1. A NOÇÃO DE SEQUÊNCIA TEXTUAL NA ANÁLISE PRAGMÁTICO-TEXTUAL DE JEAN-MICHEL ADAM Cláudia Eliane Elisângela Silva Evaneuda Araújo Lyzanne Macêdo Maura Regina Sandra Silva ESPECIALIZAÇÃO EM LINGUÍSTICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI SETEMBRO/2011
2.
3. A exposição estará centrada nos textos do final dos anos 1980 e início dos anos de 1990.
4.
5. A sequência textual, um desses mecanismos, é vista como um conjunto de proposições psicológicas que se estabilizaram como recurso composicional dos vários gêneros.
6.
7. BASES TEÓRICAS DA NOÇÃO DE SEQUÊNCIA TEXTUAL NO TRABALHO DE ADAM Jean-Michel Adam procurou construir uma reflexão teórica que agrupasse as orientações formais e enunciativas a respeito do texto. Sua carreira de pesquisador foi marcada pelas questões de estudo e ensino da narrativa literária, motivo pelo qual ele recorreu ao quadro teórico da análise estrutural da narrativa (especialmente aos formalistas russos e aos autores do contexto francês como Algirdas Julien Greimas, Roland Barthes e Gérard Genette). Adam também sofreu influências dos trabalhos sobre gramática narrativa (principalmente pela perspectiva aberta por Teun A. Van Dijk) e dos trabalhos de análise do discurso francesa (inicialmente, os de Michel Pêcheux e, posteriormente, os de Dominique Maingueneau).
8.
9. Bakhtin propõe ainda duas categorias de gêneros:- Os primários (tipos simples de enunciados); - Os secundários (tipos complexos que incorporam os primeiros).
10.
11. O protótipo, segundo Rosch, é o objeto mais típico da categoria; é aquele que reúne o maior número de pistas de validade para ser membro dela.
12. Para Adam, os gêneros e seus exemplares são dispostos em categorias pelos traços que compartilham com as sequências (os protótipos).
24. 1. A sucessão de eventos – a narrativa consiste na delimitação de um evento inserido em uma cadeia de eventos alinhados em ordem temporal.
25. 2. A unidade temática – a ação narrada necessita ter um caráter de unidade, deve privilegiar um sujeito agente ou seja o personagem principal.
26.
27. 5. A intriga – a narrativa traz um conjunto de causas, de modo a dar sustentação aos fatos narrados. A intriga pode levar o narrador a alterar a ordem processual natural dos fatos, fazendo com que a narrativa por exemplo, comece pelo meio.
37. Uma reformulação.Na descrição, após se estabelecer o tema –título, haverá uma especificação dele, por meio da aspectualização e/ou do estabelecimento de relação.
38.
39. E relato de partes de partes doobjeto (sinédoque)Cada uma das partes relatadas pode ser, por sua vez, especificada, reaplicando-se ciclicamente os mesmos processos (tematização).
40.
41. A situação do objeto ( seja no espaço ou no tempo );
45. responder o questionamento (explicação/resposta);
46.
47.
48. O problema: “Só é preciso uma máquina que não enguice. A explicação: Por que é muito difícil, para os técnicos, subir até aqui”.
49. Conclusão-avaliação: “Então, é preciso de algo forte. Nós sempre tivemos uma Radiosa. E nunca tivemos aborrecimentos com ela.” Para a Radiosa, não só as máquinas de lavar roupa que não dão problemas: as lavadoras de louça, os fogões, as geladeiras e os freezers também são fabricados para durar como a máquina do lago de Gaube. Radiosa: Os eletrodomésticos sem problemas. (Adam,1992, p.137)
51. Sequência dialogal Possui como característica fundamental, o fato de ser formada por mais de um interlocutor, podendo estes interlocutores ser personagens, quando a sequência está inserida em um gênero de ficção.
52. Esquema dialogal abertura da interação {corpo da interação} {fechamento da interação} A abertura, em geral, é marcada por atos de saudação ou de apresentação; o fechamento, por atos de despedida ou agradecimento. É no corpo da interação que se discorre sobre um assunto mais ou menos acolhido pelos interlocutores.
72. Identificação entre a estrutura da sequência descritiva e a estrutura do próprio gênero.
73.
74. Nos dias de hoje, quando pessoas normais viram celebridades e “artistas” se revelam comuns e patéticos, filmes como “A Enfermeira Betty” servem para mostrar a tênue linha entre o Imaginário e o real, cada vez mais medíocre. Para reforçar a tese, um debatedor à altura do tema: o incisivo e polêmico diretor Neil LaBute (Na companhia dos homens), que pode ter feito sua produção mais leve , porém, de longe, a mais interessante delas. Renée Zellweger é uma moça normal da classe média interiorana ianque. Faz tudo que o marido pede, tem um emprego mixuruca, é gentil com todos e, sobretudo, não perde um capítulo de sua novela preferida. A rotina muda quando testemunha o marido sendo assassinado por uma dupla de matadores (Morgan Freeman e Chris Rock, ótimos). Ela pira, passa a viver como se fosse uma personagem do tal dramalhão preferido da TV e vai em busca do amado doutor (Greg Kinnear) – ao mesmo tempo em que é perseguida pelos criminosos. A fábula de LaBute usa o artifício de “Forest Gump” (a patetice e a inocência podem vencer o mal) de forma crítica e acaba radiografando o coração do americano médio.Rodrigo Salem Nurse Betty, EUA, 2000. De Neil LaBute. Com Renée Zellweger, Morgan Freeman, Chris Rock. 110 min. Columbia. Comédia.
75. CONT... Giering, afirma que em termos conceituais, Adam não deixa claro o que permite a distinção entre tipo e plano de texto e, do mesmo modo, o que permite a identificação de uma sequência e de sua fronteira com as demais sequências presentes no texto.
76.
77.
78. Cont... Gênero secundário (forma presente nas enunciações mais complexas, onde os interlocutores interagem de modo mais indireto). O terceiro ponto crítico corresponde ao problema de categorização. Se a linguagem acontece na produção, torna-se incoerente a afirmação de que as categorias textuais se organizam mediante protótipos sequenciais.
79. Formalização e quantificação das sequências Autores como Werlich (1976), Brewer (1980) e Virtanen (1992), concebem as sequências, como resultantes de processos cognitivos primários da mente. Já o trabalho de Adam abre outra perspectiva, pois imprime uma postura relativista, concebendo esses tipos apenas como cristalizações a partir de práticas discursivas.
80. CONT... A posição de Bronckart (1999), por um lado concebe as sequências como cristalizações no interdiscurso. Por outro, recorre a mecanismo psicológicos: os mundos discursivos (do narrar e do expor) e os arquétipos psicológicos (discurso interativo, discurso teórico, relato interativo, narração). Bonini (2002), sugeri que as sequências se relacionam à psique humana, mediante uma gradação de fatores psicológicos, quanto ao grau de importância para a sobrevivência do indivíduo.
81. CONT... O termo sequência não é consensual, uma vez que muitos ainda preferem o termo tipo de texto, e Meurer (2000)fala em modalidades retóricas, entendendo-as como estruturas e funções textuais. Vários estudiosos já propuseram os seguintes tipos de sequências: descritivo, narrativo, expositivo, argumentativo, instrutivo, procedimental, comportamental (injuntivo), explicativo.
82. CONT... Entre Adam e Bronckart, que compartilham um quadro teórico próximo, há divergência quanto à existência ou não de sequência injuntiva. Adam (1992) afirma que a injunção é um tipo de descrição. Bronckart (1999), além de incorporar mais um tipo ao conjunto delimitado por Adam, desenvolve um raciocínio gradativo dentro de cada mundo ( do expor e do narrar), de modo a acrescentar um grau zero da planificação na ordem do narrar.
83. CONT... Adam e Bronckart não consideram um tipo expositivo. Sem esse tipo, torna-se difícil explicar a planificação da notícia. Não se pode dizer que ela é determinada claramente nem por uma sequência explicativa (não se explica o fato), nem narrativa, nem descritiva (já que não se descreve o fato).
84. Realidade psicológica das sequências A realidade psicológica das sequências existiria realmente como componente cognitivo da linguagem? Como se interrelacionam os esquemas cognitivos das sequências e dos gêneros? Bonini: “gêneros se organizam como superestruturas e as sequências como intra-estruturas encaixadas.” (p.234)