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Sala de Leitura e Tecnologia
                            Eliane de Medeiros Ramalho*

                    *Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal
         Rua Florisbela Rosa da Penha nº 292, Braga – Cabo Frio – RJ – Brasil
                            elianenterj10@yahoo.com.br

    Resumo. O objetivo deste artigo é apresentar um trabalho com salas de
    leitura e tecnologias digitais, mostrando como a leitura e a escrita foram
    absorvidas pela cultura digital, e como esta pode auxiliar na formação do
    leitor/escritor.

    Abstract. The objective of this paper is to present a work with reading rooms
    and digital technologies, showing how reading and writing have been
    absorbed by the digital culture, and how it can assist in the training of the
    reader / writer.

1. Sala de Leitura e Tecnologia – o Curso
A leitura tem uma relação estreita com a escrita, e esta, através dos tempos, já teve
muitos suportes, desde as placas de argila até os atuais meios digitais. Nesse ínterim, o
advento da imprensa, no séc. XV, teve importante papel na popularização da leitura,
devido à crescente facilidade de produção de material impresso. Na atualidade, em meio
ao crescimento das mídias digitais, a leitura ampliou ainda mais seus espaços de
atuação, desenvolvendo-se o conceito de “letramento digital” e a importância de seu
papel na inserção sociocultural dos indivíduos. Serafim coloca que “um indivíduo
possuidor de letramento digital necessita de habilidade para construir sentidos a partir
de textos que mesclam palavras que se conectam a outros textos, por meio de
hipertextos, links e hiperlinks; elementos pictóricos e sonoros numa mesma superfície -
textos multimodais”. Daí que, hoje, em qualquer trabalho de incentivo à leitura, é
preciso ter consciência de que ela foi redimensionada dentro da cibercultura, abrindo
novas possibilidades também de escrita, como a colaboração à distância e a não
linearidade do discurso presente nos hipertextos.
        O jovem de hoje costuma se sentir atraído pelo universo da Internet, que é a
tecnologia de seu tempo. Mas quais habilidades ele tem desenvolvido nessa utilização?
Qual o seu grau de letramento digital e como isso pode ajudá-lo no desenvolvimento de
sua capacidade de pensar o mundo? Essas são questões com que a escola já precisa se
preocupar. É por isso que, a partir do conhecimento do trabalho com Sala de Leitura nas
escolas do município, o Núcleo de Tecnologia Educacional da cidade (NTM) iniciou
uma parceria com a Coordenação dessas salas com o objetivo de integrar as tecnologias
digitais à proposta de incentivo à leitura e sua disseminação.
      A parceria foi concretizada a partir da proposta do curso “Sala de Leitura e
Tecnologia”.
Figura 1 – Mapa da parceria                  Figura 2 – Mapa do Curso

2. Objetivos
A proposta tem como uma de suas metas estimular a integração do trabalho realizado na
Sala de Leitura das escolas com aquele realizado no Laboratório de Informática das
mesmas. Nesse sentido, os seguintes objetivos foram estabelecidos:
   •    Discutir a relação entre as novas tecnologias da informação e da comunicação e
        o processo de trabalho realizado na Sala de Leitura;
   •    Conhecer ferramentas digitais que estimulam o desenvolvimento da leitura e da
        escrita.
   •    Analisar as possibilidades de utilização de blog no trabalho da Sala de Leitura.
   •    Promover a criação do blog da Sala de Leitura.
   •    Promover a inclusão digital de professores, relacionando a tecnologia a seu
        trabalho.

3. Proposta de Trabalho
O público alvo do curso é o professor responsável pela Sala de Leitura. A carga horária
é de 30h presenciais, com 10 encontros de 3h. O conteúdo do curso apresenta-se da
seguinte forma:
   •    Noções básicas de Linux e Internet;
   •    A parceria entre Sala de Leitura e Laboratório de Informática;
   •    Da tecnologia do livro às novas tecnologias da comunicação e da informação –
        os novos espaços de leitura e escrita;
   •    O livro eletrônico ou digital – repositórios e ferramentas de criação;
   •    O uso do blog na divulgação do trabalho da Sala de Leitura e na realização de
        atividades de desenvolvimento de leitura e escrita;
   •    A escrita colaborativa e as ferramentas que a possibilitam.
4. Resultados iniciais
A primeira turma do curso ocorreu no período de 15/03 a 24/05/2010. Houve 11
inscritos, mas apenas 4 chegaram à conclusão. O grupo que foi até o fim mostrou-se
muito interessado, criou um livro eletrônico individual num editor de apresentação,
outro coletivo num editor de apresentação online, cada qual criou o blog da sala de
leitura de sua escola, postando as novidades de seu trabalho assim como as novas
ferramentas que conheceram, como o livro-clip. Eles mostraram-se interessados em
incorporar o blog ao seu trabalho cotidiano, além de se sentirem estimulados a novas
pesquisas, como no caso de uma cursista que repassou para as colegas um sítio
encontrado com atividades relacionadas à Turma da Mônica e a possibilidade de criar
histórias em quadrinhos.
       Uma cursista comentou, já caminhando para o final do curso, que se preocupara
com a sua extensão, já que o tempo do professor é, geralmente, curto, mas se sentia
surpresa de não ter percebido esse tempo passar, pois ficara bem envolvida com a
proposta. Isso abriu espaço para se pensar o curso com uma carga horária menor, até
mesmo para conseguir atingir um maior número de professores ainda em 2010.
       Outra cursista comentou como ficara feliz por realizar as atividades com o
computador, superando suas dificuldades com o mesmo. Seu envolvimento com o
trabalho de Sala de Leitura é bem forte, e ver as possibilidades do computador para o
desenvolvimento de seu trabalho a motivou, de tal maneira que terminou o curso
planejando levar para a escola a proposta de criação de livros eletrônicos com os alunos.
Além disso, solicitou a participação na turma seguinte para solidificar seus
conhecimentos, pois ainda se sentia insegura com o uso da tecnologia.
       No decorrer do curso, não se conseguiu um trabalho mais sistemático com a
produção de textos colaborativos, o que talvez já acene para uma oficina específica.

5. Considerações finais
O desenvolvimento da leitura e da escrita é fundamental na sociedade em que vivemos,
tais habilidades são exigidas a todo o momento, seja no trabalho, no dia a dia, seja
mesmo no lazer. Com o advento da tecnologia digital, essas mesmas habilidades
adquiriram uma dimensão ainda maior, cada vez mais atividades demandam leitura,
escrita e conhecimento digital. Dessa forma, amplia-se a importância da integração dos
três, e a percepção de que tanto a Sala de Leitura quanto o Laboratório de Informática
estão na escola a serviço do desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, não de
forma estanque, isolada, disciplinar, mas absorvidos pela prática das salas de aula, como
complemento, como elo integrador e interdisciplinar, como possibilidade motivadora.
Enfim, é esse olhar integrador que possibilitará o intercâmbio entre os vários espaços de
aprendizagem da escola, dinamizando as práticas de letramento/letramento digital de
forma complementar, integrada, criativa, produtiva.
        Com a continuidade do curso, espera-se que se amplie o trabalho colaborativo
entre salas de leitura e laboratórios de informática dentro da perspectiva de integração às
atividades de sala de aula.
       Há mais duas turmas em andamento, com a expectativa de mais 9 professoras
capacitadas para integrar tecnologia digital ao trabalho da Sala de Leitura. E o objetivo é
que o resultado junto às primeiras cursistas seja um incentivo à continuidade da
formação em 2011, inclusive porque se ampliou o número de escolas com laboratório de
informática em 2010.
        No blog do curso “Sala de Leitura e Tecnologia”, disponível no endereço
<http://saladeleituraetecnologia.blogspot.com/>, já foi disponibilizado o link de cada
blog de Sala de Leitura das duas primeiras turmas, bem como da ferramenta de
avaliação do curso.
        Interessante ressaltar o estímulo à Coordenação do grupo de trabalho com Sala
de Leitura de criar uma lista de discussão para facilitar o repasse de informação e a troca
de experiências, prática que tem obtido sucesso entre os professores do município
responsáveis pelo Laboratório de Informática, o que propicia a criação de uma
identidade mais forte a partir de um processo colaborativo facilitado pela ferramenta de
comunicação. Assim também a proposta de criação de um blog que abranja todos os
blogs de sala de leitura do município de forma integradora.

Referências
Chartier, Roger. Do códige ao monitor: a trajetória do escrito. Disponível em <
  http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
  40141994000200012&script=sci_arttext&tlng=en>, acesso em 11/10/2010.
EducaRede. “Conexões da vida: o letramento digital mudando histórias”, disponível em
  <http://www.fundacaotelefonica.org.br/Pdf/conexoes_da_vida.pdf>,      acesso    em
  01/08/2010.
Ferrari, Márcio. “Roger Chartier, o especialista em história da leitura”, disponível em
   <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/especialista-
   historia-leitura-427323.shtml>, acesso em 01/08/2010.
Freire, Paulo (1990), “A importância do ato de ler”, Cortez, São Paulo.
Frossard, Vera Cecília. “Tipos e Bits: a trajetória do livro”. Disponível em <
   http://www.livroehistoriaeditorial.pro.br/pdf/verafrossard.pdf >, acesso em
   11/10/2010.
Serafim, Lúcia. “Letramento digital na sociedade do conhecimento”. Disponível em
   <http://www.algosobre.com.br/cultura/letramento-digital-na-sociedade-do-
   conhecimento.html>, acesso em 11/10/2010.
Smith, Frank (1989), “Compreendendo a leitura: uma análise psicolinguistica da leitura
  e do aprender a ler”, Artes Médicas, Porto Alegre.
Soares, Magda, (2002). “Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura”,
  disponível em <http://www.scielo.br/pdf/es/v23n81/13935.pdf>, acesso em
  01/08/2010.
Vigotsky, L. S. (1998), “Pensamento e Linguagem”, 2 ed., Martins Fontes, São Paulo.
Xavier, Carlos dos Santos. “Letramento Digital e Ensino”. Disponível em
  <http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%20e%20ensino.pdf>,
  acesso em 01/08/2010.

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Sala de Leitura e Tecnologia - Integração e Incentivo

  • 1. Sala de Leitura e Tecnologia Eliane de Medeiros Ramalho* *Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal Rua Florisbela Rosa da Penha nº 292, Braga – Cabo Frio – RJ – Brasil elianenterj10@yahoo.com.br Resumo. O objetivo deste artigo é apresentar um trabalho com salas de leitura e tecnologias digitais, mostrando como a leitura e a escrita foram absorvidas pela cultura digital, e como esta pode auxiliar na formação do leitor/escritor. Abstract. The objective of this paper is to present a work with reading rooms and digital technologies, showing how reading and writing have been absorbed by the digital culture, and how it can assist in the training of the reader / writer. 1. Sala de Leitura e Tecnologia – o Curso A leitura tem uma relação estreita com a escrita, e esta, através dos tempos, já teve muitos suportes, desde as placas de argila até os atuais meios digitais. Nesse ínterim, o advento da imprensa, no séc. XV, teve importante papel na popularização da leitura, devido à crescente facilidade de produção de material impresso. Na atualidade, em meio ao crescimento das mídias digitais, a leitura ampliou ainda mais seus espaços de atuação, desenvolvendo-se o conceito de “letramento digital” e a importância de seu papel na inserção sociocultural dos indivíduos. Serafim coloca que “um indivíduo possuidor de letramento digital necessita de habilidade para construir sentidos a partir de textos que mesclam palavras que se conectam a outros textos, por meio de hipertextos, links e hiperlinks; elementos pictóricos e sonoros numa mesma superfície - textos multimodais”. Daí que, hoje, em qualquer trabalho de incentivo à leitura, é preciso ter consciência de que ela foi redimensionada dentro da cibercultura, abrindo novas possibilidades também de escrita, como a colaboração à distância e a não linearidade do discurso presente nos hipertextos. O jovem de hoje costuma se sentir atraído pelo universo da Internet, que é a tecnologia de seu tempo. Mas quais habilidades ele tem desenvolvido nessa utilização? Qual o seu grau de letramento digital e como isso pode ajudá-lo no desenvolvimento de sua capacidade de pensar o mundo? Essas são questões com que a escola já precisa se preocupar. É por isso que, a partir do conhecimento do trabalho com Sala de Leitura nas escolas do município, o Núcleo de Tecnologia Educacional da cidade (NTM) iniciou uma parceria com a Coordenação dessas salas com o objetivo de integrar as tecnologias digitais à proposta de incentivo à leitura e sua disseminação. A parceria foi concretizada a partir da proposta do curso “Sala de Leitura e Tecnologia”.
  • 2. Figura 1 – Mapa da parceria Figura 2 – Mapa do Curso 2. Objetivos A proposta tem como uma de suas metas estimular a integração do trabalho realizado na Sala de Leitura das escolas com aquele realizado no Laboratório de Informática das mesmas. Nesse sentido, os seguintes objetivos foram estabelecidos: • Discutir a relação entre as novas tecnologias da informação e da comunicação e o processo de trabalho realizado na Sala de Leitura; • Conhecer ferramentas digitais que estimulam o desenvolvimento da leitura e da escrita. • Analisar as possibilidades de utilização de blog no trabalho da Sala de Leitura. • Promover a criação do blog da Sala de Leitura. • Promover a inclusão digital de professores, relacionando a tecnologia a seu trabalho. 3. Proposta de Trabalho O público alvo do curso é o professor responsável pela Sala de Leitura. A carga horária é de 30h presenciais, com 10 encontros de 3h. O conteúdo do curso apresenta-se da seguinte forma: • Noções básicas de Linux e Internet; • A parceria entre Sala de Leitura e Laboratório de Informática; • Da tecnologia do livro às novas tecnologias da comunicação e da informação – os novos espaços de leitura e escrita; • O livro eletrônico ou digital – repositórios e ferramentas de criação; • O uso do blog na divulgação do trabalho da Sala de Leitura e na realização de atividades de desenvolvimento de leitura e escrita; • A escrita colaborativa e as ferramentas que a possibilitam.
  • 3. 4. Resultados iniciais A primeira turma do curso ocorreu no período de 15/03 a 24/05/2010. Houve 11 inscritos, mas apenas 4 chegaram à conclusão. O grupo que foi até o fim mostrou-se muito interessado, criou um livro eletrônico individual num editor de apresentação, outro coletivo num editor de apresentação online, cada qual criou o blog da sala de leitura de sua escola, postando as novidades de seu trabalho assim como as novas ferramentas que conheceram, como o livro-clip. Eles mostraram-se interessados em incorporar o blog ao seu trabalho cotidiano, além de se sentirem estimulados a novas pesquisas, como no caso de uma cursista que repassou para as colegas um sítio encontrado com atividades relacionadas à Turma da Mônica e a possibilidade de criar histórias em quadrinhos. Uma cursista comentou, já caminhando para o final do curso, que se preocupara com a sua extensão, já que o tempo do professor é, geralmente, curto, mas se sentia surpresa de não ter percebido esse tempo passar, pois ficara bem envolvida com a proposta. Isso abriu espaço para se pensar o curso com uma carga horária menor, até mesmo para conseguir atingir um maior número de professores ainda em 2010. Outra cursista comentou como ficara feliz por realizar as atividades com o computador, superando suas dificuldades com o mesmo. Seu envolvimento com o trabalho de Sala de Leitura é bem forte, e ver as possibilidades do computador para o desenvolvimento de seu trabalho a motivou, de tal maneira que terminou o curso planejando levar para a escola a proposta de criação de livros eletrônicos com os alunos. Além disso, solicitou a participação na turma seguinte para solidificar seus conhecimentos, pois ainda se sentia insegura com o uso da tecnologia. No decorrer do curso, não se conseguiu um trabalho mais sistemático com a produção de textos colaborativos, o que talvez já acene para uma oficina específica. 5. Considerações finais O desenvolvimento da leitura e da escrita é fundamental na sociedade em que vivemos, tais habilidades são exigidas a todo o momento, seja no trabalho, no dia a dia, seja mesmo no lazer. Com o advento da tecnologia digital, essas mesmas habilidades adquiriram uma dimensão ainda maior, cada vez mais atividades demandam leitura, escrita e conhecimento digital. Dessa forma, amplia-se a importância da integração dos três, e a percepção de que tanto a Sala de Leitura quanto o Laboratório de Informática estão na escola a serviço do desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, não de forma estanque, isolada, disciplinar, mas absorvidos pela prática das salas de aula, como complemento, como elo integrador e interdisciplinar, como possibilidade motivadora. Enfim, é esse olhar integrador que possibilitará o intercâmbio entre os vários espaços de aprendizagem da escola, dinamizando as práticas de letramento/letramento digital de forma complementar, integrada, criativa, produtiva. Com a continuidade do curso, espera-se que se amplie o trabalho colaborativo entre salas de leitura e laboratórios de informática dentro da perspectiva de integração às atividades de sala de aula. Há mais duas turmas em andamento, com a expectativa de mais 9 professoras capacitadas para integrar tecnologia digital ao trabalho da Sala de Leitura. E o objetivo é
  • 4. que o resultado junto às primeiras cursistas seja um incentivo à continuidade da formação em 2011, inclusive porque se ampliou o número de escolas com laboratório de informática em 2010. No blog do curso “Sala de Leitura e Tecnologia”, disponível no endereço <http://saladeleituraetecnologia.blogspot.com/>, já foi disponibilizado o link de cada blog de Sala de Leitura das duas primeiras turmas, bem como da ferramenta de avaliação do curso. Interessante ressaltar o estímulo à Coordenação do grupo de trabalho com Sala de Leitura de criar uma lista de discussão para facilitar o repasse de informação e a troca de experiências, prática que tem obtido sucesso entre os professores do município responsáveis pelo Laboratório de Informática, o que propicia a criação de uma identidade mais forte a partir de um processo colaborativo facilitado pela ferramenta de comunicação. Assim também a proposta de criação de um blog que abranja todos os blogs de sala de leitura do município de forma integradora. Referências Chartier, Roger. Do códige ao monitor: a trajetória do escrito. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- 40141994000200012&script=sci_arttext&tlng=en>, acesso em 11/10/2010. EducaRede. “Conexões da vida: o letramento digital mudando histórias”, disponível em <http://www.fundacaotelefonica.org.br/Pdf/conexoes_da_vida.pdf>, acesso em 01/08/2010. Ferrari, Márcio. “Roger Chartier, o especialista em história da leitura”, disponível em <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/especialista- historia-leitura-427323.shtml>, acesso em 01/08/2010. Freire, Paulo (1990), “A importância do ato de ler”, Cortez, São Paulo. Frossard, Vera Cecília. “Tipos e Bits: a trajetória do livro”. Disponível em < http://www.livroehistoriaeditorial.pro.br/pdf/verafrossard.pdf >, acesso em 11/10/2010. Serafim, Lúcia. “Letramento digital na sociedade do conhecimento”. Disponível em <http://www.algosobre.com.br/cultura/letramento-digital-na-sociedade-do- conhecimento.html>, acesso em 11/10/2010. Smith, Frank (1989), “Compreendendo a leitura: uma análise psicolinguistica da leitura e do aprender a ler”, Artes Médicas, Porto Alegre. Soares, Magda, (2002). “Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura”, disponível em <http://www.scielo.br/pdf/es/v23n81/13935.pdf>, acesso em 01/08/2010. Vigotsky, L. S. (1998), “Pensamento e Linguagem”, 2 ed., Martins Fontes, São Paulo. Xavier, Carlos dos Santos. “Letramento Digital e Ensino”. Disponível em <http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%20e%20ensino.pdf>, acesso em 01/08/2010.