SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 4
Descargar para leer sin conexión
Grupo Parlamentar
Bloco de Esquerda
Açores

Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos
Açores
Srs e Sras Deputados
Srs e Sras Membros do Governo
Estamos sempre perante um problema difícil quando se discute um tema tão
importante como a Educação. E sobretudo quando se discute um aspecto tão
controverso como é o da Avaliação de Desempenho dos professores.
Para o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, parece fundamental que esta
discussão se faça sempre nas Escolas, com os Professores e suas representações
Sindicais, para que a partir destas se possa estabelecer princípios básicos
orientadores para práticas que conduzam a uma melhoria do trabalho na Escola,
procurando-se atingir o que agora se costuma designar por “prática de excelência”.
Ora a primeira questão que colocamos relativamente à proposta de alteração do
Estatuto da Carreira Docente e que está em discussão nesta Assembleia é a seguinte:


Será que houve tempo (e espaço) para a discussão da proposta de modo a que,
pela negociação, esta se ajustasse a uma proposta de Estatuto com a qual os
Professores se revêm e sentem que com ela podem melhorar a sua prática
profissional?

A resposta é, para nós, um não redondo.
O processo de negociação foi sujeito a um apertado tempo negocial, não havendo
tempo para reflectir cabalmente sobre as propostas apresentadas e, o mais
importante, para chegar a consensos sobre matérias fundamentais tais como as
Condições de Trabalho (Horários), a estrutura da Carreira Docente e os aspectos
relativos à Avaliação de Desempenho.
No nosso entender, esta foi, por isso, mais uma oportunidade perdida.
Detenhamo-nos na Avaliação de Desempenho. Ela pressupõe uma avaliação
individual dos docentes, que em certos escalões é punitiva e que em nada contribui
para um empenho dos professores na melhoria das suas práticas.
Para além disso coloca entraves absurdos à avaliação dos professores com nota de
Excelente e Muito Bom. Se não vejamos com detalhe o percurso para se ser avaliado
com a nota de “Excelente”.
Há um relatório de auto-avaliação e uma grelha com itens que é preenchida pelo
Professor. Estes dois documentos são entregues ao Coordenador do Departamento,
que faz a sua avaliação em conjunto com o Conselho Executivo.
1
Grupo Parlamentar
Bloco de Esquerda
Açores

A avaliação carece dos seguintes documentos (as chamadas “múltiplas fontes de
dados” ):


Um relatório certificativo de presenças;
 O já referido relatório de auto-avaliação;
 A Análise de instrumentos de Gestão Curricular;
 Os Instrumentos de avaliação pedagógica e seus resultados;
 A Planificação das aulas e outros instrumentos de avaliação utilizados com alunos;
 O resultado de 4 aulas observadas (se fôr aprovada a proposta do Partido
Socialista);
Finalmente atribuí-se a nota ao Professor com uma reunião entre o Professor avaliado
e os Avaliadores, que tem de ser posteriormente validada por um professor na área
de ciências da educação e por uma individualidade de mérito, ambos designados pela
Tutela.
Este é um processo extraordinariamente consumidor de recursos!
Podemos adiantar que a Excelência terá de ser, necessariamente,muito rara entre os
professores da região.
Há uma grande confusão neste Estatuto da Carreira Docente. A Avaliação de
Desempenho dá “cenouras” aos docentes que, aparentemente, se querem evidenciar
como Muito Bons e Excelentes. Na verdade, para serem contemplados com o prémio,
têm de se auto-propor, não bastando os pares identificarem essa Excelência na sua
actividade de professor.
Não nos revemos nada, mas mesmo nada neste processo!
Se se procura melhorar o desempenho dos professores, dizemos que a regulação do
trabalho anual já é realizada pelo Departamento Curricular e pelos Conselhos de
turma.
Apostamos nos instrumentos que permitem uma regulação da actividade dos
professores como sejam o projecto educativo, o plano anual de actividades, o
projecto curricular, e finalmente o projecto curricular de turma. Todos estes
instrumentos permitem avaliar o trabalho dos professores e devem responder às
questões que norteiam o seu trabalho ao longo dos anos, bem como servir para que
uma auto-avaliação de cariz formativo se realize ao longo do trajecto como docentes
pertencentes a uma determinada escola ou agrupamento escolar.

2
Grupo Parlamentar
Bloco de Esquerda
Açores

A nosso ver gastar tantos recursos num processo individual de avaliação dos
professores é contraproducente e até nefasto para o trabalho nas Escolas e
Agrupamentos Escolares e desvirtua o sentido do que deve ser o trabalho numa
Escola Pública.
Ao invés, nós entendemos que se devem apostar nas competências atribuídas aos
diferentes orgãos que gerem cada um dos instrumentos que foram referidos em cima e
que implicitamente promovem o que está consagrado nos artigos 18º e 19º no
capítulo dos Direitos e Deveres Profissionais onde se apela ao sentido de
cooperação entre profissionais procurando-se promover o bom relacionamento entre
pares, se apela à reflexão sobre o trabalho realizado individual e colectivamente, onde
se pretende promover a difusão e promoção do bem estar entre todos os docentes, a
partilha da informação, de recursos didácticos e métodos pedagógicos , etc, etc. Leiam
atentamente, se desejarem, as alíneas destes artigos.
Queremos que se promova nas Escolas a discussão em torno das Práticas, na qual se
valorizem os Objectivos consignados nos Projectos Educativos e Planos Anuais, para
que também estas mesmas Escolas possam confrontar a Tutela (a Direcção
Regional da Educação) com o que é o resultado das suas decisões políticas. Falamos
por exemplo do rácio professor/aluno, do rácio funcionário/aluno, do apoio a projectos
inter-escolas, do apoio à participação de projectos europeus, do tempo que os
professores dedicam aos alunos com mais dificuldades, do esforço depositado pela
Escola no sentido de trazer os pais à escola,etc.
Olhemos para um exemplo na área curricular da matemática, o conceito de razão no
6º ano do 2º ciclo. Como podemos promover um bom trabalho dos professores
relativamente a este aspecto específico do currículo? A avaliação do projecto
curricular de turma mostra as dificuldades dos alunos. A tarefa de procurar soluções
para o problema tem de levar os professores a se reunirem e a tomarem decisões
sobre este problema em particular. Aí a Tutela pode intervir indirectamente ao
promover instrumentos que patrocinem a organização de grupos de trabalho, a troca
entre os pares, as aulas observadas, enfim, promovendo as boas práticas.
Vemos pois a Avaliação na perspectiva de topo, se quiserem holística, mas que toca
os aspectos essenciais da actividade de uma Escola.
Não desvalorizamos o esforço que existe na Direcção Regional da Educação ao
apresentar grelhas que focam aspectos interessantes e pertinentes que urge fomentar
no trabalho dos professores. Mas a forma como se pretendem utilizar essas grelhas
está, em nosso ver, errada. Elas são essencialmente um bom instrumento de reflexão
e de análise do trabalho dos Professores, guias orientadores de boas práticas.

3
Grupo Parlamentar
Bloco de Esquerda
Açores

Queremos que os professores se esforcem no sentido de ultrapassar os problemas
que encontram no dia a dia. Queremos que as Escolas se pronunciem e reflictam
sobre resultados alcançados, que apresentem medidas e soluções (ou tentativas de
soluções) para esses problemas . Essa tarefa, deve merecer a atenção dos
Conselhos Executivos, dos Departamentos Curriculares e de uma discussão
aprofundada entre os pares. Essas são tarefas centrais das Escolas e urge encontrar
mecanismos que as promovam.
O desafio que colocamos aqui é procurar perceber em que medida podemos induzir
no trabalho das Escolas o esforço no sentido de procurar internamente a melhor
organização para combater, por exemplo, o Insucesso Escolar, para lutar contra o
Absentismo, e até para que estas se apropriem de Instrumentos Internos de avaliação
formativa como seja o da Observação entre Pares.
Esse desafio obriga a uma reflexão mais aprofundada do papel da Avaliação de
Desempenho no conjunto dos papéis que a Escola assume. Obriga também à revisão
do Estatuto da Carreira Docente no sentido de o tornar um instrumento de orientação
para as boas práticas e não um mero instrumento de punição dos “mais fracos” e de
valorização dos “mais dotados”.

4

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

ApresentaçãO Da SessãO 4
ApresentaçãO Da SessãO 4ApresentaçãO Da SessãO 4
ApresentaçãO Da SessãO 4guesta59717
 
Powerpoint Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be 1
Powerpoint Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be   1Powerpoint Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be   1
Powerpoint Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be 1anamariabpalma
 
ReflexãO Tarefa SessãO1
ReflexãO Tarefa SessãO1ReflexãO Tarefa SessãO1
ReflexãO Tarefa SessãO1bonifvieira
 
Trabalho Da 4ª SessãO Tarefa 1 ApresentaçãO Do Modelo De Auto AvaliaçãO Em P...
Trabalho Da 4ª SessãO Tarefa 1  ApresentaçãO Do Modelo De Auto AvaliaçãO Em P...Trabalho Da 4ª SessãO Tarefa 1  ApresentaçãO Do Modelo De Auto AvaliaçãO Em P...
Trabalho Da 4ª SessãO Tarefa 1 ApresentaçãO Do Modelo De Auto AvaliaçãO Em P...margaridaalbuquerque
 
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Bebeloule
 
Modelo De Auto AvaliaçãO
Modelo De Auto AvaliaçãOModelo De Auto AvaliaçãO
Modelo De Auto AvaliaçãOguest4236a2
 
Modelo De Auto AvaliaçãO
Modelo De Auto AvaliaçãOModelo De Auto AvaliaçãO
Modelo De Auto AvaliaçãOguest2ae31b
 
Sessao3tarefa1
Sessao3tarefa1Sessao3tarefa1
Sessao3tarefa1Rui Jorge
 
Modelo Auto Avaliação - Workshop Formativo
Modelo Auto Avaliação - Workshop FormativoModelo Auto Avaliação - Workshop Formativo
Modelo Auto Avaliação - Workshop FormativoEB2 Mira
 
Conselho de classe 2º trimestre - poli i - vespertino
Conselho de classe   2º trimestre - poli i - vespertinoConselho de classe   2º trimestre - poli i - vespertino
Conselho de classe 2º trimestre - poli i - vespertinoPolivalente Linhares
 
Atpc 20 de outubro wilson rose lia
Atpc 20 de outubro wilson  rose liaAtpc 20 de outubro wilson  rose lia
Atpc 20 de outubro wilson rose liaWilson Barbieri
 

La actualidad más candente (13)

Slides semana pedagógica
Slides  semana pedagógicaSlides  semana pedagógica
Slides semana pedagógica
 
ApresentaçãO Da SessãO 4
ApresentaçãO Da SessãO 4ApresentaçãO Da SessãO 4
ApresentaçãO Da SessãO 4
 
Powerpoint Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be 1
Powerpoint Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be   1Powerpoint Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be   1
Powerpoint Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be 1
 
Atividades - Oficina Rádio Escola
Atividades - Oficina Rádio EscolaAtividades - Oficina Rádio Escola
Atividades - Oficina Rádio Escola
 
ReflexãO Tarefa SessãO1
ReflexãO Tarefa SessãO1ReflexãO Tarefa SessãO1
ReflexãO Tarefa SessãO1
 
Trabalho Da 4ª SessãO Tarefa 1 ApresentaçãO Do Modelo De Auto AvaliaçãO Em P...
Trabalho Da 4ª SessãO Tarefa 1  ApresentaçãO Do Modelo De Auto AvaliaçãO Em P...Trabalho Da 4ª SessãO Tarefa 1  ApresentaçãO Do Modelo De Auto AvaliaçãO Em P...
Trabalho Da 4ª SessãO Tarefa 1 ApresentaçãO Do Modelo De Auto AvaliaçãO Em P...
 
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be
 
Modelo De Auto AvaliaçãO
Modelo De Auto AvaliaçãOModelo De Auto AvaliaçãO
Modelo De Auto AvaliaçãO
 
Modelo De Auto AvaliaçãO
Modelo De Auto AvaliaçãOModelo De Auto AvaliaçãO
Modelo De Auto AvaliaçãO
 
Sessao3tarefa1
Sessao3tarefa1Sessao3tarefa1
Sessao3tarefa1
 
Modelo Auto Avaliação - Workshop Formativo
Modelo Auto Avaliação - Workshop FormativoModelo Auto Avaliação - Workshop Formativo
Modelo Auto Avaliação - Workshop Formativo
 
Conselho de classe 2º trimestre - poli i - vespertino
Conselho de classe   2º trimestre - poli i - vespertinoConselho de classe   2º trimestre - poli i - vespertino
Conselho de classe 2º trimestre - poli i - vespertino
 
Atpc 20 de outubro wilson rose lia
Atpc 20 de outubro wilson  rose liaAtpc 20 de outubro wilson  rose lia
Atpc 20 de outubro wilson rose lia
 

Destacado

Intple (16)
Intple (16)Intple (16)
Intple (16)eadl
 
Intple (12)
Intple (12)Intple (12)
Intple (12)eadl
 
Intple (14)
Intple (14)Intple (14)
Intple (14)eadl
 
Intple (10)
Intple (10)Intple (10)
Intple (10)eadl
 
Intple (15)
Intple (15)Intple (15)
Intple (15)eadl
 
Intple (13)
Intple (13)Intple (13)
Intple (13)eadl
 
Intple (9)
Intple (9)Intple (9)
Intple (9)eadl
 

Destacado (8)

Intple (16)
Intple (16)Intple (16)
Intple (16)
 
Intple (12)
Intple (12)Intple (12)
Intple (12)
 
Criptografía recurso
Criptografía recursoCriptografía recurso
Criptografía recurso
 
Intple (14)
Intple (14)Intple (14)
Intple (14)
 
Intple (10)
Intple (10)Intple (10)
Intple (10)
 
Intple (15)
Intple (15)Intple (15)
Intple (15)
 
Intple (13)
Intple (13)Intple (13)
Intple (13)
 
Intple (9)
Intple (9)Intple (9)
Intple (9)
 

Similar a Bloco de Esquerda discute avaliação de desempenho de professores

Slides_.pptslides rendimento escolar Escola Craveiro Costa
Slides_.pptslides rendimento escolar Escola Craveiro CostaSlides_.pptslides rendimento escolar Escola Craveiro Costa
Slides_.pptslides rendimento escolar Escola Craveiro CostaErlissonPinheiro
 
Plataforma cultural: Assessoria em Educação
Plataforma cultural: Assessoria em EducaçãoPlataforma cultural: Assessoria em Educação
Plataforma cultural: Assessoria em EducaçãoElita Medeiros
 
AnáLise CríTica Ao Modelo De Auto
AnáLise CríTica Ao Modelo De AutoAnáLise CríTica Ao Modelo De Auto
AnáLise CríTica Ao Modelo De Autocandidaribeiro
 
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamento
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamentoIntegração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamento
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamentoMaria Da Graça Gonçalves
 
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamento
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamentoIntegração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamento
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamentoMaria Da Graça Gonçalves
 
Joao Reis AutoavaliaçãO Bib Pataias SessãO3
Joao Reis AutoavaliaçãO Bib Pataias SessãO3Joao Reis AutoavaliaçãO Bib Pataias SessãO3
Joao Reis AutoavaliaçãO Bib Pataias SessãO3João Alves Dos Reis
 
Slides Conselho de Classe.ppt
Slides Conselho de Classe.pptSlides Conselho de Classe.ppt
Slides Conselho de Classe.pptErlissonPinheiro
 
Gestor, como envolver a todos para superar as dificuldades da sua escola?
Gestor, como envolver a todos para superar as dificuldades da sua escola?Gestor, como envolver a todos para superar as dificuldades da sua escola?
Gestor, como envolver a todos para superar as dificuldades da sua escola?Juliana Soares
 
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Bebeloule
 
Plano de Ação participativo_vol1
Plano de Ação participativo_vol1Plano de Ação participativo_vol1
Plano de Ação participativo_vol1sitedcoeste
 

Similar a Bloco de Esquerda discute avaliação de desempenho de professores (20)

Conselho de classe eficaz
Conselho de classe eficazConselho de classe eficaz
Conselho de classe eficaz
 
Slides_.pptslides rendimento escolar Escola Craveiro Costa
Slides_.pptslides rendimento escolar Escola Craveiro CostaSlides_.pptslides rendimento escolar Escola Craveiro Costa
Slides_.pptslides rendimento escolar Escola Craveiro Costa
 
Plataforma cultural.compressed
Plataforma cultural.compressedPlataforma cultural.compressed
Plataforma cultural.compressed
 
Plataforma cultural: Assessoria em Educação
Plataforma cultural: Assessoria em EducaçãoPlataforma cultural: Assessoria em Educação
Plataforma cultural: Assessoria em Educação
 
AnáLise CríTica Ao Modelo De Auto
AnáLise CríTica Ao Modelo De AutoAnáLise CríTica Ao Modelo De Auto
AnáLise CríTica Ao Modelo De Auto
 
Doc aval1
Doc aval1Doc aval1
Doc aval1
 
Formador de formadores
Formador de formadoresFormador de formadores
Formador de formadores
 
Formador de formadores
Formador de formadoresFormador de formadores
Formador de formadores
 
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamento
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamentoIntegração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamento
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamento
 
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamento
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamentoIntegração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamento
Integração do modelo de auto avaliação na escola.agrupamento
 
Conselho de classe
Conselho de classeConselho de classe
Conselho de classe
 
Joao Reis AutoavaliaçãO Bib Pataias SessãO3
Joao Reis AutoavaliaçãO Bib Pataias SessãO3Joao Reis AutoavaliaçãO Bib Pataias SessãO3
Joao Reis AutoavaliaçãO Bib Pataias SessãO3
 
Slides Conselho de Classe.ppt
Slides Conselho de Classe.pptSlides Conselho de Classe.ppt
Slides Conselho de Classe.ppt
 
Conselho de classe
Conselho de classeConselho de classe
Conselho de classe
 
Gestor, como envolver a todos para superar as dificuldades da sua escola?
Gestor, como envolver a todos para superar as dificuldades da sua escola?Gestor, como envolver a todos para superar as dificuldades da sua escola?
Gestor, como envolver a todos para superar as dificuldades da sua escola?
 
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be
2ª SessãO ComentáRio CríTico Ao Modelo De Auto AvaliaçãO Da Be
 
Pap1
Pap1Pap1
Pap1
 
Plano de Ação participativo_vol1
Plano de Ação participativo_vol1Plano de Ação participativo_vol1
Plano de Ação participativo_vol1
 
3º MóDulo 1 Parte
3º MóDulo 1 Parte3º MóDulo 1 Parte
3º MóDulo 1 Parte
 
3º MóDulo 1ªParte
3º MóDulo 1ªParte3º MóDulo 1ªParte
3º MóDulo 1ªParte
 

Más de eadl

Cidadania
CidadaniaCidadania
Cidadaniaeadl
 
Glossário O´Shea (2001-2004)
Glossário O´Shea (2001-2004)Glossário O´Shea (2001-2004)
Glossário O´Shea (2001-2004)eadl
 
Abc manual tic
Abc manual ticAbc manual tic
Abc manual ticeadl
 
Intple (39)
Intple (39)Intple (39)
Intple (39)eadl
 
Intple (38)
Intple (38)Intple (38)
Intple (38)eadl
 
Intple (37)
Intple (37)Intple (37)
Intple (37)eadl
 
Intple (36)
Intple (36)Intple (36)
Intple (36)eadl
 
Intple (35)
Intple (35)Intple (35)
Intple (35)eadl
 
Intple (34)
Intple (34)Intple (34)
Intple (34)eadl
 
Intple (33)
Intple (33)Intple (33)
Intple (33)eadl
 
Intple (32)
Intple (32)Intple (32)
Intple (32)eadl
 
Intple (31)
Intple (31)Intple (31)
Intple (31)eadl
 
Intple (30)
Intple (30)Intple (30)
Intple (30)eadl
 
Intple (29)
Intple (29)Intple (29)
Intple (29)eadl
 
Intple (28)
Intple (28)Intple (28)
Intple (28)eadl
 
Intple (27)
Intple (27)Intple (27)
Intple (27)eadl
 
Intple (26)
Intple (26)Intple (26)
Intple (26)eadl
 
Intple (25)
Intple (25)Intple (25)
Intple (25)eadl
 
Intple (24)
Intple (24)Intple (24)
Intple (24)eadl
 
Intple (23)
Intple (23)Intple (23)
Intple (23)eadl
 

Más de eadl (20)

Cidadania
CidadaniaCidadania
Cidadania
 
Glossário O´Shea (2001-2004)
Glossário O´Shea (2001-2004)Glossário O´Shea (2001-2004)
Glossário O´Shea (2001-2004)
 
Abc manual tic
Abc manual ticAbc manual tic
Abc manual tic
 
Intple (39)
Intple (39)Intple (39)
Intple (39)
 
Intple (38)
Intple (38)Intple (38)
Intple (38)
 
Intple (37)
Intple (37)Intple (37)
Intple (37)
 
Intple (36)
Intple (36)Intple (36)
Intple (36)
 
Intple (35)
Intple (35)Intple (35)
Intple (35)
 
Intple (34)
Intple (34)Intple (34)
Intple (34)
 
Intple (33)
Intple (33)Intple (33)
Intple (33)
 
Intple (32)
Intple (32)Intple (32)
Intple (32)
 
Intple (31)
Intple (31)Intple (31)
Intple (31)
 
Intple (30)
Intple (30)Intple (30)
Intple (30)
 
Intple (29)
Intple (29)Intple (29)
Intple (29)
 
Intple (28)
Intple (28)Intple (28)
Intple (28)
 
Intple (27)
Intple (27)Intple (27)
Intple (27)
 
Intple (26)
Intple (26)Intple (26)
Intple (26)
 
Intple (25)
Intple (25)Intple (25)
Intple (25)
 
Intple (24)
Intple (24)Intple (24)
Intple (24)
 
Intple (23)
Intple (23)Intple (23)
Intple (23)
 

Bloco de Esquerda discute avaliação de desempenho de professores

  • 1. Grupo Parlamentar Bloco de Esquerda Açores Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores Srs e Sras Deputados Srs e Sras Membros do Governo Estamos sempre perante um problema difícil quando se discute um tema tão importante como a Educação. E sobretudo quando se discute um aspecto tão controverso como é o da Avaliação de Desempenho dos professores. Para o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, parece fundamental que esta discussão se faça sempre nas Escolas, com os Professores e suas representações Sindicais, para que a partir destas se possa estabelecer princípios básicos orientadores para práticas que conduzam a uma melhoria do trabalho na Escola, procurando-se atingir o que agora se costuma designar por “prática de excelência”. Ora a primeira questão que colocamos relativamente à proposta de alteração do Estatuto da Carreira Docente e que está em discussão nesta Assembleia é a seguinte:  Será que houve tempo (e espaço) para a discussão da proposta de modo a que, pela negociação, esta se ajustasse a uma proposta de Estatuto com a qual os Professores se revêm e sentem que com ela podem melhorar a sua prática profissional? A resposta é, para nós, um não redondo. O processo de negociação foi sujeito a um apertado tempo negocial, não havendo tempo para reflectir cabalmente sobre as propostas apresentadas e, o mais importante, para chegar a consensos sobre matérias fundamentais tais como as Condições de Trabalho (Horários), a estrutura da Carreira Docente e os aspectos relativos à Avaliação de Desempenho. No nosso entender, esta foi, por isso, mais uma oportunidade perdida. Detenhamo-nos na Avaliação de Desempenho. Ela pressupõe uma avaliação individual dos docentes, que em certos escalões é punitiva e que em nada contribui para um empenho dos professores na melhoria das suas práticas. Para além disso coloca entraves absurdos à avaliação dos professores com nota de Excelente e Muito Bom. Se não vejamos com detalhe o percurso para se ser avaliado com a nota de “Excelente”. Há um relatório de auto-avaliação e uma grelha com itens que é preenchida pelo Professor. Estes dois documentos são entregues ao Coordenador do Departamento, que faz a sua avaliação em conjunto com o Conselho Executivo. 1
  • 2. Grupo Parlamentar Bloco de Esquerda Açores A avaliação carece dos seguintes documentos (as chamadas “múltiplas fontes de dados” ):  Um relatório certificativo de presenças;  O já referido relatório de auto-avaliação;  A Análise de instrumentos de Gestão Curricular;  Os Instrumentos de avaliação pedagógica e seus resultados;  A Planificação das aulas e outros instrumentos de avaliação utilizados com alunos;  O resultado de 4 aulas observadas (se fôr aprovada a proposta do Partido Socialista); Finalmente atribuí-se a nota ao Professor com uma reunião entre o Professor avaliado e os Avaliadores, que tem de ser posteriormente validada por um professor na área de ciências da educação e por uma individualidade de mérito, ambos designados pela Tutela. Este é um processo extraordinariamente consumidor de recursos! Podemos adiantar que a Excelência terá de ser, necessariamente,muito rara entre os professores da região. Há uma grande confusão neste Estatuto da Carreira Docente. A Avaliação de Desempenho dá “cenouras” aos docentes que, aparentemente, se querem evidenciar como Muito Bons e Excelentes. Na verdade, para serem contemplados com o prémio, têm de se auto-propor, não bastando os pares identificarem essa Excelência na sua actividade de professor. Não nos revemos nada, mas mesmo nada neste processo! Se se procura melhorar o desempenho dos professores, dizemos que a regulação do trabalho anual já é realizada pelo Departamento Curricular e pelos Conselhos de turma. Apostamos nos instrumentos que permitem uma regulação da actividade dos professores como sejam o projecto educativo, o plano anual de actividades, o projecto curricular, e finalmente o projecto curricular de turma. Todos estes instrumentos permitem avaliar o trabalho dos professores e devem responder às questões que norteiam o seu trabalho ao longo dos anos, bem como servir para que uma auto-avaliação de cariz formativo se realize ao longo do trajecto como docentes pertencentes a uma determinada escola ou agrupamento escolar. 2
  • 3. Grupo Parlamentar Bloco de Esquerda Açores A nosso ver gastar tantos recursos num processo individual de avaliação dos professores é contraproducente e até nefasto para o trabalho nas Escolas e Agrupamentos Escolares e desvirtua o sentido do que deve ser o trabalho numa Escola Pública. Ao invés, nós entendemos que se devem apostar nas competências atribuídas aos diferentes orgãos que gerem cada um dos instrumentos que foram referidos em cima e que implicitamente promovem o que está consagrado nos artigos 18º e 19º no capítulo dos Direitos e Deveres Profissionais onde se apela ao sentido de cooperação entre profissionais procurando-se promover o bom relacionamento entre pares, se apela à reflexão sobre o trabalho realizado individual e colectivamente, onde se pretende promover a difusão e promoção do bem estar entre todos os docentes, a partilha da informação, de recursos didácticos e métodos pedagógicos , etc, etc. Leiam atentamente, se desejarem, as alíneas destes artigos. Queremos que se promova nas Escolas a discussão em torno das Práticas, na qual se valorizem os Objectivos consignados nos Projectos Educativos e Planos Anuais, para que também estas mesmas Escolas possam confrontar a Tutela (a Direcção Regional da Educação) com o que é o resultado das suas decisões políticas. Falamos por exemplo do rácio professor/aluno, do rácio funcionário/aluno, do apoio a projectos inter-escolas, do apoio à participação de projectos europeus, do tempo que os professores dedicam aos alunos com mais dificuldades, do esforço depositado pela Escola no sentido de trazer os pais à escola,etc. Olhemos para um exemplo na área curricular da matemática, o conceito de razão no 6º ano do 2º ciclo. Como podemos promover um bom trabalho dos professores relativamente a este aspecto específico do currículo? A avaliação do projecto curricular de turma mostra as dificuldades dos alunos. A tarefa de procurar soluções para o problema tem de levar os professores a se reunirem e a tomarem decisões sobre este problema em particular. Aí a Tutela pode intervir indirectamente ao promover instrumentos que patrocinem a organização de grupos de trabalho, a troca entre os pares, as aulas observadas, enfim, promovendo as boas práticas. Vemos pois a Avaliação na perspectiva de topo, se quiserem holística, mas que toca os aspectos essenciais da actividade de uma Escola. Não desvalorizamos o esforço que existe na Direcção Regional da Educação ao apresentar grelhas que focam aspectos interessantes e pertinentes que urge fomentar no trabalho dos professores. Mas a forma como se pretendem utilizar essas grelhas está, em nosso ver, errada. Elas são essencialmente um bom instrumento de reflexão e de análise do trabalho dos Professores, guias orientadores de boas práticas. 3
  • 4. Grupo Parlamentar Bloco de Esquerda Açores Queremos que os professores se esforcem no sentido de ultrapassar os problemas que encontram no dia a dia. Queremos que as Escolas se pronunciem e reflictam sobre resultados alcançados, que apresentem medidas e soluções (ou tentativas de soluções) para esses problemas . Essa tarefa, deve merecer a atenção dos Conselhos Executivos, dos Departamentos Curriculares e de uma discussão aprofundada entre os pares. Essas são tarefas centrais das Escolas e urge encontrar mecanismos que as promovam. O desafio que colocamos aqui é procurar perceber em que medida podemos induzir no trabalho das Escolas o esforço no sentido de procurar internamente a melhor organização para combater, por exemplo, o Insucesso Escolar, para lutar contra o Absentismo, e até para que estas se apropriem de Instrumentos Internos de avaliação formativa como seja o da Observação entre Pares. Esse desafio obriga a uma reflexão mais aprofundada do papel da Avaliação de Desempenho no conjunto dos papéis que a Escola assume. Obriga também à revisão do Estatuto da Carreira Docente no sentido de o tornar um instrumento de orientação para as boas práticas e não um mero instrumento de punição dos “mais fracos” e de valorização dos “mais dotados”. 4