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A IGREJA E ISRAEL EM ROMANOS 9-11

     A doutrina da Igreja é de importância decisiva no
dispensacionalismo. A igreja é considerada distinta de Israel e não um
novo Israel espiritual.1 Deus tem diferentes propósitos e programas para
Israel e a Igreja "dentro de Seu plano geral." C. C. Ryrie afirma
claramente: "A Igreja não está cumprindo em qualquer sentido as
promessas de Israel...A era da igreja não é vista no programa divino para
Israel. Ela é uma intercalação".2 O Novo Testamento não "as relaciona
[as promessas divinas a Israel] com a Igreja".3 "E tudo isso", afirma ele,
"é construído sobre um estudo indutivo do uso de duas palavras ["Israel''
e "igreja'], não um esquema superposto na Bíblia''.4 E conclui:
      O uso das palavras Israel e Igreja mostra claramente que no Novo
Testamento o Israel nacional continua com suas próprias promessas, e a
Igreja nunca é equacionada com um assim chamado "novo Israel", mas é
cuidadosa e continuamente distinguida como uma obra separada de Deus
nesta geração.5
     Podem essas asserções ser demonstradas a partir do Novo
Testamento, usando o método exegético histórico-gramatical, como o
dispensacionalismo reivindica? Quais são as regras de tal exegese?

             O Papel do Contexto nas Distinções Bíblicas

     Um princípio básico de exegese, algumas vezes ignorado nas
construções doutrinárias, é o papel determinante do contexto, permitindo
que cada texto ou termo receba o seu significado literal a partir de seu
próprio contexto imediato. Está sempre presente o perigo de que o
intérprete superponha o significado de um termo em um contexto
histórico sobre o mesmo termo em um contexto histórico diferente da
Escritura. É claro que quando dois textos aparentemente se contradizem,
cada um precisa ser compreendido a partir de seu próprio contexto
histórico e literário (ver por exemplo, Romanos 3:28 e Tiago 2:24).
A Igreja e Israel em Rom. 9-11                                         2
     Assim, o termo "Israel" como usado na carta de Paulo aos Romanos
deve ser determinado pelo contexto deste livro e o seu uso do mesmo
termo na carta aos Gálatas; deve ser compreendido pelo contexto de
Gálatas. Esses diferentes contextos históricos diferem consideravelmente
e não podem ser ignorados ou negados por causa da uniformidade da
construção doutrinária. Isso seria uma exegese forçada e dogmática que
já não está aberta às nuanças dos contextos bíblicos.

                  "Israel" no Contexto de Romanos

      Parece evidente que em Romanos 9-11, Paulo está especialmente
preocupado com os seus compatriotas, "o povo de Israel" (9:3, 4). Além
de se referir com freqüência ao Israel étnico fora da Igreja, ele também
distingue entre os judeus crentes em Cristo e os gentios crentes dentro da
Igreja (Romanos 11:5, 13). Porque essa distinção dentro da igreja de
Roma? Será que ele fazia distinção entre Israel e os gentios sob o
princípio de que Deus tem duas espécies de povo, cada um com uma
diferente promessa e destino escatológico? A evidência interna aponta
para o contrário. Por exemplo, Paulo adverte as duas facções dentro da
igreja de Roma, judeus e gentios, para não se ufanarem um contra o
outro quanto a alguma alegada superioridade ou prerrogativa (ver
Romanos 11:18, 25; 12:3).6 A diferenciação de Paulo de origens étnicas
dentro da comunidade cristã não o levou a fazer distinção entre as
promessas do concerto para Israel e para os gentios. O caso é exatamente
o contrário. O objetivo da epístola de Paulo é lembrar a igreja do
propósito original da eleição de Israel: ser uma bênção para todos os
gentios do mundo ao compartilhar com eles a luz salvadora de Deus e do
Messias de Israel (Isaías 42:1-10; 49:6).
      Contra o pano de fundo desse plano divino, Paulo relata o
surpreendente fato de "Que os gentio, que não buscavam a justificação,
vieram a alcançá-la, todavia, a que decorre da fé [em Jesus como
Messias]; e Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa
A Igreja e Israel em Rom. 9-11                                        3
lei" (Romanos 9:30, 31). O teste decisivo para permanecer na adequada
relação de concerto com Deus é, por isso, exercer fé em Cristo, agora
como o Messias de Israel (Romanos 9:33). Apenas essa fé assegura as
bênçãos do concerto. A Igreja não tem acesso a Deus através de outro
pacto a não ser o novo concerto prometido ao fiel remanescente de Israel
(Romanos 9:24-29).
      Ellen G. White reconhece essa abertura fundamental do concerto
divino com Israel para os gentios:
      As bênçãos assim asseguradas a Israel são, nas mesmas condições e
no mesmo grau, asseguradas a toda nação e a cada indivíduo sob o vasto
céu.7
     Em Romanos 9-11, Paulo alcança o clímax de sua epístola8 em sua
exposição de como os crentes gentios se relacionam ao Israel de Deus.
Ele retrata a conversão de gentios a Cristo como o enxerto dos ramos da
oliveira brava (gentios) no tronco da oliveira do Israel de Deus
(Romanos 11:17-24). Dessa forma, ele visualiza a unidade espiritual e a
continuidade do concerto divino com Israel e o Seu novo concerto com a
Igreja de Cristo. Através da fé em Cristo, os gentios estão legalmente
incorporados na oliveira, o povo do concerto de Deus, e partilham da
raiz de Abraão (verso 18). A lição da parábola da oliveira cultivada em
Romanos 11 é que a Igreja vive da raiz e do tronco do Israel do Velho
Testamento (Romanos 11:17-18).
     A preocupação especifica de Paulo em Romanos 11 é, contudo, a
revelação de um "mistério" divino concernente ao Israel étnico:
      Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não
sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a
Israel, até que haja entrado a plenitude [o pleroma] dos gentios. E, assim,
[boutos, desse modo] todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de
Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades (Rom. 11:25, 26).
     Muitos comentaristas concordam que Paulo aqui coloca a salvação
do Israel étnico em uma inter-relação dinâmica [boutos] com a salvação
dos gentios. Ele antecipa uma interação entre a salvação de "todo Israel",
ou sua "plenitude" (Romanos 11:26, 12) e a reunião da plenitude dos
A Igreja e Israel em Rom. 9-11                                      4
gentios com Cristo (Romanos 11:25). Paulo não sugere uma ordem de
sucessivas dispensações, mas vê muitos judeus respondendo
favoravelmente à salvação de muitos gentios que se regozijam na
misericórdia de Deus através de Cristo. Descreve o seu relacionamento
misterioso com uma perspectiva apocalíptica, embora reconheça também
a necessidade de um cumprimento presente (três vezes: "agora"):
     Assim como vocês [cristãos gentios] que uma vez foram desobedientes
a Deus, agora receberam misericórdia como resultado da desobediência
deles [judeus que rejeitaram a Cristo], assim eles também têm agora se
tornado desobedientes, a fim de que possam agora receber misericórdia
como resultado da misericórdia de Deus para como vocês. Pois Deus
colocou todos os homens sob desobediência para que tenha misericórdia de
todos (Romanos 11:31, 32; NIV, ênfase acrescentada).
     Pode-se observar neste clímax admirável uma surpreendente
interdependência da salvação dos judeus e dos gentios. Como um erudito
adequadamente afirma: "Deus não garante nenhuma misericórdia a Israel
sem os gentios, mas nem o faz aos gentios sem Israel".9
     Arrebatado por essa fantástica visão da fidelidade de Deus às
promessas de Seu concerto com Israel, a despeito da infidelidade deste –
o chamado divino a Israel é "irrevogável" (11:29) – Paulo abre uma
surpreendente perspectiva do propósito salvador de Deus para a raça
humana como um todo. A misericórdia divina fluiu de Israel para os
gentios, a fim de que "todo Israel" fosse desperto para também ansiar a
mesma misericórdia que os gentios regozijam. Na visão de Paulo, Israel
não caiu além da recuperação. "De modo nenhum! Mas, pela sua
transgressão, veio a salvação aos gentios, para pô-los em ciúmes"
(Romanos 11:11; ênfase acrescentada). É a intenção de Deus trazer Israel
de volta a Si por meio da Igreja de Cristo. Essa maneira de salvar muitos
judeus do Israel étnico para Cristo é parte do maravilhoso "mistério"
divino.
     Apenas nessa interdependência entre Israel e a Igreja, o mesmo
evangelho de salvação – justificação pela graça através da fé em Cristo –
pode ser mantido para todos os homens. É necessário enfatizar:
A Igreja e Israel em Rom. 9-11                                              5
      Não há nenhuma indagação de outra conversão a não ser daquela que
resulta da pregação do evangelho na história (cf. capítulos 10:14 vv; 11:11,
14, 22) e da atividade presentemente chegada até eles a partir do mundo
gentílico crente (capitulo 11:31).10
     Por essa razão a Igreja é chamada para estar ativamente envolvida
no evangelho aos judeus. E. G. White encoraja os cristãos a
testemunharem ao povo judeu e esperar as bênçãos divinas.
     É chegado o tempo de conceder luz aos judeus. O Senhor quer que
encorajemos e sustenhamos os homens que labutarão nas vias correras por
este povo, pois deve haver uma multidão convencida da verdade que tomará
a sua posição ao lado de Deus. É chegado o tempo quando deve haver
tantos convertidos em um dia quanto ocorreu no dia de Pentecostes, depois
que os discípulos receberam o Espírito Santo.11
     Como o dispensacionalismo conecta a esperança Paulina para o
Israel étnico com a pregação do evangelho da cruz de Cristo, quando o
seu axioma afirma que "a glória de Deus deve ser realizada não apenas
na salvação, mas também no povo judeu"?12 Como Israel será salvo, de
acordo com a escatologia dispensacionalista? Esta pergunta é
incisivamente feita por Bruce Corley:
     Devemos esperar por um milagre apocalíptico a ocorrer sete anos
depois que a "plenitude dos gentios" tenha sido arrebatada do mundo? Os
judeus virão por tratamento preferencial ou através da justificação pela fé? A
primeira opinião fere o coração do evangelho Paulino.13
     Paulo não admite outro caminho para "todo Israel" ser salvo, a não
ser através do qual todos os gentios são salvos: pela fé em Cristo, pela
confissão do coração de que Jesus é o Senhor ressurreto de Israel (10:9,
10). Ele explicitamente afirma as condições divinas para a salvação de
Israel: "Eles também, se não permanecerem na incredulidade, serão
enxertados; pois Deus é poderoso para os enxertar de novo" (11:23;
ênfase acrescentada). O Israel étnico chegou a reivindicar amplamente as
promessas do concerto divino ao confiar no seu relacionamento
consangüíneo com o pai Abraão e, dessa maneira, esperava as bênçãos
escatológicas de Deus como uma garantia incondicional (ver Mateus
3:7-9; João 8:33-34).
A Igreja e Israel em Rom. 9-11                                        6
     Contra essa atitude de ufanar-se na vantagem étnica de Israel (ver
Romanos 2:25-29), o apóstolo proclama urgentemente:
     Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o
Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: Todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Romanos 10:12, 13; cf.
3:22-24).
      O apóstolo remove toda a distinção teológica entre judeus e gentios
perante Deus, porque "Cristo é tudo em todos" (Colossenses 3:11; cf.
Gálatas 3 :26-29). A atitude de Paulo de cortar as arestas do Israel
natural é devido ao fato de que a justiça própria da religião israelita, de
fazer reivindicação perante Deus enquanto rejeitando a Cristo e Seu
evangelho do reino (Romanos 9:31-10:4), foi a própria causa de sua
queda e rejeição (Romanos 11:11, 15). Mas isso não significa que Deus
rejeitou a Seu povo Israel (Romanos 11:11)!

    A Aplicação de Paulo da Teologia do Remanescente de Israel

      O apóstolo apela para as bem conhecidas promessas dos profetas
israelitas quanto ao "remanescente", para manter a sua tese de que as
promessas do concerto divino não falharam, embora Israel como uma
nação fracassou em aceitar a majestade de Jesus Cristo. "E não pensemos
que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são,
de fato, israelitas" (Romanos 9:6). Assim, Paulo continua a distinção
veterotestamentária de um Israel espiritual dentro da nação israelita. Os
profetas chamavam esse Israel espiritual de "o remanescente", e ele
deveria ser o depositário das promessas do concerto divino. No
remanescente fiel, Israel continuou sempre como o povo de Deus na
história da salvação. Deus proveu um remanescente fiel por Sua graça
soberana e assim mostrou que em cada julgamento sobre Israel Ele não
rejeitou aqueles que confiaram nEle e O obedeceram. As promessas do
concerto divino nunca podem ser usadas como reivindicações fora de
uma vida de obediência por fé no relacionamento com o Senhor. As
A Igreja e Israel em Rom. 9-11                                           7
promessas divinas e a fé de Israel são inseparáveis e pertencem uma a
outra, como afirma Paulo, "Essa é a razão por que provém da fé, para
que seja segundo a graça" (Romanos 4:16).
     O dispensacionalismo aceita a natureza condicional das promessas
divinas para o israelita individual, mas insiste nas incondicionais para o
Israel nacional. Ryrie comenta sobre a distinção de Paulo entre o Israel
espiritual e o natural em Romanos 9:6:
     Na passagem de Romanos, Paulo está lembrando aos seus leitores
que ser um israelita por nascimento natural não assegura a alguém a vida e
o favor prometidos ao israelita crente que se aproximava de Deus pela fé.14
      Ele afirma que na visão de Paulo, um israelita natural não tem
direito de reclamar as promessas do concerto divino de "vida e favor"
que Deus assegurou tanto no concerto abraâmico quanto no mosaico. E
por que não? Porque a fé no Senhor e no Seu Messias é a condição
requerida para receber as Suas bênçãos (ver Romanos 11:23). Contudo,
deve-se reconhecer que essa condição de fé é também realizada e
mantida no remanescente de Israel, escolhido pela vontade soberana de
Deus. Um comentarista de Romanos explica:
      Um "remanescente" não é simplesmente um grupo de indivíduos
separados, tirados de um povo fadado à deposição. É em si mesmo o povo
escolhido, é Israel in nuce...No "remanescente" Israel continua sendo o povo
de Deus...A livre e soberana graça divina decide quem pertencerá ao
"remanescente"... Mas de acordo com a eleição divina, o "remanescente"
havia sido trazido para a fé em Cristo. Ele se achega a Deus sem
reivindicações. Sabe que é inteiramente dependente da graça divina. Por
isso, como o Israel espiritual, ele agora recebe o cumprimento da
promessa.15
     Paulo não opera com o contraste dispensacionalista dos israelitas
individuais versos o Israel nacional, no qual os indivíduos têm apenas
promessas condicionais e a nação apenas promessas incondicionais
dentro do mesmo concerto. Paulo continua a teologia de Hebreus de que
"o remanescente é que será salvo" (Rom. 9:27; citando Isa. 10:22-23
onde o remanescente de Israel retorna "ao Deus forte", verso 21). A
mensagem de Paulo consiste em que Deus é fiel à Sua palavra porque
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mais uma vez proveu graciosamente de Israel um remanescente de fé, a
igreja apostólica, através do poder criador de Sua promessa. "Assim,
pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente
segundo a eleição da graça" (Romanos 11:5). Os herdeiros legítimos do
concerto mosaico e abraâmico não são os descendentes descrentes e
naturais de Abraão ("Israel segundo a carne", 1 Coríntios 10:18), mas
exclusivamente os seus filhos espirituais, aqueles que pertencem a Cristo.
    Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas
devem ser considerados como descendência os filhos da promessa
(Romanos 9:8).
    E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros
segundo a promessa (Gálatas 3:29).
     O remanescente fiel de Israel no tempo de Paulo foi criado pela fé
na proclamação de que Jesus de Nazaré era o Cristo da profecia. Como
ele escreve, "E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra
de Cristo" (Romanos 10:17). Não há superioridade étnica ou preferência
por categoria no remanescente israelita, da maneira como Paulo o
compreendia.16 O nome "cristãos", (Atos 11:26) simplesmente significa
"o povo messiânico", todos de Israel e dos gentios que são batizados em
Cristo (Gálatas 3:26-29). Por isso, Paulo aplica as promessas de Oséias
de restauração israelita à formação da Igreja de Cristo como um todo,
pelo seu cumprimento escatológico (Romanos 9:25, 26; cf. Oséias 2:23;
1:10). A Igreja agora ocupa o lugar do Israel étnico que rejeita a Cristo –
os ramos podados de Romanos 11:17 – e por essa razão é dotado com o
concerto de Israel, as bênçãos e as responsabilidades, bem como as
maldições se ocorrer apostasia. A benção espiritual da presença de Deus
entre Seu povo pretendia levantar o ciúme do Israel natural, porque o
chamado divino e redentivo de Israel é irrevogável (Romanos 11:29).

Paulo Esperava a Restauração da Teocracia de Israel na Palestina?

    As palavras de Paulo, "E, assim, todo o Israel será salvo" (Romanos
11:26) podem ser entendidas na intenção de ensinar a restauração da
A Igreja e Israel em Rom. 9-11                                               9
teocracia israelita na Palestina? A New Scofield Reference Bible parece
dizer isto em seu comentário sobre Romanos 11 :26, "De acordo com os
profetas, Israel, reunido de todas as nações, restaurado à sua própria terra e
convertido, deverá possuir a sua maior exaltação e glória terrena" (p. 1226).
     Paulo apela ao Velho Testamento a fim de substanciar a sua
desafiadora declaração:
     E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o
Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança
com eles, quando eu tirar os seus pecados (Romanos 11:26-27).
     Através do testemunho vivo dos cristãos gentios, muitos judeus se
achegarão à fé em Cristo e assim serão enxertados no verdadeiro Israel
de Deus (Romanos 11:23). Dessa forma, Israel é salvo da mesma
maneira que os gentios ("assim", Romanos 11:26).
     Tal conversão dos judeus está de acordo com outras promessas do
Velho Testamento. Por isso, Paulo apela para uma combinação de
passagens de Isaías 59:20, 21; 27:9, e de Jeremias 31:34, que predizem
uma renovação espiritual de Israel através do perdão divino de seus
pecados. Essas passagens também expressam a condição de
arrependimento e obediência para a restauração de Israel como teocracia.
A promessa divina de redenção em Isaías diz na íntegra:
    O Redentor virá a Sião, aos que em Jacó se arrependerem dos seus
pecados, declara o SENHOR (Isaías 59:20, NVI; ênfase acrescentada).
     Deus prometeu que viria como Redentor a "Sião" "aos que... se
arrependerem dos seus pecados". O arrependimento foi requerido de
Sião ou Israel por causa de suas injustiças sociais sistemáticas (Isaías
59:2-8) que causou o exílio israelita entre as nações. O arrependimento
já havia sido afirmado por Moisés como condição para qualquer retorno
de Israel como teocracia à terra prometida (ver Deuteronômio 30:1-10).
Conseqüentemente, Paulo enfatiza a natureza da redenção de Israel ao
chamá-la de uma redenção da "impiedade" e da remoção divina de "seus
pecados" (Romanos 11:26, 27).
     Jeremias havia prometido a Israel uma "nova aliança" na qual cada
israelita conheceria o Senhor pessoalmente no perdão de pecados
A Igreja e Israel em Rom. 9-11                                         10
Jeremias 31:31-34). Porém, mais uma vez a condição é afirmada
inegavelmente: "Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no
coração lhas inscreverei" (verso 33). Estas são as próprias bênçãos do
evangelho que Cristo oferece tanto a judeus quanto a gentios através de
Sua morte, ressurreição e exaltação como Rei de Israel (Atos 5:31).
Cristo é o Redentor divino que finalmente vem a Sião. O texto de Isaías
59:20 afirma literalmente que o Redentor virá "a Sião". No grego da
Septuaginta se lê: "por causa de Sião". Paulo modifica esta frase de
Isaías ao afirmar que o Libertador virá "de Sião" (Rom. 11:26), porque
agora Cristo vem de Israel. "'De Sião' se refere ao primeiro advento",
comenta Lenski.17 A salvação vem do Messias judeu (João 4:22). Cristo
ainda vem a Israel através da pregação do evangelho, a fim de redimi-lo
de seu pecado da descrença e dureza de coração (ver Mat. 11:28). Dessa
maneira, todos os israelitas crentes serão salvos (Rom. 11:26).
     A perspectiva de Paulo sobre o Israel natural em Romanos 11 é uma
das esperanças e garantias de que ainda muitos – "a plenitude" dos –
israelitas retornarão ao Deus do concerto através da fé em Cristo.
Contudo, ele nada diz a respeito do retorno físico de Israel à terra da
Palestina. F. F. Bruce observa que Paulo não fala "nada a respeito da re-
instauração nacional na terra de Israel. O que ele visualizava para o seu
povo era algo infinitamente melhor".18 Naturalmente, a melhor promessa
é a de salvação do pecado e a garantia da aceitação de Deus. É
significativo a este respeito o testemunho do perito em Novo
Testamento, Herman Ridderbos durante a "Conferência Sobre Profecia
Bíblica em Jerusalém" em 1971:
     Não consigo encontrar qualquer garantia escriturística para a
restauração nacional e a glória de Israel como povo de Deus...Romanos
11:26 proclama que todo Israel será salvo. Compreendo isso como
significando aquele pleroma [plenitude] dos crentes em Israel. Pela graça
de Deus, todos aqueles que crêem serão reunidos em Seu reino, junto
com o pleroma de todas as outras nações.19
A Igreja e Israel em Rom. 9-11                                               11
     Referências Bibliográficas:
      1. Ryrie, Dispensacionalism Today, p. 154.
      2. Ryrie, The Basis of the Premillenial Faith, p. 136.
      3. Ryrie, Dispensacionalism Today, p. 96.
      4. Ibid.
      5. Ibid., p. 140.
      6. W. D. Davis, "Paul and the People of Israel", NTS 24 (1978): 4-39,
afirma, "Já sugerimos que em Romanos 9-11, Paulo enfrentou urna postura de
crescente hostilidade entre os cristãos gentios para com os cristãos judeus e os
judeus; isto é, ele enfrentou um antijudaísmo. Essa atitude, ele rejeitou" (p.
29).
      7. White, Profetas e Reis (Santo André, São Paulo: Casa Publicadora
Brasileira, 1981), p. 480.
      8. Ver K. Stendahl, ed., Paul Among Jews and Gentiles (Philadelphia:
Fortress Press, 1976), pp. 78-96.
      9. H. N. Ridderbos, Paul: An Outline of His Theology (Grand Rapids,
Mich.: Wm. B. Eerdmans Pub. Co., 1975), p. 360.
     10. Ibid., p. 358.
     11. Em What Ellen G. White Says About the Jewish People (Washington,
DC.: North American Mission Committee, General Conference of Seventh-
day Adventists, 1976). Citação da Review and Herald, 29 de junho de 1905, p.
8.
     12. Ryrie, Dispensationalism Today, p. 104; cf. p. 155.
     13. B. Corley, "The Jewish, the Future, and God" (Romans 9-11)",
Southwestern Journal of Theology 19:1 (1976): 42-56; a citação é da p. 51,
nota 44. Ver também, Ladd, A Theology of the New Testament, p. 539;
Ridderbos, Paul: An Outline of His Theology, seção 58.
     14. Ryrie, Dispensationalism Today, p. 138.
     15. A. Nygren, Commentary on Romans (Philadelphia: Fortress Press,
1978), pp. 393, 394.
     16. M. Bourke, A Study of the Metaphor of the Olive Tree in Romans XI
(Washington, D.C.: Catholic University of America Press, 1974), pp. 80-111.
     17. R. C. H. Lenski, The Interpretation of St. Paul's Epistle to the Romans
(Columbus, Ohio: Wartburg Press, 1945), p. 729.
A Igreja e Israel em Rom. 9-11                                           12
    18. F. F. Bruce, The Epistle of Paul to the Romans, Tyndale New
Testament Commentary (Grand Rapids, Mich.: Wm B. Eerdmans Pub. Co.,
1971), p. 221. Assim também, J. Murray, The Epistle of Paul to the Romans,
NICNT, Vol. 2 (Grand Rapids, Mich. : Wm B. Eerdmans Pub. Co., 1977), p.
99; C. E. B. Cranfield, The Epistle of Paul to the Romans, The International
Critical Commentary, Vol. 2 (Edinburgh: Clarke, 1979), p. 579.
    19. Em Prophecy in the Making, ed. C. F. H. Henry (Carol Stream, Ill.:
Creation House, 1971), p. 320.

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  • 1. A IGREJA E ISRAEL EM ROMANOS 9-11 A doutrina da Igreja é de importância decisiva no dispensacionalismo. A igreja é considerada distinta de Israel e não um novo Israel espiritual.1 Deus tem diferentes propósitos e programas para Israel e a Igreja "dentro de Seu plano geral." C. C. Ryrie afirma claramente: "A Igreja não está cumprindo em qualquer sentido as promessas de Israel...A era da igreja não é vista no programa divino para Israel. Ela é uma intercalação".2 O Novo Testamento não "as relaciona [as promessas divinas a Israel] com a Igreja".3 "E tudo isso", afirma ele, "é construído sobre um estudo indutivo do uso de duas palavras ["Israel'' e "igreja'], não um esquema superposto na Bíblia''.4 E conclui: O uso das palavras Israel e Igreja mostra claramente que no Novo Testamento o Israel nacional continua com suas próprias promessas, e a Igreja nunca é equacionada com um assim chamado "novo Israel", mas é cuidadosa e continuamente distinguida como uma obra separada de Deus nesta geração.5 Podem essas asserções ser demonstradas a partir do Novo Testamento, usando o método exegético histórico-gramatical, como o dispensacionalismo reivindica? Quais são as regras de tal exegese? O Papel do Contexto nas Distinções Bíblicas Um princípio básico de exegese, algumas vezes ignorado nas construções doutrinárias, é o papel determinante do contexto, permitindo que cada texto ou termo receba o seu significado literal a partir de seu próprio contexto imediato. Está sempre presente o perigo de que o intérprete superponha o significado de um termo em um contexto histórico sobre o mesmo termo em um contexto histórico diferente da Escritura. É claro que quando dois textos aparentemente se contradizem, cada um precisa ser compreendido a partir de seu próprio contexto histórico e literário (ver por exemplo, Romanos 3:28 e Tiago 2:24).
  • 2. A Igreja e Israel em Rom. 9-11 2 Assim, o termo "Israel" como usado na carta de Paulo aos Romanos deve ser determinado pelo contexto deste livro e o seu uso do mesmo termo na carta aos Gálatas; deve ser compreendido pelo contexto de Gálatas. Esses diferentes contextos históricos diferem consideravelmente e não podem ser ignorados ou negados por causa da uniformidade da construção doutrinária. Isso seria uma exegese forçada e dogmática que já não está aberta às nuanças dos contextos bíblicos. "Israel" no Contexto de Romanos Parece evidente que em Romanos 9-11, Paulo está especialmente preocupado com os seus compatriotas, "o povo de Israel" (9:3, 4). Além de se referir com freqüência ao Israel étnico fora da Igreja, ele também distingue entre os judeus crentes em Cristo e os gentios crentes dentro da Igreja (Romanos 11:5, 13). Porque essa distinção dentro da igreja de Roma? Será que ele fazia distinção entre Israel e os gentios sob o princípio de que Deus tem duas espécies de povo, cada um com uma diferente promessa e destino escatológico? A evidência interna aponta para o contrário. Por exemplo, Paulo adverte as duas facções dentro da igreja de Roma, judeus e gentios, para não se ufanarem um contra o outro quanto a alguma alegada superioridade ou prerrogativa (ver Romanos 11:18, 25; 12:3).6 A diferenciação de Paulo de origens étnicas dentro da comunidade cristã não o levou a fazer distinção entre as promessas do concerto para Israel e para os gentios. O caso é exatamente o contrário. O objetivo da epístola de Paulo é lembrar a igreja do propósito original da eleição de Israel: ser uma bênção para todos os gentios do mundo ao compartilhar com eles a luz salvadora de Deus e do Messias de Israel (Isaías 42:1-10; 49:6). Contra o pano de fundo desse plano divino, Paulo relata o surpreendente fato de "Que os gentio, que não buscavam a justificação, vieram a alcançá-la, todavia, a que decorre da fé [em Jesus como Messias]; e Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa
  • 3. A Igreja e Israel em Rom. 9-11 3 lei" (Romanos 9:30, 31). O teste decisivo para permanecer na adequada relação de concerto com Deus é, por isso, exercer fé em Cristo, agora como o Messias de Israel (Romanos 9:33). Apenas essa fé assegura as bênçãos do concerto. A Igreja não tem acesso a Deus através de outro pacto a não ser o novo concerto prometido ao fiel remanescente de Israel (Romanos 9:24-29). Ellen G. White reconhece essa abertura fundamental do concerto divino com Israel para os gentios: As bênçãos assim asseguradas a Israel são, nas mesmas condições e no mesmo grau, asseguradas a toda nação e a cada indivíduo sob o vasto céu.7 Em Romanos 9-11, Paulo alcança o clímax de sua epístola8 em sua exposição de como os crentes gentios se relacionam ao Israel de Deus. Ele retrata a conversão de gentios a Cristo como o enxerto dos ramos da oliveira brava (gentios) no tronco da oliveira do Israel de Deus (Romanos 11:17-24). Dessa forma, ele visualiza a unidade espiritual e a continuidade do concerto divino com Israel e o Seu novo concerto com a Igreja de Cristo. Através da fé em Cristo, os gentios estão legalmente incorporados na oliveira, o povo do concerto de Deus, e partilham da raiz de Abraão (verso 18). A lição da parábola da oliveira cultivada em Romanos 11 é que a Igreja vive da raiz e do tronco do Israel do Velho Testamento (Romanos 11:17-18). A preocupação especifica de Paulo em Romanos 11 é, contudo, a revelação de um "mistério" divino concernente ao Israel étnico: Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude [o pleroma] dos gentios. E, assim, [boutos, desse modo] todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades (Rom. 11:25, 26). Muitos comentaristas concordam que Paulo aqui coloca a salvação do Israel étnico em uma inter-relação dinâmica [boutos] com a salvação dos gentios. Ele antecipa uma interação entre a salvação de "todo Israel", ou sua "plenitude" (Romanos 11:26, 12) e a reunião da plenitude dos
  • 4. A Igreja e Israel em Rom. 9-11 4 gentios com Cristo (Romanos 11:25). Paulo não sugere uma ordem de sucessivas dispensações, mas vê muitos judeus respondendo favoravelmente à salvação de muitos gentios que se regozijam na misericórdia de Deus através de Cristo. Descreve o seu relacionamento misterioso com uma perspectiva apocalíptica, embora reconheça também a necessidade de um cumprimento presente (três vezes: "agora"): Assim como vocês [cristãos gentios] que uma vez foram desobedientes a Deus, agora receberam misericórdia como resultado da desobediência deles [judeus que rejeitaram a Cristo], assim eles também têm agora se tornado desobedientes, a fim de que possam agora receber misericórdia como resultado da misericórdia de Deus para como vocês. Pois Deus colocou todos os homens sob desobediência para que tenha misericórdia de todos (Romanos 11:31, 32; NIV, ênfase acrescentada). Pode-se observar neste clímax admirável uma surpreendente interdependência da salvação dos judeus e dos gentios. Como um erudito adequadamente afirma: "Deus não garante nenhuma misericórdia a Israel sem os gentios, mas nem o faz aos gentios sem Israel".9 Arrebatado por essa fantástica visão da fidelidade de Deus às promessas de Seu concerto com Israel, a despeito da infidelidade deste – o chamado divino a Israel é "irrevogável" (11:29) – Paulo abre uma surpreendente perspectiva do propósito salvador de Deus para a raça humana como um todo. A misericórdia divina fluiu de Israel para os gentios, a fim de que "todo Israel" fosse desperto para também ansiar a mesma misericórdia que os gentios regozijam. Na visão de Paulo, Israel não caiu além da recuperação. "De modo nenhum! Mas, pela sua transgressão, veio a salvação aos gentios, para pô-los em ciúmes" (Romanos 11:11; ênfase acrescentada). É a intenção de Deus trazer Israel de volta a Si por meio da Igreja de Cristo. Essa maneira de salvar muitos judeus do Israel étnico para Cristo é parte do maravilhoso "mistério" divino. Apenas nessa interdependência entre Israel e a Igreja, o mesmo evangelho de salvação – justificação pela graça através da fé em Cristo – pode ser mantido para todos os homens. É necessário enfatizar:
  • 5. A Igreja e Israel em Rom. 9-11 5 Não há nenhuma indagação de outra conversão a não ser daquela que resulta da pregação do evangelho na história (cf. capítulos 10:14 vv; 11:11, 14, 22) e da atividade presentemente chegada até eles a partir do mundo gentílico crente (capitulo 11:31).10 Por essa razão a Igreja é chamada para estar ativamente envolvida no evangelho aos judeus. E. G. White encoraja os cristãos a testemunharem ao povo judeu e esperar as bênçãos divinas. É chegado o tempo de conceder luz aos judeus. O Senhor quer que encorajemos e sustenhamos os homens que labutarão nas vias correras por este povo, pois deve haver uma multidão convencida da verdade que tomará a sua posição ao lado de Deus. É chegado o tempo quando deve haver tantos convertidos em um dia quanto ocorreu no dia de Pentecostes, depois que os discípulos receberam o Espírito Santo.11 Como o dispensacionalismo conecta a esperança Paulina para o Israel étnico com a pregação do evangelho da cruz de Cristo, quando o seu axioma afirma que "a glória de Deus deve ser realizada não apenas na salvação, mas também no povo judeu"?12 Como Israel será salvo, de acordo com a escatologia dispensacionalista? Esta pergunta é incisivamente feita por Bruce Corley: Devemos esperar por um milagre apocalíptico a ocorrer sete anos depois que a "plenitude dos gentios" tenha sido arrebatada do mundo? Os judeus virão por tratamento preferencial ou através da justificação pela fé? A primeira opinião fere o coração do evangelho Paulino.13 Paulo não admite outro caminho para "todo Israel" ser salvo, a não ser através do qual todos os gentios são salvos: pela fé em Cristo, pela confissão do coração de que Jesus é o Senhor ressurreto de Israel (10:9, 10). Ele explicitamente afirma as condições divinas para a salvação de Israel: "Eles também, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; pois Deus é poderoso para os enxertar de novo" (11:23; ênfase acrescentada). O Israel étnico chegou a reivindicar amplamente as promessas do concerto divino ao confiar no seu relacionamento consangüíneo com o pai Abraão e, dessa maneira, esperava as bênçãos escatológicas de Deus como uma garantia incondicional (ver Mateus 3:7-9; João 8:33-34).
  • 6. A Igreja e Israel em Rom. 9-11 6 Contra essa atitude de ufanar-se na vantagem étnica de Israel (ver Romanos 2:25-29), o apóstolo proclama urgentemente: Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Romanos 10:12, 13; cf. 3:22-24). O apóstolo remove toda a distinção teológica entre judeus e gentios perante Deus, porque "Cristo é tudo em todos" (Colossenses 3:11; cf. Gálatas 3 :26-29). A atitude de Paulo de cortar as arestas do Israel natural é devido ao fato de que a justiça própria da religião israelita, de fazer reivindicação perante Deus enquanto rejeitando a Cristo e Seu evangelho do reino (Romanos 9:31-10:4), foi a própria causa de sua queda e rejeição (Romanos 11:11, 15). Mas isso não significa que Deus rejeitou a Seu povo Israel (Romanos 11:11)! A Aplicação de Paulo da Teologia do Remanescente de Israel O apóstolo apela para as bem conhecidas promessas dos profetas israelitas quanto ao "remanescente", para manter a sua tese de que as promessas do concerto divino não falharam, embora Israel como uma nação fracassou em aceitar a majestade de Jesus Cristo. "E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas" (Romanos 9:6). Assim, Paulo continua a distinção veterotestamentária de um Israel espiritual dentro da nação israelita. Os profetas chamavam esse Israel espiritual de "o remanescente", e ele deveria ser o depositário das promessas do concerto divino. No remanescente fiel, Israel continuou sempre como o povo de Deus na história da salvação. Deus proveu um remanescente fiel por Sua graça soberana e assim mostrou que em cada julgamento sobre Israel Ele não rejeitou aqueles que confiaram nEle e O obedeceram. As promessas do concerto divino nunca podem ser usadas como reivindicações fora de uma vida de obediência por fé no relacionamento com o Senhor. As
  • 7. A Igreja e Israel em Rom. 9-11 7 promessas divinas e a fé de Israel são inseparáveis e pertencem uma a outra, como afirma Paulo, "Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça" (Romanos 4:16). O dispensacionalismo aceita a natureza condicional das promessas divinas para o israelita individual, mas insiste nas incondicionais para o Israel nacional. Ryrie comenta sobre a distinção de Paulo entre o Israel espiritual e o natural em Romanos 9:6: Na passagem de Romanos, Paulo está lembrando aos seus leitores que ser um israelita por nascimento natural não assegura a alguém a vida e o favor prometidos ao israelita crente que se aproximava de Deus pela fé.14 Ele afirma que na visão de Paulo, um israelita natural não tem direito de reclamar as promessas do concerto divino de "vida e favor" que Deus assegurou tanto no concerto abraâmico quanto no mosaico. E por que não? Porque a fé no Senhor e no Seu Messias é a condição requerida para receber as Suas bênçãos (ver Romanos 11:23). Contudo, deve-se reconhecer que essa condição de fé é também realizada e mantida no remanescente de Israel, escolhido pela vontade soberana de Deus. Um comentarista de Romanos explica: Um "remanescente" não é simplesmente um grupo de indivíduos separados, tirados de um povo fadado à deposição. É em si mesmo o povo escolhido, é Israel in nuce...No "remanescente" Israel continua sendo o povo de Deus...A livre e soberana graça divina decide quem pertencerá ao "remanescente"... Mas de acordo com a eleição divina, o "remanescente" havia sido trazido para a fé em Cristo. Ele se achega a Deus sem reivindicações. Sabe que é inteiramente dependente da graça divina. Por isso, como o Israel espiritual, ele agora recebe o cumprimento da promessa.15 Paulo não opera com o contraste dispensacionalista dos israelitas individuais versos o Israel nacional, no qual os indivíduos têm apenas promessas condicionais e a nação apenas promessas incondicionais dentro do mesmo concerto. Paulo continua a teologia de Hebreus de que "o remanescente é que será salvo" (Rom. 9:27; citando Isa. 10:22-23 onde o remanescente de Israel retorna "ao Deus forte", verso 21). A mensagem de Paulo consiste em que Deus é fiel à Sua palavra porque
  • 8. A Igreja e Israel em Rom. 9-11 8 mais uma vez proveu graciosamente de Israel um remanescente de fé, a igreja apostólica, através do poder criador de Sua promessa. "Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça" (Romanos 11:5). Os herdeiros legítimos do concerto mosaico e abraâmico não são os descendentes descrentes e naturais de Abraão ("Israel segundo a carne", 1 Coríntios 10:18), mas exclusivamente os seus filhos espirituais, aqueles que pertencem a Cristo. Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa (Romanos 9:8). E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa (Gálatas 3:29). O remanescente fiel de Israel no tempo de Paulo foi criado pela fé na proclamação de que Jesus de Nazaré era o Cristo da profecia. Como ele escreve, "E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo" (Romanos 10:17). Não há superioridade étnica ou preferência por categoria no remanescente israelita, da maneira como Paulo o compreendia.16 O nome "cristãos", (Atos 11:26) simplesmente significa "o povo messiânico", todos de Israel e dos gentios que são batizados em Cristo (Gálatas 3:26-29). Por isso, Paulo aplica as promessas de Oséias de restauração israelita à formação da Igreja de Cristo como um todo, pelo seu cumprimento escatológico (Romanos 9:25, 26; cf. Oséias 2:23; 1:10). A Igreja agora ocupa o lugar do Israel étnico que rejeita a Cristo – os ramos podados de Romanos 11:17 – e por essa razão é dotado com o concerto de Israel, as bênçãos e as responsabilidades, bem como as maldições se ocorrer apostasia. A benção espiritual da presença de Deus entre Seu povo pretendia levantar o ciúme do Israel natural, porque o chamado divino e redentivo de Israel é irrevogável (Romanos 11:29). Paulo Esperava a Restauração da Teocracia de Israel na Palestina? As palavras de Paulo, "E, assim, todo o Israel será salvo" (Romanos 11:26) podem ser entendidas na intenção de ensinar a restauração da
  • 9. A Igreja e Israel em Rom. 9-11 9 teocracia israelita na Palestina? A New Scofield Reference Bible parece dizer isto em seu comentário sobre Romanos 11 :26, "De acordo com os profetas, Israel, reunido de todas as nações, restaurado à sua própria terra e convertido, deverá possuir a sua maior exaltação e glória terrena" (p. 1226). Paulo apela ao Velho Testamento a fim de substanciar a sua desafiadora declaração: E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados (Romanos 11:26-27). Através do testemunho vivo dos cristãos gentios, muitos judeus se achegarão à fé em Cristo e assim serão enxertados no verdadeiro Israel de Deus (Romanos 11:23). Dessa forma, Israel é salvo da mesma maneira que os gentios ("assim", Romanos 11:26). Tal conversão dos judeus está de acordo com outras promessas do Velho Testamento. Por isso, Paulo apela para uma combinação de passagens de Isaías 59:20, 21; 27:9, e de Jeremias 31:34, que predizem uma renovação espiritual de Israel através do perdão divino de seus pecados. Essas passagens também expressam a condição de arrependimento e obediência para a restauração de Israel como teocracia. A promessa divina de redenção em Isaías diz na íntegra: O Redentor virá a Sião, aos que em Jacó se arrependerem dos seus pecados, declara o SENHOR (Isaías 59:20, NVI; ênfase acrescentada). Deus prometeu que viria como Redentor a "Sião" "aos que... se arrependerem dos seus pecados". O arrependimento foi requerido de Sião ou Israel por causa de suas injustiças sociais sistemáticas (Isaías 59:2-8) que causou o exílio israelita entre as nações. O arrependimento já havia sido afirmado por Moisés como condição para qualquer retorno de Israel como teocracia à terra prometida (ver Deuteronômio 30:1-10). Conseqüentemente, Paulo enfatiza a natureza da redenção de Israel ao chamá-la de uma redenção da "impiedade" e da remoção divina de "seus pecados" (Romanos 11:26, 27). Jeremias havia prometido a Israel uma "nova aliança" na qual cada israelita conheceria o Senhor pessoalmente no perdão de pecados
  • 10. A Igreja e Israel em Rom. 9-11 10 Jeremias 31:31-34). Porém, mais uma vez a condição é afirmada inegavelmente: "Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei" (verso 33). Estas são as próprias bênçãos do evangelho que Cristo oferece tanto a judeus quanto a gentios através de Sua morte, ressurreição e exaltação como Rei de Israel (Atos 5:31). Cristo é o Redentor divino que finalmente vem a Sião. O texto de Isaías 59:20 afirma literalmente que o Redentor virá "a Sião". No grego da Septuaginta se lê: "por causa de Sião". Paulo modifica esta frase de Isaías ao afirmar que o Libertador virá "de Sião" (Rom. 11:26), porque agora Cristo vem de Israel. "'De Sião' se refere ao primeiro advento", comenta Lenski.17 A salvação vem do Messias judeu (João 4:22). Cristo ainda vem a Israel através da pregação do evangelho, a fim de redimi-lo de seu pecado da descrença e dureza de coração (ver Mat. 11:28). Dessa maneira, todos os israelitas crentes serão salvos (Rom. 11:26). A perspectiva de Paulo sobre o Israel natural em Romanos 11 é uma das esperanças e garantias de que ainda muitos – "a plenitude" dos – israelitas retornarão ao Deus do concerto através da fé em Cristo. Contudo, ele nada diz a respeito do retorno físico de Israel à terra da Palestina. F. F. Bruce observa que Paulo não fala "nada a respeito da re- instauração nacional na terra de Israel. O que ele visualizava para o seu povo era algo infinitamente melhor".18 Naturalmente, a melhor promessa é a de salvação do pecado e a garantia da aceitação de Deus. É significativo a este respeito o testemunho do perito em Novo Testamento, Herman Ridderbos durante a "Conferência Sobre Profecia Bíblica em Jerusalém" em 1971: Não consigo encontrar qualquer garantia escriturística para a restauração nacional e a glória de Israel como povo de Deus...Romanos 11:26 proclama que todo Israel será salvo. Compreendo isso como significando aquele pleroma [plenitude] dos crentes em Israel. Pela graça de Deus, todos aqueles que crêem serão reunidos em Seu reino, junto com o pleroma de todas as outras nações.19
  • 11. A Igreja e Israel em Rom. 9-11 11 Referências Bibliográficas: 1. Ryrie, Dispensacionalism Today, p. 154. 2. Ryrie, The Basis of the Premillenial Faith, p. 136. 3. Ryrie, Dispensacionalism Today, p. 96. 4. Ibid. 5. Ibid., p. 140. 6. W. D. Davis, "Paul and the People of Israel", NTS 24 (1978): 4-39, afirma, "Já sugerimos que em Romanos 9-11, Paulo enfrentou urna postura de crescente hostilidade entre os cristãos gentios para com os cristãos judeus e os judeus; isto é, ele enfrentou um antijudaísmo. Essa atitude, ele rejeitou" (p. 29). 7. White, Profetas e Reis (Santo André, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1981), p. 480. 8. Ver K. Stendahl, ed., Paul Among Jews and Gentiles (Philadelphia: Fortress Press, 1976), pp. 78-96. 9. H. N. Ridderbos, Paul: An Outline of His Theology (Grand Rapids, Mich.: Wm. B. Eerdmans Pub. Co., 1975), p. 360. 10. Ibid., p. 358. 11. Em What Ellen G. White Says About the Jewish People (Washington, DC.: North American Mission Committee, General Conference of Seventh- day Adventists, 1976). Citação da Review and Herald, 29 de junho de 1905, p. 8. 12. Ryrie, Dispensationalism Today, p. 104; cf. p. 155. 13. B. Corley, "The Jewish, the Future, and God" (Romans 9-11)", Southwestern Journal of Theology 19:1 (1976): 42-56; a citação é da p. 51, nota 44. Ver também, Ladd, A Theology of the New Testament, p. 539; Ridderbos, Paul: An Outline of His Theology, seção 58. 14. Ryrie, Dispensationalism Today, p. 138. 15. A. Nygren, Commentary on Romans (Philadelphia: Fortress Press, 1978), pp. 393, 394. 16. M. Bourke, A Study of the Metaphor of the Olive Tree in Romans XI (Washington, D.C.: Catholic University of America Press, 1974), pp. 80-111. 17. R. C. H. Lenski, The Interpretation of St. Paul's Epistle to the Romans (Columbus, Ohio: Wartburg Press, 1945), p. 729.
  • 12. A Igreja e Israel em Rom. 9-11 12 18. F. F. Bruce, The Epistle of Paul to the Romans, Tyndale New Testament Commentary (Grand Rapids, Mich.: Wm B. Eerdmans Pub. Co., 1971), p. 221. Assim também, J. Murray, The Epistle of Paul to the Romans, NICNT, Vol. 2 (Grand Rapids, Mich. : Wm B. Eerdmans Pub. Co., 1977), p. 99; C. E. B. Cranfield, The Epistle of Paul to the Romans, The International Critical Commentary, Vol. 2 (Edinburgh: Clarke, 1979), p. 579. 19. Em Prophecy in the Making, ed. C. F. H. Henry (Carol Stream, Ill.: Creation House, 1971), p. 320.