O documento discute a morte e o processo de morrer de três perspectivas:
1) Conceitos de morte como o cessar irreversível de funções vitais e do cérebro.
2) Histórico da visão da morte ao longo dos séculos, da Grécia Antiga à atualidade.
3) Desafios atuais como a medicalização excessiva da morte e a necessidade de recuperar o seu sentido de naturalidade.
3. MORTE
(Etm. do latim: mors.mortis)
Óbito ou falecimento; cessação completa da vida, da
existência.
Dicionário On Line de Português
4. DEFINIÇÕES POPULARES
“É o tempo que a pessoa já cumpriu aqui na terra e vai viver
em outro espaço, outro lugar diferente desta aqui, humana”.
(Lua)
“A morte para mim é um fenômeno natural que hoje é
muito discutida né, entre as religiões.” (Sol)
“A morte é um momento de transição, eu acredito que
depois tem um lugar especial guardado para cada um.”
(Estrela)
7. HISTÓRICO
Na Grécia antiga, acreditava-se que os médicos tinham o poder
da cura delegado pelos deuses.
Daí tornarem-se semideuses numa sociedade em que as
relações sociais eram rigidamente definidas entre os cidadãos e
os não cidadãos (escravos e estrangeiros).
O que os médicos determinavam deveria ser cumprido sem
questionamentos.
8. HISTÓRICO
Séculos depois, Descartes fundamentou o método científico em
sólidas bases racionais, deixando de lado os deuses e passando a
divinizar a própria ciência médica.
A tecnologia passa a ser capaz de realizar qualquer coisa: prolongar
a vida, aumentar o bem-estar da população e, porque não, evitar a
morte.
O fim da vida passa a ser um acidente não admissível e todos os
meios devem ser utilizados para, ao menos, retardá-lo.
9. SÉCULO XXI
A morte no século XXI é vista como tabu; por outro
lado, o grande desenvolvimento de várias ciências
permitiu a cura de várias doenças e um
prolongamento da vida.
10. Desde os primórdios da civilização que o nascimento e a morte despertam no
ser humano uma grande curiosidade e inquietação.
A morte, assim como a doença e o sofrimento, são partes integrantes da
condição humana.
Quando a morte se anuncia na nossa vida ou na vida dos seres da nossa
intimidade através duma doença incurável, ou nas premissas de uma sentença
irreversível, ficamos demasiados abalados por tudo aquilo que acontece para
nos entregarmos a considerações gerais sobre a morte.
11. O poder da morte é imenso, avassalador, observável em toda a parte, em qualquer ser vivo, e todos nós
percebemos que vamos morrer. Que a morte faz parte da constante renovação da vida e é inerente à condição
humana, é algo que o homem sempre teve dificuldade em aceitar, sobretudo no que lhe diz respeito.
12. VIDA X MORTE
Esta atitude de tentar preservar a
vida a todo custo é responsável por
um dos maiores temores do ser
humano na atualidade.
Que é o de ter a sua vida mantida
às custas de muito sofrimento,
solitário numa UTI, ou quarto de
hospital, tendo por companhia
apenas tubos e máquinas.
13. NATURALIDADE DA MORTE
“(...) Torna-se, por isso, fundamental
recuperar o sentido da naturalidade da
morte, voltar a encará-la como um
processo inerente à condição Humana e
deixar de a pensar como um acidente ou
um acontecimento que podia ser evitado
(...)”
Susana Pacheco (2002)
14.
15. INDIGENTE:
INDIGNO DE SER GENTE.
PACIENTE
Na visão
conservadora
CLIENTE
Na tendência de
mercado
PESSOA HUMANA
Em sua dignidade
Capelão e Professor: REIS
OS NOVOS PARADIGMAS DE ATENÇÃO
16. Freud (1914) vem nos falar
que a morte de um ente
querido nos revolta pois,
este ser leva consigo uma
parte do nosso próprio eu
amado.
E na contemporaneidade
vivemos uma exigência de
imortalidade: que nada mais
é que um produto dos
nossos desejos.
Morte & Luto no Contexto Hospitalar
17. As cinco fases do luto (ou da perspectiva da morte)
são:
Fase 1) Negação
Seria uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acaba negando o
problema, tenta encontrar algum jeito de não entrar em contato com a
realidade seja da morte de um ente querido ou da perda de emprego. É
comum a pessoa também não querer falar sobre o assunto.
Fase 2) Raiva
Nessa fase o indivíduo se revolta com o mundo, se sente injustiçada e não se
conforma por estar passando por isso.
18. Fase 3) Barganha
Essa é fase que o indivíduo começa a negociar, começando com si mesmo,
acaba querendo dizer que será uma pessoa melhor se sair daquela situação,
faz promessas a Deus. É como o discurso “Vou ser uma pessoa melhor, serei
mais gentil e simpático com as pessoas, irei ter uma vida saudável.”
Fase 4) Depressão
Já nessa fase a pessoa se retira para seu mundo interno, se isolando,
melancólica e se sentindo impotente diante da situação.
19. Fase 5) Aceitação
É o estágio em que o indivíduo não tem desespero e consegue
enxergar a realidade como realmente é, ficando pronto pra enfrentar a
perda ou a morte.
20. Quando falar da morte?
• Desde o início da intervenção, e não apenas na fase terminal.
• Falar da morte com a pessoa e com a sua família
Características da intervenção:
• Acompanhar a pessoa e a sua família, demonstrando
disponibilidade e abertura.
• Validar os esforços de todos os envolvidos.
21. Revelando a verdade
descobrindo como
ajudar ..
mentira piedosa
verdade piedosa
Pan Chacon et al. Rev Assoc Med Bras 1995; 41(4): 274.
22. Avaliações prévias:
• Funcionamento da família
• Situações de doença e lutos anteriores
• Contexto e significado da doença
• Como a família compreende a morte
23. Estratégias:
• Avaliar Necessidades;
• Detectar Sinais de Sofrimento;
• Encontrar respostas para essas Necessidades e
Sinais de Sofrimento;
• Promover a Comunicação;
• Ajudar a Família a tratar o Doente como Pessoa
Viva, e não como se já tivesse morrido;
• Estar presente sempre que necessário e possível;
• Reforçar o Apoio à Família durante a fase terminal
• Prestar Apoio quando da Morte.
24. A equipe vivencia a morte de um paciente
como um fracasso, colocando à prova, o
trabalho de todos.
Segundo Kübler-Ross (1997):
"Quando um paciente está gravemente
enfermo, em geral é tratado como alguém sem
direito a opinar."
25. “Dentro dessa humanidade no atendimento ao
doente terminal, Kübler-Ross (1997) nos fala da
importância do acolhimento ao doente por parte
da equipe, da importância da verdade.
O que se questiona não é o dizer ou não a
verdade, mas sim como contar essa verdade,
aproximando-se da dor do paciente, colocando-
se no lugar dele para entender seu sofrimento.”
26. Paciente terminal:
“É aquele que se encontra além da possibilidade
de uma terapêutica curativa e que necessita de um
tratamento paliativo visando alívio de inúmeros
sintomas que o atormentam, sempre levando em
consideração a melhoria da qualidade de vida de
uma maneira global, isto é, não somente a parte
biológica, mas também nas esferas espiritual, social
e psicológica.”
(CHIBA, 1996).
28. Questões para discutir:
• O processo de morte, desde o ponto de vista
de cuidados, de um idoso é diferente do de
uma criança, adolescente ou adulto ?
• Quais os deveres associados ao paciente que
está morrendo ?
• Como lidar com um paciente que solicita que
a sua vida não seja mantida ?