O documento discute o fascínio humano por anti-heróis na ficção e na vida real. Explica que personagens como Lampião, Macunaíma e Walter White de Breaking Bad cativam o público por serem humanos com defeitos, e não perfeitos. Também sugere que após os atentados de 11 de setembro, as pessoas passaram a preferir heróis mais realistas e imperfeitos do que os heróis de Hollywood.
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Fascínio pelo anti-herói e quebra de regras na ficção
1. O anti-herói e o fascínio
humano pela quebra de regras
Na ficção, o anti-herói sempre foi sinônimo de poder e fascínio. Como
podemos explicar isso?
ARTE
Por: Diego Godoi
A literatura, a história, o
cinema e a TV sempre nos
deram heróis, mas sempre
nos interessamos pelos seus
desvios de caráter, que ape-
nas um ser humano possui.
Lampião, o cangaceiro mais
“Querido” do Nordeste.
Macunaíma, o vagabundo e
típico malandro brasileiro.
Hercules e seus castigos por
ter matado a família.
O ponto que eu quero che-
gar é que mesmo sendo
ficcionais ou históricos, os
personagens nos fascinam
por serem humanos.
No último dia 29 de setem-
bro foi ao ar pela emissora
americana AMC, e pelo site
Netflix, o último episódio
do seriado mais assistido
dos últimos tempos, “Bre-
aking Bad”. O sucesso de
público e crítica contava a
história de um professor de
química falido que desco-
bre que tem câncer. O trata-
mento caro e um serviço de
saúde falido fazem com que
Walter White se torne dono
de um império de drogas.
Walter White é um típico
anti-herói. Ao mesmo tem-
po em que apenas quer dei-
xar sua família bem, após
sua morte, ele começa a ter
desvios sérios de caráter. O
dinheiro e a ganância o tor-
nam amado e odiado por
muitos. Walter White é o
anti-herói mais cultuado no
mundo pop hoje em dia.
As transformações que dei-
xaram o mundo mais sus-
cetível a trocar os heróis
de capa e espada por seres
humanos com erros e de-
feitos, podem ser explica-
das pela atual conjuntura
política do pós 11
de Setembro. Per-
cebemos que após
os atentados ter-
roristas e às guer-
ras seguintes, voltamos a
estar em um mundo sem a
perfeição hollywoodiana,
onde não existem moci-
nhos e bandidos. O presi-
dente americano tão cultu-
ado por Hollywood como o
grande herói dos filmes de
ação, após o 11 de setembro
passou a ser um idiota que
queria os poços de petróleo
do Oriente Médio.
Assim como acontecia na
Grécia, onde os deuses ti-
nham características hu-
manas, nossos novos heróis
tem as mesmas característi-
cas, aliás muitas vezes, de-
sumanas.
Como explica Edgard Mo-
rin, na sua teoria dos olim-
pianos, somos bombar-
deados com novos ídolos
diariamente. Um novo ator,
ou músico, ou personagem
de ficção. Mas sempre que-
remos neles o que os gregos
queriam em seus deuses a
perfeição humana e nunca
divina.
“Não Skyler, eu não estou em perigo. Eu
sou o Perigo!”
AMCChannel
Water White, personagem do sucesso de público e crítica “Breaking Bad”