SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 4
Descargar para leer sin conexión
O apelo dos movimentos gregos e a situação política
na Europa
                                                        Rui Viana Pereira e Vítor Lima

Vários movimentos gregos lançaram há dias uma proposta para que se reponha na
ordem do dia a luta militante antifascista e antinazi.

Este apelo deve ser lido à luz da situação particular vivida na Grécia, onde o partido
neonazi Aurora Dourada cresceu de forma assustadora – é o terceiro partido de âmbito
nacional com representação parlamentar e no momento em que escrevemos estas linhas
(setembro-2012) as sondagens colocam-no já em segundo lugar (30%). O Aurora
Dourada não se limita a fazer propaganda dos seus ideais – em plena luz do dia executa
imigrantes, ciganos, minorias (turcos da Trácia), homossexuais e militantes de esquerda.

O posicionamento geográfico periférico e a longa ausência de guerra no território
nacional torna os portugueses, incluindo boa parte da esquerda militante, relativamente
alheios ao que se passa além de Badajoz e a terem subjacente um nacionalismo serôdio.
Mesmo uma unidade de acção ibérica tem sido difícil de implantar. Ora esse pendor
nacionalista promove a percepção errónea de que há uma saída localizada para a crise,
através de memorandos nacionais gizados pelo capital financeiro global, e dificulta o
entendimento do que é o fascismo, visto de forma simplista e caricatural numa visão do
passado. Convém por isso fazer algumas chamadas de atenção.

Em primeiro lugar destacamos a questão da solidariedade internacional e a experiência
histórica – iremos virar costas ao apelo de camaradas em luta contra tropas de choque
nazis bem armadas, à semelhança do desprezo votado no passado aos resistentes
espanhóis por uma parte da Europa? Devia ser claro que o crescimento de um
movimento de extrema direita num país europeu tende a prenunciar uma vaga de
extrema direita em toda a Europa. Neste momento já temos pelo menos dois exemplos
extremos à vista: a Grécia e a Hungria.

Tarda em ser entendido que a deriva fascista comporta uma lógica genocida
(provavelmente sem Auschwitz) que tende a promover uma condenação em massa de
categorias sociais, como os desempregados, os pobres, os reformados; uns vocacionados
para uma morte antecipada, outros para a emigração, outros ainda para formas de
trabalho degradantes. A esquerda europeia ainda não incorporou que, com a
financiarização, a criação de valor é supérflua e o trabalho desvalorizado, tornando-se
os potenciais trabalhadores um estorvo, um simples custo social.

Estamos cientes de que o regime de democracia burguesa nunca foi verdadeiramente
democrático; sempre serviu para defender os interesses do capital; sempre foi
repressivo; nunca foi equitativo – donde, segundo muitos teóricos, tudo estaria a
decorrer na normalidade. No entanto não é possível arrumar a questão desta maneira
simplista. É preciso verificar se o comportamento «normal» do regime de poder
ultrapassou uma determinada fronteira, configurando uma mudança qualitativa do
regime. Trocando por miúdos:
   •   As empresas e os locais de trabalho nunca foram espaços de democracia mas
       sim de hierarquias rígidas e de autoritarismo. Porém, a contratualização
individualizada, precária, sem horários e com direitos restritos vem-se tornando
    regra consagrada por lei. Esta entrega ao foro privado da negociação e
    arbitragem entre partes desiguais, com demissão do papel do Estado e deixando
    os mais fracos desprotegidos, constitui uma clara regressão a formas de regime
    totalitárias ou medievais, com extinção de algumas das funções do estado de
    direito.
•   Já sabíamos que a justiça não é igual para todos, que nenhum trabalhador tem
    meios e recursos para se defender capazmente em tribunal. O que não era
    corrente vermos (à parte excepções pontuais) era a aplicação sistemática de dois
    pesos e duas medidas e até a profusa publicação e aplicação de leis
    contraditórias entre si. Não era corrente vermos todas as semanas as autoridades
    centrais e autárquicas actuarem à revelia da lei, sob protecção dos tribunais e das
    instâncias de fiscalização do regime.
•   Que o exército, os tribunais e as «forças da ordem» servem essencialmente para
    reprimir os trabalhadores e a contestação, já nós sabíamos. O que é novidade é a
    perseguição sistemática dos militantes de esquerda, dos subscritores das
    manifestações, dos imigrantes e militantes nos bairros de lata. Estas acções têm
    vindo a crescer nos últimos anos e atingiram no último ano um grau iniludível:
    citação em tribunal de centenas de militantes; execução sumária em bairros de
    lata da periferia metropolitana, feita pelas «forças da ordem», com exibição de
    material bélico pesado e leve, criando cenários semelhantes aos de uma zona de
    guerra; etc.
•   As instâncias do poder político e do poder cultural sempre procuraram manter o
    controle da população através da vigilância mútua e da pressão social. As
    minorias culturais, religiosas, étnicas, artísticas e de género são tradicionalmente
    contidas e reprimidas por esse sistema repressivo, tão barato e eficaz. Os
    regimes autoritários, porém, vão mais além: instituem a obrigação de cada
    cidadão ser o bufo do seu vizinho. Embora o convite à denúncia mútua nas
    sociedades democráticas europeias tenha sido iniciado aparentemente por boas
    causas (contra os abusos sexuais, a violência doméstica, etc.), está claramente a
    extravasar para muitos outros aspectos do quotidiano.
•   A autocensura e censura social são um dos mecanismos universais de
    manutenção do poder. Esta situação «normal» ultrapassa uma certa fronteira de
    regime quando a censura é institucionalmente instalada. No actual sistema a
    censura foi entregue à iniciativa privada – a substância é a mesma, apenas a
    forma é diferente: certos aspectos do estado de direito foram anulados em favor
    do exercício directo e privado do poder pelas empresas. A breve prazo
    assistiremos igualmente à privatização na administração da justiça, das polícias,
    etc. (leiam o Memorando da Troika).
•   Todos os regimes autoritários ambicionam o panóptico – o escrutínio de todos
    os actos, de todas as pessoas, a todo o instante. Muito antes da invenção da
    câmara de vídeo foram construídas prisões onde esses princípios foram
    aplicados. Hoje vivemos num sistema panóptico total, tecnicamente capaz de
    constituir bases de dados imensas sobre a vida de cada um de nós, de nos vigiar
    24 horas por dia através de meios visuais e electrónicos. George Orwell deu-nos
    o retrato duma sociedade totalitária, policial e panóptica no seu auge. É nessa
    sociedade panóptica que vivemos actualmente.
•   O facto de não haver brigadas de nazis encarregues de exterminar os idosos, os
       incapacitados, os indigentes, os homossexuais, as minorias e o pensamento livre
       não significa que esse massacre não esteja a acontecer. Perguntem, por exemplo,
       aos doentes em tratamento de hemodiálise, de norte a sul do país e em especial
       nas aldeias, aos quais foram retirados os meios de acesso aos centros de
       tratamento. Ah, é verdade, não podem perguntar, porque essa realidade não
       implica tiros, bombas ou câmaras de gás, e desaparece rapidamente da vista por
       si mesma (prazo de vida: 3 dias). Também não podem perguntar aos milhares de
       imigrantes sem documentação legal o que aconteceu aos seus filhos, para onde
       foram levados e porquê, porque esses imigrantes ou não existem oficialmente,
       ou não ousam manifestar-se, mesmo quando os filhos lhes são roubados. Muitos
       outros exemplos de extermínio poderiam ser dados.

Em Portugal a perseguição e execução de militantes e camadas da população
marginalizadas já começou. Alguns dos corpos policiais transformaram-se em brigadas
de acção nazi. Aqui não há necessidade de brigadas neonazis gregas – o próprio
aparelho de Estado se encarrega dos procedimentos neonazis.

Todos os povos da Europa se encontram sujeitos à mesma deriva autoritária. Podemos
ainda não estar na posse de uma palavra que exprima sinteticamente esta realidade em
curso – mas isso não anula a realidade.

Por tudo isto, o essencial do apelo grego à militância antifascista faz sentido, embora
em termos europeus tenha de ser reformulado para se tornar mais abrangente face às
circunstâncias particulares de cada país.

Os movimentos políticos que não queiram reconhecer esta realidade assumirão a mesma
responsabilidade histórica que lhes coube nos casos da Alemanha e da Espanha, na
primeira metade do século XX – já para não falar da Itália, de Portugal, de vários países
da América Latina e do Oriente, e da Europa de Leste.

Os regimes autoritários são como a gripe: depois de a apanharmos, ficamos vacinados,
acabou-se o problema; mas o problema regressa quando o vírus evolui para uma forma
modificada, totalmente nova – o resultado é sempre o mesmo: gripe. Os regimes
autoritários e antidemocráticos partilham este efeito surpresa – só damos por eles
quando já estamos infectados, a não ser que observemos atentamente os sintomas à
nossa volta e tomemos as precauções devidas.

Não devia ser difícil diagnosticar os sintomas do vírus do autoritarismo. Incluem
sempre a instituição de novas formas de exploração do trabalho a níveis próximos da
escravatura, do trabalho forçado ou da servidão; novas formas de desapropriação
massiva; novas formas extremas de desigualdade institucionalmente implementadas;
criação de cidadãos de 1ª e de 2ª categoria; silenciamento total da oposição (por meios
suaves ou por meios sangrentos, mas em todo o caso eficazes); destruição, numa dada
fase do processo, dos meios de produção e das forças produtivas (incluindo o
extermínio, por meios directos ou indirectos, de uma parte da força de trabalho), de
forma a gerar no momento seguinte uma maior taxa de lucro do capital – a solução
clássica, «perfeita», costumava ser a guerra, mas isso não significa que não haja outras.
Será o médico de serviço capaz de reconhecer os sintomas ou tornar-se-á co-responsável
pela morte do paciente?
Poderá haver quem argumente que tocar a rebate pela luta contra o novo tipo de
fascismo que se desenha no horizonte é um passo atrás – que nos faz perder de vista a
questão essencial, que é a da contradição entre o capital e o trabalho, o salto para uma
sociedade nova e mais justa. Foi por causa dessa ligeireza política que Allende morreu
num Chile que muitos consideravam definitivamente democrático. E foi então que o
Chile se tornou o primeiro laboratório do neoliberalismo.


15 setembro 2012

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Homenagem à Catalunha
Homenagem à CatalunhaHomenagem à Catalunha
Homenagem à CatalunhaGRAZIA TANTA
 
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415Laboratório de História
 
Sociologia aula16 os novos_movimentos_sociais
Sociologia aula16 os novos_movimentos_sociaisSociologia aula16 os novos_movimentos_sociais
Sociologia aula16 os novos_movimentos_sociaisEdenilson Morais
 
Dia Internacional da Mulher
Dia Internacional da MulherDia Internacional da Mulher
Dia Internacional da Mulherunivsenior
 
O último Plebiscito
O último PlebiscitoO último Plebiscito
O último Plebiscitojveloso1
 
Sobre a democracia - a democracia e a sua usurpação 1a parte-
Sobre a democracia - a democracia e a sua usurpação  1a parte-Sobre a democracia - a democracia e a sua usurpação  1a parte-
Sobre a democracia - a democracia e a sua usurpação 1a parte-GRAZIA TANTA
 
Florestan fernandes nova republica
Florestan fernandes   nova republicaFlorestan fernandes   nova republica
Florestan fernandes nova republicaDaylson Lima
 
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.6079winstonsmith
 
O Porto Nas Lutas Pela Liberdade
O Porto Nas Lutas Pela LiberdadeO Porto Nas Lutas Pela Liberdade
O Porto Nas Lutas Pela LiberdadeLuisa Lamas
 
Inconfidência nº 228‏
Inconfidência nº 228‏Inconfidência nº 228‏
Inconfidência nº 228‏Lucio Borges
 
As mulheres na República
As mulheres na República As mulheres na República
As mulheres na República eb23ja
 
O PERIGO DE UMA ÚNICA HISTÓRIA
O PERIGO DE UMA ÚNICA HISTÓRIAO PERIGO DE UMA ÚNICA HISTÓRIA
O PERIGO DE UMA ÚNICA HISTÓRIAMAURILIO LUIELE
 
Preconceito contra a Mulher
Preconceito contra a MulherPreconceito contra a Mulher
Preconceito contra a Mulhercarolpixel
 
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Declaração Universal dos Direitos HumanosDeclaração Universal dos Direitos Humanos
Declaração Universal dos Direitos HumanosProfessor Belinaso
 
A crise brasileira
A crise brasileiraA crise brasileira
A crise brasileirapaulorbt
 
A pulsão genocida da burguesia portuguesa. a actuação da máfia socratóide
A pulsão genocida da burguesia portuguesa. a actuação da máfia socratóideA pulsão genocida da burguesia portuguesa. a actuação da máfia socratóide
A pulsão genocida da burguesia portuguesa. a actuação da máfia socratóideGRAZIA TANTA
 

La actualidad más candente (20)

Homenagem à Catalunha
Homenagem à CatalunhaHomenagem à Catalunha
Homenagem à Catalunha
 
OpenSocial CCT
OpenSocial CCTOpenSocial CCT
OpenSocial CCT
 
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415
Caderno Diário Portugal e o Estado Novo n.º 20 1415
 
Sociologia aula16 os novos_movimentos_sociais
Sociologia aula16 os novos_movimentos_sociaisSociologia aula16 os novos_movimentos_sociais
Sociologia aula16 os novos_movimentos_sociais
 
Dia Internacional da Mulher
Dia Internacional da MulherDia Internacional da Mulher
Dia Internacional da Mulher
 
O último Plebiscito
O último PlebiscitoO último Plebiscito
O último Plebiscito
 
Sobre a democracia - a democracia e a sua usurpação 1a parte-
Sobre a democracia - a democracia e a sua usurpação  1a parte-Sobre a democracia - a democracia e a sua usurpação  1a parte-
Sobre a democracia - a democracia e a sua usurpação 1a parte-
 
Florestan fernandes nova republica
Florestan fernandes   nova republicaFlorestan fernandes   nova republica
Florestan fernandes nova republica
 
Cidadania e direitos humanos 2021
Cidadania e direitos humanos 2021Cidadania e direitos humanos 2021
Cidadania e direitos humanos 2021
 
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.
Simulado ENEM(2013) da Objetivo com resolução comentada.
 
Era vargas
Era vargasEra vargas
Era vargas
 
O Porto Nas Lutas Pela Liberdade
O Porto Nas Lutas Pela LiberdadeO Porto Nas Lutas Pela Liberdade
O Porto Nas Lutas Pela Liberdade
 
Inconfidência nº 228‏
Inconfidência nº 228‏Inconfidência nº 228‏
Inconfidência nº 228‏
 
As mulheres na República
As mulheres na República As mulheres na República
As mulheres na República
 
O PERIGO DE UMA ÚNICA HISTÓRIA
O PERIGO DE UMA ÚNICA HISTÓRIAO PERIGO DE UMA ÚNICA HISTÓRIA
O PERIGO DE UMA ÚNICA HISTÓRIA
 
Gota d'Agua
Gota d'AguaGota d'Agua
Gota d'Agua
 
Preconceito contra a Mulher
Preconceito contra a MulherPreconceito contra a Mulher
Preconceito contra a Mulher
 
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Declaração Universal dos Direitos HumanosDeclaração Universal dos Direitos Humanos
Declaração Universal dos Direitos Humanos
 
A crise brasileira
A crise brasileiraA crise brasileira
A crise brasileira
 
A pulsão genocida da burguesia portuguesa. a actuação da máfia socratóide
A pulsão genocida da burguesia portuguesa. a actuação da máfia socratóideA pulsão genocida da burguesia portuguesa. a actuação da máfia socratóide
A pulsão genocida da burguesia portuguesa. a actuação da máfia socratóide
 

Destacado

Martins Thoughts And Insights On Simplicity Complexity And Control
Martins Thoughts And Insights On Simplicity   Complexity And ControlMartins Thoughts And Insights On Simplicity   Complexity And Control
Martins Thoughts And Insights On Simplicity Complexity And ControlMartin van Vuure
 
Inform Cz, Spojujeme Firmy
Inform Cz, Spojujeme FirmyInform Cz, Spojujeme Firmy
Inform Cz, Spojujeme FirmyInformCZ
 
Carta para josefa
Carta para josefaCarta para josefa
Carta para josefaDenizecomZ
 
Calendario Por Sedes
Calendario Por SedesCalendario Por Sedes
Calendario Por SedesJordi Masnou
 
Estrategias de seguimiento
Estrategias de seguimientoEstrategias de seguimiento
Estrategias de seguimientominedu
 
C:\Fakepath\ApresentaçãO1
C:\Fakepath\ApresentaçãO1C:\Fakepath\ApresentaçãO1
C:\Fakepath\ApresentaçãO1wendliz
 
nature of language
nature of languagenature of language
nature of languagenattaya
 
Louise Cypher's Suitcase
Louise Cypher's SuitcaseLouise Cypher's Suitcase
Louise Cypher's Suitcasedirkanschutz
 
Presentacio Hasnae
Presentacio HasnaePresentacio Hasnae
Presentacio HasnaeURIELJAN
 
Apresentação
ApresentaçãoApresentação
Apresentaçãotonboy
 
Actividad geogebra
Actividad  geogebraActividad  geogebra
Actividad geogebrajerson Co
 
Mba0402wy Bib
Mba0402wy BibMba0402wy Bib
Mba0402wy BibYang Sola
 
Quando a dívida aumenta a democracia encolhe 1-
Quando a dívida aumenta a democracia encolhe  1-Quando a dívida aumenta a democracia encolhe  1-
Quando a dívida aumenta a democracia encolhe 1-GRAZIA TANTA
 
Trabajo En Equipo Sebas Parras
Trabajo En Equipo Sebas ParrasTrabajo En Equipo Sebas Parras
Trabajo En Equipo Sebas Parrasguestcaa425
 

Destacado (20)

Martins Thoughts And Insights On Simplicity Complexity And Control
Martins Thoughts And Insights On Simplicity   Complexity And ControlMartins Thoughts And Insights On Simplicity   Complexity And Control
Martins Thoughts And Insights On Simplicity Complexity And Control
 
Conte La Margarida
Conte La MargaridaConte La Margarida
Conte La Margarida
 
Ricardo rojas
Ricardo rojasRicardo rojas
Ricardo rojas
 
Inform Cz, Spojujeme Firmy
Inform Cz, Spojujeme FirmyInform Cz, Spojujeme Firmy
Inform Cz, Spojujeme Firmy
 
Carta para josefa
Carta para josefaCarta para josefa
Carta para josefa
 
Calendario Por Sedes
Calendario Por SedesCalendario Por Sedes
Calendario Por Sedes
 
Estrategias de seguimiento
Estrategias de seguimientoEstrategias de seguimiento
Estrategias de seguimiento
 
C:\Fakepath\ApresentaçãO1
C:\Fakepath\ApresentaçãO1C:\Fakepath\ApresentaçãO1
C:\Fakepath\ApresentaçãO1
 
nature of language
nature of languagenature of language
nature of language
 
Learn Swedish
Learn SwedishLearn Swedish
Learn Swedish
 
Louise Cypher's Suitcase
Louise Cypher's SuitcaseLouise Cypher's Suitcase
Louise Cypher's Suitcase
 
Presentacio Hasnae
Presentacio HasnaePresentacio Hasnae
Presentacio Hasnae
 
Apresentação
ApresentaçãoApresentação
Apresentação
 
Algebra Arrayan
Algebra ArrayanAlgebra Arrayan
Algebra Arrayan
 
MáGia
MáGiaMáGia
MáGia
 
Actividad geogebra
Actividad  geogebraActividad  geogebra
Actividad geogebra
 
Mba0402wy Bib
Mba0402wy BibMba0402wy Bib
Mba0402wy Bib
 
Hilary Duff
Hilary DuffHilary Duff
Hilary Duff
 
Quando a dívida aumenta a democracia encolhe 1-
Quando a dívida aumenta a democracia encolhe  1-Quando a dívida aumenta a democracia encolhe  1-
Quando a dívida aumenta a democracia encolhe 1-
 
Trabajo En Equipo Sebas Parras
Trabajo En Equipo Sebas ParrasTrabajo En Equipo Sebas Parras
Trabajo En Equipo Sebas Parras
 

Similar a O apelo dos movimentos gregos e a situação política na europa

Apontamentos sobre a espanha rebelde toni negri
Apontamentos sobre a espanha rebelde   toni negriApontamentos sobre a espanha rebelde   toni negri
Apontamentos sobre a espanha rebelde toni negriGRAZIA TANTA
 
Comentário ao nazismo
Comentário ao nazismoComentário ao nazismo
Comentário ao nazismoluiscontente
 
A revolta da vacina nicolau sevcenko- LIVRO PDF
A revolta da vacina  nicolau sevcenko- LIVRO PDFA revolta da vacina  nicolau sevcenko- LIVRO PDF
A revolta da vacina nicolau sevcenko- LIVRO PDFELIAS OMEGA
 
Material de divulgação do volume 2 da Enciclopédia do Golpe: A Mídia e o Golpe
Material de divulgação do volume 2 da Enciclopédia do Golpe: A Mídia e o GolpeMaterial de divulgação do volume 2 da Enciclopédia do Golpe: A Mídia e o Golpe
Material de divulgação do volume 2 da Enciclopédia do Golpe: A Mídia e o GolpeMiguel Rosario
 
Quem te enfia as luvas? Blockupy 2013 – Apontamentos sobre as jornadas de pro...
Quem te enfia as luvas? Blockupy 2013 – Apontamentos sobre as jornadas de pro...Quem te enfia as luvas? Blockupy 2013 – Apontamentos sobre as jornadas de pro...
Quem te enfia as luvas? Blockupy 2013 – Apontamentos sobre as jornadas de pro...GRAZIA TANTA
 
Folhas Soltas do GAP nº 5
Folhas Soltas do GAP nº 5Folhas Soltas do GAP nº 5
Folhas Soltas do GAP nº 5GAP
 
Dtrabalhosdosalunos2008 09nazismo-hitler-090421194702-phpapp01
Dtrabalhosdosalunos2008 09nazismo-hitler-090421194702-phpapp01Dtrabalhosdosalunos2008 09nazismo-hitler-090421194702-phpapp01
Dtrabalhosdosalunos2008 09nazismo-hitler-090421194702-phpapp01Gerson Fuyuki
 
TEXTOS DE CIRCUNSTÂNCIA - 6
TEXTOS DE CIRCUNSTÂNCIA - 6TEXTOS DE CIRCUNSTÂNCIA - 6
TEXTOS DE CIRCUNSTÂNCIA - 6GRAZIA TANTA
 
Um olhar sobre Abril (André Santos, 12º A)
Um olhar sobre Abril (André Santos, 12º A)Um olhar sobre Abril (André Santos, 12º A)
Um olhar sobre Abril (André Santos, 12º A)João Camacho
 
Mario Soares fala sobre "O Retorno do Fascismo" de Rob Riemen
Mario Soares fala sobre "O Retorno do Fascismo" de Rob RiemenMario Soares fala sobre "O Retorno do Fascismo" de Rob Riemen
Mario Soares fala sobre "O Retorno do Fascismo" de Rob RiemenGiba Canto
 
A uma democracia de controlo poderá suceder uma democracia de liberdade
A uma democracia de controlo poderá suceder uma democracia de liberdadeA uma democracia de controlo poderá suceder uma democracia de liberdade
A uma democracia de controlo poderá suceder uma democracia de liberdadeGRAZIA TANTA
 
A serpente já furou a casca
A serpente já furou a cascaA serpente já furou a casca
A serpente já furou a cascaje1981
 
Revolução francesa.pptx
Revolução francesa.pptxRevolução francesa.pptx
Revolução francesa.pptxElpidioFloriano
 
A Grécia, o Syriza e a esquerda menor portuguesa
A Grécia, o Syriza e a esquerda menor portuguesaA Grécia, o Syriza e a esquerda menor portuguesa
A Grécia, o Syriza e a esquerda menor portuguesaGRAZIA TANTA
 

Similar a O apelo dos movimentos gregos e a situação política na europa (20)

Apontamentos sobre a espanha rebelde toni negri
Apontamentos sobre a espanha rebelde   toni negriApontamentos sobre a espanha rebelde   toni negri
Apontamentos sobre a espanha rebelde toni negri
 
Comentário ao nazismo
Comentário ao nazismoComentário ao nazismo
Comentário ao nazismo
 
A revolta da vacina nicolau sevcenko- LIVRO PDF
A revolta da vacina  nicolau sevcenko- LIVRO PDFA revolta da vacina  nicolau sevcenko- LIVRO PDF
A revolta da vacina nicolau sevcenko- LIVRO PDF
 
Material de divulgação do volume 2 da Enciclopédia do Golpe: A Mídia e o Golpe
Material de divulgação do volume 2 da Enciclopédia do Golpe: A Mídia e o GolpeMaterial de divulgação do volume 2 da Enciclopédia do Golpe: A Mídia e o Golpe
Material de divulgação do volume 2 da Enciclopédia do Golpe: A Mídia e o Golpe
 
José Saramago
José SaramagoJosé Saramago
José Saramago
 
Quem te enfia as luvas? Blockupy 2013 – Apontamentos sobre as jornadas de pro...
Quem te enfia as luvas? Blockupy 2013 – Apontamentos sobre as jornadas de pro...Quem te enfia as luvas? Blockupy 2013 – Apontamentos sobre as jornadas de pro...
Quem te enfia as luvas? Blockupy 2013 – Apontamentos sobre as jornadas de pro...
 
Folhas Soltas do GAP nº 5
Folhas Soltas do GAP nº 5Folhas Soltas do GAP nº 5
Folhas Soltas do GAP nº 5
 
Dtrabalhosdosalunos2008 09nazismo-hitler-090421194702-phpapp01
Dtrabalhosdosalunos2008 09nazismo-hitler-090421194702-phpapp01Dtrabalhosdosalunos2008 09nazismo-hitler-090421194702-phpapp01
Dtrabalhosdosalunos2008 09nazismo-hitler-090421194702-phpapp01
 
9ª aula 20-04-2010
9ª aula   20-04-20109ª aula   20-04-2010
9ª aula 20-04-2010
 
esquerda_direita Cadernos (1)
esquerda_direita Cadernos (1)esquerda_direita Cadernos (1)
esquerda_direita Cadernos (1)
 
TEXTOS DE CIRCUNSTÂNCIA - 6
TEXTOS DE CIRCUNSTÂNCIA - 6TEXTOS DE CIRCUNSTÂNCIA - 6
TEXTOS DE CIRCUNSTÂNCIA - 6
 
Um olhar sobre Abril (André Santos, 12º A)
Um olhar sobre Abril (André Santos, 12º A)Um olhar sobre Abril (André Santos, 12º A)
Um olhar sobre Abril (André Santos, 12º A)
 
capitulos-19-20.pptx
capitulos-19-20.pptxcapitulos-19-20.pptx
capitulos-19-20.pptx
 
Mario Soares fala sobre "O Retorno do Fascismo" de Rob Riemen
Mario Soares fala sobre "O Retorno do Fascismo" de Rob RiemenMario Soares fala sobre "O Retorno do Fascismo" de Rob Riemen
Mario Soares fala sobre "O Retorno do Fascismo" de Rob Riemen
 
A uma democracia de controlo poderá suceder uma democracia de liberdade
A uma democracia de controlo poderá suceder uma democracia de liberdadeA uma democracia de controlo poderá suceder uma democracia de liberdade
A uma democracia de controlo poderá suceder uma democracia de liberdade
 
A serpente já furou a casca
A serpente já furou a cascaA serpente já furou a casca
A serpente já furou a casca
 
Revolução francesa.pptx
Revolução francesa.pptxRevolução francesa.pptx
Revolução francesa.pptx
 
A Grécia, o Syriza e a esquerda menor portuguesa
A Grécia, o Syriza e a esquerda menor portuguesaA Grécia, o Syriza e a esquerda menor portuguesa
A Grécia, o Syriza e a esquerda menor portuguesa
 
Capítulo 14 - A Política no Brasil
Capítulo 14 - A Política no BrasilCapítulo 14 - A Política no Brasil
Capítulo 14 - A Política no Brasil
 
O lodo
O lodo O lodo
O lodo
 

Más de GRAZIA TANTA

Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdf
Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdfUcrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdf
Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdfGRAZIA TANTA
 
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.doc
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.docAs desigualdades entre mais pobres e menos pobres.doc
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.docGRAZIA TANTA
 
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdf
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdfBalofas palavras em dia de fuga para as praias.pdf
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdfGRAZIA TANTA
 
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdf
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdfAs balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdf
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdfGRAZIA TANTA
 
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdf
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdfUnião Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdf
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdfGRAZIA TANTA
 
As desigualdades provenientes da demografia na Europa
As desigualdades provenientes da demografia na EuropaAs desigualdades provenientes da demografia na Europa
As desigualdades provenientes da demografia na EuropaGRAZIA TANTA
 
A BideNato flight over
A BideNato flight overA BideNato flight over
A BideNato flight overGRAZIA TANTA
 
Um sobrevoo do BideNato.pdf
Um sobrevoo do BideNato.pdfUm sobrevoo do BideNato.pdf
Um sobrevoo do BideNato.pdfGRAZIA TANTA
 
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdf
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdfNATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdf
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdfGRAZIA TANTA
 
USA – A huge danger to Humanity.pdf
USA – A huge danger to Humanity.pdfUSA – A huge danger to Humanity.pdf
USA – A huge danger to Humanity.pdfGRAZIA TANTA
 
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdf
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdfEUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdf
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdfGRAZIA TANTA
 
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdf
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdfA NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdf
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdfGRAZIA TANTA
 
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UE
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UENato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UE
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UEGRAZIA TANTA
 
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxiGRAZIA TANTA
 
Speculative electricity prices in the EU
Speculative electricity prices in the EUSpeculative electricity prices in the EU
Speculative electricity prices in the EUGRAZIA TANTA
 
Eleições em portugal o assalto à marmita
Eleições em portugal   o assalto à marmitaEleições em portugal   o assalto à marmita
Eleições em portugal o assalto à marmitaGRAZIA TANTA
 
Os especulativos preços da energia elétrica na ue
Os especulativos preços da energia elétrica na ueOs especulativos preços da energia elétrica na ue
Os especulativos preços da energia elétrica na ueGRAZIA TANTA
 
Human beings, servants of the financial system
Human beings, servants of the financial systemHuman beings, servants of the financial system
Human beings, servants of the financial systemGRAZIA TANTA
 
Seres humanos, servos do sistema financeiro
Seres humanos, servos do sistema financeiroSeres humanos, servos do sistema financeiro
Seres humanos, servos do sistema financeiroGRAZIA TANTA
 
Textos de circunstância - 10
Textos de circunstância  - 10Textos de circunstância  - 10
Textos de circunstância - 10GRAZIA TANTA
 

Más de GRAZIA TANTA (20)

Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdf
Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdfUcrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdf
Ucrânia – Uma realidade pobre e volátil.pdf
 
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.doc
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.docAs desigualdades entre mais pobres e menos pobres.doc
As desigualdades entre mais pobres e menos pobres.doc
 
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdf
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdfBalofas palavras em dia de fuga para as praias.pdf
Balofas palavras em dia de fuga para as praias.pdf
 
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdf
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdfAs balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdf
As balas da guerra parecem beliscar pouco as transações de energia.pdf
 
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdf
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdfUnião Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdf
União Europeia – diferenciações nos dinamismos sectoriais.pdf
 
As desigualdades provenientes da demografia na Europa
As desigualdades provenientes da demografia na EuropaAs desigualdades provenientes da demografia na Europa
As desigualdades provenientes da demografia na Europa
 
A BideNato flight over
A BideNato flight overA BideNato flight over
A BideNato flight over
 
Um sobrevoo do BideNato.pdf
Um sobrevoo do BideNato.pdfUm sobrevoo do BideNato.pdf
Um sobrevoo do BideNato.pdf
 
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdf
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdfNATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdf
NATO in the wake of Hitler - Drang nach Osten.pdf
 
USA – A huge danger to Humanity.pdf
USA – A huge danger to Humanity.pdfUSA – A huge danger to Humanity.pdf
USA – A huge danger to Humanity.pdf
 
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdf
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdfEUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdf
EUA – Um perigo enorme para a Humanidade.pdf
 
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdf
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdfA NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdf
A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten.pdf
 
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UE
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UENato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UE
Nato, Ucrânia e a menoridade política dos chefes da UE
 
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
 
Speculative electricity prices in the EU
Speculative electricity prices in the EUSpeculative electricity prices in the EU
Speculative electricity prices in the EU
 
Eleições em portugal o assalto à marmita
Eleições em portugal   o assalto à marmitaEleições em portugal   o assalto à marmita
Eleições em portugal o assalto à marmita
 
Os especulativos preços da energia elétrica na ue
Os especulativos preços da energia elétrica na ueOs especulativos preços da energia elétrica na ue
Os especulativos preços da energia elétrica na ue
 
Human beings, servants of the financial system
Human beings, servants of the financial systemHuman beings, servants of the financial system
Human beings, servants of the financial system
 
Seres humanos, servos do sistema financeiro
Seres humanos, servos do sistema financeiroSeres humanos, servos do sistema financeiro
Seres humanos, servos do sistema financeiro
 
Textos de circunstância - 10
Textos de circunstância  - 10Textos de circunstância  - 10
Textos de circunstância - 10
 

O apelo dos movimentos gregos e a situação política na europa

  • 1. O apelo dos movimentos gregos e a situação política na Europa Rui Viana Pereira e Vítor Lima Vários movimentos gregos lançaram há dias uma proposta para que se reponha na ordem do dia a luta militante antifascista e antinazi. Este apelo deve ser lido à luz da situação particular vivida na Grécia, onde o partido neonazi Aurora Dourada cresceu de forma assustadora – é o terceiro partido de âmbito nacional com representação parlamentar e no momento em que escrevemos estas linhas (setembro-2012) as sondagens colocam-no já em segundo lugar (30%). O Aurora Dourada não se limita a fazer propaganda dos seus ideais – em plena luz do dia executa imigrantes, ciganos, minorias (turcos da Trácia), homossexuais e militantes de esquerda. O posicionamento geográfico periférico e a longa ausência de guerra no território nacional torna os portugueses, incluindo boa parte da esquerda militante, relativamente alheios ao que se passa além de Badajoz e a terem subjacente um nacionalismo serôdio. Mesmo uma unidade de acção ibérica tem sido difícil de implantar. Ora esse pendor nacionalista promove a percepção errónea de que há uma saída localizada para a crise, através de memorandos nacionais gizados pelo capital financeiro global, e dificulta o entendimento do que é o fascismo, visto de forma simplista e caricatural numa visão do passado. Convém por isso fazer algumas chamadas de atenção. Em primeiro lugar destacamos a questão da solidariedade internacional e a experiência histórica – iremos virar costas ao apelo de camaradas em luta contra tropas de choque nazis bem armadas, à semelhança do desprezo votado no passado aos resistentes espanhóis por uma parte da Europa? Devia ser claro que o crescimento de um movimento de extrema direita num país europeu tende a prenunciar uma vaga de extrema direita em toda a Europa. Neste momento já temos pelo menos dois exemplos extremos à vista: a Grécia e a Hungria. Tarda em ser entendido que a deriva fascista comporta uma lógica genocida (provavelmente sem Auschwitz) que tende a promover uma condenação em massa de categorias sociais, como os desempregados, os pobres, os reformados; uns vocacionados para uma morte antecipada, outros para a emigração, outros ainda para formas de trabalho degradantes. A esquerda europeia ainda não incorporou que, com a financiarização, a criação de valor é supérflua e o trabalho desvalorizado, tornando-se os potenciais trabalhadores um estorvo, um simples custo social. Estamos cientes de que o regime de democracia burguesa nunca foi verdadeiramente democrático; sempre serviu para defender os interesses do capital; sempre foi repressivo; nunca foi equitativo – donde, segundo muitos teóricos, tudo estaria a decorrer na normalidade. No entanto não é possível arrumar a questão desta maneira simplista. É preciso verificar se o comportamento «normal» do regime de poder ultrapassou uma determinada fronteira, configurando uma mudança qualitativa do regime. Trocando por miúdos: • As empresas e os locais de trabalho nunca foram espaços de democracia mas sim de hierarquias rígidas e de autoritarismo. Porém, a contratualização
  • 2. individualizada, precária, sem horários e com direitos restritos vem-se tornando regra consagrada por lei. Esta entrega ao foro privado da negociação e arbitragem entre partes desiguais, com demissão do papel do Estado e deixando os mais fracos desprotegidos, constitui uma clara regressão a formas de regime totalitárias ou medievais, com extinção de algumas das funções do estado de direito. • Já sabíamos que a justiça não é igual para todos, que nenhum trabalhador tem meios e recursos para se defender capazmente em tribunal. O que não era corrente vermos (à parte excepções pontuais) era a aplicação sistemática de dois pesos e duas medidas e até a profusa publicação e aplicação de leis contraditórias entre si. Não era corrente vermos todas as semanas as autoridades centrais e autárquicas actuarem à revelia da lei, sob protecção dos tribunais e das instâncias de fiscalização do regime. • Que o exército, os tribunais e as «forças da ordem» servem essencialmente para reprimir os trabalhadores e a contestação, já nós sabíamos. O que é novidade é a perseguição sistemática dos militantes de esquerda, dos subscritores das manifestações, dos imigrantes e militantes nos bairros de lata. Estas acções têm vindo a crescer nos últimos anos e atingiram no último ano um grau iniludível: citação em tribunal de centenas de militantes; execução sumária em bairros de lata da periferia metropolitana, feita pelas «forças da ordem», com exibição de material bélico pesado e leve, criando cenários semelhantes aos de uma zona de guerra; etc. • As instâncias do poder político e do poder cultural sempre procuraram manter o controle da população através da vigilância mútua e da pressão social. As minorias culturais, religiosas, étnicas, artísticas e de género são tradicionalmente contidas e reprimidas por esse sistema repressivo, tão barato e eficaz. Os regimes autoritários, porém, vão mais além: instituem a obrigação de cada cidadão ser o bufo do seu vizinho. Embora o convite à denúncia mútua nas sociedades democráticas europeias tenha sido iniciado aparentemente por boas causas (contra os abusos sexuais, a violência doméstica, etc.), está claramente a extravasar para muitos outros aspectos do quotidiano. • A autocensura e censura social são um dos mecanismos universais de manutenção do poder. Esta situação «normal» ultrapassa uma certa fronteira de regime quando a censura é institucionalmente instalada. No actual sistema a censura foi entregue à iniciativa privada – a substância é a mesma, apenas a forma é diferente: certos aspectos do estado de direito foram anulados em favor do exercício directo e privado do poder pelas empresas. A breve prazo assistiremos igualmente à privatização na administração da justiça, das polícias, etc. (leiam o Memorando da Troika). • Todos os regimes autoritários ambicionam o panóptico – o escrutínio de todos os actos, de todas as pessoas, a todo o instante. Muito antes da invenção da câmara de vídeo foram construídas prisões onde esses princípios foram aplicados. Hoje vivemos num sistema panóptico total, tecnicamente capaz de constituir bases de dados imensas sobre a vida de cada um de nós, de nos vigiar 24 horas por dia através de meios visuais e electrónicos. George Orwell deu-nos o retrato duma sociedade totalitária, policial e panóptica no seu auge. É nessa sociedade panóptica que vivemos actualmente.
  • 3. O facto de não haver brigadas de nazis encarregues de exterminar os idosos, os incapacitados, os indigentes, os homossexuais, as minorias e o pensamento livre não significa que esse massacre não esteja a acontecer. Perguntem, por exemplo, aos doentes em tratamento de hemodiálise, de norte a sul do país e em especial nas aldeias, aos quais foram retirados os meios de acesso aos centros de tratamento. Ah, é verdade, não podem perguntar, porque essa realidade não implica tiros, bombas ou câmaras de gás, e desaparece rapidamente da vista por si mesma (prazo de vida: 3 dias). Também não podem perguntar aos milhares de imigrantes sem documentação legal o que aconteceu aos seus filhos, para onde foram levados e porquê, porque esses imigrantes ou não existem oficialmente, ou não ousam manifestar-se, mesmo quando os filhos lhes são roubados. Muitos outros exemplos de extermínio poderiam ser dados. Em Portugal a perseguição e execução de militantes e camadas da população marginalizadas já começou. Alguns dos corpos policiais transformaram-se em brigadas de acção nazi. Aqui não há necessidade de brigadas neonazis gregas – o próprio aparelho de Estado se encarrega dos procedimentos neonazis. Todos os povos da Europa se encontram sujeitos à mesma deriva autoritária. Podemos ainda não estar na posse de uma palavra que exprima sinteticamente esta realidade em curso – mas isso não anula a realidade. Por tudo isto, o essencial do apelo grego à militância antifascista faz sentido, embora em termos europeus tenha de ser reformulado para se tornar mais abrangente face às circunstâncias particulares de cada país. Os movimentos políticos que não queiram reconhecer esta realidade assumirão a mesma responsabilidade histórica que lhes coube nos casos da Alemanha e da Espanha, na primeira metade do século XX – já para não falar da Itália, de Portugal, de vários países da América Latina e do Oriente, e da Europa de Leste. Os regimes autoritários são como a gripe: depois de a apanharmos, ficamos vacinados, acabou-se o problema; mas o problema regressa quando o vírus evolui para uma forma modificada, totalmente nova – o resultado é sempre o mesmo: gripe. Os regimes autoritários e antidemocráticos partilham este efeito surpresa – só damos por eles quando já estamos infectados, a não ser que observemos atentamente os sintomas à nossa volta e tomemos as precauções devidas. Não devia ser difícil diagnosticar os sintomas do vírus do autoritarismo. Incluem sempre a instituição de novas formas de exploração do trabalho a níveis próximos da escravatura, do trabalho forçado ou da servidão; novas formas de desapropriação massiva; novas formas extremas de desigualdade institucionalmente implementadas; criação de cidadãos de 1ª e de 2ª categoria; silenciamento total da oposição (por meios suaves ou por meios sangrentos, mas em todo o caso eficazes); destruição, numa dada fase do processo, dos meios de produção e das forças produtivas (incluindo o extermínio, por meios directos ou indirectos, de uma parte da força de trabalho), de forma a gerar no momento seguinte uma maior taxa de lucro do capital – a solução clássica, «perfeita», costumava ser a guerra, mas isso não significa que não haja outras. Será o médico de serviço capaz de reconhecer os sintomas ou tornar-se-á co-responsável pela morte do paciente?
  • 4. Poderá haver quem argumente que tocar a rebate pela luta contra o novo tipo de fascismo que se desenha no horizonte é um passo atrás – que nos faz perder de vista a questão essencial, que é a da contradição entre o capital e o trabalho, o salto para uma sociedade nova e mais justa. Foi por causa dessa ligeireza política que Allende morreu num Chile que muitos consideravam definitivamente democrático. E foi então que o Chile se tornou o primeiro laboratório do neoliberalismo. 15 setembro 2012