados de Israel espiritual".44
No entanto, o dispensacionalista Charles F. Baker argumenta
fortemente contra Scofield e Ryrie, de que a Igreja de Cristo e os
apóstolos (sem Paulo) eram Israel como uma Igreja do Novo Testamento
(Mateus 16:18; 18:17; Atos 2:47), que ele chama de "Igreja do Reino" e
separa completamente do "Corpo da Igreja", criado pelo apóstolo Paulo
(Efésios 3:9).45 Baker insiste que a Igreja do reino (de Mateus 16:18) já
existia no dia de Pentecostes em Atos 2, porque milhares de novos
crentes foram simplesmente "acrescentados" à Igreja de Cristo (Atos
2:41, 47).
A igreja do reino de Cristo era "a ekklesia israelita da profecia",
porque o apóstolo Pedro, cheio do Espírito Santo, declarou "que todas as
coisas que estavam acontecendo em ligação com aquela ekklesia era em
cumprimento de tudo o que os profetas haviam falado desde o início do
mundo" (Atos 3:21).46 Nós concordamos de coração com a resposta de
Baker a Ryrie. Por outro lado, Baker desenvolve uma distinção
indefensável e aguda quando separa a Igreja do "reino" de Cristo, do
"Corpo" da Igreja de Paulo:
A verdade a respeito do Corpo de Cristo foi um segredo guardado de
todas as eras e gerações passadas (Efésios 3:9) e por isso, deve
necessariamente ser algo diferente daquilo que foi o objeto de todos os
pronunciamentos proféticos da antiguidade. Dessa maneira, a verdadeira
distinção dispensacionalista que deve ser feita é entre a ekklesia israelita da
profecia e a ekklesia do Corpo de Cristo do mistério, ambas as quais são
encontradas no livro chamado o Novo Testamento).47
Essas distinções e dilemas dispensacionalistas são o resultado de
inferências injustificadas e um literalismo que perde a visão da tipologia
teológica entre o Israel de Deus e a Igreja de Cristo no único e contínuo
plano de Salvação arquitetado por Deus para toda a humanidade.
O dispensacionalismo opera sob o uso reduzido da tipologia
messiânica no qual as aplicações cristológicas dos tipos do Velho
20. A Interpretação Tipológica 20
Testamento são aceitas, mas as aplicações eclesiológjcas da missão e do
mandato de Israel são negadas e rejeitadas.
A tipologia do Novo Testamento não cria essa dicotomia entre
Cristo e o Israel de Deus. A questão central do evangelho
neotestamentário e sua esperança profética repousam no fato de que a
Igreja de Cristo é indicada para cumprir o propósito divino da eleição de
Israel: ser uma luz salvadora para os gentios. Os apóstolos Paulo e
Barnabé viam a sua missão e mandato evangelísticos expressos no
chamado de Deus a Israel (Atos 13:47; cf. Isaías 49:6). O escopo total da
tipologia do Novo Testamento pode ser sumariado como segue:
É Jesus Cristo que provê em primeiro lugar o antítipo dos tipos do
Velho Testamento; juntamente com ele também podemos mencionar o oficio
apostólico em 2 Coríntios 3:7vv, os sacramentos em 1 Coríntios 10:1vv, e a
experiência da graça e julgamento pelos cristãos como o povo do novo
concerto em 1 Pedro 1:5, 9; Apocalipse 1:6; e 1 Coríntios 10:6. Todos esses
casos não são questões subordinadas e insignificantes, mas são elementos
centrais na realização da salvação.48
Na tipologia bíblica não é somente Cristo que é o antítipo, mas
Cristo e Seu povo fundidos em uma unidade indissolúvel e orgânica no
propósito salvador de Deus para o mundo.49
A Tipologia na Escatologia Profética
Correspondências teológicas foram já anunciadas em princípio
pelos profetas de Israel, muito embora eles puderam ver apenas uma
pequena porção de toda a história da salvação. Escreveram suas
profecias preditivas na convicção de que os atos de Deus de libertação e
julgamento no passado seriam repetidos em essência, porque Deus
permanece fiel a Si mesmo e ao Seu concerto (Deuteronômio 7:9). Seus
atos seriam repetidos numa escala mais ampla e universal, e mais
gloriosamente do que nunca.50
Os profetas retratam o reino futuro de Deus na terra com motivos e
imagens pictóricas derivadas da Sua perfeita criação no Paraíso
21. A Interpretação Tipológica 21
(comparar Gênesis 2 com Isaías 11:6-9; 35; 65:23-25; Ezequiel
34:25-30; 36:35). Em adição, Isaías prediz o futuro livramento de Israel
do cativeiro assírio-babilônico em termos de um novo e maior Êxodo
(Isaías 43:16-19; 51:10-11; 52; 11:15).
Além do mais, Isaías, Jeremias e Ezequiel predisseram a vinda de
um Messias davídico que governaria Israel e as nações em paz e justiça.
Seria um Rei como Davi, mas muito maior do que ele (Isaías 9:1-7;
11:1-9; 55:1-5; Jeremias 23:5-6; 30:9; 33:14-18; Ezequiel 34:23-3l; 37:24-28).
Há mais exemplos da profecia tipológica veterotestamentária
anunciando a vinda de um novo Melquisedeque (Salmo 110), um novo
Moisés (Deuteronômio 18:15-19), um novo Elias (Malaquias 4:5), um
novo templo (Ezequiel 41-48), um novo concerto Jeremias 31:31-34) e a
recriação de um novo povo (Isaías 65:17vv; 66:22; Ezequiel 36:26;
37:11-14).51
Constantemente, os profetas do Velho Testamento expressavam
suas esperanças no futuro em termos dos atos de Deus no passado, que
não obstante, excederiam em glória, qualquer coisa experimentada
anteriormente. Os profetas relembravam os grandes atos divinos de
outrora, a fim de assegurar a Israel os grandes atos de Deus no futuro.
Por isso, as profecias do Velho Testamento são "ao mesmo tempo,
indissoluvelmente, memoriais e preditivas".52
Sumariando, o futuro profético do Velho Testamento é
caracterizado por dois aspectos: (1) Deus agirá no futuro de acordo com
os princípios de Sua ação no passado; (2) Ele assim fará, numa escala
sem precedentes e gloriosa através do Messias na vinda da era
messiânica.
A retratação profética do futuro reino de Deus por meio do estilo
literário de uma escalada "típica" de Suas ações passadas demonstram
que a hermenêutica dispensacionalista de "absoluto literalismo"
(Scofield) para a interpretação profética é inadequada e abortiva.
O problema com o literalismo dispensacionalista não está no seu
exemplo do cumprimento concreto-histórico e visível da profecia de
22. A Interpretação Tipológica 22
Israel, mas o seu literalismo está muito destituído da proeminência
transcendente e da transformação gloriosa do futuro cumprimento da
profecia na história humana.
A projeção literal para o futuro das palavras da profecia é apenas o
que os olhos humanos já contemplaram, mas "Nem olhos viram, nem
ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus
tem preparado para aqueles que o amam" (1 Coríntios 2:9, aplicando
Isaías 64:4).
Contra toda espiritualização e alegorização abstrata, afirmamos um
cumprimento literal e histórico da profecia veterotestamentária.
Deveríamos ser cuidadosos, contudo, para não sermos apanhados nas
malhas de um falso dilema, como se tivéssemos que escolher entre duas
posições extremas: o literalismo ou o alegorismo.
A estrutura tipológica é o estilo da esperança e da profecia bíblica.53
De fato, todo o conceito do pensamento tipológico, com o seu progresso
histórico do tipo para o antítipo superior, "brotou pela primeira vez
(Velho Testamento) na escatologia profética'' (L. Goppelt).54
A "tipologia" nascente na profecia do Velho Testamento não está
enraizada no disseminado pensamento cíclico das nações pagãs
circunvizinhas, as quais antecipavam que a última geração na trajetória
cósmica automaticamente corresponderia à primeira geração. O conceito
de uma recorrência literal do passado na geração futura é um motivo
pagão que foi sobrepujado pela abordagem tipológica da profecia
veterotestamentária.
A promessa de futura renovação de Israel está enraizada na
fidelidade de Deus de sua eleição deste, para abençoar todas as famílias
da terra que caíram em maldição (Gênesis 12:2-3; Isaías 42-53;
especialmente 45:22). Não apenas o propósito de Deus será cumprido na
continuidade de Seus atos redentores no passado, mas a restauração
vindoura "não corresponde exatamente ao que ocorreu anteriormente,
porém o transcende" (Goppelt).55
23. A Interpretação Tipológica 23
Assim como os antítipos do Novo Testamento estão num nível mais
alto de glória em Cristo do que os seus tipos no Velho Testamento, a
tipologia profética de Israel prevê uma história sagrada numa chave mais
ampla de um radical recente, de uma nova criação.
O profeta do Velho Testamento não é um adivinho com uma
mensagem fixa que mais tarde pode ser autenticada em termos de uma
correspondência factual com um conjunto de fatos preditos. Como
Senhor da História e da profecia, Deus tem o direito de interpretar as
Suas promessas através dos seus cumprimentos, "e as suas interpretações
podem ser cheias de surpresas, até mesmo para os próprios profetas" (W.
Zimmerli).50
A noção de "transcendência" e "transformação" no cumprimento
tipológico é basicamente a mesma para a categoria de "recente" na
escatologia profética de Israel. A tipologia e a profecia são irmãs
gêmeas, ambas indicando o Grande Dia do Senhor, a gloriosa
consumação de todas as promessas do concerto divino. Sua conexão
interna pode ser explicada como segue: "A tipologia difere da profecia,
no estrito sentido do termo, apenas no modo da predição. A profecia
prediz principalmente por meio de palavra, enquanto a tipologia, prediz
por instituição, ato ou pessoa".57
. Os eruditos bíblicos afirmam que os tipos genuínos são "símbolos
proféticos'' (B. Ramm), "profecia representada'' (J. B. Payne), "uma
espécie de profecia preditiva", "cada porção, tão preditiva quanto os
pronunciamentos verbais da profecia preditiva" (S. N. Gundry).58
A tipologia enfatiza o concreto, a natureza histórica do futuro
prometido. A profecia, por outro lado, "torna explícito o que está
freqüentemente apenas implícito e simbólico na tipologia, e evita o senso
de 'repetição' reincidindo na fuga pagã da histórica cíclica".59 O profeta,
olhando com fé para o futuro, era um "tipologista", diz Lampe60, porque
baseava sua fé nos atos passados de Deus (e.g. a libertação do êxodo).61
A profecia correlaciona predição e cumprimento. Além disso, a
profecia expressa o seu incansável progresso da sua realização inicial a
24. A Interpretação Tipológica 24
um cumprimento mais pleno. A correlação tipológica do tipo e antítipo é
por isso considerada uma parte da escatologia do Velho Testamento. "A
tipologia pertence em princípio à profecia; ela está estreitamente ligada
com a esperança escatológica e deve ser explicada a partir das mesmas
forças fundamentais da profecia".62
Tentar interpretar as retratações proféticas da era messiânica pelo
princípio racionalista de "literalismo absoluto", como se tais quadros
fossem partes de um quebra cabeças63 ou fotografia instantânea de
antemão, é tão inadequado quanto construir em detalhes as glórias do
antítipo (e.g., o Messias, o remanescente apostólico, a reunião final de
Israel) apenas a partir de seu tipo veterotestamentário ou a realidade a
partir de sua sombra.
Os cumprimentos divinos dos tipos e profecias fragmentários de
Israel são sempre cheios de surpresa e de inesperados, pois Jeová
permanece o Senhor sobre a maneira na qual a Sua vontade deve ser
realizada. Essa nova maneira surpreendente é revelada no Novo
Testamento e o reconhecimento dessa diretriz do Velho Testamento para
a história messiânica do Novo, distingue a exegese cristã da exegese
literalista do Velho Testamento.
O cristão ouve a Bíblia "estéreo-foneticamente" – isto é, a ambos os
Testamentos da Santa Escritura – porque a revelação de Deus nos dois
Testamentos é consistente e basicamente uma. A tipologia cristã é a
expressão da convicção de que a História está sob o controle de Deus e
se movimenta adiante para a gloriosa consumação das promessas divinas
através de Jesus Cristo.
A tipologia bíblica não está confinada ao período desta geração,
mas interessa também ao reino de Deus na era vindoura e à renovação de
toda a criação. Em outras palavras, a tipologia também tem uma
dimensão e um cumprimento apocalíptico definidos em conexão com o
glorioso segundo advento de Cristo.64
25. A Interpretação Tipológica 25
Referências Bibliográficas:
1. Ver H. D. Preuss, Jahweglaube und Zukunftserwartung, BWANT 7
(Stuttgart: Kohlhammer Verlag, 1964), especialmente as páginas 205-214.
W. C. Kaiser, Jr., Toward an Old Testament Theology (Grand Rapids,
Mich.: Zondervan, 1978), mostrou que todo o Velho Testamento centraliza-
se em torno do cerne sempre em expansão e constante: a promessa de Deus.
2. C. T. Fritsch, "Principles of Biblical Typology", BSac 104 (1947):
214.
3. Ibid., p. 230.
4. Ibid., p. 215.
5. Cf. L. Goppelt, Typos. Die Typologigische Deutung dês Alten
Testaments im Neuen (Darmstadt: Wissensch. Buchg., 1969; reimpressão
de 1939), pp. 286, 240. R. T. France, Jesus and the Old Testament
(London: Tyndale, 1971), capítulo 3.
6. Ver Goppelt, Typos, especialmente as páginas 239-249.
7. Ibid., p. 239 (tradução do autor).
8. Ryrie, The Basis of Premillennial Faith, p. 43, reconheceu que "que
Israel tipifica a igreja."
9. Ver C. T. Fritsch, "Biblical Typology: Typological Interpretation in
the New Testament", BSc; 104 (1946): 87-100.
10. H. Meuller in NIDNTT, Vol. 3, P. 905. e. e. Ellis, Prophecy and
Hermeneutics in Early Christianity (Grand Rapids, Mich.: Wm. B.
Eerdmans Pub. Co., 1978), p.168, refere-se a uma "tipologia do
julgamento" mais ampla no Novo Testamento.
11. P Fairbain, The Apology of Scripture, vol. 2 (Grand Rapids, Mich.:
Baker Book House, 1975, reimpressão de 1900), p. 65. E. E. Ellis,
(Prophecy and Hermeneutics in Early Christianity p. 66) afirma: "A
tipologia do concerto aborda a totalidade do Velho Testamento como
profecia.
12. TDNT, vol. 8, p. 253.
26. A Interpretação Tipológica 26
13. C. T. Fritsch, "Para "Antitypon", em Studia Biblica et Semitica.
Festschrift por TH. C. Vriezen; W. C. van Unnik, ed. (Wageningen: H.
Veeman, 1966), p. 101.
14. Ladd, The Last Things, p. 18. Também, F. F. Bruce, New Testament
Developments of Old Testament Themes (Grand Rapids, Mich.: WWm. B.
Eerdmans Pub. Co., 1970), p. 19.
15. Cf. S. Kistemaker, The Psalm Citations in the Epistle to the
Hebrews (Amstedam G. van Soest, 1961), p. 132. Também H. J. Kraus,
Psalmen BKAT XV/2 (Neukirchener: Verlag, 1972) pp. 752-764.
16. Ver C. H. Dodd, According to the Scripture: The Substructure of
New Testament Theology (London: Nesbet, 1952), p. 35. Cf. o índice de
citações do Salmo 110 em The Greek New Testament, K. Aland, et al., eds.
(London: United Bible Society, 1966), p. 908.
17. J. F. Walvoord cita H. A. Ironside para uma quantidade das assim
chamadas lacunas ou intervalos "no programa de Deus", entre os quais
haveria "um grande parêntesis entre o Salmo 110:1 e 110:2" (em BSac 101
[1944]:47).
18. A New Scofield Reference Bible comenta sobre Apocalipse 3:21 que
esta passagem conclusiva de que Cristo não está agora assentado sobre o
Seu trono" (p. 1355), de forma que o Concerto davídico e "o reino
messiânico estão esperando o seu cumprimento" (pp. 355-56).
19. Cf. Goppelt, TDNT, vol. 8, p. 259.
20. Ver F. Foulkes, The Acts of God: A Study of the Basis of Typology
in the Old Testament (London: Tyndale, 1955).
21. France, Jesus and the Old Testament, p. 43.
22. Goppelt, Typos, pp. 244, 277vv.
23. A conclusão da dissertação de S. Kistemaker, The Psalm Citations
in the Epistle to the Hebrews (Free University, Amsterdam, 1961:
publicado por G. van Soest [Amstedam], 1961, confirma esse fluxo
retrospectivo na tipologia: "O autor de Hebreus interpretava as passagens
das Escrituras apenas à luz do cumprimento do Velho Testamento" (p. 90).
24. Bright, The Authority of the Old Testament, p. 92. France, Jesus
and the Old Testament, pp. 41-42. Foulkes, The Acts of God, pp. 38-40.
27. A Interpretação Tipológica 27
25. Foulkes, The Acts of God, pp. 38, 39. .
26. R. C. Dentan, "Typology – Its Use and Abuse", Anglican
Theological Review 34 (1952); 211-217; citação da página 215.
27. G. W. H. Lampe, "Typological Exegesis", Theology 16 (1953):
201-208.
28. Jean Daniélou, Sacramentum Futuri. Études sur lês Originnes de la
Typologie Biblique (Paris: Beauchesne, 1950), pp. 52, 143.
29. Thomas de Aquinas, Summa Theologica, tradução Fathers of
English Dom. Prov. (New York: Benziger Brothers, 1947), Ia, q. 1, art. 10.
Cf. Robert A. Markus, "Presuppositions of the Typological Approach to
Scripture", Church Quarterly Review 158 (1957): 442-451. Também Jean
Daniélou. Dieu Vivant, p. 151, como citado por W. Eichrodt. "Is
Typological Exegesis an Appropriated Method?" em EOTH, p. 242. E. C.
Blackman, "Return of Typology?", Congressional Quarterly 32 (1954):
53-59. Oscar Cullmann, Salvation in History (New York: Harper, 1967), p.
133.
30. H. W. Wolff, "The Hermeneutics of the Old Testament", em EOTH,
P. 189.
31. D. A. Hagner, "The Old Testament in the New Testament", em
Interpreting the Word of God, ed. S. J. Schultz and M. B. Inch (Chicago:
Moody Press, 1976), p. 94.
32. D. L. Baker. "Typology and the Christian Use of the Old
Testament". Scottish Journal of Theology, 29 (1976): 137-157; citação da
página 155.
33. Davidson, Old Testament Prophecy, p. 229.
34. Semelhantes aqueles da Epístola de Barnabé (Ver Goppelt. Typos,
pp. 245-248), e da Escola Cocceiana (ver Fairbaim, The Typology of
Scripture, vol. 1, pp. l -14).
35. Ramm, Protestant Biblical Interpretation, pp 229vv.
36. Ibid.
37. Gerhard F. Hasel. New Testament Theology: Issues in Debate
(Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1978), pp. 190-193.
38. Chafer, Systematic Theology, vol. 4, p 137.
28. A Interpretação Tipológica 28
39. Ibid.
40. Ibid., vol. 5. p. 348.
41. Ibid., vol. 4, p. 142.
42. A NSRB até mesmo afirma, "Arão e seus filhos tipificam a Cristo e
aos crentes da era da Igreja (Ap. 1:6; 1 Pe 2:9)", pp. 106,107.
43. Ryrie, Dispensacionalism Today, pp. 149, 154, 190.
44. Ibid., pp. 144, 150.
45. Charles F. Baker. A Dispensational Theology (Grand Rapids, Mich.:
Grace Bible College Pub., 1972), pp. 470f, 500, 508, 527, 655. Ele mantém
que os israelitas espirituais entre o Israel ético eram também uma "igreja"
no Velho Testamento, "a Igreja israelita".
46. Ibid., pp. 47i. 497-500.
47. Ibid., p. 471.
48. W. Eichrodt, "Is Typological Exegesis an Appropriate Method?".
em EOTH, p 226.
49. Ver H. W. Wolff, "The Old Testament in Controversy:
Interpretative Principles and Illustrations", Interpretation 12 (1958):
281-91.
50. Ver Foulkes, The Acts of God. Daniélou, Sacramentum Futuri;
English Translation, From Shadows to Reality, (Westminster, Md.:
Newman, 1960). S. Amsler, "Prophetie et Typologie", Revue de Theol. Et
de Phil. 3 (1953): 139-148.
51. Foulkes, The Acts of God, pp. 23-33. Goppelt, TDNT, vol. 8, p. 254.
Fritsch, "Biblical Typology", pp. 91-100.
52. Daniélou, Sacramentum Futuri, p. 4.
53. Cf. Marakus. "Presuppositions of the Typological Approach lo
Scripture", pp. 442-451. S. Amsler. "Prophetie et Typologie", pp. 139-148.
54. Goppelt, TDNT, vol. 8, p. 254.
55. Ibid., Cf. Foulkes. The Acts of God, pp. 22, 32. G. W. H. Lampe,
"Hermeneutics and Typology", London Quarterly and Holburn Review,
190 (1965): 17 -23.
56. W. Zimmerli, "Promise and Fulfillment", em EOTH, pp. 106-107.
29. A Interpretação Tipológica 29
57. Fritsch. "Principle of Biblical Typology". BSac 104 (1947): 215.
Cf. Art Moorehead, "Type", em ISBE, vol. 5.
58. S. N. Gundry. "Typology as a Means of Interpretation: Past and
Present", JETS 12 (1969); 233-240: citação da página 237. Cf. Fritsch,
"Biblical Typology". p. 90. Terry, Biblical Hermeneutics, p. 248. Berkhof,
Principles of Biblical Interpretation, pp. 144-145.
59. H. d. Hummel, "The Old Testament Basis of Typologica1
Interpretation", Biblical Research 9 (1964): 38-50; citação da página 49.
60. Lampe, "Hermeneutics and Typology", p. 24.
61. Ver B. W. Anderson, "Exodus Typology in Second Isaiah", em
Israel Prophetic Heritage, ed. B. W. Anderson and W. Harrrelson (New
York: Harper, 1962), capítulo 12.
62. Eichrodt, "Is Typological Exegesis an Appropriate Method?", em
EOTH, p. 234. cf. Ramm, Prophetic Biblical Interpretation, p. 239.
63. Ver T. Boersma, Is the Bible a Jigsaw Puzzle? An Evaluation of
Hal Lindsay's Writings (St. Catharines, Ontario, Canada: Paideia Press,
1978).
64. Goppelt, Typos, p. 248. Cf. o seu "Apokalyptik und Typologie bei
Paulus", ThLZ 89 (1964): 321-344; também o seu Typos, pp. 259-299. Ellis,
Prophecy and Hermeneutics in Early Christianity, pp. 168-169. R. H.
Smith, "Exodus Typology in the Fourth Gospel", JBL 81 (1962): 324-342.
M. D. Goulder, Type and History in Acts (London: S.P.C.K., 1964),
capítulo 1, "The Typological Method", R. E. Nixon, The Exodus in the New
Testament (London: Tyndale, 1962), pp. 29-32. Ver também o importante
estudo de R. M. Davidson, Typology in Scripture, Andrews University
Seminary Doctoral Dissertation Series, vol. 2 (Berrien Springs, Mich.:
Andrews University Press, 1981), especialmente as páginas 396-408.