Revisão ENEM ensino médio 2024 para o terceiro ano
Lesões provocadas por armas de fogo e brancas
1. Instituto Superior de Ciências da Saúde do Norte
Odontologia Forense e Legislação Profissional
L E S Õ E S P R O V O C A D A S P O R
A R M A S
Andreia Seco
Diogo Soares
Elsa Nunes
João Santos
Maria Filipe
Mariela Oio
Outubro de 2014
2. Pela própria natureza da prática em serviços médico-legais, inevitavelmente todos
os profissionais de saúde lidam frequentemente com vitimas de atos de violência.
Um crime pode envolver:
- armas brancas
- armas de fogo
- agressões físicas
Uma correta avaliação clínica das lesões passa por descrição adequada das lesões.
A lesão provocada por determinada arma tem particulares relevantes e permitem
por isso fazer um diagnóstico diferencial capaz de auxiliar entidades judiciais na
resolução de um processo jurídico, imputando ou ilibando presumíveis
agressores.
I N T R O D U Ç Ã O
3. L E S Õ E S C O N T U N D E N T E S
Entre os agentes mecânicos, os instrumentos contundentes são os maiores
causadores de dano.
Ação é quase sempre produzida:
- por um corpo de superfície
lesões mais comuns verificam-se externamente
Agem por:
-pressão
- explosão
- deslizamento
- percussão,
- compressão/descompressão
- distensão, torção, fricção
- contragolpe
- forma de mista.
4. Superfície pode ser:
lisa, áspera, tortuosa ou irregular.
Lesão é causada por agentes sólidos mas também podem acontecer situações,
em que a lesão é causada por agentes líquidos ou mesmo gasosos.
A contusão pode ser:
- Activa, quando apenas o meio ou instrumento se desloca.
-Passiva quando só o corpo humano está em movimento.
- Mistas ocorrem quando o corpo humano e o instrumento se movimentam
com certa violência. (França, G.V., et all., 2005)
O resultado da ação desses meios ou instrumentos é conhecido geralmente por
contusão.
As lesões produzidas por essa forma de energia mecânica sofrem uma incrível
variação.
6. R U B E F A Ç Ã O
Não chega a ser considerado uma lesão do ponto de vista
anatomopatológico.
Não apresenta modificações significativas ou permanentes do
ponto de vista estrutural .
Caracteriza-se por congestão repentina e momentânea de uma
região do corpo atingida por um traumatismo.
Típico de uma bofetada na cara, onde ficam marcados os dedos
do agressor.
7. E S C O R I A Ç Ã O
Arrastamento da epiderme e exposição da derme.
Típica quando é afectada apenas a epiderme devido à ação da
violência. Quando a Derme é atingida passa a dominar-se Ferida.
Não origina Cicatriz.
Nas Escoriações post mortem não ocorre formação do crosta
8. O instrumento que causa a escoriação
deixa impressões no corpo da vítima.
O seu estudo permite distinguir se existiu
ou manobras de não defesa.
Na fece poderão indicar tentativa de
suicídio (asfixia).
Nos genitais, coxas e peito são suspeitos
de violação.
9. E Q U I M O S E
Infiltração hemorrágica nos tecidos.
Para que ocorra é necessário existir uma estrutura rígida por
baixo (Ex. osso) para que ocorra a ruptura de um capilar.
Nos traumatismos crânio-encefálicos mais graves, surgem
tardiamente equimoses nas pálpebras.
Por vezes imprimem com fidelidade os objectos que lhes
deram origem (fivelas, pneus, sapatos, cordas, etc)
10. Quando provocadas por objectos cilíndricos,
originam-se duas equimoses longas e
paralelas (Víbices).
11. A cor de uma equimose varia ao longo do tempo:
Cor Evolução
Vermelho-violácea
a violácea
Do início ao 2º dia
Azulada Do 3º ao 6º dia
Esverdeada Do 7º ao 12º dia
Verde-amarelada
a amarelada
Do 13º ao 20º dia
Desaparecimento
(normalidade)
À partir do 21º dia
12. Como distinguir uma equimose de livores cadavéricos?
Equimose:
Sangue coagulado com malhas de fibrina
Implica ruptura dos vasos
Livores Cadavéricos:
Sangue não coagulado
Integridade dos capilares
13. H E M AT O M A
Extravasamento de sangue de um vaso de médio ou
grande calibre.
Forma-se no interior dos tecidos ou espaços que tenham
capacidade de acumulação sanguínea.
Na pele produz um relevo mais ou menos definido, e de
absorção mais lenta que a equimose.
14. B O S S A S A N G U Í N E A
Apresenta-se sobre um plano ósseo e
saliência bem pronunciada na
superfície cutânea.
Muito comum no couro cabeludo.
Vulgarmente conhecido como um
“galo”
15. F E R I D A C O N T U S A
Lesão aberta cuja acção foi capaz de vencer a resistência
elástica dos planos moles.
São produzidos por pressão, percussão, arrastamento,
explosão e tração.
A forma da ferida é sugestiva do tipo de objecto que a
causou.
16.
17. L U X A Ç Ã O
Dificilmente são considerados como sendo a causa da morte, no
entanto têm utilidade para explica-la.
Caracteriza-se pela deslocação de dois ossos cujas superfícies
articulares deixam de ter contacto.
Podem ser Completas (quando as superfícies de contacto se
afastam totalmente) ou Incompletas (quando a perda de
contacto é parcial).
As mais frequentes são nos ombros, joelhos, cotovelos, e
tornozelo.
18. Lesões articulares provocadas por movimentos exagerados
dos ossos que compõem uma articulação, incidindo apenas
nos ligamentos.
Perturbação da função, tumefação, rubor local, movimentos
articulares anormais, equimose ou hematoma na lesão
afectada.
E N T O R S E
19. Lesão cortante – toda a lesão que apresente corte da pele da pele e separação dos tecidos
Diagnóstico diferencial médico-legal:
Bordos
Direcção
Pele
circundante
Profundidade
dos
tecidos
lesados
E"ologia
de
uma
lesão
de
arma
branca
Avaliação
da
lesão
visa
descrição:
• Pormenorizada
• Minociosa
• Precisa
• Fatual
• Objec<vo
da
lesão
• Isenta
de
juízos
sobre
as
circustâncias
que
concorreram
ao
fato
L E S Õ E S C O R TA N T E S
Acidental*
Homicida*
Suicida*
20. Descrição das lesões:
• Forma, extensão e direcção em que foi produzida
• Número de lesões
• Determinção do tipo de instrumento
• Localização anatómica preisa
• Circunstâncias em que as mesmas terão sido produzidas
• A violência com que demostram ter sido produzidas
• Aorigem da sua produção
Características das lesões cortantes:
• Regularidade e nitidez das suas margens e bordas
• Hemorragia
• Predomínio do cumprimento sobre a profundidade
• Afastamento dos bordos das feridas
21. I N S T R U M E N T O S C O R TA N T E S
Instrumento cortante – é classificado como um instrumento que age por pressão
e por deslizamento sobre uma linha
Classificação dos instrumentos consoante as carateristicas que imprimem nas
lesões:
• Instrumentos cortantes
• Instrumentos perfurantes
• Instrumentos contundentes
• Instrumentos perfuro-cortantes
• Instrumentos perfuro-contundentes
• Instrumentos corto-contundentes
Possuem gume mais ou menos afiado, e agem por mecanismo de deslizamento
sobre os tecidos
22. C L A S S I F I C A Ç Ã O D A S L E S Õ E S
Esfaqueamento Lesões Múltiplas
27. LESÕES PERFURASNTES
Lesões perfurantes – são caracterizadas essencialmente por bordos irregulares, um predomínio de
profundidade e possui um carácter penetrante, causando perfuração e rutura dos tecidos por uma arma de fogo
Orifício de entrada – é um orifício, onde o projéctil atinge o corpo, provocando o seu rompimento, tem a forma
tubular onde se deposiam detritos
Zona de tatuagem – é resultado da
impregnação de partículas de pólvora
incombusta que alcançam o corpo
Zona de fuligem – é produzida pelo
de pósito de fuligem da pólvora ao
redor do orifício de entrada
Zona queimada – tem como
responsável a acção superaquecida
dos gases que antingem e queimam a
pele
28. Características relevantes das lesões de armas de fogo:
• O projéctil é o mais típico agente perfurocontundente
• É composto de chumbo e revestido ou não por outros metais
• As munições podem ter carga simples ou única (revólver) ou múltiplas (arma de
chumbo)
Para o estudo das lesões de armas de fogo são considerados alguns critérios:
• Distância de disparo ao alvo
• Características dos orifícios provocados pelas armas
• Trajectória da munição
30. E F E I T O S P R O V O C A D O S N O
A LV O H U M A N O
Efeitos primários
Ação directa
Ação indirecta
Cavidade permanente
Cavidade temporária
Efeitos secundários
31. F A C T O R E S D E T E R M I N A N T E S N O P O D E R
L E S I V O D E U M A A R M A D E F O G O
•Distância a que se faz o disparo
•Energia cinética do projétil
•Forma do projétil
•Localização do orifício de entrada
•Trajetória do projétil
•Cavidade temporária
•Desaceleração
32. Temos de considerar 3 parâmetros:
Orifício de entrada
Orifício de entrada propriamente dito
Forma de contorno
Lesões a grande distância- forma oval ou de
fenda linear.
Lesões a pequena distancia- aspeto
rasgado,em estrela.
M O R F O L O G I A D A S L E S Õ E S P O R U M A A R M A
D E F O G O
33. TATUAGEM
Formação resultante de disparo que se desenha a volta do orifício de entrada
Fornecem importantes indicações de diagnostico medico–legais
2 componentes :
• halo de contusão
• tatuagem propiamente dita
34. Halo de CONTUSÃO
E limitado
Coloração escura
É elemento característico de orifício de entrada
Pode existir também no orifício de saída
Forma circular
Mecanismo de formação do halo
contusão da pele pelo bala
erosão que a distinção da pele origina antes de provocar perfuração
arranhão de projétil sobre a pele
35. TATUAGEM
Queimadura zona apergaminhada, escura ou amarela e concêntrica ao orifício de
entrada onde se encontram pelos queimados.
Incrustação de grãos de pólvora não queimados Podem penetrar
superficialmente ou profunda a sua distribuição constitui um bom indicador da direção do
disparo
Deposito de negro fumo pode desaparecer com simples lavagem com agua, maior
extensão que os resultantes componentes.
36. LESÕES ATÍPICAS
• Lesões de entrada de forma irregular
• Podem ter rasgos nas margens
• Geralmente ocorrem quando uma bala perde a rotação dada pela
arma
• Resultam frequentemente da passagem do projétil por um alvo
intermediário
37. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO ORIFÍCIO DE ENTRADA
EM LESÕES ATÍPICAS
Contusão
simples
balas
que
não
perfuram
a
pele
por
falta
de
força
ou
medalhas
Erosões
ou
sulcos
balas
tangenciais
Lesões
em
fundo
de
saco
penetração
pouco
profunda
38. TRAJECTO
• Único ou múltiplo
• Rectilíneo ou com desvio
• Diâmetro não constante
• Interior do trajeto preenche se de sangue
39. ORIFICIO DE SADA
• E inconstante
• Normalmente tem forma irregular pode ser maior que o orifício de
entrada, ausência de halo e bordos revestidos
• Apresenta de sangramento
41. TIPOS DE LESÕES PERFURANTES
Tiro em contacto
Tiro a curta distância
Tiro a média distância
Tiro à distância
42. • Ferida de contacto é aquela em que o cano da arma
é mantido contra o corpo no momento da descarga.
• Todos os materiais emergentes da boca da arma são
transferidos para a ferida
• Características:
- Orifício de entrada com escurecimento e pó
(fuligem) na borda da ferida;
- forma irregular;
- não tem zona de tatuagem;
- tem diâmetro superior ao do projéctil;
- há impressão do cano da arma.
TIRO EM CONTACTO
43. TIRO A CURTA DISTÂNCIA
Ferida provocada a uma distância em que os grãos de pólvora que
emergem da boca da arma não se conseguem dispersar e acabam por
marcar a pele provocando uma tatuagem, que é condição sine qua
non destas feridas.
44. TIRO A MÉDIA DISTÂNCIA
Ferida provocada por uma
arma que está longe do corpo,
mas ainda perto o suficiente
para que os grãos de pó
expelidos com a bala possam
produzir uma espécie de
"tatuagem" na pele (DiMaio,
V.J.M. 1999, p.71).
Nota: neste caso pode haver
tatuagem ou não, e está terá
um aspecto puntiforme, tipo
salpico, entre o castanho e o
laranja, à volta do orifício de
entrada.
45. • A tatuagem é um fenómeno ante-mortem. Se o indivíduo já estava
morto aquando do disparo as marcas vão ter uma coloração cinza-
amarelada e não castanho-alaranjada.
• Nestas feridas podem também haver zonas de fuligem e zonas
queimadas.
46. TIRO À DISTÂNCIA
• Ferida em que as únicas
marcas no alvo são as
produzidas pela acção
mecânica da bala ao perfurar
a pele (DiMaio, V.J.M. 1999)
• Orifício de entrada é
arredondado, bem definido,
de diâmetro inferior ao do
projéctil e com halo
escurecido e equimótico
47. CONCLUSÃO
• A observação directa das lesões nas vítimas permite a apreciação
de um certo número de características do ferimento, (...) cujo
conjunto é essencial para a objectividade da presunção médico-
legal da intenção de matar. (Pinto da Costa, 2004)
• É de extrema importância que o profissional de saúde tenha
competências específicas na procura de detalhes. (...) Os
elementos da sua observação são fundamentais para a
investigação judiciária ou policial e para uma possível decisão
final em tribunal. (Pinto da Costa, 2004)
48. • É necessária uma rápida colaboração entre sistemas de saúde e
sistemas de justiça para que sejam corrigidas as deficiências já
reconhecidas (...) e também para que sejam criadas regras de
procedimento para situações bem definidas.
• Um correcto registo clínico que contemple uma descrição
pormenorizada de todas as lesões encontradas revela-se uma
mais-valia para a segurança jurídica e contribui para um ganho
da vítima e da sociedade.
49. • A uniformização das avaliações dos registos permite uma
maior comunicação entre os serviços de saúde e de justiça,
aumentando a qualidade e o rigor da informação recolhida.
• A comunicação entre a Medicina Legal, os Serviços de Saúde e
o Direito permite responder de forma adequada e célere a
expectativas legais e problemas de saúde pública.
50. FONTES BIBLIOGRÁFICAS
• Aguiar, A. (1958). Medicina legal:Traumatologia Forense. Lisboa.
Universidade Editora
• Borges, J.,& Ribeiro,T. Agentes Cortantes e perfuro-cortantes.
• http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/20050/2/
Tesemestradoluciavales2009.pdf