SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 38
Descargar para leer sin conexión
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – UFES

                CENTRO DE EDUCAÇÃO – CE

 DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, POLÍTICA E SOCIEDADE – DEPS




              FILIPE BARRETO FRANCHINI




A INTERNET: A PERSPECTIVA GEOGRÁFICA DE ENSINO COM O
                     CIBERESPAÇO




                       VITÓRIA
                         2010
FILIPE BARRETO FRANCHINI




A INTERNET: A PERSPECTIVA GEOGRÁFICA DE ENSINO COM O
                     CIBERESPAÇO




                               Trabalho de Conclusão de Curso
                               Apresentado ao Departamento de
                               Educação, Política e Sociedade, Centro
                               de Educação, da Universidade Federal
                               do Espírito Santo, como requisito do
                               grau de licenciado em Geografia.
                               Orientadora:   Prof.ª   Drª.   Marisa
                               Terezinha Rosa Valladares..




                      VITÓRIA
                        2010
FILIPE BARRETO FRANCHINI




    A INTERNET: A PERSPECTIVA GEOGRÁFICA DE ENSINO COM O
                         CIBERESPAÇO




Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado ao Departamento de Educação, Política e
  Sociedade, Centro de Educação, da Universidade Federal do Espírito Santo, como
                   requisito do grau de licenciado em Geografia.
                                                  Aprovado em 17 de junho de 2010




                         COMISSÃO EXAMINADORA


                        ____________________________
                     Profª. Drª. Marisa Teresinha Valladares

              Universidade Federal do Espírito Santo - Orientadora


                        ____________________________
                  Professora Mestre Regina Célia Frigério Silva




                        ____________________________

                          Professor Mestre Pablo Lira
“... todos querem ajudar, por isso cada um tem sua
idéia própria, que não se ajusta com a idéia do outro,
mas o resultado é admirável. A unidade pela
diversidade. Na hora da batalha formamos a frente
única...” ( Carlos Drummond de Andrade, O
Importuno)
RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo potencializar o ensino de Geografia por meio da
Internet, expandindo os conhecimentos de Geografia para além da sala de aula, sem
excluir o espaço escolar. O que é pretendido, portanto, é uma relação simbiótica da
Internet com o ensino. No entanto ao trabalhar com tecnologia, sobretudo com a
Internet, é preciso fundamentar geograficamente o que vem a ser a Internet, quais as
implicações do uso dessa tecnologia no ensino da Geografia e nos principais conceitos
que a norteiam: Paisagem, Lugar, Território e Região. Assim, ao propor a Internet como
veículo de aprendizagem torna-se necessário repensar as maneiras de ensinar Geografia.
Pistas concedidas pelos sujeitos da pesquisa dizem que não há compreensão por parte
dos alunos quanto ao motivo de estudar Geografia como se tem feito geralmente na
escola, tanto por causa da metodologia, quanto devido aos conteúdos trabalhados. A
partir dos estudos teóricos e empíricos, a proposta baseou-se na produção de um site e
na produção de conversas com um grupo focal, visando a problematização da pesquisa
como forma do aprender autônomo, crítico e comprometido com a ética.



Plavras-chave: 1. Ensino de Geografia e Internet. 2. Geografia e Espaço Virtual.
3.Geografia e Espaço Real -
SUMÁRIO


INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6

1 DA GEOGRAFIA ENGESSADA À GEOGRAFIA FLUIDA: DE QUE
GEOGRAFIA ESTAMOS FALANDO... ...................................................................... 8

1.1  ESPAÇO REAL E ESPAÇO VIRTUAL: DA VIRTUALIDADE AO REAL OU
DA REALIDADE AO O VIRTUAL? ......................................................................... 12

2 AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO: O ENSINO DE
GEOGRAFIA COM O CIBERSPAÇO ....................................................................... 19

3 EDUCAÇÃO E INTERNET: POR UMA PROPOSTA DE ENSINO
AGREGANDO O CIBERESPAÇO ............................................................................ 30

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 35

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 36
6




INTRODUÇÃO


Na primeira década do século XXI a humanidade esteve tão interligada, por meio de
uma técnica que proporcionou profundas transformações na maneira de agir e pensar,
que fez do espaço geográfico uma produção muito mais dinâmica do que fora antes do
período técnico-cientifico-informacional (SANTOS 2008).

A dinamicidade do espaço geográfico adquirida por meio da técnica tem como símbolo
a Internet, que foi capaz de aproximar o mundo por meio da comunicação, do fluxo de
informações e dados, produzindo a espantosa aceleração das transformações no espaço
geográfico.

A internet, nesta concepção, é uma problemática conceitual para a Geografia, visto que
se a ciência geográfica estuda o espaço geográfico, qual ciência estaria encarregada de
estudar o espaço virtual que surge com a Internet? Como a Geografia estuda o espaço
virtual que emerge com a Internet? O espaço virtual é espaço geográfico?

É nessa perspectiva que a pesquisa que o leitor tem em mãos começa a se delinear. No
primeiro capítulo serão trabalhados os motivos que levaram a Geografia escolar a perder
autonomia, a ponto dos alunos nem saberem mais o motivo de estudá-la. Também será
discutido como e se a Internet pode se tornar um auxílio, em busca de uma nova
proposta de ensino na Geografia, assim como os conceitos que emergem quando se
trabalha com a Internet, haja vista a preocupação em fundamentar geograficamente os
conceitos de ciberespaço, espaço virtual e espaço real.

No segundo capítulo é feito um diagnostico de como a Internet aparece no cotidiano
escolar dos alunos e como eles usam essa ferramenta, tanto para lazer quanto para as
atividades escolares.

Por fim, no terceiro capítulo, o cerne da discussão está reservado a expor a proposta de
uso da Internet em ambiente escolar.
7




DA GEOGRAFIA ENGESSADA À GEOGRAFIA FLUIDA: DE QUE
          GEOGRAFIA ESTAMOS FALANDO...
8



1   DA GEOGRAFIA ENGESSADA À GEOGRAFIA FLUIDA: DE QUE
GEOGRAFIA ESTAMOS FALANDO...



O saber geográfico é uma forma de leitura e interpretação do espaço - não é somente
descritivo, o seu propósito com a sociedade vai além da descrição. A Geografia
submerge dentro do amalgama que compõe o espaço geográfico e busca trazer
conhecimento referente ao meio.

Por muito tempo, durante o período denominado como modernidade, todo
conhecimento produzido na ciência geográfica, mas não apenas por esta, estava calcado
na supervalorização do discurso cientifico perante ao senso comum. Esse modelo
positivista marca toda a produção acadêmica da Geografia, com uma repercussão que a
perpassa até o pós-modernismo. Souza mostra os sinais dessa transição quando afirma:

                       Na ciência moderna a ruptura epistemológica simboliza o salto
                       qualitativo do conhecimento do senso comum para o conhecimento
                       cientifico; na ciência pós-moderna o salto mais importante é o que é
                       dado do conhecimento cientifico para o conhecimento do senso
                       comum. (BOAVENTURA, 2008, p. 90)

Embora esse salto do conhecimento científico para o conhecimento do senso comum se
demonstre muito tímido, essa transição dentro da Geografia fica clara, pois as
ferramentas utilizadas pelos positivistas para estudar o espaço geográfico não
alcançavam mais a compreensão do caso estudado, daí surgiu o movimento de
renovação com a Geografia pragmática e a Geografia critica: a primeira buscando
instrumentalizar a Geografia levando-a à prática, um conhecimento aplicado e
prospectivo, já a segunda procura enfatizar o conteúdo social, político e econômico em
busca de uma sociedade mais justa (MORAES, 1992.)

Todas as formas de pensamento da Geografia supracitadas são formas de compreender a
Geografia daquele momento, sob determinadas condições especificas daquela época.
Explicar o espaço geográfico, em 1950, requeria ferramentas, as quais, se fossem
utilizadas hoje, não alcançariam resultados satisfatórios sobre o objeto estudado: daí a
9



necessidade de se buscar novas formas de instrumentalizar o pensamento, a pesquisa e a
ação geográfica.

A questão a ser colocada é: estamos passando por um momento de, novamente, refletir
sobre as nossas bases teóricas para compreender nossa dinâmica espacial atual. Será
essa uma necessidade constante da Geografia? Responder essa questão é tão importante
para compreensão do objeto geográfico quanto para o ensino da Geografia, pois assim
podemos definir que Geografia estamos ensinando e qual Geografia podemos ensinar.

Para compreender qual Geografia que nos desafia, aquela que temos diante de nós,
esperando ou provocando um novo pensar e agir, é preciso entender antes o que nos
levou ao atual estado de dúvida para com o ensino dela. Assim sendo, por definição, a
Geografia estuda a relação do homem com a natureza, dos homens entre si
individualmente e coletivamente, da natureza na dinâmica produção de seus elementos.
Esse conjunto de relações se faz presente num dado espaço geográfico, por esse motivo
a Geografia desfruta de certos privilégios, afinal, o professor trabalha primeiramente
com um saber de descrição de uma paisagem na qual o aluno faz parte e constrói, sendo
assim, esse saber descritivo da Geografia é:

                       [...] um saber que olha e fala do mundo por meio da paisagem, e o faz
                       numa tal correspondência que as pessoas saem das aulas, andam pelos
                       espaços do mundo, e olhando estes espaços se lembram das lições do
                       professor de geografia. Era a vantagem de trabalhar com a paisagem.
                       (MOREIRA, 2006, p. 191)

O problema é que há uma dificuldade imensa, por parte dos alunos, em fazer essa
relação do que é falado em sala com o que se consegue observar no espaço geográfico.
Dentre um complexo conjunto de situações, esse é um motivo que leva a Geografia
escolar a viver e enfrentar uma crise de reflexão das suas bases. O que se ensina hoje
nas escolas é, ainda, de modo geral, uma Geografia engessada: com ela se quer explicar
a organização espacial atual sem criar um mínimo de identidade local com o aluno.
Assim, o que se verifica nas materializações de Geografia escolar (como livros
didáticos, provas de vestibulares, exercícios de escola, por exemplo) é um “pacote de
conceitos congelados”, no qual a única relação que o aluno fará é no comando na hora
10



da avaliação: ligue as colunas; enumere a coluna X com a coluna Y, marque X na
resposta correta...

É evidente que essa problemática não ocorre apenas devido a prática do docente. Ela se
torna cada vez mais forte pela busca, por parte dos alunos, da resposta rápida, da
explicação do agora, depressa... O adjunto adverbial de tempo é um dos vocabulários
mais intensamente usado pelos adolescentes.

Devido a esse “engessamento” da Geografia, o seu ensino perde autonomia, uma vez
que explica um espaço que não existe dentro do mundo do aluno. Já tivemos um
momento em que a paisagem era, aparentemente, mais lenta em suas transformações.
Atualmente essa mesma paisagem é mais dinâmica, fugaz, em constante metamorfose.
Trabalhar essa fugacidade com a Geografia “engessada” tornou-se impossível, por isso
que:

                        Muito raramente acontece de quando hoje as pessoas olham a
                        organização dos espaços se lembrem do seu professor de geografia.
                        Falta a identidade entre o que ele falou e o que se está vendo [...] a
                        paisagem tornou-se fluida. (MOREIRA, 2006, p. 171)

Toda essa dinâmica observada no espaço, o principal objeto de estudo da geografia, não
faz com que estejamos sempre repensando o saber geográfico, uma vez que seu objeto
está sempre em constante transformação?

A Geografia “engessada”, com modelos estabelecidos para facilitar o ensino em sala,
não corresponde mais ao que se vê na paisagem. O resultado desse modelo são alunos
desinteressados pela disciplina, não entendendo, nem mesmo, o sentido de estudá-la.
Por outro lado, o professor, frustrado, não vê seu trabalho atingir o objetivo proposto ou
aquele imposto pela instituição de ensino. Nessa linha de ensino e de aprendizagem, a
culpa recai sobre o aluno, que “não estudou o bastante”. Nesse caso a frustração é de via
dupla, tanto do professor quanto do aluno.

A não identificação do aluno com que o professor fala em sala de aula é reflexo,
portanto, de um objeto dinâmico, com o qual não é possível estabelecer nexo ou relação
na e com a Geografia “engessada” ensinada, daí a necessidade de uma Geografia
“fluída”.
11



Essa fluidez surge das forças dialéticas atuantes no espaço geográfico, onde existe um
estado de re-criação do mesmo é o processo de territorialização – desterritorialização –
reterritorialização. O processo de territorialização e desterritorialização se refere ao
conjunto de movimentos que envolvem a criação e destruição de ordem e desordem que
envolve tais processos. Sendo assim, “[...] a desterritorialização é simplesmente a outra
face, sempre ambivalente da construção de territórios” (HAESBAERT, 2007, p.365)
que leva ao processo de reterritorialização, a reafirmação no território de um constante
processo de reconstrução das identidades em busca da autonomia no espaço.

Moreira (2006) defende a representação e o olhar da Geografia num contexto de espaço
fluido, entrelaçando duas ferramentas fundamentais da ciência geográfica: a paisagem e
a cartografia.

A paisagem como objeto de ação social está constantemente se reafirmando e se
reorganizando dentro de um processo de territorialização – desterritorialização –
reterritorialização, ganhando um caráter fluido. A ótica, portanto, precisa se focar não
mais no fixo e sim no fluxo. A Geografia utiliza-se, então, da cartografia, que deixa de
ser só ferramenta de representação, no modo que apenas transpunha num mapa o seu
objeto de estudo, para se tornar linguagem e raciocínio para representar a dinamicidade
da paisagem, valendo-se, também, da sofisticação de outras linguagens que possam
revelar, no mapa, o fluxo do real.

Moreira (2006) buscou resgatar a cartografia como ferramenta dentro da Geografia
fluida, tornando-a tão dinâmica quanto o seu objeto. O que é pretendido nesse trabalho,
segue por outro caminho.

Se a dinamicidade que a paisagem adquiriu, provocou uma quebra no modelo engessado
da Geografia escolar e se essa fluidez foi resultado de um processo de territorialização
– desterritorialização – reterritorialização, é inegável que esse caráter fluído foi
intensificado por outra ferramenta cujo uso está cada vez mais disseminado: a rede
mundial de comunicação eletrônica, a internet.

No entanto, ao estabelecermos essa compreensão, esbarramos em outra problemática
conceitual: como relacionar o espaço real, onde todas as representações humanas se
12



estabelecem num espaço físico, com um espaço virtual, de fácil acesso, o qual inclusive
se faz presente dentro de todo o ecúmeno do espaço geográfico e o ensino de geografia?

O ciberespaço é um conceito utilizado por Pierre Levy, (2000) com o qual o autor se
refere a todo o espaço virtual, possível com a Internet. O ciberespaço pode, assim, ser
explicado como uma rede onipresente, que se imiscui e que abarca o espaço geográfico
construído pela sociedade humana. No espaço geográfico, invenção social, as ações
humanas acontecem numa perspectiva que o caracteriza como dinâmico, fluido. Nesse
sentido, a nova cartografia é uma ferramenta muito mais útil e geográfica, que tenta
apreender, problematizar e explicar o espaço onde ocorre todas as transformações, onde
a materialização das mudanças torna possível uma cartografia nova para essa nova
Geografia fluida.

Entretanto, se podemos justificar a fluidez do espaço geográfico também pelo uso do
ciberespaço, cujo fluxo de informação e de comunicação se torna cada vez mais
dinâmico e veloz, admitiremos que o ciberespaço é um agente intensificador das
mudanças no espaço geográfico. Nesse sentido, agregar a Internet ao ensino pode
potencializar um espaço de diálogo e de desenvolvimento cognitivo para alunos de
Geografia escolar, visto que esta é uma ferramenta amplamente utilizada, inclusive
pelos alunos, que se tornam também agentes causadores de mudanças no espaço
geográfico através do espaço virtual. Sendo assim a relação espaço real, espaço virtual e
ensino de geografia se faz possível. E importante. E necessária.

1.1    ESPAÇO REAL E ESPAÇO VIRTUAL: DA VIRTUALIDADE AO REAL
       OU DA REALIDADE AO O VIRTUAL?


Na parte anterior foram trabalhados os conceitos de espaço real e virtual, além de ser
definida a importância destes conceitos, assim como do ciberespaço e do espaço
geográfico no ensino de Geografia. A discussão, neste segmento do trabalho, orbita
sobre a virtualidade e a realidade. Na perspectiva em que foram e que serão utilizados
tais conceitos, eles exigem alguns esclarecimentos sobre o seu emprego
13



Nesta pesquisa, como a linha de raciocínio é calcada no saber geográfico, o espaço real
e o espaço geográfico 1 se tornam similares, considerando-se, ambos, uma invenção
social. Os agentes sociais, no processo de construção do espaço geográfico,
simultaneamente, o modelam, alterando concomitantemente o que constroem e o que re-
constroem, uma vez que o fazem intencionalmente, isto é, planejando o que vão fazer,
inventando-o antes mesmo de que ele se configure como tal. Ora, essa idéia do espaço a
ser construído, planejado, não o constituiria, no dado momento em que é pensado, como
um espaço virtual?

Moreira, afirma que

                          [...] a idéia não é uma invenção pura e simples de nosso pensamento,
                          uma especulação sem mais nem menos de nosso intelecto. A idéia é o
                          que resulta da nossa relação intelectual com a realidade sensível, o
                          real sensível traduzido como construção do intelecto através do
                          conceito. Daí dizermos que é uma representação. (MOREIRA, 2007,
                          p. 106)

Nessa linha de raciocínio, é possível afirmar, então que partir do estado real das coisas
para criar a representação na forma das idéias, acionando a sensibilidade, permite que se
possa captar

                          [...] as coisas da realidade circundante e as transportamos na forma de
                          sensações até dentro de nós, à nossa mente. Em nossa mente, essas
                          sensações são reunidas na reprodução dos objetos do mundo externo
                          na forma de imagem. (MOREIRA, 2007, p. 107).

Assim, é possível considerar, que partir da realidade para criar a virtualidade das coisas
ou partir do virtual para criar o real se constitui em um retorno permanente, tal qual a
tentativa de apreender o conhecimento; como rede: ele desliza para mais adiante, retoma
o que já foi dito, vaza em vácuos e se articula novamente em nós temporários ou
definitivos.

Nota-se, também, que a virtualidade, neste sentido, é um virtual no plano das idéias.
Nesse conceito pode ser virtual o espaço vivido que não se vive mais, a não ser na


1
 Não há intenção de se trabalhar com a definição do que seria o real, o que conduziria a um debate a
partir de Platão ,na Alegoria da Caverna,que não é o foco da pesquisa.
14



memória por aqueles que o viveram, conectando passado e presente, modificando-se a
cada nova “visita”. O virtual também se refere ao momento vivido, que não é resgatado
no cotidiano, ficando somente nas lembranças, não sendo motriz de novas ações: só
quando se o resgata ele se projeta na memória e ganha dinamicidade. No dizer de Bosi
(apud VALLADARES, 2009) e de Valladares (2009) o virtual se retira para o
esquecimento, quando então é lembrança, só lembrado se resgatado pela memória. O
virtual também é a projeção mental do que se deseja viver, espaço invenção mental: é
uma vontade que ainda não se tornou real. O que é formulado, portanto, se constitui
como um modelo de virtualidade ligado a abstração daquilo que se pretende viver ou
que se vivenciou no espaço real: contudo essa é uma virtualidade no plano das idéias,
mental, não tátil. A virtualidade com a qual se trabalha nesta pesquisa envolve um
virtual proporcionado pelo uso da técnica que permite ao virtual do plano das idéias e
mental, sair desse locus e compor o ciberespaço. Todavia, continua sendo não tátil:
característica da virtualidade. Esse modelo de virtualidade coloca exposta uma idéia que
antes era tida inicialmente na consciência do mentor.

O ciberespaço, portanto, é composto por um conjunto de idéias permitidas por aqueles
que constroem e usufruem o ciberespaço em diferentes localidades do espaço
geográfico. É também um espaço virtual que precisa do espaço real para existir. Nesse
caso, o virtual ganha outra denominação:

                       É virtual toda entidade desterritorializada, capaz de gerar diversas
                       manifestações concretas em diferentes momentos e locais
                       determinados, sem contudo estar ela mesma presa a um lugar ou
                       tempo em particular. (LEVY, 2000, p. 47)

Sendo assim, as características virtualizante e desterritorializante do ciberespaço fazem
dele o vetor de um universo aberto (LEVY, 2000, p 50) tornando-o uma ferramenta
poderosa na transformação do espaço real. O caráter desterritorializado do ciberespaço
coloca-o como uma ferramenta onipresente dentro do espaço geográfico, sendo assim,
se consegue acesso ao ciberespaço de qualquer parte daquele espaço, seja por meio do
computador ou até mesmo o celular. Portanto, “ainda que não possamos fixá-lo em
nenhuma coordenada espaço-temporal, o virtual é real”. (LEVY, 2000, p 48). Todavia,
o uso da técnica para ter acesso ao ciberespaço é imprescindível.
15



No entanto, “o ciberespaço não engendra uma cultura do universal porque de fato está
em toda parte, e sim porque sua forma ou sua idéia implicam de direito o conjunto dos
seres humanos” (LEVY, 2000, p. 119). São as idéias expostas no ciberespaço, colocadas
por aqueles que o utilizam, dentro de suas intencionalidades, que o tornam uma
ferramenta de elevado potencial transformador.

Em ambos os casos de virtualidades fica evidente a impossibilidade de

                        [...] separar o humano de seu ambiente material, assim como dos
                       signos e das imagens por meio dos quais ele atribui sentido à vida e ao
                       mundo. Da mesma forma, não podemos separar o mundo material das
                       idéias por meio das quais os objetos técnicos são concebidos e
                       utilizados, nem dos humanos que os inventaram, produzem e utilizam.
                       (LEVY, 2000, p. 22)

Considerando toda essa complexidade, a preopucapação pertinente é como o
ciberespaço se torna uma ferramenta com potencial transformador tão acentuado e o que
o diferencia particularmente dos outros agentes transformadores do espaço geográfico?

Para compreender tais questões é preciso buscar entender profundamente o que é o
espaço geográfico. Pode-se iniciar sua compreensão pela análise de sua composição, na
qual estão presentes as categorias de Paisagens, Lugares, Regiões e Territórios.
SANTOS (2008) afirma que, além disso, no espaço geográfico existem formas,
representadas pelas estruturas. Estas estruturas são construções que se apresentam
impressas no espaço geográfico, desempenhando determinadas funções sujeitas a
transformações ao longo do tempo. Sendo assim, as formas que, num tempo passado,
desempenhavam no espaço geográfico uma determinada função, hoje, quando uma
outra divisão social e territorial do trabalho reorganiza o espaço geográfico, podem nele
persistirem, permanecerem presentes, mas, talvez, não com a mesma função: daí se criar
o conceito de rugosidades. Sendo assim

                       O simples fato de existirem como formas, isto é, como paisagem, não
                       basta. A forma já utilizada é coisa diferente, pois seu conteúdo é
                       social. Ela se torna espaço, porque forma-conteúdo. O espaço é a
                       síntese, sempre provisória, entre o conteúdo social e as formas
                       espaciais. Mas a contradição principal é entre sociedade e espaço,
                       entre um presente invasor e ubíquo que nunca se realiza
                       completamente, e um presente localizado, que também é passado
16



                       objetivado nas formas sociais e nas formas geográficas encontradas.
                       (SANTOS, 2008, p. 109)

O que dá função à forma é a ação social sobre a mesma. SANTOS (2008) se refere, na
citação anterior, a “um presente invasor e ubíquo que nunca se realiza completamente”,
aludindo à sociedade, propriamente dita, pelo fato desta nunca se realizar por completo,
induzindo uma constante transformação do meio em que se vive. A essência de
mudança e de melhoria é algo imanente ao homem, sempre em busca da realização,
portanto

                        Quando a sociedade age sobre o espaço, ela não o faz sobre os
                       objetos como realidade física, mas como realidade social, formas-
                       conteúdo. Isto é, objetos sociais já valorizados aos quais ela (a
                       sociedade) busca oferecer ou impor um novo valor. A ação se dá sobre
                       objetos já agidos, isto é, portadores de ações concluídas mas ainda
                       presentes. Esses objetos da ação são, desse modo, dotados de uma
                       presença humana e por ela qualificados. (SANTOS, 2008, p 109)

O ciberespaço, colocado como uma ferramenta que abarca toda a totalidade do espaço
geográfico, possui suas particularidades. Uma delas é o ineditismo: pela primeira vez na
história, se coloca disponível para a sociedade, a qual nunca se encontra completamente
realizada, estando sempre em busca da realização, uma ferramenta, com tamanho
potencial aglutinador de informações e de idéias. Sendo assim, “o ciberespaço encoraja
um estilo de relacionamento quase independente dos lugares geográficos e da
coincidência dos tempos.” (LEVY, 2000, p 44). Talvez, seguindo esse raciocínio, a
Internet se apresente como ferramenta para suprir uma necessidade inerente ao ser
humano, qual seja a de se comunicar, de obter e fornecer informação. Esse fenômeno
que agora efetua a comunicação e a informação, ambas vindo e circulando de/por todos
os lugares do globo, surgiu e acontece num momento histórico tão favorável que
potencializa e multiplica sua eficácia nos processos globalizatórios que se intensificam.
Considerando o seu caráter desterritorizado, é possível buscar, por seu intermédio,
diferentes transformações – inclusive, aquelas tão almejadas, do real estado de
realização social doloroso e perverso, para outro, no qual estejam presentes justiça,
igualdade e solidariedade, compreendendo-se que tal luta se justifica, inclusive, pelo
reconhecimento que “começamos a nos conceber como humanidade há 50 anos”
(MORIN, 2003, p 72)
17



É nessa perspectiva que surge a idéia de um cidadão planetário, com consciência global.
Por tal motivo é que a Internet se torna uma ferramenta tão única na história. Com um
conjunto imenso de informações proporcionado por meio do ciberespaço criam-se

                        “[...] possibilidades que ficam por aí, vagando, até que, chamadas a se
                       realizar, transformam-se em extenso, isto é, em qualidades e
                       quantidades. Tais essências seriam, então, o Real Possível,
                       possibilidades reais, e não ideais. Esse Real se dá como configuração
                       viável da natureza e do espírito, em um dado momento: uma técnica
                       nova ainda não historicizada, uma nova ação apenas pensada.”
                       (SANTOS, 2008, p 123)
18




AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO: O ENSINO DE
           GEOGRAFIA COM O CIBERSPAÇO
19



2   AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO: O ENSINO DE
GEOGRAFIA COM O CIBERSPAÇO



                        “A virtualização exacerbada do que entendemos como realidade (o
                        signo é o real), a compreensão das dimensões espaço-tempo, o regime
                        semiótico das imagens (da ordem do indiciário) e a lógica caótica da
                        programação configuram vetores embutidos nas tecnologias da
                        informação: velocidade, enfermidade, fragmentação, visibilidade,
                        bricolagem, hibridização, conexão em redes e fluidez dos processos,
                        sugerindo outras formas de percebe, contabilizar e expressar a
                        experiências.” (SOARES, 2005, p 15)

Com tal entendimento, é possível afirmar que as tecnologias são capazes de causar
certo impacto imediato na sociedade. Apesar dessa assertiva ser inegável, poucas são as
tecnologias que se infiltram no cotidiano das pessoas com poder capaz de estabelecer
uma relação de dependência do usuário com o seu uso. Contudo, esse é o caso da
Internet.

As mudanças provocadas pela Internet na área de educação incluem novas maneiras de
ensinar que as escolas precisam incorporar. E são inevitáveis. A virtualização, mesmo
que exacerbada, sugere outras formas de expressar a experiência. Isso muda o
comportamento do professor, assim como do aluno, em sala de aula. O professor nao é
mais detentor do conhecimento absoluto, desde a massificação dos meios de
comunicação, iniciada com a imprensa. Com a Internet, essa constatação se evidencia: o
docente terá que procurar expressar as experiências de aprendizagem trabalhando a
informação para gerar o conhecimento. Por sua vez, o aluno não se comportará como
depósito de informações, dados e conceitos.

Sendo assim, “a educação deve contribuir para a autoformação da pessoa (ensinar a
assumir a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão.”
(MORIN, 2003, p 65). Por isso, cada vez mais, exige-se a formação do aluno como um
cidadão com “a consciência e o sentimento de pertencermos a Terra e de nossa
identidade terrana [que] são vitais atualmente.” (MORIN, 2003, p 73), presumindo-se o
auxílio do caráter desterritorializado do espaço virtual.
20



Sob esta égide educacional exige-se trabalhar o espaço virtual em sala de aula: como a
Internet pode se torna uma ferramenta potencializadora do ensino, principalmente no
que se refere à Geografia escolar. A problemática inclui pensar: como o uso da Internet
acontece atualmente nas escolas?

Nesse momento da pesquisa, o diálogo com o leitor e com estudiosos do assunto será
direcionado mais para a última questão. CASTELLS, afirma que

                        [...] no final de 1995, o primeiro ano de uso disseminado da world
                       wide web, havia cerca de 16 milhões de usuários de redes de
                       comunicação por computador no mundo. No inicio de 2001, eles eram
                       cerca de 400 milhões [...] é possível que estejamos nos aproximando
                       da marca dos dois bilhões por volta de 2010, mesmo levando em conta
                       uma desaceleração da difusão da internet quando ela penetrar no
                       mundo da pobreza e do atraso tecnológico. (CASTELLS. 2003, p. 8 )

No entanto, o uso da Internet se refere também ao teor qualitativo de seu conteúdo. Se
as próprias pessoas que usam a rede são aquelas que a constroem, quanto maior o
número de usuários, maior também será a quantidade de informação contida no
ciberespaço. Saber trabalhar com tamanho conteúdo é a preocupação para a qual as
atenções se voltam quanto ao ato de ensinar a pesquisar em tal ambiente. Por isso,
BABIN (1989, p. 25) afirma “A quantidade de informações que atinge os jovens os
submerge e, em seguida, os impede de concentrar-se num ponto especial... Hoje, todos
ficam submersos pelas informações. Isso leva a uma dispersão da reflexão.” Devido a
essa quantidade enorme de informação, as pessoas se perdem diante de diversas
opiniões sobre um mesmo assunto. Saber filtrar informações e trabalhar com esse
problema na escola é uma questão imprescindível e urgente. A participação do professor
na intercessão entre escola, aluno e Internet cria novas expectativas em sua formação e
em sua atuação pedagógica. A tentativa de ensinar o desenvolvimento de uma pesquisa
escolar utilizando a Internet, levando em consideração a transformação da informação
em conhecimento, exige a provocação do raciocínio crítico, exige o permanente
exercício da reflexão sobre o conteúdo pesquisado. Por tal motivo a Internet não exclui
a escola e nem o inverso: o trabalho é simbiótico, da escola para a internet e dessa para
aquela, pois é na escola que se reflete sobre o conteúdo pesquisado, daí a enorme
importância do trabalho do professor na construção do conhecimento.
21



Na busca de investigar a problemática, como metodologia de pesquisa, optei2 pelo
trabalho com um grupo focal, formado por cinco alunas do ensino médio, com a idade
variando entre 15 e 17 anos, da mesma instituição de ensino particular, com os quais
trabalhei por um período de três semanas, totalizando três encontros presenciais, sendo
um por semana. Adotei a perspectiva de pesquisa qualitativa, sem pretensões de
generalização dos resultados obtidos e sim como um mergulho teórico-prático na
questão: Como a Internet aparece no cotidiano escolar dos alunos e como o professor
trabalha o uso dessa tecnologia?

Nessa perspectiva os encontros presenciais com os alunos foram realizados em minha
casa, como autor desta pesquisa, por ser um lugar próximo às residências das alunas do
grupo focal, do qual faz parte, minha irmã. Essa fraternidade muito colaborou para a
constituição do grupo, favorecendo o contato e a autorização dos pais, para que as
meninas pudessem participar da pesquisa. .

No primeiro encontro foram esclarecidos os objetivos da pesquisa, que tem como foco o
ensino da Geografia, agregando o uso da Internet como uma ferramenta que possibilite
o ensinar geográfico além da sala de aula. Também esclareci como trabalharíamos: eu
poderia fazer algumas perguntas, cujas respostas eu registraria. Além disso, poderíamos
conversar sobre os temas de estudo, como elas os procuravam na Internet, como
entendiam o que liam, como eram estudados na escola, como entendiam que os temas as
ajudavam ou não na aprendizagem de Geografia e na vida. Disse-lhes que elas poderiam
perguntar o que não entendessem e poderiam sugerir ou acrescentar comentários,
avaliações, análises de suas compreensões. Novamente, o fato de minha irmã fazer parte
do grupo ajudou, deixando-nos todos mais à vontade.

Nos encontros posteriores à apresentação, trabalhei com as alunas conteúdos de
Geografia como Espaço Geográfico e Paisagem, Monções Asiáticas e domínio


2
 Nesse ponto do trabalho, opto por escreve-lo usando a primeira pessoa do singular, por se tratar da
experiência pessoal com os jovens, um espaçotempo (VALLADARES, 2009) real e virtual de convivência e
de aprendizagem que não pode ser descrita na impessoalidade verbal.
22



morfoclimático brasileiro (este último tema foi escolhido pelas alunas). Cada encontro
abordou um tema diferente dentro dos conteúdos mencionados acima.

Simultaneamente à percepção de suas aprendizagens por meio dessa ferramenta, fui
elaborando um diagnóstico da atual conjuntura da relação Ensino-Internet colocado na
escola. Fiquei intrigado em saber a maneira como vem sendo proposto o uso dessa
tecnologia na escola em contraposição à forma como os alunos a utilizam tanto por
lazer ou por estudo. Essas questões não se esgotam em si, pois é possível pensar ainda:
por que não os dois, lazer e estudo?


O trabalho com o grupo focal demonstrou que o livro não é tido como prioridade no
momento da realização da pesquisa, assim como esta não é feita mais na biblioteca, e
sim na sala de informática, evidenciando transformações de ambiência na escola,
destacando o uso das tecnologias de informação no espaço físico escolar. A biblioteca
continua a existir, no entanto o seu espaço é dividido com a informática. Contudo, nem
sempre são usadas as duas fontes de informação. A atração pelo ciberespaço, com sua
capacidade de interação, de agilidade no acesso à informação, assim como as diversas
maneiras como essa informação é apresentada, faz da biblioteca escolar, no discurso dos
jovens, “um museu antiquado de livros”.

Todavia, quando o professor não intervém na orientação da pesquisa, não só o conteúdo
pesquisado pode conter informações equivocadas, como os próprios alunos podem
escolher equivocadamente a fonte da pesquisa. Os problemas que ocorrem quando não
há auxilio do professor nos momentos da pesquisa, que ele mesmo solicita, podem ser
avaliados a seguir, quando se faz a seguinte pergunta a Esmeralda 3 e às outras alunas do
grupo focal:




3
 Foram atribuídos nomes de rochas e minerais às meninas do grupo focal com a qual o autor trabalhou,
objetivando-se mantê-las no anonimato.
23




Embora Esmeralda faça uma busca na rede na tentativa de levantar informações sobre o
assunto da pesquisa, ela acaba se direcionando ao portal do Wikipédia4 por defini-lo
como uma página “com informações corretas”.

O resultado de uma pesquisa feita nesses parâmetros muitas vezes se resume à copia de
informações na qual a aluna nem sempre as absorve ou atinge ao objetivo proposto com
o trabalho. É, praticamente, um laissez faire por parte do professor que omite o savoir
fairer no momento da pesquisa. Podemos observar, na resposta da Opala, à mesma
pergunta, o termo “mosaico” se destacando, numa correspondência à lógica usada: o
trabalho não é escrito e sim montado.




O padrão de “pesquisa” se repete com Safira

4
 Wikipédia: Página virtual com documentos de diversos assuntos que são escritos por qualquer pessoa
com acesso a internet.
24




Não há preocupação, por parte das alunas, no que diz respeito ao critério de qualidade
da construção textual. O que lhes parece importante é que o mesmo esteja, no mínimo,
abordando o tema da pesquisa proposta, não havendo registro, nem avaliação quanto à
qualidade da página pesquisada: há prioridade no uso do sítio Wikipédia pela facilidade
de encontrar informações, com conseqüente rapidez na elaboração do trabalho.

Caso o Wikipédia não atenda à necessidade da pesquisa, diversas outras páginas podem
ser consultadas para que o trabalho seja montado, mas sempre submetidas ao crivo da
rapidez e à facilidade de acesso à informação procurada: é a fluidez do espaço
geográfico, acentuada por meio do espaço virtual, espaço e tempo sendo tomados como
categorias determinantes do fazer.

As alunas revelam que buscam respostas nas primeiras páginas fornecidas para a
pesquisa. Afinal, quanto mais rápido terminam a pesquisa - considerada por elas como
algo obrigatório, um dever que precisa ser feito para evitar conseqüências desagradáveis
- mais tempo livre terão para o lazer com a própria Internet.

Entretanto, é possível encontrar outras formas de fazer pesquisa com a Internet, como o
faz Ametista, que busca dialogar com as informações com as quais se deparou na rede,
para construção do trabalho:
25




As adolescentes afirmam que fazem as pesquisas, que o professor solicita, por que se
trata de uma exigência escolar. Encaram tal tarefa como uma rotina já internalizada: o
fazer é um copiar e colar, mudar alguns parágrafos para que o professor não perceba que
o trabalho foi assim construído. A prática não é nova: acontecia também quando as
pesquisas eram feitas em livros. Ela, apenas, ganhou a sofisticação do meio e das
facilidades que ele oferece: a cópia, por não ser manuscrita, não exige quase nenhuma
atenção. Depois de lido o texto, numa leitura rápida e superficial, a máquina oferece o
recurso do recortar e colar. A impressão completa a tarefa.

Essa prática, evidentemente, é um reflexo da maneira como o professor orientou o
trabalho e como costuma trabalhar o resultado obtido com o trabalho “pesquisado”.

A imersão no espaço virtual, proporcionado pelo ciberespaço, induz ao falso domínio de
controle da tecnologia. O simples fato de se conseguir acesso à Internet não quer dizer,
exatamente, que há controle sobre a mesma. Essa preocupação se coloca, nesse
momento, no cerne das discussões porque foi demonstrado que para ter acesso ao
ciberespaço o uso da tecnologia é indispensável. Esse fator já cria uma condição de uso
da Internet. A outra problemática evidenciada é: existe a tecnologia que permite o
acesso a Internet, mas não se tem o domínio da mesma.

Isso ficou muito claro no grupo focal: o leve domínio dos conhecimentos pertinentes a
Internet se resume especificamente ao lazer. O uso da Internet, feito pelos jovens, em
geral, alunos de ensino médio em sua grande maioria, é direcionado ao uso de
comunidades virtuais, programas virtuais de comunicação em tempo real, por fim,
26



programas que permitem compartilhar músicas. Esse é o perfil superficial do uso da
Internet como ferramenta de lazer pelos jovens, segundo a pesquisa.

Não saber realizar uma pesquisa mais apurada na rede, não saber enviar um e-mail são
problemas de base que, na escola, deveriam está sendo sanados, entendendo, portanto,
que inclusão digital não é apenas a infraestrutura que permite o acesso a Internet. Essa
problemática, observada no grupo focal, induz a uma reação em cadeia, haja vista caso
não há domínio das ferramentas de pesquisa na rede, por parte do aluno. Este pode tanto
encontrar problemas na busca de informações a compor o trabalho, quanto na maneira
de lidar com a tecnologia e assim tirar melhor proveito dela.

No que concerne ao docente, a situação é ainda mais delicada por uma série de fatores
que são colocados logo de imediato. Quando se propõe novas maneiras de ensinar, a
desculpa é ampla: a carga horária é pequena e a exigência da programação de conteúdos
é muito extensa, portanto, não há espaço para inovar em sala de aula. Esse ponto de
vista induz ao uso da tecnologia como uma reprodução, de maneira acelerada, da forma
de ensinar anterior, baseada somente no quadro e giz. A tecnologia traz a rapidez e a
multiplicidade de acesso à informação densa, complexa e variada. Todavia o seu uso
permanece alicerçado no valor do ensino medido pela quantidade de informação
transmitida ou exposta em sala de aula. Felizmente, há profissionais que enxergam o
tempo destinado à construção de saberes diferenciados não apenas como um desperdício
e sim como um investimento, visto que é um material que será usado de diversas
maneiras em diversos momentos, poupando tempo, a longo prazo, com resultados mais
satisfatórios. Nesta perspectiva, entende-se que “O desenvolvimento tecnológico deve
traduzir-se em sabedoria de vida”. (BOAVENTURA, 2008, p 91)

Vale ressaltar que, dessa forma, não se defende o uso da Internet pela Internet. Para o
desenvolvimento cognoscível do aluno, a sala de aula é um local de interseção entre o
espaço virtual, espaço real e ensino (esquema abaixo), por tal motivo a escola
permanece como um local de importante relevância quando se trata do ensino. Por isso,
a proposta aqui defendida e problematizada visa aproximar o espaço virtual ao espaço
real da sala de aula. Assim, propõe-se trabalhar com os alunos o uso do ciberespaço na
27



construção do conhecimento, nunca excluindo a sala de aula como parte dessa
construção, visto que quando existe a polarização predominante do ciberespaço, não há
construção de conhecimento e sim acúmulo de informação sobre um determinado
assunto. Nesta perspectiva, a sala de aula se torna o local onde há o encontro das idéias
contidas no espaço virtual5 que são discutidas no espaço real, representado pela sala de
aula, cujo olhar é direcionado ao ensino.



                                            ESPAÇO
                                             REAL




                                            SALA
                                            DE AULA




       ESPAÇO                                                                   ENSINO
       VIRTUAL




O retrato que a pesquisa trouxe com o grupo focal mostrou adolescentes que não
possuem amplo conhecimento com relação ao uso da Internet, salvo quando se trata de

5
  O espaço virtual propriamente dito se faz presente em todo o ecúmeno do território por meio da
técnica que o precede (Internet) inclusive na sala de aula, por tal motivo que se fala das idéias que o
compõe e não do espaço virtual em si, afinal este é, nesse momento, representado pela Internet.
28



um uso exclusivo ao lazer. Por meio de relatos do grupo ficou evidente, também, que a
Internet é usada como ferramenta de auxilio na construção de um trabalho escolar, no
entanto o professor se coloca a margem durante a evolução da pesquisa, avaliando o
produto somente e não o processo. Com esse retrato, no capítulo seguinte, colocar-se-á
uma proposta de como pode ser trabalhada a Internet em ambiência escolar.
29




EDUCAÇÃO E INTERNET: POR UMA PROPOSTA DE ENSINO
           AGREGANDO O CIBERESPAÇO
30



3   EDUCAÇÃO E INTERNET: POR UMA PROPOSTA DE ENSINO
AGREGANDO O CIBERESPAÇO


O que se pretende colocar como proposta de uso da Internet no processo de
desenvolvimento da aprendizagem do aluno não é apenas uma maneira de trabalhar com
o ciberespaço dentro do ambiente escolar. Como o ciberespaço é invenção social e
dentro desse tipo de espaço virtual encontramos idéias permitidas por aqueles que
usufruem e modelam a virtualidade desse espaço, definir apenas uma maneira de
ensinar com a Internet seria desconsiderar todo potencial que a compõe, todas as idéias
e conhecimentos expostos seriam negligenciados: tal prática não é o intuito da pesquisa.

Durante o processo de aprendizagem existem diversos caminhos a se seguirem para
alcançar um objetivo: desenvolvimento do conhecimento. Nesse percurso cabe ao aluno
se apresentar disposto a assimilar a informação e incorporá-la em sua estrutura
cognitiva. No entanto, colocar-se disposto à aprendizagem é uma condição sine qua
nom do aluno.

A questão está no intermediário, naquele agente que vai trabalhar a informação e
conduzi-la ao conhecimento. Esse trabalho cabe ao professor que, na tentativa de
realizá-lo, pode tanto optar por um aprender mecanicamente, quanto, por uma
aprendizagem que busque atingir o cerne da construção do conhecimento. Nesse caso,
buscar-se-á incorporar à estrutura cognitiva do aluno, novas aprendizagens. Todos os
conhecimentos de vivência que o estudante traz consigo servirão de estímulo à
construção de novas aprendizagens. A essa maneira de assimilar o conhecimento dar-se
o nome de construtivismo ausubeliano ou Teoria da aprendizagem significativa de
David Ausubel (NETO, 2006, p 118).

Esse constructo se torna eficaz, principalmente, quando colocado à égide da
metodologia de ensino: quais recursos a Internet dispõe para a construção do
conhecimento significativo no/pelo aluno?

Para criar um ambiente em sala de aula que contribua na composição da estrutura
cognitiva do aluno, é preciso conhecer o Lugar do qual ele faz parte, pois dessa maneira
31



é possível acessar a estrutura cognitiva do aluno e assim construir novos conhecimentos.
No entanto, com o intuito de conseguir resultados satisfatórios, é preciso conhecer,
também, o aluno, principalmente no que se refere às habilidades e afinidades que
favorecem sua compreensão quanto a determinados assuntos, assim como o potencial
que precisa ser nele desenvolvido para alcançar sucesso em áreas para as quais não tem
igual facilidade.

Essa discussão se baseia no entendimento de que a inteligência está relacionada à
afinidade em um determinado assunto, proporcionada por uma habilidade inata da
criança,      definida entre sete grandes grupos de                    inteligências diferenciadas,
proporcionando, então, a existência de “[...] seven kinds of inteligence would allow
seven ways to teach, rather than one.”6 (GARDNER, 1993, p 23). Se existem sete ou
mais tipos de inteligências, isso quer dizer que existem sete maneiras de estimular a
aprendizagem com recursos diferenciados e com o intuito de buscar a aprendizagem
significativa. Nessa perspectiva, a Internet pode ser uma grande aliada do professor se
usada com o devido planejamento de aula.

A metodologia de ensino proposta pelo professor, considerando-se a Teoria das
Múltiplas Inteligências, retoma a preocupação em como estabelecer uma relação
Ensino-Internet, no que concerne à utilização de instrumentos proporcionado pela rede
mundial de computadores.

Com o intuito de levar o ensino da Geografia para além da sala de aula, de trabalhar
com um ensinar agregando o ciberespaço, considera-se como uma condição essencial
que o professor se faça presente no espaço virtual. Assim, é preciso haver a
territorialização na virtualidade por parte do docente, para que esse lócus virtual possa
ser um espaço concentrador de informações, facilmente direcionado a diferentes portais
pertinentes à temática proposta pelo docente. Portanto o professor pode se fazer
presente no ciberespaço por meio de comunidades virtuais, sites, bem como com a
categoria de blogs e viodelogs; dentre outros.


6
    “Sete tipos de inteligências que permitem sete maneiras de ensinar, ao contrário de uma.”
32



Nessa pesquisa optei trabalhar com o site, considerando-o como uma das formas de se
territorializar no ciberespaço. Utilizei como ferramenta principal o audiovisual, que
coloca o site na categoria de videolog.


Durante as reuniões com o grupo focal trabalhei com três assuntos de Geografia, já
mencionados, utilizando mapas temáticos e ilustrações com finalidade didática para
ajudar na compreensão do assunto. Ao fim de cada encontro, construía o material
audiovisual com base no que havia ensinado. Depois de construído, esse material foi
colocado na Internet, no endereço virtual criado especificamente para a pesquisa:
http://geografando.web.br.com/ por meio do qual as parceiras do grupo focal podiam
ter acesso ao conteúdo disponível. Na construção do site, logo na parte superior está
o logo-tipo, com os laptops e o globo, e logo abaixo, o slogan da página “A
Geografia além da escola”. Optei por dividir o conteúdo da página em categorias -
por exemplo: “Como as coisas funcionam” cuja idéia é trabalhar a interação com o
público virtual, criando um instrumento que possa permitir a escolha por meio do
voto pela Internet sobre determinado assunto da Geografia. Assim, estaria associando
ao conteúdo audiovisual a prática democrática do voto e a autonomia da escolha.
Todavia não houve tempo hábil para desenvolver essa idéia no site. Permaneceu,
contudo, no desenvolver dos três encontros com o grupo focal, a idéia de encontros
temáticos, sendo um deles escolhido pelo grupo.

Na barra lateral, a direita do site, é um espaço reservado a outros portais cujo assunto
é relevante com a Geografia. A idéia desse espaço se justifica por ser um local onde
os alunos podem ter acesso a informações diferenciadas e com credibilidade, o que
pode auxiliar a fazer um trabalho de busca com informações sérias.

Na elaboração do conteúdo audiovisual usei um programa de edição de
vídeos/imagens que trabalha com banco de dados. Sendo assim, durante a edição dos
vídeos peguei como base, documentários de onde foram retirados trechos
importantes para a construção do material audiovisual.
33

No entanto, muitas vezes, os trechos retirados dos documentários, cuja narração
original não estava de meu agrado, devido o seu teor essencialmente técnico, se
colocou como um problema. Entretanto, se o problema me preocupou, a solução para
contornar esse empecilho resultou na originalidade do conteúdo final, que surgiu
com a idéia de isolar o áudio original, apagá-lo e criar uma nova narração cujo texto
foi feito da maneira que eu (como professor) queria que fosse feito. Essa alternativa
me faz refletir sobre a necessidade de resgate da prática dos professores escreverem
para seus alunos, do jeito que a conversa com eles deveria fluir: o uso do
conhecimento psicológico sobre aprendizagem se colando ao conhecimento de como,
especificamente, nossos alunos aprendem ou não aprendem. Essa é uma chave que,
me parece, todo professor deveria usar sempre.

Com a seleção das partes do documentário que serviriam na construção do recurso
audiovisual e o roteiro elaborado tudo é feito no programa, desde a montagem das
partes selecionadas até a gravação do áudio narrado com microfone, existe espaço
para adicionar audio além dos que foram gravados com microfone: como músicas, o
que também foi utilizado. Por fim, com o intuito de identificar o material do site,
todo o conteúdo audiovisual é iniciado com o logo-tipo do site e o slogan juntamente
com a temática a qual o vídeo se refere.

A virtualidade do conteúdo produzido foi trabalhado tanto no próprio ciberespaço,
com o grupo focal acessando o conteúdo na rede, quanto nos encontros realizados
após a produção do material. Essa foi uma tentativa de aproximar a virtualidade à
realidade das alunas com o intuito de analisar a reação do grupo durante a
visualização do material. Para a minha surpresa o material audiovisual não apenas
gerou uma atmosfera surpreendente de envolvimento entre as meninas, como
produziu uma discussão sobre a viabilidade da construção de novos materiais
voltados ao ensino, uma vez que, o professor de Geografia “usa o mesmo slide de
furacão desde a sétima série (oitavo ano) - lembrando que quatro das meninas estão
no primeiro ano do ensino médio com uma no terceiro ano do ensino médio – No
decorrer da conversa, elas argumentaram: “mas ele (o professor) tem um milhão de
turmas, não dá para fazer um material diferente todo dia.” Fui obrigado a concordar
com esse argumento; sobre a carga horária docente: esse ainda é um fator que induz
ao ensinar mecanicamente.
34



No entanto o trabalho em demasiado não justifica usar o mesmo slide durante três anos,
principalmente quando há tecnologia disponível na escola para se trabalhar. Pelo que
afirmam as meninas do grupo focal, há muitos professores que mantém a prática do
ensinar mecanicamente, elegendo saberes sem significação, privilegiando dados e
conceitos de uma Geografia engessada, atualmente, por meio da técnica com a
informatização: quadros digitais, datashow, Internet... e outros tantos diversos recursos.

Pensando nisso, guardei a provocação para um novo trabalho de pesquisa: como os
alunos podem colaborar na produção de recursos didáticos, com a Internet e a produção
audiovisual, potencializando suas aprendizagens....
35



CONSIDERAÇÕES FINAIS


A proposta em como trabalhar a Internet em situação de ensino e aprendizagem, exposta
na pesquisa, apontou um caminho possível de se trabalhar a educação com o
ciberespaço.

O manuseio dessa tecnologia, entretanto, deve estar fundamentada nos conceitos que
norteiam a ciência geográfica e no comprometimento que o docente precisa assumir
quando é colocada a disposição uma técnica repleta de idéias e intencionalidades como
a Internet, haja vista os recursos que se encontram nesse espaço virtual, deixando o
ensino visualmente mais atrativo e moderno sem, necessariamente, haver significação
para o aluno, caso o modelo de ensino mecânico permaneça em prática. Do contrario a
Internet será uma nova ferramenta vestida com o velho modelo de ensino.

A confluência da Internet com o professor criativo torna possível a obtenção de
resultados satisfatórios. No bom manuseio da tecnologia em sala de aula, a onipresença
proporcionada por essa técnica transcende o ensino de Geografia para além das paredes
da sala de aula e, por isso, a participação do professor é fundamental na orientação dos
alunos dentro desse universo de informações.

A escola, portanto, é o ponto de partida, é onde o espaço virtual e o espaço real se
encontram, é o local onde será formado o cidadão com seus projetos e idéias que, em
um dado momento de sua formação, serão apenas virtuais, depois se tornarão reais em
um espaço real, geográfico, para assim poder transformá-lo como parte de uma
sociedade em busca da realização social calcada na justiça, solidariedade e igualdade.
Em uma sociedade cada vez mais virtual, ensinar com o ciberespaço é um compromisso
que a escola precisa assumir.
36



BIBLIOGRAFIA



BABIN, Pierre; KOULOUMDJAN, Marie-France. Os novos modos de aprender – a
geração do audiovisual e do computador. Edições Paulinas, SP, 1989

CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a
sociedade. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2003. 243 p.

COSTA, Rogério H. da. O Mito da Desterritorialização: do “fim dos territórios” à
multiterritorializade. -3ª Ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

GARDNER, Howard. Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences. 2ª Ed,
Fontana Press, 1993.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. 2. ed. - São Paulo: Editora 34, 2000. 260p.

MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história critica. 16. ed. - São
Paulo: Hucitec, 1998. 138p.

MOREIRA, Ruy. Pensar e ser em geografia: ensaios de história, epistemologia e
ontologia do espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2007. 188 p

_________2006, Para onde vai o pensamento geográfico? Por uma epistemologia
crítica. São Paulo: Contexto, 191 p.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio
de Janeiro, Bertrand Brasil, 2003.

NETO, José Augusto          da Silva Pontes.        TEORIA DA APRENDIZAGEM
SIGNIFICAMTIVA DE DAVID AUSUBEL: perguntas e respostas. Série-Estudos –
Periódico do Mestrado em Educação da UCDB, Campo Grande-MS, n 21, p.117-130,
jan/jun. 2006.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 5. ed. São Paulo:
Cortez, 2008. 92 p.
37



SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:
Edusp, 2008. 384 p.

SOARES, Maria conceição Silva. Quem não se comunica, se trumbica: a
comunicação praticada no cotidiano da escola. 2005.

VALLADARES, M. T. R. Vivências em zonas de fronteiras...as narrativas se fazem
travessias (um estudo com cotidianos e narrativas no estágio curricular da licenciatura
de Geografia na UFES), 2009.

Más contenido relacionado

Destacado

Math final
Math finalMath final
Math finalhnibley
 
WINNERS PORTFOLIO YEAR 4
WINNERS PORTFOLIO YEAR 4WINNERS PORTFOLIO YEAR 4
WINNERS PORTFOLIO YEAR 4escolasabp4a
 
Ações Conscientes E Desvios Nutricionais Na Infancia
Ações Conscientes E Desvios Nutricionais Na InfanciaAções Conscientes E Desvios Nutricionais Na Infancia
Ações Conscientes E Desvios Nutricionais Na Infanciathemis dovera
 
Antique Photos
Antique PhotosAntique Photos
Antique Photosguestfbb37
 

Destacado (6)

Math final
Math finalMath final
Math final
 
WINNERS PORTFOLIO YEAR 4
WINNERS PORTFOLIO YEAR 4WINNERS PORTFOLIO YEAR 4
WINNERS PORTFOLIO YEAR 4
 
Ações Conscientes E Desvios Nutricionais Na Infancia
Ações Conscientes E Desvios Nutricionais Na InfanciaAções Conscientes E Desvios Nutricionais Na Infancia
Ações Conscientes E Desvios Nutricionais Na Infancia
 
Is God Speaking To Me Or Is It My Illusion
Is God Speaking To Me Or Is It My IllusionIs God Speaking To Me Or Is It My Illusion
Is God Speaking To Me Or Is It My Illusion
 
Planilhas
PlanilhasPlanilhas
Planilhas
 
Antique Photos
Antique PhotosAntique Photos
Antique Photos
 

Similar a Ensino de Geografia e Internet

A construção de um aplicativo para o ensino híbrido: um estudo de caso nas au...
A construção de um aplicativo para o ensino híbrido: um estudo de caso nas au...A construção de um aplicativo para o ensino híbrido: um estudo de caso nas au...
A construção de um aplicativo para o ensino híbrido: um estudo de caso nas au...Camila Brito
 
PROJETO IRENILDE.docx
PROJETO IRENILDE.docxPROJETO IRENILDE.docx
PROJETO IRENILDE.docxCostaLeila
 
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdf
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdfA CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdf
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdfcarloscardoso948296
 
MPEHG AULA 12: Ciências Humanas, Geografia e BNCC
MPEHG AULA 12: Ciências Humanas, Geografia e BNCC MPEHG AULA 12: Ciências Humanas, Geografia e BNCC
MPEHG AULA 12: Ciências Humanas, Geografia e BNCC profamiriamnavarro
 
Currículo referência geohgrafia 6º ao 9º ano
Currículo referência geohgrafia 6º ao 9º anoCurrículo referência geohgrafia 6º ao 9º ano
Currículo referência geohgrafia 6º ao 9º anotecnicossme
 
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós unifor
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós uniforModelo retificado de artigo xiii encontro de pós unifor
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós uniforZannatta Campos
 
Como realizar uma Excursão/Estudo do Meio Interdisciplinar (Fundamentação e P...
Como realizar uma Excursão/Estudo do Meio Interdisciplinar (Fundamentação e P...Como realizar uma Excursão/Estudo do Meio Interdisciplinar (Fundamentação e P...
Como realizar uma Excursão/Estudo do Meio Interdisciplinar (Fundamentação e P...Ronaldo Santana
 
O papel da geografia
O papel da geografiaO papel da geografia
O papel da geografiaguest0268045d
 
Educação na Cidade - Andréia M. De Bernardi
Educação na Cidade - Andréia M. De BernardiEducação na Cidade - Andréia M. De Bernardi
Educação na Cidade - Andréia M. De BernardiAndréia De Bernardi
 
Metodologia do ensino de geografia nas séries iniciais
Metodologia do ensino de geografia nas séries iniciaisMetodologia do ensino de geografia nas séries iniciais
Metodologia do ensino de geografia nas séries iniciaisKarla Lopes
 
MPEHG AULA 10: Aula 10: Geografia na BNCC: introdução + competências específicas
MPEHG AULA 10: Aula 10: Geografia na BNCC: introdução + competências específicasMPEHG AULA 10: Aula 10: Geografia na BNCC: introdução + competências específicas
MPEHG AULA 10: Aula 10: Geografia na BNCC: introdução + competências específicasprofamiriamnavarro
 
Imersão tecnológica na educação possibilidades,limitações e dificuldades no ...
Imersão tecnológica na educação  possibilidades,limitações e dificuldades no ...Imersão tecnológica na educação  possibilidades,limitações e dificuldades no ...
Imersão tecnológica na educação possibilidades,limitações e dificuldades no ...Cleyton Souza
 

Similar a Ensino de Geografia e Internet (20)

A construção de um aplicativo para o ensino híbrido: um estudo de caso nas au...
A construção de um aplicativo para o ensino híbrido: um estudo de caso nas au...A construção de um aplicativo para o ensino híbrido: um estudo de caso nas au...
A construção de um aplicativo para o ensino híbrido: um estudo de caso nas au...
 
PROJETO IRENILDE.docx
PROJETO IRENILDE.docxPROJETO IRENILDE.docx
PROJETO IRENILDE.docx
 
Conflitos
ConflitosConflitos
Conflitos
 
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdf
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdfA CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdf
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdf
 
MPEHG AULA 12: Ciências Humanas, Geografia e BNCC
MPEHG AULA 12: Ciências Humanas, Geografia e BNCC MPEHG AULA 12: Ciências Humanas, Geografia e BNCC
MPEHG AULA 12: Ciências Humanas, Geografia e BNCC
 
Sem título 1
Sem título 1Sem título 1
Sem título 1
 
Currículo referência geohgrafia 6º ao 9º ano
Currículo referência geohgrafia 6º ao 9º anoCurrículo referência geohgrafia 6º ao 9º ano
Currículo referência geohgrafia 6º ao 9º ano
 
O blog
O blogO blog
O blog
 
T12 re1286
T12 re1286T12 re1286
T12 re1286
 
T12 re1286
T12 re1286T12 re1286
T12 re1286
 
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós unifor
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós uniforModelo retificado de artigo xiii encontro de pós unifor
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós unifor
 
Como realizar uma Excursão/Estudo do Meio Interdisciplinar (Fundamentação e P...
Como realizar uma Excursão/Estudo do Meio Interdisciplinar (Fundamentação e P...Como realizar uma Excursão/Estudo do Meio Interdisciplinar (Fundamentação e P...
Como realizar uma Excursão/Estudo do Meio Interdisciplinar (Fundamentação e P...
 
O papel da geografia
O papel da geografiaO papel da geografia
O papel da geografia
 
Educação na Cidade - Andréia M. De Bernardi
Educação na Cidade - Andréia M. De BernardiEducação na Cidade - Andréia M. De Bernardi
Educação na Cidade - Andréia M. De Bernardi
 
Porque usar
Porque usarPorque usar
Porque usar
 
Metodologia do ensino de geografia nas séries iniciais
Metodologia do ensino de geografia nas séries iniciaisMetodologia do ensino de geografia nas séries iniciais
Metodologia do ensino de geografia nas séries iniciais
 
Artigo estagio geo ensino medio
Artigo estagio geo ensino medioArtigo estagio geo ensino medio
Artigo estagio geo ensino medio
 
MPEHG AULA 10: Aula 10: Geografia na BNCC: introdução + competências específicas
MPEHG AULA 10: Aula 10: Geografia na BNCC: introdução + competências específicasMPEHG AULA 10: Aula 10: Geografia na BNCC: introdução + competências específicas
MPEHG AULA 10: Aula 10: Geografia na BNCC: introdução + competências específicas
 
Copa do mundo de futebol e a Geografia Escolar
Copa do mundo de futebol e a Geografia EscolarCopa do mundo de futebol e a Geografia Escolar
Copa do mundo de futebol e a Geografia Escolar
 
Imersão tecnológica na educação possibilidades,limitações e dificuldades no ...
Imersão tecnológica na educação  possibilidades,limitações e dificuldades no ...Imersão tecnológica na educação  possibilidades,limitações e dificuldades no ...
Imersão tecnológica na educação possibilidades,limitações e dificuldades no ...
 

Más de Davi de Freitas (20)

Doc1.1
Doc1.1Doc1.1
Doc1.1
 
Potencializando
PotencializandoPotencializando
Potencializando
 
O turismo
O turismoO turismo
O turismo
 
O que ve
O que veO que ve
O que ve
 
O jogo
O jogoO jogo
O jogo
 
O espaco
O espacoO espaco
O espaco
 
Musica
MusicaMusica
Musica
 
Leitura
LeituraLeitura
Leitura
 
Geografando
GeografandoGeografando
Geografando
 
Cidades
CidadesCidades
Cidades
 
Cartilha geografando
Cartilha geografandoCartilha geografando
Cartilha geografando
 
As tecnologias
As tecnologiasAs tecnologias
As tecnologias
 
Aprendendo sobre
Aprendendo sobreAprendendo sobre
Aprendendo sobre
 
Ano de
Ano deAno de
Ano de
 
Alimentos
AlimentosAlimentos
Alimentos
 
A geografia
A geografiaA geografia
A geografia
 
A educacao
A educacaoA educacao
A educacao
 
Potencializando
PotencializandoPotencializando
Potencializando
 
Rita
RitaRita
Rita
 
Dia do geógrafo
Dia do geógrafoDia do geógrafo
Dia do geógrafo
 

Último

Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSilvana Silva
 
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaaulasgege
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxfabiolalopesmartins1
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Regência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfRegência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfmirandadudu08
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Susana Stoffel
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxfabiolalopesmartins1
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfArthurRomanof1
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveaulasgege
 

Último (20)

Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
 
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Regência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfRegência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdf
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 

Ensino de Geografia e Internet

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – UFES CENTRO DE EDUCAÇÃO – CE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, POLÍTICA E SOCIEDADE – DEPS FILIPE BARRETO FRANCHINI A INTERNET: A PERSPECTIVA GEOGRÁFICA DE ENSINO COM O CIBERESPAÇO VITÓRIA 2010
  • 2. FILIPE BARRETO FRANCHINI A INTERNET: A PERSPECTIVA GEOGRÁFICA DE ENSINO COM O CIBERESPAÇO Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado ao Departamento de Educação, Política e Sociedade, Centro de Educação, da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito do grau de licenciado em Geografia. Orientadora: Prof.ª Drª. Marisa Terezinha Rosa Valladares.. VITÓRIA 2010
  • 3. FILIPE BARRETO FRANCHINI A INTERNET: A PERSPECTIVA GEOGRÁFICA DE ENSINO COM O CIBERESPAÇO Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado ao Departamento de Educação, Política e Sociedade, Centro de Educação, da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito do grau de licenciado em Geografia. Aprovado em 17 de junho de 2010 COMISSÃO EXAMINADORA ____________________________ Profª. Drª. Marisa Teresinha Valladares Universidade Federal do Espírito Santo - Orientadora ____________________________ Professora Mestre Regina Célia Frigério Silva ____________________________ Professor Mestre Pablo Lira
  • 4. “... todos querem ajudar, por isso cada um tem sua idéia própria, que não se ajusta com a idéia do outro, mas o resultado é admirável. A unidade pela diversidade. Na hora da batalha formamos a frente única...” ( Carlos Drummond de Andrade, O Importuno)
  • 5. RESUMO A presente pesquisa tem como objetivo potencializar o ensino de Geografia por meio da Internet, expandindo os conhecimentos de Geografia para além da sala de aula, sem excluir o espaço escolar. O que é pretendido, portanto, é uma relação simbiótica da Internet com o ensino. No entanto ao trabalhar com tecnologia, sobretudo com a Internet, é preciso fundamentar geograficamente o que vem a ser a Internet, quais as implicações do uso dessa tecnologia no ensino da Geografia e nos principais conceitos que a norteiam: Paisagem, Lugar, Território e Região. Assim, ao propor a Internet como veículo de aprendizagem torna-se necessário repensar as maneiras de ensinar Geografia. Pistas concedidas pelos sujeitos da pesquisa dizem que não há compreensão por parte dos alunos quanto ao motivo de estudar Geografia como se tem feito geralmente na escola, tanto por causa da metodologia, quanto devido aos conteúdos trabalhados. A partir dos estudos teóricos e empíricos, a proposta baseou-se na produção de um site e na produção de conversas com um grupo focal, visando a problematização da pesquisa como forma do aprender autônomo, crítico e comprometido com a ética. Plavras-chave: 1. Ensino de Geografia e Internet. 2. Geografia e Espaço Virtual. 3.Geografia e Espaço Real -
  • 6. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6 1 DA GEOGRAFIA ENGESSADA À GEOGRAFIA FLUIDA: DE QUE GEOGRAFIA ESTAMOS FALANDO... ...................................................................... 8 1.1 ESPAÇO REAL E ESPAÇO VIRTUAL: DA VIRTUALIDADE AO REAL OU DA REALIDADE AO O VIRTUAL? ......................................................................... 12 2 AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO: O ENSINO DE GEOGRAFIA COM O CIBERSPAÇO ....................................................................... 19 3 EDUCAÇÃO E INTERNET: POR UMA PROPOSTA DE ENSINO AGREGANDO O CIBERESPAÇO ............................................................................ 30 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 35 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 36
  • 7. 6 INTRODUÇÃO Na primeira década do século XXI a humanidade esteve tão interligada, por meio de uma técnica que proporcionou profundas transformações na maneira de agir e pensar, que fez do espaço geográfico uma produção muito mais dinâmica do que fora antes do período técnico-cientifico-informacional (SANTOS 2008). A dinamicidade do espaço geográfico adquirida por meio da técnica tem como símbolo a Internet, que foi capaz de aproximar o mundo por meio da comunicação, do fluxo de informações e dados, produzindo a espantosa aceleração das transformações no espaço geográfico. A internet, nesta concepção, é uma problemática conceitual para a Geografia, visto que se a ciência geográfica estuda o espaço geográfico, qual ciência estaria encarregada de estudar o espaço virtual que surge com a Internet? Como a Geografia estuda o espaço virtual que emerge com a Internet? O espaço virtual é espaço geográfico? É nessa perspectiva que a pesquisa que o leitor tem em mãos começa a se delinear. No primeiro capítulo serão trabalhados os motivos que levaram a Geografia escolar a perder autonomia, a ponto dos alunos nem saberem mais o motivo de estudá-la. Também será discutido como e se a Internet pode se tornar um auxílio, em busca de uma nova proposta de ensino na Geografia, assim como os conceitos que emergem quando se trabalha com a Internet, haja vista a preocupação em fundamentar geograficamente os conceitos de ciberespaço, espaço virtual e espaço real. No segundo capítulo é feito um diagnostico de como a Internet aparece no cotidiano escolar dos alunos e como eles usam essa ferramenta, tanto para lazer quanto para as atividades escolares. Por fim, no terceiro capítulo, o cerne da discussão está reservado a expor a proposta de uso da Internet em ambiente escolar.
  • 8. 7 DA GEOGRAFIA ENGESSADA À GEOGRAFIA FLUIDA: DE QUE GEOGRAFIA ESTAMOS FALANDO...
  • 9. 8 1 DA GEOGRAFIA ENGESSADA À GEOGRAFIA FLUIDA: DE QUE GEOGRAFIA ESTAMOS FALANDO... O saber geográfico é uma forma de leitura e interpretação do espaço - não é somente descritivo, o seu propósito com a sociedade vai além da descrição. A Geografia submerge dentro do amalgama que compõe o espaço geográfico e busca trazer conhecimento referente ao meio. Por muito tempo, durante o período denominado como modernidade, todo conhecimento produzido na ciência geográfica, mas não apenas por esta, estava calcado na supervalorização do discurso cientifico perante ao senso comum. Esse modelo positivista marca toda a produção acadêmica da Geografia, com uma repercussão que a perpassa até o pós-modernismo. Souza mostra os sinais dessa transição quando afirma: Na ciência moderna a ruptura epistemológica simboliza o salto qualitativo do conhecimento do senso comum para o conhecimento cientifico; na ciência pós-moderna o salto mais importante é o que é dado do conhecimento cientifico para o conhecimento do senso comum. (BOAVENTURA, 2008, p. 90) Embora esse salto do conhecimento científico para o conhecimento do senso comum se demonstre muito tímido, essa transição dentro da Geografia fica clara, pois as ferramentas utilizadas pelos positivistas para estudar o espaço geográfico não alcançavam mais a compreensão do caso estudado, daí surgiu o movimento de renovação com a Geografia pragmática e a Geografia critica: a primeira buscando instrumentalizar a Geografia levando-a à prática, um conhecimento aplicado e prospectivo, já a segunda procura enfatizar o conteúdo social, político e econômico em busca de uma sociedade mais justa (MORAES, 1992.) Todas as formas de pensamento da Geografia supracitadas são formas de compreender a Geografia daquele momento, sob determinadas condições especificas daquela época. Explicar o espaço geográfico, em 1950, requeria ferramentas, as quais, se fossem utilizadas hoje, não alcançariam resultados satisfatórios sobre o objeto estudado: daí a
  • 10. 9 necessidade de se buscar novas formas de instrumentalizar o pensamento, a pesquisa e a ação geográfica. A questão a ser colocada é: estamos passando por um momento de, novamente, refletir sobre as nossas bases teóricas para compreender nossa dinâmica espacial atual. Será essa uma necessidade constante da Geografia? Responder essa questão é tão importante para compreensão do objeto geográfico quanto para o ensino da Geografia, pois assim podemos definir que Geografia estamos ensinando e qual Geografia podemos ensinar. Para compreender qual Geografia que nos desafia, aquela que temos diante de nós, esperando ou provocando um novo pensar e agir, é preciso entender antes o que nos levou ao atual estado de dúvida para com o ensino dela. Assim sendo, por definição, a Geografia estuda a relação do homem com a natureza, dos homens entre si individualmente e coletivamente, da natureza na dinâmica produção de seus elementos. Esse conjunto de relações se faz presente num dado espaço geográfico, por esse motivo a Geografia desfruta de certos privilégios, afinal, o professor trabalha primeiramente com um saber de descrição de uma paisagem na qual o aluno faz parte e constrói, sendo assim, esse saber descritivo da Geografia é: [...] um saber que olha e fala do mundo por meio da paisagem, e o faz numa tal correspondência que as pessoas saem das aulas, andam pelos espaços do mundo, e olhando estes espaços se lembram das lições do professor de geografia. Era a vantagem de trabalhar com a paisagem. (MOREIRA, 2006, p. 191) O problema é que há uma dificuldade imensa, por parte dos alunos, em fazer essa relação do que é falado em sala com o que se consegue observar no espaço geográfico. Dentre um complexo conjunto de situações, esse é um motivo que leva a Geografia escolar a viver e enfrentar uma crise de reflexão das suas bases. O que se ensina hoje nas escolas é, ainda, de modo geral, uma Geografia engessada: com ela se quer explicar a organização espacial atual sem criar um mínimo de identidade local com o aluno. Assim, o que se verifica nas materializações de Geografia escolar (como livros didáticos, provas de vestibulares, exercícios de escola, por exemplo) é um “pacote de conceitos congelados”, no qual a única relação que o aluno fará é no comando na hora
  • 11. 10 da avaliação: ligue as colunas; enumere a coluna X com a coluna Y, marque X na resposta correta... É evidente que essa problemática não ocorre apenas devido a prática do docente. Ela se torna cada vez mais forte pela busca, por parte dos alunos, da resposta rápida, da explicação do agora, depressa... O adjunto adverbial de tempo é um dos vocabulários mais intensamente usado pelos adolescentes. Devido a esse “engessamento” da Geografia, o seu ensino perde autonomia, uma vez que explica um espaço que não existe dentro do mundo do aluno. Já tivemos um momento em que a paisagem era, aparentemente, mais lenta em suas transformações. Atualmente essa mesma paisagem é mais dinâmica, fugaz, em constante metamorfose. Trabalhar essa fugacidade com a Geografia “engessada” tornou-se impossível, por isso que: Muito raramente acontece de quando hoje as pessoas olham a organização dos espaços se lembrem do seu professor de geografia. Falta a identidade entre o que ele falou e o que se está vendo [...] a paisagem tornou-se fluida. (MOREIRA, 2006, p. 171) Toda essa dinâmica observada no espaço, o principal objeto de estudo da geografia, não faz com que estejamos sempre repensando o saber geográfico, uma vez que seu objeto está sempre em constante transformação? A Geografia “engessada”, com modelos estabelecidos para facilitar o ensino em sala, não corresponde mais ao que se vê na paisagem. O resultado desse modelo são alunos desinteressados pela disciplina, não entendendo, nem mesmo, o sentido de estudá-la. Por outro lado, o professor, frustrado, não vê seu trabalho atingir o objetivo proposto ou aquele imposto pela instituição de ensino. Nessa linha de ensino e de aprendizagem, a culpa recai sobre o aluno, que “não estudou o bastante”. Nesse caso a frustração é de via dupla, tanto do professor quanto do aluno. A não identificação do aluno com que o professor fala em sala de aula é reflexo, portanto, de um objeto dinâmico, com o qual não é possível estabelecer nexo ou relação na e com a Geografia “engessada” ensinada, daí a necessidade de uma Geografia “fluída”.
  • 12. 11 Essa fluidez surge das forças dialéticas atuantes no espaço geográfico, onde existe um estado de re-criação do mesmo é o processo de territorialização – desterritorialização – reterritorialização. O processo de territorialização e desterritorialização se refere ao conjunto de movimentos que envolvem a criação e destruição de ordem e desordem que envolve tais processos. Sendo assim, “[...] a desterritorialização é simplesmente a outra face, sempre ambivalente da construção de territórios” (HAESBAERT, 2007, p.365) que leva ao processo de reterritorialização, a reafirmação no território de um constante processo de reconstrução das identidades em busca da autonomia no espaço. Moreira (2006) defende a representação e o olhar da Geografia num contexto de espaço fluido, entrelaçando duas ferramentas fundamentais da ciência geográfica: a paisagem e a cartografia. A paisagem como objeto de ação social está constantemente se reafirmando e se reorganizando dentro de um processo de territorialização – desterritorialização – reterritorialização, ganhando um caráter fluido. A ótica, portanto, precisa se focar não mais no fixo e sim no fluxo. A Geografia utiliza-se, então, da cartografia, que deixa de ser só ferramenta de representação, no modo que apenas transpunha num mapa o seu objeto de estudo, para se tornar linguagem e raciocínio para representar a dinamicidade da paisagem, valendo-se, também, da sofisticação de outras linguagens que possam revelar, no mapa, o fluxo do real. Moreira (2006) buscou resgatar a cartografia como ferramenta dentro da Geografia fluida, tornando-a tão dinâmica quanto o seu objeto. O que é pretendido nesse trabalho, segue por outro caminho. Se a dinamicidade que a paisagem adquiriu, provocou uma quebra no modelo engessado da Geografia escolar e se essa fluidez foi resultado de um processo de territorialização – desterritorialização – reterritorialização, é inegável que esse caráter fluído foi intensificado por outra ferramenta cujo uso está cada vez mais disseminado: a rede mundial de comunicação eletrônica, a internet. No entanto, ao estabelecermos essa compreensão, esbarramos em outra problemática conceitual: como relacionar o espaço real, onde todas as representações humanas se
  • 13. 12 estabelecem num espaço físico, com um espaço virtual, de fácil acesso, o qual inclusive se faz presente dentro de todo o ecúmeno do espaço geográfico e o ensino de geografia? O ciberespaço é um conceito utilizado por Pierre Levy, (2000) com o qual o autor se refere a todo o espaço virtual, possível com a Internet. O ciberespaço pode, assim, ser explicado como uma rede onipresente, que se imiscui e que abarca o espaço geográfico construído pela sociedade humana. No espaço geográfico, invenção social, as ações humanas acontecem numa perspectiva que o caracteriza como dinâmico, fluido. Nesse sentido, a nova cartografia é uma ferramenta muito mais útil e geográfica, que tenta apreender, problematizar e explicar o espaço onde ocorre todas as transformações, onde a materialização das mudanças torna possível uma cartografia nova para essa nova Geografia fluida. Entretanto, se podemos justificar a fluidez do espaço geográfico também pelo uso do ciberespaço, cujo fluxo de informação e de comunicação se torna cada vez mais dinâmico e veloz, admitiremos que o ciberespaço é um agente intensificador das mudanças no espaço geográfico. Nesse sentido, agregar a Internet ao ensino pode potencializar um espaço de diálogo e de desenvolvimento cognitivo para alunos de Geografia escolar, visto que esta é uma ferramenta amplamente utilizada, inclusive pelos alunos, que se tornam também agentes causadores de mudanças no espaço geográfico através do espaço virtual. Sendo assim a relação espaço real, espaço virtual e ensino de geografia se faz possível. E importante. E necessária. 1.1 ESPAÇO REAL E ESPAÇO VIRTUAL: DA VIRTUALIDADE AO REAL OU DA REALIDADE AO O VIRTUAL? Na parte anterior foram trabalhados os conceitos de espaço real e virtual, além de ser definida a importância destes conceitos, assim como do ciberespaço e do espaço geográfico no ensino de Geografia. A discussão, neste segmento do trabalho, orbita sobre a virtualidade e a realidade. Na perspectiva em que foram e que serão utilizados tais conceitos, eles exigem alguns esclarecimentos sobre o seu emprego
  • 14. 13 Nesta pesquisa, como a linha de raciocínio é calcada no saber geográfico, o espaço real e o espaço geográfico 1 se tornam similares, considerando-se, ambos, uma invenção social. Os agentes sociais, no processo de construção do espaço geográfico, simultaneamente, o modelam, alterando concomitantemente o que constroem e o que re- constroem, uma vez que o fazem intencionalmente, isto é, planejando o que vão fazer, inventando-o antes mesmo de que ele se configure como tal. Ora, essa idéia do espaço a ser construído, planejado, não o constituiria, no dado momento em que é pensado, como um espaço virtual? Moreira, afirma que [...] a idéia não é uma invenção pura e simples de nosso pensamento, uma especulação sem mais nem menos de nosso intelecto. A idéia é o que resulta da nossa relação intelectual com a realidade sensível, o real sensível traduzido como construção do intelecto através do conceito. Daí dizermos que é uma representação. (MOREIRA, 2007, p. 106) Nessa linha de raciocínio, é possível afirmar, então que partir do estado real das coisas para criar a representação na forma das idéias, acionando a sensibilidade, permite que se possa captar [...] as coisas da realidade circundante e as transportamos na forma de sensações até dentro de nós, à nossa mente. Em nossa mente, essas sensações são reunidas na reprodução dos objetos do mundo externo na forma de imagem. (MOREIRA, 2007, p. 107). Assim, é possível considerar, que partir da realidade para criar a virtualidade das coisas ou partir do virtual para criar o real se constitui em um retorno permanente, tal qual a tentativa de apreender o conhecimento; como rede: ele desliza para mais adiante, retoma o que já foi dito, vaza em vácuos e se articula novamente em nós temporários ou definitivos. Nota-se, também, que a virtualidade, neste sentido, é um virtual no plano das idéias. Nesse conceito pode ser virtual o espaço vivido que não se vive mais, a não ser na 1 Não há intenção de se trabalhar com a definição do que seria o real, o que conduziria a um debate a partir de Platão ,na Alegoria da Caverna,que não é o foco da pesquisa.
  • 15. 14 memória por aqueles que o viveram, conectando passado e presente, modificando-se a cada nova “visita”. O virtual também se refere ao momento vivido, que não é resgatado no cotidiano, ficando somente nas lembranças, não sendo motriz de novas ações: só quando se o resgata ele se projeta na memória e ganha dinamicidade. No dizer de Bosi (apud VALLADARES, 2009) e de Valladares (2009) o virtual se retira para o esquecimento, quando então é lembrança, só lembrado se resgatado pela memória. O virtual também é a projeção mental do que se deseja viver, espaço invenção mental: é uma vontade que ainda não se tornou real. O que é formulado, portanto, se constitui como um modelo de virtualidade ligado a abstração daquilo que se pretende viver ou que se vivenciou no espaço real: contudo essa é uma virtualidade no plano das idéias, mental, não tátil. A virtualidade com a qual se trabalha nesta pesquisa envolve um virtual proporcionado pelo uso da técnica que permite ao virtual do plano das idéias e mental, sair desse locus e compor o ciberespaço. Todavia, continua sendo não tátil: característica da virtualidade. Esse modelo de virtualidade coloca exposta uma idéia que antes era tida inicialmente na consciência do mentor. O ciberespaço, portanto, é composto por um conjunto de idéias permitidas por aqueles que constroem e usufruem o ciberespaço em diferentes localidades do espaço geográfico. É também um espaço virtual que precisa do espaço real para existir. Nesse caso, o virtual ganha outra denominação: É virtual toda entidade desterritorializada, capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes momentos e locais determinados, sem contudo estar ela mesma presa a um lugar ou tempo em particular. (LEVY, 2000, p. 47) Sendo assim, as características virtualizante e desterritorializante do ciberespaço fazem dele o vetor de um universo aberto (LEVY, 2000, p 50) tornando-o uma ferramenta poderosa na transformação do espaço real. O caráter desterritorializado do ciberespaço coloca-o como uma ferramenta onipresente dentro do espaço geográfico, sendo assim, se consegue acesso ao ciberespaço de qualquer parte daquele espaço, seja por meio do computador ou até mesmo o celular. Portanto, “ainda que não possamos fixá-lo em nenhuma coordenada espaço-temporal, o virtual é real”. (LEVY, 2000, p 48). Todavia, o uso da técnica para ter acesso ao ciberespaço é imprescindível.
  • 16. 15 No entanto, “o ciberespaço não engendra uma cultura do universal porque de fato está em toda parte, e sim porque sua forma ou sua idéia implicam de direito o conjunto dos seres humanos” (LEVY, 2000, p. 119). São as idéias expostas no ciberespaço, colocadas por aqueles que o utilizam, dentro de suas intencionalidades, que o tornam uma ferramenta de elevado potencial transformador. Em ambos os casos de virtualidades fica evidente a impossibilidade de [...] separar o humano de seu ambiente material, assim como dos signos e das imagens por meio dos quais ele atribui sentido à vida e ao mundo. Da mesma forma, não podemos separar o mundo material das idéias por meio das quais os objetos técnicos são concebidos e utilizados, nem dos humanos que os inventaram, produzem e utilizam. (LEVY, 2000, p. 22) Considerando toda essa complexidade, a preopucapação pertinente é como o ciberespaço se torna uma ferramenta com potencial transformador tão acentuado e o que o diferencia particularmente dos outros agentes transformadores do espaço geográfico? Para compreender tais questões é preciso buscar entender profundamente o que é o espaço geográfico. Pode-se iniciar sua compreensão pela análise de sua composição, na qual estão presentes as categorias de Paisagens, Lugares, Regiões e Territórios. SANTOS (2008) afirma que, além disso, no espaço geográfico existem formas, representadas pelas estruturas. Estas estruturas são construções que se apresentam impressas no espaço geográfico, desempenhando determinadas funções sujeitas a transformações ao longo do tempo. Sendo assim, as formas que, num tempo passado, desempenhavam no espaço geográfico uma determinada função, hoje, quando uma outra divisão social e territorial do trabalho reorganiza o espaço geográfico, podem nele persistirem, permanecerem presentes, mas, talvez, não com a mesma função: daí se criar o conceito de rugosidades. Sendo assim O simples fato de existirem como formas, isto é, como paisagem, não basta. A forma já utilizada é coisa diferente, pois seu conteúdo é social. Ela se torna espaço, porque forma-conteúdo. O espaço é a síntese, sempre provisória, entre o conteúdo social e as formas espaciais. Mas a contradição principal é entre sociedade e espaço, entre um presente invasor e ubíquo que nunca se realiza completamente, e um presente localizado, que também é passado
  • 17. 16 objetivado nas formas sociais e nas formas geográficas encontradas. (SANTOS, 2008, p. 109) O que dá função à forma é a ação social sobre a mesma. SANTOS (2008) se refere, na citação anterior, a “um presente invasor e ubíquo que nunca se realiza completamente”, aludindo à sociedade, propriamente dita, pelo fato desta nunca se realizar por completo, induzindo uma constante transformação do meio em que se vive. A essência de mudança e de melhoria é algo imanente ao homem, sempre em busca da realização, portanto Quando a sociedade age sobre o espaço, ela não o faz sobre os objetos como realidade física, mas como realidade social, formas- conteúdo. Isto é, objetos sociais já valorizados aos quais ela (a sociedade) busca oferecer ou impor um novo valor. A ação se dá sobre objetos já agidos, isto é, portadores de ações concluídas mas ainda presentes. Esses objetos da ação são, desse modo, dotados de uma presença humana e por ela qualificados. (SANTOS, 2008, p 109) O ciberespaço, colocado como uma ferramenta que abarca toda a totalidade do espaço geográfico, possui suas particularidades. Uma delas é o ineditismo: pela primeira vez na história, se coloca disponível para a sociedade, a qual nunca se encontra completamente realizada, estando sempre em busca da realização, uma ferramenta, com tamanho potencial aglutinador de informações e de idéias. Sendo assim, “o ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento quase independente dos lugares geográficos e da coincidência dos tempos.” (LEVY, 2000, p 44). Talvez, seguindo esse raciocínio, a Internet se apresente como ferramenta para suprir uma necessidade inerente ao ser humano, qual seja a de se comunicar, de obter e fornecer informação. Esse fenômeno que agora efetua a comunicação e a informação, ambas vindo e circulando de/por todos os lugares do globo, surgiu e acontece num momento histórico tão favorável que potencializa e multiplica sua eficácia nos processos globalizatórios que se intensificam. Considerando o seu caráter desterritorizado, é possível buscar, por seu intermédio, diferentes transformações – inclusive, aquelas tão almejadas, do real estado de realização social doloroso e perverso, para outro, no qual estejam presentes justiça, igualdade e solidariedade, compreendendo-se que tal luta se justifica, inclusive, pelo reconhecimento que “começamos a nos conceber como humanidade há 50 anos” (MORIN, 2003, p 72)
  • 18. 17 É nessa perspectiva que surge a idéia de um cidadão planetário, com consciência global. Por tal motivo é que a Internet se torna uma ferramenta tão única na história. Com um conjunto imenso de informações proporcionado por meio do ciberespaço criam-se “[...] possibilidades que ficam por aí, vagando, até que, chamadas a se realizar, transformam-se em extenso, isto é, em qualidades e quantidades. Tais essências seriam, então, o Real Possível, possibilidades reais, e não ideais. Esse Real se dá como configuração viável da natureza e do espírito, em um dado momento: uma técnica nova ainda não historicizada, uma nova ação apenas pensada.” (SANTOS, 2008, p 123)
  • 19. 18 AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO: O ENSINO DE GEOGRAFIA COM O CIBERSPAÇO
  • 20. 19 2 AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO: O ENSINO DE GEOGRAFIA COM O CIBERSPAÇO “A virtualização exacerbada do que entendemos como realidade (o signo é o real), a compreensão das dimensões espaço-tempo, o regime semiótico das imagens (da ordem do indiciário) e a lógica caótica da programação configuram vetores embutidos nas tecnologias da informação: velocidade, enfermidade, fragmentação, visibilidade, bricolagem, hibridização, conexão em redes e fluidez dos processos, sugerindo outras formas de percebe, contabilizar e expressar a experiências.” (SOARES, 2005, p 15) Com tal entendimento, é possível afirmar que as tecnologias são capazes de causar certo impacto imediato na sociedade. Apesar dessa assertiva ser inegável, poucas são as tecnologias que se infiltram no cotidiano das pessoas com poder capaz de estabelecer uma relação de dependência do usuário com o seu uso. Contudo, esse é o caso da Internet. As mudanças provocadas pela Internet na área de educação incluem novas maneiras de ensinar que as escolas precisam incorporar. E são inevitáveis. A virtualização, mesmo que exacerbada, sugere outras formas de expressar a experiência. Isso muda o comportamento do professor, assim como do aluno, em sala de aula. O professor nao é mais detentor do conhecimento absoluto, desde a massificação dos meios de comunicação, iniciada com a imprensa. Com a Internet, essa constatação se evidencia: o docente terá que procurar expressar as experiências de aprendizagem trabalhando a informação para gerar o conhecimento. Por sua vez, o aluno não se comportará como depósito de informações, dados e conceitos. Sendo assim, “a educação deve contribuir para a autoformação da pessoa (ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão.” (MORIN, 2003, p 65). Por isso, cada vez mais, exige-se a formação do aluno como um cidadão com “a consciência e o sentimento de pertencermos a Terra e de nossa identidade terrana [que] são vitais atualmente.” (MORIN, 2003, p 73), presumindo-se o auxílio do caráter desterritorializado do espaço virtual.
  • 21. 20 Sob esta égide educacional exige-se trabalhar o espaço virtual em sala de aula: como a Internet pode se torna uma ferramenta potencializadora do ensino, principalmente no que se refere à Geografia escolar. A problemática inclui pensar: como o uso da Internet acontece atualmente nas escolas? Nesse momento da pesquisa, o diálogo com o leitor e com estudiosos do assunto será direcionado mais para a última questão. CASTELLS, afirma que [...] no final de 1995, o primeiro ano de uso disseminado da world wide web, havia cerca de 16 milhões de usuários de redes de comunicação por computador no mundo. No inicio de 2001, eles eram cerca de 400 milhões [...] é possível que estejamos nos aproximando da marca dos dois bilhões por volta de 2010, mesmo levando em conta uma desaceleração da difusão da internet quando ela penetrar no mundo da pobreza e do atraso tecnológico. (CASTELLS. 2003, p. 8 ) No entanto, o uso da Internet se refere também ao teor qualitativo de seu conteúdo. Se as próprias pessoas que usam a rede são aquelas que a constroem, quanto maior o número de usuários, maior também será a quantidade de informação contida no ciberespaço. Saber trabalhar com tamanho conteúdo é a preocupação para a qual as atenções se voltam quanto ao ato de ensinar a pesquisar em tal ambiente. Por isso, BABIN (1989, p. 25) afirma “A quantidade de informações que atinge os jovens os submerge e, em seguida, os impede de concentrar-se num ponto especial... Hoje, todos ficam submersos pelas informações. Isso leva a uma dispersão da reflexão.” Devido a essa quantidade enorme de informação, as pessoas se perdem diante de diversas opiniões sobre um mesmo assunto. Saber filtrar informações e trabalhar com esse problema na escola é uma questão imprescindível e urgente. A participação do professor na intercessão entre escola, aluno e Internet cria novas expectativas em sua formação e em sua atuação pedagógica. A tentativa de ensinar o desenvolvimento de uma pesquisa escolar utilizando a Internet, levando em consideração a transformação da informação em conhecimento, exige a provocação do raciocínio crítico, exige o permanente exercício da reflexão sobre o conteúdo pesquisado. Por tal motivo a Internet não exclui a escola e nem o inverso: o trabalho é simbiótico, da escola para a internet e dessa para aquela, pois é na escola que se reflete sobre o conteúdo pesquisado, daí a enorme importância do trabalho do professor na construção do conhecimento.
  • 22. 21 Na busca de investigar a problemática, como metodologia de pesquisa, optei2 pelo trabalho com um grupo focal, formado por cinco alunas do ensino médio, com a idade variando entre 15 e 17 anos, da mesma instituição de ensino particular, com os quais trabalhei por um período de três semanas, totalizando três encontros presenciais, sendo um por semana. Adotei a perspectiva de pesquisa qualitativa, sem pretensões de generalização dos resultados obtidos e sim como um mergulho teórico-prático na questão: Como a Internet aparece no cotidiano escolar dos alunos e como o professor trabalha o uso dessa tecnologia? Nessa perspectiva os encontros presenciais com os alunos foram realizados em minha casa, como autor desta pesquisa, por ser um lugar próximo às residências das alunas do grupo focal, do qual faz parte, minha irmã. Essa fraternidade muito colaborou para a constituição do grupo, favorecendo o contato e a autorização dos pais, para que as meninas pudessem participar da pesquisa. . No primeiro encontro foram esclarecidos os objetivos da pesquisa, que tem como foco o ensino da Geografia, agregando o uso da Internet como uma ferramenta que possibilite o ensinar geográfico além da sala de aula. Também esclareci como trabalharíamos: eu poderia fazer algumas perguntas, cujas respostas eu registraria. Além disso, poderíamos conversar sobre os temas de estudo, como elas os procuravam na Internet, como entendiam o que liam, como eram estudados na escola, como entendiam que os temas as ajudavam ou não na aprendizagem de Geografia e na vida. Disse-lhes que elas poderiam perguntar o que não entendessem e poderiam sugerir ou acrescentar comentários, avaliações, análises de suas compreensões. Novamente, o fato de minha irmã fazer parte do grupo ajudou, deixando-nos todos mais à vontade. Nos encontros posteriores à apresentação, trabalhei com as alunas conteúdos de Geografia como Espaço Geográfico e Paisagem, Monções Asiáticas e domínio 2 Nesse ponto do trabalho, opto por escreve-lo usando a primeira pessoa do singular, por se tratar da experiência pessoal com os jovens, um espaçotempo (VALLADARES, 2009) real e virtual de convivência e de aprendizagem que não pode ser descrita na impessoalidade verbal.
  • 23. 22 morfoclimático brasileiro (este último tema foi escolhido pelas alunas). Cada encontro abordou um tema diferente dentro dos conteúdos mencionados acima. Simultaneamente à percepção de suas aprendizagens por meio dessa ferramenta, fui elaborando um diagnóstico da atual conjuntura da relação Ensino-Internet colocado na escola. Fiquei intrigado em saber a maneira como vem sendo proposto o uso dessa tecnologia na escola em contraposição à forma como os alunos a utilizam tanto por lazer ou por estudo. Essas questões não se esgotam em si, pois é possível pensar ainda: por que não os dois, lazer e estudo? O trabalho com o grupo focal demonstrou que o livro não é tido como prioridade no momento da realização da pesquisa, assim como esta não é feita mais na biblioteca, e sim na sala de informática, evidenciando transformações de ambiência na escola, destacando o uso das tecnologias de informação no espaço físico escolar. A biblioteca continua a existir, no entanto o seu espaço é dividido com a informática. Contudo, nem sempre são usadas as duas fontes de informação. A atração pelo ciberespaço, com sua capacidade de interação, de agilidade no acesso à informação, assim como as diversas maneiras como essa informação é apresentada, faz da biblioteca escolar, no discurso dos jovens, “um museu antiquado de livros”. Todavia, quando o professor não intervém na orientação da pesquisa, não só o conteúdo pesquisado pode conter informações equivocadas, como os próprios alunos podem escolher equivocadamente a fonte da pesquisa. Os problemas que ocorrem quando não há auxilio do professor nos momentos da pesquisa, que ele mesmo solicita, podem ser avaliados a seguir, quando se faz a seguinte pergunta a Esmeralda 3 e às outras alunas do grupo focal: 3 Foram atribuídos nomes de rochas e minerais às meninas do grupo focal com a qual o autor trabalhou, objetivando-se mantê-las no anonimato.
  • 24. 23 Embora Esmeralda faça uma busca na rede na tentativa de levantar informações sobre o assunto da pesquisa, ela acaba se direcionando ao portal do Wikipédia4 por defini-lo como uma página “com informações corretas”. O resultado de uma pesquisa feita nesses parâmetros muitas vezes se resume à copia de informações na qual a aluna nem sempre as absorve ou atinge ao objetivo proposto com o trabalho. É, praticamente, um laissez faire por parte do professor que omite o savoir fairer no momento da pesquisa. Podemos observar, na resposta da Opala, à mesma pergunta, o termo “mosaico” se destacando, numa correspondência à lógica usada: o trabalho não é escrito e sim montado. O padrão de “pesquisa” se repete com Safira 4 Wikipédia: Página virtual com documentos de diversos assuntos que são escritos por qualquer pessoa com acesso a internet.
  • 25. 24 Não há preocupação, por parte das alunas, no que diz respeito ao critério de qualidade da construção textual. O que lhes parece importante é que o mesmo esteja, no mínimo, abordando o tema da pesquisa proposta, não havendo registro, nem avaliação quanto à qualidade da página pesquisada: há prioridade no uso do sítio Wikipédia pela facilidade de encontrar informações, com conseqüente rapidez na elaboração do trabalho. Caso o Wikipédia não atenda à necessidade da pesquisa, diversas outras páginas podem ser consultadas para que o trabalho seja montado, mas sempre submetidas ao crivo da rapidez e à facilidade de acesso à informação procurada: é a fluidez do espaço geográfico, acentuada por meio do espaço virtual, espaço e tempo sendo tomados como categorias determinantes do fazer. As alunas revelam que buscam respostas nas primeiras páginas fornecidas para a pesquisa. Afinal, quanto mais rápido terminam a pesquisa - considerada por elas como algo obrigatório, um dever que precisa ser feito para evitar conseqüências desagradáveis - mais tempo livre terão para o lazer com a própria Internet. Entretanto, é possível encontrar outras formas de fazer pesquisa com a Internet, como o faz Ametista, que busca dialogar com as informações com as quais se deparou na rede, para construção do trabalho:
  • 26. 25 As adolescentes afirmam que fazem as pesquisas, que o professor solicita, por que se trata de uma exigência escolar. Encaram tal tarefa como uma rotina já internalizada: o fazer é um copiar e colar, mudar alguns parágrafos para que o professor não perceba que o trabalho foi assim construído. A prática não é nova: acontecia também quando as pesquisas eram feitas em livros. Ela, apenas, ganhou a sofisticação do meio e das facilidades que ele oferece: a cópia, por não ser manuscrita, não exige quase nenhuma atenção. Depois de lido o texto, numa leitura rápida e superficial, a máquina oferece o recurso do recortar e colar. A impressão completa a tarefa. Essa prática, evidentemente, é um reflexo da maneira como o professor orientou o trabalho e como costuma trabalhar o resultado obtido com o trabalho “pesquisado”. A imersão no espaço virtual, proporcionado pelo ciberespaço, induz ao falso domínio de controle da tecnologia. O simples fato de se conseguir acesso à Internet não quer dizer, exatamente, que há controle sobre a mesma. Essa preocupação se coloca, nesse momento, no cerne das discussões porque foi demonstrado que para ter acesso ao ciberespaço o uso da tecnologia é indispensável. Esse fator já cria uma condição de uso da Internet. A outra problemática evidenciada é: existe a tecnologia que permite o acesso a Internet, mas não se tem o domínio da mesma. Isso ficou muito claro no grupo focal: o leve domínio dos conhecimentos pertinentes a Internet se resume especificamente ao lazer. O uso da Internet, feito pelos jovens, em geral, alunos de ensino médio em sua grande maioria, é direcionado ao uso de comunidades virtuais, programas virtuais de comunicação em tempo real, por fim,
  • 27. 26 programas que permitem compartilhar músicas. Esse é o perfil superficial do uso da Internet como ferramenta de lazer pelos jovens, segundo a pesquisa. Não saber realizar uma pesquisa mais apurada na rede, não saber enviar um e-mail são problemas de base que, na escola, deveriam está sendo sanados, entendendo, portanto, que inclusão digital não é apenas a infraestrutura que permite o acesso a Internet. Essa problemática, observada no grupo focal, induz a uma reação em cadeia, haja vista caso não há domínio das ferramentas de pesquisa na rede, por parte do aluno. Este pode tanto encontrar problemas na busca de informações a compor o trabalho, quanto na maneira de lidar com a tecnologia e assim tirar melhor proveito dela. No que concerne ao docente, a situação é ainda mais delicada por uma série de fatores que são colocados logo de imediato. Quando se propõe novas maneiras de ensinar, a desculpa é ampla: a carga horária é pequena e a exigência da programação de conteúdos é muito extensa, portanto, não há espaço para inovar em sala de aula. Esse ponto de vista induz ao uso da tecnologia como uma reprodução, de maneira acelerada, da forma de ensinar anterior, baseada somente no quadro e giz. A tecnologia traz a rapidez e a multiplicidade de acesso à informação densa, complexa e variada. Todavia o seu uso permanece alicerçado no valor do ensino medido pela quantidade de informação transmitida ou exposta em sala de aula. Felizmente, há profissionais que enxergam o tempo destinado à construção de saberes diferenciados não apenas como um desperdício e sim como um investimento, visto que é um material que será usado de diversas maneiras em diversos momentos, poupando tempo, a longo prazo, com resultados mais satisfatórios. Nesta perspectiva, entende-se que “O desenvolvimento tecnológico deve traduzir-se em sabedoria de vida”. (BOAVENTURA, 2008, p 91) Vale ressaltar que, dessa forma, não se defende o uso da Internet pela Internet. Para o desenvolvimento cognoscível do aluno, a sala de aula é um local de interseção entre o espaço virtual, espaço real e ensino (esquema abaixo), por tal motivo a escola permanece como um local de importante relevância quando se trata do ensino. Por isso, a proposta aqui defendida e problematizada visa aproximar o espaço virtual ao espaço real da sala de aula. Assim, propõe-se trabalhar com os alunos o uso do ciberespaço na
  • 28. 27 construção do conhecimento, nunca excluindo a sala de aula como parte dessa construção, visto que quando existe a polarização predominante do ciberespaço, não há construção de conhecimento e sim acúmulo de informação sobre um determinado assunto. Nesta perspectiva, a sala de aula se torna o local onde há o encontro das idéias contidas no espaço virtual5 que são discutidas no espaço real, representado pela sala de aula, cujo olhar é direcionado ao ensino. ESPAÇO REAL SALA DE AULA ESPAÇO ENSINO VIRTUAL O retrato que a pesquisa trouxe com o grupo focal mostrou adolescentes que não possuem amplo conhecimento com relação ao uso da Internet, salvo quando se trata de 5 O espaço virtual propriamente dito se faz presente em todo o ecúmeno do território por meio da técnica que o precede (Internet) inclusive na sala de aula, por tal motivo que se fala das idéias que o compõe e não do espaço virtual em si, afinal este é, nesse momento, representado pela Internet.
  • 29. 28 um uso exclusivo ao lazer. Por meio de relatos do grupo ficou evidente, também, que a Internet é usada como ferramenta de auxilio na construção de um trabalho escolar, no entanto o professor se coloca a margem durante a evolução da pesquisa, avaliando o produto somente e não o processo. Com esse retrato, no capítulo seguinte, colocar-se-á uma proposta de como pode ser trabalhada a Internet em ambiência escolar.
  • 30. 29 EDUCAÇÃO E INTERNET: POR UMA PROPOSTA DE ENSINO AGREGANDO O CIBERESPAÇO
  • 31. 30 3 EDUCAÇÃO E INTERNET: POR UMA PROPOSTA DE ENSINO AGREGANDO O CIBERESPAÇO O que se pretende colocar como proposta de uso da Internet no processo de desenvolvimento da aprendizagem do aluno não é apenas uma maneira de trabalhar com o ciberespaço dentro do ambiente escolar. Como o ciberespaço é invenção social e dentro desse tipo de espaço virtual encontramos idéias permitidas por aqueles que usufruem e modelam a virtualidade desse espaço, definir apenas uma maneira de ensinar com a Internet seria desconsiderar todo potencial que a compõe, todas as idéias e conhecimentos expostos seriam negligenciados: tal prática não é o intuito da pesquisa. Durante o processo de aprendizagem existem diversos caminhos a se seguirem para alcançar um objetivo: desenvolvimento do conhecimento. Nesse percurso cabe ao aluno se apresentar disposto a assimilar a informação e incorporá-la em sua estrutura cognitiva. No entanto, colocar-se disposto à aprendizagem é uma condição sine qua nom do aluno. A questão está no intermediário, naquele agente que vai trabalhar a informação e conduzi-la ao conhecimento. Esse trabalho cabe ao professor que, na tentativa de realizá-lo, pode tanto optar por um aprender mecanicamente, quanto, por uma aprendizagem que busque atingir o cerne da construção do conhecimento. Nesse caso, buscar-se-á incorporar à estrutura cognitiva do aluno, novas aprendizagens. Todos os conhecimentos de vivência que o estudante traz consigo servirão de estímulo à construção de novas aprendizagens. A essa maneira de assimilar o conhecimento dar-se o nome de construtivismo ausubeliano ou Teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel (NETO, 2006, p 118). Esse constructo se torna eficaz, principalmente, quando colocado à égide da metodologia de ensino: quais recursos a Internet dispõe para a construção do conhecimento significativo no/pelo aluno? Para criar um ambiente em sala de aula que contribua na composição da estrutura cognitiva do aluno, é preciso conhecer o Lugar do qual ele faz parte, pois dessa maneira
  • 32. 31 é possível acessar a estrutura cognitiva do aluno e assim construir novos conhecimentos. No entanto, com o intuito de conseguir resultados satisfatórios, é preciso conhecer, também, o aluno, principalmente no que se refere às habilidades e afinidades que favorecem sua compreensão quanto a determinados assuntos, assim como o potencial que precisa ser nele desenvolvido para alcançar sucesso em áreas para as quais não tem igual facilidade. Essa discussão se baseia no entendimento de que a inteligência está relacionada à afinidade em um determinado assunto, proporcionada por uma habilidade inata da criança, definida entre sete grandes grupos de inteligências diferenciadas, proporcionando, então, a existência de “[...] seven kinds of inteligence would allow seven ways to teach, rather than one.”6 (GARDNER, 1993, p 23). Se existem sete ou mais tipos de inteligências, isso quer dizer que existem sete maneiras de estimular a aprendizagem com recursos diferenciados e com o intuito de buscar a aprendizagem significativa. Nessa perspectiva, a Internet pode ser uma grande aliada do professor se usada com o devido planejamento de aula. A metodologia de ensino proposta pelo professor, considerando-se a Teoria das Múltiplas Inteligências, retoma a preocupação em como estabelecer uma relação Ensino-Internet, no que concerne à utilização de instrumentos proporcionado pela rede mundial de computadores. Com o intuito de levar o ensino da Geografia para além da sala de aula, de trabalhar com um ensinar agregando o ciberespaço, considera-se como uma condição essencial que o professor se faça presente no espaço virtual. Assim, é preciso haver a territorialização na virtualidade por parte do docente, para que esse lócus virtual possa ser um espaço concentrador de informações, facilmente direcionado a diferentes portais pertinentes à temática proposta pelo docente. Portanto o professor pode se fazer presente no ciberespaço por meio de comunidades virtuais, sites, bem como com a categoria de blogs e viodelogs; dentre outros. 6 “Sete tipos de inteligências que permitem sete maneiras de ensinar, ao contrário de uma.”
  • 33. 32 Nessa pesquisa optei trabalhar com o site, considerando-o como uma das formas de se territorializar no ciberespaço. Utilizei como ferramenta principal o audiovisual, que coloca o site na categoria de videolog. Durante as reuniões com o grupo focal trabalhei com três assuntos de Geografia, já mencionados, utilizando mapas temáticos e ilustrações com finalidade didática para ajudar na compreensão do assunto. Ao fim de cada encontro, construía o material audiovisual com base no que havia ensinado. Depois de construído, esse material foi colocado na Internet, no endereço virtual criado especificamente para a pesquisa: http://geografando.web.br.com/ por meio do qual as parceiras do grupo focal podiam ter acesso ao conteúdo disponível. Na construção do site, logo na parte superior está o logo-tipo, com os laptops e o globo, e logo abaixo, o slogan da página “A Geografia além da escola”. Optei por dividir o conteúdo da página em categorias - por exemplo: “Como as coisas funcionam” cuja idéia é trabalhar a interação com o público virtual, criando um instrumento que possa permitir a escolha por meio do voto pela Internet sobre determinado assunto da Geografia. Assim, estaria associando ao conteúdo audiovisual a prática democrática do voto e a autonomia da escolha. Todavia não houve tempo hábil para desenvolver essa idéia no site. Permaneceu, contudo, no desenvolver dos três encontros com o grupo focal, a idéia de encontros temáticos, sendo um deles escolhido pelo grupo. Na barra lateral, a direita do site, é um espaço reservado a outros portais cujo assunto é relevante com a Geografia. A idéia desse espaço se justifica por ser um local onde os alunos podem ter acesso a informações diferenciadas e com credibilidade, o que pode auxiliar a fazer um trabalho de busca com informações sérias. Na elaboração do conteúdo audiovisual usei um programa de edição de vídeos/imagens que trabalha com banco de dados. Sendo assim, durante a edição dos vídeos peguei como base, documentários de onde foram retirados trechos importantes para a construção do material audiovisual.
  • 34. 33 No entanto, muitas vezes, os trechos retirados dos documentários, cuja narração original não estava de meu agrado, devido o seu teor essencialmente técnico, se colocou como um problema. Entretanto, se o problema me preocupou, a solução para contornar esse empecilho resultou na originalidade do conteúdo final, que surgiu com a idéia de isolar o áudio original, apagá-lo e criar uma nova narração cujo texto foi feito da maneira que eu (como professor) queria que fosse feito. Essa alternativa me faz refletir sobre a necessidade de resgate da prática dos professores escreverem para seus alunos, do jeito que a conversa com eles deveria fluir: o uso do conhecimento psicológico sobre aprendizagem se colando ao conhecimento de como, especificamente, nossos alunos aprendem ou não aprendem. Essa é uma chave que, me parece, todo professor deveria usar sempre. Com a seleção das partes do documentário que serviriam na construção do recurso audiovisual e o roteiro elaborado tudo é feito no programa, desde a montagem das partes selecionadas até a gravação do áudio narrado com microfone, existe espaço para adicionar audio além dos que foram gravados com microfone: como músicas, o que também foi utilizado. Por fim, com o intuito de identificar o material do site, todo o conteúdo audiovisual é iniciado com o logo-tipo do site e o slogan juntamente com a temática a qual o vídeo se refere. A virtualidade do conteúdo produzido foi trabalhado tanto no próprio ciberespaço, com o grupo focal acessando o conteúdo na rede, quanto nos encontros realizados após a produção do material. Essa foi uma tentativa de aproximar a virtualidade à realidade das alunas com o intuito de analisar a reação do grupo durante a visualização do material. Para a minha surpresa o material audiovisual não apenas gerou uma atmosfera surpreendente de envolvimento entre as meninas, como produziu uma discussão sobre a viabilidade da construção de novos materiais voltados ao ensino, uma vez que, o professor de Geografia “usa o mesmo slide de furacão desde a sétima série (oitavo ano) - lembrando que quatro das meninas estão no primeiro ano do ensino médio com uma no terceiro ano do ensino médio – No decorrer da conversa, elas argumentaram: “mas ele (o professor) tem um milhão de turmas, não dá para fazer um material diferente todo dia.” Fui obrigado a concordar com esse argumento; sobre a carga horária docente: esse ainda é um fator que induz ao ensinar mecanicamente.
  • 35. 34 No entanto o trabalho em demasiado não justifica usar o mesmo slide durante três anos, principalmente quando há tecnologia disponível na escola para se trabalhar. Pelo que afirmam as meninas do grupo focal, há muitos professores que mantém a prática do ensinar mecanicamente, elegendo saberes sem significação, privilegiando dados e conceitos de uma Geografia engessada, atualmente, por meio da técnica com a informatização: quadros digitais, datashow, Internet... e outros tantos diversos recursos. Pensando nisso, guardei a provocação para um novo trabalho de pesquisa: como os alunos podem colaborar na produção de recursos didáticos, com a Internet e a produção audiovisual, potencializando suas aprendizagens....
  • 36. 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS A proposta em como trabalhar a Internet em situação de ensino e aprendizagem, exposta na pesquisa, apontou um caminho possível de se trabalhar a educação com o ciberespaço. O manuseio dessa tecnologia, entretanto, deve estar fundamentada nos conceitos que norteiam a ciência geográfica e no comprometimento que o docente precisa assumir quando é colocada a disposição uma técnica repleta de idéias e intencionalidades como a Internet, haja vista os recursos que se encontram nesse espaço virtual, deixando o ensino visualmente mais atrativo e moderno sem, necessariamente, haver significação para o aluno, caso o modelo de ensino mecânico permaneça em prática. Do contrario a Internet será uma nova ferramenta vestida com o velho modelo de ensino. A confluência da Internet com o professor criativo torna possível a obtenção de resultados satisfatórios. No bom manuseio da tecnologia em sala de aula, a onipresença proporcionada por essa técnica transcende o ensino de Geografia para além das paredes da sala de aula e, por isso, a participação do professor é fundamental na orientação dos alunos dentro desse universo de informações. A escola, portanto, é o ponto de partida, é onde o espaço virtual e o espaço real se encontram, é o local onde será formado o cidadão com seus projetos e idéias que, em um dado momento de sua formação, serão apenas virtuais, depois se tornarão reais em um espaço real, geográfico, para assim poder transformá-lo como parte de uma sociedade em busca da realização social calcada na justiça, solidariedade e igualdade. Em uma sociedade cada vez mais virtual, ensinar com o ciberespaço é um compromisso que a escola precisa assumir.
  • 37. 36 BIBLIOGRAFIA BABIN, Pierre; KOULOUMDJAN, Marie-France. Os novos modos de aprender – a geração do audiovisual e do computador. Edições Paulinas, SP, 1989 CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2003. 243 p. COSTA, Rogério H. da. O Mito da Desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorializade. -3ª Ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. GARDNER, Howard. Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences. 2ª Ed, Fontana Press, 1993. LÉVY, Pierre. Cibercultura. 2. ed. - São Paulo: Editora 34, 2000. 260p. MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história critica. 16. ed. - São Paulo: Hucitec, 1998. 138p. MOREIRA, Ruy. Pensar e ser em geografia: ensaios de história, epistemologia e ontologia do espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2007. 188 p _________2006, Para onde vai o pensamento geográfico? Por uma epistemologia crítica. São Paulo: Contexto, 191 p. MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2003. NETO, José Augusto da Silva Pontes. TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICAMTIVA DE DAVID AUSUBEL: perguntas e respostas. Série-Estudos – Periódico do Mestrado em Educação da UCDB, Campo Grande-MS, n 21, p.117-130, jan/jun. 2006. SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2008. 92 p.
  • 38. 37 SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2008. 384 p. SOARES, Maria conceição Silva. Quem não se comunica, se trumbica: a comunicação praticada no cotidiano da escola. 2005. VALLADARES, M. T. R. Vivências em zonas de fronteiras...as narrativas se fazem travessias (um estudo com cotidianos e narrativas no estágio curricular da licenciatura de Geografia na UFES), 2009.