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Itanamara Guedes Cavalcante
Ilma Cristina Silva Oliveira

Administração e
Planejamento em
Serviço Social
Jouberto Uchôa de Mendonça
Reitor
Amélia Maria Cerqueira Uchôa
Vice-Reitora
Jouberto Uchôa de Mendonça Junior
Pró-Reitoria Administrativa - PROAD
Ihanmarck Damasceno dos Santos
Pró-Reitoria Acadêmica - PROAC
Domingos Sávio Alcântara Machado
Pró-Reitoria Adjunta de Graduação - PAGR
Temisson José dos Santos
Pró-Reitoria Adjunta de Pós-Graduação
e Pesquisa - PAPGP
Gilton Kennedy Sousa Fraga
Pró-Reitoria Adjunta de Assuntos
Comunitários e Extensão - PAACE
Jane Luci Ornelas Freire
Gerente do Núcleo de Educação a Distância - Nead
Andrea Karla Ferreira Nunes
Coordenadora Pedagógica de Projetos - Nead
Lucas Cerqueira do Vale
Coordenador de Tecnologias Educacionais - Nead
Equipe de Elaboração e
Produção de Conteúdos Midiáticos:
Alexandre Meneses Chagas - Supervisor
Ancéjo Santana Resende - Corretor
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Edilberto Marcelino da Gama Neto – Diagramador
Edivan Santos Guimarães - Diagramador
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Márcia Maria da Silva Santos - Corretora
Marina Santana Menezes - Webdesigner
Matheus Oliveira dos Santos - Ilustrador
Pedro Antonio Dantas P. Nou - Webdesigner
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Cavalcante, Itanamara Guedes, Oliveira.
Administração e planejamento em
serviço social/ Itanamara Guedes
Cavalcante, Ilma Cristina Silva Oliveira
– Aracaju : UNIT, 2011.
152 p.: il. : 22 cm.
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1. Planejamento social. 2. Serviço
social. I. Universidade Tiradentes – Educação
à Distância II. Titulo.
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disso são as nossas disciplinas on-line, que possibilitam a você estudar com o maior conforto e comodidade possível, sem perder a qualidade do conteúdo.
Por meio do nosso programa de disciplinas
on-line você pode ter acesso ao conhecimento de
forma rápida, prática e eficiente, como deve ser a sua
forma de comunicação e interação com o mundo na
modernidade. Fóruns on-line, chats, podcasts, livespace,
vídeos, MSN, tudo é válido para o seu aprendizado.
Mesmo com tantas opções, a Universidade Tiradentes
optou por criar a coleção de livros Série Bibliográfica Unit
como mais uma opção de acesso ao conhecimento. Escrita
por nossos professores, a obra contém todo o conteúdo
da disciplina que você está cursando na modalidade EAD
e representa, sobretudo, a nossa preocupação em garantir
o seu acesso ao conhecimento, onde quer que você esteja.

Desejo a você bom aprendizado e muito sucesso!

Professor Jouberto Uchôa de Mendonça
Reitor da Universidade Tiradentes
Sumário
Parte 1: Administração e o Processo Histórico-Teórico
de Trabalho nas Organizações . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Tema 1: Principais Teorias da Administração . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.1 Abordagens conceituais de administração . . . . . . . . . . . . 14
1.2 Principais teorias de administração . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
1.3 Transição: Teoria da administração para teoria das
organizações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.4 Modelos gerenciais na organização de trabalho. . . . . . . . . . .36
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Tema 2: Administração de serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
2.1 As funções de administração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.2 Gerenciando pessoas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.3 O serviço social na empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.4 Responsabilidade social nas empresas públicas e privadas . . 70
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

Parte 2: Planejamento: Instrumento de Trabalho
do Serviço Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Tema 3: Planejamento Social: Aspectos Introdutórios . . . . . . . . . . 81
3.1 Conceituando e definindo planejamento social . . . . . . . . 81
3.2 Pilares do planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
3.3 Planejamento estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
3.4 Planejamento participativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Tema 4: Gestão de Serviços Sociais em Órgãos Públicos e Privados . . . 113
4.1 A gestão dos serviços sociais na contemporaneidade. . . 113
4.2 Elaborando planos, programas e projetos sociais . . . . . . 121
4.3 Avaliação e controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
4.4 O planejamento nos processos de trabalho do serviço
social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
Concepção da Disciplina
Ementa
Principais teorias da Administração: Abordagens
conceituais de administração; Principais teorias de
administração; Transição: Teoria da administração
para teoria das organizações; Modelos gerenciais na
organização de trabalho. Administração de serviços:
As funções de administração; Gerenciando pessoas;
O Serviço Social na empresa; Responsabilidade social
nas empresas públicas e privadas. Planejamento
social: aspectos introdutórios: Conceituando e definindo planejamento social; Pilares do planejamento;
Planejamento estratégico; Planejamento participativo.
Gestão dos serviços sociais em órgãos públicos e
privados: A gestão dos serviços sociais na contemporaneidade; Elaborando Planos, programas e projetos
sociais; Avaliação e controle; O planejamento nos
processos de trabalho do Serviço Social.

Objetivos
Geral
Possibilitar conhecimento sobre procedimentos
e técnicas administrativas que viabilizem a prática
profissional quanto à organização, estruturação e
implementação de serviços, programas e projetos
sociais em organizações públicas e privadas
Específicos
•

Compreender a importância do estudo da
Administração e do Planejamento para a formação do assistente social;
•

Possibilitar apreender conceitos e caracterizar o
processo de planejamento no âmbito público,
privado e das organizações da sociedade
civil relacionando com a prática profissional;

•

Capacitar para planejar, organizar e administrar
benefícios e serviços sociais;

•

Refletir criticamente os modelos gerenciais
nas organizações e as demandas postas ao
Serviço Social no contexto atual.

Orientação para Estudo
A disciplina propõe orientá-lo em seus procedimentos de estudo e na produção de trabalhos científicos, possibilitando que você desenvolva em seus trabalhos pesquisas, o rigor metodológico e o espírito crítico
necessários ao estudo.
Tendo em vista que a experiência de estudar a
distância é algo novo, é importante que você observe
algumas orientações:
•

Cuide do seu tempo de estudo! Defina um
horário regular para acessar todo o conteúdo
da sua disciplina disponível neste material
impresso e no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Organize-se de tal forma para
que você possa dedicar tempo suficiente
para leitura e reflexão;

•

Esforce-se para alcançar os objetivos propostos na disciplina;

•

Utilize-se dos recursos técnicos e humanos
que estão ao seu dispor para buscar esclarecimentos e para aprofundar as suas
reflexões. Estamos nos referindo ao contato
permanente com o professor e com os colegas a partir dos fóruns, chats e encontros
presenciais, além dos recursos disponíveis
no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA.
Para que sua trajetória no curso ocorra de forma
tranquila, você deve realizar as atividades propostas
e estar sempre em contato com o professor, além de
acessar o AVA.
Para se estudar num curso a distância deve-se
ter a clareza de que a área da Educação a Distância
pauta-se na autonomia, responsabilidade, cooperação
e colaboração por parte dos envolvidos, o que requer
uma nova postura do aluno e uma nova forma de concepção de educação.
Por isso, você contará com o apoio das equipes
pedagógica e técnica envolvidas na operacionalização
do curso, além dos recursos tecnológicos que
contribuirão na mediação entre você e o professor.
ADMINISTRAÇÃO E O PROCESSO
HISTÓRICO-TEÓRICO DE TRABALHO
NAS ORGANIZAÇÕES
Parte 1
1

Principais Teorias da
Administração

Estamos iniciando mais uma disciplina do curso de serviço
social. Neste livro iremos refletir sobre a concepção teórica da administração, seus instrumentais e a sua aplicabilidade para o serviço
social.
Neste sentido, para uma melhor compreensão acerca do tema,
faz-se necessário entendermos a origem da teoria geral da administração, as principais teorias administrativas e a transição para a
administração como técnica social (teoria das organizações).
14

Administração e Planejamento em Serviço Social

1.1 Abordagens conceituais de administração

1 Idalberto
Chiavenato é o
estudioso da área
de administração
mais conhecido no
país.

A administração é uma ferramenta que é
inerente ao cotidiano de todas as pessoas. Qualquer
processo que venhamos a desenvolver precisamos
planejar e administrar algo.
Podemos utilizar como exemplo uma simples
reforma ou construção de uma casa. Paremos um
pouco para pensarmos sobre isso.
Para realização dessa reforma, primeiro o
engenheiro precisa planejar e projetar o que pretende fazer, depois contratar os profissionais necessários (pedreiro, carpinteiro, eletricista, pintor,
dentre outros), bem como escolher o fornecedor
para a compra da matéria-prima (telha, cimento,
madeira, etc).
Em seguida, o acompanhamento e administração de todo o desenvolvimento da obra são
imprescindíveis para que o objetivo final seja
alcançado.
Neste exemplo, podemos constatar que a administração está em tudo que fazemos ou pensamos em realizar, desde um evento, uma aula acadêmica, comercialização de algo, ou uma linha de
produção.
Desta forma, para iniciarmos o nosso estudo,
precisamos primeiramente compreender o que significa a palavra administração. Você poderia refletir
alguns minutos sobre o que realmente seria a
administração?
A palavra administração é derivada do latim
ad (que significa direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), ou seja, significa
aquele que realiza uma função abaixo do comando
de outrem, isto é aquele que presta serviço a outro
(CHIAVENATO1,2007, p 04).
Tema 1

| Principais teorias da administração

Esse autor também esclarece que administração
é o processo ou meio de planejar, organizar, dirigir
e controlar a ação de uma organização com a
finalidade de alcançar os objetivos globais.
Por isso, como vimos, pensar em administração
remete-nos a percebermos que a prática administrativa sempre esteve presente no cotidiano de
todas as sociedades. Esta prática é percebida desde
o desenvolvimento e a realização das atividades
domésticas, atividades como a pesca, e em todas
as relações de produção estabelecida por cada povo.
Percebemos, também através da história da
humanidade, que sempre houve alguma forma de
associação entre os homens para que através do
esforço conjunto atingissem os objetivos que isoladamente não seria possível.
Através dos dados históricos encontramos
alguns exemplos de dirigentes que foram capazes
de planejar e guiar milhares de trabalhadores na
construção de monumentais obras, como Egito,
Mesopotâmia, Assíria, bem como grandes estrategistas, a exemplo de Alexandre, o Grande 2 (356
a.C – 323 a.C).
Estes modelos revelam-nos que no decorrer
da história sempre existiu uma forma rudimentar de
administrar as organizações.
Desta forma, podemos extrair uma primeira
ideia de que o processo de administrar está fortemente vinculado a qualquer situação em que
pessoas utilizam-se de determinados recursos para
atingir um objetivo final.
A história revela-nos, também, que os principais acontecimentos que caracterizaram os
primórdios da administração foram permeados
pelos fatos sociais, econômicos e políticos que
formavam o cenário onde estavam contidas as
organizações do passado.

15

2 Uma das personalidades mais fascinantes da história.
Responsável pela
construção de um
dos maiores impérios que já existiu.
Sua inteligência e
gênio estratégico se
tornaram lendários.
Fonte: www.educacao.uol.
com.br/historia
16

Administração e Planejamento em Serviço Social

3 Aconteceu
na Inglaterra e
encerrou a transição
entre feudalismo
e capitalismo, a
fase de acumulação
primitiva de capitais
e de preponderância
do capital mercantil
sobre a produção.
Fonte:www.culturabrasil.
org/revolucaoindustrial.htm

Neste período, não existiam organizações da
forma como conhecemos hoje. A sociedade produzia
suas mercadorias através de pequenas indústrias
domiciliares, não havia divisão de trabalho e a
produção estava a cargo dos artesãos.
Esses artesões eram responsáveis em definir
qual seria a matéria-prima que seria utilizada, ir em
busca dessa matéria-prima, confeccionar o material
e vendê-lo nas proximidades.
Este modelo era básico e regido por regras
próprias conforme suas necessidades e o mercado
desses produtos girava em torno da região.
Desta forma, já podemos perceber que o
primeiro método de organização foi o sistema doméstico de produção. Neste modelo de sistema,
o comerciante fornecia a matéria-prima aos trabalhadores individualmente, que utilizando suas próprias ferramentas transformavam-nas em produtos
para comercialização.
Este modelo era caracterizado pelo controle
total dos artífices e artesãos em todas as fases
da produção, ou seja, eles possuíam uma visão
global do processo produtivo do início até a sua
conclusão.
Por volta do início do século XVIII, houve um
grande crescimento do mercado consumidor, refletindo na ampliação do comércio. Contudo, o sistema doméstico tornou-se insuficiente no suprimento
das novas demandas de produção, o que possibilitou o surgimento das fábricas.
Somente a partir da segunda metade do
mesmo século, sob a forte influência da revolução
industrial3 , que inicia com a invenção da máquina
a vapor, houve a necessidade de organizar e
controlar a produção em larga escala.
Tema 1

| Principais teorias da administração

Esse fenômeno provocou o aparecimento e
estruturação de grandes empresas e da moderna
administração, ocasionando em rápidas e profundas
mudanças econômicas, sociais e políticas.
O que se percebeu foi a grande mudança na
forma de trabalho que alterou os padrões econômicos e sociais da época. A habilidade do artesão
foi substituída pela máquina, ocasionando uma
produção com maior rapidez, melhor qualidade e
menor custo.
Porém, a principal consequência da revolução
industrial foi o surgimento da organização e de
empresas modernas. A produção passa a ser em
larga escala, atende-se a mercados mais distantes
aperfeiçoando assim os meios de transporte.
Desta forma, com a revolução industrial
desenvolvem-se novas formas de organização do
trabalho, amplia-se a concorrência, e surge
a necessidade de capacitação para a produção.
Por outro lado, no campo social, vários foram os impactos ocasionados pela revolução industrial. O desenvolvimento da máquina muda a
relação homem com a natureza; cresce o êxodo
rural e surgem os centros industriais e a produção
familiar é substituída pela produção nas fábricas
(MOTTA, 2001, p. 03).
A revolução industrial deu início à era industrial, que passaria a definir o modelo econômico
mundial até o final do século XX. Este modelo econômico seria o divisor e diferenciador entre os países industrializados dos países não industrializados.
A partir desses fatos as empresas sentiram a
necessidade de maior estruturação no atendimento
às demandas da sociedade. Estabeleceram, portanto,
novas formas de pensar o processo administrativo
no enfrentamento da concorrência pela busca do
oferecimento de produtos com qualidade e
menor custo.

17
18

Administração e Planejamento em Serviço Social

4 Conceito que será
estudado no item
1.4 deste capítulo.

Com o progressivo crescimento do tamanho
e da complexidade das empresas, a administração
começou a vivenciar certos desafios e dificuldades
para os seus dirigentes.
Esses fatos foram fundamentais no processo
administrativo, pois serviram de berço para a estruturação de estudos científicos com a finalidade de aperfeiçoar o processo de produção das organizações.
Nesse momento surgiu a necessidade de
uma teoria da administração que permitisse oferecer modelos e estratégias adequadas à solução
de cada problema empresarial. Assim, as teorias
administrativas nasceram como pilar científico da
administração.
E por falar em teoria da administração, ela
nada mais é que um conjunto de ideias, princípios
e normas que se complementam para levar a ciência
administrativa ao cotidiano das pessoas e das
organizações, com a finalidade de gerar desenvolvimento, visando alcançar com eficácia e eficiência4
a produtividade e o lucro.
Essas teorias administrativas estabeleceram-se
no início do século XX e influenciaram e contribuíram
para o desenvolvimento das organizações.
Os primeiros esboços de uma teoria geral da
administração, segundo Chiavenato (2007), surgiram
com as seis variáveis básicas, chamada ênfase nas
tarefas, na estrutura, nas pessoas, no ambiente, na
tecnologia e nas competências e competitividade.
Tema 1

| Principais teorias da administração

Essas variáveis suscitaram diferentes teorias
no desenvolvimento da teoria geral da administração (TGA). Elas são constituídas dos principais componentes do estudo da administração das empresas e o comportamento delas se estrutura de forma
sistêmica e complexa em que cada qual influencia e
é influenciada pelos demais componentes.
Cada teoria administrativa valorizou uma ou
algumas dessas variáveis básicas. As principais
teorias administrativas foram:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•

1903 – Administração científica;
1909 – Teoria da burocracia;
1916 – Teoria clássica da administração;
1932 – Teoria das relações humanas;
1947 – Teoria estruturalista;
1951 – Teoria dos sistemas;
1953 – Abordagem sociotécnica;
1954 – Teoria neoclássica;
1957 – Teoria comportamental;
1962 – Desenvolvimento organizacional;
1972 – Teoria da contingência.

Todas essas teorias administrativas foram
importantes, pois surgiram como resposta aos problemas empresarias de sua época. Essas respostas
valorizavam uma ou algumas variáveis básicas da
teoria geral da administração.
Esse avanço da ciência administrativa, que
visava alcançar as rápidas mudanças ocorridas no
mundo industrial, foi embrionado pela busca e
adaptações necessárias para a sobrevivência das
organizações em geral.
No próximo item estudaremos a importância
de algumas teorias para a ciência administrativa,
como também suas origens e precursores.

19
20

Administração e Planejamento em Serviço Social

LEITURA COMPLEMENTAR
CHIAVENATO, Idalberto. Administração: teoria,
processo e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2007.
Nesta obra o aluno encontrará o conceito mais
abrangente do surgimento da administração como
ciência, bem como a reflexão do surgimento da
teoria geral da administração (TGA)
MOTTA, Fernando C. Prestes. Teoria das organizações – evolução e crítica. São Paulo: Thomson,
2001.
Na primeira parte desta obra o aluno encontrará
uma reflexão acerca da teoria administrativa e
organizacional, seus precursores.

PARA REFLETIR
Como você viu neste tópico, o processo administrativo sempre esteve presente na sociedade muito
antes de se estabelecer enquanto ciência. Vimos
também algumas transformações sociais e econômicas ocasionadas pela revolução industrial.
Você consegue observar as mudanças geradas, por
esta revolução, no comércio e nas organizações de
seu município hoje? Realize uma pesquisa sobre
essas mudanças locais e discuta com seus colegas.
Tema 1

| Principais teorias da administração

1.2 Principais teorias de administração
Estudamos no item anterior, que a partir do
século XX a administração se estabelece como
ciência. As bases que fundamentaram a abordagem
clássica da administração foram oriundas das
consequências ocasionadas pela revolução industrial onde exigiu a substituição do empirismo para
as bases dos estudos científicos.
Os primeiros estudos e trabalhos na área da
administração foram desenvolvidos por dois engenheiros. O primeiro foi o americano Frederick Taylor
(1856 - 1915), responsável pelo início da escola da
administração científica. Sua preocupação estava
voltada para o aumento da eficiência da indústria
através da racionalização do trabalho.
Em seguida, o francês Henri Fayol (1841-1925)
que desenvolveu a teoria clássica, em que sua
preocupação era aumentar a eficiência da empresa
por meio de sua organização.
As ideias desses estudiosos constituíram as
bases da abordagem clássica da administração, na
qual se desdobram nas seguintes orientações:
•

Escola da administração científica:

A abordagem da escola da administração
científica era fundamentada nas tarefas da organização, e seus principais métodos científicos eram a
observação e a mensuração (CHIAVENATO, 2004).
Frederick Taylor foi o primeiro teórico
da administração e considerado o fundador da
moderna teoria geral da administração. Seus importantes seguidores foram: Gilbreth (1878-1972),
Gantt (1861-1919), Emerson (1853-1931), Ford
(1863-1947), Barth (1860-1939).

21
22

Administração e Planejamento em Serviço Social

5 Publicação do
livro Administração
de Oficinas (1903).
Fonte: www.infoescola.
com/administracao_/
administracao-cientifica

6 Publicação do
livro Princípios
de Administração
Científica (1911)
Fonte: www.infoescola.
com/administracao_/
administracao-cientifica

A partir de então, toda a teoria das organizações
foi fundamentada em seu trabalho ou dialogou
com suas ideias.
Sua preocupação em elaborar uma ciência da
administração teve como ponto de partida as
experiências concretas de operários, com ênfase
nas tarefas.
Seus estudos estão subdivididos, primeiramente para a racionalização dos métodos5 e
sistema de trabalho, até mais do que com a racionalização da organização do trabalho. E em seguida
houve a preocupação em definir os princípios da
administração6 aplicáveis a todas as situações da
empresa.
Para Taylor, inicialmente era necessário abolir
o desperdício e as perdas que as indústrias sofriam
no processo de produção e elevar a produtividade
através da utilização de métodos e de técnicas da
engenharia industrial.
Constatou-se que os operários aprendiam
como executar suas tarefas observando seus companheiros, o que levava a diferentes métodos para
executar a mesma tarefa e em tempos diferenciados.
A análise científica feita sobre esse processo
era de definir um método de trabalho mais ágil.
(CHIAVENATO, 2007), ou seja, a ideia era que existisse uma única maneira certa de realizar o trabalho.
A intenção era substituir o método empírico
por método científico. Para isso, ele buscou analisar cientificamente os métodos mais rápidos e os
instrumentos mais adequados para se chegar à máxima eficiência, que recebeu o nome de Organização
Racional do Trabalho (ORT).
Também foi verificado que não adiantava racionalizar o trabalho dos operários se seus dirigentes (supervisores, chefes, gerente e/ou diretor) continuavam atuando no mesmo empirismo de antes.
Tema 1

| Principais teorias da administração

23

Desta forma, para Taylor, os princípios da
administração científica visavam definir o papel e
o comportamento dos gerentes e chefes. Esses
princípios são:
a) Planejamento: Planejar um método de
trabalho em substituição a improvisação
no processo de produção.
b) Preparo: Selecionar os trabalhadores
conforme suas aptidões e treiná-los
para produzirem em conformidade com
o planejamento.
c) Controle: Supervisão para garantir a
realização do trabalho utilizando o método
estabelecido.
d) Execução: Deliberar atribuições e responsabilidades visando disciplinar a execução
do planejamento.
Um dos mais conhecidos precursores da
moderna administração e divulgador das ideias de
Taylor foi Henry Ford7 (1863-1947) que iniciou seu
trabalho como mecânico, chegando a engenheiro
chefe.
Sua maior contribuição foi a iniciação da
produção em série adotando a linha de montagem,
que mundialmente, essa nova visão de trabalho,
ficou conhecida como modelo fordista de produção.
O fordismo é um modelo de produção em
massa que revolucionou a indústria automobilística
na primeira metade do século XX. Sua ideia era
tornar o automóvel tão barato que todos poderiam
comprá-lo.

7 Para saber
mais você poderá
retornar ao livro
nº 24, Acumulação
Capitalista e Questão Social. Série
Bibliográfica Unit,
2010, p.84
24

Administração e Planejamento em Serviço Social

Para isso, ele utilizou os princípios de
padronização e simplificação de Taylor e desenvolveu outras técnicas avançadas da época.
Ford inovou a organização do processo de
trabalho por possibilitar a produção em grande
quantidade de produtos acabados com qualidade
e menor custo possível.
•

Teoria clássica da administração:

Em 1916, o engenheiro Henry Fayol publica o
livro intitulado “Administração geral e industrial”.
Esta publicação em todos os aspectos complementava os estudos e trabalhos desenvolvidos por
Taylor, pois era destinado à organização como um todo.
Enquanto a administração científica caracterizava-se pela ênfase na tarefa executada pelo operário (a racionalização dos métodos), a teoria clássica
caracterizava-se pela ênfase na estrutura (racionalização da estrutura administrativa) que gerencia o
processo de trabalho. Essas duas teorias possuíam
os mesmos objetivos que era a busca da eficiência
das organizações.
Para Fayol, a garantia da eficiência dependia
da organização como um todo e da sua estrutura,
sejam pelos órgãos (setores, departamentos, seções,
outros) ou pelas pessoas (os ocupantes dos cargos
e executores de tarefas).
Uma de suas contribuições foi o desenvolvimento de uma análise lógico-dedutivo da administração. Ele classifica como funções do administrador o planejar, organizar, coordenar, comandar
e controlar. Porém, dessas funções deduzem os
princípios da administração.
Em relação aos princípios administrativos,
que visavam garantir uma maior produtividade,
os que especialmente referem-se à organização,
Tema 1

| Principais teorias da administração

destacam-se o princípio de comando, da divisão
do trabalho, da especialização e da amplitude de
controle.
Esses princípios tinham como finalidade
resolver os problemas ocasionados pelas relações
entre funcionários, gerados pelas alterações das
relações humanas de uma empresa.
Outro conceito levantado por Fayol está na
diferença entre administração e organização. Para
ele a administração é o todo do qual a organização
é uma das partes. A administração abrange aspectos
que a organização por si só não envolve como
previsão, comando e controle (CHIAVENATO, 2007).
Algumas críticas foram atribuídas à teoria
clássica, como:
a) Abordagem simplificada da organização
formal;
b) Ausência de trabalhos para experimentos e
mensuração para fundamentação científica
às afirmações;
c) Mecanicismo da abordagem;
d) Abordagem incompleta da organização e a
visualização como se fosse um sistema fechado, sem a influência do meio ambiente.
A passagem da administração científica para
a teoria das relações humanas teve como precursor o psicólogo industrial George Elton Mayo
(1880 – 1949).
Mayo realizou importantes estudos acerca da
influência dos fatores psicológicos no processo de
produção. Seus estudos continuam, ainda hoje, a
influenciar o estilo de gerenciamento das empresas.

25
26

Administração e Planejamento em Serviço Social

8 Em 1927 foi realizada a experiência
de Hawthorne numa
fábrica da Western
Eletric Company,
situada em Chicago.
A experiência de
Hawthorne teve o
objetivo de detectar
a relação entre
a intensidade da
iluminação e a
competência dos
operários, medida
por meio do ritmo
de produção.
Fonte: www.infoescola.com/
administracao_/experienciade-hawthorne

Ele defendia a necessidade de humanizar e
democratizar a administração. Suas análises possuíam como foco a ênfase nas pessoas.
A teoria das relações humanas ou escola humanística da administração surgiu nos Estados Unidos, e foi desenvolvida por Elton Mayo (1880-1949)
após conclusões de uma série de experiências
realizadas em uma fábrica de Hawthorne 8.
Os estudos e experiências aconteceram entre
os anos de 1924 e 1932, e se tentava estudar o
impacto das condições físicas de trabalho (iluminação e horários de trabalho) na produtividade dos
operários. Mayo detectou que a produtividade se
mantinha ou aumentava, quando a intensidade da
luz aumentava em excesso ou era reduzida abaixo
do aceitável.
Essa experiência permitiu o delineamento
dos princípios básicos da escola de relações humanas. Neste estudo Mayo sugere um tipo de relação
entre moral, satisfação e produtividade.
Estudamos anteriormente que na administração científica a ênfase estava focada na tarefa.
Porém, na teoria clássica da administração vimos
que a ênfase estava voltada para a estrutura organizacional.
Neste momento, com o início do pensar
em uma abordagem humanística, a administração
muda novamente de foco, tendo como ênfase as
pessoas que participam da organização. Ou seja,
se antes havia uma preocupação com o método de
trabalho, com a máquina, e com os princípios da
administração, na abordagem humanística a prioridade está voltada para uma preocupação com as
pessoas.
A abordagem humanística começou a ser formulada após a morte de Taylor. As ideias de Mayo
inspiraram toda uma linha administrativa, que ficou
conhecida pelo nome de relações humanas.
Tema 1

| Principais teorias da administração

Porém, só a partir da década de 1930, a teoria
das relações humanas começou a ser aceita nos
Estados Unidos. Esta teoria sofreu forte influência
do desenvolvimento das ciências sociais9, principalmente da psicologia.
As ideias de Mayo trouxeram um novo pensar
e uma nova linguagem para a administração, como:
•

O “homo economicus” é substituído
pelo “homo social”. Para ele o homem
deve ser compreendido como todo e seu
comportamento não pode ser reduzido a
esquemas mecanicistas.

•

Começa a utilizar termos como motivação, liderança, comunicação, organização e dinâmica de grupo. O homem
passa a ser visto e movido por necessidades de segurança, aprovação social,
afeto, prestígio e autorrealização.

O método e a máquina perdem o valor
prioritário e são substituídos pela dinâmica de
grupo. De uma forma ou de outra, houve uma
“psicologização” das relações de trabalho.

LEITURA COMPLEMENTAR
FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia – dos
clássicos à sociedade da informação. São Paulo:
Editora Atlas, 2009
Nesta obra o aluno poderá compreender o desenvolvimento das ciências sociais, as abordagens teóricas
e suas influências nas demais ciências.

27

9 Na década de
30, a vitalidade da
sociologia durkheimiana é atestada
pela fecundidade
de grandes temas
e trabalhos com
novos objetos de
pesquisa como
psicologia, economia e geografia
humana (FERREIRA,
2009, p. 78)
28

Administração e Planejamento em Serviço Social

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral
da administração. 7. ed. São Paulo: Campus, 2004.
Nesta obra o aluno, encontrará análises de diversas
teorias da administração, suas características,
possibilidades de aplicação e indispensáveis à
prática administrativa.

PARA REFLETIR
As ênfases estudadas neste item (tarefas, estruturas
e pessoas) estão presentes nas relações de trabalho
no mundo contemporâneo.
Faça uma pesquisa pelas empresas do seu município
e tente perceber e identificar nas relações de
trabalho qual das ênfases estudadas são perceptíveis.
Tema 1

| Principais teorias da administração

29

1.3 Transição: Teoria da administração para teoria
das organizações
No item anterior vimos que a influência da
escola de relações humanas de Mayo inaugura a
preocupação psicossocial no campo da administração.
A partir desta influência poderemos considerar que
a administração é uma técnica social de lidar com
pessoas e processos.
Dentre as teorias e reflexões teóricas que
influenciaram a concepção e o processo administrativo, encontramos no final da década de 1940 o
surgimento da teoria comportamental.
Essa teoria não é considerada uma teoria administrativa, e sim um movimento em que se preocupa
em aplicar as ciências do comportamento na administração. Essa linha teórica ficou conhecida como
behaviorismo10.
A palavra Behaviorismo deriva do termo
inglês behaviour (Reino Unido) ou behavior (EUA)
que significa comportamento, conduta. É, portanto,
um termo universal que congrega correntes de
pensamento na Psicologia que tem em comum o
comportamento como objeto de estudo.
Desta forma, o behaviorismo enquanto teoria
do comportamento adentrou fortemente na teoria
administrativa, gerando uma nova concepção
e novo enfoque dentro da teoria administrativa: a
abordagem das ciências do comportamento (CHIAVENATO, 2007).
Esta nova percepção possuía uma ideia mais
ampla do enfoque das relações humanas. Sua
ênfase estava voltada para as pessoas dentro do
contexto organizacional, ou seja, essa teoria baseava-se
no comportamento individual para esclarecer o
comportamento organizacional.

10

Fonte: www.administradores.com.br/informe.../
behaviorismo
30

Administração e Planejamento em Serviço Social

Entendia-se, portanto, que toda vida mental
era refletida através dos atos, atitudes, gestos, palavras, ou qualquer expressão do homem em relação
a estímulos do meio ambiente.
Esse enfoque da abordagem comportamental
possui duas concepções de mudança. Ela altera a
preocupação que antes estava na estrutura para
a preocupação com os processos organizacionais,
por outro lado o enfoque do comportamento das
pessoas na organização passa a ser visto com comportamento organizacional como todo.
Assim, a teoria do comportamento suscitou
novos conceitos como: motivação, liderança,
comunicação, dinâmica de grupo, comportamento
organizacional, dentre outros.
Este pensamento remete-nos, então, à compreensão de que gerir a organização é gerir um sistema social, alicerçado no conhecimento dos mecanismos da motivação humana e do funcionamento
de sistemas sociais complexos.
Então, entender o papel de um gestor transcende a ideia de chefe hierárquico ou de um especialista técnico, mas sim uma pessoa habilitada na
condução de homens e capaz de motivar os indivíduos que integram a organização.
Na década de 1960, após o surgimento da teoria comportamental, alguns cientistas sociais e consultores de empresas desenvolveram uma abordagem
dinâmica, democrática e participativa que foi denominada de Desenvolvimento Organizacional (DO).
A pretensão desses estudiosos era realizar
uma mudança das organizações de forma que estas
se transformassem em sistemas sociais.
Este período foi percebido como o momento
de repensar a teoria geral da administração e que
sugeria a ênfase em outras variáveis, como ambiente
e tecnologia. Assim, consolida-se a influência na
teoria das organizações.
Tema 1

| Principais teorias da administração

A teoria das organizações, portanto, foi
produto de uma alteração na teoria da administração, tendo como fundamento a evolução da
sociologia, ciência política e da psicologia social
nos Estados Unidos.
Esse movimento versava em um conjunto de
ideias a respeito do homem, da organização e do
ambiente, com a finalidade de proporcionar o crescimento e desenvolvimento das organizações.
A ideia era tentar estudar o sistema social em
que a administração se exerce em face das determinações estruturais e comportamentais.
Relembremos que a preocupação que até
então estava voltada para a produtividade (seja
através das tarefas, estrutura ou pessoas), neste
momento dá lugar à eficiência do sistema.
Assim, podemos definir que todas as instituições são organizações e o que elas possuem
em comum são os aspectos administrativos.
As organizações são sistemas sociotécnicos
com a finalidade de cumprir uma tarefa. E as
instituições são organizações que congregam
normas e valores considerados fundamentais
para a sociedade.
Essas organizações caracterizam-se por três
aspectos importantes:
a) Objetivos: São resultados futuros que se
pretende atingir, ou seja, são os alvos escolhidos que se pretende alcançar em um
determinado período.
b) Administração: Cada organização possui
seus objetivos que diferenciam das demais organizações. Contudo, as organizações assemelham-se na sua composição
administrativa.

31
32

Administração e Planejamento em Serviço Social

c) Desempenho individual: As organizações
são imaginações legais que por si só nada
fazem, controlam ou planejam. São, portanto, as pessoas que decidem e planejam,
isto é, movem e dinamizam a organização.
Peter Drucker (2001) pontua que:
Após a segunda guerra, começamos a perceber que administração não é administração
de empresas. Ela é pertinente
a todos os empreendimentos
humanos que reúnem, em uma
única organização, pessoas com
diferentes conhecimentos e habilidades. [...] A administração
tornou-se a nova função social
mundial. (Drucker, 2001, p. 27)

A administração, bem como suas funções tem
sido constantemente influenciada diretamente pelo
progresso dinâmico da ciência. No entanto, a administração ainda continua sendo a ferramenta básica
para capacitação das organizações e o alcance dos
objetivos organizacionais.
As organizações sempre existiram, desde a
história antiga. Exemplos disso são os faraós que
utilizaram as organizações para construírem as pirâmides e os primeiros Papas que criaram uma igreja universal a fim de servir a uma religião universal.
Na sociedade moderna, as organizações estruturavam-se com a finalidade de satisfazer uma
diversidade de necessidades sociais e pessoais,
dentre elas a de organizar-se. Desta forma, a partir
do desenvolvimento do estudo da administração,
os instrumentos de planejar, coordenar e controlar
foram se aprimorando.
Tema 1

| Principais teorias da administração

Desta forma, podemos perceber que toda
organização possui três elementos fundamentais
para sua existência: pessoas, tarefas e administração.
Na administração encontramos a estruturação
de funções essenciais no processo administrativo,
como: planejamento, organização, liderança e controle do desempenho das pessoas, organizada para
a tarefa. Outro ponto fundamental sobre as
organizações é que elas existem dentro de um
meio ambiente.
Mas o que realmente é organização? Você
sabe que todos nós nascemos em organizações,
somos educados por organizações e chegamos até
a trabalhar em organizações. Isto é, a nossa sociedade é uma sociedade de organizações.
Essa sociedade de organizações possui uma
diversidade de finalidades e objetivos. Porém, mesmo possuindo uma independência organizacional,
existe uma necessidade de comunicação entre as
demais organizações. Ou seja, as organizações contratam entre si os serviços para execução de suas
próprias funções.
Desta forma, as organizações são vinculações
sociais ou agrupamentos humanos constituídos de
uma forma intencional vinculadas a um objetivo
específico.
São esses objetivos que definem e caracterizam o tipo de organização, se são de natureza
econômica ou de natureza social, criadas para obtenção de produtos ou serviços, com a finalidade
de lucro ou não.
As organizações consideradas de natureza
econômica possuem uma característica específica
de empresa com a finalidade lucrativa. Porém, as
organizações de natureza social estão voltadas às
ações comuns ou consideradas de utilidade pública,
firmadas em valores e normas sociais, sem finalidade
lucrativa.

33
34

Administração e Planejamento em Serviço Social

Para uma melhor compreensão poderemos
dividir os tipos de organizações como:
a) Primeiro setor (organizações do governo):
São organizações geridas e administradas
pelo governo e possuem como finalidade
a prestação de serviços à comunidade
em geral e sua manutenção se dá através
de arrecadações de impostos, taxas e
contribuições.
c) Segundo setor (organizações empresariais): Essas organizações possuem
como finalidade o lucro e a comercialização de produtos e/ou serviços. Essas
organizações são classificadas conforme
o seu tamanho, natureza jurídica e área
de atuação.
c) Terceiro setor: É caracterizado pelas organizações de utilidade pública, sem fins lucrativos. São criadas por pessoas que não
possuem nenhum vínculo com o governo.
Nesta característica encontramos as Organizações não-governamentais (ONG’s),
organizações filantrópicas e outras formas
de associações civis sem fins lucrativos.
Toda organização pode ser considerada como
entidade social, por ser constituída por pessoas e
é regida pelos objetivos, pois é delineada para alcançar resultados.
A organização pode ser figurada, primeiramente como organização formal que é baseada em
uma divisão de trabalho natural. Ela é planejada,
definida em organograma e legislação própria, ou
seja, é formalizada oficialmente.
Tema 1

| Principais teorias da administração

Em segundo, a organização informal é a que
surge espontaneamente entre as pessoas, solidifica-se nos costumes, tradições, ideais e normas
sociais.
O estudo, técnicas e funções da administração
são necessárias e importantes para as organizações,
tendo em vista que:
a) As organizações precisam ser gerenciadas.
b) Possuem objetivos e metas a atingir.
c) Conseguem harmonizar objetivos conflitantes.
d) Permite que as organizações alcancem eficiência e eficácia.

LEITURA COMPLEMENTAR
DRUCKER, Peter F. O melhor de Peter Drucker – A
administração. Tradução de Arlete Simille Marques.
São Paulo: Nobel, 2001.
Nesta obra o aluno encontrará um condensado das
ideias do autor, já relatada em outras obras, sobre
as funções, fundamentos e responsabilidades da
administração.
HELOANI, Roberto. “Organização do trabalho e
administração: uma visão multidisciplinar”. 5. ed.
São Paulo: Cortez, 2006.
Neste livro o aluno encontrará um estudo crítico
das teorias de administração através do tempo.

35
36

Administração e Planejamento em Serviço Social

PARA REFLETIR
Como estudamos anteriormente, diversas são as
organizações presentes na sociedade moderna.
Observe e tente identificar, pelo tipo, quantas e
quais são as organizações presentes no seu município.
Fale com seu tutor para auxiliá-lo.

1.4 Modelos gerenciais na organização de trabalho
Neste item estudaremos alguns modelos
gerenciais que influenciam na condução das
organizações. Primeiramente se faz necessário
entendermos o que significa a palavra modelo.
Quando pensamos no nosso cotidiano em
modelo, podemos pensar em algo ou alguém que
em algum momento nos serviu de exemplo, como
professores, amigos, parente, etc.
Ou também, em modelo enquanto estrutura,
a exemplo: modelo familiar, modelo político, modelo
pedagógico, etc.
O grande dicionário da língua portuguesa
(2010) define a palavra modelo como forma, molde
ou aquilo que serve ou deve servir como objeto
de imitação. Já gestão é a arte ou efeito de gerir,
administrar, gerenciar ou dirigir.
Desta forma, poderemos extrair uma primeira
ideia, de acordo com o significado dessas palavras,
que modelo de gestão é, portanto, a arte de gerir
ou gerenciar através de um exemplo que já existe,
realizando as adequações necessárias em conformidade
com as demandas de cada organização.
Tema 1

| Principais teorias da administração

Em um conceito mais elaborado, o modelo
de gestão trata-se de um conjunto de entendimentos
filosóficos permeado por conceitos administrativos
que operacionalizam as práticas gerenciais nas
organizações.
Observe que, a palavra ou o conceito de
modelo carrega um conjunto de relações humanas
e sociais, que a medida do tempo são estabelecidas
com as pessoas. No campo da gestão, numa
perspectiva mais instrumental, o gerir significa
organizar, modelar os recursos financeiros e materiais da organização, bem como as pessoas que a
compõem.
Pensando assim, num modelo de gestão são
congregadas duas dimensões que estão sempre
presentes, a forma que se refere à estrutura, configuração organizacional e função que é a finalidade,
refletida nas tarefas que precisam ser executadas.
Uma das características do Modelo de Gestão
é considerá-lo como uma ferramenta baseada em
conhecimento e experiências anteriores como campo propício à elaboração de métodos e técnicas
de administrar, adequando-os à organização em
conformidade com suas necessidades, cultura e
processos.
A finalidade maior dos modelos de gestão é
promover e facilitar o alcance da eficiência, eficácia
e efetividade. Esses indicadores são mensurados
através de uma avaliação de desempenho do
modelo de gestão adotado.
Compreendendo melhor esses três indicadores,
poderemos perceber que:
•

Eficiência: Significa realizar as tarefas de
maneira coerente, relacionando os resultados com os recursos disponíveis, ou
seja, fazer as coisas bem e corretamente.

37
38

Administração e Planejamento em Serviço Social

•

Eficácia: Significa atingir os objetivos,
relacionando-os com os fins e propósitos. Uma atividade foi eficaz quando
se percebe que os objetivos propostos
foram alcançados.

•

Efetividade: É quando além de atingir os
objetivos propostos, utilizando os recursos
de maneira coerente, também proporcionou
alguma contribuição à sociedade.

Quando as primeiras teorias da administração
surgiram, no contexto da revolução industrial, os
princípios da administração estavam voltados a
indicar aos gerentes como administrar as empresas
baseando-se nas tarefas a serem executadas.
Logo se buscou estabelecer um novo paradigma de qualidade. Para isso, o conhecimento começou a ser embutido no cotidiano industrial, bem
como nas novas técnicas de trabalho.
Neste período, o campo do conhecimento da
administração foi se firmando, bem como o delinear dos primeiros modelos de gestão com o intuito
de capacitar as organizações para uma maior eficiência produtiva.
Nesta perspectiva, são desenhadas as primeiras
percepções sistemáticas de modelos de gestão organizacional. Conhecido como modelo de gestão
tradicional, encontramos os modelos mecânico e
orgânico.
Na constituição desses modelos, já estudados no item anterior, os três importantes formuladores do modelo mecânico de gestão são Taylor,
Ford e Fayol. Neste modelo há centralização das
decisões o que promove um controle hierárquico
absoluto da rotina. Isso torna a organização pesada, lenta impedindo as mudanças e inovações.
Tema 1

| Principais teorias da administração

Logo após esse período, nova proposta de
gestão se abre para o modelo orgânico. Influenciado pela abordagem humanística, esse modelo é
caracterizado pela descentralização das decisões,
redução da hierarquia, delegação de autoridade e
responsabilidade para as pessoas.
A partir da segunda metade do século XX11,
algumas crises abateram o sistema político e
econômico o que foi refletido no enfraquecimento
dos modelos administrativos. Isso levou ao surgimento de novas teorias que buscavam ampliar o
foco de atenção a gestão. (FERREIRA, 2005).
Desta forma, percebeu-se a necessidade de
modelos que vislumbrassem um ambiente organizacional mutável e diferenciado, no qual as
empresas iriam adaptar-se visando à sobrevivência
e crescimento.
Nos últimos 30 anos, as organizações começaram a se preocupar e se conscientizar da importância da revisão dos seus modelos de gestão: as
empresas privadas, motivadas pela sobrevivência
no mercado devido competitividade, e as empresas
públicas, motivadas pela capacidade de desempenhar
bem a sua missão, que é o atendimento com
qualidade na prestação de serviços destinados a
sociedade.
Surgem, assim, os novos modelos de gestão
em que suas principais características perpassam
pela orientação para o cliente, estrutura organizacional flexível, estilo participativo de gestão enfocando o trabalho em grupo e relações de parceria
com outras empresas.
Apresentaremos algumas características básicas dos novos modelos de gestão:

39

11 Os impactos e
reflexos ocasionados pela II guerra
mundial (1939-1945)
40

Administração e Planejamento em Serviço Social

•

12 Toyotismo é o
modelo japonês de
produção, criado
pelo japonês Taiichi
Ohno e implantado
nas fábricas de
automóveis Toyota,
após o fim da
Segunda Guerra
Mundial.
Fonte: www.infoescola.com/
industria/toyotismo

Administração japonesa:

O primeiro modelo de gestão a ser estruturado foi a administração japonesa. Este modelo foi
considerado como um grande marco na história da
administração.
No período pós II Guerra Mundial, o Japão
precisou reestruturar suas indústrias, o que levou à
superação, em um curto espaço de tempo, tornando-se um grande símbolo de evolução. Surge, então, uma tendência de explicar a recuperação da indústria a partir do modelo japonês de organização,
ou modelo Toyota de gestão ou ainda toyotismo12.
Sua principal característica foi a implantação
da qualidade total, bem como o controle de qualidade total e dos Círculos de Controle de Qualidade
(CCQ).
Sua filosofia básica de gestão era pautada no
trabalho em equipe, na relação de fidelidade com o
funcionário, oferecendo-lhe participação nos lucros
e garantia de emprego vitalício em troca de uma
maior dedicação dos trabalhadores e qualidade
total do processo.
•

Gestão participativa:

É um modelo de gestão atual e contemporâneo no qual sua prioridade está nas pessoas, que
fazem parte da organização.
No gerenciamento participativo existe um
comprometimento individual com os resultados
(eficiência, eficácia e qualidade). As condições
organizacionais e os comportamentos gerenciais
proporcionam um ambiente de estímulo à participação de todos os funcionários no processo de
administrar.
Tema 1

| Principais teorias da administração

O objetivo desse modelo pretende melhorar
a qualidade dos processos e da produtividade,
utilizar a flexibilidade na utilização dos recursos
e modificar o clima organizacional.
A forma de participação dos funcionários
caracteriza-se da seguinte forma:
a) Nos círculos de controle de qualidade
(CCQs);
b) Grupos semi-autônomos ou células de
produção;
c) Grupos de melhoria contínua ou times de
qualidade;
d) Comissão de fábrica.
•

Gestão empreendedora:

O modelo de administração empreendedora
teve seu marco no início de década dos anos de
1980, marcado pela pretensão em recuperar a competitividade das empresas americanas em relação
às japonesas.
Surge a necessidade de “reinventar a organização”, diante da exaustão de seu modelo de gestão
tradicional. Desta forma, a gestão empreendedora
possuía como filosofia de trabalho a busca da inovação direcionada para resultados através de equipes
empreendedoras. Todos os funcionários da empresa
passam a atuar como pequenos empreendedores.
Este modelo é extremamente predisposto às
inovações e mudanças sempre as considerando
como oportunidade ao invés de uma ameaça.
Esta linha de gestão defendia a ideia de
busca constante de inovação gerencial, gestão
estratégica e a relação inter empresarial marcada
pela busca de parceria com outras empresas através
de alianças estratégicas e terceirizações.

41
42

Administração e Planejamento em Serviço Social

12 É toda e
qualquer ação de
marketing voltada
para a satisfação e
aliança do público
interno com o
intuito de melhor
atender aos clientes
externos.
Fonte:www.
portaldomarketing.
com.br/artigos/
endomarketing.htm

Além disso, implantou horários flexíveis e
buscou o desenvolvimento de um clima organizacional favorável, através de políticas transformadoras de RH e do endomarketing12.
•

Gestão virtual:

Como modelo de gestão contemporâneo e
emergente, encontramos o que é caracterizado pelas empresas virtuais, e que buscam oferecer serviço
diferenciado, porém não se percebe os contornos
da estrutura organizacional.
As principais características desse modelo estão na inovação em produtos e serviço, automação
das funções administrativas e estilo participativo
de gestão. Nesse modelo de gestão virtual encontramos como um dos exemplos os bancos virtuais,
sendo este uma grande demanda para a sociedade
contemporânea.

LEITURA COMPLEMENTAR
CARDOSO, Cármen; CUNHA, Francisco Carneiro da.
Gerenciando processos de mudança: a arte de
enfrentar e administrar resistências nas organizações.
Recife: INTG, 1999.
O aluno encontrará alguns tipos de gestão, dentre
elas o modelo de gestão participativa.
FERREIRA, Vitor Cláudio P. Modelos de gestão: série
gestão de pessoas. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
Esta obra apresenta uma visão ampla e reflexiva
sobre alguns modelos de gestão e quais suas
concepções.
Tema 1

| Principais teorias da administração

PARA REFLETIR
Procure identificar quais características, dos modelos
estudados, você conhece. Relacione-as a organizações do seu município.
Lembre-se de discutir com os colegas no encontro
presencial.

RESUMO
Aprendemos neste item que a administração, enquanto técnica, sempre esteve presente na dinâmica
da sociedade desde a história antiga. A teoria geral
de administração (TGA) surgiu por consequência da
revolução industrial a qual exigiu a substituição do
empirismo para as bases dos estudos científicos.
Os precursores da TGA estabeleceram os primeiros
métodos administrativos a partir de diferentes
ênfases, em que estudamos Taylor, Ford, Fayol e Mayo.
Por fim, vimos que as ideias desses estudiosos
serviram para desenhar os modelos tradicionais de
gestão. Em seguida, os novos modelos foram
instituídos através de experiências e definidos
como toyotismo, participativo, empreendedor. Atualmente, em emersão está o modelo de empresa virtual.

43
2

Administração de Serviços

Neste item estudaremos as ferramentas administrativas a partir
de suas funções e princípios, a estrutura de modelo de gestão de
pessoas, como se estrutura o serviço social na empresa, bem como a
responsabilidade social das organizações, em que é considerado um
dos campos de atuação do assistente social.
46

Administração e Planejamento em Serviço Social

2.1 As funções de administração
Estudamos, anteriormente que o processo
administrativo sempre esteve presente no cotidiano e na dinâmica da sociedade.
Vimos no capítulo anterior que sempre houve a
necessidade de estabelecer os métodos de organização do trabalho hierárquico. Administrar, então, pode
ser estabelecido como um processo de aplicação de
princípios e funções visando ao alcance de objetivos.
A administração não é uma atividade executora de ações, mas condutora de pessoas e de
recursos humanos, técnicos e financeiros para a realização dos objetivos.
Na abordagem da teoria clássica, estabelecida
por Fayol na qual há a ênfase na estrutura organizacional, a abordagem estava voltada para uma visão
sintética, global e universal. Em outras palavras, a
organização formal é estruturada de diferentes órgãos, suas relações e suas funções dentro do todo.
Ele definiu que, em uma organização, existem
as funções administrativas e outras funções não administrativas ou funções operacionais. Na estrutura organizacional cabe aos níveis mais elevados o
predomínio das funções administrativas, sendo que,
nos demais níveis e cargos predominam as demais
funções, caracterizadas como não administrativas.
Toda empresa exerce seis funções básicas que
são consideradas essenciais a toda organização:
• Funções técnicas (produção ou operações):
É a parte da empresa que possui a finalidade
de realizar a transformação da matéria-prima em
produtos ou serviços para atender às necessidades
do cliente.
Tema 2

| Administração de serviços

• Funções comerciais (marketing):
É responsável em estabelecer as relações entre os clientes e a organização. Também, realiza pesquisa para o desenvolvimento de produtos, bem
como, estabelece política de preço, distribuição e
divulgação ou publicidade e propaganda.
• Funções financeiras:
É responsável por toda a política dos recursos da organização. Possuem como responsabilidade os financiamentos, investimentos, controle e
condução dos recursos.
• Funções contábeis:
São atribuições que atuam interligadas às funções financeiras, e são responsáveis pela realização
dos inventários, registro, orçamento, balanços, custos
e estatística da organização.
• Funções de segurança:
A principal finalidade dessa função está em
proporcionar a proteção e preservação dos bens e
das pessoas. Atualmente as organizações contemporâneas têm atrelado essa função à gestão de pessoas.
• Funções administrativas:
São atribuições que integram a hierarquia
maior às demais funções. As funções administrativas coordenam e comandam as outras cinco funções (não administrativas), constituindo-se na mais
importante.
As funções administrativas, desta forma,
estabelecem as próprias atribuições e funções do
administrador. Para Fayol, o ato de administrar é
composto por cinco funções administrativas, como
planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar.

47
48

Administração e Planejamento em Serviço Social

O papel e o trabalho de um administrador ou
dirigente são estabelecidos através das tomadas de
decisões, definição de metas, diretrizes e delegação
de tarefas. Desta forma, as funções administrativas
são fundamentais e sem elas o ato de administrar
seria incompleto.
As várias funções do administrador ou dirigente, consideradas numa perspectiva global, compõem o processo administrativo. Ou seja, as ações
de planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar, quando consideradas separadamente constituem em funções administrativas. Porém, quando
visualizadas na sua abordagem total para o alcance
dos objetivos, constituem, portanto em processo
administrativo.
Desta forma, as funções administrativas não
são estáticas, elas formam um processo ciclo administrativo e à medida que esse ciclo repete-se
esse processo é realimentado criando contínuos
ajustamentos das funções.
Essas funções são constituídas pelos seguintes elementos da administração:
• Planejamento:
É considerado como método ou processo de
projeção do trabalho como deverá ser realizado,
considerando os equipamentos e todos os recursos
organizacionais.
No processo de planejamento, as decisões
adotadas determinarão o destino da empresa, por
isso o planejamento é considerado a primeira função administrativa e que também define e avalia o
desempenho da empresa ou organização.
O processo de planejamento de uma organização pode ser caracterizado em três perspectivas
distintas, como planejamento estratégico, tático e
operacional.
Tema 2

| Administração de serviços

• Organização:
É a função administrativa que se relaciona
com as atribuições de tarefas, acumulação de tarefas em equipe e distribuição dos recursos. Isto se
dá através de estabelecimento de autoridade e de
recursos necessários.
Ou seja, é o processo de estruturação e arrumação de toda cadeia organizacional, desde o
fluxo de pessoas, matérias, rotinas até métodos de
trabalhos, para que assim, os objetivos possam ser
atingidos eficientemente.
No planejamento é definido que objetivos a
empresa deve atingir, porém, na etapa da organização, são implantadas as formas e maneiras como
esses objetivos serão realizados.
• Comando:
Essa função está diretamente ligada a dirigir
e orientar pessoas. A finalidade é aperfeiçoar e
dinamizar a empresa através da execução das tarefas
de forma eficiente pelas pessoas.
Essa função administrativa é a que necessita
envolver e utilizar influência de motivação das
pessoas para o alcance dos objetivos.
• Coordenação:
É considerada uma das importantes funções
do administrador, pois requer a necessidade de
unir, harmonizar todos os atos e esforços para atingir
os objetivos.
• Controle:
Essa função envolve todo procedimento de
avaliação das atividades da organização com o intuito de mensurar o alcance dos objetivos. Desta
forma são estabelecidos padrões e indicadores
de desempenho.

49
50

Administração e Planejamento em Serviço Social

Essa função administrativa funciona como
um indicador para apontar o momento em que é
necessário realimentar os objetivos.
O controle deve se fundamentar no plano de
trabalho estabelecido, acompanha os resultados
obtidos e avalia se houve desvio de metas.
A função de controle pode ser caracterizada
em duas perspectivas, em nível organizacional que
avalia o desempenho das organizações, e como
crescimento de vendas, lucratividade e investimentos.
Porém, o controle em nível operacional avalia os
métodos, as tarefas e as pessoas.
Ao estudarmos as funções administrativas
precisamos atentar que o processo administrativo
apresenta duas características importantes.
A primeira, o processo administrativo é cíclico e repetitivo, e em cada ciclo a tendência é que
haja o aperfeiçoamento constante.
A segunda característica é que o processo
administrativo é interativo, ou seja, cada função
interage com as demais em que influencia e é influenciado pelas demais.
Para Fayol, a partir das funções do administrador, ele refletiu sobre sua própria experiência como gerente e identificou algumas técnicas e
métodos administrativos que se desdobraram nos
princípios gerais da administração. Esses princípios
são universais e aplicáveis a qualquer situação que
o administrador se depare na organização e orientam como o administrador deve proceder.
Fayol listou 14 princípios gerais da administração
(CHIAVENATO, 2007), quais são:
1. Princípio da divisão do trabalho: É o princípio que consiste na especialização das
tarefas e das pessoas. Consiste na delegação de tarefas específicas a cada órgão
da empresa.
Tema 2

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2. Princípio da autoridade e responsabilidade: Neste princípio, tanto a autoridade como a responsabilidade completamse. A autoridade é o poder decorrente
da posição hierárquica ocupada pela
pessoa, é o direito de dar ordem e esperar
obediência. Porém, a responsabilidade é
uma consequência natural da autoridade.
3. Princípio da disciplina: Neste princípio é
estabelecido o respeito aos acordos entre
a empresa e seus agentes.
4. Princípio da unidade de comando: Defende que cada pessoa deve receber ordens
de apenas um superior, o chefe imediato. Refere-se ao princípio da autoridade
única.
5. Princípio da unidade de direção: Defende
que existe um só comando, chefe, e um
só programa para um conjunto de operações que tenham o mesmo objetivo.
6. Princípio da subordinação dos interesses
individuais aos gerais: Os interesses gerais da empresa devem justapor aos interesses particulares das pessoas.
7. Princípio da remuneração do pessoal:
Esse princípio defende que deve-se haver
justa e garantida satisfação para os empregados, bem como para a organização
como retribuição.
8. Princípio da centralização: Esse princípio
refere-se à concentração da autoridade
maior no topo da hierarquia da organização.

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Administração e Planejamento em Serviço Social

9. Princípio da hierarquia ou cadeia escalar:
Defende que a autoridade deve estar organizada em uma hierarquia, ou seja, em
escala hierárquica sendo que um nível
hierárquico deve sempre estar ligado a
um nível hierárquico superior.
10. Princípio da ordem: Defende que cada
coisa possui o seu lugar, ou cada lugar é
para uma coisa.
11. Princípio da equidade: Pregava que no
tratamento com as pessoas a disciplina
e a ordem melhorariam o comportamento
dos empregados.
12. Princípio da estabilidade pessoal: Entende que a rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da organização. A
ideia é a manutenção das equipes como
forma de proporcionar o seu desenvolvimento.
13. Princípio da iniciativa: É a capacidade de
imaginar um plano e assegurar pessoalmente o seu sucesso.
14. Princípio do espírito de equipe: É o princípio de defesa do desenvolvimento e
manutenção da harmonia entre as pessoas dentro do ambiente de trabalho.
A administração, portanto, é caracterizada
pelo enfoque prescritivo e normativo. O administrador, portanto, deve se posicionar em todas as situações por meio do processo administrativo no qual
os princípios gerais devem conduzir para a obtenção
da eficiência, eficácia e efetividade da organização.
Tema 2

| Administração de serviços

LEITURA COMPLEMENTAR
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos
tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Nesta obra o aluno encontrará uma leitura mais
clara e atual das funções administrativas e o papel
do administrador.
HOLLANDA, Janir et al. Introdução às práticas administrativas: o administrador no terceiro milênio. Rio
de Janeiro: Senac nacional, 2003.
Nesta obra o aluno encontrará uma leitura explicativa
sobre as funções administrativas

PARA REFLETIR
Com base no conteúdo estudado, como você percebe
o papel de um gestor diante da estrutura e das
relações de trabalho que estão sendo estabelecidas
na sociedade contemporânea?
Compartilhe suas opiniões com seus colegas.

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Administração e Planejamento em Serviço Social

2.2 Gerenciando pessoas
Vimos no capítulo anterior que as organizações são constituídas de pessoas e dependem
delas para atingir seus objetivos e cumprir suas
missões. Assim, o contexto da gestão de pessoas é
formado por organização e pessoas.
Desta forma, ao pensarmos em gerenciamento
de pessoas devemos nos reportar à política ou
administração de recursos humanos de uma
organização, ou seja, à área que administra a
força de trabalho.
Destarte, a administração de recursos humanos é o conjunto de políticas e práticas indispensáveis para conduzir os trabalhadores ao alcance dos
objetivos organizacionais e individuais envolvendo
a supervisão e coordenação de pessoas.
A administração de recursos humanos surgiu
no início do século XX, em decorrência do crescimento e complexidade das tarefas na organização,
bem como, dos impactos provocados pela revolução industrial nas relações funcionário e patrão.
Sob a influência da industrialização clássica,
neoclássica e da era de informação diferentes abordagens permearam o processo de como lidar com as
pessoas dentro da organização. A administração de
recursos humanos passou por três etapas distintas:
relações industriais, recursos humanos e gestão de
pessoas (CHIAVENATO, 2010).
Inicialmente, com a denominação de relações industriais, a finalidade era de realizar a
mediação entre a organização e os trabalhadores
visando a redução de conflitos gerados entre os
objetivos organizacionais em detrimento dos
objetivos individuais.
Tema 2

| Administração de serviços

A partir de 1950, esse conceito foi ampliado
passando a ser denominado de administração de
pessoal, que visava não mais intermediar conflito,
mas possuía a preocupação de realizar o registro
dos funcionários. Ou seja, era o setor responsável
pelas rotinas trabalhistas e de administrar as
pessoas em conformidade com a legislação desta
área. Este setor também se responsabilizava pela
realização de treinamentos, avaliação de desempenho,
controle de faltas, entre outras tarefas.
A partir da década de 1970, surgiu o conceito de
recursos humanos. Nesta nova concepção, a ideia
não era somente cuidar da remuneração, avaliação
e treinamento, mas possuía como preocupação o
desenvolvimento organizacional como todo.
Então o departamento de recursos humanos
era responsável também em proporcionar aos funcionários sua integração com a organização através
da coordenação de interesses entre a empresa e os
trabalhadores.
Desta forma, havia uma preocupação com o
ambiente e qualidade de vida no trabalho, com as
relações interpessoais, e com a cultura organizacional.
Esses indicadores permeavam as atividades de
recursos humanos na empresa.
A contribuição da teoria das relações humanas
foi a ênfase em cultivar as boas relações humanas
no ambiente de trabalho, a busca da realização de
um tratamento mais humano às pessoas, através
da adoção de processos administrativos mais
democráticos.
Em seguida, uma nova visão surge, sob a
influência da era da informação, que substitui o
departamento de recursos humanos para o trabalho
em equipe de gestão com pessoas.

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Administração e Planejamento em Serviço Social

Esta nova concepção entendia que as pessoas
deveriam participar da administração da empresa como
parceiros e não apenas como um dos recursos.
Caracteriza-se como modelo orgânico e flexível na
estrutura organizacional na qual existe a predominância das equipes multifuncionais de trabalho.
Esta área é interdisciplinar, pois envolve profissionais diversos, seja do campo da pedagogia,
psicologia, administração, entre outros. E é considerado também como espaço sócio ocupacional do
serviço social.
O assistente social, como estrategista social,
atua no âmbito organizacional subsidiando a organização na elaboração, formulação e execução de
políticas de gestão de pessoas.
Vamos entender um pouco as características
e quais são os processos internos da gestão de
pessoas.
Em uma organização, as pessoas que se colocam em cargos de liderança desempenham as
quatro funções administrativas, estudadas no item
anterior. A gestão de pessoas procura, portanto,
ajudar o administrador ou líder a desempenhar todas essas funções através das pessoas que formam
sua equipe (CHIAVENATO, 2010).
Outra característica da Gestão de pessoas é
que podemos considerá-la como “uma via de mão
dupla”, pois deve conduzir os funcionários a trabalharem em prol da empresa para o alcance dos
objetivos estabelecidos.
Por outro lado, os funcionários esperam receber salários compatíveis com as funções desempenhadas, bem como benefícios que os motivem a
desempenhar suas tarefas.
Assim, o gerenciamento de pessoas deve arquitetar as condições de ambiente em que se
estimule o capital humano e intelectual da organização
de seus funcionários.
Tema 2

| Administração de serviços

Para isso são estabelecidos seis processos
básicos da gestão de pessoas, onde existem uma
relação e influência entre eles. Em relação aos processos encontramos:
• Processo de agregar pessoas:
Constitui a primeira etapa do processo de
gestão de pessoas, que é utilizado para atrair e
incluir novos funcionários na organização. O método
utilizado para tal finalidade é o recrutamento e
seleção.
O recrutamento é uma ação da empresa para
estimular o mercado de recursos humanos (trabalhadores) e dele extraírem os candidatos necessários para o preenchimento de vagas oferecidas pela
empresa.
Além de selecionar pessoas do mercado de
trabalho, o processo de recrutamento e seleção poderá também ser realizado dentro da organização
mediante a promoção ou transferência para cargos
vagos. Assim, o recrutamento poderá ser interno
ou externo.
O recrutamento pode acontecer externamente,
quando a busca para o preenchimento do cargo
se dá fora da empresa. Ou recrutamento interno,
quando a busca acontece entre os trabalhadores da
empresa, com a finalidade de selecionar os aptos
para a promoção ou transferência de cargo.
Desta forma, o recrutamento é considerado
como o canal de condução dos candidatos para o
processo seletivo.
Então, a primeira tarefa do recrutamento externo é divulgar, no mercado de trabalho, a disponibilidade de cargos que a organização pretende oferecer. Essa função é considerada como um
meio de comunicação, pois divulga oportunidades
de emprego ao passo que atrai candidatos para o
processo seletivo.

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Administração e Planejamento em Serviço Social

Após a etapa do recrutamento, inicia o processo de seleção. Nessa etapa, é realizada a comparação
entre as características de cada candidato, em conformidade com as referencias especificas do cargo.
Para a realização da etapa da seleção, algumas técnicas poderão ser utilizadas como: aplicação de prova, análise de currículo, entrevista, dinâmica de grupo ou sociodrama simulando situações
que poderão ser vivenciadas na empresa.
• Processo de aplicar pessoas:
Após o processo de recrutamento, seleção e
contratação dos candidatos aprovados no processo
seletivo, é necessário que essa pessoa passe por
um processo de integração.
Esta etapa refere-se ao momento de socialização organizacional. Ou seja, é o período onde
se estrutura o esquema de boas vindas aos novos
funcionários.
Nessa etapa, o novo funcionário é posicionado ao cargo e as tarefas que serão desenvolvidas
e a fixação da cultura organizacional, os valores, as
normas e os padrões de comportamento adotados
pela empresa. Sua principal finalidade é propiciar
um ambiente favorável de acolhimento durante a
fase inicial de trabalho.
Para realizar o processo de socialização, alguns métodos são utilizados como: o processo seletivo, conteúdo do cargo, supervisor como tutor,
grupo de trabalho e o programa de integração.
• Processo de recompensar pessoas:
É o processo utilizado para estimular e motivar
os funcionários através da satisfação de suas
necessidades individuais adotando o sistema de
recompensa, remuneração, benefícios e serviços
sociais.
Tema 2

| Administração de serviços

O método de recompensa é o processo que
compreende todas as formas de pagamento dadas
aos funcionários em decorrência de seu trabalho.
A recompensa pode ser considerada como
financeira (prêmios, comissões, salários) e não financeira (férias, gratificações). A recompensa mais utilizada é a remuneração total.
A remuneração total é um conjunto de
recompensas quantificáveis que é constituída por
três componentes:
a) Remuneração básica: É representada pelo
salário mensal;
b) Incentivos salariais: São programas voltados a recompensar seus funcionários pelo
bom desempenho de atividades;
c) Benefícios e serviços sociais: São formas indiretas de compensação e podem ser consideradas como vantagens concedidas pela
organização na forma de pagamento adicional. Os benefícios sociais constituemse de serviços com o intuito de satisfazer
os objetivos individuais, econômicos e
sociais dos funcionários. Exemplo disso é
a assistência médica, o seguro de vida, o
ticket alimentação, o transporte, a previdência privada, entre outros.
• Processo de desenvolver pessoas:
É o método de capacitar para o desenvolvimento de competências, seja em nível pessoal ou
profissional dos funcionários.
Segundo Chiavenato (2010), existe uma diferença entre desenvolvimento e treinamento. O treinamento é sempre orientado para o presente, em
que se busca melhorar as competências e habilidades relacionadas diretamente com o cargo.

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Administração e Planejamento em Serviço Social

O desenvolvimento de pessoas focaliza,
geralmente, na preparação dos funcionários para
o despertar de novas competências e habilidades
que poderão ser desempenhadas no futuro.
• Processo de manter pessoas:
São métodos utilizados para estimular condições
ambientais e psicológicas suficientes para um bom
desempenho das atividades.
Essa concepção é permeada pelas concepções de cultura organizacional, clima, disciplina,
higiene, segurança e qualidade de vida.
• Processos de monitorar pessoas:
São métodos estabelecidos para acompanhar
e controlar o desenvolvimento dos funcionários e
seus resultados. Um instrumento utilizado é o banco de dados com informações atualizadas sobre
seus funcionários.
Outro ponto está em estabelecer regras para
a demissão de um profissional, bem como adotar
um controle em relação a objetivos e tarefas executadas pelos funcionários como também um rígido
controle de frequência dos empregados, o instrumento mais adotado é o registro de cartão de ponto.

LEITURA COMPLEMENTAR
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2010.
O aluno encontrará nessa obra o conceito de
modelo de gestão de pessoas e as tendências nessa
área.
Tema 2

| Administração de serviços

STAREC, Claudio; GOMES, Elisabeth e BEZERRA, Jorge.
Gestão estratégica da informação e inteligência
competitiva. São Paulo: Saraiva, 2006.
O aluno encontrará na parte IV dessa obra análises
sobre a gestão estratégica de RH.

PARA REFLETIR
Pesquise entre amigos e familiares os serviços sociais/benefícios que são oferecidos pelas empresas.
Discuta com os colegas no encontro presencial os
serviços sociais que você considerou em maior predominância.

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Administração e Planejamento em Serviço Social

2.3 O serviço social na empresa

14 A economia baseada no latifúndio,
na monocultura e
na exportação dos
produtos agrícolas
para os países
europeus.

15 Criado pelos
empresários do
comércio e da
indústria, no
momento pós
-guerra, e visava
assistir, através
de prestação de
serviços sociais e
aperfeiçoamento
técnico profissional
de seus funcionários
e familiares.

Analisar a inserção do Serviço Social na empresa requer compreender o processo de desenvolvimento econômico do país. O Brasil teve como
principal característica de sua economia até 1930 a
produção e exportação de produtos agrícolas, caracterizando-se como país agroexportador14. Os países
europeus foram os principais importadores dos nossos produtos agrícolas e exportadores de produtos
manufaturados (industrializados) para o Brasil.
Com o advento da II Guerra Mundial que provocou o desmantelamento da economia dos países
europeus, consequentemente ocasionou mudanças
na economia internacional, tais como incentivar os
países agroexportadores a começarem a se industrializar, já que a Europa não conseguia mais exportar produtos manufaturados diante da quebra
de muitas de suas indústrias e porque sua produção estava voltada para a indústria bélica e para o
abastecimento do mercado interno.
Portanto, podemos afirmar que a II Guerra
Mundial ocasionou o processo de industrialização
dos países agroexportadores, a exemplo do Brasil.
Esse processo ficou conhecido no Brasil
como o período da Substituição das Importações,
o que significa dizer que o país passou a produzir
os produtos que eram importados, os produtos manufaturados. Começa, assim, o processo de industrialização e urbanização do país que se concentrou
na região sudeste nos estados de São Paulo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro.
Nos anos de 1940 surgiu no país o Sistema S15
que englobavam o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da Indústria
(SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(SENAC) e o Serviço Social do Comércio (SESC).
Tema 2

| Administração de serviços

Esse, então chamado Sistema S, tinha como
principal objetivo promover ações de formação profissional, qualificar mão de obra para atender as
necessidades do mercado de trabalho, além dessa
atuação começou a desenvolver atividades visando
ao bem-estar social, incluindo saúde, educação,
lazer, cultura, esporte, transporte e vestuário, através
do SESC e do SESI.
É neste momento que se inicia a inserção
do Serviço Social na Empresa, trabalhando com
ações voltadas para qualificação da mão de obra,
promoção da saúde, lazer, educação, transporte,
enfim, do bem–estar social do trabalhador e sua
família, visando, assim, resolver os conflitos que
surgiram entre os operários e os patrões.
A intervenção do Serviço Social consolidouse durante as décadas seguintes, principalmente na
passagem dos anos de 1970 para 1980 com a consolidação da industrialização do país, da organização e reivindicação dos trabalhadores por melhores
condições de trabalho e vida, e da intervenção do
Estado nas expressões da Questão Social por meio
do desenvolvimento de políticas sociais que requisitaram uma ação técnica profissional.
Em 1970 o modelo de produção capitalista
que predominava no país era o Taylorista/Fordista
baseado na organização da produção rígida, verticalizada, parcelada e em larga escala.
Nesse período o regime político vigente era
a Ditadura Militar, que tinha como principais características o cerceamento da liberdade, repressão
política, o incentivo à industrialização e o desenvolvimento de políticas sociais assistencialistas,
fragmentadas, setorializadas, apesar dessa política
e da ação repressora do Estado os trabalhadores
organizaram-se em diversos movimentos sociais,
entre eles nas comissões de fábricas e sindicatos
para lutar por melhores condições de trabalho, de
vida e pelo fim do Regime Militar.

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Administração e Planejamento em Serviço Social

16 No final da
década de 1970
0 Serviço Social
vai romper com o
Conservadorismo,
através do
movimento de
intenção de ruptura,
neste período vai
a adotar a teoria
social crítica como
aporte teórico para
fundamentar sua
formação e exercício
profissional, construindo base para
consolidação do
Projeto Ético Político
profissional que
tem como um dos
princípios a defesa
e fortalecimento das
classes subalternas.

Vale ressaltar, que a década de 1970 e 1980
foi de suma importância para construção da cidadania, é nessa ocasião que o nosso país vivencia um
momento de grande efervescência de organização
das classes subalternas que passa a se organizar
nos movimentos sociais, movimentos populares,
sindicatos e nos partidos políticos para reivindicar
o fim da Ditadura Militar, a instauração da democracia, pela elaboração de uma legislação social que
garanta direitos sociais, civis e políticos.
Nesse período vai existir uma expansão do
Serviço Social nas empresas, o profissional de
Serviço Social é inserido no quadro profissional,
especificamente no setor de recursos humanos,
tanto das empresas privadas como nas empresas
públicas estatais para desenvolver um trabalho de
cunho educativo e assistencial com o trabalhador
e sua família.
A intervenção do Serviço Social visa mediar
o conflito empregador/empregado desenvolvendo
uma ação que beneficia o capital auxiliando no
controle e disciplinamento do trabalhador, aumentando a produtividade e lucratividade e, ao mesmo
tempo, colaborando com os trabalhadores com
ações que permitem garantir a manutenção da força
de trabalho por meio de benefícios que promovem
o bem-estar do trabalhador e da sua família.
A partir dessa intervenção particular do Serviço
Social na contradição capital/trabalho que o profissional vai se perceber como trabalhador assalariado que está submetido às mesmas condições de
trabalho que os demais trabalhadores da empresa.
Neste sentido, o assistente social começa a
problematizar as estratégias e objetivos desenvolvidos pela empresa no sentido de qualificar sua
prática profissional criando estratégias para fortalecer o projeto político das classes subalternas16.
Tema 2

| Administração de serviços

No final da década de 1970 o sistema capitalista entra em crise, suas altas taxas de lucro
estão ameaçadas diante da crise do petróleo e da
superprodução.
Diante desta crise o sistema capitalista procura introduzir novos métodos de produção e gestão para alavancar as taxas de lucro, essa fase será
denominada por alguns autores como processo de
reestruturação produtiva do Capital ou de Terceira
Revolução Industrial.
As principais características são:
a) A financeirização da economia;
b) A introdução de tecnologias avançadas no
processo de produção;
c) A ênfase em processos informacionais;
d) A desregulamentação dos mercados;
e) A flexibilização do trabalho, expressas em
novas modalidades de contratação (trabalho
temporário e subcontratação);
f ) Desemprego estrutural;
g) Supressão dos direitos sociais;
h) Fusão de grandes empresas (empresas
Multinacionais);
i) A desterritorialização da produção, ou seja,
uma mesma indústria possui diversas filiais em outros países;

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66

Administração e Planejamento em Serviço Social

j) Busca desenfreada por matérias-primas
abundantes (recursos naturais);
k) Mão de obra barata e investimentos massivos
em marketing.
Esse novo modelo de organização da produção
é denominado de Toyotismo, baseado na organização
flexível, horizontal, produção de acordo com a
demanda, o que significou enxugamento da quantidade de trabalhadores na produção, a exigência
de um trabalhador polivalente e altamente qualificado, uma gestão centrada no discurso da colaboração
e integração do funcionário, ou seja, deixa de ser
um trabalhador para ser colaborador, fazer parte da
empresa.
O Brasil vai iniciar a introdução desse novo
modelo de organização da produção nos anos de
1980, mas sua consolidação aconteceu na década
de 1990. Cabe mencionar que a década de 1990
é conhecida como período de introdução e consolidação da Política Neoliberal que significou a
minimização da ação do Estado na regulação da
vida social e ampliação da intervenção do mercado
na vida social.
Para isso, o empresariado brasileiro necessitou elaborar estratégias sociopolíticas para obter
a legitimidade dos trabalhadores, neste sentido introduzir na gestão empresarial novas técnicas de
trabalho baseada na filosofia do participacionismo
e na colaboração dos trabalhadores na gestão,
através da participação nos processos de decisão
da produção e do diálogo direto entre patrão e
trabalhador, buscando esvaziar o papel político dos
sindicatos.
Tema 2

| Administração de serviços

As novas políticas desenvolvidas pelos
recursos humanos das empresas podem ser resumidas nos seguintes aspectos, segundo Amaral &
Cesar (2009): crescimento dos investimentos empresariais com a qualificação da força de trabalho;
introdução de técnicas e métodos de gerenciamento participativo, com forte apelo ao envolvimento dos trabalhadores com as metas empresariais; combinação do sistema de benefícios e
serviços sociais com as políticas de incentivo á
produtividade do trabalho; e adoção de práticas de
avaliação e monitoramento do ambiente interno.
As mudanças no âmbito do gerenciamento do
recurso humano trouxeram novas e velhas demandas para o Serviço Social. Permanece o trabalho
educativo voltado para mudanças de hábitos, atitudes e comportamentos do trabalhador objetivando
sua adequação ao processo de produção além de
intervir no âmbito da vida privada do trabalhador,
ambiente familiar e social, e participar da execução
dos serviços sociais com intuito de promover o
bem-estar social.
As novas configurações no modo de produção
do sistema capitalista reforçam a visão da necessidade de a empresa contratar o profissional de
serviço social por sua intervenção ter uma dimensão pedagógica que pode ser utilizada para neutralizar os conflitos trabalhador/patrão, de intervir
nos processos de reprodução material e espiritual
da força de trabalho, por meio de ações que visam
ao controle, disciplinamento do trabalhador.
Neste sentido traz para o Serviço Social o
desafio de pensar em estratégias para que tais objetivos sejam alcançados, provocando uma mudança
de perfil profissional, deixando de ser mero executor
para ser também formulador desses programas, o
que significa dizer que o Assistente Social tem que

67
68

Administração e Planejamento em Serviço Social

se enquadrar nas novas requisições do mercado
de trabalho que visam contratar um trabalhador
que desenvolva várias funções, o denominado
trabalhador polivalente.
Alguns programas empresariais de que o
Serviço Social participa:
Programa de Treinamento e Desenvolvimento:
promove formação, treinamento, capacitação do
trabalhador, objetivando obter um trabalhador
polivalente e aumentar a produtividade;
Programas participativos: estes programas
são pautados na Gestão de Qualidade Total que
visa à satisfação do cliente externo (consumidor)
e do cliente interno (colaborador), visa promover
ações que fomentem a participação do trabalhador
dentro da ordem da empresa, sendo estimulados
por meio de incentivos simbólicos e materiais, a
exemplo do programa “O Colaborador do Mês”.
Programa de Qualidade de Vida: realização
de ações socioeducativas e da promoção de serviços
sociais, o enquadramento de hábitos e cuidados
com a saúde, lazer, alimentação buscando a
melhoria de vida do trabalhador visando ao aumento
da produtividade.
Programa de Clima ou Ambiência organizacional: promove atividades que têm por objetivo
identificar a percepção do trabalhador sobre o
ambiente de trabalho, a organização, as condições
e relações de trabalho.
As ações desenvolvidas pela empresa com
a colaboração do serviço social visam aumentar a
produtividade e disciplinar o trabalhador, através
do discurso ideológico da participação e da colaboração do trabalhador. “O trabalhador faz parte da
empresa”.
Tema 2

| Administração de serviços

LEITURA COMPLEMENTAR
AMARAL, Ângela Santana do; CESAR, Monica. O trabalho do assistente social nas empresas Capitalistas.
In: Serviço Social: direitos sociais e competências
profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.
Neste artigo o aluno encontrará análises sobre a
inserção do serviço social na empresa e de que
forma as mudanças no mundo do trabalho afetam
o profissional de serviço social.
AMARAL, Ângela Santana do; MOTA, Ana
Elizabete(org). Reestruturação do Capital, fragmentação do trabalho do serviço social. In: A nova
fábrica de consenso: ensaio sobre a reestruturação
empresarial, o trabalho e demandas ao Serviço
Social. 2. ed. São Paulo. Cortez, 2000.
Nesta obra o aluno vai encontrar uma análise do
processo de reestruturação produtiva do sistema
capitalista e seus impactos no mundo do trabalho
com ênfase para os impactos no campo de trabalho
do Serviço Social.

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70

Administração e Planejamento em Serviço Social

PARA REFLETIR
As características apresentadas neste item sobre
a inserção do serviço social na empresa: contradição capital/trabalhador, as fases do desenvolvimento econômico do país, as novas configurações
no modo de produção capitalista, o trabalho de
mediação do serviço entre empregador/empregado
através da sua ação socioeducativa. Reúna um grupo de estudantes e realize uma visita a uma empresa para conversar com a Assistente Social, conhecer
a gestão da empresa e a atuação do Serviço Social
neste espaço.

2.4 Responsabilidade social nas empresas
públicas e privadas
O tema responsabilidade social nas empresas públicas (Estatais) e privadas entrou na agenda
política e social do país na década de 1990, período de consolidação das mudanças no modelo de
produção capitalista, de implantação do Neoliberalismo na gestão do Estado, através da reforma do
Estado, que provocou agravamento das expressões
da questão social no país.
O surgimento do termo “Sociedade Civil e
Terceiro Setor”, expressões que passaram a ser
usadas para se referir a uma nova forma de gestão
social na elaboração e execução dos serviços sociais, é decorrente dessas mudanças ocorridas na
década de 1990.
Tema 2

| Administração de serviços

Os aspectos da política, economia e da forma
de gerenciamento do Estado brasileiro, nos anos
de 1990, fazem parte do processo de reestruturação
do capital iniciado no final da década de 1970, nos
países desenvolvidos que impuseram aos demais
países um ajustamento as novas regras do capital internacional, pelo intermédio dos organismos
internacionais 17 , como FMI (Fundo Monetário
Internacional), BM (Banco Mundial), etc.
As principais características dessa nova fase
do sistema capitalista são a financerização da economia, a predominância do capital financeiro sobre
o produtivo, a globalização da economia, a desregulamentação do mercado e a perda de soberania
dos Estados-nação, novos métodos de gerenciamento do Estado pautado na Hegemonia Neoliberal.
Na esfera da produção as empresas adotam
novo padrão de produção e gerenciamento:
a) Investimentos em pesquisas científicas com
intuito de reduzir gastos da produção por
meio da introdução de novas tecnologias
poupadoras de mão de obra e promotora
do aumento da produtividade;
b) Desterritorialização da produção, ou seja,
os núcleos de produção são transferidos
das empresas matrizes, localizadas nos
países desenvolvidos, para as empresas
filiais nos países subdesenvolvidos;
c) O fortalecimento da relação entre o Estado e
as empresas transnacionais. Neste sentido
o Estado busca ofertar as melhores condições para que as indústrias se estabeleçam no país, como legislação previdenciária e trabalhista fraca que não protege

71

17 Esses órgãos
são responsáveis
pela elaboração
e fiscalização de
regras sobre a
política econômica
mundial.
72

Administração e Planejamento em Serviço Social

o trabalhador, a exemplo do baixo salário,
e as isenções fiscais e tributárias. Aliado a
essas características estão a abundância
de matérias-primas e grande contingente
de trabalhadores à procura de emprego.
d) Articulação com outras empresas menores,
através da terceirização dos serviços e cooperação interempresas que fazem surgir as chamadas “empresas rede”. As
grandes empresas lideram de forma hierárquica os diversos setores da produção
e da comercialização de bens e serviços.
e) Articulação com o capital financeiro, o que
significa dizer que o capital produtivo
passa a investir parte dos seus lucros em
outras fontes de rendimentos, como fundo
de pensão, ações etc.
Podemos observar que a produção está
organizada em escala global, o que significa dizer
que o capital é internacional.
As empresas, além de comandarem a produção,
e também o mercado, passam a atuar em outras
esferas da vida social, através do fornecimento de
bens e serviços, tais como: pesquisa, a criação
de infraestrutura econômica e social, atividades
culturais, serviços de assistência e de qualificação
para os trabalhadores e todos que fazem parte
da “empresa rede’.
Essa intervenção atinge os trabalhadores,
acionistas, credores, investidores, Governos, consumidores e a comunidade em que atua, ou seja,
onde está localizada a sede da empresa.
Tema 2

| Administração de serviços

Esse novo modelo de organização e gestão das
empresas é dominado de “Corporate Governance ”18,
significa que a empresa deve modificar seu relacionamento com todos os que estão envolvidos em suas
atividades, potencializando o máximo a sua
capacidade de articulação política.
Os princípios desse modelo de gestão
“Governança Corporativa” são difundidos pelos
organismos internacionais como FMI (Fundo Monetário Internacional), BM (Banco Mundial), BID (Banco
Internacional de Desenvolvimento) que criam indicadores de sustentabilidade econômica e social
que as empresas devem seguir para poder obter
recursos financeiros, credibilidade no mercado e
atração de novos parceiros, ações que contribuem
para elevar a valorização dos lucros.
Um dos indicadores de sustentabilidade que
se vincula à Governança Corporativa é a responsabilidade social empresarial, que atualmente vem
sendo objeto de iniciativas dos empresários no
Brasil e no mundo.
A responsabilidade social empresarial são
ações desenvolvidas pelas empresas para atender
tanto ao público interno (os trabalhadores) como
ao publico externo (consumidores e comunidade).
As atividades destinadas ao seu público
interno, os empregados, são: qualificação de
mão de obra, plano de saúde, plano odontológico,
acompanhamento psíquico social, etc. Podemos caracterizar esses benefícios como salários indiretos.
Já as atividades destinadas ao público externo,
a comunidade, são: ações de proteção ao meio
ambiente, ações assistenciais e emergenciais, como
entrega de cesta básica, cursos de qualificação de
mão de obra para adolescentes e jovens, etc.

18 Governança
Corporativa

73
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  • 1.
  • 2. Itanamara Guedes Cavalcante Ilma Cristina Silva Oliveira Administração e Planejamento em Serviço Social
  • 3. Jouberto Uchôa de Mendonça Reitor Amélia Maria Cerqueira Uchôa Vice-Reitora Jouberto Uchôa de Mendonça Junior Pró-Reitoria Administrativa - PROAD Ihanmarck Damasceno dos Santos Pró-Reitoria Acadêmica - PROAC Domingos Sávio Alcântara Machado Pró-Reitoria Adjunta de Graduação - PAGR Temisson José dos Santos Pró-Reitoria Adjunta de Pós-Graduação e Pesquisa - PAPGP Gilton Kennedy Sousa Fraga Pró-Reitoria Adjunta de Assuntos Comunitários e Extensão - PAACE Jane Luci Ornelas Freire Gerente do Núcleo de Educação a Distância - Nead Andrea Karla Ferreira Nunes Coordenadora Pedagógica de Projetos - Nead Lucas Cerqueira do Vale Coordenador de Tecnologias Educacionais - Nead Equipe de Elaboração e Produção de Conteúdos Midiáticos: Alexandre Meneses Chagas - Supervisor Ancéjo Santana Resende - Corretor Andira Maltas dos Santos – Diagramadora Claudivan da Silva Santana - Diagramador Edilberto Marcelino da Gama Neto – Diagramador Edivan Santos Guimarães - Diagramador Fábio de Rezende Cardoso - Webdesigner Geová da Silva Borges Junior - Ilustrador Márcia Maria da Silva Santos - Corretora Marina Santana Menezes - Webdesigner Matheus Oliveira dos Santos - Ilustrador Pedro Antonio Dantas P. Nou - Webdesigner Rebecca Wanderley N. Agra Silva - Designer Rodrigo Otávio Sales Pereira Guedes - Webdesigner Rodrigo Sangiovanni Lima - Assessor Walmir Oliveira Santos Júnior - Ilustrador Redação: Núcleo de Educação a Distância - Nead Av. Murilo Dantas, 300 - Farolândia Prédio da Reitoria - Sala 40 CEP: 49.032-490 - Aracaju / SE Tel.: (79) 3218-2186 E-mail: infonead@unit.br Site: www.ead.unit.br C376a Cavalcante, Itanamara Guedes, Oliveira. Administração e planejamento em serviço social/ Itanamara Guedes Cavalcante, Ilma Cristina Silva Oliveira – Aracaju : UNIT, 2011. 152 p.: il. : 22 cm. Inclui bibliografia Impressão: Gráfica Gutemberg Telefone: (79) 3218-2154 E-mail: grafica@unit.br Site: www.unit.br Banco de Imagens: Shutterstock 1. Planejamento social. 2. Serviço social. I. Universidade Tiradentes – Educação à Distância II. Titulo. CDU : 36:304.442 Copyright © Sociedade de Educação Tiradentes
  • 4. Apresentação Prezado(a) estudante, A modernidade anda cada vez mais atrelada ao tempo, e a educação não pode ficar para trás. Prova disso são as nossas disciplinas on-line, que possibilitam a você estudar com o maior conforto e comodidade possível, sem perder a qualidade do conteúdo. Por meio do nosso programa de disciplinas on-line você pode ter acesso ao conhecimento de forma rápida, prática e eficiente, como deve ser a sua forma de comunicação e interação com o mundo na modernidade. Fóruns on-line, chats, podcasts, livespace, vídeos, MSN, tudo é válido para o seu aprendizado. Mesmo com tantas opções, a Universidade Tiradentes optou por criar a coleção de livros Série Bibliográfica Unit como mais uma opção de acesso ao conhecimento. Escrita por nossos professores, a obra contém todo o conteúdo da disciplina que você está cursando na modalidade EAD e representa, sobretudo, a nossa preocupação em garantir o seu acesso ao conhecimento, onde quer que você esteja. Desejo a você bom aprendizado e muito sucesso! Professor Jouberto Uchôa de Mendonça Reitor da Universidade Tiradentes
  • 5.
  • 6. Sumário Parte 1: Administração e o Processo Histórico-Teórico de Trabalho nas Organizações . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 Tema 1: Principais Teorias da Administração . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.1 Abordagens conceituais de administração . . . . . . . . . . . . 14 1.2 Principais teorias de administração . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 1.3 Transição: Teoria da administração para teoria das organizações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 1.4 Modelos gerenciais na organização de trabalho. . . . . . . . . . .36 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Tema 2: Administração de serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45 2.1 As funções de administração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 2.2 Gerenciando pessoas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 2.3 O serviço social na empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 2.4 Responsabilidade social nas empresas públicas e privadas . . 70 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 Parte 2: Planejamento: Instrumento de Trabalho do Serviço Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 Tema 3: Planejamento Social: Aspectos Introdutórios . . . . . . . . . . 81 3.1 Conceituando e definindo planejamento social . . . . . . . . 81 3.2 Pilares do planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 3.3 Planejamento estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 3.4 Planejamento participativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 Tema 4: Gestão de Serviços Sociais em Órgãos Públicos e Privados . . . 113 4.1 A gestão dos serviços sociais na contemporaneidade. . . 113 4.2 Elaborando planos, programas e projetos sociais . . . . . . 121 4.3 Avaliação e controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 4.4 O planejamento nos processos de trabalho do serviço social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
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  • 8. Concepção da Disciplina Ementa Principais teorias da Administração: Abordagens conceituais de administração; Principais teorias de administração; Transição: Teoria da administração para teoria das organizações; Modelos gerenciais na organização de trabalho. Administração de serviços: As funções de administração; Gerenciando pessoas; O Serviço Social na empresa; Responsabilidade social nas empresas públicas e privadas. Planejamento social: aspectos introdutórios: Conceituando e definindo planejamento social; Pilares do planejamento; Planejamento estratégico; Planejamento participativo. Gestão dos serviços sociais em órgãos públicos e privados: A gestão dos serviços sociais na contemporaneidade; Elaborando Planos, programas e projetos sociais; Avaliação e controle; O planejamento nos processos de trabalho do Serviço Social. Objetivos Geral Possibilitar conhecimento sobre procedimentos e técnicas administrativas que viabilizem a prática profissional quanto à organização, estruturação e implementação de serviços, programas e projetos sociais em organizações públicas e privadas Específicos • Compreender a importância do estudo da Administração e do Planejamento para a formação do assistente social;
  • 9. • Possibilitar apreender conceitos e caracterizar o processo de planejamento no âmbito público, privado e das organizações da sociedade civil relacionando com a prática profissional; • Capacitar para planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais; • Refletir criticamente os modelos gerenciais nas organizações e as demandas postas ao Serviço Social no contexto atual. Orientação para Estudo A disciplina propõe orientá-lo em seus procedimentos de estudo e na produção de trabalhos científicos, possibilitando que você desenvolva em seus trabalhos pesquisas, o rigor metodológico e o espírito crítico necessários ao estudo. Tendo em vista que a experiência de estudar a distância é algo novo, é importante que você observe algumas orientações: • Cuide do seu tempo de estudo! Defina um horário regular para acessar todo o conteúdo da sua disciplina disponível neste material impresso e no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Organize-se de tal forma para que você possa dedicar tempo suficiente para leitura e reflexão; • Esforce-se para alcançar os objetivos propostos na disciplina; • Utilize-se dos recursos técnicos e humanos que estão ao seu dispor para buscar esclarecimentos e para aprofundar as suas
  • 10. reflexões. Estamos nos referindo ao contato permanente com o professor e com os colegas a partir dos fóruns, chats e encontros presenciais, além dos recursos disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA. Para que sua trajetória no curso ocorra de forma tranquila, você deve realizar as atividades propostas e estar sempre em contato com o professor, além de acessar o AVA. Para se estudar num curso a distância deve-se ter a clareza de que a área da Educação a Distância pauta-se na autonomia, responsabilidade, cooperação e colaboração por parte dos envolvidos, o que requer uma nova postura do aluno e uma nova forma de concepção de educação. Por isso, você contará com o apoio das equipes pedagógica e técnica envolvidas na operacionalização do curso, além dos recursos tecnológicos que contribuirão na mediação entre você e o professor.
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  • 12. ADMINISTRAÇÃO E O PROCESSO HISTÓRICO-TEÓRICO DE TRABALHO NAS ORGANIZAÇÕES Parte 1
  • 13.
  • 14. 1 Principais Teorias da Administração Estamos iniciando mais uma disciplina do curso de serviço social. Neste livro iremos refletir sobre a concepção teórica da administração, seus instrumentais e a sua aplicabilidade para o serviço social. Neste sentido, para uma melhor compreensão acerca do tema, faz-se necessário entendermos a origem da teoria geral da administração, as principais teorias administrativas e a transição para a administração como técnica social (teoria das organizações).
  • 15. 14 Administração e Planejamento em Serviço Social 1.1 Abordagens conceituais de administração 1 Idalberto Chiavenato é o estudioso da área de administração mais conhecido no país. A administração é uma ferramenta que é inerente ao cotidiano de todas as pessoas. Qualquer processo que venhamos a desenvolver precisamos planejar e administrar algo. Podemos utilizar como exemplo uma simples reforma ou construção de uma casa. Paremos um pouco para pensarmos sobre isso. Para realização dessa reforma, primeiro o engenheiro precisa planejar e projetar o que pretende fazer, depois contratar os profissionais necessários (pedreiro, carpinteiro, eletricista, pintor, dentre outros), bem como escolher o fornecedor para a compra da matéria-prima (telha, cimento, madeira, etc). Em seguida, o acompanhamento e administração de todo o desenvolvimento da obra são imprescindíveis para que o objetivo final seja alcançado. Neste exemplo, podemos constatar que a administração está em tudo que fazemos ou pensamos em realizar, desde um evento, uma aula acadêmica, comercialização de algo, ou uma linha de produção. Desta forma, para iniciarmos o nosso estudo, precisamos primeiramente compreender o que significa a palavra administração. Você poderia refletir alguns minutos sobre o que realmente seria a administração? A palavra administração é derivada do latim ad (que significa direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), ou seja, significa aquele que realiza uma função abaixo do comando de outrem, isto é aquele que presta serviço a outro (CHIAVENATO1,2007, p 04).
  • 16. Tema 1 | Principais teorias da administração Esse autor também esclarece que administração é o processo ou meio de planejar, organizar, dirigir e controlar a ação de uma organização com a finalidade de alcançar os objetivos globais. Por isso, como vimos, pensar em administração remete-nos a percebermos que a prática administrativa sempre esteve presente no cotidiano de todas as sociedades. Esta prática é percebida desde o desenvolvimento e a realização das atividades domésticas, atividades como a pesca, e em todas as relações de produção estabelecida por cada povo. Percebemos, também através da história da humanidade, que sempre houve alguma forma de associação entre os homens para que através do esforço conjunto atingissem os objetivos que isoladamente não seria possível. Através dos dados históricos encontramos alguns exemplos de dirigentes que foram capazes de planejar e guiar milhares de trabalhadores na construção de monumentais obras, como Egito, Mesopotâmia, Assíria, bem como grandes estrategistas, a exemplo de Alexandre, o Grande 2 (356 a.C – 323 a.C). Estes modelos revelam-nos que no decorrer da história sempre existiu uma forma rudimentar de administrar as organizações. Desta forma, podemos extrair uma primeira ideia de que o processo de administrar está fortemente vinculado a qualquer situação em que pessoas utilizam-se de determinados recursos para atingir um objetivo final. A história revela-nos, também, que os principais acontecimentos que caracterizaram os primórdios da administração foram permeados pelos fatos sociais, econômicos e políticos que formavam o cenário onde estavam contidas as organizações do passado. 15 2 Uma das personalidades mais fascinantes da história. Responsável pela construção de um dos maiores impérios que já existiu. Sua inteligência e gênio estratégico se tornaram lendários. Fonte: www.educacao.uol. com.br/historia
  • 17. 16 Administração e Planejamento em Serviço Social 3 Aconteceu na Inglaterra e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Fonte:www.culturabrasil. org/revolucaoindustrial.htm Neste período, não existiam organizações da forma como conhecemos hoje. A sociedade produzia suas mercadorias através de pequenas indústrias domiciliares, não havia divisão de trabalho e a produção estava a cargo dos artesãos. Esses artesões eram responsáveis em definir qual seria a matéria-prima que seria utilizada, ir em busca dessa matéria-prima, confeccionar o material e vendê-lo nas proximidades. Este modelo era básico e regido por regras próprias conforme suas necessidades e o mercado desses produtos girava em torno da região. Desta forma, já podemos perceber que o primeiro método de organização foi o sistema doméstico de produção. Neste modelo de sistema, o comerciante fornecia a matéria-prima aos trabalhadores individualmente, que utilizando suas próprias ferramentas transformavam-nas em produtos para comercialização. Este modelo era caracterizado pelo controle total dos artífices e artesãos em todas as fases da produção, ou seja, eles possuíam uma visão global do processo produtivo do início até a sua conclusão. Por volta do início do século XVIII, houve um grande crescimento do mercado consumidor, refletindo na ampliação do comércio. Contudo, o sistema doméstico tornou-se insuficiente no suprimento das novas demandas de produção, o que possibilitou o surgimento das fábricas. Somente a partir da segunda metade do mesmo século, sob a forte influência da revolução industrial3 , que inicia com a invenção da máquina a vapor, houve a necessidade de organizar e controlar a produção em larga escala.
  • 18. Tema 1 | Principais teorias da administração Esse fenômeno provocou o aparecimento e estruturação de grandes empresas e da moderna administração, ocasionando em rápidas e profundas mudanças econômicas, sociais e políticas. O que se percebeu foi a grande mudança na forma de trabalho que alterou os padrões econômicos e sociais da época. A habilidade do artesão foi substituída pela máquina, ocasionando uma produção com maior rapidez, melhor qualidade e menor custo. Porém, a principal consequência da revolução industrial foi o surgimento da organização e de empresas modernas. A produção passa a ser em larga escala, atende-se a mercados mais distantes aperfeiçoando assim os meios de transporte. Desta forma, com a revolução industrial desenvolvem-se novas formas de organização do trabalho, amplia-se a concorrência, e surge a necessidade de capacitação para a produção. Por outro lado, no campo social, vários foram os impactos ocasionados pela revolução industrial. O desenvolvimento da máquina muda a relação homem com a natureza; cresce o êxodo rural e surgem os centros industriais e a produção familiar é substituída pela produção nas fábricas (MOTTA, 2001, p. 03). A revolução industrial deu início à era industrial, que passaria a definir o modelo econômico mundial até o final do século XX. Este modelo econômico seria o divisor e diferenciador entre os países industrializados dos países não industrializados. A partir desses fatos as empresas sentiram a necessidade de maior estruturação no atendimento às demandas da sociedade. Estabeleceram, portanto, novas formas de pensar o processo administrativo no enfrentamento da concorrência pela busca do oferecimento de produtos com qualidade e menor custo. 17
  • 19. 18 Administração e Planejamento em Serviço Social 4 Conceito que será estudado no item 1.4 deste capítulo. Com o progressivo crescimento do tamanho e da complexidade das empresas, a administração começou a vivenciar certos desafios e dificuldades para os seus dirigentes. Esses fatos foram fundamentais no processo administrativo, pois serviram de berço para a estruturação de estudos científicos com a finalidade de aperfeiçoar o processo de produção das organizações. Nesse momento surgiu a necessidade de uma teoria da administração que permitisse oferecer modelos e estratégias adequadas à solução de cada problema empresarial. Assim, as teorias administrativas nasceram como pilar científico da administração. E por falar em teoria da administração, ela nada mais é que um conjunto de ideias, princípios e normas que se complementam para levar a ciência administrativa ao cotidiano das pessoas e das organizações, com a finalidade de gerar desenvolvimento, visando alcançar com eficácia e eficiência4 a produtividade e o lucro. Essas teorias administrativas estabeleceram-se no início do século XX e influenciaram e contribuíram para o desenvolvimento das organizações. Os primeiros esboços de uma teoria geral da administração, segundo Chiavenato (2007), surgiram com as seis variáveis básicas, chamada ênfase nas tarefas, na estrutura, nas pessoas, no ambiente, na tecnologia e nas competências e competitividade.
  • 20. Tema 1 | Principais teorias da administração Essas variáveis suscitaram diferentes teorias no desenvolvimento da teoria geral da administração (TGA). Elas são constituídas dos principais componentes do estudo da administração das empresas e o comportamento delas se estrutura de forma sistêmica e complexa em que cada qual influencia e é influenciada pelos demais componentes. Cada teoria administrativa valorizou uma ou algumas dessas variáveis básicas. As principais teorias administrativas foram: • • • • • • • • • • • 1903 – Administração científica; 1909 – Teoria da burocracia; 1916 – Teoria clássica da administração; 1932 – Teoria das relações humanas; 1947 – Teoria estruturalista; 1951 – Teoria dos sistemas; 1953 – Abordagem sociotécnica; 1954 – Teoria neoclássica; 1957 – Teoria comportamental; 1962 – Desenvolvimento organizacional; 1972 – Teoria da contingência. Todas essas teorias administrativas foram importantes, pois surgiram como resposta aos problemas empresarias de sua época. Essas respostas valorizavam uma ou algumas variáveis básicas da teoria geral da administração. Esse avanço da ciência administrativa, que visava alcançar as rápidas mudanças ocorridas no mundo industrial, foi embrionado pela busca e adaptações necessárias para a sobrevivência das organizações em geral. No próximo item estudaremos a importância de algumas teorias para a ciência administrativa, como também suas origens e precursores. 19
  • 21. 20 Administração e Planejamento em Serviço Social LEITURA COMPLEMENTAR CHIAVENATO, Idalberto. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Nesta obra o aluno encontrará o conceito mais abrangente do surgimento da administração como ciência, bem como a reflexão do surgimento da teoria geral da administração (TGA) MOTTA, Fernando C. Prestes. Teoria das organizações – evolução e crítica. São Paulo: Thomson, 2001. Na primeira parte desta obra o aluno encontrará uma reflexão acerca da teoria administrativa e organizacional, seus precursores. PARA REFLETIR Como você viu neste tópico, o processo administrativo sempre esteve presente na sociedade muito antes de se estabelecer enquanto ciência. Vimos também algumas transformações sociais e econômicas ocasionadas pela revolução industrial. Você consegue observar as mudanças geradas, por esta revolução, no comércio e nas organizações de seu município hoje? Realize uma pesquisa sobre essas mudanças locais e discuta com seus colegas.
  • 22. Tema 1 | Principais teorias da administração 1.2 Principais teorias de administração Estudamos no item anterior, que a partir do século XX a administração se estabelece como ciência. As bases que fundamentaram a abordagem clássica da administração foram oriundas das consequências ocasionadas pela revolução industrial onde exigiu a substituição do empirismo para as bases dos estudos científicos. Os primeiros estudos e trabalhos na área da administração foram desenvolvidos por dois engenheiros. O primeiro foi o americano Frederick Taylor (1856 - 1915), responsável pelo início da escola da administração científica. Sua preocupação estava voltada para o aumento da eficiência da indústria através da racionalização do trabalho. Em seguida, o francês Henri Fayol (1841-1925) que desenvolveu a teoria clássica, em que sua preocupação era aumentar a eficiência da empresa por meio de sua organização. As ideias desses estudiosos constituíram as bases da abordagem clássica da administração, na qual se desdobram nas seguintes orientações: • Escola da administração científica: A abordagem da escola da administração científica era fundamentada nas tarefas da organização, e seus principais métodos científicos eram a observação e a mensuração (CHIAVENATO, 2004). Frederick Taylor foi o primeiro teórico da administração e considerado o fundador da moderna teoria geral da administração. Seus importantes seguidores foram: Gilbreth (1878-1972), Gantt (1861-1919), Emerson (1853-1931), Ford (1863-1947), Barth (1860-1939). 21
  • 23. 22 Administração e Planejamento em Serviço Social 5 Publicação do livro Administração de Oficinas (1903). Fonte: www.infoescola. com/administracao_/ administracao-cientifica 6 Publicação do livro Princípios de Administração Científica (1911) Fonte: www.infoescola. com/administracao_/ administracao-cientifica A partir de então, toda a teoria das organizações foi fundamentada em seu trabalho ou dialogou com suas ideias. Sua preocupação em elaborar uma ciência da administração teve como ponto de partida as experiências concretas de operários, com ênfase nas tarefas. Seus estudos estão subdivididos, primeiramente para a racionalização dos métodos5 e sistema de trabalho, até mais do que com a racionalização da organização do trabalho. E em seguida houve a preocupação em definir os princípios da administração6 aplicáveis a todas as situações da empresa. Para Taylor, inicialmente era necessário abolir o desperdício e as perdas que as indústrias sofriam no processo de produção e elevar a produtividade através da utilização de métodos e de técnicas da engenharia industrial. Constatou-se que os operários aprendiam como executar suas tarefas observando seus companheiros, o que levava a diferentes métodos para executar a mesma tarefa e em tempos diferenciados. A análise científica feita sobre esse processo era de definir um método de trabalho mais ágil. (CHIAVENATO, 2007), ou seja, a ideia era que existisse uma única maneira certa de realizar o trabalho. A intenção era substituir o método empírico por método científico. Para isso, ele buscou analisar cientificamente os métodos mais rápidos e os instrumentos mais adequados para se chegar à máxima eficiência, que recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho (ORT). Também foi verificado que não adiantava racionalizar o trabalho dos operários se seus dirigentes (supervisores, chefes, gerente e/ou diretor) continuavam atuando no mesmo empirismo de antes.
  • 24. Tema 1 | Principais teorias da administração 23 Desta forma, para Taylor, os princípios da administração científica visavam definir o papel e o comportamento dos gerentes e chefes. Esses princípios são: a) Planejamento: Planejar um método de trabalho em substituição a improvisação no processo de produção. b) Preparo: Selecionar os trabalhadores conforme suas aptidões e treiná-los para produzirem em conformidade com o planejamento. c) Controle: Supervisão para garantir a realização do trabalho utilizando o método estabelecido. d) Execução: Deliberar atribuições e responsabilidades visando disciplinar a execução do planejamento. Um dos mais conhecidos precursores da moderna administração e divulgador das ideias de Taylor foi Henry Ford7 (1863-1947) que iniciou seu trabalho como mecânico, chegando a engenheiro chefe. Sua maior contribuição foi a iniciação da produção em série adotando a linha de montagem, que mundialmente, essa nova visão de trabalho, ficou conhecida como modelo fordista de produção. O fordismo é um modelo de produção em massa que revolucionou a indústria automobilística na primeira metade do século XX. Sua ideia era tornar o automóvel tão barato que todos poderiam comprá-lo. 7 Para saber mais você poderá retornar ao livro nº 24, Acumulação Capitalista e Questão Social. Série Bibliográfica Unit, 2010, p.84
  • 25. 24 Administração e Planejamento em Serviço Social Para isso, ele utilizou os princípios de padronização e simplificação de Taylor e desenvolveu outras técnicas avançadas da época. Ford inovou a organização do processo de trabalho por possibilitar a produção em grande quantidade de produtos acabados com qualidade e menor custo possível. • Teoria clássica da administração: Em 1916, o engenheiro Henry Fayol publica o livro intitulado “Administração geral e industrial”. Esta publicação em todos os aspectos complementava os estudos e trabalhos desenvolvidos por Taylor, pois era destinado à organização como um todo. Enquanto a administração científica caracterizava-se pela ênfase na tarefa executada pelo operário (a racionalização dos métodos), a teoria clássica caracterizava-se pela ênfase na estrutura (racionalização da estrutura administrativa) que gerencia o processo de trabalho. Essas duas teorias possuíam os mesmos objetivos que era a busca da eficiência das organizações. Para Fayol, a garantia da eficiência dependia da organização como um todo e da sua estrutura, sejam pelos órgãos (setores, departamentos, seções, outros) ou pelas pessoas (os ocupantes dos cargos e executores de tarefas). Uma de suas contribuições foi o desenvolvimento de uma análise lógico-dedutivo da administração. Ele classifica como funções do administrador o planejar, organizar, coordenar, comandar e controlar. Porém, dessas funções deduzem os princípios da administração. Em relação aos princípios administrativos, que visavam garantir uma maior produtividade, os que especialmente referem-se à organização,
  • 26. Tema 1 | Principais teorias da administração destacam-se o princípio de comando, da divisão do trabalho, da especialização e da amplitude de controle. Esses princípios tinham como finalidade resolver os problemas ocasionados pelas relações entre funcionários, gerados pelas alterações das relações humanas de uma empresa. Outro conceito levantado por Fayol está na diferença entre administração e organização. Para ele a administração é o todo do qual a organização é uma das partes. A administração abrange aspectos que a organização por si só não envolve como previsão, comando e controle (CHIAVENATO, 2007). Algumas críticas foram atribuídas à teoria clássica, como: a) Abordagem simplificada da organização formal; b) Ausência de trabalhos para experimentos e mensuração para fundamentação científica às afirmações; c) Mecanicismo da abordagem; d) Abordagem incompleta da organização e a visualização como se fosse um sistema fechado, sem a influência do meio ambiente. A passagem da administração científica para a teoria das relações humanas teve como precursor o psicólogo industrial George Elton Mayo (1880 – 1949). Mayo realizou importantes estudos acerca da influência dos fatores psicológicos no processo de produção. Seus estudos continuam, ainda hoje, a influenciar o estilo de gerenciamento das empresas. 25
  • 27. 26 Administração e Planejamento em Serviço Social 8 Em 1927 foi realizada a experiência de Hawthorne numa fábrica da Western Eletric Company, situada em Chicago. A experiência de Hawthorne teve o objetivo de detectar a relação entre a intensidade da iluminação e a competência dos operários, medida por meio do ritmo de produção. Fonte: www.infoescola.com/ administracao_/experienciade-hawthorne Ele defendia a necessidade de humanizar e democratizar a administração. Suas análises possuíam como foco a ênfase nas pessoas. A teoria das relações humanas ou escola humanística da administração surgiu nos Estados Unidos, e foi desenvolvida por Elton Mayo (1880-1949) após conclusões de uma série de experiências realizadas em uma fábrica de Hawthorne 8. Os estudos e experiências aconteceram entre os anos de 1924 e 1932, e se tentava estudar o impacto das condições físicas de trabalho (iluminação e horários de trabalho) na produtividade dos operários. Mayo detectou que a produtividade se mantinha ou aumentava, quando a intensidade da luz aumentava em excesso ou era reduzida abaixo do aceitável. Essa experiência permitiu o delineamento dos princípios básicos da escola de relações humanas. Neste estudo Mayo sugere um tipo de relação entre moral, satisfação e produtividade. Estudamos anteriormente que na administração científica a ênfase estava focada na tarefa. Porém, na teoria clássica da administração vimos que a ênfase estava voltada para a estrutura organizacional. Neste momento, com o início do pensar em uma abordagem humanística, a administração muda novamente de foco, tendo como ênfase as pessoas que participam da organização. Ou seja, se antes havia uma preocupação com o método de trabalho, com a máquina, e com os princípios da administração, na abordagem humanística a prioridade está voltada para uma preocupação com as pessoas. A abordagem humanística começou a ser formulada após a morte de Taylor. As ideias de Mayo inspiraram toda uma linha administrativa, que ficou conhecida pelo nome de relações humanas.
  • 28. Tema 1 | Principais teorias da administração Porém, só a partir da década de 1930, a teoria das relações humanas começou a ser aceita nos Estados Unidos. Esta teoria sofreu forte influência do desenvolvimento das ciências sociais9, principalmente da psicologia. As ideias de Mayo trouxeram um novo pensar e uma nova linguagem para a administração, como: • O “homo economicus” é substituído pelo “homo social”. Para ele o homem deve ser compreendido como todo e seu comportamento não pode ser reduzido a esquemas mecanicistas. • Começa a utilizar termos como motivação, liderança, comunicação, organização e dinâmica de grupo. O homem passa a ser visto e movido por necessidades de segurança, aprovação social, afeto, prestígio e autorrealização. O método e a máquina perdem o valor prioritário e são substituídos pela dinâmica de grupo. De uma forma ou de outra, houve uma “psicologização” das relações de trabalho. LEITURA COMPLEMENTAR FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia – dos clássicos à sociedade da informação. São Paulo: Editora Atlas, 2009 Nesta obra o aluno poderá compreender o desenvolvimento das ciências sociais, as abordagens teóricas e suas influências nas demais ciências. 27 9 Na década de 30, a vitalidade da sociologia durkheimiana é atestada pela fecundidade de grandes temas e trabalhos com novos objetos de pesquisa como psicologia, economia e geografia humana (FERREIRA, 2009, p. 78)
  • 29. 28 Administração e Planejamento em Serviço Social CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 7. ed. São Paulo: Campus, 2004. Nesta obra o aluno, encontrará análises de diversas teorias da administração, suas características, possibilidades de aplicação e indispensáveis à prática administrativa. PARA REFLETIR As ênfases estudadas neste item (tarefas, estruturas e pessoas) estão presentes nas relações de trabalho no mundo contemporâneo. Faça uma pesquisa pelas empresas do seu município e tente perceber e identificar nas relações de trabalho qual das ênfases estudadas são perceptíveis.
  • 30. Tema 1 | Principais teorias da administração 29 1.3 Transição: Teoria da administração para teoria das organizações No item anterior vimos que a influência da escola de relações humanas de Mayo inaugura a preocupação psicossocial no campo da administração. A partir desta influência poderemos considerar que a administração é uma técnica social de lidar com pessoas e processos. Dentre as teorias e reflexões teóricas que influenciaram a concepção e o processo administrativo, encontramos no final da década de 1940 o surgimento da teoria comportamental. Essa teoria não é considerada uma teoria administrativa, e sim um movimento em que se preocupa em aplicar as ciências do comportamento na administração. Essa linha teórica ficou conhecida como behaviorismo10. A palavra Behaviorismo deriva do termo inglês behaviour (Reino Unido) ou behavior (EUA) que significa comportamento, conduta. É, portanto, um termo universal que congrega correntes de pensamento na Psicologia que tem em comum o comportamento como objeto de estudo. Desta forma, o behaviorismo enquanto teoria do comportamento adentrou fortemente na teoria administrativa, gerando uma nova concepção e novo enfoque dentro da teoria administrativa: a abordagem das ciências do comportamento (CHIAVENATO, 2007). Esta nova percepção possuía uma ideia mais ampla do enfoque das relações humanas. Sua ênfase estava voltada para as pessoas dentro do contexto organizacional, ou seja, essa teoria baseava-se no comportamento individual para esclarecer o comportamento organizacional. 10 Fonte: www.administradores.com.br/informe.../ behaviorismo
  • 31. 30 Administração e Planejamento em Serviço Social Entendia-se, portanto, que toda vida mental era refletida através dos atos, atitudes, gestos, palavras, ou qualquer expressão do homem em relação a estímulos do meio ambiente. Esse enfoque da abordagem comportamental possui duas concepções de mudança. Ela altera a preocupação que antes estava na estrutura para a preocupação com os processos organizacionais, por outro lado o enfoque do comportamento das pessoas na organização passa a ser visto com comportamento organizacional como todo. Assim, a teoria do comportamento suscitou novos conceitos como: motivação, liderança, comunicação, dinâmica de grupo, comportamento organizacional, dentre outros. Este pensamento remete-nos, então, à compreensão de que gerir a organização é gerir um sistema social, alicerçado no conhecimento dos mecanismos da motivação humana e do funcionamento de sistemas sociais complexos. Então, entender o papel de um gestor transcende a ideia de chefe hierárquico ou de um especialista técnico, mas sim uma pessoa habilitada na condução de homens e capaz de motivar os indivíduos que integram a organização. Na década de 1960, após o surgimento da teoria comportamental, alguns cientistas sociais e consultores de empresas desenvolveram uma abordagem dinâmica, democrática e participativa que foi denominada de Desenvolvimento Organizacional (DO). A pretensão desses estudiosos era realizar uma mudança das organizações de forma que estas se transformassem em sistemas sociais. Este período foi percebido como o momento de repensar a teoria geral da administração e que sugeria a ênfase em outras variáveis, como ambiente e tecnologia. Assim, consolida-se a influência na teoria das organizações.
  • 32. Tema 1 | Principais teorias da administração A teoria das organizações, portanto, foi produto de uma alteração na teoria da administração, tendo como fundamento a evolução da sociologia, ciência política e da psicologia social nos Estados Unidos. Esse movimento versava em um conjunto de ideias a respeito do homem, da organização e do ambiente, com a finalidade de proporcionar o crescimento e desenvolvimento das organizações. A ideia era tentar estudar o sistema social em que a administração se exerce em face das determinações estruturais e comportamentais. Relembremos que a preocupação que até então estava voltada para a produtividade (seja através das tarefas, estrutura ou pessoas), neste momento dá lugar à eficiência do sistema. Assim, podemos definir que todas as instituições são organizações e o que elas possuem em comum são os aspectos administrativos. As organizações são sistemas sociotécnicos com a finalidade de cumprir uma tarefa. E as instituições são organizações que congregam normas e valores considerados fundamentais para a sociedade. Essas organizações caracterizam-se por três aspectos importantes: a) Objetivos: São resultados futuros que se pretende atingir, ou seja, são os alvos escolhidos que se pretende alcançar em um determinado período. b) Administração: Cada organização possui seus objetivos que diferenciam das demais organizações. Contudo, as organizações assemelham-se na sua composição administrativa. 31
  • 33. 32 Administração e Planejamento em Serviço Social c) Desempenho individual: As organizações são imaginações legais que por si só nada fazem, controlam ou planejam. São, portanto, as pessoas que decidem e planejam, isto é, movem e dinamizam a organização. Peter Drucker (2001) pontua que: Após a segunda guerra, começamos a perceber que administração não é administração de empresas. Ela é pertinente a todos os empreendimentos humanos que reúnem, em uma única organização, pessoas com diferentes conhecimentos e habilidades. [...] A administração tornou-se a nova função social mundial. (Drucker, 2001, p. 27) A administração, bem como suas funções tem sido constantemente influenciada diretamente pelo progresso dinâmico da ciência. No entanto, a administração ainda continua sendo a ferramenta básica para capacitação das organizações e o alcance dos objetivos organizacionais. As organizações sempre existiram, desde a história antiga. Exemplos disso são os faraós que utilizaram as organizações para construírem as pirâmides e os primeiros Papas que criaram uma igreja universal a fim de servir a uma religião universal. Na sociedade moderna, as organizações estruturavam-se com a finalidade de satisfazer uma diversidade de necessidades sociais e pessoais, dentre elas a de organizar-se. Desta forma, a partir do desenvolvimento do estudo da administração, os instrumentos de planejar, coordenar e controlar foram se aprimorando.
  • 34. Tema 1 | Principais teorias da administração Desta forma, podemos perceber que toda organização possui três elementos fundamentais para sua existência: pessoas, tarefas e administração. Na administração encontramos a estruturação de funções essenciais no processo administrativo, como: planejamento, organização, liderança e controle do desempenho das pessoas, organizada para a tarefa. Outro ponto fundamental sobre as organizações é que elas existem dentro de um meio ambiente. Mas o que realmente é organização? Você sabe que todos nós nascemos em organizações, somos educados por organizações e chegamos até a trabalhar em organizações. Isto é, a nossa sociedade é uma sociedade de organizações. Essa sociedade de organizações possui uma diversidade de finalidades e objetivos. Porém, mesmo possuindo uma independência organizacional, existe uma necessidade de comunicação entre as demais organizações. Ou seja, as organizações contratam entre si os serviços para execução de suas próprias funções. Desta forma, as organizações são vinculações sociais ou agrupamentos humanos constituídos de uma forma intencional vinculadas a um objetivo específico. São esses objetivos que definem e caracterizam o tipo de organização, se são de natureza econômica ou de natureza social, criadas para obtenção de produtos ou serviços, com a finalidade de lucro ou não. As organizações consideradas de natureza econômica possuem uma característica específica de empresa com a finalidade lucrativa. Porém, as organizações de natureza social estão voltadas às ações comuns ou consideradas de utilidade pública, firmadas em valores e normas sociais, sem finalidade lucrativa. 33
  • 35. 34 Administração e Planejamento em Serviço Social Para uma melhor compreensão poderemos dividir os tipos de organizações como: a) Primeiro setor (organizações do governo): São organizações geridas e administradas pelo governo e possuem como finalidade a prestação de serviços à comunidade em geral e sua manutenção se dá através de arrecadações de impostos, taxas e contribuições. c) Segundo setor (organizações empresariais): Essas organizações possuem como finalidade o lucro e a comercialização de produtos e/ou serviços. Essas organizações são classificadas conforme o seu tamanho, natureza jurídica e área de atuação. c) Terceiro setor: É caracterizado pelas organizações de utilidade pública, sem fins lucrativos. São criadas por pessoas que não possuem nenhum vínculo com o governo. Nesta característica encontramos as Organizações não-governamentais (ONG’s), organizações filantrópicas e outras formas de associações civis sem fins lucrativos. Toda organização pode ser considerada como entidade social, por ser constituída por pessoas e é regida pelos objetivos, pois é delineada para alcançar resultados. A organização pode ser figurada, primeiramente como organização formal que é baseada em uma divisão de trabalho natural. Ela é planejada, definida em organograma e legislação própria, ou seja, é formalizada oficialmente.
  • 36. Tema 1 | Principais teorias da administração Em segundo, a organização informal é a que surge espontaneamente entre as pessoas, solidifica-se nos costumes, tradições, ideais e normas sociais. O estudo, técnicas e funções da administração são necessárias e importantes para as organizações, tendo em vista que: a) As organizações precisam ser gerenciadas. b) Possuem objetivos e metas a atingir. c) Conseguem harmonizar objetivos conflitantes. d) Permite que as organizações alcancem eficiência e eficácia. LEITURA COMPLEMENTAR DRUCKER, Peter F. O melhor de Peter Drucker – A administração. Tradução de Arlete Simille Marques. São Paulo: Nobel, 2001. Nesta obra o aluno encontrará um condensado das ideias do autor, já relatada em outras obras, sobre as funções, fundamentos e responsabilidades da administração. HELOANI, Roberto. “Organização do trabalho e administração: uma visão multidisciplinar”. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2006. Neste livro o aluno encontrará um estudo crítico das teorias de administração através do tempo. 35
  • 37. 36 Administração e Planejamento em Serviço Social PARA REFLETIR Como estudamos anteriormente, diversas são as organizações presentes na sociedade moderna. Observe e tente identificar, pelo tipo, quantas e quais são as organizações presentes no seu município. Fale com seu tutor para auxiliá-lo. 1.4 Modelos gerenciais na organização de trabalho Neste item estudaremos alguns modelos gerenciais que influenciam na condução das organizações. Primeiramente se faz necessário entendermos o que significa a palavra modelo. Quando pensamos no nosso cotidiano em modelo, podemos pensar em algo ou alguém que em algum momento nos serviu de exemplo, como professores, amigos, parente, etc. Ou também, em modelo enquanto estrutura, a exemplo: modelo familiar, modelo político, modelo pedagógico, etc. O grande dicionário da língua portuguesa (2010) define a palavra modelo como forma, molde ou aquilo que serve ou deve servir como objeto de imitação. Já gestão é a arte ou efeito de gerir, administrar, gerenciar ou dirigir. Desta forma, poderemos extrair uma primeira ideia, de acordo com o significado dessas palavras, que modelo de gestão é, portanto, a arte de gerir ou gerenciar através de um exemplo que já existe, realizando as adequações necessárias em conformidade com as demandas de cada organização.
  • 38. Tema 1 | Principais teorias da administração Em um conceito mais elaborado, o modelo de gestão trata-se de um conjunto de entendimentos filosóficos permeado por conceitos administrativos que operacionalizam as práticas gerenciais nas organizações. Observe que, a palavra ou o conceito de modelo carrega um conjunto de relações humanas e sociais, que a medida do tempo são estabelecidas com as pessoas. No campo da gestão, numa perspectiva mais instrumental, o gerir significa organizar, modelar os recursos financeiros e materiais da organização, bem como as pessoas que a compõem. Pensando assim, num modelo de gestão são congregadas duas dimensões que estão sempre presentes, a forma que se refere à estrutura, configuração organizacional e função que é a finalidade, refletida nas tarefas que precisam ser executadas. Uma das características do Modelo de Gestão é considerá-lo como uma ferramenta baseada em conhecimento e experiências anteriores como campo propício à elaboração de métodos e técnicas de administrar, adequando-os à organização em conformidade com suas necessidades, cultura e processos. A finalidade maior dos modelos de gestão é promover e facilitar o alcance da eficiência, eficácia e efetividade. Esses indicadores são mensurados através de uma avaliação de desempenho do modelo de gestão adotado. Compreendendo melhor esses três indicadores, poderemos perceber que: • Eficiência: Significa realizar as tarefas de maneira coerente, relacionando os resultados com os recursos disponíveis, ou seja, fazer as coisas bem e corretamente. 37
  • 39. 38 Administração e Planejamento em Serviço Social • Eficácia: Significa atingir os objetivos, relacionando-os com os fins e propósitos. Uma atividade foi eficaz quando se percebe que os objetivos propostos foram alcançados. • Efetividade: É quando além de atingir os objetivos propostos, utilizando os recursos de maneira coerente, também proporcionou alguma contribuição à sociedade. Quando as primeiras teorias da administração surgiram, no contexto da revolução industrial, os princípios da administração estavam voltados a indicar aos gerentes como administrar as empresas baseando-se nas tarefas a serem executadas. Logo se buscou estabelecer um novo paradigma de qualidade. Para isso, o conhecimento começou a ser embutido no cotidiano industrial, bem como nas novas técnicas de trabalho. Neste período, o campo do conhecimento da administração foi se firmando, bem como o delinear dos primeiros modelos de gestão com o intuito de capacitar as organizações para uma maior eficiência produtiva. Nesta perspectiva, são desenhadas as primeiras percepções sistemáticas de modelos de gestão organizacional. Conhecido como modelo de gestão tradicional, encontramos os modelos mecânico e orgânico. Na constituição desses modelos, já estudados no item anterior, os três importantes formuladores do modelo mecânico de gestão são Taylor, Ford e Fayol. Neste modelo há centralização das decisões o que promove um controle hierárquico absoluto da rotina. Isso torna a organização pesada, lenta impedindo as mudanças e inovações.
  • 40. Tema 1 | Principais teorias da administração Logo após esse período, nova proposta de gestão se abre para o modelo orgânico. Influenciado pela abordagem humanística, esse modelo é caracterizado pela descentralização das decisões, redução da hierarquia, delegação de autoridade e responsabilidade para as pessoas. A partir da segunda metade do século XX11, algumas crises abateram o sistema político e econômico o que foi refletido no enfraquecimento dos modelos administrativos. Isso levou ao surgimento de novas teorias que buscavam ampliar o foco de atenção a gestão. (FERREIRA, 2005). Desta forma, percebeu-se a necessidade de modelos que vislumbrassem um ambiente organizacional mutável e diferenciado, no qual as empresas iriam adaptar-se visando à sobrevivência e crescimento. Nos últimos 30 anos, as organizações começaram a se preocupar e se conscientizar da importância da revisão dos seus modelos de gestão: as empresas privadas, motivadas pela sobrevivência no mercado devido competitividade, e as empresas públicas, motivadas pela capacidade de desempenhar bem a sua missão, que é o atendimento com qualidade na prestação de serviços destinados a sociedade. Surgem, assim, os novos modelos de gestão em que suas principais características perpassam pela orientação para o cliente, estrutura organizacional flexível, estilo participativo de gestão enfocando o trabalho em grupo e relações de parceria com outras empresas. Apresentaremos algumas características básicas dos novos modelos de gestão: 39 11 Os impactos e reflexos ocasionados pela II guerra mundial (1939-1945)
  • 41. 40 Administração e Planejamento em Serviço Social • 12 Toyotismo é o modelo japonês de produção, criado pelo japonês Taiichi Ohno e implantado nas fábricas de automóveis Toyota, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Fonte: www.infoescola.com/ industria/toyotismo Administração japonesa: O primeiro modelo de gestão a ser estruturado foi a administração japonesa. Este modelo foi considerado como um grande marco na história da administração. No período pós II Guerra Mundial, o Japão precisou reestruturar suas indústrias, o que levou à superação, em um curto espaço de tempo, tornando-se um grande símbolo de evolução. Surge, então, uma tendência de explicar a recuperação da indústria a partir do modelo japonês de organização, ou modelo Toyota de gestão ou ainda toyotismo12. Sua principal característica foi a implantação da qualidade total, bem como o controle de qualidade total e dos Círculos de Controle de Qualidade (CCQ). Sua filosofia básica de gestão era pautada no trabalho em equipe, na relação de fidelidade com o funcionário, oferecendo-lhe participação nos lucros e garantia de emprego vitalício em troca de uma maior dedicação dos trabalhadores e qualidade total do processo. • Gestão participativa: É um modelo de gestão atual e contemporâneo no qual sua prioridade está nas pessoas, que fazem parte da organização. No gerenciamento participativo existe um comprometimento individual com os resultados (eficiência, eficácia e qualidade). As condições organizacionais e os comportamentos gerenciais proporcionam um ambiente de estímulo à participação de todos os funcionários no processo de administrar.
  • 42. Tema 1 | Principais teorias da administração O objetivo desse modelo pretende melhorar a qualidade dos processos e da produtividade, utilizar a flexibilidade na utilização dos recursos e modificar o clima organizacional. A forma de participação dos funcionários caracteriza-se da seguinte forma: a) Nos círculos de controle de qualidade (CCQs); b) Grupos semi-autônomos ou células de produção; c) Grupos de melhoria contínua ou times de qualidade; d) Comissão de fábrica. • Gestão empreendedora: O modelo de administração empreendedora teve seu marco no início de década dos anos de 1980, marcado pela pretensão em recuperar a competitividade das empresas americanas em relação às japonesas. Surge a necessidade de “reinventar a organização”, diante da exaustão de seu modelo de gestão tradicional. Desta forma, a gestão empreendedora possuía como filosofia de trabalho a busca da inovação direcionada para resultados através de equipes empreendedoras. Todos os funcionários da empresa passam a atuar como pequenos empreendedores. Este modelo é extremamente predisposto às inovações e mudanças sempre as considerando como oportunidade ao invés de uma ameaça. Esta linha de gestão defendia a ideia de busca constante de inovação gerencial, gestão estratégica e a relação inter empresarial marcada pela busca de parceria com outras empresas através de alianças estratégicas e terceirizações. 41
  • 43. 42 Administração e Planejamento em Serviço Social 12 É toda e qualquer ação de marketing voltada para a satisfação e aliança do público interno com o intuito de melhor atender aos clientes externos. Fonte:www. portaldomarketing. com.br/artigos/ endomarketing.htm Além disso, implantou horários flexíveis e buscou o desenvolvimento de um clima organizacional favorável, através de políticas transformadoras de RH e do endomarketing12. • Gestão virtual: Como modelo de gestão contemporâneo e emergente, encontramos o que é caracterizado pelas empresas virtuais, e que buscam oferecer serviço diferenciado, porém não se percebe os contornos da estrutura organizacional. As principais características desse modelo estão na inovação em produtos e serviço, automação das funções administrativas e estilo participativo de gestão. Nesse modelo de gestão virtual encontramos como um dos exemplos os bancos virtuais, sendo este uma grande demanda para a sociedade contemporânea. LEITURA COMPLEMENTAR CARDOSO, Cármen; CUNHA, Francisco Carneiro da. Gerenciando processos de mudança: a arte de enfrentar e administrar resistências nas organizações. Recife: INTG, 1999. O aluno encontrará alguns tipos de gestão, dentre elas o modelo de gestão participativa. FERREIRA, Vitor Cláudio P. Modelos de gestão: série gestão de pessoas. Rio de Janeiro: FGV, 2005. Esta obra apresenta uma visão ampla e reflexiva sobre alguns modelos de gestão e quais suas concepções.
  • 44. Tema 1 | Principais teorias da administração PARA REFLETIR Procure identificar quais características, dos modelos estudados, você conhece. Relacione-as a organizações do seu município. Lembre-se de discutir com os colegas no encontro presencial. RESUMO Aprendemos neste item que a administração, enquanto técnica, sempre esteve presente na dinâmica da sociedade desde a história antiga. A teoria geral de administração (TGA) surgiu por consequência da revolução industrial a qual exigiu a substituição do empirismo para as bases dos estudos científicos. Os precursores da TGA estabeleceram os primeiros métodos administrativos a partir de diferentes ênfases, em que estudamos Taylor, Ford, Fayol e Mayo. Por fim, vimos que as ideias desses estudiosos serviram para desenhar os modelos tradicionais de gestão. Em seguida, os novos modelos foram instituídos através de experiências e definidos como toyotismo, participativo, empreendedor. Atualmente, em emersão está o modelo de empresa virtual. 43
  • 45.
  • 46. 2 Administração de Serviços Neste item estudaremos as ferramentas administrativas a partir de suas funções e princípios, a estrutura de modelo de gestão de pessoas, como se estrutura o serviço social na empresa, bem como a responsabilidade social das organizações, em que é considerado um dos campos de atuação do assistente social.
  • 47. 46 Administração e Planejamento em Serviço Social 2.1 As funções de administração Estudamos, anteriormente que o processo administrativo sempre esteve presente no cotidiano e na dinâmica da sociedade. Vimos no capítulo anterior que sempre houve a necessidade de estabelecer os métodos de organização do trabalho hierárquico. Administrar, então, pode ser estabelecido como um processo de aplicação de princípios e funções visando ao alcance de objetivos. A administração não é uma atividade executora de ações, mas condutora de pessoas e de recursos humanos, técnicos e financeiros para a realização dos objetivos. Na abordagem da teoria clássica, estabelecida por Fayol na qual há a ênfase na estrutura organizacional, a abordagem estava voltada para uma visão sintética, global e universal. Em outras palavras, a organização formal é estruturada de diferentes órgãos, suas relações e suas funções dentro do todo. Ele definiu que, em uma organização, existem as funções administrativas e outras funções não administrativas ou funções operacionais. Na estrutura organizacional cabe aos níveis mais elevados o predomínio das funções administrativas, sendo que, nos demais níveis e cargos predominam as demais funções, caracterizadas como não administrativas. Toda empresa exerce seis funções básicas que são consideradas essenciais a toda organização: • Funções técnicas (produção ou operações): É a parte da empresa que possui a finalidade de realizar a transformação da matéria-prima em produtos ou serviços para atender às necessidades do cliente.
  • 48. Tema 2 | Administração de serviços • Funções comerciais (marketing): É responsável em estabelecer as relações entre os clientes e a organização. Também, realiza pesquisa para o desenvolvimento de produtos, bem como, estabelece política de preço, distribuição e divulgação ou publicidade e propaganda. • Funções financeiras: É responsável por toda a política dos recursos da organização. Possuem como responsabilidade os financiamentos, investimentos, controle e condução dos recursos. • Funções contábeis: São atribuições que atuam interligadas às funções financeiras, e são responsáveis pela realização dos inventários, registro, orçamento, balanços, custos e estatística da organização. • Funções de segurança: A principal finalidade dessa função está em proporcionar a proteção e preservação dos bens e das pessoas. Atualmente as organizações contemporâneas têm atrelado essa função à gestão de pessoas. • Funções administrativas: São atribuições que integram a hierarquia maior às demais funções. As funções administrativas coordenam e comandam as outras cinco funções (não administrativas), constituindo-se na mais importante. As funções administrativas, desta forma, estabelecem as próprias atribuições e funções do administrador. Para Fayol, o ato de administrar é composto por cinco funções administrativas, como planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. 47
  • 49. 48 Administração e Planejamento em Serviço Social O papel e o trabalho de um administrador ou dirigente são estabelecidos através das tomadas de decisões, definição de metas, diretrizes e delegação de tarefas. Desta forma, as funções administrativas são fundamentais e sem elas o ato de administrar seria incompleto. As várias funções do administrador ou dirigente, consideradas numa perspectiva global, compõem o processo administrativo. Ou seja, as ações de planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar, quando consideradas separadamente constituem em funções administrativas. Porém, quando visualizadas na sua abordagem total para o alcance dos objetivos, constituem, portanto em processo administrativo. Desta forma, as funções administrativas não são estáticas, elas formam um processo ciclo administrativo e à medida que esse ciclo repete-se esse processo é realimentado criando contínuos ajustamentos das funções. Essas funções são constituídas pelos seguintes elementos da administração: • Planejamento: É considerado como método ou processo de projeção do trabalho como deverá ser realizado, considerando os equipamentos e todos os recursos organizacionais. No processo de planejamento, as decisões adotadas determinarão o destino da empresa, por isso o planejamento é considerado a primeira função administrativa e que também define e avalia o desempenho da empresa ou organização. O processo de planejamento de uma organização pode ser caracterizado em três perspectivas distintas, como planejamento estratégico, tático e operacional.
  • 50. Tema 2 | Administração de serviços • Organização: É a função administrativa que se relaciona com as atribuições de tarefas, acumulação de tarefas em equipe e distribuição dos recursos. Isto se dá através de estabelecimento de autoridade e de recursos necessários. Ou seja, é o processo de estruturação e arrumação de toda cadeia organizacional, desde o fluxo de pessoas, matérias, rotinas até métodos de trabalhos, para que assim, os objetivos possam ser atingidos eficientemente. No planejamento é definido que objetivos a empresa deve atingir, porém, na etapa da organização, são implantadas as formas e maneiras como esses objetivos serão realizados. • Comando: Essa função está diretamente ligada a dirigir e orientar pessoas. A finalidade é aperfeiçoar e dinamizar a empresa através da execução das tarefas de forma eficiente pelas pessoas. Essa função administrativa é a que necessita envolver e utilizar influência de motivação das pessoas para o alcance dos objetivos. • Coordenação: É considerada uma das importantes funções do administrador, pois requer a necessidade de unir, harmonizar todos os atos e esforços para atingir os objetivos. • Controle: Essa função envolve todo procedimento de avaliação das atividades da organização com o intuito de mensurar o alcance dos objetivos. Desta forma são estabelecidos padrões e indicadores de desempenho. 49
  • 51. 50 Administração e Planejamento em Serviço Social Essa função administrativa funciona como um indicador para apontar o momento em que é necessário realimentar os objetivos. O controle deve se fundamentar no plano de trabalho estabelecido, acompanha os resultados obtidos e avalia se houve desvio de metas. A função de controle pode ser caracterizada em duas perspectivas, em nível organizacional que avalia o desempenho das organizações, e como crescimento de vendas, lucratividade e investimentos. Porém, o controle em nível operacional avalia os métodos, as tarefas e as pessoas. Ao estudarmos as funções administrativas precisamos atentar que o processo administrativo apresenta duas características importantes. A primeira, o processo administrativo é cíclico e repetitivo, e em cada ciclo a tendência é que haja o aperfeiçoamento constante. A segunda característica é que o processo administrativo é interativo, ou seja, cada função interage com as demais em que influencia e é influenciado pelas demais. Para Fayol, a partir das funções do administrador, ele refletiu sobre sua própria experiência como gerente e identificou algumas técnicas e métodos administrativos que se desdobraram nos princípios gerais da administração. Esses princípios são universais e aplicáveis a qualquer situação que o administrador se depare na organização e orientam como o administrador deve proceder. Fayol listou 14 princípios gerais da administração (CHIAVENATO, 2007), quais são: 1. Princípio da divisão do trabalho: É o princípio que consiste na especialização das tarefas e das pessoas. Consiste na delegação de tarefas específicas a cada órgão da empresa.
  • 52. Tema 2 | Administração de serviços 2. Princípio da autoridade e responsabilidade: Neste princípio, tanto a autoridade como a responsabilidade completamse. A autoridade é o poder decorrente da posição hierárquica ocupada pela pessoa, é o direito de dar ordem e esperar obediência. Porém, a responsabilidade é uma consequência natural da autoridade. 3. Princípio da disciplina: Neste princípio é estabelecido o respeito aos acordos entre a empresa e seus agentes. 4. Princípio da unidade de comando: Defende que cada pessoa deve receber ordens de apenas um superior, o chefe imediato. Refere-se ao princípio da autoridade única. 5. Princípio da unidade de direção: Defende que existe um só comando, chefe, e um só programa para um conjunto de operações que tenham o mesmo objetivo. 6. Princípio da subordinação dos interesses individuais aos gerais: Os interesses gerais da empresa devem justapor aos interesses particulares das pessoas. 7. Princípio da remuneração do pessoal: Esse princípio defende que deve-se haver justa e garantida satisfação para os empregados, bem como para a organização como retribuição. 8. Princípio da centralização: Esse princípio refere-se à concentração da autoridade maior no topo da hierarquia da organização. 51
  • 53. 52 Administração e Planejamento em Serviço Social 9. Princípio da hierarquia ou cadeia escalar: Defende que a autoridade deve estar organizada em uma hierarquia, ou seja, em escala hierárquica sendo que um nível hierárquico deve sempre estar ligado a um nível hierárquico superior. 10. Princípio da ordem: Defende que cada coisa possui o seu lugar, ou cada lugar é para uma coisa. 11. Princípio da equidade: Pregava que no tratamento com as pessoas a disciplina e a ordem melhorariam o comportamento dos empregados. 12. Princípio da estabilidade pessoal: Entende que a rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da organização. A ideia é a manutenção das equipes como forma de proporcionar o seu desenvolvimento. 13. Princípio da iniciativa: É a capacidade de imaginar um plano e assegurar pessoalmente o seu sucesso. 14. Princípio do espírito de equipe: É o princípio de defesa do desenvolvimento e manutenção da harmonia entre as pessoas dentro do ambiente de trabalho. A administração, portanto, é caracterizada pelo enfoque prescritivo e normativo. O administrador, portanto, deve se posicionar em todas as situações por meio do processo administrativo no qual os princípios gerais devem conduzir para a obtenção da eficiência, eficácia e efetividade da organização.
  • 54. Tema 2 | Administração de serviços LEITURA COMPLEMENTAR CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Nesta obra o aluno encontrará uma leitura mais clara e atual das funções administrativas e o papel do administrador. HOLLANDA, Janir et al. Introdução às práticas administrativas: o administrador no terceiro milênio. Rio de Janeiro: Senac nacional, 2003. Nesta obra o aluno encontrará uma leitura explicativa sobre as funções administrativas PARA REFLETIR Com base no conteúdo estudado, como você percebe o papel de um gestor diante da estrutura e das relações de trabalho que estão sendo estabelecidas na sociedade contemporânea? Compartilhe suas opiniões com seus colegas. 53
  • 55. 54 Administração e Planejamento em Serviço Social 2.2 Gerenciando pessoas Vimos no capítulo anterior que as organizações são constituídas de pessoas e dependem delas para atingir seus objetivos e cumprir suas missões. Assim, o contexto da gestão de pessoas é formado por organização e pessoas. Desta forma, ao pensarmos em gerenciamento de pessoas devemos nos reportar à política ou administração de recursos humanos de uma organização, ou seja, à área que administra a força de trabalho. Destarte, a administração de recursos humanos é o conjunto de políticas e práticas indispensáveis para conduzir os trabalhadores ao alcance dos objetivos organizacionais e individuais envolvendo a supervisão e coordenação de pessoas. A administração de recursos humanos surgiu no início do século XX, em decorrência do crescimento e complexidade das tarefas na organização, bem como, dos impactos provocados pela revolução industrial nas relações funcionário e patrão. Sob a influência da industrialização clássica, neoclássica e da era de informação diferentes abordagens permearam o processo de como lidar com as pessoas dentro da organização. A administração de recursos humanos passou por três etapas distintas: relações industriais, recursos humanos e gestão de pessoas (CHIAVENATO, 2010). Inicialmente, com a denominação de relações industriais, a finalidade era de realizar a mediação entre a organização e os trabalhadores visando a redução de conflitos gerados entre os objetivos organizacionais em detrimento dos objetivos individuais.
  • 56. Tema 2 | Administração de serviços A partir de 1950, esse conceito foi ampliado passando a ser denominado de administração de pessoal, que visava não mais intermediar conflito, mas possuía a preocupação de realizar o registro dos funcionários. Ou seja, era o setor responsável pelas rotinas trabalhistas e de administrar as pessoas em conformidade com a legislação desta área. Este setor também se responsabilizava pela realização de treinamentos, avaliação de desempenho, controle de faltas, entre outras tarefas. A partir da década de 1970, surgiu o conceito de recursos humanos. Nesta nova concepção, a ideia não era somente cuidar da remuneração, avaliação e treinamento, mas possuía como preocupação o desenvolvimento organizacional como todo. Então o departamento de recursos humanos era responsável também em proporcionar aos funcionários sua integração com a organização através da coordenação de interesses entre a empresa e os trabalhadores. Desta forma, havia uma preocupação com o ambiente e qualidade de vida no trabalho, com as relações interpessoais, e com a cultura organizacional. Esses indicadores permeavam as atividades de recursos humanos na empresa. A contribuição da teoria das relações humanas foi a ênfase em cultivar as boas relações humanas no ambiente de trabalho, a busca da realização de um tratamento mais humano às pessoas, através da adoção de processos administrativos mais democráticos. Em seguida, uma nova visão surge, sob a influência da era da informação, que substitui o departamento de recursos humanos para o trabalho em equipe de gestão com pessoas. 55
  • 57. 56 Administração e Planejamento em Serviço Social Esta nova concepção entendia que as pessoas deveriam participar da administração da empresa como parceiros e não apenas como um dos recursos. Caracteriza-se como modelo orgânico e flexível na estrutura organizacional na qual existe a predominância das equipes multifuncionais de trabalho. Esta área é interdisciplinar, pois envolve profissionais diversos, seja do campo da pedagogia, psicologia, administração, entre outros. E é considerado também como espaço sócio ocupacional do serviço social. O assistente social, como estrategista social, atua no âmbito organizacional subsidiando a organização na elaboração, formulação e execução de políticas de gestão de pessoas. Vamos entender um pouco as características e quais são os processos internos da gestão de pessoas. Em uma organização, as pessoas que se colocam em cargos de liderança desempenham as quatro funções administrativas, estudadas no item anterior. A gestão de pessoas procura, portanto, ajudar o administrador ou líder a desempenhar todas essas funções através das pessoas que formam sua equipe (CHIAVENATO, 2010). Outra característica da Gestão de pessoas é que podemos considerá-la como “uma via de mão dupla”, pois deve conduzir os funcionários a trabalharem em prol da empresa para o alcance dos objetivos estabelecidos. Por outro lado, os funcionários esperam receber salários compatíveis com as funções desempenhadas, bem como benefícios que os motivem a desempenhar suas tarefas. Assim, o gerenciamento de pessoas deve arquitetar as condições de ambiente em que se estimule o capital humano e intelectual da organização de seus funcionários.
  • 58. Tema 2 | Administração de serviços Para isso são estabelecidos seis processos básicos da gestão de pessoas, onde existem uma relação e influência entre eles. Em relação aos processos encontramos: • Processo de agregar pessoas: Constitui a primeira etapa do processo de gestão de pessoas, que é utilizado para atrair e incluir novos funcionários na organização. O método utilizado para tal finalidade é o recrutamento e seleção. O recrutamento é uma ação da empresa para estimular o mercado de recursos humanos (trabalhadores) e dele extraírem os candidatos necessários para o preenchimento de vagas oferecidas pela empresa. Além de selecionar pessoas do mercado de trabalho, o processo de recrutamento e seleção poderá também ser realizado dentro da organização mediante a promoção ou transferência para cargos vagos. Assim, o recrutamento poderá ser interno ou externo. O recrutamento pode acontecer externamente, quando a busca para o preenchimento do cargo se dá fora da empresa. Ou recrutamento interno, quando a busca acontece entre os trabalhadores da empresa, com a finalidade de selecionar os aptos para a promoção ou transferência de cargo. Desta forma, o recrutamento é considerado como o canal de condução dos candidatos para o processo seletivo. Então, a primeira tarefa do recrutamento externo é divulgar, no mercado de trabalho, a disponibilidade de cargos que a organização pretende oferecer. Essa função é considerada como um meio de comunicação, pois divulga oportunidades de emprego ao passo que atrai candidatos para o processo seletivo. 57
  • 59. 58 Administração e Planejamento em Serviço Social Após a etapa do recrutamento, inicia o processo de seleção. Nessa etapa, é realizada a comparação entre as características de cada candidato, em conformidade com as referencias especificas do cargo. Para a realização da etapa da seleção, algumas técnicas poderão ser utilizadas como: aplicação de prova, análise de currículo, entrevista, dinâmica de grupo ou sociodrama simulando situações que poderão ser vivenciadas na empresa. • Processo de aplicar pessoas: Após o processo de recrutamento, seleção e contratação dos candidatos aprovados no processo seletivo, é necessário que essa pessoa passe por um processo de integração. Esta etapa refere-se ao momento de socialização organizacional. Ou seja, é o período onde se estrutura o esquema de boas vindas aos novos funcionários. Nessa etapa, o novo funcionário é posicionado ao cargo e as tarefas que serão desenvolvidas e a fixação da cultura organizacional, os valores, as normas e os padrões de comportamento adotados pela empresa. Sua principal finalidade é propiciar um ambiente favorável de acolhimento durante a fase inicial de trabalho. Para realizar o processo de socialização, alguns métodos são utilizados como: o processo seletivo, conteúdo do cargo, supervisor como tutor, grupo de trabalho e o programa de integração. • Processo de recompensar pessoas: É o processo utilizado para estimular e motivar os funcionários através da satisfação de suas necessidades individuais adotando o sistema de recompensa, remuneração, benefícios e serviços sociais.
  • 60. Tema 2 | Administração de serviços O método de recompensa é o processo que compreende todas as formas de pagamento dadas aos funcionários em decorrência de seu trabalho. A recompensa pode ser considerada como financeira (prêmios, comissões, salários) e não financeira (férias, gratificações). A recompensa mais utilizada é a remuneração total. A remuneração total é um conjunto de recompensas quantificáveis que é constituída por três componentes: a) Remuneração básica: É representada pelo salário mensal; b) Incentivos salariais: São programas voltados a recompensar seus funcionários pelo bom desempenho de atividades; c) Benefícios e serviços sociais: São formas indiretas de compensação e podem ser consideradas como vantagens concedidas pela organização na forma de pagamento adicional. Os benefícios sociais constituemse de serviços com o intuito de satisfazer os objetivos individuais, econômicos e sociais dos funcionários. Exemplo disso é a assistência médica, o seguro de vida, o ticket alimentação, o transporte, a previdência privada, entre outros. • Processo de desenvolver pessoas: É o método de capacitar para o desenvolvimento de competências, seja em nível pessoal ou profissional dos funcionários. Segundo Chiavenato (2010), existe uma diferença entre desenvolvimento e treinamento. O treinamento é sempre orientado para o presente, em que se busca melhorar as competências e habilidades relacionadas diretamente com o cargo. 59
  • 61. 60 Administração e Planejamento em Serviço Social O desenvolvimento de pessoas focaliza, geralmente, na preparação dos funcionários para o despertar de novas competências e habilidades que poderão ser desempenhadas no futuro. • Processo de manter pessoas: São métodos utilizados para estimular condições ambientais e psicológicas suficientes para um bom desempenho das atividades. Essa concepção é permeada pelas concepções de cultura organizacional, clima, disciplina, higiene, segurança e qualidade de vida. • Processos de monitorar pessoas: São métodos estabelecidos para acompanhar e controlar o desenvolvimento dos funcionários e seus resultados. Um instrumento utilizado é o banco de dados com informações atualizadas sobre seus funcionários. Outro ponto está em estabelecer regras para a demissão de um profissional, bem como adotar um controle em relação a objetivos e tarefas executadas pelos funcionários como também um rígido controle de frequência dos empregados, o instrumento mais adotado é o registro de cartão de ponto. LEITURA COMPLEMENTAR CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. O aluno encontrará nessa obra o conceito de modelo de gestão de pessoas e as tendências nessa área.
  • 62. Tema 2 | Administração de serviços STAREC, Claudio; GOMES, Elisabeth e BEZERRA, Jorge. Gestão estratégica da informação e inteligência competitiva. São Paulo: Saraiva, 2006. O aluno encontrará na parte IV dessa obra análises sobre a gestão estratégica de RH. PARA REFLETIR Pesquise entre amigos e familiares os serviços sociais/benefícios que são oferecidos pelas empresas. Discuta com os colegas no encontro presencial os serviços sociais que você considerou em maior predominância. 61
  • 63. 62 Administração e Planejamento em Serviço Social 2.3 O serviço social na empresa 14 A economia baseada no latifúndio, na monocultura e na exportação dos produtos agrícolas para os países europeus. 15 Criado pelos empresários do comércio e da indústria, no momento pós -guerra, e visava assistir, através de prestação de serviços sociais e aperfeiçoamento técnico profissional de seus funcionários e familiares. Analisar a inserção do Serviço Social na empresa requer compreender o processo de desenvolvimento econômico do país. O Brasil teve como principal característica de sua economia até 1930 a produção e exportação de produtos agrícolas, caracterizando-se como país agroexportador14. Os países europeus foram os principais importadores dos nossos produtos agrícolas e exportadores de produtos manufaturados (industrializados) para o Brasil. Com o advento da II Guerra Mundial que provocou o desmantelamento da economia dos países europeus, consequentemente ocasionou mudanças na economia internacional, tais como incentivar os países agroexportadores a começarem a se industrializar, já que a Europa não conseguia mais exportar produtos manufaturados diante da quebra de muitas de suas indústrias e porque sua produção estava voltada para a indústria bélica e para o abastecimento do mercado interno. Portanto, podemos afirmar que a II Guerra Mundial ocasionou o processo de industrialização dos países agroexportadores, a exemplo do Brasil. Esse processo ficou conhecido no Brasil como o período da Substituição das Importações, o que significa dizer que o país passou a produzir os produtos que eram importados, os produtos manufaturados. Começa, assim, o processo de industrialização e urbanização do país que se concentrou na região sudeste nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Nos anos de 1940 surgiu no país o Sistema S15 que englobavam o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e o Serviço Social do Comércio (SESC).
  • 64. Tema 2 | Administração de serviços Esse, então chamado Sistema S, tinha como principal objetivo promover ações de formação profissional, qualificar mão de obra para atender as necessidades do mercado de trabalho, além dessa atuação começou a desenvolver atividades visando ao bem-estar social, incluindo saúde, educação, lazer, cultura, esporte, transporte e vestuário, através do SESC e do SESI. É neste momento que se inicia a inserção do Serviço Social na Empresa, trabalhando com ações voltadas para qualificação da mão de obra, promoção da saúde, lazer, educação, transporte, enfim, do bem–estar social do trabalhador e sua família, visando, assim, resolver os conflitos que surgiram entre os operários e os patrões. A intervenção do Serviço Social consolidouse durante as décadas seguintes, principalmente na passagem dos anos de 1970 para 1980 com a consolidação da industrialização do país, da organização e reivindicação dos trabalhadores por melhores condições de trabalho e vida, e da intervenção do Estado nas expressões da Questão Social por meio do desenvolvimento de políticas sociais que requisitaram uma ação técnica profissional. Em 1970 o modelo de produção capitalista que predominava no país era o Taylorista/Fordista baseado na organização da produção rígida, verticalizada, parcelada e em larga escala. Nesse período o regime político vigente era a Ditadura Militar, que tinha como principais características o cerceamento da liberdade, repressão política, o incentivo à industrialização e o desenvolvimento de políticas sociais assistencialistas, fragmentadas, setorializadas, apesar dessa política e da ação repressora do Estado os trabalhadores organizaram-se em diversos movimentos sociais, entre eles nas comissões de fábricas e sindicatos para lutar por melhores condições de trabalho, de vida e pelo fim do Regime Militar. 63
  • 65. 64 Administração e Planejamento em Serviço Social 16 No final da década de 1970 0 Serviço Social vai romper com o Conservadorismo, através do movimento de intenção de ruptura, neste período vai a adotar a teoria social crítica como aporte teórico para fundamentar sua formação e exercício profissional, construindo base para consolidação do Projeto Ético Político profissional que tem como um dos princípios a defesa e fortalecimento das classes subalternas. Vale ressaltar, que a década de 1970 e 1980 foi de suma importância para construção da cidadania, é nessa ocasião que o nosso país vivencia um momento de grande efervescência de organização das classes subalternas que passa a se organizar nos movimentos sociais, movimentos populares, sindicatos e nos partidos políticos para reivindicar o fim da Ditadura Militar, a instauração da democracia, pela elaboração de uma legislação social que garanta direitos sociais, civis e políticos. Nesse período vai existir uma expansão do Serviço Social nas empresas, o profissional de Serviço Social é inserido no quadro profissional, especificamente no setor de recursos humanos, tanto das empresas privadas como nas empresas públicas estatais para desenvolver um trabalho de cunho educativo e assistencial com o trabalhador e sua família. A intervenção do Serviço Social visa mediar o conflito empregador/empregado desenvolvendo uma ação que beneficia o capital auxiliando no controle e disciplinamento do trabalhador, aumentando a produtividade e lucratividade e, ao mesmo tempo, colaborando com os trabalhadores com ações que permitem garantir a manutenção da força de trabalho por meio de benefícios que promovem o bem-estar do trabalhador e da sua família. A partir dessa intervenção particular do Serviço Social na contradição capital/trabalho que o profissional vai se perceber como trabalhador assalariado que está submetido às mesmas condições de trabalho que os demais trabalhadores da empresa. Neste sentido, o assistente social começa a problematizar as estratégias e objetivos desenvolvidos pela empresa no sentido de qualificar sua prática profissional criando estratégias para fortalecer o projeto político das classes subalternas16.
  • 66. Tema 2 | Administração de serviços No final da década de 1970 o sistema capitalista entra em crise, suas altas taxas de lucro estão ameaçadas diante da crise do petróleo e da superprodução. Diante desta crise o sistema capitalista procura introduzir novos métodos de produção e gestão para alavancar as taxas de lucro, essa fase será denominada por alguns autores como processo de reestruturação produtiva do Capital ou de Terceira Revolução Industrial. As principais características são: a) A financeirização da economia; b) A introdução de tecnologias avançadas no processo de produção; c) A ênfase em processos informacionais; d) A desregulamentação dos mercados; e) A flexibilização do trabalho, expressas em novas modalidades de contratação (trabalho temporário e subcontratação); f ) Desemprego estrutural; g) Supressão dos direitos sociais; h) Fusão de grandes empresas (empresas Multinacionais); i) A desterritorialização da produção, ou seja, uma mesma indústria possui diversas filiais em outros países; 65
  • 67. 66 Administração e Planejamento em Serviço Social j) Busca desenfreada por matérias-primas abundantes (recursos naturais); k) Mão de obra barata e investimentos massivos em marketing. Esse novo modelo de organização da produção é denominado de Toyotismo, baseado na organização flexível, horizontal, produção de acordo com a demanda, o que significou enxugamento da quantidade de trabalhadores na produção, a exigência de um trabalhador polivalente e altamente qualificado, uma gestão centrada no discurso da colaboração e integração do funcionário, ou seja, deixa de ser um trabalhador para ser colaborador, fazer parte da empresa. O Brasil vai iniciar a introdução desse novo modelo de organização da produção nos anos de 1980, mas sua consolidação aconteceu na década de 1990. Cabe mencionar que a década de 1990 é conhecida como período de introdução e consolidação da Política Neoliberal que significou a minimização da ação do Estado na regulação da vida social e ampliação da intervenção do mercado na vida social. Para isso, o empresariado brasileiro necessitou elaborar estratégias sociopolíticas para obter a legitimidade dos trabalhadores, neste sentido introduzir na gestão empresarial novas técnicas de trabalho baseada na filosofia do participacionismo e na colaboração dos trabalhadores na gestão, através da participação nos processos de decisão da produção e do diálogo direto entre patrão e trabalhador, buscando esvaziar o papel político dos sindicatos.
  • 68. Tema 2 | Administração de serviços As novas políticas desenvolvidas pelos recursos humanos das empresas podem ser resumidas nos seguintes aspectos, segundo Amaral & Cesar (2009): crescimento dos investimentos empresariais com a qualificação da força de trabalho; introdução de técnicas e métodos de gerenciamento participativo, com forte apelo ao envolvimento dos trabalhadores com as metas empresariais; combinação do sistema de benefícios e serviços sociais com as políticas de incentivo á produtividade do trabalho; e adoção de práticas de avaliação e monitoramento do ambiente interno. As mudanças no âmbito do gerenciamento do recurso humano trouxeram novas e velhas demandas para o Serviço Social. Permanece o trabalho educativo voltado para mudanças de hábitos, atitudes e comportamentos do trabalhador objetivando sua adequação ao processo de produção além de intervir no âmbito da vida privada do trabalhador, ambiente familiar e social, e participar da execução dos serviços sociais com intuito de promover o bem-estar social. As novas configurações no modo de produção do sistema capitalista reforçam a visão da necessidade de a empresa contratar o profissional de serviço social por sua intervenção ter uma dimensão pedagógica que pode ser utilizada para neutralizar os conflitos trabalhador/patrão, de intervir nos processos de reprodução material e espiritual da força de trabalho, por meio de ações que visam ao controle, disciplinamento do trabalhador. Neste sentido traz para o Serviço Social o desafio de pensar em estratégias para que tais objetivos sejam alcançados, provocando uma mudança de perfil profissional, deixando de ser mero executor para ser também formulador desses programas, o que significa dizer que o Assistente Social tem que 67
  • 69. 68 Administração e Planejamento em Serviço Social se enquadrar nas novas requisições do mercado de trabalho que visam contratar um trabalhador que desenvolva várias funções, o denominado trabalhador polivalente. Alguns programas empresariais de que o Serviço Social participa: Programa de Treinamento e Desenvolvimento: promove formação, treinamento, capacitação do trabalhador, objetivando obter um trabalhador polivalente e aumentar a produtividade; Programas participativos: estes programas são pautados na Gestão de Qualidade Total que visa à satisfação do cliente externo (consumidor) e do cliente interno (colaborador), visa promover ações que fomentem a participação do trabalhador dentro da ordem da empresa, sendo estimulados por meio de incentivos simbólicos e materiais, a exemplo do programa “O Colaborador do Mês”. Programa de Qualidade de Vida: realização de ações socioeducativas e da promoção de serviços sociais, o enquadramento de hábitos e cuidados com a saúde, lazer, alimentação buscando a melhoria de vida do trabalhador visando ao aumento da produtividade. Programa de Clima ou Ambiência organizacional: promove atividades que têm por objetivo identificar a percepção do trabalhador sobre o ambiente de trabalho, a organização, as condições e relações de trabalho. As ações desenvolvidas pela empresa com a colaboração do serviço social visam aumentar a produtividade e disciplinar o trabalhador, através do discurso ideológico da participação e da colaboração do trabalhador. “O trabalhador faz parte da empresa”.
  • 70. Tema 2 | Administração de serviços LEITURA COMPLEMENTAR AMARAL, Ângela Santana do; CESAR, Monica. O trabalho do assistente social nas empresas Capitalistas. In: Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. Neste artigo o aluno encontrará análises sobre a inserção do serviço social na empresa e de que forma as mudanças no mundo do trabalho afetam o profissional de serviço social. AMARAL, Ângela Santana do; MOTA, Ana Elizabete(org). Reestruturação do Capital, fragmentação do trabalho do serviço social. In: A nova fábrica de consenso: ensaio sobre a reestruturação empresarial, o trabalho e demandas ao Serviço Social. 2. ed. São Paulo. Cortez, 2000. Nesta obra o aluno vai encontrar uma análise do processo de reestruturação produtiva do sistema capitalista e seus impactos no mundo do trabalho com ênfase para os impactos no campo de trabalho do Serviço Social. 69
  • 71. 70 Administração e Planejamento em Serviço Social PARA REFLETIR As características apresentadas neste item sobre a inserção do serviço social na empresa: contradição capital/trabalhador, as fases do desenvolvimento econômico do país, as novas configurações no modo de produção capitalista, o trabalho de mediação do serviço entre empregador/empregado através da sua ação socioeducativa. Reúna um grupo de estudantes e realize uma visita a uma empresa para conversar com a Assistente Social, conhecer a gestão da empresa e a atuação do Serviço Social neste espaço. 2.4 Responsabilidade social nas empresas públicas e privadas O tema responsabilidade social nas empresas públicas (Estatais) e privadas entrou na agenda política e social do país na década de 1990, período de consolidação das mudanças no modelo de produção capitalista, de implantação do Neoliberalismo na gestão do Estado, através da reforma do Estado, que provocou agravamento das expressões da questão social no país. O surgimento do termo “Sociedade Civil e Terceiro Setor”, expressões que passaram a ser usadas para se referir a uma nova forma de gestão social na elaboração e execução dos serviços sociais, é decorrente dessas mudanças ocorridas na década de 1990.
  • 72. Tema 2 | Administração de serviços Os aspectos da política, economia e da forma de gerenciamento do Estado brasileiro, nos anos de 1990, fazem parte do processo de reestruturação do capital iniciado no final da década de 1970, nos países desenvolvidos que impuseram aos demais países um ajustamento as novas regras do capital internacional, pelo intermédio dos organismos internacionais 17 , como FMI (Fundo Monetário Internacional), BM (Banco Mundial), etc. As principais características dessa nova fase do sistema capitalista são a financerização da economia, a predominância do capital financeiro sobre o produtivo, a globalização da economia, a desregulamentação do mercado e a perda de soberania dos Estados-nação, novos métodos de gerenciamento do Estado pautado na Hegemonia Neoliberal. Na esfera da produção as empresas adotam novo padrão de produção e gerenciamento: a) Investimentos em pesquisas científicas com intuito de reduzir gastos da produção por meio da introdução de novas tecnologias poupadoras de mão de obra e promotora do aumento da produtividade; b) Desterritorialização da produção, ou seja, os núcleos de produção são transferidos das empresas matrizes, localizadas nos países desenvolvidos, para as empresas filiais nos países subdesenvolvidos; c) O fortalecimento da relação entre o Estado e as empresas transnacionais. Neste sentido o Estado busca ofertar as melhores condições para que as indústrias se estabeleçam no país, como legislação previdenciária e trabalhista fraca que não protege 71 17 Esses órgãos são responsáveis pela elaboração e fiscalização de regras sobre a política econômica mundial.
  • 73. 72 Administração e Planejamento em Serviço Social o trabalhador, a exemplo do baixo salário, e as isenções fiscais e tributárias. Aliado a essas características estão a abundância de matérias-primas e grande contingente de trabalhadores à procura de emprego. d) Articulação com outras empresas menores, através da terceirização dos serviços e cooperação interempresas que fazem surgir as chamadas “empresas rede”. As grandes empresas lideram de forma hierárquica os diversos setores da produção e da comercialização de bens e serviços. e) Articulação com o capital financeiro, o que significa dizer que o capital produtivo passa a investir parte dos seus lucros em outras fontes de rendimentos, como fundo de pensão, ações etc. Podemos observar que a produção está organizada em escala global, o que significa dizer que o capital é internacional. As empresas, além de comandarem a produção, e também o mercado, passam a atuar em outras esferas da vida social, através do fornecimento de bens e serviços, tais como: pesquisa, a criação de infraestrutura econômica e social, atividades culturais, serviços de assistência e de qualificação para os trabalhadores e todos que fazem parte da “empresa rede’. Essa intervenção atinge os trabalhadores, acionistas, credores, investidores, Governos, consumidores e a comunidade em que atua, ou seja, onde está localizada a sede da empresa.
  • 74. Tema 2 | Administração de serviços Esse novo modelo de organização e gestão das empresas é dominado de “Corporate Governance ”18, significa que a empresa deve modificar seu relacionamento com todos os que estão envolvidos em suas atividades, potencializando o máximo a sua capacidade de articulação política. Os princípios desse modelo de gestão “Governança Corporativa” são difundidos pelos organismos internacionais como FMI (Fundo Monetário Internacional), BM (Banco Mundial), BID (Banco Internacional de Desenvolvimento) que criam indicadores de sustentabilidade econômica e social que as empresas devem seguir para poder obter recursos financeiros, credibilidade no mercado e atração de novos parceiros, ações que contribuem para elevar a valorização dos lucros. Um dos indicadores de sustentabilidade que se vincula à Governança Corporativa é a responsabilidade social empresarial, que atualmente vem sendo objeto de iniciativas dos empresários no Brasil e no mundo. A responsabilidade social empresarial são ações desenvolvidas pelas empresas para atender tanto ao público interno (os trabalhadores) como ao publico externo (consumidores e comunidade). As atividades destinadas ao seu público interno, os empregados, são: qualificação de mão de obra, plano de saúde, plano odontológico, acompanhamento psíquico social, etc. Podemos caracterizar esses benefícios como salários indiretos. Já as atividades destinadas ao público externo, a comunidade, são: ações de proteção ao meio ambiente, ações assistenciais e emergenciais, como entrega de cesta básica, cursos de qualificação de mão de obra para adolescentes e jovens, etc. 18 Governança Corporativa 73