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ENSAIO



POSICIONAMENTO: DA PROPAGANDA                                Surgimento e Evolução do Conceito
     AO NÍVEL ESTRATÉGICO
                                                              Ries e Trout (1993), sobre a incorporação do es-
                           Edmar Ferreira Monte       (*)    tudo do posicionamento ao mundo da propaganda,
                                                             argumentam que já tinham feito mais de mil pa-
RESUMO                                                       lestras sobre posicionamento, para grupos de publi-
                                                             citários em vinte e um países e já haviam distri-
Esta pesquisa bibliográfica aborda o processo evo-           buído mais de 150 000 cópias do “folhetinho cor-
lutivo do posicionamento, desde o seu surgimento,            de-rosa” - reproduz os artigos do Advertising Age.
no campo restrito da propaganda - um dos compos-             O interesse surgiu desde a publicação de uma série
tos do marketing - até atingir o nível estratégico.          de artigos publicados naquela revista, denominados
As seis estratégias de posicionamento mais indica-           “The positioning era”, popularizando o conceito
das, as seis etapas do processo de posicionamento,           posicionamento, no ano de 1972. E, anos mais
bem como, os requisitos fundamentais para a cons-            tarde, a publicação do livro Positioning: the battle
tatação da efetividade do posicionamento passam              for your mind, incorporou de vez aquele estudo ao
por uma apreciação pertinente.                               contexto da propaganda.
Procurou-se também o enriquecimento de cada                  Na visão daqueles estudiosos, o processo de in-
tópico focalizado com exemplificações adequadas,             fluenciação das pessoas necessitava ser questio-
extraídas da realidade empírica.                             nado para a obtenção de maior eficácia, pois a pró-
                                                             pria comunicação já era um problema. A sociedade
                                                             supercomunicativa ora existente ocasiona uma
                                                             grave distorção: comuica-se muito e não se recebe
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
                                                             o correspondente em retorno. Ninguém pode es-
                                                             quecer que a mente é seletiva. Como forma de
Os problemas enfrentados pela propaganda numa
                                                             defesa do volume de comunicação diária, ela filtra
sociedade supercomunicativa fizeram surgir o con-
                                                             e rejeita boa parte da informação que lhe chega, só
ceito de posicionamento. Mas, o aumento da com-
                                                             aceitando aquilo que de certa forma coincide com
plexidade dos mercados determinaram a ampliação
                                                             o seu conhecimento ou com a sua experiência ante-
de seu estudo para a abordagem de questões abran-
                                                             rior.
gentes e inerentes ao triângulo estratégico: os
                                                             O fato é que há produtos demais, empresas demais
clientes, a realidade da empresa e a concorrência.
                                                             e barulho demais no “marketing”. Por esta razão,
Esta pesquisa bibliográfica, portanto, procura dis-
                                                             Ries e Trout (idem, ibidem) manifestam-se sobre as
correr sobre o processo evolutivo do posiciona-
                                                             dificuldades freqüentes da propaganda para in-
mento desde o seu surgimento, no campo restrito da
                                                             fluenciar os clientes e traçam uma sinopse evolu-
propaganda - um dos compostos do marketing - até
                                                             tiva de sua capacidade de atuação em um mercado
atingir o nível estratégico.
                                                             cada vez mais competitivo e condicionado pela
As estratégias de posicionamento possíveis de ser
                                                             inovação tecnológica: (a) Era do Produto - o pes-
enfocadas, as etapas de seu processo respectivo,
                                                             soal da propaganda concentrava suas atenções nas
bem como, os requisitos fundamentais para a cons-
                                                             características do produto e nos benefícios que ele
tatação da efetividade do posicionamento merecem
                                                             traria para o consumidor; tempos favoráveis aque-
uma abordagem adequada.
                                                             les, por volta da década de 50; (b) Era da Imagem -
Procurou-se também o enriquecimento de cada
                                                             as empresas de sucesso descobriram que a reputa-
tópico apreciado com exemplificações pertinentes,
                                                             ção, ou imagem, era mais importante para se ven-
extraídas da realidade empírica.
                                                             der um produto do que as suas características espe-
                                                             cíficas; o arquiteto dessa Era da Imagem foi David
                                                             Ogilvy; (c) Era do Posicionamento - a criatividade
                                                             já não é mais a chave para o sucesso; os jogos e
                                                             divertimentos dos anos sessenta e setenta deram
                                                             lugar às ásperas realidades da década dos oitenta;
(*)
      Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Admi-        para ter sucesso nesta sociedade supercomunica-
      nistração da Faculdade de Economia, Administração e    tiva, uma empresa tem de criar uma posição na
      Contabilidade da Universidade de São Paulo. E-mail:    mente do seu cliente potencial, posição que leve na
      fermante@.usp.br.



                     CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98
consideração devida não apenas os pontos fortes e         daí, conseguir torná-lo mais desejável se a posição
fracos da empresa, mas também dos concorrentes.           já conquistada não for satisfatória. Considera que
 Kotler (1993) comenta as três opções estratégicas        até mesmo no contexto internacional mas, princi-
para a conquista da mente do consumidor, indica-          palmente, no caso brasileiro, tem preponderado a
das por Ries e Trout, e a quarta, de sua inspiração:      aplicação deste conceito sob a ótica de Propaganda
                                                          e Comunicação. Manifesta a pretensão de mostrar
§   1a. opção estratégica: a Avis assumiu ser a           em sua tese que o posicionamento é um instru-
    segunda no ramo de aluguel de carros e fez            mento estratégico, cuja aplicação extrapola o
    uma divulgação intensa sobre isso. A 7-Up ca-         campo restrito da propaganda, um dos quatro ele-
    pitalizou o fato de não ser um refrigerante do        mentos do composto de marketing (produto, propa-
    tipo Cola. A essência da estratégia consiste em       ganda, preço e ponto de distribuição).
    reforçar e aumentar a posição desfrutada na           Toledo e Henzo (1991) traçam uma sinopse do
    mente do consumidor;                                  processo evolutivo do posicionamento, resumida
                                                          nas seguintes contribuições: a) Ries e Trout (1981)
§   2a. opção estratégica: os doces da Hershey são
                                                          apresentaram a idéia do posicionamento como uma
    comidos em um minuto e os da Milky Way
                                                          ferramenta de apoio ao composto de comunicação;
    demoravam mais tempo; esta explorou a opção
                                                          b) este conceito foi modificando-se com as contri-
    “maior consistência”, ainda não explorada. A
                                                          buições de outros autores como Wind (1982) e
    estratégia se apóia na idéia de buscar uma po-
                                                          Kotler (1988), que o ampliaram, conferindo-lhe
    sição inexplorada de mercado, valorizada por
                                                          uma dimensão mais abrangente, identificada com o
    inúmeros consumidores, e apossar-se dela. Isto
                                                          marketing estratégico; c) DiMingo (1988) propõe
    recebe a designação de “brecha de mercado” :
                                                          uma estrutura mais clara para a compreensão do
    procure-a e ocupe-a;
                                                          processo de posicionamento estratégico, sugerindo
§   3a. opção estratégica: muitos consumidores            sua divisão em duas fases: posicionamento de mer-
    norte-americanos de aparelhos de jantar pen-          cado e posicionamento psicológico.
    sam que tanto a porcelana Lenox como a                Segundo ainda Toledo e Henzo, poucos profissio-
    Royal Dalton são da Inglaterra. Por isso, a           nais estão familiarizados com o modo como o posi-
    Royal publicou anúncios mostrando que a por-          cionamento de mercado se desenvolve a partir do
    celana Lenox, na verdade, era fabricada em            posicionamento psicológico, e como ambos agem
    New Jersey e as da Royal vinham da Ingla-             de forma integrada para atingir um objetivo de
    terra. Desbancar a concorrência, portanto, é o        marketing comum. Para DiMingo, o posiciona-
    objetivo estratégico;                                 mento estratégico de mercado fundamenta-se no
                                                          empenho da empresa em oferecer ao mercado es-
§   4a. opção estratégica: a Chrysler, terceira maior     colhido o produto ou o serviço, de forma mais efi-
    empresa de automóveis, criou a idéia das Três         ciente e eficaz que a concorrência, vencendo o mais
    Grandes, e a idéia das Oito Maiores foi criada        competitivo.
    pela oitava maior empresa de auditoria. “A es-
    tratégia do clube exclusivo” , desenvolvida
    quando a posição número um, em relação a al-          O Posicionamento Sob Diversos Enfoques
    gum atributo de valor, não pode ser alcançada.
    Destaque-se que a líder de mercado não se in-         Sob a ótica de Randazzo (1997), o posicionamento
    teressa por esse conceito. Implicação imediata:       da marca consiste naquilo que os publicitários de-
    as empresas contidas no clube se consideram           sejam que a marca represente no mercado e na
    as melhores.                                          mente do consumidor. Wilensky (1997) afirma que,
                                                          do ponto de vista do posicionamento, o produto
Dos anos 70 aos anos 90, o posicionamento passou          “perfeito” é aquele no qual o produto funcional e o
por uma autêntica transformação. De uma aborda-           imaginário coincidem. Se, por acaso, isso não ocor-
gem limitada ao campo da propaganda, o conceito           rer, é necessária a construção de pontos que os
assumiu atribuições estratégicas. Gouvêa (1991),          unam. A respeito, desta abordagem, Kotler (1993)
reforça este ponto de vista, quando afirma que, em        considera que Ries e Trout lidam essencialmente
síntese, com o posicionamento procura-se o enten-         com a psicologia de posicionar ou de retirar uma
dimento de como o produto localiza-se frente aos          marca da mente do consumidor. Eles reconhecem
seus concorrentes aos olhos dos clientes e, a partir      que a estratégia de posicionamento pode provocar


                CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98                  42
mudanças no nome, preço e embalagem do pro-                                       para conquistar uma posição. O posicionamento
duto, mas estas são “mudanças na apresentação dos                                 psicológico deve ser sustentado pelo posiciona-
produtos com o propósito de manter uma posição                                    mento real, pois ele não é apenas um jogo mental.
que valha a pena na mente do consumidor”. Outros                                  Cravens (1994), de sua parte, através da Figura 1
profissionais de marketing dão mais ênfase ao                                     indica de forma esquemática uma síntese de seu
posicionamento real, onde eles examinam detalha-                                  pensamento.
damente cada aspecto tangível de um novo produto



                                                            Conceito de Posicionamento
                                                             Significado do produto derivado
                                                            das necessidades dos compradores
                                                                limitados ao mercado-alvo.




                      Efetividade do Posicionamento
                                                               Mercado                         Estratégia de Posicionamento
                       Dimensão pela qual os objetivos do
                        posicionamento da gerência são
                                                                Alvo                           Combinação das ações de marketing
                                                                                                usadas para retratar o conceito de
                          atingidos no mercado-alvo.                                           posicionamento pelos compradores
                                                                                                           enfocados.



                                                            Posicionamento da Marca
                                                            Posicionamento da marca pelos
                                                            compradores no mercado-alvo.




                                           Figura 1 - O Processo de Posicionamento

Fonte: Adaptado de CRAVENS, David W. Strategic Marketing . 4ª ed. Illinois: Richard D. Irwin , Inc.,1994, p. 305.


Atualmente, existem muitas formas de focalizar o                                  condiciona o reinício de todo o processo, pela pri-
posicionamento. McKenna (1992), por exemplo,                                      meira etapa.
advoga o posicionamento dinâmico, em contrapo-                                    Trout e Rivkin (1996) para a manutenção ou au-
sição ao posicionamento tradicional, sob um enfo-                                 mento do potencial de influência no mercado por
que tridimensional: a) Posicionamento do produto:                                 parte das empresas, recomendam o reposiciona-
a empresa decide como deseja colocar seu produto                                  mento, como uma prática constante. O consumidor
no mercado competitivo; tenciona construir uma                                    precisa ser ouvido continuamente, pois as atitudes
reputação com base no preço baixo? Alta quali-                                    do consumidor mudam, a tecnologia torna obsole-
dade? Tecnologia avançada? Como deve segmentar                                    tos os produtos existentes e os produtos se desviam
seus mercados? Quem pretende conqusitar como                                      da percepção cultivada durante muito tempo pelo
usuários iniciais?; b) Posicionamento no mercado:                                 consumidor.
consiste na obtenção do reconhecimento do mer-                                    Wilenski (1997) vai mais longe e assinala que, ape-
cado, no ganho da credibilidade dos consumidores;                                 sar da grande difusão adquirida pelo conceito de
o produto precisa ser encarado pelo mercado como                                  posicionamento, desde os enfoques estratégicos até
um vencedor; c) Posicionamento da empresa: as                                     os puramente publicitários, este sofre de uma falá-
empresas se posicionam a si próprias, numa etapa                                  cia inicial: o posicionamento não existe. Mais pre-
inicial do processo, principalmente por meio do                                   cisamente, jamais um produto tem um só posicio-
sucesso financeiro. Se os lucros por acaso caírem, a                              namento e, portanto, deve-se falar dos distintos
sua posição se obscurecerá e os consumidores re-                                  posicionamentos do produto ou do serviço. A per-
lutarão em adquirir produtos de empresa em difi-                                  gunta é qual dos posicionamentos possíveis resulta
culdade financeira, sobretudo se os produtos forem                                mais valioso em dado momento. Em outras pala-
caros e complexos. A descoberta de tal situação,                                  vras, sobre qual posicionamento se construirá a
                                                                                  estratégia desse produto. Cravens (1994), a res-



                 CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98                                            43
peito, indica as três modalidades do conceito de                Quanto às possibilidades e limitações do conceito
posicionamento: a) Conceito funcional: aplicado                 de posicionamento, Cravens (1994) alerta que o
aos produtos na solução de problemas de consumo                 posicionamento direto contra um concorrente de
atinentes às necessidades pessoais básicas externas;            maneira muito visível, poderá encorajar a concreti-
b) Conceito simbólico: atrelado às exigências ge-               zação de ações agressivas em retorno, com resulta-
rais internas dos consumidores, destinadas ao auto-             dos obviamente imprevisíveis para todos. A este
aperfeiçoamento, posição do papel social, relacio-              respeito, Lytle (1994) oferece algumas recomenda-
namento grupal, ou auto-afirmação; c) Conceito                  ções, para que se evite o arriscado confronto com a
experimental: usado para posicionar os produtos                 concorrência: a) Para a identificação do que os
proporcionadores de prazer sensorial, variedade,                clientes realmente querem, é necessário descobrir o
e/ou simulação cognitiva.                                       que eles realmente necessitam; b) Se o cliente é um
Em razão de sua complexidade, Kotler (1993) ad-                 consumidor final ou um agente de compras, ele tem
verte que o composto de marketing de uma empresa                uma necessidade comum a todos os cidadãos; c)
depende de seu posicionamento adotado. Para tanto,              Um cliente pode ter mais que uma necessidade
alguns erros principais devem ser evitados: a) Sub-             superior a qual poderá se enquadrar em alguma das
posicionamento: algumas empresas descobrem que                  sete categorias: entrega; serviço ao cliente; imagem
os compradores têm apenas uma idéia vaga da                     da companhia; emergências; qualidade do produto;
marca; eles realmente não conhecem nada especial                preço; pesquisa e desenvolvimento; d) Esta necessi-
sobre ela; b) Superposicionamento: os compradores               dade superior precisa mais que simplesmente satis-
podem ter uma idéia muito estrita sobre a marca;                fazer o cliente; deve deleitá-lo; e) Um caminho
assim, um consumidor pode pensar que a Steuben                  típico de visualização da satisfação do cliente en-
fabrica apenas vidros finos na faixa de $ 1.000 para            volve o passado e o presente nas relações do cliente;
cima, quando, de fato, fabrica vidros finos, com                para encontrar uma necessidade superior, o ideal é
preços a partir de $ 50; c) Posicionamento confuso:             agir de forma proativa - focalizar as relações pre-
os compradores podem ter uma imagem confusa da                  sentes e futuras; f) Buscar incessantemente o pró-
marca; essa confusão pode resultar dos muitos ape-              ximo nível de valor nos serviços oferecidos aos
los de propaganda ou de mudar-se o posiciona-                   clientes - a diferença entre a performance atual e as
mento da marca com freqüência; d) Posicionamento                exigências deles na lacuna de expectativa do cliente
duvidoso: os compradores podem achar difícil acre-              (Expectation Gap-Figura 2).
ditar nos apelos da marca tendo em vista as caracte-
rísticas, preço ou o fabricante do produto.




                                        HOJE       AMANHÃ


                                                                       A LACUNA DE
                        PERFORMANCE




                                      FORNECEDOR
                                                                       EXPECTATIVA
                                                                       DOS CLIENTES




                                                      INICIATIVAS EMBUTIDAS NO ROMPIMENTO
                                                      ACELERANDO OS APERFEIÇOAMENTOS DA
                                                      PERFORMANCE PARA O MERCADO



                                       Figura 2 - Lacuna na Expectativa do Cliente
Fonte: LYTLE, John F. What do you customers really want? Chicago: Probus Publishing, 1994.




                 CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98                         44
Em síntese, as empresas que estão aptas a se deslo-           marketing, para que sejam atendidas tais
carem para os mais altos níveis de serviço - se-              expectativas e a alta qualidade seja percebida.
gundo Lytle - proporcionam um hiperserviço e                  O mercado-alvo também ajuda a identificar a
incrementam o inusitado no contexto das necessida-            existência        de        concorrentes-chave.
des superiores dos clientes. Hiperserviço, portanto,          Similarmente, a escolha do mercado-alvo
significa ir além do básico; representa o ofereci-            estabelecerá o potencial do mercado e a
mento aos clientes de um nível de qualidade acima             participação de mercado que é possível realizar.
da média de mercado, preços mais competitivos; e              Finalmente, a seleção do mercado-alvo pode
serviço de entrega mais adequados que os outros.              estabelecer a quantidade de capacidade de re-
Para Peters (1996), isto ainda é um sonho, quando             curso da firma para servi-lo. A questão é en-
ressalta que a satisfação do cliente é a chave dos            contrar a melhor forma para compatibilizar o
negócios que querem ter futuro. Todo mundo sabe.              mercado-alvo, o conceito de posicionamento, e
Mas quem põe isso em prática? Para ele, ao se pen-            a estratégia de posicionamento.
sar em atendimento excepcional ao cliente logo
                                                          §   Estágio do ciclo de vida do produto: o estágio
vem à mente os nomes de sempre - Federal Ex-
                                                              do ciclo de vida do produto muitas vezes afeta
press, Disney, Nordstrom, Charles Schwab, Ritz-
                                                              o papel e a importância dos componentes do
Charlton - e uns poucos mais. Para respaldar a sua
                                                              programa de marketing de maneira diferen-
argumentação, menciona um trabalho realizado
                                                              ciada. Através dos estágios da introdução, cres-
para uma montadora, tendo chegado à seguinte
                                                              cimento, maturidade, e declíno, os desempe-
constatação: a) A qualidade dos carros atingiram
                                                              nhos dos elementos do composto de marketing
um patamar bom, oscilando entre 7 e 10 pontos,
                                                              se ajustam para reagir às condições de mu-
numa escala de 1 a 10; b) O índice de novidades
                                                              dança. Preço, por exemplo, tipicamente declina
instigantes lançadas pela indústria oscila em torno
                                                              com a maturidade do produto-mercado. A pro-
de 5, 6 ou 7; c) O atendimento ao consumidor - o
                                                              paganda é usada inicialmente para criar o co-
terceiro tripé da tríade que compõe a satisfação do
                                                              nhecimento de um novo produto e interessar os
consumidor - deixa muito a desejar, figurando em
                                                              compradores potenciais na oferta. Nos estágios
torno de 2, 3, ou 4.
                                                              posteriores à propaganda é possível pressionar
A vantagem competitiva a ser conseguida por meio
                                                              quanto às vantagens de uma marca sobre as
da qualidade se lhe afigura impraticável, já que a
                                                              marcas concorrentes.
qualidade dos automóveis vai continuar melho-
rando. Mas, basta que uma montadora se destaque           §   Prioridades da administração: o critério de
em termos de experiência do consumidor (ou seja,              desempenho coloca para o mercado-alvo tam-
atendimento ao cliente), aposta que conseguirá se             bém a influência da estratégia de posiciona-
manter no topo da lista por muito tempo.                      mento selecionada. Das prioridades da admi-
                                                              nistração depende a expansão da participação
                                                              de mercado, apoiando a posição e gerando lu-
Estratégia, Processo e Efetividade do Posicio-                cros, ou a redução dos encargos da firma, ou
namento                                                       mesmo, o abandono do produto-mercado. A
                                                              estratégia de posicionamento, por conseguinte,
Para Cravens (1994) a escolha da estratégia de po-            vê-se atrelada à influência da estratégia da uni-
sicionamento se sente basicamente influenciada                dade estratégica de negócio (UEN). A expansão
pelos seguintes fatores:                                      ou não de uma posição requer programas de
                                                              marketing diferentes. Além disto, se a gerência
§   Mercado-alvo: a gestão do conceito de posicio-            de marketing estiver estabelecendo um pro-
    namento se orienta pelas necessidades do con-             grama de crescimento maior que a da UEN e a
    sumidor. As características e necessidades do             administração, em contraposição, favorece uma
    mercado-alvo indicam a natureza do programa               posição de estabilização, o conflito se torna
    de marketing necessário para ganhar uma res-              inevitável.
    posta favorável do mercado-alvo.       Se as
                                                          §   Recursos e influências competitivas: os recur-
    pessoas no mercado-alvo querem um produto
                                                              sos avaliáveis limitam as ações da administra-
    de alta qualidade, então deve-se promover a
                                                              ção relativas ao projeto do programa. Por
    necessária adequação do composto de
                                                              exemplo, as companhias pequenas são restrin-



                CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98                    45
gidas quanto aos gastos em propaganda e, con-         rio: a Magic Mountain pode posicionar-se como um
    sequentemente, quanto aos veículos de comuni-         parque para “amantes de emoção”; e) Posiciona-
    cação a serem utilizados. Os programas exis-          mento contra outro produto: o Lion pode posicio-
    tentes dos concorrentes (e as ações futuras) po-      nar-se como tendo uma maior variedade de animais
    dem também ser avaliados no projeto da estra-         do que o Japanese Deer Park; f) Posicionamento
    tégia de mudanças de programa podem ser pre-          por dissociação da classe de produto: a Marineland
    vistas. Isto requer monitoramento contínuo das        não pode posicionar-se como um “parque de recrea-
    estratégias da concorrência quanto ao produto,        ção”, mas como uma “instituição educacional”,
    à distribuição, ao preço e à promoção.                colocando-se, desta forma, dentro de uma outra
                                                          classe de produtos em vez da esperada.
Não se pode, todavia, ignorar alguns questiona-
                                                          Para Cravens (1994), a estratégia de posiciona-
mentos oportunos. Na abordagem de Aaker (1989),
                                                          mento coloca os componentes do composto do
o posicionamento significa diferentes coisas para
                                                          marketing dentro de um grupo coordenado de ações
diferentes pessoas. Para alguns, significa a decisão
                                                          indicadas para perseguir os objetivos do posiciona-
de segmentar. Para outros, é uma questão de ima-
                                                          mento. Esta estratégia funciona da seguinte forma:
gem. Para a maioria, significa a opção através da
                                                          a) Selecionando a quantidade total de recursos a
qual as características do produto são destacadas.
                                                          serem usados pelo programa de marketing; (b) Indi-
Poucos gerentes, entretanto, consideram todas as
                                                          cando como alocar estes recursos no contexto dos
alternativas.
                                                          componentes do composto de marketing (produto,
                                                          distribuição , preço, propaganda, venda pessoal, e
                                                          promoção de vendas); (c) Alocando os recursos
Estratégias de Posicionamento
                                                          dentro de cada componente do programa. Duas
                                                          generalizações sobre estas decisões podem ser fei-
Que estratégias de posicionamento podem ser ava-
                                                          tas: estas decisões são inter-relacionadas, com a
liadas? Como as estratégias de posicionamento
                                                          primeira limitando a segunda e a segunda limitando
podem ser identificadas e selecionadas? Aaker
                                                          a terceira; e muitas alternativas são avaliáveis, de-
(idem,ibidem), como primeiro passo, sugere a aná-
                                                          pendendo da quantidade, disposição e uso dos re-
lise de uma estratégia de posicionamento de um
                                                          cursos.
produto sob seis abordagens: (1) posicionamento
pelo atributo; (2) posicionamento pela quali-
dade/preço; (3) posicionamento com respeito ao uso
                                                          Etapas do Processo de Posicionamento
ou aplicação; (4) posicionamento pelo usuário do
produto; (5) posicionamento com respeito à classe
                                                          Quanto ao processo de posicionamento, Aaker
de produto; (6) posicionamento com respeito ao
                                                          (1989) enumera as seis etapas respectivas: (a)
produto concorrente.
                                                          identificação dos concorrentes; (b) determinação de
Kotler (1993) demonstra as seis supracitadas alter-
                                                          como os concorrentes são percebidos e avaliados;
nativas - formuladas pelo professor Win - aplicadas
                                                          (c) determinação da posição dos concorrentes; (d)
em um hipotético estudo sobre estratégias de posi-
                                                          análise dos clientes; (e) seleção da posição; (f) mo-
cionamento nos parques da região de Los Angeles
                                                          nitoramento da posição.
(USA): a) Posicionamento sobre características
                                                          Aparentemente simples, a primeira etapa pode sur-
específicas do produto: a Disneylândia pode posi-
                                                          preender pela sua complexidade. Na maioria dos
cionar-se como o maior parque do mundo; extensão
                                                          casos - adverte Aaker (1989), sobre a identificação
é uma característica de produto que corresponde
                                                          dos concorrentes, existe um grupo primário de
indiretamente a um benefício, isto é, as maiores
                                                          concorrentes e outro, ou muitos grupos de concor-
opções em entretenimento; b) Posicionamento so-
                                                          rentes secundários. Um conhecimento dos vários
bre benefícios, solução de problemas ou necessida-
                                                          modos de identificar tais grupos depende da conju-
des: a Knott’s pode posicionar-se como um parque
                                                          gação dos enfoques conceitual e empírico. Uma
para pessoas à procura de distrações no mundo da
                                                          abordagem é determinar a origem dos compradores
fantasia; c) Posicionamento sobre ocasiões de uso
                                                          do produto e quais marcas eles consideraram. O
específico:o Japanese Deer Park pode posicionar-se
                                                          resultado dessa análise permite identificar os gru-
para o turista que pode gastar apenas uma hora e
                                                          pos primário e secundário dos produtos concorren-
que deseja escolher algum tipo de divertimento
                                                          tes. Além dos clientes, os varejistas ou outros espe-
rápido; d) Posicionamento sobre categoria do usuá-



                CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98                    46
cialistas sobre clientes poderão proporcionar a in-             pode ser os novos participantes potenciais, ou
formação. Para ilustrar a necessidade de identifica-            substitutos. A longo prazo, os substitutos são a
ção dos concorrentes diretos e indiretos, e a sua               maior ameaça para uma empresa. Eles não só tra-
complexidade, Aaker menciona a definição dos                    zem novos processos e produtos com vantagens
possíveis concorrentes, elaborada pela empresa de               que podem subverter completamente as capacida-
refrigerantes Tab: a) outros refrigerantes diet; b)             des da interessada, como o tomógrafo fez com al-
todos refrigerantes cola; c) todos refrigerantes soft;          guns equipamentos de raio-X, como também apre-
d) bebidas não-alcoólicas; e) bebidas de modo ge-               sentam uma alta probabilidade de trazer consigo
ral.                                                            concorrentes novos e vorazes, dispostos a questio-
Hooley e Saunders (1996), a respeito da identifica-             nar as práticas convencionais do setor. A análise da
ção da concorrência, oferece uma orientação bá-                 concorrência, portanto, implica a avaliação de uma
sica. A médio prazo, a análise da concorrência deve             série de círculos concêntricos de adversários: na
concentrar-se nas empresas de mesmo grupo estra-                parte mais central estão os concorrentes diretos
tégico que a empresa em questão. Contudo, a longo               num grupo estratégico; a seguir, vêm as empresas
prazo, é perigoso ater-se a uma análise tão restrita.           de um setor, em que são motivadas a superar as
O setor como um todo precisa ser examinado para a               barreiras à entrada ao grupo estratégico; na parte
identificação de concorrentes indiretos que possam              mais extensa estão os participantes potenciais e os
dispor de recursos ou da necessidade de vencer as               substitutos. A Figura 3 oferece uma visão sinótica
barreiras de entrada no grupo estratégico da em-                das dimensões da análise da concorrência.
presa interessada. Uma segunda fonte de ameaças




                                    NOVOS ENTRANTES E SUBSTITUTOS
                                     Empresas tentando diversificar, ou com novas
                                          capacidades a explorar no setor.



                                         CONCORRÊNCIA SETORIAL
                                                Dispostas, capazes e
                                              encorajadas a superar as
                                               barreiras de entrada no
                                                 grupo estratégico.


                                                     GRUPO
                                                    ESTRATÉ-
                                                      GICO




                                  Figura 3 - Metas da Análise da Concorrência

Fonte: apud HOOLEY, Graham J. e SAUNDERS, John. Posicionamento competitivo. 1ª ed. São Paulo: Makron Books, 1996,
p. 166.

A determinação de como os concorrentes são per-                 atributos de produtos, grupos de usuários de pro-
cebidos e avaliados - segunda etapa no processo de              dutos, e contextos de uso. Mesmo objetos simples
posicionamento, - consiste no desafio de identificar            como cervejas podem evocar uma enormidade de
aquelas associações de produtos usadas pelos com-               atributos físicos como recipiente, experimentação,
pradores tal como eles percebem e avaliam os con-               e preço, e associações relevantes como “apropriada
correntes. As associações de produtos incluirão                 para uso durante um jantar em um ótimo restau-



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rante” ou usada por um homem trabalhando”. A               soa procure se acercar de subsídios relevantes, não
tarefa é identificar uma lista de associações de pro-      é possível generalizar uma solução de receita para
dutos, retirar redundâncias da lista, e então selecio-     as questões de posicionamento. Algumas linhas
nar aquelas que são mais úteis e relevantes na des-        mestras ou orientações, entretanto, podem ser ofe-
crição das imagens da marca (Aaker,1989).                  recidas: (a) O Posicionamento usualmente implica
A terceira etapa compreende a determinação de              um compromisso com a segmentação; o posicio-
como os concorrentes (incluindo a própria entrada          namento usualmente significa que uma decisão
da empresa) são posicionados com respeito às as-           consistente está sendo feita para se concentrar so-
sociações relevantes de produto e com respeito a           mente em certos segmentos; (b) Uma análise eco-
cada um. Se tais julgamentos podem ser feitos de           nômica guiará a decisão; o sucesso de uma estraté-
per si subjetivamente, as abordagens baseadas em           gia de posicionamento basicamente repousa em
pesquisas são avaliáveis. Tal pesquisa é expressada        dois fatores: o potencial do tamanho do mercado
em escala multidimensional, porque sua meta é              versus a probabilidade de penetração; a não ser
escalar objetos em dimensões diversas (ou asso-            que ambos fatores sejam favoráveis, o sucesso será
ciações de produtos). A escala multidimensional            improvável; (c) Se a propaganda está desempe-
pode ser baseada tanto sobre dados da associação           nhando o seu papel, deve-se colar nela; uma propa-
de produtos ou dados semelhantes (Aaker, 1989).            ganda freqüentemente se fundamentará em uma
Certo e Peter (1993) também apontam as caracte-            estratégia de posicionamento usada para imple-
rísticas da concorrência como um fator muito im-           mentá-la e considerará a adoção de uma mudança;
portante no processo de posicionamento. A natu-            como sempre, a personalidade da imagem de uma
reza dos concorrentes - quantidade, tamanho, es-           marca, tal qual de uma pessoa, requer muitos anos
truturas de custos e reações históricas a mudanças         se firmar, e o valor da consistência através do
de preço - influencia a estratégia de preço. Uma           tempo não pode ser superestimado; alguns dos
organização pode fixar seu preço abaixo ou acima           muitos sucessos, campanhas de grandes orçamen-
do da concorrência, dependendo dos fatores tais            tos, têm se arrastado por 10, 20 ou mesmo 30 anos;
como sua própria estrutura de custo, vantagem di-          (d) Não tentar ser alguma coisa que não corres-
ferencial competitiva e capacidades financeira e de        ponda à realidade; é tentador porém ingênuo - e
marketing.                                                 usualmente fatal - decidir sobre uma estratégia de
A quarta etapa se baseia em um entendimento bá-            posicionamento que explora uma necessidade ou
sico do cliente, e de como o mercado é segmen-             oportunidade do mercado, assumindo, porém, que
tado, o que ajudará na seleção de uma estratégia de        seu produto é alguma coisa que não é; após posi-
posicionamento. Como o mercado está segmen-                cionar um produto, é importante conduzir os testes
tado? Que papel desempenha a classe de produto             cegos de degustação ou testes internos ou externos
no estilo de vida do cliente? O que o motiva real-         para fazer comprovação de que o produto pode
mente? Que hábitos e padrões de comportamento              entregar aquilo que promete e que é compatível
são relevantes? A questão segmentação é, obvia-            com uma imagem proposta ((Aaker, 1989).
mente, crítica. Uma das mais úteis abordagens de           Quanto à questão prioritária quais diferenças pro-
segmentação é a benéfica, a qual foca sobre os be-         mover?, Kotler (1993) sugere que a empresa deve
nefícios ou, mais geralmente, as associações de            divulgar suas principais forças valorizadas pelo
produtos que um segmento acredita ser importante.          mercado-alvo. A empresa também deve reconhecer
"Uma marca ideal” será uma combinação de todas             que a diferenciação é um processo contínuo. Par-
as associações de produtos preferidos pelos                tindo da idéia de que uma empresa compare seu
clientes. Os clientes são então agrupados dentro de        posicionamento atual em relação a quatro atributos
segmentos definidos pelas associações de produtos          - tecnologia, custo, qualidade e serviço -, ela pode
considerados importantes por eles (Aaker,1989).            ter o seu próprio perfil em relação ao posiciona-
As quatro etapas, ou exercícios descritos anterior-        mento de seu principal concorrente. Com respaldo
mente, direcionam-se prioritariamente à adoção da          nos dados contidos na Tabela 1, ambas empresas
decisão de posicionamento escolhida. A seleção da          obtêm oito pontos no atributo tecnologia (em uma
posição - quinta etapa - pode se basear em parâ-           escala de 0 a 10), o que significa que ambas são
metros decorrentes da experiência pessoal, mera-           boas em tecnologia. A empresa não tem muito o
mente, ou pode se enriquecer com fatores decor-            que ganhar melhorando em tecnologia, especial-
rentes de pesquisa de mercado. Mesmo que a pes-            mente dado o custo envolvido. A concorrente tem



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melhor desempenho em custo (8, em vez de 6), e              para melhorar o serviço é baixa, talvez porque a
isso pode prejudicar a empresa se o mercado tor-            concorrente não acredita em serviço ou não dispõe
nar-se mais sensível a preço. A empresa oferece             de recursos para isso. A coluna 7 mostra as ações
melhor qualidade do que sua concorrente (8, em              apropriadas a serem tomadas com respeito a cada
vez de 6). Finalmente, ambas as empresas oferecem           atributo. A ação que faz algum sentido é a em-
qualidade de serviço abaixo da média.                       presa melhorar seu serviço e divulgar a melhoria
Kotler vai mais além em sua análise, quando afirma          como um benefício secundário. O serviço é impor-
que pode parecer que a empresa deve melhorar em             tante para os clientes; a empresa pode estar dis-
custo ou em serviço para aperfeiçoar seu apelo de           posta a melhorar seu serviço e fazê-lo com rapidez
mercado em relação à concorrência. Outras consi-            e provavelmente a concorrente não vai alcançá-la.
derações, todavia, tornam-se necessárias: a) Qual é         Kotler (1993) adianta que a conclusão supracitada é
a importância das melhorias nesses atributos consi-         fruto de estudo realizado pela Monsanto, em um de
derados pelos clientes-alvo?; b) A empresa tem              seus mercados de produtos químicos. Em conse-
condições de fazer as melhorias? Em quanto                  quência, ela contratou imediatamente pessoal de
tempo? A coluna 5 mostra que a empresa tem dis-             assistência técnica adicional e, assim que eles esta-
ponibilidade e velocidade para melhorar o serviço.          vam treinados, divulgou-se como “Líder em servi-
A concorrente também está em condições de me-               ços técnicos”. Kotler arremata que, assim, esse tipo
lhorar o serviço se a empresa também o fizer? A             de raciocínio pode ajudar a empresa na escolha ou
coluna 6 mostra que a habilidade do concorrente             no acréscimo de vantagens competitivas genuínas.



(1)            (2)             (3)            (4)            (5)          (6)                 (7)

Vantagem       Posição da      Posição do     Importância    Disponi-     Habilidade do       Ação Recomen-
Competitiva    Empresa         Concorrente    para Me-       bilidade e   concorrente para    dada
               (1-10)          (1-10)         lhoria da      veloci-      melhoria da
                                              Posição        dade         posição
                                              (A-M-B)        (A-M-B)      (A-M-B)
Tecnologia     8               8              B              B            M                   Manutenção
Custo          6               8              A              M            M                   Monitoramento
Qualidade      8               6              B              B            A                   Monitoramento
Serviço        4               3              A              A            B                   Investimento
A = Alta       M = Média       B = Baixa

Fonte: apud KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle.
3ª.ed. São Paulo: Atlas, 1993, p.368.

                         Tabela 1 - Método Para Seleção de Vantagem Competitiva


O monitoramento da posição - sexta etapa - embute           usualmente uma das técnicas mais estruturadas de
um objetivo de posicionamento, bem como algum               escala multidimensional é aplicada (Aaker, 1989).
objetivo de marketing , que poderá ser avaliado.
Avaliar o posicionamento, e gerar informação
diagnóstica a respeito das estratégias futuras de           A Efetividade do Posicionamento
posicionamento, exige um monitoramento da
posição ao longo do tempo. Uma variedade de                 Como você sabe se tem uma boa estratégia de posi-
técnicas pode ser empregada para fazer esta                 cionamento? - indaga Cravens (1994) quanto à
medição. Hamburger Helper usou um “teste de                 avaliação da efetividade da estratégia de posiciona-
personalidade”, por exemplo. De qualquer modo,              mento. Na realidade, a questão importante é saber
                                                            se a estratégia implementada acarreta os resultados



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esperados referentes a: vendas; participação de           CERTO, Samuel C., PETER, J. Paul. Administra-
mercado; retorno financeiro; taxas de crescimento;          ção estratégica. São Paulo: Makron Books,
satisfação do cliente; e outros resultados da vanta-        1993.
gem competitiva. A aferição da efetividade de uma         CRAVENS, David W. Strategic Marketing . 4ª ed.
estratégia de um programa de marketing usa um               Illinois: Richard D. Irwin, Inc., 1994.
critério específico tal como participação de mercado      GOUVÊA, Maria Aparecida. Uma Contribuição
e lucratividade, já que permite maior clareza na            Para o Desenvolvimento de Estratégias de Posi-
avaliação do que a da vantagem competitiva. Não se          cionamento no Contexto de Marketing Bancário
pode perder de vista que o desenvolvimento de uma           (tese de doutoramento). São Paulo: FEA/USP,
estratégia de um programa de marketing deve ter             1991, 152 p.
por objetivo uma consideração essencial. A sua            HOOLEY, Graham J. e SAUNDERS, John. Posi-
concretização deve ser de forma que a concorrência          cionamento competitivo. 1ª ed. São Paulo:
tenha dificuldade de copiá-la.                              Makron Books, 1996.
                                                          KOTLER, Philip. Administração de marketing:
                                                            análise, planejamento, implementação e con-
CONSIDERAÇÕES FINAIS                                        trole. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1993.
                                                          LYTLE, John F. What do you customers really
O contexto globalizado dos mercados exige que os            want? Chicago, USA: Probus Publishing, 1994.
empresários pensem globalmente e atuem local-             McKENNA, Regis. Marketing de relacionamento.
mente. Desta maneira de ser, destaca-se o posicio-          Rio de Janeiro: Campus, 1992.
namento - estratégias, processo e efetividade - como      PETERS, Tom. O segredo de polichinelo. Revista
indispensável ferramenta para possibilitar a con-           Exame, São Paulo, 28 de agosto de 1996, pp.
quista de uma posição competitiva favorável em              72-74.
contextos mercadológicos extremamente competiti-          RANDAZZO, Sal. A criação de mitos na      publi-
vos e em processo de mutação constante.                     cidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
Aos estudiosos de estratégia e de marketing só resta      RIES, Al e TROUT, Jack. Posicionamento. São
a adoção de uma postura de constante vigília como           Paulo, Pioneira, 1995.
forma de se manterem capazes de oferecer propos-          TOLEDO, Geraldo Luciano e HENZO, Angelo
tas proativas e capazes de ensejarem contribuições          Miguel. O processo de posicionamento e o
para o enfrentamento dos desafios que a Nova Era            marketing estratégico. Anais do 15º Encontro
impõe ao mundo dos negócios.                                Nacional dos Programas de Pós-Graduação em
Pertinente se torna destacar que o estudo e a aplica-       Administração, 1991, v.4.
ção do posicionamento não se restringe apenas aos         TROUT, Jack e RIVKIN, Steve. O Novo Posicio-
diversos componentes do sistema produtivo, mas              namento. São Paulo, Makron Books, 1996.
também nas atividades eminentemente individuais.          WILENSKY, Alberto. Política de negócios. Bue-
Afinal, todas as pessoas precisam se posicionar no          nos Aires: Macchi, 1997.
mercado, no convívio social e no convívio íntimo,
como forma de adquirir um adequado espaço na
mente das pessoas, no processo influencial inerente
à condição humana.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AAKER, David A. Positioning your product.
  Readings in Marketing Strategy. USA: The
  Scientific Press, second edition, 1989, pp.193-
  198.




                CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98               50

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Evolução do Posicionamento da Propaganda ao Nível Estratégico

  • 1. ENSAIO POSICIONAMENTO: DA PROPAGANDA Surgimento e Evolução do Conceito AO NÍVEL ESTRATÉGICO Ries e Trout (1993), sobre a incorporação do es- Edmar Ferreira Monte (*) tudo do posicionamento ao mundo da propaganda, argumentam que já tinham feito mais de mil pa- RESUMO lestras sobre posicionamento, para grupos de publi- citários em vinte e um países e já haviam distri- Esta pesquisa bibliográfica aborda o processo evo- buído mais de 150 000 cópias do “folhetinho cor- lutivo do posicionamento, desde o seu surgimento, de-rosa” - reproduz os artigos do Advertising Age. no campo restrito da propaganda - um dos compos- O interesse surgiu desde a publicação de uma série tos do marketing - até atingir o nível estratégico. de artigos publicados naquela revista, denominados As seis estratégias de posicionamento mais indica- “The positioning era”, popularizando o conceito das, as seis etapas do processo de posicionamento, posicionamento, no ano de 1972. E, anos mais bem como, os requisitos fundamentais para a cons- tarde, a publicação do livro Positioning: the battle tatação da efetividade do posicionamento passam for your mind, incorporou de vez aquele estudo ao por uma apreciação pertinente. contexto da propaganda. Procurou-se também o enriquecimento de cada Na visão daqueles estudiosos, o processo de in- tópico focalizado com exemplificações adequadas, fluenciação das pessoas necessitava ser questio- extraídas da realidade empírica. nado para a obtenção de maior eficácia, pois a pró- pria comunicação já era um problema. A sociedade supercomunicativa ora existente ocasiona uma grave distorção: comuica-se muito e não se recebe CONSIDERAÇÕES INICIAIS o correspondente em retorno. Ninguém pode es- quecer que a mente é seletiva. Como forma de Os problemas enfrentados pela propaganda numa defesa do volume de comunicação diária, ela filtra sociedade supercomunicativa fizeram surgir o con- e rejeita boa parte da informação que lhe chega, só ceito de posicionamento. Mas, o aumento da com- aceitando aquilo que de certa forma coincide com plexidade dos mercados determinaram a ampliação o seu conhecimento ou com a sua experiência ante- de seu estudo para a abordagem de questões abran- rior. gentes e inerentes ao triângulo estratégico: os O fato é que há produtos demais, empresas demais clientes, a realidade da empresa e a concorrência. e barulho demais no “marketing”. Por esta razão, Esta pesquisa bibliográfica, portanto, procura dis- Ries e Trout (idem, ibidem) manifestam-se sobre as correr sobre o processo evolutivo do posiciona- dificuldades freqüentes da propaganda para in- mento desde o seu surgimento, no campo restrito da fluenciar os clientes e traçam uma sinopse evolu- propaganda - um dos compostos do marketing - até tiva de sua capacidade de atuação em um mercado atingir o nível estratégico. cada vez mais competitivo e condicionado pela As estratégias de posicionamento possíveis de ser inovação tecnológica: (a) Era do Produto - o pes- enfocadas, as etapas de seu processo respectivo, soal da propaganda concentrava suas atenções nas bem como, os requisitos fundamentais para a cons- características do produto e nos benefícios que ele tatação da efetividade do posicionamento merecem traria para o consumidor; tempos favoráveis aque- uma abordagem adequada. les, por volta da década de 50; (b) Era da Imagem - Procurou-se também o enriquecimento de cada as empresas de sucesso descobriram que a reputa- tópico apreciado com exemplificações pertinentes, ção, ou imagem, era mais importante para se ven- extraídas da realidade empírica. der um produto do que as suas características espe- cíficas; o arquiteto dessa Era da Imagem foi David Ogilvy; (c) Era do Posicionamento - a criatividade já não é mais a chave para o sucesso; os jogos e divertimentos dos anos sessenta e setenta deram lugar às ásperas realidades da década dos oitenta; (*) Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Admi- para ter sucesso nesta sociedade supercomunica- nistração da Faculdade de Economia, Administração e tiva, uma empresa tem de criar uma posição na Contabilidade da Universidade de São Paulo. E-mail: mente do seu cliente potencial, posição que leve na fermante@.usp.br. CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98
  • 2. consideração devida não apenas os pontos fortes e daí, conseguir torná-lo mais desejável se a posição fracos da empresa, mas também dos concorrentes. já conquistada não for satisfatória. Considera que Kotler (1993) comenta as três opções estratégicas até mesmo no contexto internacional mas, princi- para a conquista da mente do consumidor, indica- palmente, no caso brasileiro, tem preponderado a das por Ries e Trout, e a quarta, de sua inspiração: aplicação deste conceito sob a ótica de Propaganda e Comunicação. Manifesta a pretensão de mostrar § 1a. opção estratégica: a Avis assumiu ser a em sua tese que o posicionamento é um instru- segunda no ramo de aluguel de carros e fez mento estratégico, cuja aplicação extrapola o uma divulgação intensa sobre isso. A 7-Up ca- campo restrito da propaganda, um dos quatro ele- pitalizou o fato de não ser um refrigerante do mentos do composto de marketing (produto, propa- tipo Cola. A essência da estratégia consiste em ganda, preço e ponto de distribuição). reforçar e aumentar a posição desfrutada na Toledo e Henzo (1991) traçam uma sinopse do mente do consumidor; processo evolutivo do posicionamento, resumida nas seguintes contribuições: a) Ries e Trout (1981) § 2a. opção estratégica: os doces da Hershey são apresentaram a idéia do posicionamento como uma comidos em um minuto e os da Milky Way ferramenta de apoio ao composto de comunicação; demoravam mais tempo; esta explorou a opção b) este conceito foi modificando-se com as contri- “maior consistência”, ainda não explorada. A buições de outros autores como Wind (1982) e estratégia se apóia na idéia de buscar uma po- Kotler (1988), que o ampliaram, conferindo-lhe sição inexplorada de mercado, valorizada por uma dimensão mais abrangente, identificada com o inúmeros consumidores, e apossar-se dela. Isto marketing estratégico; c) DiMingo (1988) propõe recebe a designação de “brecha de mercado” : uma estrutura mais clara para a compreensão do procure-a e ocupe-a; processo de posicionamento estratégico, sugerindo § 3a. opção estratégica: muitos consumidores sua divisão em duas fases: posicionamento de mer- norte-americanos de aparelhos de jantar pen- cado e posicionamento psicológico. sam que tanto a porcelana Lenox como a Segundo ainda Toledo e Henzo, poucos profissio- Royal Dalton são da Inglaterra. Por isso, a nais estão familiarizados com o modo como o posi- Royal publicou anúncios mostrando que a por- cionamento de mercado se desenvolve a partir do celana Lenox, na verdade, era fabricada em posicionamento psicológico, e como ambos agem New Jersey e as da Royal vinham da Ingla- de forma integrada para atingir um objetivo de terra. Desbancar a concorrência, portanto, é o marketing comum. Para DiMingo, o posiciona- objetivo estratégico; mento estratégico de mercado fundamenta-se no empenho da empresa em oferecer ao mercado es- § 4a. opção estratégica: a Chrysler, terceira maior colhido o produto ou o serviço, de forma mais efi- empresa de automóveis, criou a idéia das Três ciente e eficaz que a concorrência, vencendo o mais Grandes, e a idéia das Oito Maiores foi criada competitivo. pela oitava maior empresa de auditoria. “A es- tratégia do clube exclusivo” , desenvolvida quando a posição número um, em relação a al- O Posicionamento Sob Diversos Enfoques gum atributo de valor, não pode ser alcançada. Destaque-se que a líder de mercado não se in- Sob a ótica de Randazzo (1997), o posicionamento teressa por esse conceito. Implicação imediata: da marca consiste naquilo que os publicitários de- as empresas contidas no clube se consideram sejam que a marca represente no mercado e na as melhores. mente do consumidor. Wilensky (1997) afirma que, do ponto de vista do posicionamento, o produto Dos anos 70 aos anos 90, o posicionamento passou “perfeito” é aquele no qual o produto funcional e o por uma autêntica transformação. De uma aborda- imaginário coincidem. Se, por acaso, isso não ocor- gem limitada ao campo da propaganda, o conceito rer, é necessária a construção de pontos que os assumiu atribuições estratégicas. Gouvêa (1991), unam. A respeito, desta abordagem, Kotler (1993) reforça este ponto de vista, quando afirma que, em considera que Ries e Trout lidam essencialmente síntese, com o posicionamento procura-se o enten- com a psicologia de posicionar ou de retirar uma dimento de como o produto localiza-se frente aos marca da mente do consumidor. Eles reconhecem seus concorrentes aos olhos dos clientes e, a partir que a estratégia de posicionamento pode provocar CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98 42
  • 3. mudanças no nome, preço e embalagem do pro- para conquistar uma posição. O posicionamento duto, mas estas são “mudanças na apresentação dos psicológico deve ser sustentado pelo posiciona- produtos com o propósito de manter uma posição mento real, pois ele não é apenas um jogo mental. que valha a pena na mente do consumidor”. Outros Cravens (1994), de sua parte, através da Figura 1 profissionais de marketing dão mais ênfase ao indica de forma esquemática uma síntese de seu posicionamento real, onde eles examinam detalha- pensamento. damente cada aspecto tangível de um novo produto Conceito de Posicionamento Significado do produto derivado das necessidades dos compradores limitados ao mercado-alvo. Efetividade do Posicionamento Mercado Estratégia de Posicionamento Dimensão pela qual os objetivos do posicionamento da gerência são Alvo Combinação das ações de marketing usadas para retratar o conceito de atingidos no mercado-alvo. posicionamento pelos compradores enfocados. Posicionamento da Marca Posicionamento da marca pelos compradores no mercado-alvo. Figura 1 - O Processo de Posicionamento Fonte: Adaptado de CRAVENS, David W. Strategic Marketing . 4ª ed. Illinois: Richard D. Irwin , Inc.,1994, p. 305. Atualmente, existem muitas formas de focalizar o condiciona o reinício de todo o processo, pela pri- posicionamento. McKenna (1992), por exemplo, meira etapa. advoga o posicionamento dinâmico, em contrapo- Trout e Rivkin (1996) para a manutenção ou au- sição ao posicionamento tradicional, sob um enfo- mento do potencial de influência no mercado por que tridimensional: a) Posicionamento do produto: parte das empresas, recomendam o reposiciona- a empresa decide como deseja colocar seu produto mento, como uma prática constante. O consumidor no mercado competitivo; tenciona construir uma precisa ser ouvido continuamente, pois as atitudes reputação com base no preço baixo? Alta quali- do consumidor mudam, a tecnologia torna obsole- dade? Tecnologia avançada? Como deve segmentar tos os produtos existentes e os produtos se desviam seus mercados? Quem pretende conqusitar como da percepção cultivada durante muito tempo pelo usuários iniciais?; b) Posicionamento no mercado: consumidor. consiste na obtenção do reconhecimento do mer- Wilenski (1997) vai mais longe e assinala que, ape- cado, no ganho da credibilidade dos consumidores; sar da grande difusão adquirida pelo conceito de o produto precisa ser encarado pelo mercado como posicionamento, desde os enfoques estratégicos até um vencedor; c) Posicionamento da empresa: as os puramente publicitários, este sofre de uma falá- empresas se posicionam a si próprias, numa etapa cia inicial: o posicionamento não existe. Mais pre- inicial do processo, principalmente por meio do cisamente, jamais um produto tem um só posicio- sucesso financeiro. Se os lucros por acaso caírem, a namento e, portanto, deve-se falar dos distintos sua posição se obscurecerá e os consumidores re- posicionamentos do produto ou do serviço. A per- lutarão em adquirir produtos de empresa em difi- gunta é qual dos posicionamentos possíveis resulta culdade financeira, sobretudo se os produtos forem mais valioso em dado momento. Em outras pala- caros e complexos. A descoberta de tal situação, vras, sobre qual posicionamento se construirá a estratégia desse produto. Cravens (1994), a res- CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98 43
  • 4. peito, indica as três modalidades do conceito de Quanto às possibilidades e limitações do conceito posicionamento: a) Conceito funcional: aplicado de posicionamento, Cravens (1994) alerta que o aos produtos na solução de problemas de consumo posicionamento direto contra um concorrente de atinentes às necessidades pessoais básicas externas; maneira muito visível, poderá encorajar a concreti- b) Conceito simbólico: atrelado às exigências ge- zação de ações agressivas em retorno, com resulta- rais internas dos consumidores, destinadas ao auto- dos obviamente imprevisíveis para todos. A este aperfeiçoamento, posição do papel social, relacio- respeito, Lytle (1994) oferece algumas recomenda- namento grupal, ou auto-afirmação; c) Conceito ções, para que se evite o arriscado confronto com a experimental: usado para posicionar os produtos concorrência: a) Para a identificação do que os proporcionadores de prazer sensorial, variedade, clientes realmente querem, é necessário descobrir o e/ou simulação cognitiva. que eles realmente necessitam; b) Se o cliente é um Em razão de sua complexidade, Kotler (1993) ad- consumidor final ou um agente de compras, ele tem verte que o composto de marketing de uma empresa uma necessidade comum a todos os cidadãos; c) depende de seu posicionamento adotado. Para tanto, Um cliente pode ter mais que uma necessidade alguns erros principais devem ser evitados: a) Sub- superior a qual poderá se enquadrar em alguma das posicionamento: algumas empresas descobrem que sete categorias: entrega; serviço ao cliente; imagem os compradores têm apenas uma idéia vaga da da companhia; emergências; qualidade do produto; marca; eles realmente não conhecem nada especial preço; pesquisa e desenvolvimento; d) Esta necessi- sobre ela; b) Superposicionamento: os compradores dade superior precisa mais que simplesmente satis- podem ter uma idéia muito estrita sobre a marca; fazer o cliente; deve deleitá-lo; e) Um caminho assim, um consumidor pode pensar que a Steuben típico de visualização da satisfação do cliente en- fabrica apenas vidros finos na faixa de $ 1.000 para volve o passado e o presente nas relações do cliente; cima, quando, de fato, fabrica vidros finos, com para encontrar uma necessidade superior, o ideal é preços a partir de $ 50; c) Posicionamento confuso: agir de forma proativa - focalizar as relações pre- os compradores podem ter uma imagem confusa da sentes e futuras; f) Buscar incessantemente o pró- marca; essa confusão pode resultar dos muitos ape- ximo nível de valor nos serviços oferecidos aos los de propaganda ou de mudar-se o posiciona- clientes - a diferença entre a performance atual e as mento da marca com freqüência; d) Posicionamento exigências deles na lacuna de expectativa do cliente duvidoso: os compradores podem achar difícil acre- (Expectation Gap-Figura 2). ditar nos apelos da marca tendo em vista as caracte- rísticas, preço ou o fabricante do produto. HOJE AMANHÃ A LACUNA DE PERFORMANCE FORNECEDOR EXPECTATIVA DOS CLIENTES INICIATIVAS EMBUTIDAS NO ROMPIMENTO ACELERANDO OS APERFEIÇOAMENTOS DA PERFORMANCE PARA O MERCADO Figura 2 - Lacuna na Expectativa do Cliente Fonte: LYTLE, John F. What do you customers really want? Chicago: Probus Publishing, 1994. CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98 44
  • 5. Em síntese, as empresas que estão aptas a se deslo- marketing, para que sejam atendidas tais carem para os mais altos níveis de serviço - se- expectativas e a alta qualidade seja percebida. gundo Lytle - proporcionam um hiperserviço e O mercado-alvo também ajuda a identificar a incrementam o inusitado no contexto das necessida- existência de concorrentes-chave. des superiores dos clientes. Hiperserviço, portanto, Similarmente, a escolha do mercado-alvo significa ir além do básico; representa o ofereci- estabelecerá o potencial do mercado e a mento aos clientes de um nível de qualidade acima participação de mercado que é possível realizar. da média de mercado, preços mais competitivos; e Finalmente, a seleção do mercado-alvo pode serviço de entrega mais adequados que os outros. estabelecer a quantidade de capacidade de re- Para Peters (1996), isto ainda é um sonho, quando curso da firma para servi-lo. A questão é en- ressalta que a satisfação do cliente é a chave dos contrar a melhor forma para compatibilizar o negócios que querem ter futuro. Todo mundo sabe. mercado-alvo, o conceito de posicionamento, e Mas quem põe isso em prática? Para ele, ao se pen- a estratégia de posicionamento. sar em atendimento excepcional ao cliente logo § Estágio do ciclo de vida do produto: o estágio vem à mente os nomes de sempre - Federal Ex- do ciclo de vida do produto muitas vezes afeta press, Disney, Nordstrom, Charles Schwab, Ritz- o papel e a importância dos componentes do Charlton - e uns poucos mais. Para respaldar a sua programa de marketing de maneira diferen- argumentação, menciona um trabalho realizado ciada. Através dos estágios da introdução, cres- para uma montadora, tendo chegado à seguinte cimento, maturidade, e declíno, os desempe- constatação: a) A qualidade dos carros atingiram nhos dos elementos do composto de marketing um patamar bom, oscilando entre 7 e 10 pontos, se ajustam para reagir às condições de mu- numa escala de 1 a 10; b) O índice de novidades dança. Preço, por exemplo, tipicamente declina instigantes lançadas pela indústria oscila em torno com a maturidade do produto-mercado. A pro- de 5, 6 ou 7; c) O atendimento ao consumidor - o paganda é usada inicialmente para criar o co- terceiro tripé da tríade que compõe a satisfação do nhecimento de um novo produto e interessar os consumidor - deixa muito a desejar, figurando em compradores potenciais na oferta. Nos estágios torno de 2, 3, ou 4. posteriores à propaganda é possível pressionar A vantagem competitiva a ser conseguida por meio quanto às vantagens de uma marca sobre as da qualidade se lhe afigura impraticável, já que a marcas concorrentes. qualidade dos automóveis vai continuar melho- rando. Mas, basta que uma montadora se destaque § Prioridades da administração: o critério de em termos de experiência do consumidor (ou seja, desempenho coloca para o mercado-alvo tam- atendimento ao cliente), aposta que conseguirá se bém a influência da estratégia de posiciona- manter no topo da lista por muito tempo. mento selecionada. Das prioridades da admi- nistração depende a expansão da participação de mercado, apoiando a posição e gerando lu- Estratégia, Processo e Efetividade do Posicio- cros, ou a redução dos encargos da firma, ou namento mesmo, o abandono do produto-mercado. A estratégia de posicionamento, por conseguinte, Para Cravens (1994) a escolha da estratégia de po- vê-se atrelada à influência da estratégia da uni- sicionamento se sente basicamente influenciada dade estratégica de negócio (UEN). A expansão pelos seguintes fatores: ou não de uma posição requer programas de marketing diferentes. Além disto, se a gerência § Mercado-alvo: a gestão do conceito de posicio- de marketing estiver estabelecendo um pro- namento se orienta pelas necessidades do con- grama de crescimento maior que a da UEN e a sumidor. As características e necessidades do administração, em contraposição, favorece uma mercado-alvo indicam a natureza do programa posição de estabilização, o conflito se torna de marketing necessário para ganhar uma res- inevitável. posta favorável do mercado-alvo. Se as § Recursos e influências competitivas: os recur- pessoas no mercado-alvo querem um produto sos avaliáveis limitam as ações da administra- de alta qualidade, então deve-se promover a ção relativas ao projeto do programa. Por necessária adequação do composto de exemplo, as companhias pequenas são restrin- CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98 45
  • 6. gidas quanto aos gastos em propaganda e, con- rio: a Magic Mountain pode posicionar-se como um sequentemente, quanto aos veículos de comuni- parque para “amantes de emoção”; e) Posiciona- cação a serem utilizados. Os programas exis- mento contra outro produto: o Lion pode posicio- tentes dos concorrentes (e as ações futuras) po- nar-se como tendo uma maior variedade de animais dem também ser avaliados no projeto da estra- do que o Japanese Deer Park; f) Posicionamento tégia de mudanças de programa podem ser pre- por dissociação da classe de produto: a Marineland vistas. Isto requer monitoramento contínuo das não pode posicionar-se como um “parque de recrea- estratégias da concorrência quanto ao produto, ção”, mas como uma “instituição educacional”, à distribuição, ao preço e à promoção. colocando-se, desta forma, dentro de uma outra classe de produtos em vez da esperada. Não se pode, todavia, ignorar alguns questiona- Para Cravens (1994), a estratégia de posiciona- mentos oportunos. Na abordagem de Aaker (1989), mento coloca os componentes do composto do o posicionamento significa diferentes coisas para marketing dentro de um grupo coordenado de ações diferentes pessoas. Para alguns, significa a decisão indicadas para perseguir os objetivos do posiciona- de segmentar. Para outros, é uma questão de ima- mento. Esta estratégia funciona da seguinte forma: gem. Para a maioria, significa a opção através da a) Selecionando a quantidade total de recursos a qual as características do produto são destacadas. serem usados pelo programa de marketing; (b) Indi- Poucos gerentes, entretanto, consideram todas as cando como alocar estes recursos no contexto dos alternativas. componentes do composto de marketing (produto, distribuição , preço, propaganda, venda pessoal, e promoção de vendas); (c) Alocando os recursos Estratégias de Posicionamento dentro de cada componente do programa. Duas generalizações sobre estas decisões podem ser fei- Que estratégias de posicionamento podem ser ava- tas: estas decisões são inter-relacionadas, com a liadas? Como as estratégias de posicionamento primeira limitando a segunda e a segunda limitando podem ser identificadas e selecionadas? Aaker a terceira; e muitas alternativas são avaliáveis, de- (idem,ibidem), como primeiro passo, sugere a aná- pendendo da quantidade, disposição e uso dos re- lise de uma estratégia de posicionamento de um cursos. produto sob seis abordagens: (1) posicionamento pelo atributo; (2) posicionamento pela quali- dade/preço; (3) posicionamento com respeito ao uso Etapas do Processo de Posicionamento ou aplicação; (4) posicionamento pelo usuário do produto; (5) posicionamento com respeito à classe Quanto ao processo de posicionamento, Aaker de produto; (6) posicionamento com respeito ao (1989) enumera as seis etapas respectivas: (a) produto concorrente. identificação dos concorrentes; (b) determinação de Kotler (1993) demonstra as seis supracitadas alter- como os concorrentes são percebidos e avaliados; nativas - formuladas pelo professor Win - aplicadas (c) determinação da posição dos concorrentes; (d) em um hipotético estudo sobre estratégias de posi- análise dos clientes; (e) seleção da posição; (f) mo- cionamento nos parques da região de Los Angeles nitoramento da posição. (USA): a) Posicionamento sobre características Aparentemente simples, a primeira etapa pode sur- específicas do produto: a Disneylândia pode posi- preender pela sua complexidade. Na maioria dos cionar-se como o maior parque do mundo; extensão casos - adverte Aaker (1989), sobre a identificação é uma característica de produto que corresponde dos concorrentes, existe um grupo primário de indiretamente a um benefício, isto é, as maiores concorrentes e outro, ou muitos grupos de concor- opções em entretenimento; b) Posicionamento so- rentes secundários. Um conhecimento dos vários bre benefícios, solução de problemas ou necessida- modos de identificar tais grupos depende da conju- des: a Knott’s pode posicionar-se como um parque gação dos enfoques conceitual e empírico. Uma para pessoas à procura de distrações no mundo da abordagem é determinar a origem dos compradores fantasia; c) Posicionamento sobre ocasiões de uso do produto e quais marcas eles consideraram. O específico:o Japanese Deer Park pode posicionar-se resultado dessa análise permite identificar os gru- para o turista que pode gastar apenas uma hora e pos primário e secundário dos produtos concorren- que deseja escolher algum tipo de divertimento tes. Além dos clientes, os varejistas ou outros espe- rápido; d) Posicionamento sobre categoria do usuá- CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98 46
  • 7. cialistas sobre clientes poderão proporcionar a in- pode ser os novos participantes potenciais, ou formação. Para ilustrar a necessidade de identifica- substitutos. A longo prazo, os substitutos são a ção dos concorrentes diretos e indiretos, e a sua maior ameaça para uma empresa. Eles não só tra- complexidade, Aaker menciona a definição dos zem novos processos e produtos com vantagens possíveis concorrentes, elaborada pela empresa de que podem subverter completamente as capacida- refrigerantes Tab: a) outros refrigerantes diet; b) des da interessada, como o tomógrafo fez com al- todos refrigerantes cola; c) todos refrigerantes soft; guns equipamentos de raio-X, como também apre- d) bebidas não-alcoólicas; e) bebidas de modo ge- sentam uma alta probabilidade de trazer consigo ral. concorrentes novos e vorazes, dispostos a questio- Hooley e Saunders (1996), a respeito da identifica- nar as práticas convencionais do setor. A análise da ção da concorrência, oferece uma orientação bá- concorrência, portanto, implica a avaliação de uma sica. A médio prazo, a análise da concorrência deve série de círculos concêntricos de adversários: na concentrar-se nas empresas de mesmo grupo estra- parte mais central estão os concorrentes diretos tégico que a empresa em questão. Contudo, a longo num grupo estratégico; a seguir, vêm as empresas prazo, é perigoso ater-se a uma análise tão restrita. de um setor, em que são motivadas a superar as O setor como um todo precisa ser examinado para a barreiras à entrada ao grupo estratégico; na parte identificação de concorrentes indiretos que possam mais extensa estão os participantes potenciais e os dispor de recursos ou da necessidade de vencer as substitutos. A Figura 3 oferece uma visão sinótica barreiras de entrada no grupo estratégico da em- das dimensões da análise da concorrência. presa interessada. Uma segunda fonte de ameaças NOVOS ENTRANTES E SUBSTITUTOS Empresas tentando diversificar, ou com novas capacidades a explorar no setor. CONCORRÊNCIA SETORIAL Dispostas, capazes e encorajadas a superar as barreiras de entrada no grupo estratégico. GRUPO ESTRATÉ- GICO Figura 3 - Metas da Análise da Concorrência Fonte: apud HOOLEY, Graham J. e SAUNDERS, John. Posicionamento competitivo. 1ª ed. São Paulo: Makron Books, 1996, p. 166. A determinação de como os concorrentes são per- atributos de produtos, grupos de usuários de pro- cebidos e avaliados - segunda etapa no processo de dutos, e contextos de uso. Mesmo objetos simples posicionamento, - consiste no desafio de identificar como cervejas podem evocar uma enormidade de aquelas associações de produtos usadas pelos com- atributos físicos como recipiente, experimentação, pradores tal como eles percebem e avaliam os con- e preço, e associações relevantes como “apropriada correntes. As associações de produtos incluirão para uso durante um jantar em um ótimo restau- CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98 47
  • 8. rante” ou usada por um homem trabalhando”. A soa procure se acercar de subsídios relevantes, não tarefa é identificar uma lista de associações de pro- é possível generalizar uma solução de receita para dutos, retirar redundâncias da lista, e então selecio- as questões de posicionamento. Algumas linhas nar aquelas que são mais úteis e relevantes na des- mestras ou orientações, entretanto, podem ser ofe- crição das imagens da marca (Aaker,1989). recidas: (a) O Posicionamento usualmente implica A terceira etapa compreende a determinação de um compromisso com a segmentação; o posicio- como os concorrentes (incluindo a própria entrada namento usualmente significa que uma decisão da empresa) são posicionados com respeito às as- consistente está sendo feita para se concentrar so- sociações relevantes de produto e com respeito a mente em certos segmentos; (b) Uma análise eco- cada um. Se tais julgamentos podem ser feitos de nômica guiará a decisão; o sucesso de uma estraté- per si subjetivamente, as abordagens baseadas em gia de posicionamento basicamente repousa em pesquisas são avaliáveis. Tal pesquisa é expressada dois fatores: o potencial do tamanho do mercado em escala multidimensional, porque sua meta é versus a probabilidade de penetração; a não ser escalar objetos em dimensões diversas (ou asso- que ambos fatores sejam favoráveis, o sucesso será ciações de produtos). A escala multidimensional improvável; (c) Se a propaganda está desempe- pode ser baseada tanto sobre dados da associação nhando o seu papel, deve-se colar nela; uma propa- de produtos ou dados semelhantes (Aaker, 1989). ganda freqüentemente se fundamentará em uma Certo e Peter (1993) também apontam as caracte- estratégia de posicionamento usada para imple- rísticas da concorrência como um fator muito im- mentá-la e considerará a adoção de uma mudança; portante no processo de posicionamento. A natu- como sempre, a personalidade da imagem de uma reza dos concorrentes - quantidade, tamanho, es- marca, tal qual de uma pessoa, requer muitos anos truturas de custos e reações históricas a mudanças se firmar, e o valor da consistência através do de preço - influencia a estratégia de preço. Uma tempo não pode ser superestimado; alguns dos organização pode fixar seu preço abaixo ou acima muitos sucessos, campanhas de grandes orçamen- do da concorrência, dependendo dos fatores tais tos, têm se arrastado por 10, 20 ou mesmo 30 anos; como sua própria estrutura de custo, vantagem di- (d) Não tentar ser alguma coisa que não corres- ferencial competitiva e capacidades financeira e de ponda à realidade; é tentador porém ingênuo - e marketing. usualmente fatal - decidir sobre uma estratégia de A quarta etapa se baseia em um entendimento bá- posicionamento que explora uma necessidade ou sico do cliente, e de como o mercado é segmen- oportunidade do mercado, assumindo, porém, que tado, o que ajudará na seleção de uma estratégia de seu produto é alguma coisa que não é; após posi- posicionamento. Como o mercado está segmen- cionar um produto, é importante conduzir os testes tado? Que papel desempenha a classe de produto cegos de degustação ou testes internos ou externos no estilo de vida do cliente? O que o motiva real- para fazer comprovação de que o produto pode mente? Que hábitos e padrões de comportamento entregar aquilo que promete e que é compatível são relevantes? A questão segmentação é, obvia- com uma imagem proposta ((Aaker, 1989). mente, crítica. Uma das mais úteis abordagens de Quanto à questão prioritária quais diferenças pro- segmentação é a benéfica, a qual foca sobre os be- mover?, Kotler (1993) sugere que a empresa deve nefícios ou, mais geralmente, as associações de divulgar suas principais forças valorizadas pelo produtos que um segmento acredita ser importante. mercado-alvo. A empresa também deve reconhecer "Uma marca ideal” será uma combinação de todas que a diferenciação é um processo contínuo. Par- as associações de produtos preferidos pelos tindo da idéia de que uma empresa compare seu clientes. Os clientes são então agrupados dentro de posicionamento atual em relação a quatro atributos segmentos definidos pelas associações de produtos - tecnologia, custo, qualidade e serviço -, ela pode considerados importantes por eles (Aaker,1989). ter o seu próprio perfil em relação ao posiciona- As quatro etapas, ou exercícios descritos anterior- mento de seu principal concorrente. Com respaldo mente, direcionam-se prioritariamente à adoção da nos dados contidos na Tabela 1, ambas empresas decisão de posicionamento escolhida. A seleção da obtêm oito pontos no atributo tecnologia (em uma posição - quinta etapa - pode se basear em parâ- escala de 0 a 10), o que significa que ambas são metros decorrentes da experiência pessoal, mera- boas em tecnologia. A empresa não tem muito o mente, ou pode se enriquecer com fatores decor- que ganhar melhorando em tecnologia, especial- rentes de pesquisa de mercado. Mesmo que a pes- mente dado o custo envolvido. A concorrente tem CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98 48
  • 9. melhor desempenho em custo (8, em vez de 6), e para melhorar o serviço é baixa, talvez porque a isso pode prejudicar a empresa se o mercado tor- concorrente não acredita em serviço ou não dispõe nar-se mais sensível a preço. A empresa oferece de recursos para isso. A coluna 7 mostra as ações melhor qualidade do que sua concorrente (8, em apropriadas a serem tomadas com respeito a cada vez de 6). Finalmente, ambas as empresas oferecem atributo. A ação que faz algum sentido é a em- qualidade de serviço abaixo da média. presa melhorar seu serviço e divulgar a melhoria Kotler vai mais além em sua análise, quando afirma como um benefício secundário. O serviço é impor- que pode parecer que a empresa deve melhorar em tante para os clientes; a empresa pode estar dis- custo ou em serviço para aperfeiçoar seu apelo de posta a melhorar seu serviço e fazê-lo com rapidez mercado em relação à concorrência. Outras consi- e provavelmente a concorrente não vai alcançá-la. derações, todavia, tornam-se necessárias: a) Qual é Kotler (1993) adianta que a conclusão supracitada é a importância das melhorias nesses atributos consi- fruto de estudo realizado pela Monsanto, em um de derados pelos clientes-alvo?; b) A empresa tem seus mercados de produtos químicos. Em conse- condições de fazer as melhorias? Em quanto quência, ela contratou imediatamente pessoal de tempo? A coluna 5 mostra que a empresa tem dis- assistência técnica adicional e, assim que eles esta- ponibilidade e velocidade para melhorar o serviço. vam treinados, divulgou-se como “Líder em servi- A concorrente também está em condições de me- ços técnicos”. Kotler arremata que, assim, esse tipo lhorar o serviço se a empresa também o fizer? A de raciocínio pode ajudar a empresa na escolha ou coluna 6 mostra que a habilidade do concorrente no acréscimo de vantagens competitivas genuínas. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Vantagem Posição da Posição do Importância Disponi- Habilidade do Ação Recomen- Competitiva Empresa Concorrente para Me- bilidade e concorrente para dada (1-10) (1-10) lhoria da veloci- melhoria da Posição dade posição (A-M-B) (A-M-B) (A-M-B) Tecnologia 8 8 B B M Manutenção Custo 6 8 A M M Monitoramento Qualidade 8 6 B B A Monitoramento Serviço 4 3 A A B Investimento A = Alta M = Média B = Baixa Fonte: apud KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 3ª.ed. São Paulo: Atlas, 1993, p.368. Tabela 1 - Método Para Seleção de Vantagem Competitiva O monitoramento da posição - sexta etapa - embute usualmente uma das técnicas mais estruturadas de um objetivo de posicionamento, bem como algum escala multidimensional é aplicada (Aaker, 1989). objetivo de marketing , que poderá ser avaliado. Avaliar o posicionamento, e gerar informação diagnóstica a respeito das estratégias futuras de A Efetividade do Posicionamento posicionamento, exige um monitoramento da posição ao longo do tempo. Uma variedade de Como você sabe se tem uma boa estratégia de posi- técnicas pode ser empregada para fazer esta cionamento? - indaga Cravens (1994) quanto à medição. Hamburger Helper usou um “teste de avaliação da efetividade da estratégia de posiciona- personalidade”, por exemplo. De qualquer modo, mento. Na realidade, a questão importante é saber se a estratégia implementada acarreta os resultados CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98 49
  • 10. esperados referentes a: vendas; participação de CERTO, Samuel C., PETER, J. Paul. Administra- mercado; retorno financeiro; taxas de crescimento; ção estratégica. São Paulo: Makron Books, satisfação do cliente; e outros resultados da vanta- 1993. gem competitiva. A aferição da efetividade de uma CRAVENS, David W. Strategic Marketing . 4ª ed. estratégia de um programa de marketing usa um Illinois: Richard D. Irwin, Inc., 1994. critério específico tal como participação de mercado GOUVÊA, Maria Aparecida. Uma Contribuição e lucratividade, já que permite maior clareza na Para o Desenvolvimento de Estratégias de Posi- avaliação do que a da vantagem competitiva. Não se cionamento no Contexto de Marketing Bancário pode perder de vista que o desenvolvimento de uma (tese de doutoramento). São Paulo: FEA/USP, estratégia de um programa de marketing deve ter 1991, 152 p. por objetivo uma consideração essencial. A sua HOOLEY, Graham J. e SAUNDERS, John. Posi- concretização deve ser de forma que a concorrência cionamento competitivo. 1ª ed. São Paulo: tenha dificuldade de copiá-la. Makron Books, 1996. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e con- CONSIDERAÇÕES FINAIS trole. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1993. LYTLE, John F. What do you customers really O contexto globalizado dos mercados exige que os want? Chicago, USA: Probus Publishing, 1994. empresários pensem globalmente e atuem local- McKENNA, Regis. Marketing de relacionamento. mente. Desta maneira de ser, destaca-se o posicio- Rio de Janeiro: Campus, 1992. namento - estratégias, processo e efetividade - como PETERS, Tom. O segredo de polichinelo. Revista indispensável ferramenta para possibilitar a con- Exame, São Paulo, 28 de agosto de 1996, pp. quista de uma posição competitiva favorável em 72-74. contextos mercadológicos extremamente competiti- RANDAZZO, Sal. A criação de mitos na publi- vos e em processo de mutação constante. cidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. Aos estudiosos de estratégia e de marketing só resta RIES, Al e TROUT, Jack. Posicionamento. São a adoção de uma postura de constante vigília como Paulo, Pioneira, 1995. forma de se manterem capazes de oferecer propos- TOLEDO, Geraldo Luciano e HENZO, Angelo tas proativas e capazes de ensejarem contribuições Miguel. O processo de posicionamento e o para o enfrentamento dos desafios que a Nova Era marketing estratégico. Anais do 15º Encontro impõe ao mundo dos negócios. Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Pertinente se torna destacar que o estudo e a aplica- Administração, 1991, v.4. ção do posicionamento não se restringe apenas aos TROUT, Jack e RIVKIN, Steve. O Novo Posicio- diversos componentes do sistema produtivo, mas namento. São Paulo, Makron Books, 1996. também nas atividades eminentemente individuais. WILENSKY, Alberto. Política de negócios. Bue- Afinal, todas as pessoas precisam se posicionar no nos Aires: Macchi, 1997. mercado, no convívio social e no convívio íntimo, como forma de adquirir um adequado espaço na mente das pessoas, no processo influencial inerente à condição humana. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAKER, David A. Positioning your product. Readings in Marketing Strategy. USA: The Scientific Press, second edition, 1989, pp.193- 198. CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO, SÃO PAULO, V.1, Nº 7, 2º TRIM./98 50