O documento discute a importância da avaliação de terras para o planejamento de uso da terra. A avaliação de terras fornece informações sobre como a terra pode ser usada e quais serão as consequências desse uso, apoiando o planejamento estratégico a médio e longo prazo. A avaliação deve considerar os recursos naturais, biofísicos e econômicos para gerar recomendações sobre o uso da terra que minimizem danos ambientais e sejam economicamente sustentáveis.
2. • A maioria das atividades humanas depende do uso da
terra
– A terra tem se tornado um recurso cada vez mais escasso.
• O uso inadequado da terra leva a:
– uma operação ineficiente dos recursos naturais
– à destruição dos recursos da terra
– à pobreza e a outros problemas sociais.
• O uso da terra sem um planejamento adequado tem
levado a conseqüências ambientais negativas ou a
insuficiente sustentabilidade econômica das empresas
agrícolas.
3. • Tanto para a implementação de projetos agrícolas como
para a melhoria das atuais práticas agrícolas:
– a avaliação dos recursos disponíveis e das restrições deve ser
utilizada como base para as decisões sobre uso e manejo das
terras.
• Nesse contexto, a avaliação de terras existe para
fornecer informação para o planejamento de uso das
terras, contribuindo para:
– a redução da degradação ambiental
– adequação de uso das terras,
• É um importante instrumento para o planejamento
de uso da terra que utiliza dados de recursos
biofísicos e econômicos para a geração de informações
para a tomada de decisão.
4. • Tal como definido pela Organização das Nações Unidas
para a Agricultura e Alimentação (FAO,1985 e 1993):
– a avaliação de terras é um procedimento para avaliar o
desempenho de terra quando esta é usada para uma
finalidade específica.
• A avaliação fornece uma base racional para a tomada
de decisões sobre o uso da terra com base na relação
entre os requerimentos do uso da terra e as qualidades
da terra (Bouma et al., 1993).
• Os sistemas de avaliação de terras são ferramentas
organizacionais e classificatórias utilizadas para
auxiliar no processo decisório.
– A utilização de tais sistemas ajuda a organizar os dados
disponíveis e aumentar a quantidade de informações que
podem ser extraída dos dados.
5. • No entanto, atualmente os sistemas de avaliação de terras
disponíveis podem não ser adequados
– para uso em todas as escalas espaciais de ordenamento territorial
ou
– para resolver problemas específicos relativos à utilização da terra.
• O planejamento é
– o processo de alocação de recursos, incluindo tempo, capital e
trabalho,
– com limitações de recursos, a curto, médio ou longo prazo,
– para produzir o máximo benefício a um grupo definido.
• Embora existam planos individuais para o futuro, por
planejamento no âmbito da avaliação de terras entende-se
alguma forma de atividade coletiva na qual se consideram os
benefícios para um grupo ou para a sociedade (Rossiter,
1994).
6. De uma forma geral, pode-se caracterizar o processo de
planejamento através das seguintes características:
1. é um processo que é uma atividade contínua que ocorre
constantemente em um ambiente dinâmico;
2. envolve a preparação de planos e propostas alternativas;
3. é direcionado para atingir metas e objetivos definidos;
4. é orientado para a obtenção de resultados futuros;
5. valoriza procedimentos e métodos racionais para a
obtenção de propostas, baseado em informação e
conhecimento; e
6. busca reconhecer que existe uma interação entre os
objetivos e as propostas de planejamento com muitos
fatores externos, pois muitas vezes o resultado do
planejamento causando efeitos colateriais.
7. • O planejamento de uso das terras é feito para
– fornecer o máximo benefício econômico para o
proprietário das terras ou quem as explora e
– para evitar ou resolver conflitos entre usuários da
terra.
• O planejamento do território rural é o processo
de atribuição de usos a áreas de terra e os
recursos para tais usos.
• A avaliação de terras é destinada a apoiar o
planejamento estratégico, que
– ocorre a médio e longo prazo,
– envolve a especificação de objetivos e
– pode considerar grandes alterações (Rossiter, 1994).
8. • No planejamento agrícola ou no planejamento
sustentável do uso da terra existe uma
seqüência que precisa ser seguida,
independentemente dos métodos que se
pretenda usar para realizar cada etapa.
• Para planejar é preciso avaliar, para avaliar é
preciso conhecer e para conhecer é preciso
caracterizar.
• Numa seqüência lógica, parte-se dos
levantamentos e caracterizações ambientais,
para as análises e avaliações, para finalmente
ser possível realizar um planejamento
consistente, ou seja, com conhecimento da
realidade para que possa ser implementado com
sucesso.
9. SEQÜÊNCIA DE ETAPAS DO PLANEJAMENTO DO USO
DA TERRA
(ADAPTADO DE VILCHEZ, 2002)
INFORMAÇÃO
INFORMAÇÃO
ANÁLISE
ANÁLISE
PLANEJAMENTO
PLANEJAMENTO
IMPLEMENTAÇÃO
IMPLEMENTAÇÃO
RETROALIMENTAÇÃO
10. • O entendimento do ambiente físico, social e
econômico através do uso de informações é
essencial para o desenvolvimento de propostas
de planejamento realísticos.
• O levantamento de informações necessárias
para o planejamento depende da área a ser
planejada, sendo a definição do adequado
levantamento de recursos definido pela
comparação do que é desejável com o que é
prático de ser feito.
11. • A demanda pela avaliação de terras origina-se da
percepção que o mapeamento dos recursos naturais não
fornece orientações suficientes sobre
– como a terra pode ser usada e
– quais serão as conseqüências do uso (Dent e Young, 1981).
• O levantamento de recursos naturais
– somente mostra a tipologia e distribuição dos recursos
naturais,
– sem permitir avaliar os potenciais de uso da terra,
informação esta requerida pelo planejamento de uso das
terras.
• Esta avaliação é feita pela avaliação de terras, que
relaciona características dos recursos naturais com
qualidades da terra e com sua potencialidade para os
diversos tipos de uso considerados.
12. • Na avaliação de terras utiliza-se um conjunto
diversificado de técnicas analíticas que podem
ser usadas para:
– descrever o uso da terra e
– para prever a resposta da terra a esses usos em
termos físicos e econômicos,
– além de buscar otimizar o uso da terra na presença
de múltiplos objetivos e restrições.
• O propósito fundamental da avaliação de terras
é prever as conseqüências de alterações no uso
das terras.
13. • Alterações no tipo de uso podem ser:
• converter áreas sob vegetação natural em áreas de pastagens
ou cultivos
• alterar o tipo de utilização agrícola de áreas já em produção.
• Em todos esses casos de alterações no tipo de uso, é
necessário que se faça predições do comportamento da
terra quando usada sob essas diferentes formas de
produção, sendo que deve-se prever os benefícios e
conseqüências ambientais das alterações de tipo de uso.
• Especificidades sobre os propósitos da avaliação de
terra, estes mudam
• com a escala de mapeamento
• com os objetivos e
• com o contexto físico, social e econômico na qual a avaliação é
realizada.
14. • Em países em desenvolvimento, normalmente as
alterações no uso da terra ocorrem devido a
projetos de desenvolvimento regional.
• Segundo Dent e Young (1981), existem três
níveis principais de escala e intensidade que
formam partes sucessivas dos planos de
desenvolvimento, que são
• o levantamento de recursos naturais
• a avaliação da possibilidade de execução do projeto e
• o planejamento da produção agrícola.
15. • Na avaliação dos recursos naturais
normalmente avalia-se terras numa escala de
reconhecimento para identificar as
possibilidades de desenvolvimento e indicar
projetos alternativos de desenvolvimento.
• tipos principais de utilização das terras
• áreas para uso agrícola
• áreas a serem urbanizadas
• áreas de preservação permanente
16. • Quando uma possibilidade de desenvolvimento é
identificada, sua possibilidade de execução deve
ser avaliada antes de ser decidido pela sua
efetivação.
• A avaliação de terra é uma importante fonte de
informação para esta decisão, sendo que neste
caso a avaliação deve ser mais detalhada e
referir-se a tipos de uso da terra mais
detalhados, considerando requerimentos
específicos dos usos da terra avaliados (tais
como lavouras, pastagens ou florestas, por
exemplo).
17. • uma vez que os estudos indiquem a possibilidade de
execução do projeto, pode não ser mais necessária
nenhuma avaliação da aptidão de uso das terras na
etapa de planejamento de uso das terras.
• uma vez estabelecida uma unidade de produção
agrícola, pode ser necessário fazer a subdivisão das
áreas produtivas segundo sua aptidão a fim de permitir
uma adequada distribuição dos usos requeridos.
• a partir de uma avaliação detalhada da aptidão das
terras, pode-se planejar quais as áreas a serem
plantadas (para cada uma das áreas individualizadas
pelo mapeamento):
• quais as épocas de plantio
• quais as variedades de cultivos ou árvores a serem plantadas
• quais outras práticas de manejo de solo e culturais são
necessárias.
18. • O nível de informação necessária e os esforços
no processo de análise de decisão tendem a
aumentar quando o processo de planejamento
ocorre em escalas espaciais mais finas, como a
nível de unidades de produção agrícola.
• Nestes casos, a questões de planejamento
podem precisar serem tratadas por meio de
técnicas que são mais específicas do local e que
pode resultar em recomendações mais
específicas de gestão.
19. • A avaliação do cenário de planejamento deve
oferecer informação suficiente para encontrar
soluções alternativas no nível exigido pelo
processo de planejamento (Bouma et al., 1993 e
Bouma, 1997).
• Aumentar a escala das unidades a serem
avaliadas (ou seja, o planejamento de unidades
administrativas menores) tende a originar
problemas de uso da terra mais específicos que
requerem respostas mais particularizadas.
20. • Cada nível de tomada de decisão pode ser
caracterizado de acordo com o diferencial de
tempo e tipo de opções disponíveis e, portanto,
exigem diferentes tipos de procedimentos de
informação e decisão.
• Como resultado, os tipos de técnicas de decisão
necessários em cada nível de decisão são
diferentes.
• A solução para os conflitos de uso da terra tem
envolvido cada vez mais técnicas de tomada de
decisões para a escolha de melhores práticas de
gestão de situações específicas.
21. • Atualmente, para situações de solução de
problemas específicos de uso da terra, menos
ênfase tem sido dada aos sistemas tradicionais
de avaliação da terra em favorecimento de
procedimentos orientados pela solução de
problemas ou procedimentos específicos de
avaliação de terras (Rossiter, 1996; Bouma,
2000).
• Esta mudança de paradigma deve induzir a
prática do ordenamento e gestão orientados pela
demanda em direção a elaboração de
procedimentos de tipos variados, incluindo
sistemas de apoio à decisão (Bouma, 1997 e
2000).
22. REFERÊNCIAS
Bouma, J. 1993. Using expert systems and simulation modeling for land evaluation at
farm level: a case study from New York State. Soil Use and Management 9(4):131-139.
Bouma, J. 1997. The land use systems approach to planning sustainable land management
at several scales. ITC Journal 1997(3): 237-242.
Bouma, J. 2000. Land evaluation for landscape units. In: Sumner, M. E. (ed.) Handbook of
Soil Science. CRC Press. Boca Raton, Florida. 2148 p.
Dent e Young. Soil survey and Land Evaluation. George Allen & Unwin. Boston, London.
278p. 1981
Food and Agriculture Organization of the United Nations. 1985. Guidelines: land
evaluation for irrigated agriculture. Soils Bulletin 55, Rome, Italy: FAO. 231p.
Food and Agriculture Organization of the United Nations. 1993. Guidelines for land-use
planning. FAO Development Series 1, Rome, Italy: FAO. 96 p. ISBN 92-5-103282-3.
New Zealand. Land use capability survey handbook. Water and Soil Division, Ministry of
Works. 2nd
ed. Wellington, New Zealand. 139p. 1971.
Roberts, J.C. 1979. Principles of land use planning. pp. 47-63. In: Beaty, M.T., Petersen,
G.W., Swindale, L.D. Planning the uses and management of land. Agronomy, 21. ASA-
CSSA-SSSA. Madison, WI, USA. 1028p.
Rossiter, D.G. 1994 Lecture notes: Land evaluation. SCAS Teaching Series T94-1,
Department of Soil, Crop & Atmospheric Sciences, Cornell University, Ithaca NY USA.
Rossiter, D.G. 1996. A theoretical framework for land evaluation. Geoderma (72): 165-190.
Vilchez, J. L. Q. 2002. Análisis en planificación territorial. In: Congresso GEOEXPO, 6,
2002, Lima. Edición extraordinaria con las exposiciones y conclusiones del…, p. 19-22.