1. GRAZIA.TANTA@GMAIL.COM 3/7/2013 1
Aspectos sobre os tempos conturbados que vivemos
A situação evolui rapidamente. Vamos referir opiniões publicamente expendidas em
três momentos distintos
A meio da manhã de dia 3 de julho
• O sistema está podre e a economia não funciona, como vimos afirmando nos
últimos oito anos;
• A direita, como a esquerda do sistema, estão ligadas à máquina do Estado, com
gente absolutamente incapaz politicamente quando não culturalmente indigente;
• Nem a direita satisfaz os empresários, nem a esquerda mobiliza a imensa
população de trabalhadores, desempregados e pensionistas;
• Está aberta a porta dos populismos e das imposições do capital financeiro;
• Estamos – 10 M - a ser pasto para aquele capital financeiro e dos seus funcionários
políticos;
• A população não está enquadrada politicamente para promover uma alternativa a
curto prazo; não há sequer um movimento social plural, livre de tutelas partidárias,
nem uma rede de coletivos diversificados capaz de gerar esse movimento.
Tudo se encaminha para alterações cosméticas a nível político
• Eleições para que tudo fique na mesma?
• Governo tecnocrático como poderá querer a troika, os bancos e o
empresariato?
• Governo tripartido dentro da AR atual?
Entretanto, no horizonte, núvens negras surgem
• As taxas de juro aumentam e agravam a situação, prefigurando novos cortes,
nova escalada de despedimentos e empobrecimento, como aliás já subjacentes
em entrevista recente do FMI em Espanha;
• Até 2021 há reembolsos de dívida anuais médios de € 14000M a que se devem
somar € 10000M de juros, o que corresponde a uma punção média, a cada um
de nós, de € 2400 por ano durante 8 anos;
• É evidente que vai haver um segundo resgate – o mais tardar daqui a um ano -
o que conduzirá os portugueses para níveis de vida típicos de um país
subdesenvolvido, no espaço de uma geração. As promessas de bem-
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aventurança eterna, após o fecho de séculos de exploração colonial, que
inicialmente eram apenas marketing, revelam-se hoje, uma tragédia social;
• Está no horizonte uma eventual expulsão do euro. Internamente, isso
significaria mais inflação, mais pressão para a redução de salários e direitos,
mais repressão. Ingredientes iguais que estão já no terreno hoje. Estar ou sair
do euro não altera substancialmente a espiral de empobrecimento porque não
modifica a estrutura económica e política, de uma deriva neoliberal para uma
economia baseda na satisfação das necessidades das pessoas;
• A balança de capitais portuguesa tem um saldo favorável do ponto de vista
financeiro; isto é, entra mais dinheiro do que aquele que entra. Porém, isso
encobre realidades distintas, isso acontece porque há um saldo de capitais
favorável para as instituições públicas (entrada de fundos comunitários e
empréstimos) e desfavorável do sector privado (deslocalizações e desvios para
offshores). A balança de capitais – parte privada – apresenta um saldo negativo
de uns 5000 M por mês… 60000 M por ano, equivalente a pouco menos de um
terço da dívida pública. Corresponde a um enorme fluxo que revela que o
patriotismo dos ricos e dos capitalistas está na carteira.
Ao final da tarde de dia 2 de julho
Aspectos sobre tempos conturbados
A - Hipóteses para os próximos tempos
• O Portas vai assumir o derrube do governo pondo o CDS a votar contra a moção
de confiança?
• Passos já era e, em Berlim, se calhar é a Merkel que o vai demitir;
• E se o governo cair, o Cavaco vai para eleições, coisa que detesta, como
reacionário e economicista?
• Cavaco tem condições para criar um governo de tecnocratas submissos à troika
como aconteceu na Itália com o Monti (após o afastamento do Berlusconi) ou na
Grécia com o Papademos (depois da saída do Papandreu)?
• E já agora, Cavaco que tem sido o tutor deste governo, solidariza-se e desaparece
dentro do lixo da História portuguesa?
• O carnaval terá mais de três dias, este ano?
B – Ideias que o PS não será capaz de defender
Já que o Seguro quer ser dono do pote, para ter essa oportunidade, será conveniente
que esclareça estas, entre muuuuitas outras medidas:
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1. Vai dizer à troika que quer uma moratória para a dívida justificando por caso de
força maior, para evitar ao povo mais sofrimentos?
2. É capaz de mobilizar a população para a elaboração de auditorias
independentes para a deteção de dívida cujo valor tenha sido aplicado em
gastos de que não tenham tido como resultado acréscimos de bem estar para o
povo (dívida ilegítima a não pagar)?
3. Vai deixar-se de parvoices sobre os 3000M que o Estado deve às empresas
quando estas devem mais de 15000 M de impostos e contribuições para a Seg
Social?
4. Vai devolver os subsídios subtraídos a trabalhadores e pensionistas?
5. Vai rasgar os planos fascizantes de despedir funcionários públicos em geral e
professores em particular?
6. Vai revigorar o SNS dotando-o de quadros com paga condigna e acabar com a
engorda de hospitais e clínicas privadas ?
7. Vai cancelar toda a lógica de descapitalização da Seg Social a favor das
seguradoras?
8. Vai considerar a escola como necessidade social e torná-la como área
vocacionalmente pública?
9. Vai restituir a dignidade e os direitos a todos os desempregados e anular as
medidas persecutórias encabeçadas, nomeadamente, pelo seresma Mota
Soares?
10. Vai expropriar a Galilei para ressarcir o Estado das perdas do BPN e apresentar
resultados sobre os responsáveis dos crimes cometidos naquele âmbito?
11. Vai cancelar o Plano das Barragens, megalómano, com pouco impacto na
produção energética mas, muito nas contas das grandes construtoras de obra
pública, ligadas ao regime cleptocrático?
12. É capaz de cumprir as obrigações do Estado no âmbito da assistência social,
sem as deturpar sobre formas de caridade, para subsidiar a Igreja Católica?
13. É capaz de transformar a função pública em algo digno e transparente,
separado do governo, sem que o governo nomeie para lá os seus boys ou
possa exonerar quem quer que seja?
C – Sobre a esquerda do sistema (PC/BE)
Quanto à esquerda do sistema, terá uma oportunidade de mostrar que serve para
alguma coisa, para trabalhadores, desempregados e reformados, se:
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1. Viabilizar uma coligação de toda a gente que se não revê nas direções do
partido-estado (PS/PSD) ou mais à direita, sem pretensões hegemónicas de
aparelho, nem espírito messiânico de vanguarda;
2. Abandonar essa ideia falsificadora da “política patriótica de esquerda” que,
aliás tem mais de 50 anos. Patriótico quer dizer, unidade de todos os
portugueses (trabalhadores, capitalistas, eu, tu, o Mexia, o Ricardo Salgado,
o Passos… ) ideia que é uma aldrabice e uma impossibilidade sociológica;
3. Abandonar a ideia peregrina, com quase de 40 anos, de esperar um sinal de
cooperação estratégica por parte do PS, ao qual recusam o epíteto de
partido de direita.
Este e outros documentos em:
http://grazia-tanta.blogspot.com/
http://pt.scribd.com/people/documents/2821310?page=1
http://www.slideshare.net/durgarrai/documents