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A chegada e a despedida 
Em Minas, em agradecimento a uma esmola que lhes tivesse sido dada por uma 
grávida, as mendigas a bendiziam com a saudação: “Nossa Senhora do Bom Parto que 
lhe dê boa hora!”. Benzeção confortante porque a hora da grávida é hora de dor e 
angústia, precisando da proteção da Virgem Parteira. Vendo, ninguém acredita que um 
nenezinho pudesse passar por canal tão apertado. Dor para a mãe, angústia para o 
nenê. 
No lugar onde as palavras nascem elas brilham com uma clareza espantosa. 
Vou ao nascedouro da palavra angústia: nasceu do verbo latino angere, que significa 
apertar, sufocar. Assim, no seu nascedouro, angústia queria dizer estreiteza. O 
nenezinho, que estava numa boa, vai ser apertado e sufocado dentro de um canal. Vai 
sentir angústia. E, pelo resto de sua vida, sempre que tiver de passar por um canal 
apertado e escuro, vai sentir de novo o que sentiu para nascer. Angústia e dor 
misturadas assim – não admira que as mendigas invocassem a Virgem... 
A medicina, descrente de Virgens e benzeções de mendigas, não conseguiu se 
livrar das angústias e dores das grávidas, e tratou de arranjar alguém que fizesse as 
vezes da Virgem para cuidar delas quando chegasse sua hora. Criou uma especialidade 
alegre, a mais antiga de todas: a obstetrícia. Obstetrix, em latim, quer dizer parteira. 
Uma tradução literal da palavra seria “aquela que está a diante”. A parteira está diante 
da mãe. Diante da mãe, ela aguarda o nenezinho. Sua função é ajudar a vida a 
atravessar a apertada e angustiante passagem que leva do escuro da barriga da mãe à 
luz do mundo aqui de fora: “dar à luz”. Que fantasias terríveis devem passar pela 
cabeça da criança ao se sentir espremida, deslocada, empurrada, arrancada, apertada!
É possível que ela sinta que vai morrer. Mas, ao final do canal apertado, a obstetrix a 
acolhe, como se fosse a mãe... É ela, a parteira, a primeira experiência do mundo que a 
criancinha tem, a Virgem bendita. 
A vida começa com uma chegada. Termina com uma despedida. A chegada faz 
parte da vida. A despedida faz parte da vida. Como o dia, que começa com a 
madrugada e termina com o sol que se põe. A madrugada é alegre, luzes e cores 
chegam. O sol que se põe é triste, orgasmo final de luzes e cores que se vão. 
Madrugada e crepúsculo, alegria e tristeza, chegada e despedida: tudo é parte da vida, 
tudo precisa ser cuidado. A gente prepara, com carinho e alegria, a chegada de quem a 
gente ama. É preciso preparar também, com carinho e tristeza, a despedida de quem a 
gente ama. 
Os orientais sabem mais sobre isso do que nós. Sabem que os opostos não são 
inimigos: são irmãos. Noite e dia, silêncio e musica, repouso e movimento, riso e 
choro, calor e frio, sol e chuva, abraço e separação, chegada e partida: são os opostos 
pulsantes que dão vida à vida. Vida e morte não são inimigas. São irmãs. Chegada e 
despedida... Sem a frase que a encerra a canção não existiria. Sem a morte, a vida 
também não existiria, pois a vida é, precisamente, uma permanente despedida... 
A medicina criou a obstetrícia como uma especialidade cuja missão é “estar 
diante”da vida que está chegando. Acho que ela, por amor aos homens, deveria 
também criar uma especialidade simétrica à obstetrícia, cuja missão seria “estar 
diante”daqueles que estão morrendo. A morte também está cheia de medos, de dor. A 
morte também é um angustiante canal apertado e escuro. É solidão. O nenezinho, na 
passagem escura e apertada, está totalmente sozinho e abandonado. Aquele que está
morrendo também está absolutamente sozinho e abandonado. Aqueles que o amam e 
o cercam estão longe, muito longe: as mãos dadas não transpõem o abismo. A morte é 
sempre um mergulho no abandono. 
Pensei nessa especialidade... Pois a missão da medicina não é cuidar da vida? 
Pois a despedida também é parte da vida. Os que estão partindo ainda estão vivendo... 
Eles precsam de tantos cuidados quanto aqueles que estão nascendo. E até inventei 
um nome para tal especialidade. Combinei duas palavras: Moriens, entis, do latim, que 
quer dizer: “que está morrendo”; e therapeuein , do grego, que quer dizer “cuidar, 
servir, curar”. Saiu, então, morienterapia, os cuidados com aqueles que estão 
morrendo. E o morienterapeuta seria aquele que, à semelhança do obstetra, se 
encontra “diante”daquele que está se despedindo. Nossa Senhora do Bom Parto é a 
padroeira das parturientes. Procurei uma outra Nossa Senhora para ser a padroeira 
dos que estão morrendo. Eu a descobri na Pietá: aquela que acolhe no seu colo o filho 
que está morrendo. Morrer nos braços da Pietá é, talvez, sentir-se finalmente voltando 
para o colo de uma mãe que nunca se teve mas que sempre se desejou ter. Talvez, no 
colo da Pietá, a despedida poderia ser vivida, então como um retorno ao colo materno. 
Alguns me dirão que tal especialidade já existe: os intensivistas são “aqueles 
que estão diante” daqueles que estão morrendo. Quem diz isso não me entendeu. A 
missão dos intensivistas é o oposto do que estou dizendo. A missão deles é a de 
impedir a despedida, a qualquer custo. Por isso eles são pessoas agitadas. A qualquer 
momento pode haver uma parada cardíaca – e se eles não correrem e não forem 
competentes, a partida acontecerá. Cada partida é uma derrota. O morienterapeuta 
terá de ser alguém tranqüilo, em paz com o fim, com o fim dos outros de quem ele
cuida, em paz com o seu próprio fim, quando os outros cuidarão dele. Dele não se 
esperam nem milagres, nem recursos heróicos para obrigar o débil coração a bater por 
mais um dia. Dele se esperam apenas os cuidados com o corpo – é preciso que a 
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Texto "A Chegada e a Despedida" de Rubem Alves

  • 1. A chegada e a despedida Em Minas, em agradecimento a uma esmola que lhes tivesse sido dada por uma grávida, as mendigas a bendiziam com a saudação: “Nossa Senhora do Bom Parto que lhe dê boa hora!”. Benzeção confortante porque a hora da grávida é hora de dor e angústia, precisando da proteção da Virgem Parteira. Vendo, ninguém acredita que um nenezinho pudesse passar por canal tão apertado. Dor para a mãe, angústia para o nenê. No lugar onde as palavras nascem elas brilham com uma clareza espantosa. Vou ao nascedouro da palavra angústia: nasceu do verbo latino angere, que significa apertar, sufocar. Assim, no seu nascedouro, angústia queria dizer estreiteza. O nenezinho, que estava numa boa, vai ser apertado e sufocado dentro de um canal. Vai sentir angústia. E, pelo resto de sua vida, sempre que tiver de passar por um canal apertado e escuro, vai sentir de novo o que sentiu para nascer. Angústia e dor misturadas assim – não admira que as mendigas invocassem a Virgem... A medicina, descrente de Virgens e benzeções de mendigas, não conseguiu se livrar das angústias e dores das grávidas, e tratou de arranjar alguém que fizesse as vezes da Virgem para cuidar delas quando chegasse sua hora. Criou uma especialidade alegre, a mais antiga de todas: a obstetrícia. Obstetrix, em latim, quer dizer parteira. Uma tradução literal da palavra seria “aquela que está a diante”. A parteira está diante da mãe. Diante da mãe, ela aguarda o nenezinho. Sua função é ajudar a vida a atravessar a apertada e angustiante passagem que leva do escuro da barriga da mãe à luz do mundo aqui de fora: “dar à luz”. Que fantasias terríveis devem passar pela cabeça da criança ao se sentir espremida, deslocada, empurrada, arrancada, apertada!
  • 2. É possível que ela sinta que vai morrer. Mas, ao final do canal apertado, a obstetrix a acolhe, como se fosse a mãe... É ela, a parteira, a primeira experiência do mundo que a criancinha tem, a Virgem bendita. A vida começa com uma chegada. Termina com uma despedida. A chegada faz parte da vida. A despedida faz parte da vida. Como o dia, que começa com a madrugada e termina com o sol que se põe. A madrugada é alegre, luzes e cores chegam. O sol que se põe é triste, orgasmo final de luzes e cores que se vão. Madrugada e crepúsculo, alegria e tristeza, chegada e despedida: tudo é parte da vida, tudo precisa ser cuidado. A gente prepara, com carinho e alegria, a chegada de quem a gente ama. É preciso preparar também, com carinho e tristeza, a despedida de quem a gente ama. Os orientais sabem mais sobre isso do que nós. Sabem que os opostos não são inimigos: são irmãos. Noite e dia, silêncio e musica, repouso e movimento, riso e choro, calor e frio, sol e chuva, abraço e separação, chegada e partida: são os opostos pulsantes que dão vida à vida. Vida e morte não são inimigas. São irmãs. Chegada e despedida... Sem a frase que a encerra a canção não existiria. Sem a morte, a vida também não existiria, pois a vida é, precisamente, uma permanente despedida... A medicina criou a obstetrícia como uma especialidade cuja missão é “estar diante”da vida que está chegando. Acho que ela, por amor aos homens, deveria também criar uma especialidade simétrica à obstetrícia, cuja missão seria “estar diante”daqueles que estão morrendo. A morte também está cheia de medos, de dor. A morte também é um angustiante canal apertado e escuro. É solidão. O nenezinho, na passagem escura e apertada, está totalmente sozinho e abandonado. Aquele que está
  • 3. morrendo também está absolutamente sozinho e abandonado. Aqueles que o amam e o cercam estão longe, muito longe: as mãos dadas não transpõem o abismo. A morte é sempre um mergulho no abandono. Pensei nessa especialidade... Pois a missão da medicina não é cuidar da vida? Pois a despedida também é parte da vida. Os que estão partindo ainda estão vivendo... Eles precsam de tantos cuidados quanto aqueles que estão nascendo. E até inventei um nome para tal especialidade. Combinei duas palavras: Moriens, entis, do latim, que quer dizer: “que está morrendo”; e therapeuein , do grego, que quer dizer “cuidar, servir, curar”. Saiu, então, morienterapia, os cuidados com aqueles que estão morrendo. E o morienterapeuta seria aquele que, à semelhança do obstetra, se encontra “diante”daquele que está se despedindo. Nossa Senhora do Bom Parto é a padroeira das parturientes. Procurei uma outra Nossa Senhora para ser a padroeira dos que estão morrendo. Eu a descobri na Pietá: aquela que acolhe no seu colo o filho que está morrendo. Morrer nos braços da Pietá é, talvez, sentir-se finalmente voltando para o colo de uma mãe que nunca se teve mas que sempre se desejou ter. Talvez, no colo da Pietá, a despedida poderia ser vivida, então como um retorno ao colo materno. Alguns me dirão que tal especialidade já existe: os intensivistas são “aqueles que estão diante” daqueles que estão morrendo. Quem diz isso não me entendeu. A missão dos intensivistas é o oposto do que estou dizendo. A missão deles é a de impedir a despedida, a qualquer custo. Por isso eles são pessoas agitadas. A qualquer momento pode haver uma parada cardíaca – e se eles não correrem e não forem competentes, a partida acontecerá. Cada partida é uma derrota. O morienterapeuta terá de ser alguém tranqüilo, em paz com o fim, com o fim dos outros de quem ele
  • 4. cuida, em paz com o seu próprio fim, quando os outros cuidarão dele. Dele não se esperam nem milagres, nem recursos heróicos para obrigar o débil coração a bater por mais um dia. Dele se esperam apenas os cuidados com o corpo – é preciso que a despedida seja mansa e sem dor – e os cuidados com a alma – ele não tem medo de falar sobre a morte. Sei que isso deixa os médicos embaraçados. Aprenderam que sua missão é lutar contra a morte. Esgotados os seus recursos, eles saem da arena, derrotados e e impotentes. Pena. Se eles soubessem que sua missão é cuidar da vida, e que a morte, tanto quanto o nascimento, é parte da vida, eles ficariam até o fim. E assim, ficariam também um pouco mais sábios. E até - imagino - começariam a escrever poesia...