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O cérebro                                                                                     Psicologia B – 12º A
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                                               SNC - O CÉREBRO
“O cérebro é um tear encantado onde milhões de lançadeiras fulgurantes (impulsos nervosos) tecem um padrão disperso, um
padrão sempre cheio de sentido e todavia nunca duradouro; uma harmonia de subpadrões em constante mutação.”
                                                                                                     Sir Charles Sherrington



Constituído por cerca de um bilião de células, das quais cem mil milhões são neurónios interligados em rede, o
cérebro trata simultaneamente um número incalculável de informação. Se pensares que cada um dos neurónios
pode ter até 5000 sinapses, compreenderás que alguns psicofisiólogos considerem que o número de interligações
possíveis no cérebro é superior ao número total das partículas atómicas que compõem o Universo (Thompson, R.,
Introdução à Psicofisiologia, 1984).
É no cérebro que reside a memória, a aprendizagem, o pensamento, a linguagem, a criatividade; é no cérebro que
vemos, ouvimos, sentimos e cheiramos; é também no cérebro que o sono e o sonho habitam; é também aí que a
fome, a sede, a temperatura são controladas. Podemos, por isso, dizer que o cérebro contribui de forma decisiva
para o comportamento humano. (Na entrevista da página 107 são referidos alguns meios para estudar o cérebro.)


Estruturas e funções do cérebro
Geralmente divide-se o cérebro ou encéfalo em três estruturas, que se interligam funcionando de forma integrada e
unificada: o metencéfalo ou cérebro posterior, o mesencéfalo ou cérebro médio e o protencéfalo ou cérebro
anterior.
                        A cada uma destas estruturas correspondem diferentes componentes:
                                         bolbo raquidiano

Cérebro posterior                        cerebelo


                                         protuberância


 Cérebro médio                          formação reticular



                                        tálamo


                                        hipotálamo
 Cérebro anterior
                                        sistema límbico


                                        cérebro



                                                                                                 ANO LECTIVO 2011-2012
PÁGINA - 2



               O modelo que se segue representa as principais estruturas do sistema nervoso central.
            À medida que for identificando as várias estruturas e respetivas funções, localize-as na figura:




Apresentamos em seguida algumas funções destas estruturas, dando particular atenção ao córtex cerebral,
                      tendo em conta o seu papel no comportamento humano.

Cérebro posterior
O cérebro posterior ou metencéfalo é constituído por bolbo raquidiano, cerebelo e protuberância. Vamos localizar e descrever
as principais funções destas estruturas.

Bolbo raquidiano
Os nervos que ligam a espinal medula ao cérebro passam pelo bolbo raquidiano. Esta estrutura, que, como podes observar na
figura, é um prolongamento da espinal medula, tem um papel importante na receção de informações que provêm da cabeça,
como a visão, a audição, o gosto… Comanda ainda funções vitais como o ritmo cardíaco, a respiração e a pressão arterial,
influenciando também o sono e a tosse.

Cerebelo
O cerebelo é constituído por dois hemisférios, que desempenham um importante papel na manutenção do equilíbrio e na
coordenação da atividade motora. Uma lesão no cerebelo provoca descoordenação motora, desequilíbrio e perda do tónus
muscular. Controlar os movimentos precisos que permitem atividades como jogar ping-pong, tocar violino e até cantar.
PÁGINA - 3



Protuberância
A protuberância, como o nome indica, é uma saliência inclinada acima do bolbo raquidiano. É o local de passagem de fibras
nervosas que unem os diferentes níveis do sistema nervoso central. Desempenha também um papel importante no mecanismo
do sono.


Cérebro médio
O cérebro médio ou mesencéfalo é uma estrutura que liga o cérebro anterior ao cérebro posterior. É aqui que se situa o núcleo
da formação reticular: esta estrutura, formada por um conjunto de núcleos, desempenha um importante papel nas funções da
atenção, memória, sono e estado de alerta.
Investigações recentes vieram demonstrar que a formação reticular desempenha um papel importante na regulação das funções
cardíaca, pulmonar e intestinal, bem como na perceção da dor. Alguns dos seus núcleos têm influência na regulação
homeostática.



Cérebro anterior
O cérebro anterior ou protencéfalo é constituído pelo tálamo, hipotálamo, sistema límbico e córtex cerebral. Analisemos as
funções de cada uma destas estruturas.

Tálamo
O tálamo é constituído por substância cinzenta e está situado perto do centro do cérebro. É ao tálamo que chegam a maior parte
das informações visuais, auditivas e tácteis, retransmitindo-as para as respetivas áreas do córtex cerebral.
É pelo tálamo que passam as respostas do córtex cerebral que são enviadas para o cerebelo e para o bolbo raquidiano.
Sensações como a pressão e a temperatura extremas e a dor são processadas ao nível do tálamo.
Com outras estruturas nervosas, desempenha um papel importante na regulação do sono e do estado de alerta.

Hipotálamo
O hipotálamo1 é constituído por um pequeno grupo de núcleos que se encontram sob o tálamo. Está em ligação com a hipófise
e pesa cerca de quatro gramas. Desempenha um papel fundamental na regulação da temperatura do corpo, do sono, da vigília,
da fome, da sede, do impulso sexual. Controla ainda a circulação sanguínea. É sede de emoções como o medo e a cólera.
Atua sobre a hipófise, organizando os ajustamentos endócrinos que permitem uma resposta adequada a uma situação de
emergência.
Quando estudarmos a motivação aprofundaremos o estudo das funções do hipotálamo.


Sistema límbico
O sistema límbico2 é constituído, entre outras, pelas seguintes estruturas: o hipocampo, a amígdala e o
bolbo olfativo.




1
    O hipotálamo aparece muitas vezes como fazendo parte do sistema límbico.
2
    O termo “límbico” foi utilizado pela primeira vez por Paul Broca
PÁGINA - 4



Este sistema tem um papel importante na experiência e
expressão    da     emoção,     na    motivação    e      nos
comportamentos agressivos. É, por isso, considerado o
cérebro das emoções. Na agressividade parece que
diferentes estruturas desempenham papéis opostos,
assegurando assim um equilíbrio dinâmico. A ablação da
amígdala    desencadeou     comportamentos      dóceis    em
macacos.
Será pela ação conjunta das estruturas do sistema límbico
com o sistema nervoso simpático que o organismo é
capaz de responder a situações de agressão com origem
no meio ambiente.
Analisaremos sucintamente a função de duas estruturas do sistema límbico: a amígdala e o hipocampo.
A amígdala, constituída por duas estruturas simétricas localizadas em cada hemisfério cerebral, tem um
papel importante nas manifestações de agressão e medo.
Investigações desenvolvidas pelo neurologista António Damásio vieram demonstrar a importância da
amígdala na perceção das emoções faciais, concretamente a expressão de medo.
Uma doente que apresentava graves lesões nas duas estruturas da amígdala dos dois hemisférios era
incapaz de reconhecer as emoções quando estas se misturavam numa única expressão facial.
Concretamente, não conseguia reconhecer a expressão do medo.
O hipocampo desempenha um importante papel na memória retendo as informações. É uma das zonas
mais afetadas pela doença de Alzheimer. Esta doença é uma forma de demência manifestada por vários
sintomas como: não reconhecimento das pessoas próximas; esquecimento do próprio nome; incapacidade
progressiva de realizar tarefas simples, etc.
O hipocampo e a amígdala têm funções complementares do ponto de vista emocional. Por exemplo, é o
hipocampo que te permite reconhecer a tua professora do 1.° ciclo, mas é a amígdala que acrescenta se
gostas ou não dela.


                                                    Monteiro, M. Santos, S., Psicologia 1.ª parte, 2005, Porto: Porto Editora, pp. 94-97

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  • 1. O cérebro Psicologia B – 12º A 06/10/11 SNC - O CÉREBRO “O cérebro é um tear encantado onde milhões de lançadeiras fulgurantes (impulsos nervosos) tecem um padrão disperso, um padrão sempre cheio de sentido e todavia nunca duradouro; uma harmonia de subpadrões em constante mutação.” Sir Charles Sherrington Constituído por cerca de um bilião de células, das quais cem mil milhões são neurónios interligados em rede, o cérebro trata simultaneamente um número incalculável de informação. Se pensares que cada um dos neurónios pode ter até 5000 sinapses, compreenderás que alguns psicofisiólogos considerem que o número de interligações possíveis no cérebro é superior ao número total das partículas atómicas que compõem o Universo (Thompson, R., Introdução à Psicofisiologia, 1984). É no cérebro que reside a memória, a aprendizagem, o pensamento, a linguagem, a criatividade; é no cérebro que vemos, ouvimos, sentimos e cheiramos; é também no cérebro que o sono e o sonho habitam; é também aí que a fome, a sede, a temperatura são controladas. Podemos, por isso, dizer que o cérebro contribui de forma decisiva para o comportamento humano. (Na entrevista da página 107 são referidos alguns meios para estudar o cérebro.) Estruturas e funções do cérebro Geralmente divide-se o cérebro ou encéfalo em três estruturas, que se interligam funcionando de forma integrada e unificada: o metencéfalo ou cérebro posterior, o mesencéfalo ou cérebro médio e o protencéfalo ou cérebro anterior. A cada uma destas estruturas correspondem diferentes componentes: bolbo raquidiano Cérebro posterior cerebelo protuberância Cérebro médio formação reticular tálamo hipotálamo Cérebro anterior sistema límbico cérebro ANO LECTIVO 2011-2012
  • 2. PÁGINA - 2 O modelo que se segue representa as principais estruturas do sistema nervoso central. À medida que for identificando as várias estruturas e respetivas funções, localize-as na figura: Apresentamos em seguida algumas funções destas estruturas, dando particular atenção ao córtex cerebral, tendo em conta o seu papel no comportamento humano. Cérebro posterior O cérebro posterior ou metencéfalo é constituído por bolbo raquidiano, cerebelo e protuberância. Vamos localizar e descrever as principais funções destas estruturas. Bolbo raquidiano Os nervos que ligam a espinal medula ao cérebro passam pelo bolbo raquidiano. Esta estrutura, que, como podes observar na figura, é um prolongamento da espinal medula, tem um papel importante na receção de informações que provêm da cabeça, como a visão, a audição, o gosto… Comanda ainda funções vitais como o ritmo cardíaco, a respiração e a pressão arterial, influenciando também o sono e a tosse. Cerebelo O cerebelo é constituído por dois hemisférios, que desempenham um importante papel na manutenção do equilíbrio e na coordenação da atividade motora. Uma lesão no cerebelo provoca descoordenação motora, desequilíbrio e perda do tónus muscular. Controlar os movimentos precisos que permitem atividades como jogar ping-pong, tocar violino e até cantar.
  • 3. PÁGINA - 3 Protuberância A protuberância, como o nome indica, é uma saliência inclinada acima do bolbo raquidiano. É o local de passagem de fibras nervosas que unem os diferentes níveis do sistema nervoso central. Desempenha também um papel importante no mecanismo do sono. Cérebro médio O cérebro médio ou mesencéfalo é uma estrutura que liga o cérebro anterior ao cérebro posterior. É aqui que se situa o núcleo da formação reticular: esta estrutura, formada por um conjunto de núcleos, desempenha um importante papel nas funções da atenção, memória, sono e estado de alerta. Investigações recentes vieram demonstrar que a formação reticular desempenha um papel importante na regulação das funções cardíaca, pulmonar e intestinal, bem como na perceção da dor. Alguns dos seus núcleos têm influência na regulação homeostática. Cérebro anterior O cérebro anterior ou protencéfalo é constituído pelo tálamo, hipotálamo, sistema límbico e córtex cerebral. Analisemos as funções de cada uma destas estruturas. Tálamo O tálamo é constituído por substância cinzenta e está situado perto do centro do cérebro. É ao tálamo que chegam a maior parte das informações visuais, auditivas e tácteis, retransmitindo-as para as respetivas áreas do córtex cerebral. É pelo tálamo que passam as respostas do córtex cerebral que são enviadas para o cerebelo e para o bolbo raquidiano. Sensações como a pressão e a temperatura extremas e a dor são processadas ao nível do tálamo. Com outras estruturas nervosas, desempenha um papel importante na regulação do sono e do estado de alerta. Hipotálamo O hipotálamo1 é constituído por um pequeno grupo de núcleos que se encontram sob o tálamo. Está em ligação com a hipófise e pesa cerca de quatro gramas. Desempenha um papel fundamental na regulação da temperatura do corpo, do sono, da vigília, da fome, da sede, do impulso sexual. Controla ainda a circulação sanguínea. É sede de emoções como o medo e a cólera. Atua sobre a hipófise, organizando os ajustamentos endócrinos que permitem uma resposta adequada a uma situação de emergência. Quando estudarmos a motivação aprofundaremos o estudo das funções do hipotálamo. Sistema límbico O sistema límbico2 é constituído, entre outras, pelas seguintes estruturas: o hipocampo, a amígdala e o bolbo olfativo. 1 O hipotálamo aparece muitas vezes como fazendo parte do sistema límbico. 2 O termo “límbico” foi utilizado pela primeira vez por Paul Broca
  • 4. PÁGINA - 4 Este sistema tem um papel importante na experiência e expressão da emoção, na motivação e nos comportamentos agressivos. É, por isso, considerado o cérebro das emoções. Na agressividade parece que diferentes estruturas desempenham papéis opostos, assegurando assim um equilíbrio dinâmico. A ablação da amígdala desencadeou comportamentos dóceis em macacos. Será pela ação conjunta das estruturas do sistema límbico com o sistema nervoso simpático que o organismo é capaz de responder a situações de agressão com origem no meio ambiente. Analisaremos sucintamente a função de duas estruturas do sistema límbico: a amígdala e o hipocampo. A amígdala, constituída por duas estruturas simétricas localizadas em cada hemisfério cerebral, tem um papel importante nas manifestações de agressão e medo. Investigações desenvolvidas pelo neurologista António Damásio vieram demonstrar a importância da amígdala na perceção das emoções faciais, concretamente a expressão de medo. Uma doente que apresentava graves lesões nas duas estruturas da amígdala dos dois hemisférios era incapaz de reconhecer as emoções quando estas se misturavam numa única expressão facial. Concretamente, não conseguia reconhecer a expressão do medo. O hipocampo desempenha um importante papel na memória retendo as informações. É uma das zonas mais afetadas pela doença de Alzheimer. Esta doença é uma forma de demência manifestada por vários sintomas como: não reconhecimento das pessoas próximas; esquecimento do próprio nome; incapacidade progressiva de realizar tarefas simples, etc. O hipocampo e a amígdala têm funções complementares do ponto de vista emocional. Por exemplo, é o hipocampo que te permite reconhecer a tua professora do 1.° ciclo, mas é a amígdala que acrescenta se gostas ou não dela. Monteiro, M. Santos, S., Psicologia 1.ª parte, 2005, Porto: Porto Editora, pp. 94-97