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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
COLEGIADO DE PEDAGOGIA
VALCI SOARES DA SILVA MOREIRA
A LITERATURA NO IMAGINÁRIO INFANTIL
SENHOR DO BONFIM
2012
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
COLEGIADO DE PEDAGOGIA
VALCI SOARES DA SILVA MOREIRA
A LITERATURA NO IMAGINÁRIO INFANTIL
Monografia apresentada ao Departamento
de Educação-Campus VII, da Universidade
do Estado da Bahia, como parte dos
requisitos para obtenção de graduação no
Curso de Pedagogia Habilitação em
Docência e Gestão de Processos
Educativos.
Orientadora: Profª. Maria Elizabethe Souza
Gonçalves
SENHOR DO BONFIM
2012
VALCI SOARES DA SILVA MOREIRA
Monografia apresentada ao Departamento
de Educação-Campus VII, da Universidade
do Estado da Bahia, como parte dos
requisitos para obtenção de graduação no
Curso de Pedagogia Habilitação em
Docência e Gestão de Processos
Educativos.
Aprovada em_______de ________________de 2012.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Profª .....................................................................
Universidade do Estado da Bahia –UNEB
Orientadora
_____________________________________________________
Profª................................................................................
Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Examinadora
_____________________________________________________
Profª............................................................................
Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Examinadora
Dedico a todas as crianças que estudam no
Centro Estudantil Fundame, que os sonhos
não deixem de abrigá-los, aos meus
familiares, colegas e a meus filhos
inspiração para a construção deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
A DEUS em primeiro lugar por me dar sabedoria e discernimento para a realização
deste trabalho.
Aos meus pais, Eutalia e Valmir, grandes incentivadores, parte de tudo do que hoje
sou. E, aos meus irmãos, Carine, Elizangela, Etiones, Livia, Valdeones, Valmivan,
amigos e companheiros de todas as horas.
Ao meu marido companheiro por compreender o difícil momento de distância na
elaboração de minha monografia. Que mesmo distante se fez presente, com todo
seu apoio e incentivo, contribuindo para que eu chegasse até aqui.
Aos meus queridos filhos Ysnei e Varlei pelo amor, carinho, paciência e incentivo
constante em todas as decisões importantes que tive que assumir.
Agradeço aos meus sobrinhos por estarem sempre presente quando eu precisava.
Aos professores e professoras do curso de Pedagogia do Campus VII que ao
socializar seus conhecimentos me deram a oportunidade de concluir este trabalho.
A UNEB-Universidade do Estado da Bahia e seus funcionários pelo carinho que
sempre demonstram para comigo durante estes anos especialmente as
bibliotecárias Maria e Margarida.
À minha orientadora, Profª. Maria Elizabethe Souza Gonçalves e a Profª. Simone
Wanderley, pelo apoio, paciência e dedicação em suas orientações.
Aos funcionários do Centro Estudantil e da Fundação de Apoio a Criança e ao
Adolescente Fundame, pelo apoio e compreensão nos momentos mais angustiantes
na elaboração deste trabalho.
Ás amiga e Pedagogas, Jacira Lola, Viviane Santos, Jeane Lola, Amanda Feitosa,
Eliciene Trindade e Aurelina grandes amigas. Todas juntas fomos fortes e
conseguimos atenuar a caminhada.
E meus mais sinceros agradecimentos mais que especial as minhas Amigas e irmãs
Jeane Lola e Lívia soares pelas inestimáveis contribuições e por estarem juntos
a mim nestes dias de aflição, angustias e lagrimas. Sem vocês eu não teria
conseguido. Valeu!
EPÍGRAFE
“O ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o
sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o
livro, o escrever, o querer ouvir de novo ( a mesma história ou
outra). Afinal, tudo pode nascer dum texto!”
ABRAMOVICH
RESUMO
Esse trabalho de conclusão de curso teve como objetivo identificar as compreensões
dos professores da educação infantil do Centro Estudantil Fundame (CEF) sobre a
Literatura Infantil e a Importância de Contar Historias no desenvolvimento cognitivo
dos alunos. Essa pesquisa teve como aporte teórico: Coelho (2000), Pires (2000),
Bettlheim (2007), Abramovich (1989), Lajolo e Zilberman (2004), Gentille e Alencar
(2005), Ludke e Andre (1986), Cruz Neto (1994), Gil (1991), Minayo (2004),
Machado (2001), e tantos outros que nos deram embasamento teórico para a
realização dessa pesquisa. A metodologia utilizada foi à qualitativa, por nos
possibilitar uma maior interação com os sujeitos. Tivemos como instrumentos de
coleta de dados: observação participante, questionário fechado, e a entrevista semi-
estruturada. Com o auxilio desses instrumentos conseguimos fazer algumas
reflexões sobre a problemática proposta, onde constatamos que a maioria dos
sujeitos da pesquisa compreende a importância da literatura infantil no
desenvolvimento cognitivo das crianças, porém, a freqüência com que esses
momentos de prazer e aprendizado ocorrem e de maneira esporádica, e
descompromissada, por parte de algumas professoras. Contudo, ressaltamos que
algumas professoras procuram realizar um trabalho criativo, dinâmico, porém ainda
há um longo caminho a percorrer, no sentido uma prática mais consciente, que
alcance os alunos e suas vivencias de modo integral.
Palavras-chave: Literatura Infantil. Educação Infantil. Prática Docente
ABSTRACT
This course conclusion work aimed to identify teachers' understandings of
early childhood education Fundame Student Center (EFC) on the Children's
Literature and the Importance of Telling Stories in the cognitive development of
students. This research was theoretical: Rabbit (2000), Pires (2000), Bettlheim
(2007), Abramovich (1989), Lajolo and Zilberman (2004), and Alencar Gentille
(2005), Ludke and Andre (1986), Cruz Neto (1994), Gil (1991), Minayo (2004),
Machado (2001), and many others who gave us theoretical basis for performing this
research. The methodology was qualitative, by enabling us greater interaction with
the subject. We as instruments of data collection: participant observation, closed
questionnaire and semi-structured interview. With the aid of these tools we can make
some reflections on the problematic proposal, which found that the majority of the
research subjects understand the importance of children's literature in the cognitive
development of children, however, the frequency with which these moments of
pleasure and learning occur and sporadically, and uncompromising on the part of
some teachers. However, we note that some teachers try to make a creative,
dynamic, but there is still a long way to go towards a practice more aware that reach
students and their livings so full.
Keywords: Children's Literature. Early Childhood Education. Teaching Practice
Sumário
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................11
CAPITULO I...............................................................................................................15
REFERENCIAL TEORICO.........................................................................................15
1 PASSENDO PELA EDUCAÇÃO INFANTIL ..............................................................15
1.1 O surgimento da literatura infantil no Brasil.........................................................17
1.2 A fantasia enquanto auxílio na formação da personalidade............................19
1.3 Pratica docente no trabalho com a literatura infantil .......................................23
CAPITULO II.............................................................................................................26
METODOLOGIA........................................................................................................26
2.1 Lócus da Pesquisa............................................................................................27
2.2 Os sujeitos.........................................................................................................27
2.3. Os instrumentos de Coleta de Dados............................................................28
2.3.1. Observação Participante...............................................................................28
2.3.2. Questionário Fechado...................................................................................28
2.3.3. Entrevista Semi-Estruturada........................................................................29
CAPITULO III.............................................................................................................30
ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS..........................................................30
3.1. Perfil dos Sujeitos.............................................................................................30
3.1.1. Gênero.............................................................................................................30
3.1.2. Formação dos Sujeitos..................................................................................31
3.1.3. Jornada de Trabalho......................................................................................31
3.1.4. Meios de Comunicações Utilizados..............................................................32
3.1.5. Tempo de atuação na Educação Infantil......................................................32
3.1.6. Vocação para atuar na Educação Infantil....................................................33
3.2. Analise da Entrevista Semi-Estruturada.........................................................33
3.2.1. Compreensão sobre Literatura Infantil........................................................34
3.2.2. A importância de se trabalhar com a literatura infantil..............................36
3.2.3. Despertando o gosto pela leitura através da literatura infantil..................37
3.2.4. A hora da história... Era uma vez... ..............................................................38
3.2.5. A literatura infantil contribuindo para o desenvolvimento da criança.....40
3.2.6. Espaço utilizado para a contação de histórias............................................42
3.2.7. A frequência com que são contadas às histórias para as crianças..........43
3.2.8. Materiais usados para ilustrar as contações de histórias.........................45
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................47
REFERÊNCIAS.....................................................................................48
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO FECHADO...........................................................50
APÊNDICE B - ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA...............51
11
INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea passa por profundas transformações
tecnológicas e estas modificações têm alterado a forma de viver da sociedade,
influenciando a educação. O mundo globalizado e altamente informatizado tem
roubado a cena de modos de ensinamentos e aprendizados construídos ao longo
dos anos e compreendidos como adequados e eficientes para o desenvolvimento
cognitivo e afetivo do aluno, como é o caso dos contos da literatura infantil. Esse fato
se dá pela própria exigência do acompanhamento do professor ao desenvolvimento
tecnológico, e ao ritmo frenético dos discentes.
Entretanto, A literatura infantil é uma ferramenta de aprendizagem significativa
que pode ser utilizada nas escolas com o intuito de colaborar na formação do
indivíduo desde a mais tenra idade.
Rossini (2003) fundamenta bem esse pensamento quando diz:
Nossa missão é preparar nossos filhos e alunos para vida, por meio da
vida; lembrar que hoje o mundo globalizado exige uma socialização cada
vez mais intensa do ser humano, que deve ser cada vez mais bem
equipado intelectualmente e preparado emocionalmente para conviver em
harmonia com seu grupo social (2003, p.8)
Tem crescido, portanto, a busca pelo conhecimento e informação sobre a
literatura infantil, assim as práticas de leituras ou desenvolvimento de hábitos de ler
passam a ser fundamental para a formação de cidadãos reflexivos e criticamente,
mais atuantes. Nesta análise para que essa apreciação pelos contos de literatura
ocorra, é importante que as crianças, os jovens e adultos se encontrem com
diferentes formas de leitura, tenham a oportunidade de enriquecer, ampliar e
transformar suas experiências de vida, pois a literatura por seu caráter prazeroso
pode facilitar a compreensão da realidade.
Abramovich, (1997) afirma que:
Ao ler uma história a criança desenvolve todo um potencial critico. A partir
daí ela pode pensar duvidar, se perguntar, questionar... Pode se sentir
inquietado, cutucada, querendo saber mais e melhor ou percebendo que
pode mudar de opinião... (p.125).
12
Diante disso percebemos que a literatura infantil desenvolve o senso critico no
discente, tornando-o capaz de escrever e descrever a história que ouviu. Assim
surge a preocupação com essa temática, pois não podemos deixar de salientar o
papel do educador em classe como facilitador nesse processo de transformação e
construção de identidade e de saberes, a atuação docente é um ato importante e
transformador, porém essa atuação não deve vir somente para transferir, mas
construir conhecimento. Cabe ao docente não apenas ensinar a ler corretamente,
mas também levar o aluno a decifrar e compreender o texto, auxiliando-o na
percepção do mundo. E a literatura infantil amplia e enriquece nossa visão,
permitindo ao discente um posicionamento perante a realidade, incentivando o
desenvolvimento crítico das condições e possibilidades do ser humano.
É no contato com a literatura infantil na escola que o discente tem a
oportunidade de desenvolver seu conhecimento, acompanhado de delicadezas e
sonhos, proporcionando-lhe a participação e o relacionamento com os textos
literários com a realidade em que vive.
No entendimento de que o docente no uso da literatura infantil enquanto
contador de história pode abrir horizontes, sendo um artista e no momento de suas
leituras, desencadear o interesse do discente pela leitura e decifrar os códigos dos
livros possibilitando a formação de um futuro leitor.
Escola e docentes devem levar em conta que as crianças estão expostas a
experiências interessantes em seu cotidiano, isso resulta numa melhor compreensão
do mundo natural e social no qual estão inseridas, para que isso seja possível elas
devem ser induzidas a desenvolver o gosto pela leitura, como principal função e
propiciar o encontro entre crianças e livro de forma prazerosa. Conforme Abramovich
(1997):
É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes
como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor,
a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente
tudo o que os narrativos provocam em quem as [ouve]... (p. 17)
Dessa maneira a utilização da literatura no ambiente escolar constitui-se num
suporte inigualável de grande valor educativo que pode levar o discente a
constituição do seu próprio conhecimento, de expressar suas experiências de vida
como também àquela que ainda adquirirá na convivência social.
13
Nesta perspectiva, em Coelho (2000) vamos encontrar o seguinte
esclarecimento:
[...] A escola é, hoje, privilegiada, em que deverão ser lançadas as bases
para a formação do individuo. E nesse espaço, privilegiamos os estudos
literários, pois, eles estimulam o exercício da mente, a percepção do real
em suas múltiplas significações; a consciência do
eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e,
principalmente dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da expressão
verbal significante e consciente, condição para a plena realidade de ser. (p.
16)
Partindo dessa premissa foi que se identificou a necessidade de avaliar quais
são as concepções dos professores da educação infantil do Centro Estudantil
Fundame (CEF) sobre a Importância de Contar Historias no desenvolvimento
cognitivo do discente.
Pode-se considerar a relevância deste trabalho na medida em que o mesmo,
sem querer esgotar as discussões sobre a temática proposta e nem dar respostas
conclusivas, visa refletir acerca dos significados atribuídos pelos professores da
Educação Infantil do CEF sobre o uso da literatura infantil nesse nível de ensino,
conhecendo como se dão às significações sobre a temática no contexto local e
trazendo a mesma para o ambiente acadêmico reforçando a importância do uso da
mesma na melhoria da aprendizagem das crianças nessa idade escolar.
Partindo dessas considerações o trabalho de pesquisa tem como objetivo
analisar as compreensões que norteiam a pratica de contação de historia e qual a
sua importância no desenvolvimento cognitivo da criança. Utilizaram-se como
suporte principal os estudos de Abramovich (1997), o qual nos faz refletir sobre a
importância e a necessidade de ouvir muitas, mas muitas histórias mesmo.
A metodologia aplicada foi à pesquisa qualitativa, pois segundo Nascimento, (2005)
a pesquisa qualitativa serve para emergir aspectos subjetivos e atingem motivações
não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea, sendo utilizada
quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma
questão, abrindo espaço para a interpretação.
Para se realizar uma pesquisa, é preciso promover confronto entre dados,
evidências, informações coletadas sobre determinado assunto e do conhecimento
teórico acumulado a respeito dele.
14
A análise de dados tende a seguir um processo indutivo, partindo do mínimo,
até chegar a conclusões maiores. Na pesquisa qualitativa o significado que as
pessoas dão as coisas e a sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador.
Organizou-se esse trabalho em três capítulos.
No primeiro capitulo faz se referencia a Educação Infantil, dentro deste capitulo
ainda faz-se uma abordagem critica do surgimento da Literatura Infantil no Brasil, a
fantasia enquanto auxílio na formação da personalidade e por ultimo pratica docente
no trabalho com a literatura infantil.
No Segundo capitulo é trabalharam-se os pressupostos metodológicos,
pautado em algumas considerações entendidas como importantes durante a
pesquisa, que contribuíram para análise de dados: a metodologia utilizada, os
instrumentos de coleta de dados, o desenvolvimento de algumas etapas cumpridas,
os sujeitos da pesquisa e uma breve descrição da instituição.
No ultimo capitulo, a Análise de Dados, o material coletado nas entrevistas
com as professoras é devidamente discutido, a fim de que se conseguisse
responder à nossa questão de pesquisa.
15
CAPITULO I
REFERENCIAL TEORICO
1. PASSEANDO PELA EDUCAÇÃO INFANTIL
Nos dias de hoje pode-se notar a fragilidade existente no atendimento a
Criança no sentido de educação infantil, esta que se constitui um dos níveis mais
frágeis da educação, tanto pela sua clientela como também pela sua presença
historicamente nova dentro dos moldes educacionais brasileiros. No Brasil o
atendimento à infância remonta mais de cem anos, todavia, a real inclusão ao
atendimento de crianças de zero a seis anos de idade (creches e pré-escola) no
sistema educacional regular é um fato ainda mais recente, previstos no final da
década de 80 do século IX através da constituição federal de 1988, e consolidado
pela lei de diretrizes e bases da educação nacional de 1996, garantindo a educação
como direito e dever do estado.
A partir desta lei fica evidente que a criança passa ser vista como um ser
pertencente à sociedade com necessidades especifica, havendo um reconhecimento
de um atendimento pedagógico e não apenas de cuidados exigidas pela pouca
idade.Observa-se que depois de uma nova legislação,inúmeras perguntas vem se
avolumando. Para complementar o que tem-se dito toma-se as considerações de
Guimarães (2005)
Cresce a consciência no mundo inteiro, sobre a importância da
educação das crianças de 0 a 6 anos, em estabelecimentos
específicos como orientações e práticas pedagógicas apropriadas,
como decorrência das transformações socioeconômicas verificadas
nas últimas décadas, e também apoiada em fortes argumentos
consistentes advindos das ciências que investigam o processo de
desenvolvimento da criança (p. 44).
Neste sentido pode-se notar a relevância da educação infantil principalmente
nas ultimas décadas, contudo, a educação infantil no Brasil tem uma trajetória muito
recente e foi aplicada, mesmo sem ter uma legislação específica.
16
Desde a década de 30 do século XX quando aparece a necessidade de
formar mão de obra qualificada para o processo de industrialização do país.
O atendimento a crianças ao longo da história tem demonstrado significativa
fragilidade, segundo afirma Abramovich e Kramer (1991), as primeiras instituições de
atendimento à infância, surgiram a partir do século XVII com caráter assistencialista.
Em que a educação oferecida assumia apenas um caráter compensatório, esta
característica reforçou a tônica preconceituosa desse atendimento.
Não pode-se deixar de fora a ótica pela qual se têm das instituições de
educação infantil que são freqüentemente chamadas de “escolinhas” e até os nomes
de algumas delas são tão infantilizados, a partir da visão do adulto, que só
contribuem para confundir ainda mais o imaginário das pessoas em relação ao papel
da educação durante a infância, deste ponto de vista o inconsciente da massa
encontra-se bitolado de uma menor importância por conta dessa inferiorização
prejudicando também na construção de políticas publicas para esse nível
educacional.
Princípios como a maternagem, que acompanharam a história da
Educação Infantil, desde seus primórdios, segundo o qual bastava
ser mulher para assumir a educação da criança pequena e a
socialização, apenas no âmbito doméstico, impediram a
profissionalização da área. (KISHIMOTO; 2002, p. 07).
Além disso, aspectos que refletem uma noção retrógrada do que deve ser a
Educação Infantil no século XXI e contribuem para mantê-la como a mais inferior e
politicamente desqualificada do sistema educacional na área ou apenas o
assistencialismo como acontece em creches e a real aprendizagem deixada ao
escanteio por conta da fragilidade historicamente construída acerca deste nível de
ensino.
Sendo assim, ao longo de sua existência a pré-escola tem apresentado
algumas tendências, na pretensão de compensar as carências existentes nas
crianças e acabam prejudicando a qualidade do trabalho educativo por ser visto
apenas como assistência aos pobres e carentes. Por isso, torna-se imprescindível
um profissional qualificado e reflexivo, ciente de que a assistencialista não pode
mais sobrepor à dimensão pedagógica que ela comporá e que essa dimensão é
17
constitutiva do trabalho docente. Neste sentido encontramos nos Parâmetros
nacionais de qualidade para a educação infantil o seguinte:
A intenção de aliar uma concepção de criança à qualidade dos
serviços educacionais a ela oferecidos implica atribuir um papel
específico a pedagogia desenvolvida nas instituições pelos
profissionais de educação infantil. (...) profissionais da educação
infantil precisam desenvolver, ao lado do estudo das diferentes
áreas de conhecimento que incidem sobre essa faixa etária, a fim de
subsidiar de modo consciente as decisões sobre as atividades
desenvolvidas, o formato de organização do espaço, do tempo, dos
materiais e dos agrupamentos de crianças. (BRASIL; 2008)
Pode-se notar que o discurso destes parâmetros estão fundamentados nos
principais teóricos sobre o assunto haja visto que, por ser recente as discussões e
legislações as mudanças não ocorrem de imediato e sim com o passar do tempo
contudo não podemos deixar de apontar o ar romântico tido no texto dos parâmetros
e que coloca ainda muito da carga de responsabilidade no educador que por muitas
das vezes não tem uma formação sólida perante mesmo a fragilidade existente
sobre a temática. Neste sentido é que partimos também para uma discussão sobre
formação docente, para melhor compreensão desse estudo e da importância da
literatura infantil na educação infantil
1. 1 O surgimento da Literatura Infantil no Brasil
Desde o século XVIII a literatura infantil já era utilizada na educação no Brasil,
porém, não havia uma preocupação com a literatura voltada para o desenvolvimento
da criança ou para a psicologia infantil. Os pedagogos e professores escreveram os
primeiros textos para crianças e eles possuíam um forte intuito educativo. Somente a
partir do século XIX foram definidos tipos de livros que despertassem o interesse das
crianças e instituições envolvidas com educação de crianças passaram a determinar
o uso de livros que fossem atrativos para elas. (LAJOLO e ZILBERMAN, 1988).
Passa a existir um grande contingente de consumidores de bens culturais e o
conhecimento passa a ser importante para o novo modelo social. Inicialmente, essa
literatura foi utilizada no campo escolar com o objetivo de ensinar conteúdos da
18
língua portuguesa, ou seja, como um recurso especificamente didático, concedido
para a população que possuía maior renda social (LAJOLO E ZILBERMAN, 2004).
No decorrer do tempo à literatura infantil foi ganhando especial atenção no
tangente a sua colaboração na construção do ser enquanto cidadão, pois incutia no
sujeito por meio de histórias, o que vinha ser a sociedade, os valores éticos e os
costumes do povo (GREANEY, 1996).
De acordo com Sandroni (1998):
Até os fins do século XIX, a literatura voltada para crianças e jovens
era importada e vendida no mercado disponível apenas para a elite
brasileira, constituindo-se principalmente de traduções feitas em
Portugal, pois, no Brasil ainda não havia editoras e os autores
brasileiros tinham seus textos impressos na Europa. (p. 11).
O publico estava ávido por produtos culturais dos novos tempos, e como a
sociedade sofria transformações e se firmava o desenvolvimento das traduções e
adaptações de obras para o público infanto juvenil, começa à compreensão de uma
literatura nacional própria para criança brasileira que necessitava se instruir.
Lajolo e Zilberman, (1988) relatam que o ato de contar história surge no
momento em que o homem sentiu o desejo de comunicar aos outros alguma
experiência sua. Esse processo tem seu início a partir dos primórdios quando
passaram a registrar nas cavernas por meio de pinturas rupestres ações vivenciadas
por eles.
Segundo Coelho (2000):
A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte:
fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida,
através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e
o real, as idéias e sua possível/impossível realização (p.27).
Assim, entendemos que a literatura infantil é uma necessidade na vida dos
indivíduos, ela requer acima de tudo que haja uma linguagem especifica, uma
linguagem próxima da criança e do adolescente para quem ela é voltada.
A literatura infantil é uma forma prazerosa de levar conhecimento para
crianças e jovens, através desta leitura, eles podem sorri imaginar, inventar o mundo
novo, oportunizando a cada leitor um sentido de mundo único, sem fugir é claro de
19
sua realidade, mas ajudando-o a distinguir essa realidade sem prejuízos a sua
formação e aprendizagem, o papel da escola e do professor merece destaque na
medida em que proporcionam esse entendimento de mundo a seus alunos.
Para Pires (2000):
Literatura infantil torna-se, deste modo, imprescindível. Os
professores dos primeiros anos da escola fundamental devem
trabalhar diariamente com a literatura, pois esta se constitui em
material indispensável, que aflora a criatividade infantil e desperta as
veias artísticas da criança. Nessa faixa etária, os livros de literatura
devem ser oferecidos às crianças, através de uma espécie de
caleidoscópio de sentimentos e emoções que favoreçam a
proliferação do gosto pela literatura, enquanto forma de lazer e
diversão. (p. 43).
A valorização da literatura infantil é antes uma necessidade de buscar
compreender como esta arte é fundamental para formação do individuo em busca de
uma identidade.
1.2 A fantasia enquanto auxílio na formação da personalidade
No final do século XVII surgiram os primeiros livros destinados a crianças e
estes eram escritos por pedagogos no afã de que estas aprendessem os valores e
compreendessem a realidade social.
Coelho, (2000) mostra-nos que a literatura é uma arte que se utiliza da
criatividade para representar o mundo, o homem e a vida através da palavra. Onde o
sonho e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível realização se
fundem.
Não devemos compreender a utilização da literatura infantil apenas pelo seu
caráter pedagógico, didático ou ainda como estímulo à leitura. Mas também como
instrumento fundamental ao exercício do imaginário através do seu poder de
encantamento que conduz o público infantil a adentrar no maravilhoso mundo da
fantasia.
20
Abramovich, (1989) expressa que a literatura por meio do conto convoca à
criança a “experienciar e superar um problema”, seguindo para o amadurecimento.
Esse processo se dá na vivência por meio da fantasia, do imaginário e no processo
interventivo de entidades fantásticas.
Bettlheim, (2007) relata que o conto pode apresentar de modo disfarçado
envolto pelo maravilhoso mundo da imaginação sentimentos internos da criança, tais
como: raiva, esperteza e persistência para enfrentar às dificuldades, e ainda
apresenta em seus personagens características natas da criança tais como
imaturidade.
No momento em que o discente se encontra com o mundo imaginário, e pode
de modo seguro para si, realizar suas fantasias este está amadurecendo e
enfrentando de certo modo, as dificuldades internas e sociais da sua vida real. De
sorte que a literatura exerce para o discente a função de fio condutor, pois o
transporta num movimento de ida e volta do real para o imaginário e vice-versa.
Bettelheim, (2007) afirma que o conto ao tempo em que diverte o discente,
possibilita o desenvolvimento da própria personalidade, fornecendo em níveis
diferentes, significados que enriquecem a existência da criança por meio da
diversidade de contribuições que os contos oferecem.
A literatura infantil de certo modo, tem ligação com os dilemas enfrentados no
cotidiano da vida seja na fase adulta ou na infância onde começam surgir situações
que necessitem o exercício da defesa inerente para resolução de conflitos presentes
no dia-a-dia das crianças.
Desse modo, a literatura apresenta sua contribuição para formação da criança
em relação ao estranho mundo que está à sua volta.
Abramovich, (1989) relata que:
Os Contos de Fadas mantêm uma estrutura fixa. Partem de um
problema vinculado à realidade, que desequilibra a tranqüilidade
inicial. O desenvolvimento é a busca de soluções, no plano da
fantasia, com a introdução de elementos mágicos. A restauração da
ordem acontece no desfecho da narrativa, quanto há uma volta ao
real. Valendo-se desta estrutura, os autores, de um lado,
demonstram que aceitam o potencial imaginativo infantil e, de outro,
transmitem à criança a idéia de que ela não pode viver
indefinidamente no mundo da fantasia, sendo necessário assumir o
real, no momento certo. (p.120)
21
Conforme Borges, (1994) quando se pensa na formação do ser humano, é
inesgotável a importância da literatura, pois promove o desenvolvimento da
inteligência e da afetividade, e contribuem no entendimento do equilíbrio entre razão
e emoção, utilitário e estético.
É a palavra escrita que se atribui à maior responsabilidade concernente à
formação da consciência de mundo no qual a criança está inserida podendo explorar
tudo a sua volta (COELHO, 2000).
A criança, por meio das histórias, consegue encontrar maneiras de resolver
seus conflitos. Por meio da imaginação, a criança brinca, foge da realidade que se
encontra, pois as histórias têm efeito anestésico, portanto, todas as crianças que
participam da atividade de contação de histórias são beneficiadas.
O poeta alemão Schiller (apud BETTELHEIM, 1980, p. 14) dizia que: “há
maior significado profundo nos contos de fadas que me contaram na infância do que
na verdade que a vida me ensina.” Ainda Segundo Bettelheim (1980), uma criança
não alcança uma compreensão racional do que acontece em sua vida, sendo assim,
ela preenche essas lacunas com suas fantasias. Os contos de fadas contribuem
para o desenvolvimento da criança, estimulando o imaginário, ampliando a visão de
mundo, ajudam a criança a interiorizar de maneira equilibrada alguns sentimentos,
confortam e acalentam.
A criança, na perspectiva de Steiner (2002), que se alimenta das imagens dos
contos de fada pode se desenvolver de forma mais harmônica e se transformar em
uma criança menos cansada e entediada.
Estudos de Tanouye (2005 apud CARVALHO, 2008 p. 32) mostram que os
contos de fadas possibilitam à criança uma influência benéfica em seu
desenvolvimento, facilitando o vivenciar das dificuldades, numa perspectiva de
superação, por meio do trabalho com conteúdos que apresentam muitos tipos de
conflitos, como: morte, envelhecimento, luta entre bem e mal, inveja, abandono etc.,
quase sempre buscando desfechos otimistas. Oferecem uma aprendizagem que a
criança capta de modo intuitivo, o que se torna possível, pelo fato de as histórias
serem carregadas de elementos simbólicos e, caso haja verdadeira identificação
com os personagens, ela poderá insistir muitas vezes na sua repetição, até que a
história ofereça maiores significados ao conflito vivenciado.
22
De acordo com Bettelheim (1980), os contos enfocam um ego em formação e
ajudam a encorajar o desenvolvimento da criança, haja vista serem caracterizados
por simplicidade e facilidade de comunicação, situações humanas parecidas, sem
exigências sobre-humanas (presentes nos mitos) que poderiam levar, no caso de
uma criança pequena, a sentimentos de inferioridade.
As histórias bonitas ou feias têm sempre muita importância para a formação
do ser humano, pois segundo Dieckmann (1986, p. 49) “[...] As figuras e feições,
como também a ação do conto, são vividas não mais como acontecimento real do
mundo, exterior, mas como personificação de formações e evoluções interiores da
mente”.
A história deve descrever todos os aspectos da personalidade e dar
importância às qualidades das crianças e promover, ao mesmo tempo, a confiança
em si mesma e no futuro.
Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve
entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida,
deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto
e a tornar claras suas emoções; estar harmonizada com suas
ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades
e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a
perturbam (BETTELHEIM, 1980 p.13)
A criança com seu olhar atento e curioso, olha o mundo, ouve, vê, colhe
significados, registra, dá respostas. A partir das histórias que escuta e experiências
que vivencia vai descobrindo o mundo e se descobrindo nele, e nessa descoberta
vai formulando ideias e conceitos.
Ainda segundo Bettelheim (1980), quando as histórias que as crianças
escutam ou lêem são vazias, elas não têm acesso a um significado mais profundo
de relações e de experiências e não depreende nada realmente significativo que
possa ajudá-la nas etapas de seu desenvolvimento.
Através das histórias infantis a criança pode despertar a criatividade, a
autonomia e a criticidade da criança. Portanto, a contação de histórias ajuda a
desenvolver nas crianças uma postura investigativa tornado-as assim capazes de
construir planejamentos que considerem a pluralidade, diversidade étnica, religiosa,
cultural, identidade e autonomia, ou seja, que levem a um conhecimento do mundo.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI:
23
“é também por meio da possibilidade de formular suas próprias
questões, buscar respostas, imaginar soluções, formular explicações,
expressar suas opiniões, interpretações e concepções de mundo,
confrontar seu modo de pensar com os de outras crianças e adultos,
e de relacionar seus conhecimentos e ideias a contextos mais
amplos, que a criança poderá construir conhecimentos cada vez
mais elaborados”. (BRASIL, 1998, p.172).
1.3 Prática docente no trabalho com a literatura infantil
A literatura infantil tem feito um papel multidisciplinar muito importante, ela
pode e deve ser adaptada para ser utilizada como ferramenta de aprendizagem em
qualquer disciplina.
Atualmente o uso de historias na escola busca unir a literatura prazerosa para
crianças e adolescentes a conhecimentos didáticos, é o caso dos livros que contam
histórias sobre a utilização da matemática, experimentos científicos, sobre a
poluição do meio ambiente entre outros.
Uma das grandes possibilidades que a leitura infantil garante ao individuo é
sua familiarização com a oralidade e a importância da língua materna, é a utilização
da palavra como fonte de expressão de conhecimento.
O conto faz parte da própria historia do desenvolvimento humano, assim este
artefato cultural está articulado diretamente com os acontecimentos, os processos e
os ideários de uma época, deixando clara sua contribuição multidisciplinar.
Abramovich (1997) ressalta que:
Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir
muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para
ser leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de
descoberta e de compreensão do mundo [....] Podemos, assim,
começar a compreender a importância da Literatura Infantil no
desenvolvimento cognitivo das crianças. Ser leitor é o meio para
conhecer os diferentes tipos de textos, de vocabulários. É uma forma
de ampliar o universo lingüístico. (p.16)
É de suma importância a forma de se contar uma história para a criança, é
preciso que ela seja desperta para interagir, expressando suas preferências pelos
personagens por exemplo. Chamar a atenção da criança, de modo que seu olhar se
volte para o mundo encantado que a história lhe propõe, através de ilustrações,
24
insumos, indumentárias, sons, cores e imagens; e levá-la a buscar algo novo,
construindo sua própria análise dos contos, pois cada criança tem sua própria
percepção e modo de interpretar as situações que estão presentes nas histórias;
cada um vai aprendendo do seu jeito.
Destarte é determinante o fato de ser o professor um agente colaborador para
o processo de aprendizagem, assim, ele deve estar a par das teorias que envolvem
a utilização da Literatura Infantil dentro do ambiente escolar, tirando o melhor
proveito possível desta ferramenta para buscar uma nova mentalidade dentro da
educação.
Segundo Coelho (2000) ela deve ser utilizada:
(...) Como objeto que provoca emoções, dá prazer ou diverte e,
acima de tudo, modifica a consciência de mundo de seu leitor, a
literatura infantil é arte. Sobre outro aspecto, como instrumento
manipulado por uma intenção educativa, ela se inscreve na área da
pedagogia (p.46).
O acompanhamento sistemático voltando à leitura com objetivos previamente
estabelecidos, pode influenciar positiva ou negativamente no despertar da criança
para a leitura, desse modo, é importante que ao lado de atividades livres, os
professores se preocupem em transformar a habilidade de contar histórias em
aprendizagem significativa, criando situações e métodos que possibilitem identificar
os diversos problemas individuais de compreensão direcionando os alunos para um
determinado ponto.
O docente no uso da literatura infantil enquanto contador de história pode
abrir horizontes, sendo um artista e no momento de suas leituras, além de
desencadear o interesse do discente pela leitura e decifrar os códigos dos livros
possibilitando a formação de um futuro leitor.
Escola e docentes devem levar em conta que as crianças estão expostas a
experiências interessantes em seu cotidiano, isso resulta numa melhor compreensão
do mundo natural e social no qual estão inseridas, para que isso seja possível elas
devem ser induzidas a desenvolver o gosto pela leitura, como principal função e
propiciar o encontro entre crianças e livro de forma prazerosa.
Conforme Abramovich (1997):
25
É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções
importantes como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo,
a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras
mais, e viver profundamente tudo o que os narrativos provocam em
quem as [ouve]... (p. 17)
Dessa maneira a utilização da literatura no ambiente escolar constitui-se num
suporte inigualável de grande valor educativo que pode levar o discente a
constituição do seu próprio conhecimento, de expressar suas experiências de vida
como também àquela que ainda adquirirá na convivência social.
Nesta perspectiva, Coelho (2000) nos exorta:
[...] A escola é, hoje, privilegiada, em que deverão ser lançadas as
bases para a formação do individuo. E nesse espaço, privilegiamos
os estudos literários, pois, eles estimulam o exercício da mente, a
percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do
eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e,
principalmente dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da
expressão verbal significante e consciente, condição para a plena
realidade de ser. (p. 16)
Nesta ótica a atuação do professor é um ato importante e transformador,
porém essa atuação não deve vir somente para transferir, mas construir
conhecimento cabe ao docente não apenas ensinar a ler corretamente, mas também
levar o aluno a decifrar e compreender o texto, auxiliando-o na percepção do mundo.
E a literatura infantil amplia e enriquece nossa visão, permitindo ao discente um
posicionamento perante a realidade, incentivando o desenvolvimento crítico das
condições e possibilidades do ser humano.
É no contato com a literatura infantil na escola que os alunos têm a
oportunidade de desenvolver seu conhecimento, acompanhado de delicadezas e
sonhos, proporcionando-lhe a participação e o relacionamento com os textos
literários, e com a realidade em que vive de maneira reflexiva e sendo autor de sua
história.
26
CAPITULO II
METODOLOGIA
O trabalho aqui proposto volta-se para as experiências e vivências dos
docentes que lecionam no Centro Estudantil Fundame (Fundação de Apoio a
Criança e ao Adolescente), a opção pela instituição não se limita à sua estrutura
física, mas principalmente às observações das relações internas, e amplia-se ao
contexto social. Desse modo, adotamos a pesquisa qualitativa em busca de um
melhor alcance dos resultados em busca de elucidar a problemática apresentadas
neste estudo. Nascimento, (2005) descreve que a pesquisa qualitativa serve para
emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo
conscientes, de maneira espontânea, sendo utilizada quando se busca percepções e
entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a
interpretação.
Para se realizar uma pesquisa, é preciso promover confronto entre dados,
evidências, informações coletadas sobre determinado assunto e do conhecimento
teórico acumulado a respeito dele.
Ludke e Andre (1986) expressa muito bem essa questão quando diz:
Um princípio básico desse tipo de estudo é que, para uma apreensão
mais completa do objeto, é preciso levar em conta o contexto em que
ele se situa. Assim, para compreender melhor a manifestação geral
de um problema, as ações, as percepções, os comportamentos e as
interações das pessoas devem ser relacionados à situação
específica, onde ocorrem à problemática determinada a que estão
ligadas. (p. 19)
Se os indivíduos são significativamente influenciados pelo contexto em que se
situam, então qualquer tipo de pesquisa que desloca o indivíduo de seu ambiente
natural, negando a influência do contexto, deixa de compreender o fenômeno
estudado em sua totalidade.
27
2.1 Lócus da Pesquisa
Esta pesquisa foi realizada no Centro Estudantil Fundame (Fundação de
Apoio a Criança e ao Adolescente) está situado à Rua 02, Quadra B, nº. 49 Casas
populares na cidade de senhor do Bonfim, Bahia.
Fundação de apoio a Criança e ao Adolescente instituição que tem caráter
filantrópico com formação cristã evangélica, sem fins lucrativos, sendo seu objetivo,
promover assistência social, educacional e religiosa às crianças e aos adolescentes
menos favorecidos da cidade de Senhor do Bonfim. Esta Fundação é mantida por
meio de verbas, convênios e doações dos seguintes órgãos: Programa Conexão
Vida, PMSB Prefeitura Municipal de Senhor do Bonfim, Secretaria Municipal de
Educação, Cultura e Esporte – SEMEC. Também, contamos com o apoio de
Mantenedores Voluntários e da Igreja Presbiteriana 1º de Maio. Uma parte dessas
doações é destinada ao Centro Estudantil Fundame, fundado em 01 de abril de 1990.
Por membro da Igreja Presbiteriana 1º de Maio, municipalizou-se em 2005.
A Unidade conta atualmente com 07 docentes, 01(uma) diretora, 01(uma)
coordenadora, 02 merendeiras e 03 funcionários de apoio, Sendo composta por: 05
(cinco) salas para aulas, 01(um) secretaria, 01(um) diretoria, 01(um) escritório,
01(um) biblioteca, 01(um) refeitório, 01(um) cozinha, 01(um) almoxarifado, 03 (três)
banheiros, jardim e campo amplo, destinado à recreação dos alunos e outras
atividades.
2.2. Os sujeitos
No Brasil a literatura é rica e varia de região para região, com tanta riqueza
podemos facilitar ainda mais que crianças, jovens e adultos, possam refletir e
descobrir o fabuloso, a fantasia, o imaginário e o mistério das histórias infantis. No
ambiente escolar o docente é o elemento chave para o desenvolvimento cognitivo,
afetivo e social do discente, partindo desse pressuposto, os sujeitos da nossa
pesquisa foram 7 (sete) docentes que lecionam nos turno matutino e vespertino, no
Centro Estudantil Fundame, no município Senhor do Bonfim-bahia. Ressaltamos que
a escolha pelos entrevistados se deu de modo aleatório dentre aquelas que
28
trabalham no local pesquisado. Pontuamos que, a colaboração dos sujeitos foi de
suma importância para o desenvolvimento dessa pesquisa.
2.3. Os instrumentos de Coleta de Dados
Buscando compreender e interpretar a questão apresentada, utilizamos como
instrumentos de coleta de dados: Observação participante, questionário fechado e
entrevista semi-estruturada.
2.3.1. Observação Participante
Através da observação participante foi possível perceber o trabalho
desenvolvido pelos sujeitos, nos faz chegar aos questionamentos, respostas e
reflexões levantadas no decorrer dessa pesquisa.
Sobre o uso desse instrumento Cruz Neto (1994) diz:
A técnica de observação participante se realiza através do contato
direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter
informações sobre a realidade dos atores sociais em seu próprio
contexto. O observador, enquanto parte do contexto de observação,
estabelece uma relação face a face com os obstáculos. (p.29)
O processo de observação aconteceu de forma agradável, numa parceria entre
ambas as partes.
2.3.2. Questionário Fechado
Segundo Marconi e Lakatos (2000), o questionário é um instrumento de coleta
de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser
respondidas por escrito e sem a presença de investigador.
A opção pelo questionário foi feita pela necessidade de levantar dados que
permitissem traçar o perfil dos entrevistados, buscando posteriormente delinear os
sujeitos em seus aspectos sociais, psicológicos e culturais.
29
O questionário fechado visa resgatar as seguintes variáveis: a idade, sexo,
escolaridade, situação econômica, profissão de cada profissional, entre outros e
possibilita conhecer o perfil dos profissionais envolvidos na pesquisa.
2.3.3. Entrevista Semi-Estruturada
Convencionalmente a entrevista é considerada um encontro entre duas
pessoas a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado
assunto, mediante uma conversação de natureza profissional (MARCONI e
LAKATOS, 2000 p. 195).
A entrevista semi-estruturada foi o principal instrumento utilizado nessa
pesquisa, tendo em vista que a mesma permite a aquisição de informações dos
sujeitos acerca dos fenômenos pesquisados no âmbito das aspirações e
sentimentos, sem deixar de estar atento ao contexto. Nesse instrumento foram
entrevistados os profissionais do “Centro Estudantil Fundame” no município de
Senhor do Bonfim-Ba. As informações foram obtidas através de um roteiro de
questões fechadas que possibilitou um espaço de interação com os profissionais.
As entrevistas foram realizadas em encontros individuais com professores,
sendo gravadas as falas, minuciosamente para posterior análise.
30
CAPITULO III
ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Todo esse processo de pesquisa nos fez chegar a essa fase, que é a analise
e interpretação dos dados, pois a mesma é de suma relevância para uma reflexão
mais crítica do tema proposto, a fim de se chegar ao objetivo que é identificar as
compreensões que os professores da educação infantil têm sobre a contação de
histórias para o desenvolvimento cognitivo das crianças.
Segundo Gil (1991):
O processo de analise dos dados envolve diversos procedimentos:
Codificação das respostas, tabulação dos dados, e calculo
estáticos... Pode ocorrer também a interpretação dos dados. (p.102)
A princípio, traçamos o perfil dos sujeitos da pesquisa, tendo como aporte as
informações coletadas no questionário fechado aplicado, em seguida passaremos a
discutir sobre as respostas dos professores, través da observação participante e da
entrevista semi-estruturada.
3.1. Perfil dos Sujeitos
Os sujeitos dessa pesquisa foram sete professores da educação infantil. Para
traçar o perfil dos entrevistados utilizaremos as respostas contidas no questionário
fechado e a demonstração nos gráficos.
3.1.1. Gênero
Gráfico n°1
100%
FEMININO
Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim –
BA/ mar.2012
31
Percebemos no gráfico que 100% dos entrevistados são do sexo feminino.
Isso reforça o contexto atual, onde a mulher tem ocupado espaço em vários setores
da sociedade e principalmente na área educacional.
3.1.2. Formação dos Sujeitos
Gráfico nº 2
Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim –
BA/ mar.2012
Conforme o gráfico, 43% dos sujeitos possui nível superior em pedagogia e
43% Já tem especialização em educação infantil e psicopedagogia, 14% possui
apenas o magistério. Diante desses dados percebemos um maior empenho dos
professores na sua formação acadêmica. É importante que haja essa busca pelo
conhecimento e o aperfeiçoamento profissional, já que estamos inseridos numa
sociedade de intensa qualificação em todos os níveis e em todas as áreas.
3.1.3. Jornada de Trabalho
Gráfico nº 3
Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim –
BA/ mar.2012
32
Visualizamos no gráfico, que 72% das professoras possuem carga-horaria de
40 horas e 14% 20 e 60 horas. Percebemos uma dupla e tripla jornada de trabalho
por parte dos profissionais, o que nos faz pensar se esse desdobramento não vem
influenciar no tempo em que estes professores têm em planejar e desenvolver o
trabalho com a literatura infantil e outros, tantos recursos e disciplinas em sala de
aula.
3.1.4 Meios de Comunicações Utilizados
Gráfico nº 4
29%
71%
JORNAIS,REVISTAS,LIVROS
E TV.
JORNAIS,REVISTAS,LIVROS
, TV e INTERNET
Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim –
BA/ mar.2012
Percebe-se que 71% das professoras utilizam jornais, revistas, livros, TV,
internet; buscando uma maior variedade de informações, enquanto que 29% usam
jornais, revistas, livros e TV, demonstrando assim, que ainda há aqueles que por
algum motivo não conseguem se adaptar aos avanços da informática, ou seja, da
internet.
3.1.5. Tempo de atuação na Educação Infantil
Gráfico nº 5
29%
71%
6 à 10 anos
Mais de 10 anos
Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim –
BA/ mar.2012
33
Segundo o gráfico, 29% das professoras, atuam na educação infantil entre 6 a
10 anos, e 71% já trabalham a mais de 10 anos, o que demonstram terem
experiência nessa área, além de ser relevante para desenvolvimento da temática
pesquisada.
3.1.6. Vocação para atuar na Educação Infantil
Gráfico nº 6
100%
TODOS
Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim –
BA/ mar.2012
Conforme os dados do gráfico, 100% das professoras dizem atuar nesse nível
de ensino por vocação, o que é de suma importância para a realização de um
trabalho produtivo e significativo. Como ressalta Gentili e Alencar (2003): “Magistério
não é sacerdócio, todos já sabemos. Mas é missão. Profissão de Fe. Tarefa
grandiosa que se escolhe e leva adiante, apesar dos sacrifícios”.
3.2. Analise da Entrevista Semi-Estruturada
Para obtenção dos resultados dessa pesquisa, utilizamos a entrevista semi-
estruturada, fazendo uso do gravador, e em seguida os dados foram transcritos na
integra. A fala de cada sujeito será descriminada pela letra P e pelos algarismos
arábicos (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7), para que a identidade das professoras seja mantida em
sigilo.
Sobre a entrevista Minayo (2004) pontua:
[...] a entrevista não é simplesmente um trabalho de coleta de dados,
mas sempre uma situação de interação na qual as informações
34
dadas pelos sujeitos podem ser profundamente afetadas pela
natureza de suas relações com o entrevistador. (p.113)
Os discursos das professoras foram divididos em categorias, para uma melhor
compreensão do objeto de estudo.
3.2.1. Compreensão sobre Literatura Infantil
A literatura infantil, em sim mesma faz articulação entre o mundo real e
imaginário da criança, de maneira lúdica, espontânea, despertando em seus
ouvintes e leitores a sensibilidade, o senso critico, gerando conscientização sobre o
mundo em sua volta.
Para Coelho (2000) a literatura destinada às crianças: “É o meio ideal não só
para auxiliá-las nas várias etapas de amadurecimento que medeiam entre a infância
e a idade adulta”. (p.43).
Analisando as respostas obtidas, foi possível perceber as compreensões dos
professores sobre a literatura infantil.
Para mim, literatura infantil é reconto de fabulas. (P1)
São livros voltados para crianças. (P2)
Histórias infantis que as crianças ouvem da vovó, titias e mamães.
(P3)
É mais que contar histórias... É você fazer com que as crianças se
encantem pelo mundo dos livros. (P4)
Literatura infantil é algo prazeroso, gostoso e voltado para crianças.
(P5)
Percebemos, através de alguns discursos que a literatura infantil, ainda é vista
como algo superficial, sem atribuir o devido valor que a mesma representa. No
discurso da P1, encontramos uma concepção limitada reconto de fabulas, ou seja,
não é explorado o universo, e os recursos disponíveis na literatura infantil.
Como destaca Machado (2001p. 41 ): “A literatura infantil nas escolas deve
despertar o gosto pela leitura, pois a mesma pode proporcionar fruição, alegria e
encanto, quando trabalho é feito de forma significativa”.
35
A fala da P3 nos chamou muito atenção, pois a mesma atribui a literatura
infantil como algo a ser utilizado no seio familiar, sem citar em nenhum momento a
importância de se trabalhar com a literatura na escola, deixando as crianças aléia a
esses momentos tão prazerosos e fundamentais para sua formação tanto nos
aspectos físicos como cognitivos.
Como pontua Coelho (2000):
A literatura, e em especial a infantil tem uma tarefa fundamental a
cumprir nesta sociedade em transformação, a de servir como agente
de formação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no dialogo
leitor/texto, estimulado pela escola. (p.15)
A escola, juntamente com seus professores, deve proporcionar e mediar esse
encontro mágico, fantástico da literatura com as crianças, e, é claro, que é de suma
importância a parceria da família nesse processo de humanização.
Nos discursos da P4 e P5, percebemos uma visão mais ampla da questão da
literatura e infantil, pois as mesmas discorrem o assunto com mais propriedade e
entusiasmo que o mesmo merece. Porem observamos, que a compreensão de
alguns professores sobre a literatura infantil ainda é restrita, o que nos inquieta, já
esses profissionais são de algum modo os “responsáveis” em ampliar a visão de
mundo desses discentes, e a literatura, é sem duvida a porta para grandes
descobertas e possibilidades.
Neste aspecto Candido (1989), nos diz com profundidade:
[...] a literatura corresponde a uma necessidade universal que deve
ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato
de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos organiza,
nos liberta do caos e, portanto nos humaniza. Negar a fruição da
literatura é mutilar a nossa humanidade. (p.122)
A literatura tem essa influencia sobre a vida dos indivíduos. Ela amplia a visão
de mundo, emancipa o indivíduo tornando-o critico, e questionador do modelo de
sociedade no qual está inserido.
36
3.2.2. A importância de se trabalhar com a literatura infantil.
O trabalho com literatura infantil envolve um contexto cheio de fantasia,
magia, criatividade, descobertas, além de ser um importante recurso para o
processo de ensino-aprendizagem.
Veremos os discursos de alguns professores:
E importante sim. Porque eles vivem um momento divertido de
imaginação. P1
É importante, pois desperta a criatividade e vontade de aprender. P2
Sim. É importante trabalhar com a literatura infantil, pois a criança
desenvolve vários eixos nesse período de formação como: A
linguagem oral, escrita, vocabulário, vai saber expressar os seus
sentimentos e desejos. P5
Sim. Porque além de trabalhar o imaginário da criança, vai também
ajudar na formação de futuros leitores. P6
Percebemos nos discursos que todas as professoras demonstram
compreender a importância de se trabalhar com a literatura infantil, o que é muito
importante para o desenvolvimento deste trabalho na sala de aula.
Para Coelho (2010, p. 18): “A literatura infantil: abertura para formação de
uma nova mentalidade... Agente formador, por excelência”.
Nos discursos da P5 e P6, notamos um leque de possibilidades atribuídas à
literatura infantil, as mesmas dilatam mais a discussão trazendo características no
que diz respeito ao desenvolvimento das crianças que tem acesso a esses meios
literários.Como destaca Abramovich (1995)
A literatura é arte, a literatura é prazer... que a escola encampe esse
lado. É apreciar e isso inclui criticar... Se ler for mais uma lição de
casa, a gente bem sabe que é que dá... Cobrança nunca foi
passaporte ou aval para vontade de descoberta ou pro crescimento
de ninguém. (p 148).
37
A autora traz uma reflexão sobre o trabalho com a literatura infantil, de forma
lúdica, prazerosa, sem cobranças, pois a mesma faz o seu papel de (formadora)
tornando o individuo agente de sua própria história.
3.2.3. Despertando o gosto pela leitura através da literatura infantil
Despertar o gosto pela leitura é uma das qualidades da literatura, pois, as
crianças se sentem tão próximas dos personagens, se identificam com as histórias e
assim se interessam em saber ler os livros, e às vezes escrevem suas próprias
histórias. Além, despertar para a compreensão da realidade, sem deixar de lado a
fantasia, a emoção.
Diante disso, buscamos através do discurso das professoras, perceber o
interesse dos alunos pela leitura, despertados pela literatura infantil.
Alguns sim. Gostam de ouvir histórias e só procuram livros do seu
interesse. P2
Trabalho com desenhos, pintura, completa histórias, confecção de
livrinhos. P3
Deixo-os pegarem os livros, folhear, trabalho com receitas, livros
coloridos, reconto de histórias. P4
Naturalmente as crianças já despertam, já demonstram interesse
pelas leituras. Deixando a criança bem à vontade com acervos de
livros, gibis, revistas, diversos textos, biblioteca disponível na hora do
conto, parlendas e musicas. P5
Trabalho na roda com recantos de histórias. Eles demonstram
interesse em ouvir e folhear os livros. P7
Notamos nas falas das professoras, que os alunos demonstram interesse pelo
universo da leitura de várias maneiras. Como no discurso da P2, em que os alunos
procuram livros que realmente chamam a sua atenção, o que é de inteira
compreensão, já que é esse um dos aspectos da literatura, motivar as crianças a
fazerem suas próprias escolhas, através da leitura e contação das histórias.
Conforme Coelho (2001):
[....] a história é importante alimento da imaginação. Permite a
auto- identificação, favorecendo a aceitação de situações
desagradáveis, ajuda a resolver conflitos, acenando com a
38
esperança. Agrada a todos, de modo geral, sem distinção de idade,
de classe social, de circunstancias de vida. (p.12).
A P5 utiliza vários recursos literários com o intuito de tornar seus alunos
interessados pela leitura. Esse acervo é muito interessante, já que disponibiliza para
essas crianças diferentes formas e estilos de leitura.
3.2.4. A hora da história... Era uma vez...
Quando se conta história, se resgata a tradição oral que existe muito antes
das narrativas escritas. O contador encaminha seus ouvintes ao mundo de fantasias
e emoções.
Como diz Abramovich (1997): “É ouvindo histórias que de pode sentir
emoções importantes como: tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a
alegria, a insegurança, a tranqüilidade e tantas outras mais.” (p.42)
Diante dessa constatação, observaremos os depoimentos das professoras
sobre a contação de histórias na educação infantil.
Procuro ler histórias com uma boa entonação de voz. Procuro
sempre livros ilustrados. P1
Eu conto histórias, usando tudo que tem na sala, inclusive objetos
dos alunos como: mochilas, lancheira, boné, e também fantoches, a
depender do momento. P4
No momento do conto, ouvimos ou contamos histórias, utilizando o
baú encantado, onde há uma boa quantidade de livros com
diferentes formas e ilustrações bem atraentes. Deixo os alunos
manusearem e olharem as figuras. Utilizo também mosquiteiro para
fazer a tenda de leitura. P5
À hora de história se dar de várias maneiras, na roda de leitura,
caracterização tanto por mim como pelos alunos, utilizamos,
bonecos, avental, caixa mágica (onde há sempre uma nova história).
P7
Foi possível perceber através da entrevista que as professoras fazem
utilização de vários recursos para enriquecer a hora da contação de histórias.
Observando a P1, vemos que a mesma se preocupa com a entonação da voz, de
forma que a história seja compreendida pelos discentes de forma clara. Isso é muito
39
importante, pois é preciso que haja uma química entre o narrador e quem escuta o
conto. Como pontua Coelho (2010):
Contar histórias e uma arte, por conseguinte requer certa tendência
inata, uma predisposição latente, alias, em todo educador, em toda
pessoa que se predispõe a lidar com crianças... As emoções se
transmitem pela voz, principal instrumento do narrador. (p.50)
As professoras, através de seus depoimentos, deixam claro o empenho em
transformar a hora da história em um momento único e prazeroso, onde as crianças
são levadas a vários lugares e épocas, através da imaginação. Percebemos também
que alem dos recursos disponíveis para o enriquecimento do conto, as prós usam
coisas simples como os próprios objetos dos alunos, tornando possível criar e recriar
histórias, como foram citados pela P4.
Ainda Analisando o papel do contador de histórias Alice Prieto (apud.
COELHO 2010 P.2) ressalta:
...Todos os elementos são sugeridos pela voz e pela mímica do
narrador, que esquece seu rosto, dissimula “seu” corpo, esquece
“sua” voz, para converter-se todo ele, em pincel e paleta, cor e som,
forma e emoção. E a emoção chega aos pequenos.
Neste sentido, percebemos o quanto tem sido importante para o crescimento
emocional, intelectual e criativo das crianças a contação de histórias, por permitir um
leque de possibilidades para o desenvolvimento cognitivo. E para que esse trabalho
aconteça de forma significativa, o professor precisa compreender que está lidando
com o lúdico dos alunos.
Conforme Abramovich (1995):
Lidam com toda uma ludicidade verbal, sonora, ás vezes musical, ás
vezes engraçada, no jeito como vão juntando palavras, fazendo com
que se movam pela pagina quase como uma cantiga, e ao mesmo
tempo jogando os significados diferentes que uma palavra possui.
(p.67)
40
Desta forma, o professor quando trabalhar com a literatura infantil, precisa
compreender que e responsável ao contribuir com a formação dos seus pequenos
leitores, devendo sempre questionar sua prática e procurar a melhor forma, a melhor
técnica para a promoção de uma aprendizagem significativa.
3.2.5. A literatura infantil contribuindo para o desenvolvimento da criança
Ao se trabalhar com a literatura infantil, o professor favorece ao aluno uma
relação com o livro, seu grupo social, outras culturas e sua própria realidade.
Estabelece também, condições para que os alunos se identifiquem ou se posicionem
sobre os contos, lendas, histórias a partir de suas próprias opiniões e
compreensões. Neste sentido, Candido (1972, p.804), atribui algumas funções a
literatura infantil, uma delas refere-se ao seu papel de humanizar, pois envolve
vários aspectos, dentre eles o psicológico.
Através dos decursos das professoras, poderemos perceber a contribuição da
literatura infantil no desenvolvimento dos seus alunos.
Tornando a criança mais interessada no estudo, na própria leitura,
mais desenvolvida, até mais alegre. P2
Na criatividade, no desbloqueio de traumas psicológicos, na
leitura matemática, na conversa com outras crianças. P4
A literatura contribui em vários aspectos na formação da criança, na
formação da personalidade, no seu desenvolvimento oral, escrito,no
se desenvolvimento enquanto ser humano. P5
Ela contribui tanto na formação, como leitor, como da própria escrita
e a oralidade. P6
Todas as professoras comungam da mesma opinião acerca dos benefícios
que a literatura infantil promove para o desenvolvimento da criança. Discorrendo um
pouco mais nos discursos, notamos que a P1, ressalta a colaboração da literatura
infantil na formação da criança, no que diz respeito a aspectos psicológicos, pois a
41
mesma relata que além de perceber as crianças mais interessadas nos estudos,
também influencia no humor, já que as mesmas ficam mais alegres.
Abramovich (1997) também pontua algumas habilidades que a literatura
promove para desenvolvimento das crianças:
Além disso, a criança que ouve histórias com freqüência educa sua
atenção, desenvolve a linguagem oral e a escrita, amplia seu
vocabulário e principalmente aprende a procurar, nos livros, novas
histórias para o seu entretenimento. (p.18)
Além, de promover uma relação harmoniosa com os livros e convívio uns com
os outros, a literatura possibilita ingressar no universo infantil, tão particular e único,
como ressalta Cunha (1991, p.99) “mais do que conhecer as fases do
desenvolvimento infantil, importa conhecer a criança, sua história, suas experiências
e ligações com o livro”.
A P4 atribui à literatura infantil como sendo auxiliadora no processo de
desbloqueio de traumas, ou seja, ela interfere de maneira positiva no psicológico
infantil, na criatividade, nas disciplinas, como matemática, que envolve trabalho com
o raciocínio, além de aguçar a fantasia e o desenvolvimento da personalidade
infantil.
Bettilheim (1980) destaca os contos de fadas como sendo os mais indicados
para ajudar as crianças a encontrar um significado na vida, pois ao passo que
estimula a imaginação, desenvolve também o intelecto, harmonizando suas
ansiedades e inquietações.
Nos depoimentos da P5 e P6, percebemos que elas também descrevem os
benefícios produzidos pelo trabalho realizado com a literatura infantil, na formação
da personalidade, e no processo de aprendizagem dos alunos, nesse sentido é
pertinente salientar que o professor deve ser o mediador nesse processo entre aluno
e literatura infantil.
Conforme Gentille e Alencar (2005, p.100): “O primeiro saber básico para
qualquer educador humanista é o da compreensão da realidade” Como educador
consciente do seu papel como formador e humanista comprometido com uma
educação voltada para o desenvolvimento das crianças de um modo geral e ao
mesmo tempo particular, onde veja cada individuo como ser com defeitos e
qualidades capazes de influenciarem na sociedade e em que vivem.
42
3.2.6. Espaço utilizado para a contação de histórias
É imprescindível ter um espaço acolhedor, onde as crianças sintam-se
estimuladas para ouvir as histórias, pois assim como os ambientes do fato narrado,
nos levam a estar em contato com os personagens através da imaginação, assim
também o local externo nos permite uma maior interação e atenção ao que está
sendo contado.
Nos depoimentos a seguir observamos os locais utilizados pelas professoras
na contação de histórias.
Já contei na sala, no pátio, ali na sala é porque é o cotidiano da
gente e no pátio às vezes fica um pouco diferente para as crianças.
P1
Conto na sala de aula e na biblioteca P2
Conto na sala e no pátio. P3
Na maioria das vezes na sala, mas de vez em quando, eu conto nas
escadas que tem na escola, no parque, perto do refeitório, embaixo
de uma árvore grande que tem aqui, e na biblioteca. P4
Aqui na escola tem vários locais que podem ser usufruídos, como: O
parque, a biblioteca, em baixo das árvores. Usamos nossa
criatividade para estimular a criatividade das crianças, pois não é só
a sala de aula o local mais importante. P5
Geralmente eu conto na sala, mais também tem lugares que e bem
legal. Como: a biblioteca e perto do refeitório. P6
Eu conto na sala de aula e tento explorar os outros espaços aqui da
escola, já que temos um bom espaço. P7
A escola em si mesma já é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do
trabalho com contação de historias, por possibilitar uma interação com os demais
saberes e estudos literários, estimulando o raciocínio e demais habilidades.
Através dos discursos, percebemos que as professoras já fazem uso de
outros locais para o conto, não ficando apenas no espaço da sala de aula, o que é
muito interessante e relevante para o desenvolvimento criativo e imaginário das
43
crianças, pois as mesmas saem da rotina de sala de aula e são desafiadas e
estimuladas por esses novos espaços.
Como destaca Coelho (2000):
A atmosfera criada pelo espaço pode transmitir sensações de calor,
frio, luminosidade, escuridão, opressão, transparência, bem-estar,
fatalidade, leveza, colorido, ocupacidade, etc. (p, 78).
Compreendemos, portanto, que o espaço, ou seja, o ambiente, influência nas
circunstâncias, aja visto que o mesmo dar um clima história, cooperando para uma
transposição do imaginário para o real, dando um maior significado e compreensão
do que está sendo transmitido aos os ouvintes, ou seja, os alunos.
3.2.7. A frequência com que são contadas às histórias para as crianças
Lidar com o universo infantil requer motivação, criatividade, interesse e muito
afeto para ser transmitido a essa clientela tão diversificada como a que temos nos
dias de hoje. O trabalho com a literatura infantil e seus enredos e diversidade
possibilita esse encontro.
Nos depoimentos veremos com que frequência esse encontro acontece.
Todo o dia inicia com uma história ou poema. P1
No mínimo uma vez por semana. P2
Uma vez na semana eu conto. P3
Conto de duas a três vezes por semana, mas tem também o dia da
biblioteca, então ficam quatro dias. P4
Conto com frequência, ou seja, trabalho com educação infantil,
entendo que é de suma importância contar histórias de segunda a
sexta. P5
Conto quase todos os dias. P6
Eu utilizo as histórias, e parlendas, contos e trava-lingua com
frequência, sempre relacionando a um tema estudado. P7
Foi possível perceber nos depoimentos das P1, P5, P6 e P7 que as mesmas
fazem uso da contação de histórias diariamente, o que é muito importante. Pois,
44
desperta nas crianças o gosto pela leitura, além de intervir nos demais aspectos
cognitivos, em conseguinte as crianças ficam mais desinibidas, comunicativas com
os outros colegas, permitindo um relacionamento mais intimo, e facilitador na
resolução de possíveis conflitos que por ventura venham surgir durante o processo
escolar.
Sobre a freqüência de se contar histórias para crianças, Abramovich (1997)
Pontua:
(...) ler histórias para crianças, sempre, sempre... É poder sorrir, rir,
gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a idéia
do conto ou com o jeito de escrever do autor e, então, poder ser um
pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de
divertimento... É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade
respondida em relação a tantas pergunta, é encontrar outras idéias
para solucionar questões (como as personagens fizeram...) (p. 17).
Assim, entendemos que os benefícios causados pela contação de historias,
são inúmeros, e que essa prática deveria se tornar um hábito por todas as
professoras, porém, notamos que algumas professoras utilizam vez em quando, e a
P7, Vaz uso das histórias, parlendas e trava-lingua, somente relacionado ao tema
estudado. Ao passo, que admiramos o empenho da professora em desenvolver uma
aula criativa e dinâmica, todavia, lamentamos por não ter sido expresso pela
mesma, a hora do conto, da história sem cobrança, como puro momento de
encantamento, entretenimento e prazer.
Como afirma Abramochich (1995):
Literatura é arte, literatura é prazer... Que a escola encampe esse
lado. É apreciar e isso inclui criticar... Se ler for mais uma lição de
casa, a gente bem sabe que e que dá... Cobrança nunca foi
passaporte ou aval pra vontade, descoberta ou pro crescimento de
ninguém. (p.148)
Neste sentido, a escola, professores precisam da literatura como aliada nesse
processo de ensino-aprendizagem, não como avaliadora, mas sim como libertadora,
para abertura de um caminho infinito de descobertas e de compreensão de mundo.
45
3.2.8. Materiais usados para ilustrar as contações de histórias
Estamos vivendo numa sociedade onde a visão está muito aguçada, visto que
há um enorme atrativo, tanto na TV, computadores, desenhos, etc. A escola está
nesse contexto e precisa está preparada para saber usar materiais atrativos em suas
contações de histórias.
Observaremos os depoimentos dos professores
Uso mais imagens e o livro, e eu mesma desenho e faço na folha de
oficio. P1
Utilizo DVD, imagens, gravuras. P2
Uso, bastante papel, papel madeira, sucata, cartazes, fantoches.
Dramatizações, tudo eu gosto muito de coisas recicladas. P3
Só de vez em quando, figuras ou objetos que possa representar a
historia que você ta contando. P4
Sim, utilizo outros materiais, a não ser o livro como eu já falei
fantoches, mosquiteiro encantado, o conto seu o próprio livro p data
Show, uma historia no vídeo, com slide Então existe diversas formas
de contar também historias que não sejam exatamente com o livro.
P5
Sim, na maioria das vezes eu gosto de contar com figuras ilustradas
fantoches ou arte com a própria caracterização. P6
Notamos, nos discursos, que as professoras buscam materiais ricos em
ilustrações, a fim de proporcionarem aos seus alunos momentos de muito
divertimento e prazer desenvolvidos durante a apresentação das histórias. Concordo
com Bussato, quando afirma que:
Se quisermos que a narrativas atinja toda a sua potencialidade
devemos sim narrar com o coração o que implica em estar
intimamente disponível para isso, doando o que temos de mais
genuíno, e entregando-se a esta tarefa com prazer e boa vontade.
Ao contar damos o nosso afeto ,a nossa experiência de vida abrimos
o peito e compactuamos com o que o conto quer dizer .Por isso torna
–se fundamental que haja uma identificação entre o narrador e o
conto narrado (BUSSATO ,2003, p. 47).
46
Diante de tudo isso, é possível notar a importância das histórias para o
desenvolvimento comportamental das crianças, já que elas têm a capacidade de
transportá-las para o mundo encantado, onde as mesmas podem ser qualquer
personagem, basta querer. E que a criança que tem contato com histórias infantis
desde a primeira infância pode ser estimulada para quando crescerem, saírem
felizes de determinada situações e assim saber resolver seus problemas.
47
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa nos ajudou a entender algumas compreensões, dos
professores da Educação infantil, sobre a literatura infantil, e a pratica de contação
de história no desenvolvimento cognitivo dos alunos, através dos depoimentos dos
sujeitos.
Através dos discursos, das professoras conseguimos fazer algumas reflexões,
entre estas podemos citar: A literatura infantil com todas as suas faces, como mitos,
contos regionais, contos de fadas, tem sido de algum modo apresentada na escola,
todavia, a compreensão por parte de algumas professoras ainda é restrita.
Refletimos também, sobre o trabalho realizado com a literatura infantil na
escola, e a freqüência com que as contações de histórias são vivenciadas, percebe-
se que, a teoria continua desassociada da prática, uma vez que a maioria das
professoras compreende a importância da literatura infantil no desenvolvimento
cognitivo das crianças, porém, esses momentos de prazer e aprendizado ocorrem
esporadicamente e de forma descompromissada, por parte de algumas professoras.
Pontuamos ainda, que o trabalho realizado pela maioria das professoras, tem
acontecido de forma dinâmica e criativa, pois as mesmas utilizam vários acessórios
e diferentes ambientes, a fim de enriquecer esses momentos, de modo a estimular a
criatividade de seus discentes.
Diante das respostas obtidas, foi possível confirmar e constatar o papel que a
literatura infantil exerce nas crianças, visto que a mesma desenvolve a capacidade
de raciocínio, de julgamento, de argumentação, tornando indivíduos críticos,
auxiliando também na resolução de problemas, sem deixar por um momento de
aguçar a fantasia, a criatividade, descontração e alegria de ser criança.
Esta pesquisa se apresenta como uma provocação, para estudos posteriores,
visto que compreender, vivenciar e refletir sobre a literatura infantil, se apresenta
como um caminho a ser percorridos, tanto pelos professores, pais e escola, a fim de
uma aprendizagem significativa e que alcance todas as crianças de maneira integral.
48
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil:gostosuras e bobices 5.ed. São Paulo:
Scipione, 1997.
____________O estranho mundo que se mostra às crianças: São Paulo.
Summus, 1999.
BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. São Paulo: Paz e Terra,
2008. 22 edição.
BUSATTO, Cléo. A Arte de Contar histórias no Século XXI: Tradição e Ciberespaço.
Petrópolis: Vozes, 2006.
_____ Contar e encantar: pequenos segredos da narrativa. Petrópolis, RJ: Vozes,
2003.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para
a Educação Infantil. Brasília, DF, 1998.
BORGES , A . L . - O Movimento Natural na Construção do Ser e do Saber . In Sargo
Claudete . A Práxis Psicopedagógica Brasileira . São Paulo , ABPp , 1994.
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nacionais de qualidade para a educação infantil/Ministé- rio da Educação. Secretaria
de Educação Básica – Brasília. DF
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo:
Moderna, 2000.
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: Teoria e Prática. São Paulo,
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CRUZ NETO, Otávio. O trabalho de Campo como descoberto e criação. IN. Maria
Cecília de Souza Minayo. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis,
Rio de Janeiro: Vozes, 1994.
CARVALHO, Cíntia. Um olhar sobre o abrigamento: a importância das histórias
infantis em contexto de abrigo. Disponivel em:
http://www.webposgrad.propp.ufu.br/ppg/producao_anexos/014_DissertacaoCintiaCa
rvalho.pdf. Acesso em 26/03/2012
CÂNDIDO, A Formação da Literatura Brasileira; Momentos Decisórios, ed. 5. Belo
Horizonte, MG, 2000.
DIECKMANN, Hans. Contos de fadas vividos. São Paulo: Paulinas, 1986GREANEY,
J. & REASON, R. Braille reading by children: is there a phonological explanation for
49
their difficulties? The British Journal of Visual Impairment and Blindness, n.18 (1),
p.35-40, 2000
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de Pesquisa. 3ª Edição. São Paulo,
Atlas, 1991.
GUIMARÃES, D.; NUNES, M. F. R.; LEITE, M. I. História, cultura e expressão:
fundamentos na formação do professor. In: Infância e educação infantil. Campinas,
SP: Papirus. Coleção Prática Pedagógica. 1999.
CERISARA, A. B. Professoras de Educação Infantil: entre o feminino e o profissional.
São Paulo: Cortez, 2002. – (Coleção Questões da Nossa Época; v.98)
LAJOLO, Marisa Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6ª ed. 13ª impressão.
São Paulo: Editora Ática. 2008.
LAJOLO, Marisa. e ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil brasileira. São Paulo:
Ática, 1984.
LUDKE, Marli; MENGA, André. Pesquisa em educação: Abordagens qualitativas.
São Paulo EPU, 1986.
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Mariana Andrade. Fundamentos da metodologia
científica. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1991.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.) Deslanes, Suely Ferreira, Neto Otavio
GENTILLI, Pablo, Alencar Chico. Educar na Esperança em Tempos de Desencanto.
Petrópolis: editora Vozes, 2003.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito à Informação e Meio Ambiente. São Paulo:
Malheiros, 2006.
PIRES, Diléa Helena de Oliveira."Livro...Eterno Livro..." In: Releitura. Belo Horizonte:
março de 2000, vol. 14.
SANDRONI, Laura. De Lobato à Década de 70. SERRA, Elizabeth. 30 anos
de Literatura para Crianças e Jovens: Algumas Leituras. Campinas, SP: Mercado de
Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1998
STEINER, R. (2002). Os contos de fadas: Sua poesia e sua interpretação. São
Paulo: Antroposófica.
50
UNEB-UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM
PEDAGOGIA 2006.1
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO FECHADO
Perfil dos sujeitos da pesquisa
1- sexo: ( ) feminino ( ) masculino
2-Nível de escolaridade.
( ) nível médio Completo ( ) superior completo .Curso_____________
( )Superior incompleto.Curso_______________
( ) curso de especialização _______________
3 -Jornada de trabalho
( ) 20h ( ) 40h ( ) 60h
4 - Onde você costuma buscar informações:
( ) jornais e revistas ( ) televisão ( ) internet
( ) outros meios .Quais________________________
5 - Tempo de atuação na Educação Infantil
( ) 1 a 2 ano ( ) 3 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) mais de 10 anos
6 - Qual a série que você atua?
( ) Maternal ( ) Educação Infantil I ( ) Educação Infantil II
( ) Outra série ________________________
7 - Você trabalha nesse nível de Ensino:
( ) Por vocação ( ) Por falta de opção
( ) Outra _____________________
51
APÊNDICE B - ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
1 - O que é literatura infantil para você?
2 - Trabalhar literatura infantil é importante? Por quê?
3-As crianças demonstram interesse pelas leituras? O que você faz para despertar
o interesse pela leitura?
4-Como a literatura infantil pode contribuir pra o desenvolvimento da criança?
5– De que maneira você conta historias?Que recursos usa?
6- Em que locais geralmente costuma contar?
7- Com que freqüência você conta histórias para seus alunos?
8-Você costuma utilizar materiais (fora o livro) para ilustrar sua contação de historia?
Sua Contribuição é muito valiosa para nós, Obrigado!

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  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA VALCI SOARES DA SILVA MOREIRA A LITERATURA NO IMAGINÁRIO INFANTIL SENHOR DO BONFIM 2012
  • 2. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA VALCI SOARES DA SILVA MOREIRA A LITERATURA NO IMAGINÁRIO INFANTIL Monografia apresentada ao Departamento de Educação-Campus VII, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Pedagogia Habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos. Orientadora: Profª. Maria Elizabethe Souza Gonçalves SENHOR DO BONFIM 2012
  • 3. VALCI SOARES DA SILVA MOREIRA Monografia apresentada ao Departamento de Educação-Campus VII, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Pedagogia Habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos. Aprovada em_______de ________________de 2012. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Profª ..................................................................... Universidade do Estado da Bahia –UNEB Orientadora _____________________________________________________ Profª................................................................................ Universidade do Estado da Bahia – UNEB Examinadora _____________________________________________________ Profª............................................................................ Universidade do Estado da Bahia – UNEB Examinadora
  • 4. Dedico a todas as crianças que estudam no Centro Estudantil Fundame, que os sonhos não deixem de abrigá-los, aos meus familiares, colegas e a meus filhos inspiração para a construção deste trabalho.
  • 5. AGRADECIMENTOS A DEUS em primeiro lugar por me dar sabedoria e discernimento para a realização deste trabalho. Aos meus pais, Eutalia e Valmir, grandes incentivadores, parte de tudo do que hoje sou. E, aos meus irmãos, Carine, Elizangela, Etiones, Livia, Valdeones, Valmivan, amigos e companheiros de todas as horas. Ao meu marido companheiro por compreender o difícil momento de distância na elaboração de minha monografia. Que mesmo distante se fez presente, com todo seu apoio e incentivo, contribuindo para que eu chegasse até aqui. Aos meus queridos filhos Ysnei e Varlei pelo amor, carinho, paciência e incentivo constante em todas as decisões importantes que tive que assumir. Agradeço aos meus sobrinhos por estarem sempre presente quando eu precisava. Aos professores e professoras do curso de Pedagogia do Campus VII que ao socializar seus conhecimentos me deram a oportunidade de concluir este trabalho. A UNEB-Universidade do Estado da Bahia e seus funcionários pelo carinho que sempre demonstram para comigo durante estes anos especialmente as bibliotecárias Maria e Margarida. À minha orientadora, Profª. Maria Elizabethe Souza Gonçalves e a Profª. Simone Wanderley, pelo apoio, paciência e dedicação em suas orientações. Aos funcionários do Centro Estudantil e da Fundação de Apoio a Criança e ao Adolescente Fundame, pelo apoio e compreensão nos momentos mais angustiantes na elaboração deste trabalho. Ás amiga e Pedagogas, Jacira Lola, Viviane Santos, Jeane Lola, Amanda Feitosa, Eliciene Trindade e Aurelina grandes amigas. Todas juntas fomos fortes e conseguimos atenuar a caminhada. E meus mais sinceros agradecimentos mais que especial as minhas Amigas e irmãs Jeane Lola e Lívia soares pelas inestimáveis contribuições e por estarem juntos a mim nestes dias de aflição, angustias e lagrimas. Sem vocês eu não teria conseguido. Valeu!
  • 6. EPÍGRAFE “O ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo ( a mesma história ou outra). Afinal, tudo pode nascer dum texto!” ABRAMOVICH
  • 7. RESUMO Esse trabalho de conclusão de curso teve como objetivo identificar as compreensões dos professores da educação infantil do Centro Estudantil Fundame (CEF) sobre a Literatura Infantil e a Importância de Contar Historias no desenvolvimento cognitivo dos alunos. Essa pesquisa teve como aporte teórico: Coelho (2000), Pires (2000), Bettlheim (2007), Abramovich (1989), Lajolo e Zilberman (2004), Gentille e Alencar (2005), Ludke e Andre (1986), Cruz Neto (1994), Gil (1991), Minayo (2004), Machado (2001), e tantos outros que nos deram embasamento teórico para a realização dessa pesquisa. A metodologia utilizada foi à qualitativa, por nos possibilitar uma maior interação com os sujeitos. Tivemos como instrumentos de coleta de dados: observação participante, questionário fechado, e a entrevista semi- estruturada. Com o auxilio desses instrumentos conseguimos fazer algumas reflexões sobre a problemática proposta, onde constatamos que a maioria dos sujeitos da pesquisa compreende a importância da literatura infantil no desenvolvimento cognitivo das crianças, porém, a freqüência com que esses momentos de prazer e aprendizado ocorrem e de maneira esporádica, e descompromissada, por parte de algumas professoras. Contudo, ressaltamos que algumas professoras procuram realizar um trabalho criativo, dinâmico, porém ainda há um longo caminho a percorrer, no sentido uma prática mais consciente, que alcance os alunos e suas vivencias de modo integral. Palavras-chave: Literatura Infantil. Educação Infantil. Prática Docente
  • 8. ABSTRACT This course conclusion work aimed to identify teachers' understandings of early childhood education Fundame Student Center (EFC) on the Children's Literature and the Importance of Telling Stories in the cognitive development of students. This research was theoretical: Rabbit (2000), Pires (2000), Bettlheim (2007), Abramovich (1989), Lajolo and Zilberman (2004), and Alencar Gentille (2005), Ludke and Andre (1986), Cruz Neto (1994), Gil (1991), Minayo (2004), Machado (2001), and many others who gave us theoretical basis for performing this research. The methodology was qualitative, by enabling us greater interaction with the subject. We as instruments of data collection: participant observation, closed questionnaire and semi-structured interview. With the aid of these tools we can make some reflections on the problematic proposal, which found that the majority of the research subjects understand the importance of children's literature in the cognitive development of children, however, the frequency with which these moments of pleasure and learning occur and sporadically, and uncompromising on the part of some teachers. However, we note that some teachers try to make a creative, dynamic, but there is still a long way to go towards a practice more aware that reach students and their livings so full. Keywords: Children's Literature. Early Childhood Education. Teaching Practice
  • 9. Sumário INTRODUÇÃO.......................................................................................................................11 CAPITULO I...............................................................................................................15 REFERENCIAL TEORICO.........................................................................................15 1 PASSENDO PELA EDUCAÇÃO INFANTIL ..............................................................15 1.1 O surgimento da literatura infantil no Brasil.........................................................17 1.2 A fantasia enquanto auxílio na formação da personalidade............................19 1.3 Pratica docente no trabalho com a literatura infantil .......................................23 CAPITULO II.............................................................................................................26 METODOLOGIA........................................................................................................26 2.1 Lócus da Pesquisa............................................................................................27 2.2 Os sujeitos.........................................................................................................27 2.3. Os instrumentos de Coleta de Dados............................................................28 2.3.1. Observação Participante...............................................................................28 2.3.2. Questionário Fechado...................................................................................28 2.3.3. Entrevista Semi-Estruturada........................................................................29 CAPITULO III.............................................................................................................30 ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS..........................................................30 3.1. Perfil dos Sujeitos.............................................................................................30 3.1.1. Gênero.............................................................................................................30 3.1.2. Formação dos Sujeitos..................................................................................31 3.1.3. Jornada de Trabalho......................................................................................31 3.1.4. Meios de Comunicações Utilizados..............................................................32 3.1.5. Tempo de atuação na Educação Infantil......................................................32 3.1.6. Vocação para atuar na Educação Infantil....................................................33 3.2. Analise da Entrevista Semi-Estruturada.........................................................33 3.2.1. Compreensão sobre Literatura Infantil........................................................34 3.2.2. A importância de se trabalhar com a literatura infantil..............................36 3.2.3. Despertando o gosto pela leitura através da literatura infantil..................37
  • 10. 3.2.4. A hora da história... Era uma vez... ..............................................................38 3.2.5. A literatura infantil contribuindo para o desenvolvimento da criança.....40 3.2.6. Espaço utilizado para a contação de histórias............................................42 3.2.7. A frequência com que são contadas às histórias para as crianças..........43 3.2.8. Materiais usados para ilustrar as contações de histórias.........................45 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................47 REFERÊNCIAS.....................................................................................48 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO FECHADO...........................................................50 APÊNDICE B - ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA...............51
  • 11. 11 INTRODUÇÃO A sociedade contemporânea passa por profundas transformações tecnológicas e estas modificações têm alterado a forma de viver da sociedade, influenciando a educação. O mundo globalizado e altamente informatizado tem roubado a cena de modos de ensinamentos e aprendizados construídos ao longo dos anos e compreendidos como adequados e eficientes para o desenvolvimento cognitivo e afetivo do aluno, como é o caso dos contos da literatura infantil. Esse fato se dá pela própria exigência do acompanhamento do professor ao desenvolvimento tecnológico, e ao ritmo frenético dos discentes. Entretanto, A literatura infantil é uma ferramenta de aprendizagem significativa que pode ser utilizada nas escolas com o intuito de colaborar na formação do indivíduo desde a mais tenra idade. Rossini (2003) fundamenta bem esse pensamento quando diz: Nossa missão é preparar nossos filhos e alunos para vida, por meio da vida; lembrar que hoje o mundo globalizado exige uma socialização cada vez mais intensa do ser humano, que deve ser cada vez mais bem equipado intelectualmente e preparado emocionalmente para conviver em harmonia com seu grupo social (2003, p.8) Tem crescido, portanto, a busca pelo conhecimento e informação sobre a literatura infantil, assim as práticas de leituras ou desenvolvimento de hábitos de ler passam a ser fundamental para a formação de cidadãos reflexivos e criticamente, mais atuantes. Nesta análise para que essa apreciação pelos contos de literatura ocorra, é importante que as crianças, os jovens e adultos se encontrem com diferentes formas de leitura, tenham a oportunidade de enriquecer, ampliar e transformar suas experiências de vida, pois a literatura por seu caráter prazeroso pode facilitar a compreensão da realidade. Abramovich, (1997) afirma que: Ao ler uma história a criança desenvolve todo um potencial critico. A partir daí ela pode pensar duvidar, se perguntar, questionar... Pode se sentir inquietado, cutucada, querendo saber mais e melhor ou percebendo que pode mudar de opinião... (p.125).
  • 12. 12 Diante disso percebemos que a literatura infantil desenvolve o senso critico no discente, tornando-o capaz de escrever e descrever a história que ouviu. Assim surge a preocupação com essa temática, pois não podemos deixar de salientar o papel do educador em classe como facilitador nesse processo de transformação e construção de identidade e de saberes, a atuação docente é um ato importante e transformador, porém essa atuação não deve vir somente para transferir, mas construir conhecimento. Cabe ao docente não apenas ensinar a ler corretamente, mas também levar o aluno a decifrar e compreender o texto, auxiliando-o na percepção do mundo. E a literatura infantil amplia e enriquece nossa visão, permitindo ao discente um posicionamento perante a realidade, incentivando o desenvolvimento crítico das condições e possibilidades do ser humano. É no contato com a literatura infantil na escola que o discente tem a oportunidade de desenvolver seu conhecimento, acompanhado de delicadezas e sonhos, proporcionando-lhe a participação e o relacionamento com os textos literários com a realidade em que vive. No entendimento de que o docente no uso da literatura infantil enquanto contador de história pode abrir horizontes, sendo um artista e no momento de suas leituras, desencadear o interesse do discente pela leitura e decifrar os códigos dos livros possibilitando a formação de um futuro leitor. Escola e docentes devem levar em conta que as crianças estão expostas a experiências interessantes em seu cotidiano, isso resulta numa melhor compreensão do mundo natural e social no qual estão inseridas, para que isso seja possível elas devem ser induzidas a desenvolver o gosto pela leitura, como principal função e propiciar o encontro entre crianças e livro de forma prazerosa. Conforme Abramovich (1997): É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que os narrativos provocam em quem as [ouve]... (p. 17) Dessa maneira a utilização da literatura no ambiente escolar constitui-se num suporte inigualável de grande valor educativo que pode levar o discente a constituição do seu próprio conhecimento, de expressar suas experiências de vida como também àquela que ainda adquirirá na convivência social.
  • 13. 13 Nesta perspectiva, em Coelho (2000) vamos encontrar o seguinte esclarecimento: [...] A escola é, hoje, privilegiada, em que deverão ser lançadas as bases para a formação do individuo. E nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, pois, eles estimulam o exercício da mente, a percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e, principalmente dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da expressão verbal significante e consciente, condição para a plena realidade de ser. (p. 16) Partindo dessa premissa foi que se identificou a necessidade de avaliar quais são as concepções dos professores da educação infantil do Centro Estudantil Fundame (CEF) sobre a Importância de Contar Historias no desenvolvimento cognitivo do discente. Pode-se considerar a relevância deste trabalho na medida em que o mesmo, sem querer esgotar as discussões sobre a temática proposta e nem dar respostas conclusivas, visa refletir acerca dos significados atribuídos pelos professores da Educação Infantil do CEF sobre o uso da literatura infantil nesse nível de ensino, conhecendo como se dão às significações sobre a temática no contexto local e trazendo a mesma para o ambiente acadêmico reforçando a importância do uso da mesma na melhoria da aprendizagem das crianças nessa idade escolar. Partindo dessas considerações o trabalho de pesquisa tem como objetivo analisar as compreensões que norteiam a pratica de contação de historia e qual a sua importância no desenvolvimento cognitivo da criança. Utilizaram-se como suporte principal os estudos de Abramovich (1997), o qual nos faz refletir sobre a importância e a necessidade de ouvir muitas, mas muitas histórias mesmo. A metodologia aplicada foi à pesquisa qualitativa, pois segundo Nascimento, (2005) a pesquisa qualitativa serve para emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea, sendo utilizada quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação. Para se realizar uma pesquisa, é preciso promover confronto entre dados, evidências, informações coletadas sobre determinado assunto e do conhecimento teórico acumulado a respeito dele.
  • 14. 14 A análise de dados tende a seguir um processo indutivo, partindo do mínimo, até chegar a conclusões maiores. Na pesquisa qualitativa o significado que as pessoas dão as coisas e a sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador. Organizou-se esse trabalho em três capítulos. No primeiro capitulo faz se referencia a Educação Infantil, dentro deste capitulo ainda faz-se uma abordagem critica do surgimento da Literatura Infantil no Brasil, a fantasia enquanto auxílio na formação da personalidade e por ultimo pratica docente no trabalho com a literatura infantil. No Segundo capitulo é trabalharam-se os pressupostos metodológicos, pautado em algumas considerações entendidas como importantes durante a pesquisa, que contribuíram para análise de dados: a metodologia utilizada, os instrumentos de coleta de dados, o desenvolvimento de algumas etapas cumpridas, os sujeitos da pesquisa e uma breve descrição da instituição. No ultimo capitulo, a Análise de Dados, o material coletado nas entrevistas com as professoras é devidamente discutido, a fim de que se conseguisse responder à nossa questão de pesquisa.
  • 15. 15 CAPITULO I REFERENCIAL TEORICO 1. PASSEANDO PELA EDUCAÇÃO INFANTIL Nos dias de hoje pode-se notar a fragilidade existente no atendimento a Criança no sentido de educação infantil, esta que se constitui um dos níveis mais frágeis da educação, tanto pela sua clientela como também pela sua presença historicamente nova dentro dos moldes educacionais brasileiros. No Brasil o atendimento à infância remonta mais de cem anos, todavia, a real inclusão ao atendimento de crianças de zero a seis anos de idade (creches e pré-escola) no sistema educacional regular é um fato ainda mais recente, previstos no final da década de 80 do século IX através da constituição federal de 1988, e consolidado pela lei de diretrizes e bases da educação nacional de 1996, garantindo a educação como direito e dever do estado. A partir desta lei fica evidente que a criança passa ser vista como um ser pertencente à sociedade com necessidades especifica, havendo um reconhecimento de um atendimento pedagógico e não apenas de cuidados exigidas pela pouca idade.Observa-se que depois de uma nova legislação,inúmeras perguntas vem se avolumando. Para complementar o que tem-se dito toma-se as considerações de Guimarães (2005) Cresce a consciência no mundo inteiro, sobre a importância da educação das crianças de 0 a 6 anos, em estabelecimentos específicos como orientações e práticas pedagógicas apropriadas, como decorrência das transformações socioeconômicas verificadas nas últimas décadas, e também apoiada em fortes argumentos consistentes advindos das ciências que investigam o processo de desenvolvimento da criança (p. 44). Neste sentido pode-se notar a relevância da educação infantil principalmente nas ultimas décadas, contudo, a educação infantil no Brasil tem uma trajetória muito recente e foi aplicada, mesmo sem ter uma legislação específica.
  • 16. 16 Desde a década de 30 do século XX quando aparece a necessidade de formar mão de obra qualificada para o processo de industrialização do país. O atendimento a crianças ao longo da história tem demonstrado significativa fragilidade, segundo afirma Abramovich e Kramer (1991), as primeiras instituições de atendimento à infância, surgiram a partir do século XVII com caráter assistencialista. Em que a educação oferecida assumia apenas um caráter compensatório, esta característica reforçou a tônica preconceituosa desse atendimento. Não pode-se deixar de fora a ótica pela qual se têm das instituições de educação infantil que são freqüentemente chamadas de “escolinhas” e até os nomes de algumas delas são tão infantilizados, a partir da visão do adulto, que só contribuem para confundir ainda mais o imaginário das pessoas em relação ao papel da educação durante a infância, deste ponto de vista o inconsciente da massa encontra-se bitolado de uma menor importância por conta dessa inferiorização prejudicando também na construção de políticas publicas para esse nível educacional. Princípios como a maternagem, que acompanharam a história da Educação Infantil, desde seus primórdios, segundo o qual bastava ser mulher para assumir a educação da criança pequena e a socialização, apenas no âmbito doméstico, impediram a profissionalização da área. (KISHIMOTO; 2002, p. 07). Além disso, aspectos que refletem uma noção retrógrada do que deve ser a Educação Infantil no século XXI e contribuem para mantê-la como a mais inferior e politicamente desqualificada do sistema educacional na área ou apenas o assistencialismo como acontece em creches e a real aprendizagem deixada ao escanteio por conta da fragilidade historicamente construída acerca deste nível de ensino. Sendo assim, ao longo de sua existência a pré-escola tem apresentado algumas tendências, na pretensão de compensar as carências existentes nas crianças e acabam prejudicando a qualidade do trabalho educativo por ser visto apenas como assistência aos pobres e carentes. Por isso, torna-se imprescindível um profissional qualificado e reflexivo, ciente de que a assistencialista não pode mais sobrepor à dimensão pedagógica que ela comporá e que essa dimensão é
  • 17. 17 constitutiva do trabalho docente. Neste sentido encontramos nos Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil o seguinte: A intenção de aliar uma concepção de criança à qualidade dos serviços educacionais a ela oferecidos implica atribuir um papel específico a pedagogia desenvolvida nas instituições pelos profissionais de educação infantil. (...) profissionais da educação infantil precisam desenvolver, ao lado do estudo das diferentes áreas de conhecimento que incidem sobre essa faixa etária, a fim de subsidiar de modo consciente as decisões sobre as atividades desenvolvidas, o formato de organização do espaço, do tempo, dos materiais e dos agrupamentos de crianças. (BRASIL; 2008) Pode-se notar que o discurso destes parâmetros estão fundamentados nos principais teóricos sobre o assunto haja visto que, por ser recente as discussões e legislações as mudanças não ocorrem de imediato e sim com o passar do tempo contudo não podemos deixar de apontar o ar romântico tido no texto dos parâmetros e que coloca ainda muito da carga de responsabilidade no educador que por muitas das vezes não tem uma formação sólida perante mesmo a fragilidade existente sobre a temática. Neste sentido é que partimos também para uma discussão sobre formação docente, para melhor compreensão desse estudo e da importância da literatura infantil na educação infantil 1. 1 O surgimento da Literatura Infantil no Brasil Desde o século XVIII a literatura infantil já era utilizada na educação no Brasil, porém, não havia uma preocupação com a literatura voltada para o desenvolvimento da criança ou para a psicologia infantil. Os pedagogos e professores escreveram os primeiros textos para crianças e eles possuíam um forte intuito educativo. Somente a partir do século XIX foram definidos tipos de livros que despertassem o interesse das crianças e instituições envolvidas com educação de crianças passaram a determinar o uso de livros que fossem atrativos para elas. (LAJOLO e ZILBERMAN, 1988). Passa a existir um grande contingente de consumidores de bens culturais e o conhecimento passa a ser importante para o novo modelo social. Inicialmente, essa literatura foi utilizada no campo escolar com o objetivo de ensinar conteúdos da
  • 18. 18 língua portuguesa, ou seja, como um recurso especificamente didático, concedido para a população que possuía maior renda social (LAJOLO E ZILBERMAN, 2004). No decorrer do tempo à literatura infantil foi ganhando especial atenção no tangente a sua colaboração na construção do ser enquanto cidadão, pois incutia no sujeito por meio de histórias, o que vinha ser a sociedade, os valores éticos e os costumes do povo (GREANEY, 1996). De acordo com Sandroni (1998): Até os fins do século XIX, a literatura voltada para crianças e jovens era importada e vendida no mercado disponível apenas para a elite brasileira, constituindo-se principalmente de traduções feitas em Portugal, pois, no Brasil ainda não havia editoras e os autores brasileiros tinham seus textos impressos na Europa. (p. 11). O publico estava ávido por produtos culturais dos novos tempos, e como a sociedade sofria transformações e se firmava o desenvolvimento das traduções e adaptações de obras para o público infanto juvenil, começa à compreensão de uma literatura nacional própria para criança brasileira que necessitava se instruir. Lajolo e Zilberman, (1988) relatam que o ato de contar história surge no momento em que o homem sentiu o desejo de comunicar aos outros alguma experiência sua. Esse processo tem seu início a partir dos primórdios quando passaram a registrar nas cavernas por meio de pinturas rupestres ações vivenciadas por eles. Segundo Coelho (2000): A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, as idéias e sua possível/impossível realização (p.27). Assim, entendemos que a literatura infantil é uma necessidade na vida dos indivíduos, ela requer acima de tudo que haja uma linguagem especifica, uma linguagem próxima da criança e do adolescente para quem ela é voltada. A literatura infantil é uma forma prazerosa de levar conhecimento para crianças e jovens, através desta leitura, eles podem sorri imaginar, inventar o mundo novo, oportunizando a cada leitor um sentido de mundo único, sem fugir é claro de
  • 19. 19 sua realidade, mas ajudando-o a distinguir essa realidade sem prejuízos a sua formação e aprendizagem, o papel da escola e do professor merece destaque na medida em que proporcionam esse entendimento de mundo a seus alunos. Para Pires (2000): Literatura infantil torna-se, deste modo, imprescindível. Os professores dos primeiros anos da escola fundamental devem trabalhar diariamente com a literatura, pois esta se constitui em material indispensável, que aflora a criatividade infantil e desperta as veias artísticas da criança. Nessa faixa etária, os livros de literatura devem ser oferecidos às crianças, através de uma espécie de caleidoscópio de sentimentos e emoções que favoreçam a proliferação do gosto pela literatura, enquanto forma de lazer e diversão. (p. 43). A valorização da literatura infantil é antes uma necessidade de buscar compreender como esta arte é fundamental para formação do individuo em busca de uma identidade. 1.2 A fantasia enquanto auxílio na formação da personalidade No final do século XVII surgiram os primeiros livros destinados a crianças e estes eram escritos por pedagogos no afã de que estas aprendessem os valores e compreendessem a realidade social. Coelho, (2000) mostra-nos que a literatura é uma arte que se utiliza da criatividade para representar o mundo, o homem e a vida através da palavra. Onde o sonho e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível realização se fundem. Não devemos compreender a utilização da literatura infantil apenas pelo seu caráter pedagógico, didático ou ainda como estímulo à leitura. Mas também como instrumento fundamental ao exercício do imaginário através do seu poder de encantamento que conduz o público infantil a adentrar no maravilhoso mundo da fantasia.
  • 20. 20 Abramovich, (1989) expressa que a literatura por meio do conto convoca à criança a “experienciar e superar um problema”, seguindo para o amadurecimento. Esse processo se dá na vivência por meio da fantasia, do imaginário e no processo interventivo de entidades fantásticas. Bettlheim, (2007) relata que o conto pode apresentar de modo disfarçado envolto pelo maravilhoso mundo da imaginação sentimentos internos da criança, tais como: raiva, esperteza e persistência para enfrentar às dificuldades, e ainda apresenta em seus personagens características natas da criança tais como imaturidade. No momento em que o discente se encontra com o mundo imaginário, e pode de modo seguro para si, realizar suas fantasias este está amadurecendo e enfrentando de certo modo, as dificuldades internas e sociais da sua vida real. De sorte que a literatura exerce para o discente a função de fio condutor, pois o transporta num movimento de ida e volta do real para o imaginário e vice-versa. Bettelheim, (2007) afirma que o conto ao tempo em que diverte o discente, possibilita o desenvolvimento da própria personalidade, fornecendo em níveis diferentes, significados que enriquecem a existência da criança por meio da diversidade de contribuições que os contos oferecem. A literatura infantil de certo modo, tem ligação com os dilemas enfrentados no cotidiano da vida seja na fase adulta ou na infância onde começam surgir situações que necessitem o exercício da defesa inerente para resolução de conflitos presentes no dia-a-dia das crianças. Desse modo, a literatura apresenta sua contribuição para formação da criança em relação ao estranho mundo que está à sua volta. Abramovich, (1989) relata que: Os Contos de Fadas mantêm uma estrutura fixa. Partem de um problema vinculado à realidade, que desequilibra a tranqüilidade inicial. O desenvolvimento é a busca de soluções, no plano da fantasia, com a introdução de elementos mágicos. A restauração da ordem acontece no desfecho da narrativa, quanto há uma volta ao real. Valendo-se desta estrutura, os autores, de um lado, demonstram que aceitam o potencial imaginativo infantil e, de outro, transmitem à criança a idéia de que ela não pode viver indefinidamente no mundo da fantasia, sendo necessário assumir o real, no momento certo. (p.120)
  • 21. 21 Conforme Borges, (1994) quando se pensa na formação do ser humano, é inesgotável a importância da literatura, pois promove o desenvolvimento da inteligência e da afetividade, e contribuem no entendimento do equilíbrio entre razão e emoção, utilitário e estético. É a palavra escrita que se atribui à maior responsabilidade concernente à formação da consciência de mundo no qual a criança está inserida podendo explorar tudo a sua volta (COELHO, 2000). A criança, por meio das histórias, consegue encontrar maneiras de resolver seus conflitos. Por meio da imaginação, a criança brinca, foge da realidade que se encontra, pois as histórias têm efeito anestésico, portanto, todas as crianças que participam da atividade de contação de histórias são beneficiadas. O poeta alemão Schiller (apud BETTELHEIM, 1980, p. 14) dizia que: “há maior significado profundo nos contos de fadas que me contaram na infância do que na verdade que a vida me ensina.” Ainda Segundo Bettelheim (1980), uma criança não alcança uma compreensão racional do que acontece em sua vida, sendo assim, ela preenche essas lacunas com suas fantasias. Os contos de fadas contribuem para o desenvolvimento da criança, estimulando o imaginário, ampliando a visão de mundo, ajudam a criança a interiorizar de maneira equilibrada alguns sentimentos, confortam e acalentam. A criança, na perspectiva de Steiner (2002), que se alimenta das imagens dos contos de fada pode se desenvolver de forma mais harmônica e se transformar em uma criança menos cansada e entediada. Estudos de Tanouye (2005 apud CARVALHO, 2008 p. 32) mostram que os contos de fadas possibilitam à criança uma influência benéfica em seu desenvolvimento, facilitando o vivenciar das dificuldades, numa perspectiva de superação, por meio do trabalho com conteúdos que apresentam muitos tipos de conflitos, como: morte, envelhecimento, luta entre bem e mal, inveja, abandono etc., quase sempre buscando desfechos otimistas. Oferecem uma aprendizagem que a criança capta de modo intuitivo, o que se torna possível, pelo fato de as histórias serem carregadas de elementos simbólicos e, caso haja verdadeira identificação com os personagens, ela poderá insistir muitas vezes na sua repetição, até que a história ofereça maiores significados ao conflito vivenciado.
  • 22. 22 De acordo com Bettelheim (1980), os contos enfocam um ego em formação e ajudam a encorajar o desenvolvimento da criança, haja vista serem caracterizados por simplicidade e facilidade de comunicação, situações humanas parecidas, sem exigências sobre-humanas (presentes nos mitos) que poderiam levar, no caso de uma criança pequena, a sentimentos de inferioridade. As histórias bonitas ou feias têm sempre muita importância para a formação do ser humano, pois segundo Dieckmann (1986, p. 49) “[...] As figuras e feições, como também a ação do conto, são vividas não mais como acontecimento real do mundo, exterior, mas como personificação de formações e evoluções interiores da mente”. A história deve descrever todos os aspectos da personalidade e dar importância às qualidades das crianças e promover, ao mesmo tempo, a confiança em si mesma e no futuro. Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam (BETTELHEIM, 1980 p.13) A criança com seu olhar atento e curioso, olha o mundo, ouve, vê, colhe significados, registra, dá respostas. A partir das histórias que escuta e experiências que vivencia vai descobrindo o mundo e se descobrindo nele, e nessa descoberta vai formulando ideias e conceitos. Ainda segundo Bettelheim (1980), quando as histórias que as crianças escutam ou lêem são vazias, elas não têm acesso a um significado mais profundo de relações e de experiências e não depreende nada realmente significativo que possa ajudá-la nas etapas de seu desenvolvimento. Através das histórias infantis a criança pode despertar a criatividade, a autonomia e a criticidade da criança. Portanto, a contação de histórias ajuda a desenvolver nas crianças uma postura investigativa tornado-as assim capazes de construir planejamentos que considerem a pluralidade, diversidade étnica, religiosa, cultural, identidade e autonomia, ou seja, que levem a um conhecimento do mundo. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI:
  • 23. 23 “é também por meio da possibilidade de formular suas próprias questões, buscar respostas, imaginar soluções, formular explicações, expressar suas opiniões, interpretações e concepções de mundo, confrontar seu modo de pensar com os de outras crianças e adultos, e de relacionar seus conhecimentos e ideias a contextos mais amplos, que a criança poderá construir conhecimentos cada vez mais elaborados”. (BRASIL, 1998, p.172). 1.3 Prática docente no trabalho com a literatura infantil A literatura infantil tem feito um papel multidisciplinar muito importante, ela pode e deve ser adaptada para ser utilizada como ferramenta de aprendizagem em qualquer disciplina. Atualmente o uso de historias na escola busca unir a literatura prazerosa para crianças e adolescentes a conhecimentos didáticos, é o caso dos livros que contam histórias sobre a utilização da matemática, experimentos científicos, sobre a poluição do meio ambiente entre outros. Uma das grandes possibilidades que a leitura infantil garante ao individuo é sua familiarização com a oralidade e a importância da língua materna, é a utilização da palavra como fonte de expressão de conhecimento. O conto faz parte da própria historia do desenvolvimento humano, assim este artefato cultural está articulado diretamente com os acontecimentos, os processos e os ideários de uma época, deixando clara sua contribuição multidisciplinar. Abramovich (1997) ressalta que: Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo [....] Podemos, assim, começar a compreender a importância da Literatura Infantil no desenvolvimento cognitivo das crianças. Ser leitor é o meio para conhecer os diferentes tipos de textos, de vocabulários. É uma forma de ampliar o universo lingüístico. (p.16) É de suma importância a forma de se contar uma história para a criança, é preciso que ela seja desperta para interagir, expressando suas preferências pelos personagens por exemplo. Chamar a atenção da criança, de modo que seu olhar se volte para o mundo encantado que a história lhe propõe, através de ilustrações,
  • 24. 24 insumos, indumentárias, sons, cores e imagens; e levá-la a buscar algo novo, construindo sua própria análise dos contos, pois cada criança tem sua própria percepção e modo de interpretar as situações que estão presentes nas histórias; cada um vai aprendendo do seu jeito. Destarte é determinante o fato de ser o professor um agente colaborador para o processo de aprendizagem, assim, ele deve estar a par das teorias que envolvem a utilização da Literatura Infantil dentro do ambiente escolar, tirando o melhor proveito possível desta ferramenta para buscar uma nova mentalidade dentro da educação. Segundo Coelho (2000) ela deve ser utilizada: (...) Como objeto que provoca emoções, dá prazer ou diverte e, acima de tudo, modifica a consciência de mundo de seu leitor, a literatura infantil é arte. Sobre outro aspecto, como instrumento manipulado por uma intenção educativa, ela se inscreve na área da pedagogia (p.46). O acompanhamento sistemático voltando à leitura com objetivos previamente estabelecidos, pode influenciar positiva ou negativamente no despertar da criança para a leitura, desse modo, é importante que ao lado de atividades livres, os professores se preocupem em transformar a habilidade de contar histórias em aprendizagem significativa, criando situações e métodos que possibilitem identificar os diversos problemas individuais de compreensão direcionando os alunos para um determinado ponto. O docente no uso da literatura infantil enquanto contador de história pode abrir horizontes, sendo um artista e no momento de suas leituras, além de desencadear o interesse do discente pela leitura e decifrar os códigos dos livros possibilitando a formação de um futuro leitor. Escola e docentes devem levar em conta que as crianças estão expostas a experiências interessantes em seu cotidiano, isso resulta numa melhor compreensão do mundo natural e social no qual estão inseridas, para que isso seja possível elas devem ser induzidas a desenvolver o gosto pela leitura, como principal função e propiciar o encontro entre crianças e livro de forma prazerosa. Conforme Abramovich (1997):
  • 25. 25 É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que os narrativos provocam em quem as [ouve]... (p. 17) Dessa maneira a utilização da literatura no ambiente escolar constitui-se num suporte inigualável de grande valor educativo que pode levar o discente a constituição do seu próprio conhecimento, de expressar suas experiências de vida como também àquela que ainda adquirirá na convivência social. Nesta perspectiva, Coelho (2000) nos exorta: [...] A escola é, hoje, privilegiada, em que deverão ser lançadas as bases para a formação do individuo. E nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, pois, eles estimulam o exercício da mente, a percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e, principalmente dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da expressão verbal significante e consciente, condição para a plena realidade de ser. (p. 16) Nesta ótica a atuação do professor é um ato importante e transformador, porém essa atuação não deve vir somente para transferir, mas construir conhecimento cabe ao docente não apenas ensinar a ler corretamente, mas também levar o aluno a decifrar e compreender o texto, auxiliando-o na percepção do mundo. E a literatura infantil amplia e enriquece nossa visão, permitindo ao discente um posicionamento perante a realidade, incentivando o desenvolvimento crítico das condições e possibilidades do ser humano. É no contato com a literatura infantil na escola que os alunos têm a oportunidade de desenvolver seu conhecimento, acompanhado de delicadezas e sonhos, proporcionando-lhe a participação e o relacionamento com os textos literários, e com a realidade em que vive de maneira reflexiva e sendo autor de sua história.
  • 26. 26 CAPITULO II METODOLOGIA O trabalho aqui proposto volta-se para as experiências e vivências dos docentes que lecionam no Centro Estudantil Fundame (Fundação de Apoio a Criança e ao Adolescente), a opção pela instituição não se limita à sua estrutura física, mas principalmente às observações das relações internas, e amplia-se ao contexto social. Desse modo, adotamos a pesquisa qualitativa em busca de um melhor alcance dos resultados em busca de elucidar a problemática apresentadas neste estudo. Nascimento, (2005) descreve que a pesquisa qualitativa serve para emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea, sendo utilizada quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação. Para se realizar uma pesquisa, é preciso promover confronto entre dados, evidências, informações coletadas sobre determinado assunto e do conhecimento teórico acumulado a respeito dele. Ludke e Andre (1986) expressa muito bem essa questão quando diz: Um princípio básico desse tipo de estudo é que, para uma apreensão mais completa do objeto, é preciso levar em conta o contexto em que ele se situa. Assim, para compreender melhor a manifestação geral de um problema, as ações, as percepções, os comportamentos e as interações das pessoas devem ser relacionados à situação específica, onde ocorrem à problemática determinada a que estão ligadas. (p. 19) Se os indivíduos são significativamente influenciados pelo contexto em que se situam, então qualquer tipo de pesquisa que desloca o indivíduo de seu ambiente natural, negando a influência do contexto, deixa de compreender o fenômeno estudado em sua totalidade.
  • 27. 27 2.1 Lócus da Pesquisa Esta pesquisa foi realizada no Centro Estudantil Fundame (Fundação de Apoio a Criança e ao Adolescente) está situado à Rua 02, Quadra B, nº. 49 Casas populares na cidade de senhor do Bonfim, Bahia. Fundação de apoio a Criança e ao Adolescente instituição que tem caráter filantrópico com formação cristã evangélica, sem fins lucrativos, sendo seu objetivo, promover assistência social, educacional e religiosa às crianças e aos adolescentes menos favorecidos da cidade de Senhor do Bonfim. Esta Fundação é mantida por meio de verbas, convênios e doações dos seguintes órgãos: Programa Conexão Vida, PMSB Prefeitura Municipal de Senhor do Bonfim, Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte – SEMEC. Também, contamos com o apoio de Mantenedores Voluntários e da Igreja Presbiteriana 1º de Maio. Uma parte dessas doações é destinada ao Centro Estudantil Fundame, fundado em 01 de abril de 1990. Por membro da Igreja Presbiteriana 1º de Maio, municipalizou-se em 2005. A Unidade conta atualmente com 07 docentes, 01(uma) diretora, 01(uma) coordenadora, 02 merendeiras e 03 funcionários de apoio, Sendo composta por: 05 (cinco) salas para aulas, 01(um) secretaria, 01(um) diretoria, 01(um) escritório, 01(um) biblioteca, 01(um) refeitório, 01(um) cozinha, 01(um) almoxarifado, 03 (três) banheiros, jardim e campo amplo, destinado à recreação dos alunos e outras atividades. 2.2. Os sujeitos No Brasil a literatura é rica e varia de região para região, com tanta riqueza podemos facilitar ainda mais que crianças, jovens e adultos, possam refletir e descobrir o fabuloso, a fantasia, o imaginário e o mistério das histórias infantis. No ambiente escolar o docente é o elemento chave para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social do discente, partindo desse pressuposto, os sujeitos da nossa pesquisa foram 7 (sete) docentes que lecionam nos turno matutino e vespertino, no Centro Estudantil Fundame, no município Senhor do Bonfim-bahia. Ressaltamos que a escolha pelos entrevistados se deu de modo aleatório dentre aquelas que
  • 28. 28 trabalham no local pesquisado. Pontuamos que, a colaboração dos sujeitos foi de suma importância para o desenvolvimento dessa pesquisa. 2.3. Os instrumentos de Coleta de Dados Buscando compreender e interpretar a questão apresentada, utilizamos como instrumentos de coleta de dados: Observação participante, questionário fechado e entrevista semi-estruturada. 2.3.1. Observação Participante Através da observação participante foi possível perceber o trabalho desenvolvido pelos sujeitos, nos faz chegar aos questionamentos, respostas e reflexões levantadas no decorrer dessa pesquisa. Sobre o uso desse instrumento Cruz Neto (1994) diz: A técnica de observação participante se realiza através do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seu próprio contexto. O observador, enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face a face com os obstáculos. (p.29) O processo de observação aconteceu de forma agradável, numa parceria entre ambas as partes. 2.3.2. Questionário Fechado Segundo Marconi e Lakatos (2000), o questionário é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença de investigador. A opção pelo questionário foi feita pela necessidade de levantar dados que permitissem traçar o perfil dos entrevistados, buscando posteriormente delinear os sujeitos em seus aspectos sociais, psicológicos e culturais.
  • 29. 29 O questionário fechado visa resgatar as seguintes variáveis: a idade, sexo, escolaridade, situação econômica, profissão de cada profissional, entre outros e possibilita conhecer o perfil dos profissionais envolvidos na pesquisa. 2.3.3. Entrevista Semi-Estruturada Convencionalmente a entrevista é considerada um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional (MARCONI e LAKATOS, 2000 p. 195). A entrevista semi-estruturada foi o principal instrumento utilizado nessa pesquisa, tendo em vista que a mesma permite a aquisição de informações dos sujeitos acerca dos fenômenos pesquisados no âmbito das aspirações e sentimentos, sem deixar de estar atento ao contexto. Nesse instrumento foram entrevistados os profissionais do “Centro Estudantil Fundame” no município de Senhor do Bonfim-Ba. As informações foram obtidas através de um roteiro de questões fechadas que possibilitou um espaço de interação com os profissionais. As entrevistas foram realizadas em encontros individuais com professores, sendo gravadas as falas, minuciosamente para posterior análise.
  • 30. 30 CAPITULO III ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Todo esse processo de pesquisa nos fez chegar a essa fase, que é a analise e interpretação dos dados, pois a mesma é de suma relevância para uma reflexão mais crítica do tema proposto, a fim de se chegar ao objetivo que é identificar as compreensões que os professores da educação infantil têm sobre a contação de histórias para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Segundo Gil (1991): O processo de analise dos dados envolve diversos procedimentos: Codificação das respostas, tabulação dos dados, e calculo estáticos... Pode ocorrer também a interpretação dos dados. (p.102) A princípio, traçamos o perfil dos sujeitos da pesquisa, tendo como aporte as informações coletadas no questionário fechado aplicado, em seguida passaremos a discutir sobre as respostas dos professores, través da observação participante e da entrevista semi-estruturada. 3.1. Perfil dos Sujeitos Os sujeitos dessa pesquisa foram sete professores da educação infantil. Para traçar o perfil dos entrevistados utilizaremos as respostas contidas no questionário fechado e a demonstração nos gráficos. 3.1.1. Gênero Gráfico n°1 100% FEMININO Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim – BA/ mar.2012
  • 31. 31 Percebemos no gráfico que 100% dos entrevistados são do sexo feminino. Isso reforça o contexto atual, onde a mulher tem ocupado espaço em vários setores da sociedade e principalmente na área educacional. 3.1.2. Formação dos Sujeitos Gráfico nº 2 Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim – BA/ mar.2012 Conforme o gráfico, 43% dos sujeitos possui nível superior em pedagogia e 43% Já tem especialização em educação infantil e psicopedagogia, 14% possui apenas o magistério. Diante desses dados percebemos um maior empenho dos professores na sua formação acadêmica. É importante que haja essa busca pelo conhecimento e o aperfeiçoamento profissional, já que estamos inseridos numa sociedade de intensa qualificação em todos os níveis e em todas as áreas. 3.1.3. Jornada de Trabalho Gráfico nº 3 Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim – BA/ mar.2012
  • 32. 32 Visualizamos no gráfico, que 72% das professoras possuem carga-horaria de 40 horas e 14% 20 e 60 horas. Percebemos uma dupla e tripla jornada de trabalho por parte dos profissionais, o que nos faz pensar se esse desdobramento não vem influenciar no tempo em que estes professores têm em planejar e desenvolver o trabalho com a literatura infantil e outros, tantos recursos e disciplinas em sala de aula. 3.1.4 Meios de Comunicações Utilizados Gráfico nº 4 29% 71% JORNAIS,REVISTAS,LIVROS E TV. JORNAIS,REVISTAS,LIVROS , TV e INTERNET Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim – BA/ mar.2012 Percebe-se que 71% das professoras utilizam jornais, revistas, livros, TV, internet; buscando uma maior variedade de informações, enquanto que 29% usam jornais, revistas, livros e TV, demonstrando assim, que ainda há aqueles que por algum motivo não conseguem se adaptar aos avanços da informática, ou seja, da internet. 3.1.5. Tempo de atuação na Educação Infantil Gráfico nº 5 29% 71% 6 à 10 anos Mais de 10 anos Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim – BA/ mar.2012
  • 33. 33 Segundo o gráfico, 29% das professoras, atuam na educação infantil entre 6 a 10 anos, e 71% já trabalham a mais de 10 anos, o que demonstram terem experiência nessa área, além de ser relevante para desenvolvimento da temática pesquisada. 3.1.6. Vocação para atuar na Educação Infantil Gráfico nº 6 100% TODOS Fonte:questionário aplicado aos professores do(CEF), Senhor do Bonfim – BA/ mar.2012 Conforme os dados do gráfico, 100% das professoras dizem atuar nesse nível de ensino por vocação, o que é de suma importância para a realização de um trabalho produtivo e significativo. Como ressalta Gentili e Alencar (2003): “Magistério não é sacerdócio, todos já sabemos. Mas é missão. Profissão de Fe. Tarefa grandiosa que se escolhe e leva adiante, apesar dos sacrifícios”. 3.2. Analise da Entrevista Semi-Estruturada Para obtenção dos resultados dessa pesquisa, utilizamos a entrevista semi- estruturada, fazendo uso do gravador, e em seguida os dados foram transcritos na integra. A fala de cada sujeito será descriminada pela letra P e pelos algarismos arábicos (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7), para que a identidade das professoras seja mantida em sigilo. Sobre a entrevista Minayo (2004) pontua: [...] a entrevista não é simplesmente um trabalho de coleta de dados, mas sempre uma situação de interação na qual as informações
  • 34. 34 dadas pelos sujeitos podem ser profundamente afetadas pela natureza de suas relações com o entrevistador. (p.113) Os discursos das professoras foram divididos em categorias, para uma melhor compreensão do objeto de estudo. 3.2.1. Compreensão sobre Literatura Infantil A literatura infantil, em sim mesma faz articulação entre o mundo real e imaginário da criança, de maneira lúdica, espontânea, despertando em seus ouvintes e leitores a sensibilidade, o senso critico, gerando conscientização sobre o mundo em sua volta. Para Coelho (2000) a literatura destinada às crianças: “É o meio ideal não só para auxiliá-las nas várias etapas de amadurecimento que medeiam entre a infância e a idade adulta”. (p.43). Analisando as respostas obtidas, foi possível perceber as compreensões dos professores sobre a literatura infantil. Para mim, literatura infantil é reconto de fabulas. (P1) São livros voltados para crianças. (P2) Histórias infantis que as crianças ouvem da vovó, titias e mamães. (P3) É mais que contar histórias... É você fazer com que as crianças se encantem pelo mundo dos livros. (P4) Literatura infantil é algo prazeroso, gostoso e voltado para crianças. (P5) Percebemos, através de alguns discursos que a literatura infantil, ainda é vista como algo superficial, sem atribuir o devido valor que a mesma representa. No discurso da P1, encontramos uma concepção limitada reconto de fabulas, ou seja, não é explorado o universo, e os recursos disponíveis na literatura infantil. Como destaca Machado (2001p. 41 ): “A literatura infantil nas escolas deve despertar o gosto pela leitura, pois a mesma pode proporcionar fruição, alegria e encanto, quando trabalho é feito de forma significativa”.
  • 35. 35 A fala da P3 nos chamou muito atenção, pois a mesma atribui a literatura infantil como algo a ser utilizado no seio familiar, sem citar em nenhum momento a importância de se trabalhar com a literatura na escola, deixando as crianças aléia a esses momentos tão prazerosos e fundamentais para sua formação tanto nos aspectos físicos como cognitivos. Como pontua Coelho (2000): A literatura, e em especial a infantil tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação, a de servir como agente de formação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no dialogo leitor/texto, estimulado pela escola. (p.15) A escola, juntamente com seus professores, deve proporcionar e mediar esse encontro mágico, fantástico da literatura com as crianças, e, é claro, que é de suma importância a parceria da família nesse processo de humanização. Nos discursos da P4 e P5, percebemos uma visão mais ampla da questão da literatura e infantil, pois as mesmas discorrem o assunto com mais propriedade e entusiasmo que o mesmo merece. Porem observamos, que a compreensão de alguns professores sobre a literatura infantil ainda é restrita, o que nos inquieta, já esses profissionais são de algum modo os “responsáveis” em ampliar a visão de mundo desses discentes, e a literatura, é sem duvida a porta para grandes descobertas e possibilidades. Neste aspecto Candido (1989), nos diz com profundidade: [...] a literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos organiza, nos liberta do caos e, portanto nos humaniza. Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade. (p.122) A literatura tem essa influencia sobre a vida dos indivíduos. Ela amplia a visão de mundo, emancipa o indivíduo tornando-o critico, e questionador do modelo de sociedade no qual está inserido.
  • 36. 36 3.2.2. A importância de se trabalhar com a literatura infantil. O trabalho com literatura infantil envolve um contexto cheio de fantasia, magia, criatividade, descobertas, além de ser um importante recurso para o processo de ensino-aprendizagem. Veremos os discursos de alguns professores: E importante sim. Porque eles vivem um momento divertido de imaginação. P1 É importante, pois desperta a criatividade e vontade de aprender. P2 Sim. É importante trabalhar com a literatura infantil, pois a criança desenvolve vários eixos nesse período de formação como: A linguagem oral, escrita, vocabulário, vai saber expressar os seus sentimentos e desejos. P5 Sim. Porque além de trabalhar o imaginário da criança, vai também ajudar na formação de futuros leitores. P6 Percebemos nos discursos que todas as professoras demonstram compreender a importância de se trabalhar com a literatura infantil, o que é muito importante para o desenvolvimento deste trabalho na sala de aula. Para Coelho (2010, p. 18): “A literatura infantil: abertura para formação de uma nova mentalidade... Agente formador, por excelência”. Nos discursos da P5 e P6, notamos um leque de possibilidades atribuídas à literatura infantil, as mesmas dilatam mais a discussão trazendo características no que diz respeito ao desenvolvimento das crianças que tem acesso a esses meios literários.Como destaca Abramovich (1995) A literatura é arte, a literatura é prazer... que a escola encampe esse lado. É apreciar e isso inclui criticar... Se ler for mais uma lição de casa, a gente bem sabe que é que dá... Cobrança nunca foi passaporte ou aval para vontade de descoberta ou pro crescimento de ninguém. (p 148).
  • 37. 37 A autora traz uma reflexão sobre o trabalho com a literatura infantil, de forma lúdica, prazerosa, sem cobranças, pois a mesma faz o seu papel de (formadora) tornando o individuo agente de sua própria história. 3.2.3. Despertando o gosto pela leitura através da literatura infantil Despertar o gosto pela leitura é uma das qualidades da literatura, pois, as crianças se sentem tão próximas dos personagens, se identificam com as histórias e assim se interessam em saber ler os livros, e às vezes escrevem suas próprias histórias. Além, despertar para a compreensão da realidade, sem deixar de lado a fantasia, a emoção. Diante disso, buscamos através do discurso das professoras, perceber o interesse dos alunos pela leitura, despertados pela literatura infantil. Alguns sim. Gostam de ouvir histórias e só procuram livros do seu interesse. P2 Trabalho com desenhos, pintura, completa histórias, confecção de livrinhos. P3 Deixo-os pegarem os livros, folhear, trabalho com receitas, livros coloridos, reconto de histórias. P4 Naturalmente as crianças já despertam, já demonstram interesse pelas leituras. Deixando a criança bem à vontade com acervos de livros, gibis, revistas, diversos textos, biblioteca disponível na hora do conto, parlendas e musicas. P5 Trabalho na roda com recantos de histórias. Eles demonstram interesse em ouvir e folhear os livros. P7 Notamos nas falas das professoras, que os alunos demonstram interesse pelo universo da leitura de várias maneiras. Como no discurso da P2, em que os alunos procuram livros que realmente chamam a sua atenção, o que é de inteira compreensão, já que é esse um dos aspectos da literatura, motivar as crianças a fazerem suas próprias escolhas, através da leitura e contação das histórias. Conforme Coelho (2001): [....] a história é importante alimento da imaginação. Permite a auto- identificação, favorecendo a aceitação de situações desagradáveis, ajuda a resolver conflitos, acenando com a
  • 38. 38 esperança. Agrada a todos, de modo geral, sem distinção de idade, de classe social, de circunstancias de vida. (p.12). A P5 utiliza vários recursos literários com o intuito de tornar seus alunos interessados pela leitura. Esse acervo é muito interessante, já que disponibiliza para essas crianças diferentes formas e estilos de leitura. 3.2.4. A hora da história... Era uma vez... Quando se conta história, se resgata a tradição oral que existe muito antes das narrativas escritas. O contador encaminha seus ouvintes ao mundo de fantasias e emoções. Como diz Abramovich (1997): “É ouvindo histórias que de pode sentir emoções importantes como: tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, a insegurança, a tranqüilidade e tantas outras mais.” (p.42) Diante dessa constatação, observaremos os depoimentos das professoras sobre a contação de histórias na educação infantil. Procuro ler histórias com uma boa entonação de voz. Procuro sempre livros ilustrados. P1 Eu conto histórias, usando tudo que tem na sala, inclusive objetos dos alunos como: mochilas, lancheira, boné, e também fantoches, a depender do momento. P4 No momento do conto, ouvimos ou contamos histórias, utilizando o baú encantado, onde há uma boa quantidade de livros com diferentes formas e ilustrações bem atraentes. Deixo os alunos manusearem e olharem as figuras. Utilizo também mosquiteiro para fazer a tenda de leitura. P5 À hora de história se dar de várias maneiras, na roda de leitura, caracterização tanto por mim como pelos alunos, utilizamos, bonecos, avental, caixa mágica (onde há sempre uma nova história). P7 Foi possível perceber através da entrevista que as professoras fazem utilização de vários recursos para enriquecer a hora da contação de histórias. Observando a P1, vemos que a mesma se preocupa com a entonação da voz, de forma que a história seja compreendida pelos discentes de forma clara. Isso é muito
  • 39. 39 importante, pois é preciso que haja uma química entre o narrador e quem escuta o conto. Como pontua Coelho (2010): Contar histórias e uma arte, por conseguinte requer certa tendência inata, uma predisposição latente, alias, em todo educador, em toda pessoa que se predispõe a lidar com crianças... As emoções se transmitem pela voz, principal instrumento do narrador. (p.50) As professoras, através de seus depoimentos, deixam claro o empenho em transformar a hora da história em um momento único e prazeroso, onde as crianças são levadas a vários lugares e épocas, através da imaginação. Percebemos também que alem dos recursos disponíveis para o enriquecimento do conto, as prós usam coisas simples como os próprios objetos dos alunos, tornando possível criar e recriar histórias, como foram citados pela P4. Ainda Analisando o papel do contador de histórias Alice Prieto (apud. COELHO 2010 P.2) ressalta: ...Todos os elementos são sugeridos pela voz e pela mímica do narrador, que esquece seu rosto, dissimula “seu” corpo, esquece “sua” voz, para converter-se todo ele, em pincel e paleta, cor e som, forma e emoção. E a emoção chega aos pequenos. Neste sentido, percebemos o quanto tem sido importante para o crescimento emocional, intelectual e criativo das crianças a contação de histórias, por permitir um leque de possibilidades para o desenvolvimento cognitivo. E para que esse trabalho aconteça de forma significativa, o professor precisa compreender que está lidando com o lúdico dos alunos. Conforme Abramovich (1995): Lidam com toda uma ludicidade verbal, sonora, ás vezes musical, ás vezes engraçada, no jeito como vão juntando palavras, fazendo com que se movam pela pagina quase como uma cantiga, e ao mesmo tempo jogando os significados diferentes que uma palavra possui. (p.67)
  • 40. 40 Desta forma, o professor quando trabalhar com a literatura infantil, precisa compreender que e responsável ao contribuir com a formação dos seus pequenos leitores, devendo sempre questionar sua prática e procurar a melhor forma, a melhor técnica para a promoção de uma aprendizagem significativa. 3.2.5. A literatura infantil contribuindo para o desenvolvimento da criança Ao se trabalhar com a literatura infantil, o professor favorece ao aluno uma relação com o livro, seu grupo social, outras culturas e sua própria realidade. Estabelece também, condições para que os alunos se identifiquem ou se posicionem sobre os contos, lendas, histórias a partir de suas próprias opiniões e compreensões. Neste sentido, Candido (1972, p.804), atribui algumas funções a literatura infantil, uma delas refere-se ao seu papel de humanizar, pois envolve vários aspectos, dentre eles o psicológico. Através dos decursos das professoras, poderemos perceber a contribuição da literatura infantil no desenvolvimento dos seus alunos. Tornando a criança mais interessada no estudo, na própria leitura, mais desenvolvida, até mais alegre. P2 Na criatividade, no desbloqueio de traumas psicológicos, na leitura matemática, na conversa com outras crianças. P4 A literatura contribui em vários aspectos na formação da criança, na formação da personalidade, no seu desenvolvimento oral, escrito,no se desenvolvimento enquanto ser humano. P5 Ela contribui tanto na formação, como leitor, como da própria escrita e a oralidade. P6 Todas as professoras comungam da mesma opinião acerca dos benefícios que a literatura infantil promove para o desenvolvimento da criança. Discorrendo um pouco mais nos discursos, notamos que a P1, ressalta a colaboração da literatura infantil na formação da criança, no que diz respeito a aspectos psicológicos, pois a
  • 41. 41 mesma relata que além de perceber as crianças mais interessadas nos estudos, também influencia no humor, já que as mesmas ficam mais alegres. Abramovich (1997) também pontua algumas habilidades que a literatura promove para desenvolvimento das crianças: Além disso, a criança que ouve histórias com freqüência educa sua atenção, desenvolve a linguagem oral e a escrita, amplia seu vocabulário e principalmente aprende a procurar, nos livros, novas histórias para o seu entretenimento. (p.18) Além, de promover uma relação harmoniosa com os livros e convívio uns com os outros, a literatura possibilita ingressar no universo infantil, tão particular e único, como ressalta Cunha (1991, p.99) “mais do que conhecer as fases do desenvolvimento infantil, importa conhecer a criança, sua história, suas experiências e ligações com o livro”. A P4 atribui à literatura infantil como sendo auxiliadora no processo de desbloqueio de traumas, ou seja, ela interfere de maneira positiva no psicológico infantil, na criatividade, nas disciplinas, como matemática, que envolve trabalho com o raciocínio, além de aguçar a fantasia e o desenvolvimento da personalidade infantil. Bettilheim (1980) destaca os contos de fadas como sendo os mais indicados para ajudar as crianças a encontrar um significado na vida, pois ao passo que estimula a imaginação, desenvolve também o intelecto, harmonizando suas ansiedades e inquietações. Nos depoimentos da P5 e P6, percebemos que elas também descrevem os benefícios produzidos pelo trabalho realizado com a literatura infantil, na formação da personalidade, e no processo de aprendizagem dos alunos, nesse sentido é pertinente salientar que o professor deve ser o mediador nesse processo entre aluno e literatura infantil. Conforme Gentille e Alencar (2005, p.100): “O primeiro saber básico para qualquer educador humanista é o da compreensão da realidade” Como educador consciente do seu papel como formador e humanista comprometido com uma educação voltada para o desenvolvimento das crianças de um modo geral e ao mesmo tempo particular, onde veja cada individuo como ser com defeitos e qualidades capazes de influenciarem na sociedade e em que vivem.
  • 42. 42 3.2.6. Espaço utilizado para a contação de histórias É imprescindível ter um espaço acolhedor, onde as crianças sintam-se estimuladas para ouvir as histórias, pois assim como os ambientes do fato narrado, nos levam a estar em contato com os personagens através da imaginação, assim também o local externo nos permite uma maior interação e atenção ao que está sendo contado. Nos depoimentos a seguir observamos os locais utilizados pelas professoras na contação de histórias. Já contei na sala, no pátio, ali na sala é porque é o cotidiano da gente e no pátio às vezes fica um pouco diferente para as crianças. P1 Conto na sala de aula e na biblioteca P2 Conto na sala e no pátio. P3 Na maioria das vezes na sala, mas de vez em quando, eu conto nas escadas que tem na escola, no parque, perto do refeitório, embaixo de uma árvore grande que tem aqui, e na biblioteca. P4 Aqui na escola tem vários locais que podem ser usufruídos, como: O parque, a biblioteca, em baixo das árvores. Usamos nossa criatividade para estimular a criatividade das crianças, pois não é só a sala de aula o local mais importante. P5 Geralmente eu conto na sala, mais também tem lugares que e bem legal. Como: a biblioteca e perto do refeitório. P6 Eu conto na sala de aula e tento explorar os outros espaços aqui da escola, já que temos um bom espaço. P7 A escola em si mesma já é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do trabalho com contação de historias, por possibilitar uma interação com os demais saberes e estudos literários, estimulando o raciocínio e demais habilidades. Através dos discursos, percebemos que as professoras já fazem uso de outros locais para o conto, não ficando apenas no espaço da sala de aula, o que é muito interessante e relevante para o desenvolvimento criativo e imaginário das
  • 43. 43 crianças, pois as mesmas saem da rotina de sala de aula e são desafiadas e estimuladas por esses novos espaços. Como destaca Coelho (2000): A atmosfera criada pelo espaço pode transmitir sensações de calor, frio, luminosidade, escuridão, opressão, transparência, bem-estar, fatalidade, leveza, colorido, ocupacidade, etc. (p, 78). Compreendemos, portanto, que o espaço, ou seja, o ambiente, influência nas circunstâncias, aja visto que o mesmo dar um clima história, cooperando para uma transposição do imaginário para o real, dando um maior significado e compreensão do que está sendo transmitido aos os ouvintes, ou seja, os alunos. 3.2.7. A frequência com que são contadas às histórias para as crianças Lidar com o universo infantil requer motivação, criatividade, interesse e muito afeto para ser transmitido a essa clientela tão diversificada como a que temos nos dias de hoje. O trabalho com a literatura infantil e seus enredos e diversidade possibilita esse encontro. Nos depoimentos veremos com que frequência esse encontro acontece. Todo o dia inicia com uma história ou poema. P1 No mínimo uma vez por semana. P2 Uma vez na semana eu conto. P3 Conto de duas a três vezes por semana, mas tem também o dia da biblioteca, então ficam quatro dias. P4 Conto com frequência, ou seja, trabalho com educação infantil, entendo que é de suma importância contar histórias de segunda a sexta. P5 Conto quase todos os dias. P6 Eu utilizo as histórias, e parlendas, contos e trava-lingua com frequência, sempre relacionando a um tema estudado. P7 Foi possível perceber nos depoimentos das P1, P5, P6 e P7 que as mesmas fazem uso da contação de histórias diariamente, o que é muito importante. Pois,
  • 44. 44 desperta nas crianças o gosto pela leitura, além de intervir nos demais aspectos cognitivos, em conseguinte as crianças ficam mais desinibidas, comunicativas com os outros colegas, permitindo um relacionamento mais intimo, e facilitador na resolução de possíveis conflitos que por ventura venham surgir durante o processo escolar. Sobre a freqüência de se contar histórias para crianças, Abramovich (1997) Pontua: (...) ler histórias para crianças, sempre, sempre... É poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a idéia do conto ou com o jeito de escrever do autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento... É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas pergunta, é encontrar outras idéias para solucionar questões (como as personagens fizeram...) (p. 17). Assim, entendemos que os benefícios causados pela contação de historias, são inúmeros, e que essa prática deveria se tornar um hábito por todas as professoras, porém, notamos que algumas professoras utilizam vez em quando, e a P7, Vaz uso das histórias, parlendas e trava-lingua, somente relacionado ao tema estudado. Ao passo, que admiramos o empenho da professora em desenvolver uma aula criativa e dinâmica, todavia, lamentamos por não ter sido expresso pela mesma, a hora do conto, da história sem cobrança, como puro momento de encantamento, entretenimento e prazer. Como afirma Abramochich (1995): Literatura é arte, literatura é prazer... Que a escola encampe esse lado. É apreciar e isso inclui criticar... Se ler for mais uma lição de casa, a gente bem sabe que e que dá... Cobrança nunca foi passaporte ou aval pra vontade, descoberta ou pro crescimento de ninguém. (p.148) Neste sentido, a escola, professores precisam da literatura como aliada nesse processo de ensino-aprendizagem, não como avaliadora, mas sim como libertadora, para abertura de um caminho infinito de descobertas e de compreensão de mundo.
  • 45. 45 3.2.8. Materiais usados para ilustrar as contações de histórias Estamos vivendo numa sociedade onde a visão está muito aguçada, visto que há um enorme atrativo, tanto na TV, computadores, desenhos, etc. A escola está nesse contexto e precisa está preparada para saber usar materiais atrativos em suas contações de histórias. Observaremos os depoimentos dos professores Uso mais imagens e o livro, e eu mesma desenho e faço na folha de oficio. P1 Utilizo DVD, imagens, gravuras. P2 Uso, bastante papel, papel madeira, sucata, cartazes, fantoches. Dramatizações, tudo eu gosto muito de coisas recicladas. P3 Só de vez em quando, figuras ou objetos que possa representar a historia que você ta contando. P4 Sim, utilizo outros materiais, a não ser o livro como eu já falei fantoches, mosquiteiro encantado, o conto seu o próprio livro p data Show, uma historia no vídeo, com slide Então existe diversas formas de contar também historias que não sejam exatamente com o livro. P5 Sim, na maioria das vezes eu gosto de contar com figuras ilustradas fantoches ou arte com a própria caracterização. P6 Notamos, nos discursos, que as professoras buscam materiais ricos em ilustrações, a fim de proporcionarem aos seus alunos momentos de muito divertimento e prazer desenvolvidos durante a apresentação das histórias. Concordo com Bussato, quando afirma que: Se quisermos que a narrativas atinja toda a sua potencialidade devemos sim narrar com o coração o que implica em estar intimamente disponível para isso, doando o que temos de mais genuíno, e entregando-se a esta tarefa com prazer e boa vontade. Ao contar damos o nosso afeto ,a nossa experiência de vida abrimos o peito e compactuamos com o que o conto quer dizer .Por isso torna –se fundamental que haja uma identificação entre o narrador e o conto narrado (BUSSATO ,2003, p. 47).
  • 46. 46 Diante de tudo isso, é possível notar a importância das histórias para o desenvolvimento comportamental das crianças, já que elas têm a capacidade de transportá-las para o mundo encantado, onde as mesmas podem ser qualquer personagem, basta querer. E que a criança que tem contato com histórias infantis desde a primeira infância pode ser estimulada para quando crescerem, saírem felizes de determinada situações e assim saber resolver seus problemas.
  • 47. 47 CONSIDERAÇÕES FINAIS Essa pesquisa nos ajudou a entender algumas compreensões, dos professores da Educação infantil, sobre a literatura infantil, e a pratica de contação de história no desenvolvimento cognitivo dos alunos, através dos depoimentos dos sujeitos. Através dos discursos, das professoras conseguimos fazer algumas reflexões, entre estas podemos citar: A literatura infantil com todas as suas faces, como mitos, contos regionais, contos de fadas, tem sido de algum modo apresentada na escola, todavia, a compreensão por parte de algumas professoras ainda é restrita. Refletimos também, sobre o trabalho realizado com a literatura infantil na escola, e a freqüência com que as contações de histórias são vivenciadas, percebe- se que, a teoria continua desassociada da prática, uma vez que a maioria das professoras compreende a importância da literatura infantil no desenvolvimento cognitivo das crianças, porém, esses momentos de prazer e aprendizado ocorrem esporadicamente e de forma descompromissada, por parte de algumas professoras. Pontuamos ainda, que o trabalho realizado pela maioria das professoras, tem acontecido de forma dinâmica e criativa, pois as mesmas utilizam vários acessórios e diferentes ambientes, a fim de enriquecer esses momentos, de modo a estimular a criatividade de seus discentes. Diante das respostas obtidas, foi possível confirmar e constatar o papel que a literatura infantil exerce nas crianças, visto que a mesma desenvolve a capacidade de raciocínio, de julgamento, de argumentação, tornando indivíduos críticos, auxiliando também na resolução de problemas, sem deixar por um momento de aguçar a fantasia, a criatividade, descontração e alegria de ser criança. Esta pesquisa se apresenta como uma provocação, para estudos posteriores, visto que compreender, vivenciar e refletir sobre a literatura infantil, se apresenta como um caminho a ser percorridos, tanto pelos professores, pais e escola, a fim de uma aprendizagem significativa e que alcance todas as crianças de maneira integral.
  • 48. 48 REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil:gostosuras e bobices 5.ed. São Paulo: Scipione, 1997. ____________O estranho mundo que se mostra às crianças: São Paulo. Summus, 1999. BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. São Paulo: Paz e Terra, 2008. 22 edição. BUSATTO, Cléo. A Arte de Contar histórias no Século XXI: Tradição e Ciberespaço. Petrópolis: Vozes, 2006. _____ Contar e encantar: pequenos segredos da narrativa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, DF, 1998. BORGES , A . L . - O Movimento Natural na Construção do Ser e do Saber . In Sargo Claudete . A Práxis Psicopedagógica Brasileira . São Paulo , ABPp , 1994. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básic Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil/Ministé- rio da Educação. Secretaria de Educação Básica – Brasília. DF COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: Teoria e Prática. São Paulo, Ática, 1985. CRUZ NETO, Otávio. O trabalho de Campo como descoberto e criação. IN. Maria Cecília de Souza Minayo. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1994. CARVALHO, Cíntia. Um olhar sobre o abrigamento: a importância das histórias infantis em contexto de abrigo. Disponivel em: http://www.webposgrad.propp.ufu.br/ppg/producao_anexos/014_DissertacaoCintiaCa rvalho.pdf. Acesso em 26/03/2012 CÂNDIDO, A Formação da Literatura Brasileira; Momentos Decisórios, ed. 5. Belo Horizonte, MG, 2000. DIECKMANN, Hans. Contos de fadas vividos. São Paulo: Paulinas, 1986GREANEY, J. & REASON, R. Braille reading by children: is there a phonological explanation for
  • 49. 49 their difficulties? The British Journal of Visual Impairment and Blindness, n.18 (1), p.35-40, 2000 GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de Pesquisa. 3ª Edição. São Paulo, Atlas, 1991. GUIMARÃES, D.; NUNES, M. F. R.; LEITE, M. I. História, cultura e expressão: fundamentos na formação do professor. In: Infância e educação infantil. Campinas, SP: Papirus. Coleção Prática Pedagógica. 1999. CERISARA, A. B. Professoras de Educação Infantil: entre o feminino e o profissional. São Paulo: Cortez, 2002. – (Coleção Questões da Nossa Época; v.98) LAJOLO, Marisa Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6ª ed. 13ª impressão. São Paulo: Editora Ática. 2008. LAJOLO, Marisa. e ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil brasileira. São Paulo: Ática, 1984. LUDKE, Marli; MENGA, André. Pesquisa em educação: Abordagens qualitativas. São Paulo EPU, 1986. LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Mariana Andrade. Fundamentos da metodologia científica. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1991. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.) Deslanes, Suely Ferreira, Neto Otavio GENTILLI, Pablo, Alencar Chico. Educar na Esperança em Tempos de Desencanto. Petrópolis: editora Vozes, 2003. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito à Informação e Meio Ambiente. São Paulo: Malheiros, 2006. PIRES, Diléa Helena de Oliveira."Livro...Eterno Livro..." In: Releitura. Belo Horizonte: março de 2000, vol. 14. SANDRONI, Laura. De Lobato à Década de 70. SERRA, Elizabeth. 30 anos de Literatura para Crianças e Jovens: Algumas Leituras. Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1998 STEINER, R. (2002). Os contos de fadas: Sua poesia e sua interpretação. São Paulo: Antroposófica.
  • 50. 50 UNEB-UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM PEDAGOGIA 2006.1 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO FECHADO Perfil dos sujeitos da pesquisa 1- sexo: ( ) feminino ( ) masculino 2-Nível de escolaridade. ( ) nível médio Completo ( ) superior completo .Curso_____________ ( )Superior incompleto.Curso_______________ ( ) curso de especialização _______________ 3 -Jornada de trabalho ( ) 20h ( ) 40h ( ) 60h 4 - Onde você costuma buscar informações: ( ) jornais e revistas ( ) televisão ( ) internet ( ) outros meios .Quais________________________ 5 - Tempo de atuação na Educação Infantil ( ) 1 a 2 ano ( ) 3 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) mais de 10 anos 6 - Qual a série que você atua? ( ) Maternal ( ) Educação Infantil I ( ) Educação Infantil II ( ) Outra série ________________________ 7 - Você trabalha nesse nível de Ensino: ( ) Por vocação ( ) Por falta de opção ( ) Outra _____________________
  • 51. 51 APÊNDICE B - ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA 1 - O que é literatura infantil para você? 2 - Trabalhar literatura infantil é importante? Por quê? 3-As crianças demonstram interesse pelas leituras? O que você faz para despertar o interesse pela leitura? 4-Como a literatura infantil pode contribuir pra o desenvolvimento da criança? 5– De que maneira você conta historias?Que recursos usa? 6- Em que locais geralmente costuma contar? 7- Com que freqüência você conta histórias para seus alunos? 8-Você costuma utilizar materiais (fora o livro) para ilustrar sua contação de historia? Sua Contribuição é muito valiosa para nós, Obrigado!