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ÍNDICE

ÍNDICE................................................................................................................. 1
   PREFÁCIO ........................................................................................................ 9
   NOTA PARA A EDIÇÃO INDIANA ............................................................... 10
   PREFÁCIO PARA A EDIÇÃO REVISADA ..................................................... 13
   PREFÁCIO PARA A PRIMEIRA EDIÇÃO ...................................................... 15
   ABREVIAÇÕES .............................................................................................. 25
   EQUIVALENTES ROMANOS DO DEVANAGARI ........................................ 26
CAPÍTULO I ...................................................................................................... 27

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 27
   DEFINIÇÃO DE AYURVEDA ................................................................................ 29
   ÁREA DE ATUAÇÃO DO AYURVEDA ................................................................... 29
   OS OITO RAMOS DO AYURVEDA ........................................................................ 30
   CARACTERÍSTICAS SINGULARES DO AYURVEDA ................................................. 31
CAPÍTULO II .................................................................................................... 34

REVISÃO HISTÓRICA .................................................................................... 34
   MITOLOGIA SOBRE A ORIGEM DO AYURVEDA .................................................... 34
   AYURVEDA NA ERA PRÉ-VÉDICA ...................................................................... 35
   AYURVEDA NA ERA VÉDICA.............................................................................. 36
   AYURVEDA NO PERÍODO PÓS-VÉDICO ............................................................... 37
   CRÔNICAS SOBRE A VIDA DE JIVAKA ................................................................. 38
   A ESTÓRIA DE BHOJA ........................................................................................ 40
   INTERRUPÇÃO DO PROGRESSO NO PERÍODO MEDIEVAL ...................................... 40
   RESTAURAÇÃO DO AYURVEDA .......................................................................... 41
CAPÍTULO III ................................................................................................... 43

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ...................................................................... 43
   CRIAÇÃO DO UNIVERSO .................................................................................... 43
   TEORIA PAÑCA MAHABHUTA ............................................................................... 46
   DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO MAHABHÁUTICA DE UMA DROGA
   A PARTIR DE SUAS PROPRIEDADES ..................................................................... 48
   O CONCEITO DE TRIDOSHA ................................................................................. 48



                                                                                                                       1
CONDIÇÕES DOS DOSHAS NAS DIFERENTES ESTAÇÕES DO ANO ........................... 52
    FATORES RESPONSÁVEIS PELA ALTERAÇÃO DOS DOSHAS ................................... 52
    SINAIS E SINTOMAS DO AGRAVAMENTO DOS DOSHAS ......................................... 53
    TRATAMENTO DE DOENÇAS CAUSADAS POR PERTURBAÇÕES DOS DOSHAS .......... 53
    TERAPIA DE ELIMINAÇÃO PARA CORREÇÃO DOS DOSHAS ALTERADOS ................ 54
    DOENÇAS CAUSADAS PELOS DOSHAS ................................................................. 54
    CONCEITO DE SAPTA DHATU ............................................................................. 59
    CONCEITO DE MALA .......................................................................................... 62
    SROTAS OU CANAIS DE CIRCULAÇÃO .................................................................... 63
    CAUSAS DAS ALTERAÇÕES DOS SROTAS ................................................................ 65
    SÍTIOS DE ORIGEM DOS SROTAS E SINTOMAS CAUSADOS POR SUAS ALTERAÇÕES ..... 66
    LINHA DE TRATAMENTO ...................................................................................... 68
    DIGESTÃO E METABOLISMO ................................................................................ 69
    PRAKRTI OU CONSTITUINTE FÍSICO ..................................................................... 74
    FATORES RESPONSÁVEIS PELA DETERMINAÇÃO DE PRAKRTI .................................. 77
    CARACTERÍSTICAS DOS INDIVÍDUOS QUE POSSUEM KAPHA PRAKRTI ...................... 78
    CARACTERÍSTICAS DE UM INDIVÍDUO QUE POSSUI PITTA PRAKRTI ......................... 79
    CARACTERÍSTICAS DE UM INDIVÍDUO QUE POSSUI VATA PRAKRTI ......................... 80
    CARACTERÍSTICAS E CONTROLE DE UMA PESSOA QUE POSSUI VATA PRAKRTI........... 81
    CARACTERÍSTICAS E CONTROLE DE UMA PESSOA QUE POSSUI PITTA PRAKRTI ........ 82
    CARACTERÍSTICAS E CONTROLE DE UMA PESSOA QUE POSSUI KAPHA PRAKRTI ...... 83
    CONCEITO DE MENTE ......................................................................................... 84
    SINÔNIMOS E SUAS IMPLICAÇÕES ......................................................................... 85
    MENTE E MANAS ............................................................................................... 85
    DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO ...................................................................... 85
    TRÊS PONTOS DE VISTA DIFERENTES ................................................................... 86
    SERES SENCIENTES E NÃO SENCIENTES................................................................. 87
    ANTAHKARANA OU OS MEIOS INTERNOS DE PERCEPÇÃO ...................................... 88
    LOCALIZAÇÃO .................................................................................................... 89
    DIMENSÕES E NÚMEROS ..................................................................................... 90
    FUNÇÕES .......................................................................................................... 90
    DIFERENTES NÍVEIS DE MENTE............................................................................ 90
    CLASSIFICAÇÃO DAS FACULDADES MENTAIS ......................................................... 91
    COMPOSIÇÃO DAS DROGAS ................................................................................. 94
    CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS .............................................................................. 95
    RASA OU SABOR ................................................................................................ 96
    SABORES E DOSHAS ........................................................................................... 97
    GUNAS E QUALIDADES........................................................................................ 97
    VIRYA OU POTÊNCIA ......................................................................................... 98
    VIPAKA OU SABOR PÓS-DIGESTIVO ..................................................................... 99
    PRABHAVA OU AÇÃO ESPECÍFICA ....................................................................... 99
CAPÍTULO 4 ................................................................................................... 101

MEDICINA PREVENTIVA ............................................................................ 101
    DINACARYA (CONDUTA NO PERÍODO DIURNO).............................................. 101


2
LIMPEZA DA FACE ............................................................................................ 101
PROTEÇÃO DA VISÃO ........................................................................................ 101
BEBER UM COPO DE ÁGUA................................................................................ 102
EVACUAÇÃO .................................................................................................... 102
HIGIENE DOS DENTES ....................................................................................... 103
RASPAGEM DA LÍNGUA...................................................................................... 104
USO DE GOTAS NASAIS ..................................................................................... 104
MASTIGAÇÃO ................................................................................................... 104
GARGAREJOS ................................................................................................... 105
APLICAÇÃO DE ÓLEO NA CABEÇA ...................................................................... 105
GOTAS DE ÓLEO NOS OUVIDOS ......................................................................... 105
MASSAGEM COM ÓLEO ..................................................................................... 106
EXERCÍCIOS ..................................................................................................... 107
       Efeitos Benéficos dos Exercícios .......................................................... 107
       Efeitos Prejudiciais do Exercício Excessivo ......................................... 107
       Características do Exercício Correto................................................... 107
       Contra-Indicações para os Exercícios ................................................. 107
BANHO ............................................................................................................ 108
VESTIMENTAS ................................................................................................... 108
USO DE PERFUMES .......................................................................................... 108
USO DE ORNAMENTOS ...................................................................................... 108
CUIDADOS COM CABELOS E UNHAS ................................................................... 108
CALÇADOS ....................................................................................................... 108
ALIMENTOS ...................................................................................................... 109
USO DE COLÍRIO .............................................................................................. 110
FUMO ............................................................................................................. 110
       Características do Uso Correto do Fumo ............................................ 111
       Características do Uso Insuficiente do Fumo ....................................... 111
       Características do Uso Excessivo de Fumo .......................................... 111
CÓDIGO DE ÉTICA GERAL ................................................................................. 111
ESTUDO .......................................................................................................... 113
CONDUTA GERAL ............................................................................................. 113
AMIGOS CONVENIENTES ................................................................................... 114
PESSOAS INCONVENIENTES PARA A AMIZADE ....................................................... 115
RATRICARYA (CONDUTA NO PERÍODO NOTURNO) ......................................... 115
SONO .............................................................................................................. 115
       Tipos Diferentes de Sono ..................................................................... 116
       Contra-indicações ao Sono Diurno...................................................... 116
       Indicações do Sono Diurno ................................................................. 117
       Causas da Insônia ............................................................................... 118
       Medidas que Favorecem um Sono Benéfico ......................................... 118
CONDUTA DURANTE A REFEIÇÃO NOTURNA ....................................................... 118
USO DE IOGURTE À NOITE................................................................................. 118
LEITURA DURANTE A NOITE .............................................................................. 119
RELAÇÕES SEXUAIS .......................................................................................... 119
RTUCARYA (CONDUTA DURANTE AS ESTAÇÕES DO ANO) ................................ 120


                                                                                                                    3
OS DOIS SOLSTÍCIOS ........................................................................................ 120
    EFEITOS DE ADANA KALA NO CORPO ............................................................... 124
    EFEITOS DO VISARGA KALA SOBRE O CORPO .................................................... 124
    DIETA E CONDUTA PARA O INVERNO .................................................................. 124
    DIETA E CONDUTA PARA A PRIMAVERA ............................................................... 126
    DIETA E CONDUTA PARA O VERÃO ..................................................................... 126
    DIETA E CONDUTA PARA A ESTAÇÃO CHUVOSA ................................................... 127
    DIETA E CONDUTA PARA O OUTONO .................................................................. 128
    NECESSIDADES BÁSICAS .................................................................................... 129
    NECESSIDADES QUE DEVEM SER SUPRIMIDAS ..................................................... 131
    TERAPIA REJUVENESCEDORA............................................................................. 131
          Objetivo do Rasayana ......................................................................... 132
          Duração da Vida................................................................................. 132
          Época de Administração...................................................................... 135
          Pessoas Convenientes para o Rasayana............................................... 135
          Método de Administração.................................................................... 136
          Drogas Rasayanas............................................................................... 136
    CYAVANAPRASA ............................................................................................. 137
          Dose ................................................................................................... 137
          Dieta................................................................................................... 138
    OUTRAS CONDUTAS .......................................................................................... 138
    PROCESSO DE MORTE ....................................................................................... 138
CAPÍTULO 5 ................................................................................................... 139

A PRÁTICA DA MEDICINA .......................................................................... 139
    O EXAME DO PACIENTE .................................................................................... 139
    EXAME DA IDADE DO PACIENTE......................................................................... 143
    EXAME DO VIGOR DO PACIENTE ........................................................................ 144
    O QUE É ESTE VIGOR? ...................................................................................... 144
    O QUE É TEJAS? .............................................................................................. 144
    O QUE É OJAS?................................................................................................ 145
    ASPECTOS CARACTERÍSTICOS DO CORPO COMPACTO .......................................... 146
    DISTÚRBIOS DO VIGOR ..................................................................................... 147
    ANÁLISE DO SATTVA ........................................................................................ 147
    AVALIAÇÃO DA SAÚDE ...................................................................................... 148
    EXAME DA DOENÇA .......................................................................................... 150
          Nidana ou Fatores Causais ................................................................. 151
          Purvarupa ou Primeiros Sintomas ....................................................... 152
          Rupa ou Sinais e Sintomas Manifestados ............................................. 153
          Upasaya ou Terapia Exploratória ....................................................... 153
          Samprapti ou Patogênese .................................................................... 155
          Kriya kala ou Estágios de Manifestação de uma Doença ..................... 157
          Diferentes Tipos de Samprapti............................................................. 157
    CAUSAS DAS DOENÇAS ...................................................................................... 157
          Negligência Intelectual (prajna paradha).............................................. 158


4
   Conjunção Patológica dos Órgãos Sensoriais e seus Objetos ............... 158
          Variações no Tempo e no Período ....................................................... 159
   TRÊS TIPOS DE DOENÇAS .................................................................................. 160
   DOENÇAS DO SISTEMA PERIFÉRICO ................................................................... 160
   DOENÇAS DO CAMINHO INTERMEDIÁRIO ............................................................ 160
   DOENÇAS DO SISTEMA CENTRAL ........................................................................ 161
   SÍTIOS DE ORIGEM DAS DOENÇAS ...................................................................... 161
   MODO DE DISSEMINAÇÃO DA DOENÇA ............................................................... 162
   SÍTIO DE MANIFESTAÇÃO DA DOENÇA ................................................................ 163
   DOENÇAS E SUAS VARIEDADES........................................................................... 163
   TERAPÊUTICA .................................................................................................. 168
   CATEGORIAS DE DOENÇAS ................................................................................ 170
   DIFERENTES TIPOS DE TERAPIAS ....................................................................... 172
          Langhana ou Terapia de Alívio ........................................................... 173
          Brmhana ou Terapia de Nutrição ........................................................ 174
          Ruksana ou Terapia Secativa............................................................... 174
          Snehana ou Terapia de Oleação .......................................................... 175
          Svedana ou Terapia de Fomentação .................................................... 176
CAPÍTULO 6 ................................................................................................... 177

DIETA .............................................................................................................. 177
   CLASSIFICAÇÃO DOS GÊNEROS ALIMENTÍCIOS E DAS BEBIDAS .............................. 178
         Sukadhanya (cereais com cerdas) ........................................................ 179
         Samidhanya (grãos comestíveis) .......................................................... 179
         Mamsavarga (carnes) .......................................................................... 179
         Saka varga (vegetais) .......................................................................... 185
         Phalavarga (frutas) .............................................................................. 185
         Harita varga (vegetais utilizados crus) ................................................. 187
         Madya varga (bebidas alcoólicas) ....................................................... 187
         Jala varga (vários tipos de água) ......................................................... 187
         Gorasa varga (derivados do leite) ........................................................ 188
         Iksu varga (produto da cana de açúcar)............................................... 188
         Krtanna varga (preparações de alimentos cozidos)............................... 188
         Aharayogi varga (acessórios das preparações) .................................... 188
CAPÍTULO 7 ................................................................................................... 189

DROGAS .......................................................................................................... 189
   AÇÕES DO SABOR DOCE .................................................................................. 189
   AÇÕES DO SABOR AZEDO ................................................................................ 189
   AÇÕES DO SABOR SALGADO ............................................................................ 190
   AÇÕES DO SABOR PUNGENTE .......................................................................... 191
   AÇÕES DO SABOR AMARGO ............................................................................. 192
   AÇÕES DO SABOR ADSTRINGENTE ................................................................... 192



                                                                                                                     5
CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS AYURVÉDICAS................................................... 193
    PREPARAÇÕES COMPOSTAS ............................................................................. 194
    NOMES DAS FORMULAÇÕES DE DROGAS .......................................................... 195
    PROCESSOS FARMACÊUTICOS .......................................................................... 196
    SODHANA OU PURIFICAÇÃO ............................................................................. 196
    MELHORES DROGAS, DIETAS E CONDUTAS ...................................................... 197
    MELHORES DROGAS PARA CERTAS DOENÇAS .................................................. 202
CAPÍTULO 8 ................................................................................................... 206

MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DAS DROGAS AYURVÉDICAS............... 206
             Suco.................................................................................................... 206
             Pó (Curna) .......................................................................................... 207
             Decocção (Kvatha) ............................................................................. 207
             Pasta (Kalka) ...................................................................................... 208
             Infusão (Phanta) .................................................................................. 208
             Infusão fria (Situ kasaya) .................................................................... 208
             Preparação com leite (Ksira paka) ...................................................... 208
             Emplastro ou geléia (Avaleha, lehya, paka ou khanda) ........................ 208
             Ghee e óleo medicinal (taila e ghrta).................................................... 209
             Preparações alcoólicas (Asava e arista) .............................................. 210
             pílulas (Gutika, vati e modaka)............................................................ 211
             Preparações em crosta (Parpati).......................................................... 212
             Medicamentos preparados por sublimação (Kupipakva rasayana)........ 212
             Pisti .................................................................................................... 213
             Colírio (Anjana).................................................................................. 213
             Metais, minerais, pedras preciosas e outros calcinados em pó (Bhasma)
              213
CAPÍTULO 9 ................................................................................................... 215

A CANNABIS E OS ANTIGOS TEXTOS MÉDICOS ................................... 215
    REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 216
    SINÔNIMOS ...................................................................................................... 218
    MITOLOGIA SOBRE A ORIGEM DA CANNABIS ........................................................ 219
    DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA EM TEXTOS ANTIGOS ................................................ 219
    SEXO DA PLANTA .............................................................................................. 220
    USUÁRIOS AUTORIZADOS .................................................................................. 220
    PROCESSOS FARMACÊUTICOS ............................................................................ 221
    FORMULAÇÃO .................................................................................................. 222
    INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS .............................................................................. 223
    TOXICIDADE .................................................................................................... 224
    CONTROLE DOS E FEITOS TÓXICOS ..................................................................... 225
    VIJAYA KALPA OU PREPARAÇÃO ESPECIAL PARA O REJUVENESCIMENTO ............. 225
    CULTIVO ......................................................................................................... 226



6
PROCESSAMENTO ............................................................................................. 227
   ADMINISTRAÇÃO DA TERAPIA ............................................................................ 227
   DISCUSSÃO ...................................................................................................... 228
CAPÍTULO 10 ................................................................................................. 232

A DROGA TERMINALIA CHEBULA NA LITERATURA MÉDICA
AYURVÉDICA E TIBETANA ........................................................................ 232
   ESTÓRIAS MITOLÓGICAS ................................................................................... 233
   SINÔNIMOS ...................................................................................................... 234
   VARIEDADES .................................................................................................... 235
   IDENTIFICAÇÃO DOS VÁRIOS TIPOS .................................................................... 237
   HABITAT .......................................................................................................... 237
   CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS ........................................................................... 238
   ANÁLOGOS ...................................................................................................... 238
   RASA, VIRYA, VIPAKA E GUNA........................................................................ 239
   PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS ......................................................................... 240
         Notas .................................................................................................. 241
CAPÍTULO 11 ................................................................................................. 246

O ALHO NOS ANTIGOS TEXTOS MÉDICOS INDIANOS ......................... 246
   MITOLOGIA SOBRE A ORIGEM DE LASUNA ......................................................... 247
   VARIEDADES .................................................................................................... 249
   SINÔNIMOS ...................................................................................................... 250
   RASA OU SABOR DA DROGA .............................................................................. 251
   PROPRIEDADES E AÇÕES FARMACOLÓGICAS ....................................................... 252
   USOS TERAPÊUTICOS ........................................................................................ 254
   ADJUVANTES PARA DIFERENTES DOENÇAS ......................................................... 256
   RASONA KALPA .............................................................................................. 257
         Pessoas Adequadas para a Administração de Rasona Kalpa ................ 258
         Pessoas Inadequadas para Rasona Kalpa............................................ 258
         Estação Adequada .............................................................................. 259
         Coleta do Allium sativum..................................................................... 259
         Processamento .................................................................................... 259
         Dosagem............................................................................................. 261
         Preparação do Paciente ...................................................................... 261
         Método de Administração.................................................................... 262
         Complicações e seu Controle............................................................... 262
         Anupana ............................................................................................. 262
         Cuidados Pós-Terapia......................................................................... 263
         Duração da Terapia ............................................................................ 263
         Pathya ou Dieta Adequada .................................................................. 263
         Alimentos e Condutas Insalubres ......................................................... 264
         Complicações Decorrentes de Condutas Inadequadas ......................... 264



                                                                                                                      7
 Tratamento das Complicações............................................................. 265
        Cuidados Pós-Terapia......................................................................... 265
    FORMULAÇÕES COMBINADAS ............................................................................ 265
        Notas e Referências............................................................................. 267
CAPÍTULO 12 ................................................................................................. 269

ESTUDO E PRÁTICA ..................................................................................... 269
    SELEÇÃO DE TEXTOS MÉDICOS .......................................................................... 269
    SELEÇÃO DE UM PROFESSOR DE MEDICINA ........................................................ 270
    SELEÇÃO DO ESTUDANTE DE MEDICINA ............................................................. 271
    INICIAÇÃO AO ESTUDO...................................................................................... 272
    OS MÉDICOS E SUAS CARACTERÍSTICAS .............................................................. 273
    CARACTERÍSTICAS DE UM BOM MÉDICO ............................................................. 273
    CARACTERÍSTICAS DOS MÉDICOS FINGIDOS E PSEUDOMÉDICOS ........................... 276
CAPÍTULO 13 ................................................................................................. 278

OUTROS SISTEMAS TRADICIONAIS DE MEDICINA.............................. 278
    UNANI TIBB ..................................................................................................... 278
           Princípios Fundamentais do Sistema Unani de Medicina ..................... 280
    SISTEMA SIDDHA DE MEDICINA ......................................................................... 281
           Mitologia sobre a Origem do Sistema Siddha ...................................... 281
           Propositores do Sistema Siddha de Medicina ....................................... 282
           Princípios Fundamentais..................................................................... 282
           Classificação das Drogas .................................................................... 283
           Diagnóstico das Doenças .................................................................... 284
           Kalpa Cikitsa ...................................................................................... 284
    EMCHI OU SISTEMA TIBETANO DE MEDICINA ...................................................... 285
           Classificação do Conhecimento ........................................................... 286
           Relações Indo-Tibetanas ..................................................................... 286
    PRAKRTIKA CIKITISA (NATUROPATIA) ................................................................. 288
           História .............................................................................................. 288
           Princípios Fundamentais..................................................................... 289
           Prática da Naturopatia ....................................................................... 290
    YOGA .............................................................................................................. 290
           Princípios Fundamentais..................................................................... 291
    TANTRA ........................................................................................................... 299




8
PREFÁCIO

        Entre a linha de frente dos eruditos em Ayurveda da nova
geração, o Dr. Bhagwan Dash é uma daquelas poucas pessoas
nas quais deposito minhas esperanças pela manutenção da
imagem pura do Ayurveda tanto na Índia quanto no exterior.
        Seu novo livro é benvindo pois, considerando que o autor
está intimamente familiarizado com os conceitos do Ayurveda, sua
exposição permanece livre das distorções laboriosas que
caracterizam o trabalho das vítimas de vários tipos de complexos
de inferioridade cuja principal preocupação parece ser, de alguma
forma, ajustar os conceitos Ayurvédicos ao leito procustiano da
alopatia.
        Nesta obra, sua última compilação, o Dr. Dash trabalhou
com os fundamentos do Ayurveda de uma maneira lúcida e com
estilo facilmente compreensível. O livro é lançado em uma época
em que o Ayurveda atrai a atenção dos cientistas médicos de
países desenvolvidos como os EUA e o Japão, e no momento em
que esta grande Ciência Indiana da Vida começa a se
desenvolver nas instituições médicas ocidentais. Deste modo,
esta publicação oportuna é destinada a disseminar efetivamente o
conhecimento do Ayurveda entre os estudantes da ciência médica
tanto no Oriente como no Ocidente.

Shiv Sharma
Presidente do Conselho Central de Medicina Indiana
Nova Delhi




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NOTA PARA A EDIÇÃO INDIANA

        Revelações mais recentes sobre os efeitos colaterais das
drogas alopáticas — quimioterápicos e antibióticos — têm
aterrorizado muitas pessoas em todo o mundo e existem esforços
combinados para encontrar uma alternativa para as mesmas. O
Ayurveda, a medicina tradicional da Índia, consiste de uma prática
ininterrupta desde eras pré-históricas e talvez sua posição seja a
mais viável na área. Infelizmente, devido às dificuldades da língua
na qual foram compostos os clássicos originais, o conhecimento
de seus princípios e práticas fundamentais tem permanecido
inacessível aos cientistas e pesquisadores do Ocidente e mesmo
para alguns indianos não familiarizados com o sânscrito. Para
satisfazer esta imensa necessidade estamos publicando este
trabalho do Dr. Bhagwan Dash.
        O Dr. Dash não é um autor novo para os leitores. Há mais
de três décadas está ativamente conectado com a profissão
Ayurvédica – em sua pesquisa e prática. Ao lado das muitas
contribuições aos jornais estrangeiros e indianos, tem participado
de diversas conferências internacionais sobre Ayurveda, Yoga,
Medicina Tibetana e outras ciências orientais, tendo viajado para
várias regiões da Índia e países estrangeiros com esta finalidade.
        São suas estas importantes publicações:
1. Caraka Samhita, com tradução e notas críticas em inglês,
baseado no Ayurveda Dipika de Cakrapani, volumes I, II, III e IV;
2. Concept of Agni in Ayurveda;
3. Ayurvedic Treatment for Common Diseases;
4. Embryology and Maternity in Ayurveda;
5. Tibetan Medicine with Special Reference to Yoga Sátaka


10
6. Ayurveda for Healthy Living.
       No capítulo introdutório deste livro, são ressaltadas as
vantagens únicas do Ayurveda, seu progresso e os altos e baixos
através dos diferentes períodos da história. Descrevem-se em
detalhes os princípios fundamentais como a teoria do Pañca
Mahabhuta, as teorias do Tridosha e do Sapta Dhatu que são
essenciais para a compreensão adequada do Ayurveda. Esta
ciência atribui grande ênfase à preservação de uma saúde
verdadeira e à prevenção das doenças. Estão delineados os
vários métodos descritos no Ayurveda e praticados na Índia
antiga. A dieta representa um importante papel na prática
Ayurvédica. Conseqüentemente, detalhes sobre os vários
ingredientes das dietas e as bebidas encontram lugar neste livro.
Para ilustrar o conceito da composição e da ação de uma droga
nos diferentes clássicos ayurvédicos e Nighantus, estão descritas
em detalhes três drogas: Cannabis, Haritaki e Allium. Todas estas
drogas são extensivamente utilizadas no Ayurveda,
principalmente para propósitos de rejuvenescimento. O método
empregado na Índia antiga para a seleção de estudantes, os
ensinamentos e a iniciação dos médicos também estão incluídos.
Há muitos outros sistemas tradicionais de medicina na Índia;
alguns são contemporâneos ao Ayurveda e outros vieram para
este país posteriormente. Eventualmente, ocorre um intercâmbio
de idéias entre o Ayurveda e tais sistemas. Portanto, é fornecido
um resumo dos princípios fundamentais das medicinas Unani,
Siddha, Emchi ou Tibetana, o Prakrtika Cikitsa ou Naturopatia,
juntamente com a Yoga e os Tantras, no último capítulo deste
livro.
       Se este trabalho puder auxiliar a mitigar um pouco o
sofrimento da humanidade e a promover o avanço da ciência
médica, sentiremos nossos esforços amplamente recompensados.




                                                              11
R. S. Bansal




12
PREFÁCIO PARA A EDIÇÃO REVISADA

        Mesmo que as drogas de origem vegetal predominem nas
prescrições Ayurvédicas, no período pós-Budista, surgiu um ramo
especial desta ciência vital denominado Rasasastra ou
Iatroquímica. Neste ramo, descrevem-se propriedades e métodos
de processamento de metais, minerais, pedras preciosas e
rochas. É utilizado tanto para promoção como para a prevenção
da saúde verdadeira e a cura das doenças. O uso de metais, etc.
era por certo encontrado nos clássicos Ayurvédicos antes do
desenvolvimento deste ramo, mas sua utilização freqüente estava
restrita e era utilizada em forma bruta ou semi-processada. Os
monges budistas, os siddhas e os santos da escola Natha
descobriram que os produtos herbáceos isolados são
inadequados para enfrentar as alterações causadas por doenças
devastadoras e pela debilidade física. Com base em seus
experimentos, experiências e, sobretudo, poder espiritual, eles
processavam metais para torná-los não tóxicos, terapeuticamente
mais potentes, especialmente para o rejuvenescimento do corpo,
com o qual poderiam prosseguir em suas práticas espirituais sem
obstáculos, livre de doenças e da morte prematura. O objetivo
primário era atingir o estado de jivan-mukta ou da salvação da
alma, enquanto ainda vivos e enquanto ainda estivessem servindo
à sociedade.
        Metais, assim como produtos vegetais, são compostos de
cinco elementos básicos denominados mahabhutas e todos os
conceitos da composição e da ação das drogas são aplicáveis aos
mesmos como um todo. A única diferença encontra-se em que
sejam utilizados em doses muito pequenas, através das quais são


                                                            13
capazes de curar muitas doenças crônicas e, portanto, incuráveis,
incluindo aquelas para as quais esteja indicado o procedimento
cirúrgico.
        Na medicina moderna, algumas preparações metálicas, em
uso no passado, foram abandonadas como conseqüência de seus
efeitos tóxicos. Os cientistas e médicos modernos estão, portanto,
temerosos em utilizar as fórmulas Ayurvédicas para si e para seus
pacientes. Isto se deve principalmente à sua ignorância quanto à
realização dos procedimentos seguidos pelos médicos
Ayurvédicos na preparação destes metais, tornando-os livres de
quaisquer efeitos adversos ao organismo, antes de utilizá-los
como medicamentos.
        O uso criterioso destas preparações metálicas pode
prevenir a necessidade de cirurgia em muitas doenças e, portanto,
tornar os pacientes livres dos fatores de risco. As diversas
doenças para as quais a medicina moderna não possui
medicamentos disponíveis, no momento, podem ser curadas
satisfatoriamente por estas preparações. Para eliminar a
ignorância e para atingir a iluminação, foi adicionado à esta edição
um novo capítulo sobre os ―Métodos de Preparação dos
Medicamentos Ayurvédicos‖, somado a muitas outras alterações e
suplementos.

Dr. Bhagwan Dash




14
PREFÁCIO PARA A PRIMEIRA EDIÇÃO




        A utilização dos sistemas tradicionais de medicina para os
serviços de promoção da saúde, prevenção e cura das doenças
tem sido seriamente considerada em várias partes do mundo. A
Organização Mundial de Saúde, em uma de suas Resoluções,
enfatiza a utilização destes sistemas médicos pelos países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Juntamente com a
crescente apreciação dos méritos destes sistemas tradicionais de
medicina, há um aumento na demanda de livros expondo os
princípios fundamentais em que se baseiam.
        Algumas destas práticas tradicionais estão apenas no
folclore e outras estavam compostas originalmente em idiomas
como o sânscrito, chinês, tibetano, mongól, árabe, persa, tamil e
simhali. Nas últimas poucas décadas houve uma exploração das
drogas destes sistemas tradicionais sem uma observação
cuidadosa aos seus princípios fundamentais. O uso destas drogas
não é meramente empírico, como considerado por algumas
pessoas, mas para alguns destes sistemas tradicionais existem
fundamentos racionais e científicos para explicar a ação e a
composição das drogas, as causas das doenças, sua prevenção,
assim como a cura e a manutenção de uma estado de saúde
verdadeiro. É necessário, portanto, que cientistas e pesquisadores
trabalhem para se familiarizarem com estes princípios
fundamentais antes de se envolverem na exploração de novas
drogas e terapias poderosas.



                                                               15
Os princípios fundamentais destes sistemas tradicionais
estão freqüentemente combinados com filosofia, religião e
aspectos aplicados. Aprender a linguagem original e examinar tais
princípios apresenta-se como um problema difícil mesmo para um
pesquisador bem intencionado. Na época em que estes textos
foram compostos, a facilidade de impressão também não existia
ou não estava bem desenvolvida. Portanto, havia um esforço
intencional da parte dos autores em produzir trabalhos sucintos e
críticos. A maioria dos trabalhos originais sobre o Ayurveda estão
escritos em versos, freqüentemente concisos e de difícil
compreensão. Como conseqüência das vicissitudes da época,
muitos destes textos foram perdidos e subseqüentemente
restaurados com o auxílio de diferentes fontes materiais então
existentes. Eram freqüentes as alterações não autorizadas e os
erros de interpretação durante tais processos de recuperação e
caligrafia. Deste modo, o preparo de um livro sobre os princípios
fundamentais do Ayurveda, com uma linguagem simples,
selecionando cuidadosamente materiais autênticos a partir destes
textos, deve-se à grande necessidade de auxiliar os
pesquisadores e estudantes neste campo da ciência.
        Com relação às ciências modernas básicas, como a física
e a química, alguns destes princípios dos sistemas tradicionais de
medicina podem ser aparentemente irracionais e não-científicos.
Uma pessoa com atitude científica não deve precipitar-se em tirar
conclusões sobre eles à primeira vista. As limitações das ciências
modernas, principalmente quando relacionadas com um assunto
como a medicina, são bem conhecidas. O indivíduo não é apenas
um aglomerado de pele, músculos e ossos, mas possui uma
mente, um intelecto, o ego e uma alma. Neste campo pouco tem
sido feito pela ciência moderna. Os cientistas de todo mundo
estão imensamente preocupados com as pesquisas neste campo,
mas levará um tempo considerável até que surjam


16
empreendimentos suficientes nesta direção. Portanto, antes de
quaisquer conclusões sobre os princípios fundamentais do
Ayurveda devem ser feitas considerações adequadas para
preencher esta lacuna no conhecimento atual.
         Em toda cultura, a tradição ocupa uma importante função
e, com freqüência, impõe-se uma crença irracional pelos
indivíduos da região sem a verificação da veracidade destas
práticas tradicionais. Por outro lado, em nome da civilização e da
modernização, estas práticas tradicionais são detestáveis para
alguns. Consideram tudo que é tradicional como supersticioso e
dogmático e, portanto, defendem sua total rejeição. A verdade
repousa talvez em alguma área entre estas duas linhas de
abordagem. Embora não seja nem desejável nem científico
aceitar tudo o que for tradicional como verdadeiro, sem verificação
adequada, é igualmente não científico rejeitá-los completamente
apenas por serem tradições ou antigos.
         Muitos aspectos considerados mitos tornam-se agora fatos
científicos. A circulação sangüínea descrita no Susruta Samhita
(antes de 700 A.C.) era mito até Harvey. A secreção ou suco
gástrico e sua função no processo digestivo como descrito no
Caraka Samhita (antes de 700 A.C.) era um mito até Pavlov. A
prática tradicional de inoculação contra varíola (masurika) era um
mito até Edward Jenner. Mesmo atualmente, pessoas capazes de
opinar recusam-se a acreditar que pudesse ser utilizada na Índia
tal prática preventiva para uma doença tão temerosa, antes de
sua exploração científica. Esta antiga prática é predominante
mesmo nos dias de hoje (quando a varíola já está erradicada em
nosso país) pelos Malis, nas vilas de Bihar. A descrição da cirurgia
plástica como feita no Susruta Samhita teria permanecido um
mito, não fosse sua vasta propagação e aceitação no presente
pelos cirurgiões ocidentais. O transplante de cabeça descrito nos
Vedas, para o qual há uma referência neste livro, e o


                                                                 17
rejuvenescimento do corpo descrito na literatura védica e nos
clássicos Ayurvédicos, como o Caraka Samhita e o Susruta
Samhita, continuam sendo considerados mitos até que sejam
demonstrados na prática. O poeta Kalidasa, na introdução de sua
memorável peça Malavikagnimitra afirma:

     “Todas as coisas antigas não devem ser necessariamente
     verdadeiras; todas as coisas novas não devem ser
     necessariamente isentas de falhas. Para o homem sábio,
     ambas devem ser aceitas apenas se permanecerem após
     o teste. O insensato, entretanto, é controlado pela
     corrente de opiniões alheias”.

        O Ayurveda, assim como outros sistemas de medicina
tradicional possui características únicas. Enfatiza a promoção da
saúde verdadeira e a prevenção das doenças. A existência de
organismos e seu papel na causa de muitas doenças infecciosas
têm sido reconhecida e trabalhada. Mas para promover a cura e a
prevenção destas doenças, as drogas e as terapias prescritas nos
clássicos Ayurvédicos e administradas por médicos assim
formados não objetivam a destruição destes organismos. Alguns
destes medicamentos podem possuir efeitos bacteriostáticos ou
bactericidas, mas a maioria deles não age desta maneira. No
Ayurveda, dá-se mais ênfase ao ―campo‖ do que à ―semente‖. Se
o campo está árido, a semente, por mais potente que seja, não
poderá germinar. Da mesma maneira, por mais agressivos que a
bactéria ou o microorganismo possam ser, não serão capazes de
produzir uma doença no corpo humano, a menos que os tecidos
deste corpo estejam férteis o suficiente para aceitá-los e ajudá-los
em seu crescimento e multiplicação. A destruição destes
organismos por medicamentos não resolve o problema
permanentemente. Pode oferecer um alívio momentâneo e,


18
talvez, a resistência do indivíduo durante este período possa ser
suficientemente desenvolvida, como uma reação à infecção por
estes microorganismos, para prevenir seus ataques futuros. O
homem não vive em uma atmosfera totalmente livre de germes,
mesmo que possa minimizá-los. O que se poderia fazer
seguramente seria conservar os tecidos orgânicos infertéis e não
receptivos a estas bactérias. Se o corpo adoecer, os tecidos
devem estar tão condicionados pelas drogas, pela dieta e por
outros métodos que estes microorganismos, quaisquer que sejam
as denominações pelas quais venham a ser conhecidos,
encontrarão uma atmosfera hostil à sua sobrevivência,
multiplicação e desenvolvimento. Portanto, todos os
medicamentos e terapias, incluindo as técnicas preventivas,
prescritos no Ayurveda objetivam o condicionamento dos tecidos
e não a destruição dos organismos invasores. As drogas
empregadas como bactericidas devem exercer um efeito
semelhante nos tecidos corporais. Quando administradas em
dose suficiente para destruir os organismos patogênicos,
destroem simultaneamente os organismos da flora normal e
prejudicam o funcionamento adequado dos tecidos. Deste modo,
produzem efeitos colaterais tóxicos enquanto curam a doença. Os
medicamentos Ayurvédicos, por outro lado, enquanto condicionam
os tecidos corporais contra os organismos patogênicos,
promovem nutrição e rejuvenescimento. Quando a doença estiver
curada, o indivíduo adquire muitos benefícios colaterais. Por esta
razão, os medicamentos Ayurvédicos são tônicos. Exceto por
algumas drogas modernas, por exemplo, minerais e vitaminas,
todas as outras são exclusivamente indicadas para pacientes. As
drogas Ayurvédicas, por outro lado, podem ser administradas
tanto para pacientes como para indivíduos saudáveis
simultaneamente – em pacientes curam as doenças e nos




                                                               19
indivíduos saudáveis previnem as doenças e promovem a saúde
verdadeira.
        Para ilustrar este ponto: Vasa (Adhatoda vasica, Nees.) é
prescrita freqüentemente pelos médicos Ayurvédicos para
pacientes portadores de bronquite, laringite, faringite e mesmo
tuberculose. Talvez alguns elementos desta droga tenham
propriedades para destruir alguns dos organismos que causam
estas doenças. Mas esta não é a principal razão que motiva o
médico a prescrevê-la. Estes organismos desenvolvem-se e
multiplicam-se para produzir a doença no trato respiratório apenas
quando os elementos teciduais locais estão alterados com um
excesso de kapha dosa. A Adhatoda vasica Nees., ou Vāsa,
contra-ataca este distúrbio de kapha dosa e auxilia na
manutenção deste estado de equilíbrio corporal, tornando os
organismos incapazes de produzir aquelas patologias.
        No Ayurveda o tratamento prescrito não visa a correção da
região afetada isoladamente. No processo de manifestação da
doença, vários órgãos estão envolvidos. A doença tem origem em
um local particular, move-se através de um canal particular e
manifesta-se em um órgão particular. Entretanto, o tratamento
sempre objetiva a correção do sítio de origem e os canais de
circulação ao longo do local de manifestação da doença, todos
juntos. Citarei como exemplo o tratamento da bronquite asmática,
que na linguagem Ayurvédica é conhecida como tamaka svasa. A
dificuldade respiratória nesta doença é causada pelo espasmo da
árvore brônquica e, acreditando nisto, drogas broncodilatadoras
são geralmente prescritas na medicina moderna. Mas o objetivo
do tratamento Ayurvédico para esta patologia é diferente. Talvez
algumas drogas utilizadas contra estas doenças tenham efeito
broncodilatador, e isto pode ser demonstrado em experimentos
com animais, mas a maioria das drogas empregadas nestes
tratamentos não produzirá qualquer efeito semelhante e um


20
farmacologista ficará perplexo e as rejeitará definindo-as como
inúteis para o tratamento da bronquite asmática. Um clínico, por
outro lado, apreciará tais efeitos em seus pacientes, apesar de
não ser capaz de explicá-los em termos de fisiologia e conceitos
patológicos modernos. Esta doença tem sua origem no estômago
e no intestino delgado. O objetivo principal do médico Ayurvédico
é corrigir estes dois órgãos através de uma terapia com eméticos
ou administrando medicamentos que conservem os intestinos
limpos. O Haritaki (Terminalia chebula, Retz.), juntamente com
outros medicamentos, é eficaz no tratamento destes dois órgãos
e, portanto, as preparações indicadas para o tratamento da
bronquite asmática contém, invariavelmente, haritaki e outras
drogas de efeitos semelhantes.
         Todos estes detalhes fornecidos acima chamam a atenção
dos cientistas e pesquisadores que não estão familiarizados com
o Ayurveda justamente pela essencialidade do conhecimento dos
fundamentos deste sistema na compreensão e apreciação
científica da ação das drogas e das terapias existentes. Este é o
objetivo principal da realização deste livro. O que está sendo
fornecido aqui serve apenas para despertar seu interesse para
estudos posteriores. Em um pequeno livro como este não podem
ser dados todos os detalhes. De fato, outros livros devem ser
escritos sobre cada um destes tópicos para explicá-los
inteiramente aos leitores.
         Desejo incluir aqui uma nota de precaução. Você não deve
se deixar dominar pela idéia de que o que está escrito neste livro
seja tudo o que existe disponível sobre o Ayurveda. Não é
verdadeiro. Está sendo fornecido aqui apenas um resumo destes
princípios extraídos principalmente do Caraka Samhita. Evitei
intencionalmente os detalhes e as diferentes interpretações e
pontos de vista para não tornar o leitor confuso com muitos
detalhes ao iniciar seu estudo. Este livro é, à princípio, destinado


                                                                 21
a um iniciante, um cientista ou um médico que não esteja
familiarizado com o Ayurveda e para quem o estudo dos clássicos
originais em sânscrito não seja possível.
        No capítulo I, quando da definição do Ayurveda e da
elaboração de seu campo de ação, as diferentes especialidades
estão enumeradas. Devido às vicissitudes da época e à falta de
patrocínio, muitos dos ramos do Ayurveda não estão mais em
prática. Existem evidências registradas sobre a prática de grandes
cirurgias, procedimentos como craniotomia e cirurgia plástica nos
clássicos Ayurvédicos e nos trabalhos afins. Infelizmente,
tornaram-se matéria da história da medicina. Neste capítulo, estão
descritas as características próprias do Ayurveda de forma
resumida. No Capítulo II, apresenta-se uma breve revisão
histórica do Ayurveda.
        No Capítulo III estão descritos vários princípios
fundamentais. Como já citado anteriormente, o Ayurveda enfatiza
muito a promoção da saúde verdadeira e a prevenção das
doenças. Com este propósito, no Capítulo IV descrevem-se
diferentes dietas e comportamentos para os horários diurno (dina-
carya) e noturno (ratri-carya) e para as diferentes estações do ano
(rtu-carya). São fornecidos de maneira sucinta diferentes tipos de
terapias rejuvenescedoras e métodos de administração que
auxiliam na promoção da saúde absoluta.
        Para a análise do paciente e da doença que o acomete,
alguns métodos de diagnóstico exclusivos do Ayurveda são
descritos e delineados no Capítulo V. O Ayurveda possui sua
própria maneira de descrever a causa das doenças e de
classificar os diferentes métodos para o tratamento. Isto também
está relacionado neste capítulo. O Capítulo VI refere-se à dieta
Ayurvédica. Os ingredientes que compõem as dietas e as bebidas
estão classificadas de maneira diversa em diferentes textos




22
Ayurvédicos. Foi seguido aqui o método descrito no Caraka
Samhita.
       O Capítulo VII lida com as drogas e os princípios seguidos
em sua classificação. Ilustra também o modo de ação das
mesmas. Para ilustrar o que está exposto neste capítulo, três
drogas estão detalhadas. São elas: Cannabis, Haritaki (Terminalia
chebula, Retz.) e Allium. Todas são muito utilizadas popularmente
na medicina Ayurvédica. O Haritaki é empregado em quase todas
as preparações Ayurvédicas importantes. Allium é mais utilizado
como condimento caseiro. Cannabis é mal empregada como
agente psicotrópico. Devido às suas utilidades, diferentes estórias
mitológicas são descritas nos clássicos Ayurvédicos para enfatizar
sua importância. Todos os textos Ayurvédicos descrevem estas
três drogas como produtos da amrta (ambrosia). A descrição
destas substâncias está nos Capítulos VIII, IX e X, juntamente
com as estórias mitológicas, o uso progressivo em épocas
diferentes, seus sinônimos, propriedades e ações. Na descrição
do Haritaki (Terminalia chebula Retz.), foi fornecido o material
disponível sobre esta droga na literatura médica tibetana com a
intenção de demonstrar as semelhanças e diferenças existentes
nos dois tipos de práticas tradicionais.
       O estudo, a iniciação e a prática do Ayurveda eram bem
controlados no passado e diferentes regras eram sistematizadas
para os testes de seleção dos estudantes para o ensino médico. A
função de um médico genuíno era bem estabelecida e as pessoas
eram cuidadosas para não levarem em consideração médicos
falsos e charlatães. Suas características estão descritas no
Capítulo XI.
       No Capítulo XII, é fornecido o resumo dos princípios
fundamentais de outros sistemas de medicina denominados Unani
Tibb, Siddha, Emchi e Prakrtika Cikitsa, juntamente com Yoga e




                                                                23
Tantra, com a intenção de demonstrar suas semelhanças com os
princípios do Ayurveda.
        Todos os sistemas de medicina, tradicionais, folclóricos ou
modernos, têm seu campo de ação significativo e próprio nos
serviços de promoção da saúde, prevenção e cura nos países
desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Não é
intenção do autor minimizar ou negar a importância de qualquer
sistema de medicina ou exagerar em outros. Se abrirmos os
capítulos da história, tornar-se-á evidente que nenhuma cultura ou
civilização desenvolveu-se isoladamente. Bons ensinamentos de
outros e aspectos úteis de alguns de nossa própria tradição
sempre foram respeitados e utilizados sem reservas para o
progresso. Portanto, o Ayurveda não é a expressão exclusiva de
tudo que é verdadeiro e útil. Esta noção é contrária aos próprios
princípios fundamentais do Ayurveda e sistemas afins da cultura
indiana. De acordo com o Caraka:



                                          (Caraka: Vimãna 8:14)
 “O sábio considera o universo inteiro como seu preceptor.
 Apenas o insensato encontra inimigos nele. Você deve,
 portanto, aceitar sem hesitação o conselho apropriado que
 pode vir de qualquer parte, mesmo de um inimigo, e segui-lo.”

        Conservando na mente este conselho do Caraka, todos os
sistemas de medicina, tradicionais ou modernos, devem agir como
complementares e suplementares para cada um, de forma a
mitigar as misérias, dando alívio aos sofrimentos da humanidade.

                                               Dr. Bhagwan Dash




24
ABREVIAÇÕES

AH -      Astanga Hrdaya
AHAUN -   ―All About Allopathy, Homoeopathy, Unani and Nature Cure‖,
          Dr. O. P. Jaggi
AS -      Astanga Sangraha
BBR -     Bharata Bhaisajya Ratnakara
BP -      Bhava Prakasa
BNR -     Brhannighantu Ratnakara
BR -      Bhaisajya Ratnavali
BYR -     Brhadyoga Ratnakara
CD -      Cakradatta
CS -      Caraka Samhita
DN -      Dhanvantari Nighantu
GN -      Gadanigraha
HS -      Harita Samhita
KN -      Kayadeva Nighantu
KS -      Kasyapa Samhita
MV -      Madanavinoda
NA -      Navanitaka
NR -      Nighantu Ratnakara
NS -      Nighantu Siromani
RN -      Raja Nighantu
RVN -     Rajavallabha Nighantu
SA -      Sarangadhara Samhita
SGN -     Saligrama Nighantu
SS -      Susruta Samhita
SSM -     ―Introduction to the Siddha System of Medicine‖, Dr. V.
          Narayanaswami
VM -      Vrndamadhava
VS -      Vangasema
YR -      Yoga Ratnakara


                                                                 25
EQUIVALENTES ROMANOS DO DEVANAGARI




26
CAPÍTULO I

                     INTRODUÇÃO


        O homem esforçou-se eternamente para se conservar livre
dos três tipos de misérias denominadas físicas, mentais e
espirituais. Neste sentido, a história da medicina é tão velha
quanto a história da humanidade. De acordo com a tradição
indiana, os quatro principais objetivos da vida humana são: o
Dharma ou a realização das Leis da vida, Artha ou a aquisição da
riqueza, Kama ou a satisfação dos desejos mundanos e Moksa ou
a salvação. A boa saúde era considerada imprescindível para a
aquisição destes objetivos.
        Os sistemas tradicionais de medicina desenvolveram-se
nas várias partes do mundo durante épocas diferenciadas. Uma
forma sistemática foi-lhes dada em diferentes centros antigos de
civilização e cultura. De acordo com o Caraka, o Ayurveda ou ―a
ciência da vida‖ sempre existiu, assim como sempre existiram
pessoas que a compreendiam à sua maneira. Alguns destes
sistemas estão baseados em princípios fundamentais sólidos e
racionais e outros possuem apenas uma base empírica. Alguns
não sobreviveram e tornaram-se assunto da história da medicina,
como as medicinas grega e egípcia. E ainda outros, como os
sistemas tradicionais da Índia e da China, não apenas



                                                             27
sobreviveram, mas evoluem de forma completa sob o patrocínio
do Estado.
        Ayurveda, Unani, Siddha, Emchi (tibetano) e Prakrtika
Cikitsa (naturopatia) são os vários sistemas tradicionais de
medicina ainda prevalentes na Índia. Yoga e Tantra, a princípio
destinados a aquisições espirituais, possuem também certas
indicações para a prevenção e cura de doenças psíquicas, físicas
e psicossomáticas. Além disso, muitos tipos de medicinas
populares são prevalentes em diferentes áreas tribais da Índia.
Elas possuem uma rica tradição no uso das plantas, produtos
minerais e animais que apresentam utilidade terapêutica.
        Dentre os sistemas tradicionais de medicina da Índia, a
prática do Ayurveda predomina em quase todas as regiões do
país e em países vizinhos como o Nepal, Sri Lanka, Bangladesh e
o Paquistão. Unani Tibb, que significa literalmente ―medicina
grega‖, é popular em certas regiões do país, dominadas pela
população muçulmana. O sistema Siddha de medicina identifica-
se com a cultura Dravidiana predominante no Estado de Tamil
Nadu e certas áreas adjacentes aos Estados vizinhos do sul da
Índia, que possuem população de idioma Tâmil. Emchi, mais
conhecido como sistema tibetano de medicina, é popular em
certas regiões fronteiriças do norte da Índia como Laddakh, Lahul,
Spiti, Darjeeling e Sikkim. Estas áreas possuem fronteira comum
com o Tibete e a China. Os locais para a prática de Yoga, Tantra
e Prakrtika Cikitsa são centros localizados em diferentes partes do
país. Diferentes tipos de medicina popular prevalecem entre os
Adivasis ou povos tribais, em sua maioria habitantes das áreas
florestais dos Estados de Orissa, Bihar, Madhya Pradesh, Andhra
Pradesh e Rajasthan.
        Há muitos aspectos em comum entre estes sistemas
tradicionais de medicina na Índia, tanto na prática como na teoria.
Cada um deles tem dado e tomado um do outro. Os


28
medicamentos de um sistema são, desse modo, livremente
utilizados pelos médicos de outro sistema, não constituindo
compartimentos estanques. Entretanto, o Ayurveda, que é o mais
popular entre a população da Índia, possui uma posição
privilegiada entre eles.

                       Definição de Ayurveda
       A palavra Ayurveda é composta de dois termos em
sânscrito, viz., ayus significa ―vida‖ e veda significa o
―conhecimento‖; juntos significam ―ciência da vida‖. Deste modo,
definindo o sentido, é costume considerá-la sempre como ―ciência
da medicina‖. O Caraka define Ayurveda como a ―ciência com a
ajuda da qual alguém pode obter conhecimento sobre os modos
de vida úteis e prejudiciais (hita e ahita ayus), felizes e miseráveis,
coisas que são úteis e prejudiciais para tais modos de vida, sobre
a duração da vida e a sua verdadeira natureza‖. Vê-se através
desta definição que o Ayurveda enfatiza não apenas o
direcionamento a uma vida repleta de felicidade, a qual implica em
uma atitude individualista, mas também direciona à uma vida que
seja útil à sociedade como um todo. O homem é um ser social.
Ele não pode retirar-se da sociedade. A menos que a sociedade
se torne feliz, não será possível para o indivíduo obter e manter
sua própria felicidade. É com isso em mente que o indivíduo deve
fazer sempre um esforço para contribuir com a felicidade da
sociedade, e os textos Ayurvédicos estão repletos de referências
quanto às formas pelas quais a sociedade pode ser mantida feliz.
A medicina social, que é tratada como um novo conceito no
sistema de medicina Ocidental, não é nada além do que
reminiscências daquilo que tem sido preconizado e proposto no
Ayurveda há mais de 2500 anos.
                   Área de Atuação do Ayurveda


                                                                    29
O Ayurveda não lida exclusivamente com o tratamento de
seres humanos. Dedica-se também ao tratamento das doenças
em animais e mesmo em plantas. Conseqüentemente, na Índia
antiga, santos como Nakula, Salihotra e Parasara compuseram
tratados sobre Asvayurveda, Gajayurveda, Gavayurveda e
Vrksayurveda, para o tratamento de doenças em cavalos,
elefantes, gado e em árvores, respectivamente.
       O Ayurveda oferece meios racionais para o tratamento das
muitas doenças internas, consideradas crônicas ou incuráveis
para outros sistemas de medicina em uso atualmente. Ao mesmo
tempo, dá grande ênfase à manutenção de uma saúde verdadeira
para uma pessoa normal ou sadia. Desse modo, objetiva tanto a
prevenção como a cura das doenças. Para o propósito da
prevenção das doenças, os regimes devem ser adotados levando-
se em consideração o horário diurno, noturno e as diferentes
estações do ano, os quais estão descritos em detalhes. O homem
expõe-se às doenças devido aos muitos fatores externos. Mas há
alguns distúrbios aos quais o homem está exposto mesmo no
curso normal de sua vida, e. g., fome, sede, velhice etc. O
Ayurveda fornece métodos para a prevenção e o controle destas
moléstias naturais.
                 Os Oito Ramos do Ayurveda
       São os seguintes os oito importantes ramos do Ayurveda:
1. Kayacikitisa ou Medicina Interna
2. Salya Tantra ou Cirurgia
3. Salakya Tantra ou Tratamento das Doenças da Cabeça e
Pescoço
4. Agada Tantra ou Toxicologia
5. Bhuta Vidya ou Controle de Ataques por Espíritos Malignos e
Outras Doenças Mentais
6. Bala Tantra ou Pediatria



30
7. Rasayana Tantra ou Geriatria, incluindo a Terapia
Rejuvenescedora
8. Vajikarana Tantra ou Ciência dos Afrodisíacos
        Alguns estudiosos sustentam que o Pañcakarma Cikitisa
(As Cinco Terapias de Eliminação) é um ramo adicional do
Ayurveda.
        Muitos clássicos foram escritos sobre cada um destes
ramos e todos eles estavam em prática. Durante o advento do
Budismo, a prática de ahimsa tornou-se muito popular.
Procedimentos cirúrgicos (que eram invariavelmente dolorosos)
eram infelizmente considerados como uma forma de himsa (lesão
ou dano) e, conseqüentemente, a prática da cirurgia (salya tantra)
foi desencorajada. Isto também causou um efeito adverso sobre
os outros ramos afins da medicina. Assim, no momento, apenas
três ramos, Kaya Cikitisa (Medicina Interna), Rasayana Tantra
(Geriatria e Terapia Rejuvenescedora) e Vajikarana Tantra
(Ciência dos Afrodisíacos) estão em prática, sendo que os outros
ramos do Ayurveda tornaram-se apenas assunto da história da
medicina.
            Características Singulares do Ayurveda
       A seguir estão as características singulares do sistema
Ayurvédico de medicina:
1.Tratamento do Indivíduo como um todo: Na medicina
moderna, presta-se mais atenção à correção da parte atingida do
corpo. Mas no Ayurveda, enquanto uma doença é tratada, o
indivíduo como um todo é levado em consideração, não apenas a
condição de outras partes do seu corpo como também as
condições de sua mente e sua alma, enquanto se realiza o
tratamento do paciente.
2.Baixo Custo do Medicamento: Em sua maioria, os
medicamentos Ayurvédicos são preparados a partir de drogas



                                                               31
disponíveis nas florestas do país. Portanto, sua preparação tem
baixo custo.
3.Não Envolve Câmbio Exterior: Quase todas as drogas
Ayurvédicas preparadas com vegetais, metais, minerais e
produtos animais são disponíveis na Índia. O câmbio exterior não
é utilizado para importá-los de fora. Mesmo para seu
processamento não há necessidade de especialistas estrangeiros
e de importação de equipamentos sofisticados.
4.Proveitoso para um Padrão Socialista: No passado, os
médicos costumavam preparar seus próprios medicamentos para
o tratamento de seus pacientes. Atualmente, encontram pouco
tempo para manufaturar estes remédios e, portanto, muitas
farmácias têm se estabelecido nos setores públicos e privados.
Para o estabelecimento destas farmácias, entretanto, não é
necessário um grande capital e a maioria de seus lucros é
destinada aos trabalhadores que coletam as drogas brutas e para
a mão-de-obra empregada na manufatura dos medicamentos.
Torna-se, portanto, proveitoso para sociedades com padrão
socialista.
5.Ausência de Efeitos Tóxicos: Os medicamentos Ayurvédicos
possuem atrás de si séculos de experiências tradicionais,
apresentando, portanto, poucos efeitos tóxicos no organismo
humano. Mesmo certos materiais tóxicos utilizados na preparação
dos medicamentos são sempre submetidos à desintoxicação, o
que os torna mais aceitáveis pelo organismo, antes de serem
administrados na forma de medicamento.
6.Cada Medicamento é um Tônico: As drogas da medicina
moderna, exceto as vitaminas e os minerais, são destinadas
apenas ao paciente. Todo medicamento Ayurvédico pode ser
utilizado simultaneamente por pacientes e pessoas saudáveis.
Nos pacientes, curam as doenças e nos indivíduos saudáveis,
produzem imunidade contra as mesmas.


32
7.Condizente aos Costumes da População: Com freqüência,
juntamente com os medicamentos, certas dietas e condutas são
prescritas aos pacientes. Tais procedimentos estão alinhados com
os costumes e a tradição do povo. Portanto, não são
considerados estranhos. Por outro lado, um médico Ayurvédico é
respeitado e as pessoas depositam muita confiança nele.
8.Conceito de Doença Psicossomática: As doenças não são
consideradas exclusivamente psíquicas ou somáticas. Fatores
psíquicos são geralmente descritos como causas de doenças
somáticas e vice-versa. Isto deu origem ao conceito
psicossomático de todas as doenças no Ayurveda.
9.Ênfase à Medicina Preventiva: O Ayurveda enfatiza muito a
prevenção das doenças. Prescreve-se, com freqüência, "o que
fazer‖ e "o que não fazer‖ para indivíduos saudáveis. Condutas
para diferentes horários do dia e da noite, para as estações do
ano e para pessoas dos diversos grupos etários e posições
sociais são descritas em detalhes.




                                                             33
CAPÍTULO II

                REVISÃO HISTÓRICA


             Mitologia Sobre a Origem do Ayurveda
       De acordo com a mitologia indiana, o Ayurveda foi
percebido (não composto) primeiramente por Brahma, que
ensinou esta ciência à Daksa Prajapati, que a ensinou aos Asvini-
kumaras e que a ensinaram à Indra. Sobre a hierarquia posterior
dos transmissores do Ayurveda, os textos Ayurvédicos variam
consideravelmente.
       De acordo com o Susruta Samhita, o deus Dhanvantari
recebeu-o de Indra, que o ensinou a Dividasa, que por sua vez o
transmitiu para Susruta, Aupadhenava, Aurabhra, Pauskalavata,
Gopuraraksita e Bhoja. Segundo o Caraka Samhita, Bharadvaja
aprendeu-o de Indra e ensinou-o para Atreya Punarvasu. Este
último, por sua vez, ensinou-o a Agnivesa, Bheda, Jatukarna,
Parasara, Harita, Ksarapani etc. De acordo com o Kashyapa
Samhita, Indra ensinou-o a Kashyapa, Vasistha, Atreya e Bhrgu.
Muitos trabalhos médicos diferentes foram compostos por estes
sábios do passado.
       Contudo, todos eles estão agrupados sob duas escolas:
  A escola Atreya que trata principalmente da medicina e
  A escola Dhanvantari que lida primariamente com a cirurgia.


34
Muitos destes textos não se encontram mais disponíveis
nos tempos atuais.

                   Ayurveda na Era Pré-Védica
       A Índia representou um papel de destaque na história da
tecnologia e da ciência. Esta, segundo evidências arqueológicas
atuais, começa com a Civilização do Vale do Indo,
freqüentemente referida como Cultura Harappan-Harappa,
juntamente com Mohenjo-daro, que são os importantes sítios
arqueológicos do Vale do Indo. Este período é geralmente
denominado Pré-Védico. Harappa estabeleceu laços culturais e
comerciais com os países vizinhos nas regiões da Ásia Central e
Ocidental. Esta civilização prosperou na Índia Ocidental e
Setentrional entre 2500 A.C. e 1500 A.C. Evidências obtidas das
análises dos crânios descobertos em Mohenjo-daro e Harappa
mostram que os habitantes daquela época eram aborígenes do
tipo proto-australóide. Há muitas representações sobre os selos
de Mohenjo-daro e Harappa com relação a um deus masculino,
provido de chifres e com três faces, sentado com a postura de
iogue, suas pernas duplamente dobradas, calcanhar com
calcanhar e circundado por animais. Este talvez seja o protótipo
de Shiva, considerado deus da Yoga e da Medicina.
       Estas escavações em Harappa e Mohenjo-daro são ampla
testemunha da competência alcançada pelo povo da civilização
do Vale do Indo em termos de saneamento e habitação. Parece
que ambas as cidades de Mohenjo-daro e Harappa foram
construídas após cuidadoso planejamento. As casas eram
providas com confortos modernos como banheiros, lavatórios,
esgotos, tanques de água fresca, pátios e quartos de dormir. Os
esgotos principais poderiam ser tratados com o auxílio de poços
de inspeção cobertos, especialmente construídos, feitos de tijolos.
Todo o conceito de planejamento mostra uma extraordinária


                                                                35
preocupação com o saneamento e a vida pública, talvez sem
paralelo nos dias de hoje.
        As escavações destes sítios têm revelado substâncias
terapêuticas como Silajatu, para o tratamento do diabetis,
doenças reumáticas, etc., folhas de Azadirachta indica (A. Juss.) e
chifres do veado vermelho. Crânios nos quais foram realizadas
cirurgias cranianas também foram escavados nestes sítios. Todos
estes aspectos apontam para a alta qualidade da ciência médica
que predominava na Índia daquela época.
                     Ayurveda na Era Védica
       Dhanurveda (a ciência do manejamento do arco e flecha),
Gandharvaveda (a ciência das artes refinadas), Sthapatyaveda (a
ciência da arquitetura) e Ayurveda (a ciência da medicina) são
considerados os quatro Upavedas ou matérias complementares
do Rk, Yajur, Saman e Atharva Vedas, respectivamente. O
Susruta estabelece claramente o Ayurveda como um Upaveda do
Atharva Veda. De acordo com Caranavyuha, o Ayurveda é o
Upaveda do Rk Veda. Segundo um outro ponto de vista, o
Ayurveda é o quinto Veda, independente dos outros quatro.
       Uma análise do material védico revela que todos os quatro
Vedas estão repletos de referências aos vários aspectos da
medicina. Deuses como Rudra, Agni, Varum, Indra e Maruti foram
designados médicos celestiais. Os mais famosos médicos da
época foram os Asvins. Muitas realizações milagrosas na área da
medicina e da cirurgia foram-lhes atribuídas nos Vedas.
Considera-se conquista dos Asvins a cura de doenças graves
como Yaksma (tuberculose), a revitalização de indivíduos e
homens santos, a correção da esterilidade e a aquisição de
longevidade. Muitos procedimentos cirúrgicos como o transplante
da cabeça de um cavalo para um tronco humano e sua
subseqüente substituição por uma cabeça humana, a implantação



36
de membros artificiais, a implantação da cabeça de Yajña ao seu
tronco etc., estão descritos em vários textos.
        Nos Vedas estão disponíveis os princípios fundamentais da
ciência médica, inclusive os conceitos de tridosha e de sapta
dhatu, as descrições anatômicas e das muitas doenças, os
conceitos de digestão e metabolismo. Há detalhes sobre a
descrição de diferentes tipos de bactérias responsáveis pela
manifestação das doenças. Algumas destas bactérias estão
descritas como invisíveis à olho nu. Procedimentos como o parto,
a cauterização, intoxicações, tratamento dos ataques por energias
prejudiciais, terapias rejuvenescedoras e afrodisíacos são
descritos em muitos textos. As plantas medicinais também são
descritas quanto às suas diferentes partes e efeitos terapêuticos.
Descrevem-se cerca de 28 doenças juntamente com seus
medicamentos. Os métodos de preparação destes medicamentos
estão disponíveis apenas de forma sucinta. No Rk Veda, há uma
descrição de 67 plantas medicinais e no Yajur Veda 81 tipos
foram descritos. Apenas no Atharva Veda, existe a descrição de
290 plantas medicinais. Além disso, na literatura Brahmana estão
disponíveis cerca de 130 descrições destas plantas. Está
declarado no Rk Veda que Vispala, esposa do rei Khela, teve
seus membros inferiores amputados durante uma guerra. Eles
foram substituídos por um par de pernas artificiais, adaptadas ao
seu corpo através de cirurgia protética.
        A sondagem da uretra foi o procedimento mais delicado já
descrito, prescrito para o alívio de uma paciente com retenção
urinária. A aplicação de sanguessugas para úlceras também está
descrita.
                Ayurveda no Período Pós-Védico
       No período pós-védico, o Ayurveda ocupou uma posição
respeitável através da reunião racional de conceitos metódicos e
práticas terapêuticas sistemáticas. Mesmo que os célebres textos


                                                               37
clássicos do Ayurveda, o Caraka e o Susruta Samhita,
transmitidos até nós, tenham adquirido suas formas atuais após
edições provavelmente do século 7 A.C., os pensamentos e as
práticas neles ilustrados estavam indubitavelmente em voga muito
antes deste período. Em sua abordagem teórica, esta ciência da
vida deve muito às filosofias do Sankhya Yoga e de Vaisesika,
adotando os princípios da última no que diz respeito ao Dravya-
guna-vijnana (matéria médica) e às teorias do Tridosha e do
Sapta dhatu, e à primeira, relacionada à Pañcabhautika
(composição do corpo) e sua evolução a partir do Purusa Prakrti.
                Crônicas Sobre a Vida de Jivaka
       Durante a vida de Buda, havia um médico famoso com o
nome de Jivaka. Devido à sua competência na arte de curar, foi
por três vezes coroado rei dos médicos e dos cirurgiões. Ele era
um especialista em pediatria, excelente neurocirurgião e realizava
com sucesso grandes cirurgias abdominais. Foi um discípulo de
Atreya, o renomado professor de Taxila, um pioneiro do sistema
indiano de medicina.
       Atreya estava muito impressionado pela inteligência,
perspicácia e pelo aguçado poder de observação de Jivaka,
segundo as escrituras tibetanas. Costumava pedir a Jivaka, seu
discípulo, para acompanhá-lo à residência de seus pacientes e
ajudá-lo no tratamento. Um dia, Atreya prescreveu um
medicamento o qual, segundo Jivaka, não estava correto. Dirigiu-
se ao seu preceptor e retornou novamente à residência do
paciente, alterando a prescrição. Com a substituição do
medicamento, o homem curou-se e isto impressionou muito o
professor, quando veio a tomar conhecimento do ocorrido.
       A admiração e a afeição de Atreya por Jivaka não eram
apreciadas pelos colegas de classe do último, que costumavam
colocar em dúvida a imparcialidade do professor Atreya. Um dia,
este pediu a todos os seus alunos que fizessem uma avaliação


38
para testar sua sabedoria, solicitando a todos, inclusive Jivaka,
que fossem ao mercado e perguntassem sobre os preços de
certos produtos medicinais. Todos retornaram e Atreya
questionou-os sobre os preços de outros produtos medicinais,
além daqueles mencionados. Não havia nenhum sobre o qual
Jivaka não pudesse responder satisfatoriamente, demonstrando o
poder de imaginação e percepção do mesmo, que era
considerado possuidor de todos os atributos de um bom médico.
        A terceira estória é semelhante. Um dia, Atreya pediu a
todos os estudantes que fossem até a colina próxima e
trouxessem os itens que não possuíssem valor medicinal. Todos
os estudantes com excessão de Jivaka, retornaram com muitas
substâncias as quais, de acordo com eles, não possuíam valor
medicinal. Jivaka voltou de mãos vazias e explicou ao seu
professor que não havia nada que não possuísse um valor
medicinal. Isto demonstrava a meticulosidade do estudo de
Jivaka.
        A quarta estória é sobre um elefante. Uma vez, Jivaka e
seus colegas estavam retornando de um rio após banharem-se.
Seus amigos estavam comentando divertidamente sobre as
pegadas de um elefante. Quando perguntaram a Jivaka sobre as
tais pegadas, ele respondeu que pertenciam a uma aliá, cega do
olho direito, que iria dar à luz um filhote naquele mesmo dia e que
o filhote era macho. Jivaka continuou dizendo que sobre o dorso
do elefante estava montada uma moça, cega do olho direito e que
iria dar à luz a um menino naquele mesmo dia. Isto foi narrado,
em meio a risadas, ao professor Atreya, como um exemplo da
loucura de Jivaka. Depois disso, os fatos foram verificados e
descobriram serem todos verdadeiros. Pediram à Jivaka que
explicasse como poderia ter conhecimento de tudo aquilo. Ele
disse que as pegadas do elefante eram arredondadas enquanto
as da aliá eram ligeiramente alongadas. Como ela havia comido


                                                                39
apenas do capim que crescia do lado esquerdo da trilha, inferiu
que era cega do olho direito. Como as impressões de suas patas
posteriores estavam mais profundas, isto o levou a inferir que
estava prenha. Das duas, a impressão da pata direita era mais
profunda e, portanto, concluiu que iria dar à luz um filhote macho.
Da urina que eliminou, concluiu que o parto era iminente. Da
mesma maneira, explicou suas afirmações com relação à moça
que montava o elefante.
       Há muitas estórias interessantes nas escrituras tibetanas,
além das descritas acima, sobre as realizações de Jivaka como
médico e como cirurgião.
                       A Estória de Bhoja
       O Bhoja prabandha fornece uma narrativa de cirurgia
craniana realizada por dois médicos no Rei Bhoja, que reinou de
1010 a 1056 D.C. Ele sofria de um tipo grave de cefaléia e os
médicos realizaram uma craniotomia, corrigindo a doença. A
importância da descrição desta cirurgia foi a utilização de um
anestésico em pó denominado Moha curna, que tornou o rei
inconsciente. Após o término da operação, foi administrado outro
pó, denominado Sanjivani, com o qual ele recuperou a
consciência. Infelizmente, os detalhes sobre estes dois tipos de
drogas não estão disponíveis na atualidade.
       Estas curiosidades foram narradas aqui com a intenção de
mostrar que durante o período pós-védico, especialmente entre
500 A.C. e 1000 D.C. o Ayurveda atingiu o apogeu de seu
desenvolvimento.
         Interrupção do Progresso no Período Medieval
       A ciência, por natureza, é progressiva, ainda mais no caso
da ciência médica. Qualquer interrupção no seu progresso leva a
dogmas, perdas e acúmulos de idéias supersticiosas. Durante o
período medieval, a Índia foi exposta a freqüentes invasões


40
estrangeiras e a paz interna foi completamente perturbada. Havia
pouco tempo para que as pessoas pensassem na ciência, pois
estavam engajadas na luta pela segurança do país. Pensamentos
originais foram completamente interrompidos. Os livros sobre o
Ayurveda escritos durante este período são, em sua maioria,
compilações de outras fontes diversas. Durante as invasões
estrangeiras e lutas internas, muitas obras originais foram
destruídas. O que permaneceu tinha que ser preservado e
explicado às pessoas através de comentários. Indivíduos com
pouca erudição começaram a comentar e isto resultou em
interpretações errôneas, modificações não autorizadas e redações
incorretas.
                      Restauração do Ayurveda
        É no final do século 19 e início do século 20 que a
população da Índia começa a refletir novamente acerca do
desenvolvimento do Ayurveda. O movimento nacional para a
libertação do país deu o impulso a esta revolução. Os governos
Estaduais e Central organizaram muitos comitês periciais para
investigar os problemas da ciência e sugerir medidas para
desenvolvê-las. Abaixo estão alguns detalhes destes comitês:
        Nome do Estado            Ano da Constituição do Comitê Pericial
1. Madras (atual Tamilnadu)                      1921-22
2. Bengal (atualmente dividido)                  1921-25
3. Províncias Unidas                             1925-26
4. Províncias Centrais e Berar                   1937-39
5. Punjab                                         1938
6. Bombaim                                        1947
7. Orissa                                        1946-47
8. Assam                                          1947
9. Mysore (atual Karnataka)                       1942




                                                                      41
O governo Central também organizou muitos Comitês
Periciais para sugerir medidas para o desenvolvimento deste
sistema e a utilização dos médicos Ayurvédicos nos programas de
desenvolvimento da saúde do país. São eles:
             Presidente do Comitê Pericial     Ano
           1. Sir Joseph Bhore               1943
           2. Sir R. N. Chopra               1946
           3. Dr. C. G. Pandit               1949
           4. Mr. D. T. Dave                 1955
           5. Dr. K. N. Vdupa                1958
           6. Mr. M. P. Vyas                 1963




42
CAPÍTULO III

           PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

                       Criação do Universo
         Diferentes pensamentos filosóficos da Índia são cultuados nos
Darsanas. Estes Darsanas estão divididos em dois grupos. Aqueles
que acreditam na autoridade dos Vedas são conhecidos como Astika
Darsanas e aqueles que não crêem nos Vedas são chamados
Mastika Darsanas. As escolas filosóficas Bauddha e Jaina e a
filosofia dos Carvakas pertencem à última categoria.
         As seguintes escolas filosóficas pertencem à primeira
categoria:
1. Nyaya darsana de Gautama
2. Vaisesika darsana de Kanada
3. Sankhya darsana de Kapila
4. Yoga darsana de Patanjali
5. Purva mimansa de Jaimini
6. Uttara mimansa ou Vedanta darsana
         O nome coletivo para todas estas escolas é Sad darsana.
Todas as antigas ciências da Índia como a medicina, a astrologia, a
astronomia, a poesia e a arquitetura são baseadas nestes Darsanas.
Os Nyaya e Vaisesika Darsanas são empregados para auxiliar o
Ayurveda a explicar as atividades físicas e químicas. Para descrever
certos fenômenos, tem sido utilizado o auxílio do Bauddha Darsana.


                                                                   43
Mas para explicar o processo de origem do universo e do homem, o
Ayurveda conta com o auxílio do Sankhya Darsana, principalmente.
Evidentemente, isto não tem sido aceito por completo mas com
certas modificações.
            De acordo com o Ayurveda, o universo teve origem do
Avyakta, que significa literalmente ―Não Manifestado‖. Este conceito
de Avyakta inclui tanto o Purusa (elemento consciente) como o Prakrti
(matéria primordial) do Sankhya Darsana. A partir deste Avyakta, o
universo inteiro teve sua origem como detalhado no seguinte
esquema:




44
Avyakta


                        Mahan (Intelecto)


                          Ahankara (Ego)



        Sattvika             Rajasika            Tamasika



 Cinco Órgãos      Cinco Órgãos       Manas ou
  Sensoriais          Motores          Mente


    Sabda       Sparsa          Rupa          Rasa         Gandha
  tanmatra     tanmatra       tanmatra      tanmatra      tanmatra

  Akasa        Vayu      Tejo      Jala      Prthvi
mahabhuta    mahabhuta mahabhuta mahabhuta mahabhuta

        De Avyakta surge, consecutivamente, o Mahan (Intelecto) e o
Ahankara (Ego). O Ego possui três aspectos diferentes, sattvika,
rajasika e tamasika. Sattvi é o aspecto puro, rajas representa o
dinamismo e tamas é a energia potencial. Os tipos sattvika e rajasika
de Ahankara combinam-se para juntos produzirem os onze indriyas.
Os tipos tamasika e rajasika de Ahankara combinam-se para produzir


                                                                  45
cinco tanmatras. Destes tanmatras, originam-se os cinco
mahabhutas. A partir dos cinco mahabhutas tudo o que é matéria no
planeta – tanto animado como inanimado – é criado. O mundo
inanimado consiste destes mahabhutas isolados e os seres vivos
(incluindo plantas e animais) são constituídos de sua combinação,
assim como os indriyas, que são onze, as faculdades sensoriais, os
órgãos motores e a mente.
                      Teoria Pañca Mahabhuta
         O homem possui cinco sentidos e através destes percebe o
mundo externo de cinco maneiras diferentes. Os órgãos dos sentidos
são os ouvidos, a pele, os olhos, a língua e o nariz. Através deles, os
objetos externos são não apenas percebidos mas também
absorvidos pelo corpo humano na forma de energia. Este grupo de
cinco sentidos é a base com a qual podemos dividir, agrupar ou
classificar o mundo inteiro nas cinco diferentes categorias,
conhecidas como mahabhutas. São denominados akasa (espaço?),
vayu (ar?), agni (fogo?), jala (água?) e prthvi (terra?). Os equivalentes
em língua portuguesa aqui fornecidos entre parênteses não possuem
a conotação correta e o todo das implicações dos termos originais em
sânscrito. Por exemplo, a água comum não contém apenas jala
mahabhuta, mas é composta de todos os cinco mahabhutas. Da
mesma forma, o ar não é apenas vayu mahabhuta, mas contém os
elementos que pertencem aos outros mahabhutas também. Outro
exemplo, o oxigênio está mais próximo de agni mahabhuta e o
hidrogênio, mais próximo de jala mahabhuta.
         Os físicos e químicos modernos dividiram a matéria do
universo em alguns elementos básicos. Estes elementos diferem um
dos outros em certos aspectos, sendo que todos eles podem ser
classificados em cinco categorias de mahabhutas. Por outro lado,
cada átomo possui os aspectos característicos de todos os cinco
mahabhutas. Os elétrons, prótons, nêutrons etc. presentes dentro do
átomo representam prthvi mahabhuta. A força ou coesão que


46
mantém atraídos seus componentes é característica atribuída à jala
mahabhuta. A energia produzida dentro do átomo quando este é
partido e a energia que permanece latente em sua forma íntegra
representam atributos de agni mahabhuta. A força do movimento dos
elétrons representa o aspecto característico do vayu mahabhuta e o
espaço no qual se movem é o atributo principal do akasa mahabhuta.
        De acordo com o Ayurveda, o corpo do indivíduo é composto
de cinco mahabhutas. De forma semelhante, outras coisas do planeta
são também compostas de cinco mahabhutas. No corpo humano,
estes cinco mahabhutas são explicados em termos de dosha, dhatu e
mala e nas drogas eles representam rasa (sabor), guna (qualidade),
virya (potência) e vipaka (o sabor que surge após a digestão e o
metabolismo de uma substância).
        No corpo normal de um ser vivo, estas substâncias
permanecem em uma proporção particular. Entretanto, devido à ação
enzimática no interior do corpo humano esta proporção entre os cinco
mahabhutas ou seu equilíbrio torna-se alterado. O organismo,
portanto, possui uma tendência natural para permanecer equilibrado.
Ele elimina alguns dos mahabhutas que estão em excesso e acumula
alguns que estejam deficientes. Esta deficiência de mahabhutas é
reabastecida através de ingredientes que compõem a dieta, as
bebidas, o ar, o calor, a luz do sol etc. Os pañca mahabhutas
exógenos são convertidos em pañca mahabhutas endógenos através
do processo da digestão e do metabolismo.
        Mesmo durante o processo da morte, estes cinco bhutas
apresentam uma função muito importante. Eles possuem duas
formas denominadas grosseira e sutil. As cinco categorias sutis de
bhutas no interior do corpo impregnam os cinco sentidos e depois são
separados dos mesmos ocorrendo então a morte. O corpo morto
perde estes cinco sentidos, ficando em seguida composto apenas
dos cinco mahabhutas.




                                                                 47
Determinação da Composição Mahabháutica de uma Droga a
                 Partir de suas Propriedades
        Substâncias pesadas, duras, resistentes, estáveis, densas,
grosseiras, não pegajosas e com abundantes qualidades
relacionadas ao olfato são compostas principalmente por prthvi;
proporcionam rotundidade, solidez, peso e estabilidade.
        Substâncias líquidas, viscosas, frias, oleosas, moles, frágeis e
com abundantes qualidades relacionadas ao sabor são compostas
principalmente por jala; promovem adesividade, oleosidade, solidez,
umidade, leveza e felicidade.
        Substâncias quentes, brilhantes, sutis, leves, oleosas, não-
viscosas e com abundantes qualidades relacionadas à visão são
constituídas principalmente por tejas; promovem combustão,
metabolismo, brilho, radiância e cor.
        Substâncias leves, frias, não-oleosas, ásperas, não-viscosas,
sutis e com abundantes qualidades relacionadas ao tato são
dominados por vayu; promovem aspereza, aversão, movimento, não-
viscosidade e leveza.
        Substâncias leves, suaves, sutis, homogêneas e com
qualidades principais relacionadas com a audição são dominadas por
akasa; promovem suavidade, porosidade e leveza.
                      O Conceito de Tridosha
        O corpo humano, de acordo com o Ayurveda, é composto de
três elementos fundamentais denominados doshas, dhatus e malas.
Os doshas controlam as atividades psico-químicas e fisiológicas do
corpo, enquanto os dhatus entram na formação da estrutura celular
básica, de tal modo que realizam algumas funções específicas. Os
malas são substâncias utilizadas parcialmente no organismo e
excretadas também parcialmente, de forma modificada, após
realizarem suas funções fisiológicas. Estes três elementos são
definidos como estando em equilíbrio dinâmico uns com os outros


48
para a manutenção da saúde. Qualquer desequilíbrio em suas
predominâncias no corpo resulta em doença e decomposição.
         Como foi estabelecido anteriormente, no interior do corpo
existem três doshas que comandam as atividades psico-químicas e
fisiológicas. São eles vayu, pitta e kapha. Estes doshas são
compostos de mahabhutas. Todos os doshas possuem todos os
cinco mahabhutas em sua composição. No entanto, o dosha vayu
apresenta predominância de akasa mahabhuta e vayu mahabhuta.
Em pitta predomina agni mahabhuta. Kapha é principalmente
constituído por jala e prthvi mahabhutas.
         A doutrina dos doshas representa uma parte importante no
Ayurveda, tanto quanto constitui a base para a manutenção da saúde
absoluta, para o diagnóstico e o tratamento das doenças. Uma
análise correta deste conhecimento é, portanto, essencial para a
compreensão e apreciação adequada da teoria e prática do
Ayurveda. Quando estão em seu estado normal, sustentam o corpo e
qualquer alteração em seu equilíbrio resulta em doença e
degeneração.
         Estes três doshas infiltram todo o corpo. Há, entretanto,
alguns elementos ou órgãos nos quais estão, à princípio, localizados.
Por exemplo, a bexiga urinária, os intestinos, a região pélvica, as
coxas, as pernas e os ossos são sítios de vayu, principalmente. Os
sítios de pitta são o suor, a linfa, o sangue e o estômago. Da mesma
maneira, os sítios de kapha são o tórax, a cabeça, o pescoço, as
articulações, a porção superior do estômago e o tecido adiposo do
corpo. Cada um destes três doshas são novamente divididos em
cinco tipos. Estas cinco divisões representam apenas cinco diferentes
aspectos do mesmo dosha e não cinco entidades diferentes no
corpo.
         As localizações e as funções destas divisões de vayu, pitta e
kapha são fornecidos na Tabela 1.




                                                                   49
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Ayurveda: Introdução aos princípios fundamentais da medicina tradicional indiana

  • 1. ÍNDICE ÍNDICE................................................................................................................. 1 PREFÁCIO ........................................................................................................ 9 NOTA PARA A EDIÇÃO INDIANA ............................................................... 10 PREFÁCIO PARA A EDIÇÃO REVISADA ..................................................... 13 PREFÁCIO PARA A PRIMEIRA EDIÇÃO ...................................................... 15 ABREVIAÇÕES .............................................................................................. 25 EQUIVALENTES ROMANOS DO DEVANAGARI ........................................ 26 CAPÍTULO I ...................................................................................................... 27 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 27 DEFINIÇÃO DE AYURVEDA ................................................................................ 29 ÁREA DE ATUAÇÃO DO AYURVEDA ................................................................... 29 OS OITO RAMOS DO AYURVEDA ........................................................................ 30 CARACTERÍSTICAS SINGULARES DO AYURVEDA ................................................. 31 CAPÍTULO II .................................................................................................... 34 REVISÃO HISTÓRICA .................................................................................... 34 MITOLOGIA SOBRE A ORIGEM DO AYURVEDA .................................................... 34 AYURVEDA NA ERA PRÉ-VÉDICA ...................................................................... 35 AYURVEDA NA ERA VÉDICA.............................................................................. 36 AYURVEDA NO PERÍODO PÓS-VÉDICO ............................................................... 37 CRÔNICAS SOBRE A VIDA DE JIVAKA ................................................................. 38 A ESTÓRIA DE BHOJA ........................................................................................ 40 INTERRUPÇÃO DO PROGRESSO NO PERÍODO MEDIEVAL ...................................... 40 RESTAURAÇÃO DO AYURVEDA .......................................................................... 41 CAPÍTULO III ................................................................................................... 43 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ...................................................................... 43 CRIAÇÃO DO UNIVERSO .................................................................................... 43 TEORIA PAÑCA MAHABHUTA ............................................................................... 46 DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO MAHABHÁUTICA DE UMA DROGA A PARTIR DE SUAS PROPRIEDADES ..................................................................... 48 O CONCEITO DE TRIDOSHA ................................................................................. 48 1
  • 2. CONDIÇÕES DOS DOSHAS NAS DIFERENTES ESTAÇÕES DO ANO ........................... 52 FATORES RESPONSÁVEIS PELA ALTERAÇÃO DOS DOSHAS ................................... 52 SINAIS E SINTOMAS DO AGRAVAMENTO DOS DOSHAS ......................................... 53 TRATAMENTO DE DOENÇAS CAUSADAS POR PERTURBAÇÕES DOS DOSHAS .......... 53 TERAPIA DE ELIMINAÇÃO PARA CORREÇÃO DOS DOSHAS ALTERADOS ................ 54 DOENÇAS CAUSADAS PELOS DOSHAS ................................................................. 54 CONCEITO DE SAPTA DHATU ............................................................................. 59 CONCEITO DE MALA .......................................................................................... 62 SROTAS OU CANAIS DE CIRCULAÇÃO .................................................................... 63 CAUSAS DAS ALTERAÇÕES DOS SROTAS ................................................................ 65 SÍTIOS DE ORIGEM DOS SROTAS E SINTOMAS CAUSADOS POR SUAS ALTERAÇÕES ..... 66 LINHA DE TRATAMENTO ...................................................................................... 68 DIGESTÃO E METABOLISMO ................................................................................ 69 PRAKRTI OU CONSTITUINTE FÍSICO ..................................................................... 74 FATORES RESPONSÁVEIS PELA DETERMINAÇÃO DE PRAKRTI .................................. 77 CARACTERÍSTICAS DOS INDIVÍDUOS QUE POSSUEM KAPHA PRAKRTI ...................... 78 CARACTERÍSTICAS DE UM INDIVÍDUO QUE POSSUI PITTA PRAKRTI ......................... 79 CARACTERÍSTICAS DE UM INDIVÍDUO QUE POSSUI VATA PRAKRTI ......................... 80 CARACTERÍSTICAS E CONTROLE DE UMA PESSOA QUE POSSUI VATA PRAKRTI........... 81 CARACTERÍSTICAS E CONTROLE DE UMA PESSOA QUE POSSUI PITTA PRAKRTI ........ 82 CARACTERÍSTICAS E CONTROLE DE UMA PESSOA QUE POSSUI KAPHA PRAKRTI ...... 83 CONCEITO DE MENTE ......................................................................................... 84 SINÔNIMOS E SUAS IMPLICAÇÕES ......................................................................... 85 MENTE E MANAS ............................................................................................... 85 DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO ...................................................................... 85 TRÊS PONTOS DE VISTA DIFERENTES ................................................................... 86 SERES SENCIENTES E NÃO SENCIENTES................................................................. 87 ANTAHKARANA OU OS MEIOS INTERNOS DE PERCEPÇÃO ...................................... 88 LOCALIZAÇÃO .................................................................................................... 89 DIMENSÕES E NÚMEROS ..................................................................................... 90 FUNÇÕES .......................................................................................................... 90 DIFERENTES NÍVEIS DE MENTE............................................................................ 90 CLASSIFICAÇÃO DAS FACULDADES MENTAIS ......................................................... 91 COMPOSIÇÃO DAS DROGAS ................................................................................. 94 CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS .............................................................................. 95 RASA OU SABOR ................................................................................................ 96 SABORES E DOSHAS ........................................................................................... 97 GUNAS E QUALIDADES........................................................................................ 97 VIRYA OU POTÊNCIA ......................................................................................... 98 VIPAKA OU SABOR PÓS-DIGESTIVO ..................................................................... 99 PRABHAVA OU AÇÃO ESPECÍFICA ....................................................................... 99 CAPÍTULO 4 ................................................................................................... 101 MEDICINA PREVENTIVA ............................................................................ 101 DINACARYA (CONDUTA NO PERÍODO DIURNO).............................................. 101 2
  • 3. LIMPEZA DA FACE ............................................................................................ 101 PROTEÇÃO DA VISÃO ........................................................................................ 101 BEBER UM COPO DE ÁGUA................................................................................ 102 EVACUAÇÃO .................................................................................................... 102 HIGIENE DOS DENTES ....................................................................................... 103 RASPAGEM DA LÍNGUA...................................................................................... 104 USO DE GOTAS NASAIS ..................................................................................... 104 MASTIGAÇÃO ................................................................................................... 104 GARGAREJOS ................................................................................................... 105 APLICAÇÃO DE ÓLEO NA CABEÇA ...................................................................... 105 GOTAS DE ÓLEO NOS OUVIDOS ......................................................................... 105 MASSAGEM COM ÓLEO ..................................................................................... 106 EXERCÍCIOS ..................................................................................................... 107  Efeitos Benéficos dos Exercícios .......................................................... 107  Efeitos Prejudiciais do Exercício Excessivo ......................................... 107  Características do Exercício Correto................................................... 107  Contra-Indicações para os Exercícios ................................................. 107 BANHO ............................................................................................................ 108 VESTIMENTAS ................................................................................................... 108 USO DE PERFUMES .......................................................................................... 108 USO DE ORNAMENTOS ...................................................................................... 108 CUIDADOS COM CABELOS E UNHAS ................................................................... 108 CALÇADOS ....................................................................................................... 108 ALIMENTOS ...................................................................................................... 109 USO DE COLÍRIO .............................................................................................. 110 FUMO ............................................................................................................. 110  Características do Uso Correto do Fumo ............................................ 111  Características do Uso Insuficiente do Fumo ....................................... 111  Características do Uso Excessivo de Fumo .......................................... 111 CÓDIGO DE ÉTICA GERAL ................................................................................. 111 ESTUDO .......................................................................................................... 113 CONDUTA GERAL ............................................................................................. 113 AMIGOS CONVENIENTES ................................................................................... 114 PESSOAS INCONVENIENTES PARA A AMIZADE ....................................................... 115 RATRICARYA (CONDUTA NO PERÍODO NOTURNO) ......................................... 115 SONO .............................................................................................................. 115  Tipos Diferentes de Sono ..................................................................... 116  Contra-indicações ao Sono Diurno...................................................... 116  Indicações do Sono Diurno ................................................................. 117  Causas da Insônia ............................................................................... 118  Medidas que Favorecem um Sono Benéfico ......................................... 118 CONDUTA DURANTE A REFEIÇÃO NOTURNA ....................................................... 118 USO DE IOGURTE À NOITE................................................................................. 118 LEITURA DURANTE A NOITE .............................................................................. 119 RELAÇÕES SEXUAIS .......................................................................................... 119 RTUCARYA (CONDUTA DURANTE AS ESTAÇÕES DO ANO) ................................ 120 3
  • 4. OS DOIS SOLSTÍCIOS ........................................................................................ 120 EFEITOS DE ADANA KALA NO CORPO ............................................................... 124 EFEITOS DO VISARGA KALA SOBRE O CORPO .................................................... 124 DIETA E CONDUTA PARA O INVERNO .................................................................. 124 DIETA E CONDUTA PARA A PRIMAVERA ............................................................... 126 DIETA E CONDUTA PARA O VERÃO ..................................................................... 126 DIETA E CONDUTA PARA A ESTAÇÃO CHUVOSA ................................................... 127 DIETA E CONDUTA PARA O OUTONO .................................................................. 128 NECESSIDADES BÁSICAS .................................................................................... 129 NECESSIDADES QUE DEVEM SER SUPRIMIDAS ..................................................... 131 TERAPIA REJUVENESCEDORA............................................................................. 131  Objetivo do Rasayana ......................................................................... 132  Duração da Vida................................................................................. 132  Época de Administração...................................................................... 135  Pessoas Convenientes para o Rasayana............................................... 135  Método de Administração.................................................................... 136  Drogas Rasayanas............................................................................... 136 CYAVANAPRASA ............................................................................................. 137  Dose ................................................................................................... 137  Dieta................................................................................................... 138 OUTRAS CONDUTAS .......................................................................................... 138 PROCESSO DE MORTE ....................................................................................... 138 CAPÍTULO 5 ................................................................................................... 139 A PRÁTICA DA MEDICINA .......................................................................... 139 O EXAME DO PACIENTE .................................................................................... 139 EXAME DA IDADE DO PACIENTE......................................................................... 143 EXAME DO VIGOR DO PACIENTE ........................................................................ 144 O QUE É ESTE VIGOR? ...................................................................................... 144 O QUE É TEJAS? .............................................................................................. 144 O QUE É OJAS?................................................................................................ 145 ASPECTOS CARACTERÍSTICOS DO CORPO COMPACTO .......................................... 146 DISTÚRBIOS DO VIGOR ..................................................................................... 147 ANÁLISE DO SATTVA ........................................................................................ 147 AVALIAÇÃO DA SAÚDE ...................................................................................... 148 EXAME DA DOENÇA .......................................................................................... 150  Nidana ou Fatores Causais ................................................................. 151  Purvarupa ou Primeiros Sintomas ....................................................... 152  Rupa ou Sinais e Sintomas Manifestados ............................................. 153  Upasaya ou Terapia Exploratória ....................................................... 153  Samprapti ou Patogênese .................................................................... 155  Kriya kala ou Estágios de Manifestação de uma Doença ..................... 157  Diferentes Tipos de Samprapti............................................................. 157 CAUSAS DAS DOENÇAS ...................................................................................... 157  Negligência Intelectual (prajna paradha).............................................. 158 4
  • 5. Conjunção Patológica dos Órgãos Sensoriais e seus Objetos ............... 158  Variações no Tempo e no Período ....................................................... 159 TRÊS TIPOS DE DOENÇAS .................................................................................. 160 DOENÇAS DO SISTEMA PERIFÉRICO ................................................................... 160 DOENÇAS DO CAMINHO INTERMEDIÁRIO ............................................................ 160 DOENÇAS DO SISTEMA CENTRAL ........................................................................ 161 SÍTIOS DE ORIGEM DAS DOENÇAS ...................................................................... 161 MODO DE DISSEMINAÇÃO DA DOENÇA ............................................................... 162 SÍTIO DE MANIFESTAÇÃO DA DOENÇA ................................................................ 163 DOENÇAS E SUAS VARIEDADES........................................................................... 163 TERAPÊUTICA .................................................................................................. 168 CATEGORIAS DE DOENÇAS ................................................................................ 170 DIFERENTES TIPOS DE TERAPIAS ....................................................................... 172  Langhana ou Terapia de Alívio ........................................................... 173  Brmhana ou Terapia de Nutrição ........................................................ 174  Ruksana ou Terapia Secativa............................................................... 174  Snehana ou Terapia de Oleação .......................................................... 175  Svedana ou Terapia de Fomentação .................................................... 176 CAPÍTULO 6 ................................................................................................... 177 DIETA .............................................................................................................. 177 CLASSIFICAÇÃO DOS GÊNEROS ALIMENTÍCIOS E DAS BEBIDAS .............................. 178  Sukadhanya (cereais com cerdas) ........................................................ 179  Samidhanya (grãos comestíveis) .......................................................... 179  Mamsavarga (carnes) .......................................................................... 179  Saka varga (vegetais) .......................................................................... 185  Phalavarga (frutas) .............................................................................. 185  Harita varga (vegetais utilizados crus) ................................................. 187  Madya varga (bebidas alcoólicas) ....................................................... 187  Jala varga (vários tipos de água) ......................................................... 187  Gorasa varga (derivados do leite) ........................................................ 188  Iksu varga (produto da cana de açúcar)............................................... 188  Krtanna varga (preparações de alimentos cozidos)............................... 188  Aharayogi varga (acessórios das preparações) .................................... 188 CAPÍTULO 7 ................................................................................................... 189 DROGAS .......................................................................................................... 189 AÇÕES DO SABOR DOCE .................................................................................. 189 AÇÕES DO SABOR AZEDO ................................................................................ 189 AÇÕES DO SABOR SALGADO ............................................................................ 190 AÇÕES DO SABOR PUNGENTE .......................................................................... 191 AÇÕES DO SABOR AMARGO ............................................................................. 192 AÇÕES DO SABOR ADSTRINGENTE ................................................................... 192 5
  • 6. CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS AYURVÉDICAS................................................... 193 PREPARAÇÕES COMPOSTAS ............................................................................. 194 NOMES DAS FORMULAÇÕES DE DROGAS .......................................................... 195 PROCESSOS FARMACÊUTICOS .......................................................................... 196 SODHANA OU PURIFICAÇÃO ............................................................................. 196 MELHORES DROGAS, DIETAS E CONDUTAS ...................................................... 197 MELHORES DROGAS PARA CERTAS DOENÇAS .................................................. 202 CAPÍTULO 8 ................................................................................................... 206 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DAS DROGAS AYURVÉDICAS............... 206  Suco.................................................................................................... 206  Pó (Curna) .......................................................................................... 207  Decocção (Kvatha) ............................................................................. 207  Pasta (Kalka) ...................................................................................... 208  Infusão (Phanta) .................................................................................. 208  Infusão fria (Situ kasaya) .................................................................... 208  Preparação com leite (Ksira paka) ...................................................... 208  Emplastro ou geléia (Avaleha, lehya, paka ou khanda) ........................ 208  Ghee e óleo medicinal (taila e ghrta).................................................... 209  Preparações alcoólicas (Asava e arista) .............................................. 210  pílulas (Gutika, vati e modaka)............................................................ 211  Preparações em crosta (Parpati).......................................................... 212  Medicamentos preparados por sublimação (Kupipakva rasayana)........ 212  Pisti .................................................................................................... 213  Colírio (Anjana).................................................................................. 213  Metais, minerais, pedras preciosas e outros calcinados em pó (Bhasma) 213 CAPÍTULO 9 ................................................................................................... 215 A CANNABIS E OS ANTIGOS TEXTOS MÉDICOS ................................... 215 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 216 SINÔNIMOS ...................................................................................................... 218 MITOLOGIA SOBRE A ORIGEM DA CANNABIS ........................................................ 219 DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA EM TEXTOS ANTIGOS ................................................ 219 SEXO DA PLANTA .............................................................................................. 220 USUÁRIOS AUTORIZADOS .................................................................................. 220 PROCESSOS FARMACÊUTICOS ............................................................................ 221 FORMULAÇÃO .................................................................................................. 222 INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS .............................................................................. 223 TOXICIDADE .................................................................................................... 224 CONTROLE DOS E FEITOS TÓXICOS ..................................................................... 225 VIJAYA KALPA OU PREPARAÇÃO ESPECIAL PARA O REJUVENESCIMENTO ............. 225 CULTIVO ......................................................................................................... 226 6
  • 7. PROCESSAMENTO ............................................................................................. 227 ADMINISTRAÇÃO DA TERAPIA ............................................................................ 227 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 228 CAPÍTULO 10 ................................................................................................. 232 A DROGA TERMINALIA CHEBULA NA LITERATURA MÉDICA AYURVÉDICA E TIBETANA ........................................................................ 232 ESTÓRIAS MITOLÓGICAS ................................................................................... 233 SINÔNIMOS ...................................................................................................... 234 VARIEDADES .................................................................................................... 235 IDENTIFICAÇÃO DOS VÁRIOS TIPOS .................................................................... 237 HABITAT .......................................................................................................... 237 CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS ........................................................................... 238 ANÁLOGOS ...................................................................................................... 238 RASA, VIRYA, VIPAKA E GUNA........................................................................ 239 PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS ......................................................................... 240  Notas .................................................................................................. 241 CAPÍTULO 11 ................................................................................................. 246 O ALHO NOS ANTIGOS TEXTOS MÉDICOS INDIANOS ......................... 246 MITOLOGIA SOBRE A ORIGEM DE LASUNA ......................................................... 247 VARIEDADES .................................................................................................... 249 SINÔNIMOS ...................................................................................................... 250 RASA OU SABOR DA DROGA .............................................................................. 251 PROPRIEDADES E AÇÕES FARMACOLÓGICAS ....................................................... 252 USOS TERAPÊUTICOS ........................................................................................ 254 ADJUVANTES PARA DIFERENTES DOENÇAS ......................................................... 256 RASONA KALPA .............................................................................................. 257  Pessoas Adequadas para a Administração de Rasona Kalpa ................ 258  Pessoas Inadequadas para Rasona Kalpa............................................ 258  Estação Adequada .............................................................................. 259  Coleta do Allium sativum..................................................................... 259  Processamento .................................................................................... 259  Dosagem............................................................................................. 261  Preparação do Paciente ...................................................................... 261  Método de Administração.................................................................... 262  Complicações e seu Controle............................................................... 262  Anupana ............................................................................................. 262  Cuidados Pós-Terapia......................................................................... 263  Duração da Terapia ............................................................................ 263  Pathya ou Dieta Adequada .................................................................. 263  Alimentos e Condutas Insalubres ......................................................... 264  Complicações Decorrentes de Condutas Inadequadas ......................... 264 7
  • 8.  Tratamento das Complicações............................................................. 265  Cuidados Pós-Terapia......................................................................... 265 FORMULAÇÕES COMBINADAS ............................................................................ 265  Notas e Referências............................................................................. 267 CAPÍTULO 12 ................................................................................................. 269 ESTUDO E PRÁTICA ..................................................................................... 269 SELEÇÃO DE TEXTOS MÉDICOS .......................................................................... 269 SELEÇÃO DE UM PROFESSOR DE MEDICINA ........................................................ 270 SELEÇÃO DO ESTUDANTE DE MEDICINA ............................................................. 271 INICIAÇÃO AO ESTUDO...................................................................................... 272 OS MÉDICOS E SUAS CARACTERÍSTICAS .............................................................. 273 CARACTERÍSTICAS DE UM BOM MÉDICO ............................................................. 273 CARACTERÍSTICAS DOS MÉDICOS FINGIDOS E PSEUDOMÉDICOS ........................... 276 CAPÍTULO 13 ................................................................................................. 278 OUTROS SISTEMAS TRADICIONAIS DE MEDICINA.............................. 278 UNANI TIBB ..................................................................................................... 278  Princípios Fundamentais do Sistema Unani de Medicina ..................... 280 SISTEMA SIDDHA DE MEDICINA ......................................................................... 281  Mitologia sobre a Origem do Sistema Siddha ...................................... 281  Propositores do Sistema Siddha de Medicina ....................................... 282  Princípios Fundamentais..................................................................... 282  Classificação das Drogas .................................................................... 283  Diagnóstico das Doenças .................................................................... 284  Kalpa Cikitsa ...................................................................................... 284 EMCHI OU SISTEMA TIBETANO DE MEDICINA ...................................................... 285  Classificação do Conhecimento ........................................................... 286  Relações Indo-Tibetanas ..................................................................... 286 PRAKRTIKA CIKITISA (NATUROPATIA) ................................................................. 288  História .............................................................................................. 288  Princípios Fundamentais..................................................................... 289  Prática da Naturopatia ....................................................................... 290 YOGA .............................................................................................................. 290  Princípios Fundamentais..................................................................... 291 TANTRA ........................................................................................................... 299 8
  • 9. PREFÁCIO Entre a linha de frente dos eruditos em Ayurveda da nova geração, o Dr. Bhagwan Dash é uma daquelas poucas pessoas nas quais deposito minhas esperanças pela manutenção da imagem pura do Ayurveda tanto na Índia quanto no exterior. Seu novo livro é benvindo pois, considerando que o autor está intimamente familiarizado com os conceitos do Ayurveda, sua exposição permanece livre das distorções laboriosas que caracterizam o trabalho das vítimas de vários tipos de complexos de inferioridade cuja principal preocupação parece ser, de alguma forma, ajustar os conceitos Ayurvédicos ao leito procustiano da alopatia. Nesta obra, sua última compilação, o Dr. Dash trabalhou com os fundamentos do Ayurveda de uma maneira lúcida e com estilo facilmente compreensível. O livro é lançado em uma época em que o Ayurveda atrai a atenção dos cientistas médicos de países desenvolvidos como os EUA e o Japão, e no momento em que esta grande Ciência Indiana da Vida começa a se desenvolver nas instituições médicas ocidentais. Deste modo, esta publicação oportuna é destinada a disseminar efetivamente o conhecimento do Ayurveda entre os estudantes da ciência médica tanto no Oriente como no Ocidente. Shiv Sharma Presidente do Conselho Central de Medicina Indiana Nova Delhi 9
  • 10. NOTA PARA A EDIÇÃO INDIANA Revelações mais recentes sobre os efeitos colaterais das drogas alopáticas — quimioterápicos e antibióticos — têm aterrorizado muitas pessoas em todo o mundo e existem esforços combinados para encontrar uma alternativa para as mesmas. O Ayurveda, a medicina tradicional da Índia, consiste de uma prática ininterrupta desde eras pré-históricas e talvez sua posição seja a mais viável na área. Infelizmente, devido às dificuldades da língua na qual foram compostos os clássicos originais, o conhecimento de seus princípios e práticas fundamentais tem permanecido inacessível aos cientistas e pesquisadores do Ocidente e mesmo para alguns indianos não familiarizados com o sânscrito. Para satisfazer esta imensa necessidade estamos publicando este trabalho do Dr. Bhagwan Dash. O Dr. Dash não é um autor novo para os leitores. Há mais de três décadas está ativamente conectado com a profissão Ayurvédica – em sua pesquisa e prática. Ao lado das muitas contribuições aos jornais estrangeiros e indianos, tem participado de diversas conferências internacionais sobre Ayurveda, Yoga, Medicina Tibetana e outras ciências orientais, tendo viajado para várias regiões da Índia e países estrangeiros com esta finalidade. São suas estas importantes publicações: 1. Caraka Samhita, com tradução e notas críticas em inglês, baseado no Ayurveda Dipika de Cakrapani, volumes I, II, III e IV; 2. Concept of Agni in Ayurveda; 3. Ayurvedic Treatment for Common Diseases; 4. Embryology and Maternity in Ayurveda; 5. Tibetan Medicine with Special Reference to Yoga Sátaka 10
  • 11. 6. Ayurveda for Healthy Living. No capítulo introdutório deste livro, são ressaltadas as vantagens únicas do Ayurveda, seu progresso e os altos e baixos através dos diferentes períodos da história. Descrevem-se em detalhes os princípios fundamentais como a teoria do Pañca Mahabhuta, as teorias do Tridosha e do Sapta Dhatu que são essenciais para a compreensão adequada do Ayurveda. Esta ciência atribui grande ênfase à preservação de uma saúde verdadeira e à prevenção das doenças. Estão delineados os vários métodos descritos no Ayurveda e praticados na Índia antiga. A dieta representa um importante papel na prática Ayurvédica. Conseqüentemente, detalhes sobre os vários ingredientes das dietas e as bebidas encontram lugar neste livro. Para ilustrar o conceito da composição e da ação de uma droga nos diferentes clássicos ayurvédicos e Nighantus, estão descritas em detalhes três drogas: Cannabis, Haritaki e Allium. Todas estas drogas são extensivamente utilizadas no Ayurveda, principalmente para propósitos de rejuvenescimento. O método empregado na Índia antiga para a seleção de estudantes, os ensinamentos e a iniciação dos médicos também estão incluídos. Há muitos outros sistemas tradicionais de medicina na Índia; alguns são contemporâneos ao Ayurveda e outros vieram para este país posteriormente. Eventualmente, ocorre um intercâmbio de idéias entre o Ayurveda e tais sistemas. Portanto, é fornecido um resumo dos princípios fundamentais das medicinas Unani, Siddha, Emchi ou Tibetana, o Prakrtika Cikitsa ou Naturopatia, juntamente com a Yoga e os Tantras, no último capítulo deste livro. Se este trabalho puder auxiliar a mitigar um pouco o sofrimento da humanidade e a promover o avanço da ciência médica, sentiremos nossos esforços amplamente recompensados. 11
  • 13. PREFÁCIO PARA A EDIÇÃO REVISADA Mesmo que as drogas de origem vegetal predominem nas prescrições Ayurvédicas, no período pós-Budista, surgiu um ramo especial desta ciência vital denominado Rasasastra ou Iatroquímica. Neste ramo, descrevem-se propriedades e métodos de processamento de metais, minerais, pedras preciosas e rochas. É utilizado tanto para promoção como para a prevenção da saúde verdadeira e a cura das doenças. O uso de metais, etc. era por certo encontrado nos clássicos Ayurvédicos antes do desenvolvimento deste ramo, mas sua utilização freqüente estava restrita e era utilizada em forma bruta ou semi-processada. Os monges budistas, os siddhas e os santos da escola Natha descobriram que os produtos herbáceos isolados são inadequados para enfrentar as alterações causadas por doenças devastadoras e pela debilidade física. Com base em seus experimentos, experiências e, sobretudo, poder espiritual, eles processavam metais para torná-los não tóxicos, terapeuticamente mais potentes, especialmente para o rejuvenescimento do corpo, com o qual poderiam prosseguir em suas práticas espirituais sem obstáculos, livre de doenças e da morte prematura. O objetivo primário era atingir o estado de jivan-mukta ou da salvação da alma, enquanto ainda vivos e enquanto ainda estivessem servindo à sociedade. Metais, assim como produtos vegetais, são compostos de cinco elementos básicos denominados mahabhutas e todos os conceitos da composição e da ação das drogas são aplicáveis aos mesmos como um todo. A única diferença encontra-se em que sejam utilizados em doses muito pequenas, através das quais são 13
  • 14. capazes de curar muitas doenças crônicas e, portanto, incuráveis, incluindo aquelas para as quais esteja indicado o procedimento cirúrgico. Na medicina moderna, algumas preparações metálicas, em uso no passado, foram abandonadas como conseqüência de seus efeitos tóxicos. Os cientistas e médicos modernos estão, portanto, temerosos em utilizar as fórmulas Ayurvédicas para si e para seus pacientes. Isto se deve principalmente à sua ignorância quanto à realização dos procedimentos seguidos pelos médicos Ayurvédicos na preparação destes metais, tornando-os livres de quaisquer efeitos adversos ao organismo, antes de utilizá-los como medicamentos. O uso criterioso destas preparações metálicas pode prevenir a necessidade de cirurgia em muitas doenças e, portanto, tornar os pacientes livres dos fatores de risco. As diversas doenças para as quais a medicina moderna não possui medicamentos disponíveis, no momento, podem ser curadas satisfatoriamente por estas preparações. Para eliminar a ignorância e para atingir a iluminação, foi adicionado à esta edição um novo capítulo sobre os ―Métodos de Preparação dos Medicamentos Ayurvédicos‖, somado a muitas outras alterações e suplementos. Dr. Bhagwan Dash 14
  • 15. PREFÁCIO PARA A PRIMEIRA EDIÇÃO A utilização dos sistemas tradicionais de medicina para os serviços de promoção da saúde, prevenção e cura das doenças tem sido seriamente considerada em várias partes do mundo. A Organização Mundial de Saúde, em uma de suas Resoluções, enfatiza a utilização destes sistemas médicos pelos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Juntamente com a crescente apreciação dos méritos destes sistemas tradicionais de medicina, há um aumento na demanda de livros expondo os princípios fundamentais em que se baseiam. Algumas destas práticas tradicionais estão apenas no folclore e outras estavam compostas originalmente em idiomas como o sânscrito, chinês, tibetano, mongól, árabe, persa, tamil e simhali. Nas últimas poucas décadas houve uma exploração das drogas destes sistemas tradicionais sem uma observação cuidadosa aos seus princípios fundamentais. O uso destas drogas não é meramente empírico, como considerado por algumas pessoas, mas para alguns destes sistemas tradicionais existem fundamentos racionais e científicos para explicar a ação e a composição das drogas, as causas das doenças, sua prevenção, assim como a cura e a manutenção de uma estado de saúde verdadeiro. É necessário, portanto, que cientistas e pesquisadores trabalhem para se familiarizarem com estes princípios fundamentais antes de se envolverem na exploração de novas drogas e terapias poderosas. 15
  • 16. Os princípios fundamentais destes sistemas tradicionais estão freqüentemente combinados com filosofia, religião e aspectos aplicados. Aprender a linguagem original e examinar tais princípios apresenta-se como um problema difícil mesmo para um pesquisador bem intencionado. Na época em que estes textos foram compostos, a facilidade de impressão também não existia ou não estava bem desenvolvida. Portanto, havia um esforço intencional da parte dos autores em produzir trabalhos sucintos e críticos. A maioria dos trabalhos originais sobre o Ayurveda estão escritos em versos, freqüentemente concisos e de difícil compreensão. Como conseqüência das vicissitudes da época, muitos destes textos foram perdidos e subseqüentemente restaurados com o auxílio de diferentes fontes materiais então existentes. Eram freqüentes as alterações não autorizadas e os erros de interpretação durante tais processos de recuperação e caligrafia. Deste modo, o preparo de um livro sobre os princípios fundamentais do Ayurveda, com uma linguagem simples, selecionando cuidadosamente materiais autênticos a partir destes textos, deve-se à grande necessidade de auxiliar os pesquisadores e estudantes neste campo da ciência. Com relação às ciências modernas básicas, como a física e a química, alguns destes princípios dos sistemas tradicionais de medicina podem ser aparentemente irracionais e não-científicos. Uma pessoa com atitude científica não deve precipitar-se em tirar conclusões sobre eles à primeira vista. As limitações das ciências modernas, principalmente quando relacionadas com um assunto como a medicina, são bem conhecidas. O indivíduo não é apenas um aglomerado de pele, músculos e ossos, mas possui uma mente, um intelecto, o ego e uma alma. Neste campo pouco tem sido feito pela ciência moderna. Os cientistas de todo mundo estão imensamente preocupados com as pesquisas neste campo, mas levará um tempo considerável até que surjam 16
  • 17. empreendimentos suficientes nesta direção. Portanto, antes de quaisquer conclusões sobre os princípios fundamentais do Ayurveda devem ser feitas considerações adequadas para preencher esta lacuna no conhecimento atual. Em toda cultura, a tradição ocupa uma importante função e, com freqüência, impõe-se uma crença irracional pelos indivíduos da região sem a verificação da veracidade destas práticas tradicionais. Por outro lado, em nome da civilização e da modernização, estas práticas tradicionais são detestáveis para alguns. Consideram tudo que é tradicional como supersticioso e dogmático e, portanto, defendem sua total rejeição. A verdade repousa talvez em alguma área entre estas duas linhas de abordagem. Embora não seja nem desejável nem científico aceitar tudo o que for tradicional como verdadeiro, sem verificação adequada, é igualmente não científico rejeitá-los completamente apenas por serem tradições ou antigos. Muitos aspectos considerados mitos tornam-se agora fatos científicos. A circulação sangüínea descrita no Susruta Samhita (antes de 700 A.C.) era mito até Harvey. A secreção ou suco gástrico e sua função no processo digestivo como descrito no Caraka Samhita (antes de 700 A.C.) era um mito até Pavlov. A prática tradicional de inoculação contra varíola (masurika) era um mito até Edward Jenner. Mesmo atualmente, pessoas capazes de opinar recusam-se a acreditar que pudesse ser utilizada na Índia tal prática preventiva para uma doença tão temerosa, antes de sua exploração científica. Esta antiga prática é predominante mesmo nos dias de hoje (quando a varíola já está erradicada em nosso país) pelos Malis, nas vilas de Bihar. A descrição da cirurgia plástica como feita no Susruta Samhita teria permanecido um mito, não fosse sua vasta propagação e aceitação no presente pelos cirurgiões ocidentais. O transplante de cabeça descrito nos Vedas, para o qual há uma referência neste livro, e o 17
  • 18. rejuvenescimento do corpo descrito na literatura védica e nos clássicos Ayurvédicos, como o Caraka Samhita e o Susruta Samhita, continuam sendo considerados mitos até que sejam demonstrados na prática. O poeta Kalidasa, na introdução de sua memorável peça Malavikagnimitra afirma: “Todas as coisas antigas não devem ser necessariamente verdadeiras; todas as coisas novas não devem ser necessariamente isentas de falhas. Para o homem sábio, ambas devem ser aceitas apenas se permanecerem após o teste. O insensato, entretanto, é controlado pela corrente de opiniões alheias”. O Ayurveda, assim como outros sistemas de medicina tradicional possui características únicas. Enfatiza a promoção da saúde verdadeira e a prevenção das doenças. A existência de organismos e seu papel na causa de muitas doenças infecciosas têm sido reconhecida e trabalhada. Mas para promover a cura e a prevenção destas doenças, as drogas e as terapias prescritas nos clássicos Ayurvédicos e administradas por médicos assim formados não objetivam a destruição destes organismos. Alguns destes medicamentos podem possuir efeitos bacteriostáticos ou bactericidas, mas a maioria deles não age desta maneira. No Ayurveda, dá-se mais ênfase ao ―campo‖ do que à ―semente‖. Se o campo está árido, a semente, por mais potente que seja, não poderá germinar. Da mesma maneira, por mais agressivos que a bactéria ou o microorganismo possam ser, não serão capazes de produzir uma doença no corpo humano, a menos que os tecidos deste corpo estejam férteis o suficiente para aceitá-los e ajudá-los em seu crescimento e multiplicação. A destruição destes organismos por medicamentos não resolve o problema permanentemente. Pode oferecer um alívio momentâneo e, 18
  • 19. talvez, a resistência do indivíduo durante este período possa ser suficientemente desenvolvida, como uma reação à infecção por estes microorganismos, para prevenir seus ataques futuros. O homem não vive em uma atmosfera totalmente livre de germes, mesmo que possa minimizá-los. O que se poderia fazer seguramente seria conservar os tecidos orgânicos infertéis e não receptivos a estas bactérias. Se o corpo adoecer, os tecidos devem estar tão condicionados pelas drogas, pela dieta e por outros métodos que estes microorganismos, quaisquer que sejam as denominações pelas quais venham a ser conhecidos, encontrarão uma atmosfera hostil à sua sobrevivência, multiplicação e desenvolvimento. Portanto, todos os medicamentos e terapias, incluindo as técnicas preventivas, prescritos no Ayurveda objetivam o condicionamento dos tecidos e não a destruição dos organismos invasores. As drogas empregadas como bactericidas devem exercer um efeito semelhante nos tecidos corporais. Quando administradas em dose suficiente para destruir os organismos patogênicos, destroem simultaneamente os organismos da flora normal e prejudicam o funcionamento adequado dos tecidos. Deste modo, produzem efeitos colaterais tóxicos enquanto curam a doença. Os medicamentos Ayurvédicos, por outro lado, enquanto condicionam os tecidos corporais contra os organismos patogênicos, promovem nutrição e rejuvenescimento. Quando a doença estiver curada, o indivíduo adquire muitos benefícios colaterais. Por esta razão, os medicamentos Ayurvédicos são tônicos. Exceto por algumas drogas modernas, por exemplo, minerais e vitaminas, todas as outras são exclusivamente indicadas para pacientes. As drogas Ayurvédicas, por outro lado, podem ser administradas tanto para pacientes como para indivíduos saudáveis simultaneamente – em pacientes curam as doenças e nos 19
  • 20. indivíduos saudáveis previnem as doenças e promovem a saúde verdadeira. Para ilustrar este ponto: Vasa (Adhatoda vasica, Nees.) é prescrita freqüentemente pelos médicos Ayurvédicos para pacientes portadores de bronquite, laringite, faringite e mesmo tuberculose. Talvez alguns elementos desta droga tenham propriedades para destruir alguns dos organismos que causam estas doenças. Mas esta não é a principal razão que motiva o médico a prescrevê-la. Estes organismos desenvolvem-se e multiplicam-se para produzir a doença no trato respiratório apenas quando os elementos teciduais locais estão alterados com um excesso de kapha dosa. A Adhatoda vasica Nees., ou Vāsa, contra-ataca este distúrbio de kapha dosa e auxilia na manutenção deste estado de equilíbrio corporal, tornando os organismos incapazes de produzir aquelas patologias. No Ayurveda o tratamento prescrito não visa a correção da região afetada isoladamente. No processo de manifestação da doença, vários órgãos estão envolvidos. A doença tem origem em um local particular, move-se através de um canal particular e manifesta-se em um órgão particular. Entretanto, o tratamento sempre objetiva a correção do sítio de origem e os canais de circulação ao longo do local de manifestação da doença, todos juntos. Citarei como exemplo o tratamento da bronquite asmática, que na linguagem Ayurvédica é conhecida como tamaka svasa. A dificuldade respiratória nesta doença é causada pelo espasmo da árvore brônquica e, acreditando nisto, drogas broncodilatadoras são geralmente prescritas na medicina moderna. Mas o objetivo do tratamento Ayurvédico para esta patologia é diferente. Talvez algumas drogas utilizadas contra estas doenças tenham efeito broncodilatador, e isto pode ser demonstrado em experimentos com animais, mas a maioria das drogas empregadas nestes tratamentos não produzirá qualquer efeito semelhante e um 20
  • 21. farmacologista ficará perplexo e as rejeitará definindo-as como inúteis para o tratamento da bronquite asmática. Um clínico, por outro lado, apreciará tais efeitos em seus pacientes, apesar de não ser capaz de explicá-los em termos de fisiologia e conceitos patológicos modernos. Esta doença tem sua origem no estômago e no intestino delgado. O objetivo principal do médico Ayurvédico é corrigir estes dois órgãos através de uma terapia com eméticos ou administrando medicamentos que conservem os intestinos limpos. O Haritaki (Terminalia chebula, Retz.), juntamente com outros medicamentos, é eficaz no tratamento destes dois órgãos e, portanto, as preparações indicadas para o tratamento da bronquite asmática contém, invariavelmente, haritaki e outras drogas de efeitos semelhantes. Todos estes detalhes fornecidos acima chamam a atenção dos cientistas e pesquisadores que não estão familiarizados com o Ayurveda justamente pela essencialidade do conhecimento dos fundamentos deste sistema na compreensão e apreciação científica da ação das drogas e das terapias existentes. Este é o objetivo principal da realização deste livro. O que está sendo fornecido aqui serve apenas para despertar seu interesse para estudos posteriores. Em um pequeno livro como este não podem ser dados todos os detalhes. De fato, outros livros devem ser escritos sobre cada um destes tópicos para explicá-los inteiramente aos leitores. Desejo incluir aqui uma nota de precaução. Você não deve se deixar dominar pela idéia de que o que está escrito neste livro seja tudo o que existe disponível sobre o Ayurveda. Não é verdadeiro. Está sendo fornecido aqui apenas um resumo destes princípios extraídos principalmente do Caraka Samhita. Evitei intencionalmente os detalhes e as diferentes interpretações e pontos de vista para não tornar o leitor confuso com muitos detalhes ao iniciar seu estudo. Este livro é, à princípio, destinado 21
  • 22. a um iniciante, um cientista ou um médico que não esteja familiarizado com o Ayurveda e para quem o estudo dos clássicos originais em sânscrito não seja possível. No capítulo I, quando da definição do Ayurveda e da elaboração de seu campo de ação, as diferentes especialidades estão enumeradas. Devido às vicissitudes da época e à falta de patrocínio, muitos dos ramos do Ayurveda não estão mais em prática. Existem evidências registradas sobre a prática de grandes cirurgias, procedimentos como craniotomia e cirurgia plástica nos clássicos Ayurvédicos e nos trabalhos afins. Infelizmente, tornaram-se matéria da história da medicina. Neste capítulo, estão descritas as características próprias do Ayurveda de forma resumida. No Capítulo II, apresenta-se uma breve revisão histórica do Ayurveda. No Capítulo III estão descritos vários princípios fundamentais. Como já citado anteriormente, o Ayurveda enfatiza muito a promoção da saúde verdadeira e a prevenção das doenças. Com este propósito, no Capítulo IV descrevem-se diferentes dietas e comportamentos para os horários diurno (dina- carya) e noturno (ratri-carya) e para as diferentes estações do ano (rtu-carya). São fornecidos de maneira sucinta diferentes tipos de terapias rejuvenescedoras e métodos de administração que auxiliam na promoção da saúde absoluta. Para a análise do paciente e da doença que o acomete, alguns métodos de diagnóstico exclusivos do Ayurveda são descritos e delineados no Capítulo V. O Ayurveda possui sua própria maneira de descrever a causa das doenças e de classificar os diferentes métodos para o tratamento. Isto também está relacionado neste capítulo. O Capítulo VI refere-se à dieta Ayurvédica. Os ingredientes que compõem as dietas e as bebidas estão classificadas de maneira diversa em diferentes textos 22
  • 23. Ayurvédicos. Foi seguido aqui o método descrito no Caraka Samhita. O Capítulo VII lida com as drogas e os princípios seguidos em sua classificação. Ilustra também o modo de ação das mesmas. Para ilustrar o que está exposto neste capítulo, três drogas estão detalhadas. São elas: Cannabis, Haritaki (Terminalia chebula, Retz.) e Allium. Todas são muito utilizadas popularmente na medicina Ayurvédica. O Haritaki é empregado em quase todas as preparações Ayurvédicas importantes. Allium é mais utilizado como condimento caseiro. Cannabis é mal empregada como agente psicotrópico. Devido às suas utilidades, diferentes estórias mitológicas são descritas nos clássicos Ayurvédicos para enfatizar sua importância. Todos os textos Ayurvédicos descrevem estas três drogas como produtos da amrta (ambrosia). A descrição destas substâncias está nos Capítulos VIII, IX e X, juntamente com as estórias mitológicas, o uso progressivo em épocas diferentes, seus sinônimos, propriedades e ações. Na descrição do Haritaki (Terminalia chebula Retz.), foi fornecido o material disponível sobre esta droga na literatura médica tibetana com a intenção de demonstrar as semelhanças e diferenças existentes nos dois tipos de práticas tradicionais. O estudo, a iniciação e a prática do Ayurveda eram bem controlados no passado e diferentes regras eram sistematizadas para os testes de seleção dos estudantes para o ensino médico. A função de um médico genuíno era bem estabelecida e as pessoas eram cuidadosas para não levarem em consideração médicos falsos e charlatães. Suas características estão descritas no Capítulo XI. No Capítulo XII, é fornecido o resumo dos princípios fundamentais de outros sistemas de medicina denominados Unani Tibb, Siddha, Emchi e Prakrtika Cikitsa, juntamente com Yoga e 23
  • 24. Tantra, com a intenção de demonstrar suas semelhanças com os princípios do Ayurveda. Todos os sistemas de medicina, tradicionais, folclóricos ou modernos, têm seu campo de ação significativo e próprio nos serviços de promoção da saúde, prevenção e cura nos países desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Não é intenção do autor minimizar ou negar a importância de qualquer sistema de medicina ou exagerar em outros. Se abrirmos os capítulos da história, tornar-se-á evidente que nenhuma cultura ou civilização desenvolveu-se isoladamente. Bons ensinamentos de outros e aspectos úteis de alguns de nossa própria tradição sempre foram respeitados e utilizados sem reservas para o progresso. Portanto, o Ayurveda não é a expressão exclusiva de tudo que é verdadeiro e útil. Esta noção é contrária aos próprios princípios fundamentais do Ayurveda e sistemas afins da cultura indiana. De acordo com o Caraka: (Caraka: Vimãna 8:14) “O sábio considera o universo inteiro como seu preceptor. Apenas o insensato encontra inimigos nele. Você deve, portanto, aceitar sem hesitação o conselho apropriado que pode vir de qualquer parte, mesmo de um inimigo, e segui-lo.” Conservando na mente este conselho do Caraka, todos os sistemas de medicina, tradicionais ou modernos, devem agir como complementares e suplementares para cada um, de forma a mitigar as misérias, dando alívio aos sofrimentos da humanidade. Dr. Bhagwan Dash 24
  • 25. ABREVIAÇÕES AH - Astanga Hrdaya AHAUN - ―All About Allopathy, Homoeopathy, Unani and Nature Cure‖, Dr. O. P. Jaggi AS - Astanga Sangraha BBR - Bharata Bhaisajya Ratnakara BP - Bhava Prakasa BNR - Brhannighantu Ratnakara BR - Bhaisajya Ratnavali BYR - Brhadyoga Ratnakara CD - Cakradatta CS - Caraka Samhita DN - Dhanvantari Nighantu GN - Gadanigraha HS - Harita Samhita KN - Kayadeva Nighantu KS - Kasyapa Samhita MV - Madanavinoda NA - Navanitaka NR - Nighantu Ratnakara NS - Nighantu Siromani RN - Raja Nighantu RVN - Rajavallabha Nighantu SA - Sarangadhara Samhita SGN - Saligrama Nighantu SS - Susruta Samhita SSM - ―Introduction to the Siddha System of Medicine‖, Dr. V. Narayanaswami VM - Vrndamadhava VS - Vangasema YR - Yoga Ratnakara 25
  • 26. EQUIVALENTES ROMANOS DO DEVANAGARI 26
  • 27. CAPÍTULO I INTRODUÇÃO O homem esforçou-se eternamente para se conservar livre dos três tipos de misérias denominadas físicas, mentais e espirituais. Neste sentido, a história da medicina é tão velha quanto a história da humanidade. De acordo com a tradição indiana, os quatro principais objetivos da vida humana são: o Dharma ou a realização das Leis da vida, Artha ou a aquisição da riqueza, Kama ou a satisfação dos desejos mundanos e Moksa ou a salvação. A boa saúde era considerada imprescindível para a aquisição destes objetivos. Os sistemas tradicionais de medicina desenvolveram-se nas várias partes do mundo durante épocas diferenciadas. Uma forma sistemática foi-lhes dada em diferentes centros antigos de civilização e cultura. De acordo com o Caraka, o Ayurveda ou ―a ciência da vida‖ sempre existiu, assim como sempre existiram pessoas que a compreendiam à sua maneira. Alguns destes sistemas estão baseados em princípios fundamentais sólidos e racionais e outros possuem apenas uma base empírica. Alguns não sobreviveram e tornaram-se assunto da história da medicina, como as medicinas grega e egípcia. E ainda outros, como os sistemas tradicionais da Índia e da China, não apenas 27
  • 28. sobreviveram, mas evoluem de forma completa sob o patrocínio do Estado. Ayurveda, Unani, Siddha, Emchi (tibetano) e Prakrtika Cikitsa (naturopatia) são os vários sistemas tradicionais de medicina ainda prevalentes na Índia. Yoga e Tantra, a princípio destinados a aquisições espirituais, possuem também certas indicações para a prevenção e cura de doenças psíquicas, físicas e psicossomáticas. Além disso, muitos tipos de medicinas populares são prevalentes em diferentes áreas tribais da Índia. Elas possuem uma rica tradição no uso das plantas, produtos minerais e animais que apresentam utilidade terapêutica. Dentre os sistemas tradicionais de medicina da Índia, a prática do Ayurveda predomina em quase todas as regiões do país e em países vizinhos como o Nepal, Sri Lanka, Bangladesh e o Paquistão. Unani Tibb, que significa literalmente ―medicina grega‖, é popular em certas regiões do país, dominadas pela população muçulmana. O sistema Siddha de medicina identifica- se com a cultura Dravidiana predominante no Estado de Tamil Nadu e certas áreas adjacentes aos Estados vizinhos do sul da Índia, que possuem população de idioma Tâmil. Emchi, mais conhecido como sistema tibetano de medicina, é popular em certas regiões fronteiriças do norte da Índia como Laddakh, Lahul, Spiti, Darjeeling e Sikkim. Estas áreas possuem fronteira comum com o Tibete e a China. Os locais para a prática de Yoga, Tantra e Prakrtika Cikitsa são centros localizados em diferentes partes do país. Diferentes tipos de medicina popular prevalecem entre os Adivasis ou povos tribais, em sua maioria habitantes das áreas florestais dos Estados de Orissa, Bihar, Madhya Pradesh, Andhra Pradesh e Rajasthan. Há muitos aspectos em comum entre estes sistemas tradicionais de medicina na Índia, tanto na prática como na teoria. Cada um deles tem dado e tomado um do outro. Os 28
  • 29. medicamentos de um sistema são, desse modo, livremente utilizados pelos médicos de outro sistema, não constituindo compartimentos estanques. Entretanto, o Ayurveda, que é o mais popular entre a população da Índia, possui uma posição privilegiada entre eles. Definição de Ayurveda A palavra Ayurveda é composta de dois termos em sânscrito, viz., ayus significa ―vida‖ e veda significa o ―conhecimento‖; juntos significam ―ciência da vida‖. Deste modo, definindo o sentido, é costume considerá-la sempre como ―ciência da medicina‖. O Caraka define Ayurveda como a ―ciência com a ajuda da qual alguém pode obter conhecimento sobre os modos de vida úteis e prejudiciais (hita e ahita ayus), felizes e miseráveis, coisas que são úteis e prejudiciais para tais modos de vida, sobre a duração da vida e a sua verdadeira natureza‖. Vê-se através desta definição que o Ayurveda enfatiza não apenas o direcionamento a uma vida repleta de felicidade, a qual implica em uma atitude individualista, mas também direciona à uma vida que seja útil à sociedade como um todo. O homem é um ser social. Ele não pode retirar-se da sociedade. A menos que a sociedade se torne feliz, não será possível para o indivíduo obter e manter sua própria felicidade. É com isso em mente que o indivíduo deve fazer sempre um esforço para contribuir com a felicidade da sociedade, e os textos Ayurvédicos estão repletos de referências quanto às formas pelas quais a sociedade pode ser mantida feliz. A medicina social, que é tratada como um novo conceito no sistema de medicina Ocidental, não é nada além do que reminiscências daquilo que tem sido preconizado e proposto no Ayurveda há mais de 2500 anos. Área de Atuação do Ayurveda 29
  • 30. O Ayurveda não lida exclusivamente com o tratamento de seres humanos. Dedica-se também ao tratamento das doenças em animais e mesmo em plantas. Conseqüentemente, na Índia antiga, santos como Nakula, Salihotra e Parasara compuseram tratados sobre Asvayurveda, Gajayurveda, Gavayurveda e Vrksayurveda, para o tratamento de doenças em cavalos, elefantes, gado e em árvores, respectivamente. O Ayurveda oferece meios racionais para o tratamento das muitas doenças internas, consideradas crônicas ou incuráveis para outros sistemas de medicina em uso atualmente. Ao mesmo tempo, dá grande ênfase à manutenção de uma saúde verdadeira para uma pessoa normal ou sadia. Desse modo, objetiva tanto a prevenção como a cura das doenças. Para o propósito da prevenção das doenças, os regimes devem ser adotados levando- se em consideração o horário diurno, noturno e as diferentes estações do ano, os quais estão descritos em detalhes. O homem expõe-se às doenças devido aos muitos fatores externos. Mas há alguns distúrbios aos quais o homem está exposto mesmo no curso normal de sua vida, e. g., fome, sede, velhice etc. O Ayurveda fornece métodos para a prevenção e o controle destas moléstias naturais. Os Oito Ramos do Ayurveda São os seguintes os oito importantes ramos do Ayurveda: 1. Kayacikitisa ou Medicina Interna 2. Salya Tantra ou Cirurgia 3. Salakya Tantra ou Tratamento das Doenças da Cabeça e Pescoço 4. Agada Tantra ou Toxicologia 5. Bhuta Vidya ou Controle de Ataques por Espíritos Malignos e Outras Doenças Mentais 6. Bala Tantra ou Pediatria 30
  • 31. 7. Rasayana Tantra ou Geriatria, incluindo a Terapia Rejuvenescedora 8. Vajikarana Tantra ou Ciência dos Afrodisíacos Alguns estudiosos sustentam que o Pañcakarma Cikitisa (As Cinco Terapias de Eliminação) é um ramo adicional do Ayurveda. Muitos clássicos foram escritos sobre cada um destes ramos e todos eles estavam em prática. Durante o advento do Budismo, a prática de ahimsa tornou-se muito popular. Procedimentos cirúrgicos (que eram invariavelmente dolorosos) eram infelizmente considerados como uma forma de himsa (lesão ou dano) e, conseqüentemente, a prática da cirurgia (salya tantra) foi desencorajada. Isto também causou um efeito adverso sobre os outros ramos afins da medicina. Assim, no momento, apenas três ramos, Kaya Cikitisa (Medicina Interna), Rasayana Tantra (Geriatria e Terapia Rejuvenescedora) e Vajikarana Tantra (Ciência dos Afrodisíacos) estão em prática, sendo que os outros ramos do Ayurveda tornaram-se apenas assunto da história da medicina. Características Singulares do Ayurveda A seguir estão as características singulares do sistema Ayurvédico de medicina: 1.Tratamento do Indivíduo como um todo: Na medicina moderna, presta-se mais atenção à correção da parte atingida do corpo. Mas no Ayurveda, enquanto uma doença é tratada, o indivíduo como um todo é levado em consideração, não apenas a condição de outras partes do seu corpo como também as condições de sua mente e sua alma, enquanto se realiza o tratamento do paciente. 2.Baixo Custo do Medicamento: Em sua maioria, os medicamentos Ayurvédicos são preparados a partir de drogas 31
  • 32. disponíveis nas florestas do país. Portanto, sua preparação tem baixo custo. 3.Não Envolve Câmbio Exterior: Quase todas as drogas Ayurvédicas preparadas com vegetais, metais, minerais e produtos animais são disponíveis na Índia. O câmbio exterior não é utilizado para importá-los de fora. Mesmo para seu processamento não há necessidade de especialistas estrangeiros e de importação de equipamentos sofisticados. 4.Proveitoso para um Padrão Socialista: No passado, os médicos costumavam preparar seus próprios medicamentos para o tratamento de seus pacientes. Atualmente, encontram pouco tempo para manufaturar estes remédios e, portanto, muitas farmácias têm se estabelecido nos setores públicos e privados. Para o estabelecimento destas farmácias, entretanto, não é necessário um grande capital e a maioria de seus lucros é destinada aos trabalhadores que coletam as drogas brutas e para a mão-de-obra empregada na manufatura dos medicamentos. Torna-se, portanto, proveitoso para sociedades com padrão socialista. 5.Ausência de Efeitos Tóxicos: Os medicamentos Ayurvédicos possuem atrás de si séculos de experiências tradicionais, apresentando, portanto, poucos efeitos tóxicos no organismo humano. Mesmo certos materiais tóxicos utilizados na preparação dos medicamentos são sempre submetidos à desintoxicação, o que os torna mais aceitáveis pelo organismo, antes de serem administrados na forma de medicamento. 6.Cada Medicamento é um Tônico: As drogas da medicina moderna, exceto as vitaminas e os minerais, são destinadas apenas ao paciente. Todo medicamento Ayurvédico pode ser utilizado simultaneamente por pacientes e pessoas saudáveis. Nos pacientes, curam as doenças e nos indivíduos saudáveis, produzem imunidade contra as mesmas. 32
  • 33. 7.Condizente aos Costumes da População: Com freqüência, juntamente com os medicamentos, certas dietas e condutas são prescritas aos pacientes. Tais procedimentos estão alinhados com os costumes e a tradição do povo. Portanto, não são considerados estranhos. Por outro lado, um médico Ayurvédico é respeitado e as pessoas depositam muita confiança nele. 8.Conceito de Doença Psicossomática: As doenças não são consideradas exclusivamente psíquicas ou somáticas. Fatores psíquicos são geralmente descritos como causas de doenças somáticas e vice-versa. Isto deu origem ao conceito psicossomático de todas as doenças no Ayurveda. 9.Ênfase à Medicina Preventiva: O Ayurveda enfatiza muito a prevenção das doenças. Prescreve-se, com freqüência, "o que fazer‖ e "o que não fazer‖ para indivíduos saudáveis. Condutas para diferentes horários do dia e da noite, para as estações do ano e para pessoas dos diversos grupos etários e posições sociais são descritas em detalhes. 33
  • 34. CAPÍTULO II REVISÃO HISTÓRICA Mitologia Sobre a Origem do Ayurveda De acordo com a mitologia indiana, o Ayurveda foi percebido (não composto) primeiramente por Brahma, que ensinou esta ciência à Daksa Prajapati, que a ensinou aos Asvini- kumaras e que a ensinaram à Indra. Sobre a hierarquia posterior dos transmissores do Ayurveda, os textos Ayurvédicos variam consideravelmente. De acordo com o Susruta Samhita, o deus Dhanvantari recebeu-o de Indra, que o ensinou a Dividasa, que por sua vez o transmitiu para Susruta, Aupadhenava, Aurabhra, Pauskalavata, Gopuraraksita e Bhoja. Segundo o Caraka Samhita, Bharadvaja aprendeu-o de Indra e ensinou-o para Atreya Punarvasu. Este último, por sua vez, ensinou-o a Agnivesa, Bheda, Jatukarna, Parasara, Harita, Ksarapani etc. De acordo com o Kashyapa Samhita, Indra ensinou-o a Kashyapa, Vasistha, Atreya e Bhrgu. Muitos trabalhos médicos diferentes foram compostos por estes sábios do passado. Contudo, todos eles estão agrupados sob duas escolas:  A escola Atreya que trata principalmente da medicina e  A escola Dhanvantari que lida primariamente com a cirurgia. 34
  • 35. Muitos destes textos não se encontram mais disponíveis nos tempos atuais. Ayurveda na Era Pré-Védica A Índia representou um papel de destaque na história da tecnologia e da ciência. Esta, segundo evidências arqueológicas atuais, começa com a Civilização do Vale do Indo, freqüentemente referida como Cultura Harappan-Harappa, juntamente com Mohenjo-daro, que são os importantes sítios arqueológicos do Vale do Indo. Este período é geralmente denominado Pré-Védico. Harappa estabeleceu laços culturais e comerciais com os países vizinhos nas regiões da Ásia Central e Ocidental. Esta civilização prosperou na Índia Ocidental e Setentrional entre 2500 A.C. e 1500 A.C. Evidências obtidas das análises dos crânios descobertos em Mohenjo-daro e Harappa mostram que os habitantes daquela época eram aborígenes do tipo proto-australóide. Há muitas representações sobre os selos de Mohenjo-daro e Harappa com relação a um deus masculino, provido de chifres e com três faces, sentado com a postura de iogue, suas pernas duplamente dobradas, calcanhar com calcanhar e circundado por animais. Este talvez seja o protótipo de Shiva, considerado deus da Yoga e da Medicina. Estas escavações em Harappa e Mohenjo-daro são ampla testemunha da competência alcançada pelo povo da civilização do Vale do Indo em termos de saneamento e habitação. Parece que ambas as cidades de Mohenjo-daro e Harappa foram construídas após cuidadoso planejamento. As casas eram providas com confortos modernos como banheiros, lavatórios, esgotos, tanques de água fresca, pátios e quartos de dormir. Os esgotos principais poderiam ser tratados com o auxílio de poços de inspeção cobertos, especialmente construídos, feitos de tijolos. Todo o conceito de planejamento mostra uma extraordinária 35
  • 36. preocupação com o saneamento e a vida pública, talvez sem paralelo nos dias de hoje. As escavações destes sítios têm revelado substâncias terapêuticas como Silajatu, para o tratamento do diabetis, doenças reumáticas, etc., folhas de Azadirachta indica (A. Juss.) e chifres do veado vermelho. Crânios nos quais foram realizadas cirurgias cranianas também foram escavados nestes sítios. Todos estes aspectos apontam para a alta qualidade da ciência médica que predominava na Índia daquela época. Ayurveda na Era Védica Dhanurveda (a ciência do manejamento do arco e flecha), Gandharvaveda (a ciência das artes refinadas), Sthapatyaveda (a ciência da arquitetura) e Ayurveda (a ciência da medicina) são considerados os quatro Upavedas ou matérias complementares do Rk, Yajur, Saman e Atharva Vedas, respectivamente. O Susruta estabelece claramente o Ayurveda como um Upaveda do Atharva Veda. De acordo com Caranavyuha, o Ayurveda é o Upaveda do Rk Veda. Segundo um outro ponto de vista, o Ayurveda é o quinto Veda, independente dos outros quatro. Uma análise do material védico revela que todos os quatro Vedas estão repletos de referências aos vários aspectos da medicina. Deuses como Rudra, Agni, Varum, Indra e Maruti foram designados médicos celestiais. Os mais famosos médicos da época foram os Asvins. Muitas realizações milagrosas na área da medicina e da cirurgia foram-lhes atribuídas nos Vedas. Considera-se conquista dos Asvins a cura de doenças graves como Yaksma (tuberculose), a revitalização de indivíduos e homens santos, a correção da esterilidade e a aquisição de longevidade. Muitos procedimentos cirúrgicos como o transplante da cabeça de um cavalo para um tronco humano e sua subseqüente substituição por uma cabeça humana, a implantação 36
  • 37. de membros artificiais, a implantação da cabeça de Yajña ao seu tronco etc., estão descritos em vários textos. Nos Vedas estão disponíveis os princípios fundamentais da ciência médica, inclusive os conceitos de tridosha e de sapta dhatu, as descrições anatômicas e das muitas doenças, os conceitos de digestão e metabolismo. Há detalhes sobre a descrição de diferentes tipos de bactérias responsáveis pela manifestação das doenças. Algumas destas bactérias estão descritas como invisíveis à olho nu. Procedimentos como o parto, a cauterização, intoxicações, tratamento dos ataques por energias prejudiciais, terapias rejuvenescedoras e afrodisíacos são descritos em muitos textos. As plantas medicinais também são descritas quanto às suas diferentes partes e efeitos terapêuticos. Descrevem-se cerca de 28 doenças juntamente com seus medicamentos. Os métodos de preparação destes medicamentos estão disponíveis apenas de forma sucinta. No Rk Veda, há uma descrição de 67 plantas medicinais e no Yajur Veda 81 tipos foram descritos. Apenas no Atharva Veda, existe a descrição de 290 plantas medicinais. Além disso, na literatura Brahmana estão disponíveis cerca de 130 descrições destas plantas. Está declarado no Rk Veda que Vispala, esposa do rei Khela, teve seus membros inferiores amputados durante uma guerra. Eles foram substituídos por um par de pernas artificiais, adaptadas ao seu corpo através de cirurgia protética. A sondagem da uretra foi o procedimento mais delicado já descrito, prescrito para o alívio de uma paciente com retenção urinária. A aplicação de sanguessugas para úlceras também está descrita. Ayurveda no Período Pós-Védico No período pós-védico, o Ayurveda ocupou uma posição respeitável através da reunião racional de conceitos metódicos e práticas terapêuticas sistemáticas. Mesmo que os célebres textos 37
  • 38. clássicos do Ayurveda, o Caraka e o Susruta Samhita, transmitidos até nós, tenham adquirido suas formas atuais após edições provavelmente do século 7 A.C., os pensamentos e as práticas neles ilustrados estavam indubitavelmente em voga muito antes deste período. Em sua abordagem teórica, esta ciência da vida deve muito às filosofias do Sankhya Yoga e de Vaisesika, adotando os princípios da última no que diz respeito ao Dravya- guna-vijnana (matéria médica) e às teorias do Tridosha e do Sapta dhatu, e à primeira, relacionada à Pañcabhautika (composição do corpo) e sua evolução a partir do Purusa Prakrti. Crônicas Sobre a Vida de Jivaka Durante a vida de Buda, havia um médico famoso com o nome de Jivaka. Devido à sua competência na arte de curar, foi por três vezes coroado rei dos médicos e dos cirurgiões. Ele era um especialista em pediatria, excelente neurocirurgião e realizava com sucesso grandes cirurgias abdominais. Foi um discípulo de Atreya, o renomado professor de Taxila, um pioneiro do sistema indiano de medicina. Atreya estava muito impressionado pela inteligência, perspicácia e pelo aguçado poder de observação de Jivaka, segundo as escrituras tibetanas. Costumava pedir a Jivaka, seu discípulo, para acompanhá-lo à residência de seus pacientes e ajudá-lo no tratamento. Um dia, Atreya prescreveu um medicamento o qual, segundo Jivaka, não estava correto. Dirigiu- se ao seu preceptor e retornou novamente à residência do paciente, alterando a prescrição. Com a substituição do medicamento, o homem curou-se e isto impressionou muito o professor, quando veio a tomar conhecimento do ocorrido. A admiração e a afeição de Atreya por Jivaka não eram apreciadas pelos colegas de classe do último, que costumavam colocar em dúvida a imparcialidade do professor Atreya. Um dia, este pediu a todos os seus alunos que fizessem uma avaliação 38
  • 39. para testar sua sabedoria, solicitando a todos, inclusive Jivaka, que fossem ao mercado e perguntassem sobre os preços de certos produtos medicinais. Todos retornaram e Atreya questionou-os sobre os preços de outros produtos medicinais, além daqueles mencionados. Não havia nenhum sobre o qual Jivaka não pudesse responder satisfatoriamente, demonstrando o poder de imaginação e percepção do mesmo, que era considerado possuidor de todos os atributos de um bom médico. A terceira estória é semelhante. Um dia, Atreya pediu a todos os estudantes que fossem até a colina próxima e trouxessem os itens que não possuíssem valor medicinal. Todos os estudantes com excessão de Jivaka, retornaram com muitas substâncias as quais, de acordo com eles, não possuíam valor medicinal. Jivaka voltou de mãos vazias e explicou ao seu professor que não havia nada que não possuísse um valor medicinal. Isto demonstrava a meticulosidade do estudo de Jivaka. A quarta estória é sobre um elefante. Uma vez, Jivaka e seus colegas estavam retornando de um rio após banharem-se. Seus amigos estavam comentando divertidamente sobre as pegadas de um elefante. Quando perguntaram a Jivaka sobre as tais pegadas, ele respondeu que pertenciam a uma aliá, cega do olho direito, que iria dar à luz um filhote naquele mesmo dia e que o filhote era macho. Jivaka continuou dizendo que sobre o dorso do elefante estava montada uma moça, cega do olho direito e que iria dar à luz a um menino naquele mesmo dia. Isto foi narrado, em meio a risadas, ao professor Atreya, como um exemplo da loucura de Jivaka. Depois disso, os fatos foram verificados e descobriram serem todos verdadeiros. Pediram à Jivaka que explicasse como poderia ter conhecimento de tudo aquilo. Ele disse que as pegadas do elefante eram arredondadas enquanto as da aliá eram ligeiramente alongadas. Como ela havia comido 39
  • 40. apenas do capim que crescia do lado esquerdo da trilha, inferiu que era cega do olho direito. Como as impressões de suas patas posteriores estavam mais profundas, isto o levou a inferir que estava prenha. Das duas, a impressão da pata direita era mais profunda e, portanto, concluiu que iria dar à luz um filhote macho. Da urina que eliminou, concluiu que o parto era iminente. Da mesma maneira, explicou suas afirmações com relação à moça que montava o elefante. Há muitas estórias interessantes nas escrituras tibetanas, além das descritas acima, sobre as realizações de Jivaka como médico e como cirurgião. A Estória de Bhoja O Bhoja prabandha fornece uma narrativa de cirurgia craniana realizada por dois médicos no Rei Bhoja, que reinou de 1010 a 1056 D.C. Ele sofria de um tipo grave de cefaléia e os médicos realizaram uma craniotomia, corrigindo a doença. A importância da descrição desta cirurgia foi a utilização de um anestésico em pó denominado Moha curna, que tornou o rei inconsciente. Após o término da operação, foi administrado outro pó, denominado Sanjivani, com o qual ele recuperou a consciência. Infelizmente, os detalhes sobre estes dois tipos de drogas não estão disponíveis na atualidade. Estas curiosidades foram narradas aqui com a intenção de mostrar que durante o período pós-védico, especialmente entre 500 A.C. e 1000 D.C. o Ayurveda atingiu o apogeu de seu desenvolvimento. Interrupção do Progresso no Período Medieval A ciência, por natureza, é progressiva, ainda mais no caso da ciência médica. Qualquer interrupção no seu progresso leva a dogmas, perdas e acúmulos de idéias supersticiosas. Durante o período medieval, a Índia foi exposta a freqüentes invasões 40
  • 41. estrangeiras e a paz interna foi completamente perturbada. Havia pouco tempo para que as pessoas pensassem na ciência, pois estavam engajadas na luta pela segurança do país. Pensamentos originais foram completamente interrompidos. Os livros sobre o Ayurveda escritos durante este período são, em sua maioria, compilações de outras fontes diversas. Durante as invasões estrangeiras e lutas internas, muitas obras originais foram destruídas. O que permaneceu tinha que ser preservado e explicado às pessoas através de comentários. Indivíduos com pouca erudição começaram a comentar e isto resultou em interpretações errôneas, modificações não autorizadas e redações incorretas. Restauração do Ayurveda É no final do século 19 e início do século 20 que a população da Índia começa a refletir novamente acerca do desenvolvimento do Ayurveda. O movimento nacional para a libertação do país deu o impulso a esta revolução. Os governos Estaduais e Central organizaram muitos comitês periciais para investigar os problemas da ciência e sugerir medidas para desenvolvê-las. Abaixo estão alguns detalhes destes comitês: Nome do Estado Ano da Constituição do Comitê Pericial 1. Madras (atual Tamilnadu) 1921-22 2. Bengal (atualmente dividido) 1921-25 3. Províncias Unidas 1925-26 4. Províncias Centrais e Berar 1937-39 5. Punjab 1938 6. Bombaim 1947 7. Orissa 1946-47 8. Assam 1947 9. Mysore (atual Karnataka) 1942 41
  • 42. O governo Central também organizou muitos Comitês Periciais para sugerir medidas para o desenvolvimento deste sistema e a utilização dos médicos Ayurvédicos nos programas de desenvolvimento da saúde do país. São eles: Presidente do Comitê Pericial Ano 1. Sir Joseph Bhore 1943 2. Sir R. N. Chopra 1946 3. Dr. C. G. Pandit 1949 4. Mr. D. T. Dave 1955 5. Dr. K. N. Vdupa 1958 6. Mr. M. P. Vyas 1963 42
  • 43. CAPÍTULO III PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Criação do Universo Diferentes pensamentos filosóficos da Índia são cultuados nos Darsanas. Estes Darsanas estão divididos em dois grupos. Aqueles que acreditam na autoridade dos Vedas são conhecidos como Astika Darsanas e aqueles que não crêem nos Vedas são chamados Mastika Darsanas. As escolas filosóficas Bauddha e Jaina e a filosofia dos Carvakas pertencem à última categoria. As seguintes escolas filosóficas pertencem à primeira categoria: 1. Nyaya darsana de Gautama 2. Vaisesika darsana de Kanada 3. Sankhya darsana de Kapila 4. Yoga darsana de Patanjali 5. Purva mimansa de Jaimini 6. Uttara mimansa ou Vedanta darsana O nome coletivo para todas estas escolas é Sad darsana. Todas as antigas ciências da Índia como a medicina, a astrologia, a astronomia, a poesia e a arquitetura são baseadas nestes Darsanas. Os Nyaya e Vaisesika Darsanas são empregados para auxiliar o Ayurveda a explicar as atividades físicas e químicas. Para descrever certos fenômenos, tem sido utilizado o auxílio do Bauddha Darsana. 43
  • 44. Mas para explicar o processo de origem do universo e do homem, o Ayurveda conta com o auxílio do Sankhya Darsana, principalmente. Evidentemente, isto não tem sido aceito por completo mas com certas modificações. De acordo com o Ayurveda, o universo teve origem do Avyakta, que significa literalmente ―Não Manifestado‖. Este conceito de Avyakta inclui tanto o Purusa (elemento consciente) como o Prakrti (matéria primordial) do Sankhya Darsana. A partir deste Avyakta, o universo inteiro teve sua origem como detalhado no seguinte esquema: 44
  • 45. Avyakta Mahan (Intelecto) Ahankara (Ego) Sattvika Rajasika Tamasika Cinco Órgãos Cinco Órgãos Manas ou Sensoriais Motores Mente Sabda Sparsa Rupa Rasa Gandha tanmatra tanmatra tanmatra tanmatra tanmatra Akasa Vayu Tejo Jala Prthvi mahabhuta mahabhuta mahabhuta mahabhuta mahabhuta De Avyakta surge, consecutivamente, o Mahan (Intelecto) e o Ahankara (Ego). O Ego possui três aspectos diferentes, sattvika, rajasika e tamasika. Sattvi é o aspecto puro, rajas representa o dinamismo e tamas é a energia potencial. Os tipos sattvika e rajasika de Ahankara combinam-se para juntos produzirem os onze indriyas. Os tipos tamasika e rajasika de Ahankara combinam-se para produzir 45
  • 46. cinco tanmatras. Destes tanmatras, originam-se os cinco mahabhutas. A partir dos cinco mahabhutas tudo o que é matéria no planeta – tanto animado como inanimado – é criado. O mundo inanimado consiste destes mahabhutas isolados e os seres vivos (incluindo plantas e animais) são constituídos de sua combinação, assim como os indriyas, que são onze, as faculdades sensoriais, os órgãos motores e a mente. Teoria Pañca Mahabhuta O homem possui cinco sentidos e através destes percebe o mundo externo de cinco maneiras diferentes. Os órgãos dos sentidos são os ouvidos, a pele, os olhos, a língua e o nariz. Através deles, os objetos externos são não apenas percebidos mas também absorvidos pelo corpo humano na forma de energia. Este grupo de cinco sentidos é a base com a qual podemos dividir, agrupar ou classificar o mundo inteiro nas cinco diferentes categorias, conhecidas como mahabhutas. São denominados akasa (espaço?), vayu (ar?), agni (fogo?), jala (água?) e prthvi (terra?). Os equivalentes em língua portuguesa aqui fornecidos entre parênteses não possuem a conotação correta e o todo das implicações dos termos originais em sânscrito. Por exemplo, a água comum não contém apenas jala mahabhuta, mas é composta de todos os cinco mahabhutas. Da mesma forma, o ar não é apenas vayu mahabhuta, mas contém os elementos que pertencem aos outros mahabhutas também. Outro exemplo, o oxigênio está mais próximo de agni mahabhuta e o hidrogênio, mais próximo de jala mahabhuta. Os físicos e químicos modernos dividiram a matéria do universo em alguns elementos básicos. Estes elementos diferem um dos outros em certos aspectos, sendo que todos eles podem ser classificados em cinco categorias de mahabhutas. Por outro lado, cada átomo possui os aspectos característicos de todos os cinco mahabhutas. Os elétrons, prótons, nêutrons etc. presentes dentro do átomo representam prthvi mahabhuta. A força ou coesão que 46
  • 47. mantém atraídos seus componentes é característica atribuída à jala mahabhuta. A energia produzida dentro do átomo quando este é partido e a energia que permanece latente em sua forma íntegra representam atributos de agni mahabhuta. A força do movimento dos elétrons representa o aspecto característico do vayu mahabhuta e o espaço no qual se movem é o atributo principal do akasa mahabhuta. De acordo com o Ayurveda, o corpo do indivíduo é composto de cinco mahabhutas. De forma semelhante, outras coisas do planeta são também compostas de cinco mahabhutas. No corpo humano, estes cinco mahabhutas são explicados em termos de dosha, dhatu e mala e nas drogas eles representam rasa (sabor), guna (qualidade), virya (potência) e vipaka (o sabor que surge após a digestão e o metabolismo de uma substância). No corpo normal de um ser vivo, estas substâncias permanecem em uma proporção particular. Entretanto, devido à ação enzimática no interior do corpo humano esta proporção entre os cinco mahabhutas ou seu equilíbrio torna-se alterado. O organismo, portanto, possui uma tendência natural para permanecer equilibrado. Ele elimina alguns dos mahabhutas que estão em excesso e acumula alguns que estejam deficientes. Esta deficiência de mahabhutas é reabastecida através de ingredientes que compõem a dieta, as bebidas, o ar, o calor, a luz do sol etc. Os pañca mahabhutas exógenos são convertidos em pañca mahabhutas endógenos através do processo da digestão e do metabolismo. Mesmo durante o processo da morte, estes cinco bhutas apresentam uma função muito importante. Eles possuem duas formas denominadas grosseira e sutil. As cinco categorias sutis de bhutas no interior do corpo impregnam os cinco sentidos e depois são separados dos mesmos ocorrendo então a morte. O corpo morto perde estes cinco sentidos, ficando em seguida composto apenas dos cinco mahabhutas. 47
  • 48. Determinação da Composição Mahabháutica de uma Droga a Partir de suas Propriedades Substâncias pesadas, duras, resistentes, estáveis, densas, grosseiras, não pegajosas e com abundantes qualidades relacionadas ao olfato são compostas principalmente por prthvi; proporcionam rotundidade, solidez, peso e estabilidade. Substâncias líquidas, viscosas, frias, oleosas, moles, frágeis e com abundantes qualidades relacionadas ao sabor são compostas principalmente por jala; promovem adesividade, oleosidade, solidez, umidade, leveza e felicidade. Substâncias quentes, brilhantes, sutis, leves, oleosas, não- viscosas e com abundantes qualidades relacionadas à visão são constituídas principalmente por tejas; promovem combustão, metabolismo, brilho, radiância e cor. Substâncias leves, frias, não-oleosas, ásperas, não-viscosas, sutis e com abundantes qualidades relacionadas ao tato são dominados por vayu; promovem aspereza, aversão, movimento, não- viscosidade e leveza. Substâncias leves, suaves, sutis, homogêneas e com qualidades principais relacionadas com a audição são dominadas por akasa; promovem suavidade, porosidade e leveza. O Conceito de Tridosha O corpo humano, de acordo com o Ayurveda, é composto de três elementos fundamentais denominados doshas, dhatus e malas. Os doshas controlam as atividades psico-químicas e fisiológicas do corpo, enquanto os dhatus entram na formação da estrutura celular básica, de tal modo que realizam algumas funções específicas. Os malas são substâncias utilizadas parcialmente no organismo e excretadas também parcialmente, de forma modificada, após realizarem suas funções fisiológicas. Estes três elementos são definidos como estando em equilíbrio dinâmico uns com os outros 48
  • 49. para a manutenção da saúde. Qualquer desequilíbrio em suas predominâncias no corpo resulta em doença e decomposição. Como foi estabelecido anteriormente, no interior do corpo existem três doshas que comandam as atividades psico-químicas e fisiológicas. São eles vayu, pitta e kapha. Estes doshas são compostos de mahabhutas. Todos os doshas possuem todos os cinco mahabhutas em sua composição. No entanto, o dosha vayu apresenta predominância de akasa mahabhuta e vayu mahabhuta. Em pitta predomina agni mahabhuta. Kapha é principalmente constituído por jala e prthvi mahabhutas. A doutrina dos doshas representa uma parte importante no Ayurveda, tanto quanto constitui a base para a manutenção da saúde absoluta, para o diagnóstico e o tratamento das doenças. Uma análise correta deste conhecimento é, portanto, essencial para a compreensão e apreciação adequada da teoria e prática do Ayurveda. Quando estão em seu estado normal, sustentam o corpo e qualquer alteração em seu equilíbrio resulta em doença e degeneração. Estes três doshas infiltram todo o corpo. Há, entretanto, alguns elementos ou órgãos nos quais estão, à princípio, localizados. Por exemplo, a bexiga urinária, os intestinos, a região pélvica, as coxas, as pernas e os ossos são sítios de vayu, principalmente. Os sítios de pitta são o suor, a linfa, o sangue e o estômago. Da mesma maneira, os sítios de kapha são o tórax, a cabeça, o pescoço, as articulações, a porção superior do estômago e o tecido adiposo do corpo. Cada um destes três doshas são novamente divididos em cinco tipos. Estas cinco divisões representam apenas cinco diferentes aspectos do mesmo dosha e não cinco entidades diferentes no corpo. As localizações e as funções destas divisões de vayu, pitta e kapha são fornecidos na Tabela 1. 49