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:: CARTA 16 | A ESTRELA
Por Chris Wolf
Ao analisar as cartas do meu oráculo pessoal, o Baralho Petit Lenormand, para iniciar o meu blog sobre este tema eu
pensei que deveria começar do começo, sem redundância. Porém, esta carta é tão amada que se impôs. Decidi que
seria assim, ela será a primeira e as demais virão aleatoriamente... E daí, por conta de uma excelente ideia de
blogagem coletiva vinda de meu ‘irmão’ Emanuel J. Santos, ela vem ao mundo. Eis a Estrela.
Carta de número 16 do Petit Lenormand, agregada ao 06 de Copas, a Estrela vem nos falar
praticamente as mesmas mensagens, seja na escola européia ou na brasileira. E dentre os muitos
símbolos que o Petit Lenormand tem em comum com o Tarô, um deles é a carta da Estrela - que,
por muito pouco, não tem o mesmo número! No Tarô, ela é o arcano 17; no Lenormand, a carta
16. Creio que isto só reforça a força que este símbolo tem em nossas vidas.

Pixie’s Lenormand
(2nd Edition)

A Estrela fala do bem maior. Numa consulta ela representa tudo o que está além de nós, a ação
do que é transcendental, espiritual, energias elevadas. Fala de inspiração, e transmite paz e
serenidade àqueles que a recebem, pois mesmo em meio a mares turbulentos existe algo que nos
guia... Ela vem para dizer “não se preocupe, você não está só”. Dizem os antigos que o Universo
conspira a favor de tudo o que é verdadeiro em nossa vida, e esta é a mensagem máxima que a
Estrela traz.

É o sucesso e a prosperidade, mas em todos os sentidos. É uma carta de sorte e proteção.
Pode estar mostrando no jogo algo predestinado em nossa vida, é como se fosse a ação do
Destino se manifestando na tiragem. A Carta 16 fala de realizações, sorte, inspiração,
habilidades específicas... É a “estrela” que carregamos, as nossas potencialidades, nossos
dons e habilidades. A Estrela fala do infinito, do que é visionário, de algo “estelar” em
nós. Quando ela sai numa consulta nos fala que é chegado o momento de seguir adiante:
tenha plena confiança de si mesmo e faça planos, trace metas, pois haverá ajuda, um
“empurrãozinho” do céus... Como é bem dito num provérbio persa, “vá e acorde a sua
sorte”. Conspire, a seu favor.

“Confira
tudo que respira
conspira.”
- Paulo Leminski -

Estudo simbólico
O simbolismo do Baralho Petit Lenormand é próprio e muito próximo de nós também, fazendo com que ele seja um
oráculo do cotidiano. Seus símbolos são atuais até hoje, pois mostram coisas, objetos e itens presentes em nossa vida e
facilmente entendíveis e transponíveis por seus leitores. O estudo das lâminas e dos símbolos deste oráculo amplificam
os significados e devem sempre ter como ponto de referência o momento onde foram criados e o que significavam
naquela época. A meu ver, não se pode fugir da matriz simbólica, tampouco se limitar a ela. Vamos em frente.
Eu poderia falar horas sobre ela... É um assunto muito rico.
Estudando sobre a Estrela, para um melhor entendimento do
símbolo e, consequentemente, da carta e do que ela representa
vejo que não há povo no mundo que não tenha projetado nos céus
estrelados as principais forças e mitos de seu cosmo. Para muitas
culturas, as estrelas exercem influência direta na vida do Homem e
o interesse dele por aquilo que se reflete no céu é ancestral,
mítico e científico.
Uma série de acontecimentos são necessários para se dar
nascimento a uma estrela. Nuvens de gás e pó levam milhões de
anos para formar uma imensa bola com brilho próprio cuja
radiação provém de inúmeras e constantes explosões e reações
nucleares em seu núcleo. Essa bola se mantém intacta e unida com
outras estrelas e planetas por conta da gravidade de sua matéria escura, e embora Platão a tenha descrito como “a
imagem móvel da eternidade”, uma estrela acaba quando seu combustível nuclear se esgota, em uma imensa explosão
em si mesma. Ainda assim, ao morrer, ela nos dá mais estrelas, e um brilho que ainda chega até nós anos-luz depois de
sua “passagem”. A meu ver, o nascimento de uma estrela é algo tão assombroso e milagroso como o nascimento de
uma pérola.
É observando a dança das estrelas e as rotas dos planetas que medimos o tempo.
Muitas mitologias afirmam que somos feitos delas e que no final dos tempos
voltaremos a ser, enquanto para outros povos basta falecermos no mundo que
iremos tomar nosso espaço no céu escuro. Estrelas específicas podem ser anjos,
fontes de vida, centelhas de luz divina.

“Ideais são como estrelas:
não podemos alcançá-las,
porém podemos nos
orientar por elas.”
- Carl Schurz -

As estrelas eram vistas pelos homens como deuses, que foram muitas vezes
representados por estes pontos de luz. Os deuses, em contrapartida, usavam as estrelas para enaltecer seus heróis e
dar-lhes um espaço eterno nos céus, onde suas estórias seriam usadas como exemplos de conduta e fé por milhares de
anos, espelhos por onde os mortais deveriam se guiar.

A característica de “guia” das estrelas é presente até hoje: usamos as estrelas
para criar mapas de nossa personalidade e vida, nos mostrando o melhor a se
“Não tenho certeza de
fazer em nosso dia-a-dia, usamos também para navegarmos através dos mares e
nada, mas a visão das
para sabermos quando mudam as estações, por exemplo. Utilizada como padrão
estrelas me faz sonhar.”
geométrico, vista muitas vezes em adereços que decoram desde palácios até
- Vincent Van Gogh mesquitas, a estrela faz referência às qualidades dinâmicas de ordem, harmonia e
unidade que caracterizam as leis da Natureza que regulam o nosso Universo. Em
suas representações, a quantidade de pontas faz diferença entre deidades
mitológicas, hierarquia monástica, direções cardeais, sinais dos tempos, locais sagrados, virtudes a se espelhar.
A estrela é um símbolo tão forte de proteção e esperança que até hoje povoa
nosso mundo, presente nas mais diversas maneiras. Olhamos as estrelas para
fazer um desejo, oramos às estrelas e vemos nelas os fósforos do nosso
firmamento psíquico. Isto me lembra ouvir quando mais nova muitas histórias
sobre estrelas, mas uma delas me marcou: uma fábula de Hans Christian
Andersen, “A Pequena Vendedora de Fósforos”, com uma bela mensagem e
um triste fim.
“Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz”, diz uma canção.
“Quando você pede algo a uma estrela, não faz difença quem você é... Se
seu coração deseja intensamente isto será concedido...”, diz outra. E são
tantas! Presentes na arte, poesia, música, cinema, literatura, todas as
formas de inspiração tem um pouco de poeira de estrelas, como musas que
habilmente abrilhantam os artistas desde o início dos tempos.

"Starry Night over the Rhone", de Vincent Van Gogh (1888)

Nos filmes, por exemplo, elas aparecem em profusão. Um deles trata da questão da Estrela
bem como está presente na carta do Petit Lenormand: “GATTACA” (1997), de Andrew
Niccol, uma ficção científica que aborda as preocupações sobre as tecnologias reprodutivas
que facilitam a eugenia e as possíveis consequências de tais desenvolvimentos tecnológicos
para a sociedade. O personagem de Ethaw Hawke, “Vincent Freeman” (a tradução literal do
sobrenome significa ‘homem livre’, não por acaso), é um homem considerado geneticamente
inferior em seu mundo que assume a identidade de um superior a fim de perseguir seu sonho
de realizar uma viagem espacial. Ele persegue seu sonho por caminhos intrincados, difíceis,
com vários obstáculos, mas não desiste. Sem contar muito do filme, cito apenas uma das
frases de Vincent, como me lembro: “Para alguém que não foi feito para este mundo, está
sendo bem difícil ir embora... Bem, eles nos dizem que todos os átomos de nosso corpo eram
parte de uma estrela. Talvez eu não esteja indo embora... Talvez eu esteja indo para casa.”
Recomendo à todos. Duas curiosidades: ele foi eleito como o filme de ficção científica mais plausível pela NASA. E uma
cena final foi cortada depois de algumas apresentações porque algumas pessoas reagiram mal a ela, sentindo-se
pessoalmente “atingidas”. Eu gosto muito do final que ficou, mas acho uma pena que esta cena tenha sido retirada:
vale a pena assistir para nos lembrarmos de outra visão da Estrela, as pessoas famosas, conhecidas, virtuosos em suas
áreas que ganharam destaque no mundo. Não à toa que a chamada “Calçada da Fama”, em Hollywood, é feita de
estrelas.
Outro filme que (amo!) recomendo é “Stardust” (2007), adptação de Matthew Vaughn
para uma graphic novel de Neil Gaiman, ilustrada lindamente por Charles Vess e
originalmente publicada pela DC Comics em 1998. Para quem puder ler o quadrinho,
recomendo mil vezes mais. A história se passa num mundo fantasioso, onde um muro
delimita uma vila inglesa e o reino mágico de Stormhold. O personagem de Charlie Cox,
“Tristan Thorn”, faz uma promessa para a moça por quem ele esta enamorado ao ver cair
uma estrela, dizendo a ela que irá buscar o mimo como presente, para ganhar de uma vez
por todas o seu coração. A estrela, porém, caiu no outro lado do muro e para surpresa de
Tristan não é só este obstáculo que ele se depara: ela é uma linda donzela chamada
Yvaine. Uma das frases que mais gosto é dita pelo narrador, aqui transcrita como me
recordo: “Um filósofo certa vez se perguntou: ‘Somos humanos porque nós olhamos as
estrelas, ou olhamos para elas porque somos humanos?’ Direto ao ponto, realmente... ‘E
será que as estrelas olhar para baixo?’ – e isto sim é uma boa pergunta.”
E não é mesmo? A partir de então são apresentados os personagens e todos os perigos ligados à contenda de Tristan. E
é interessante perceber como, ao longo da história, Tristan consegue deixar de lado sua existência sem muito sentido e
passa a ser exatamente o que deveria, descobre a sua história e aprende o que é um amor de verdade. Ele se
engrandece ao se encontrar com a estrela Yvaine, e com ela achar o seu lugar no mundo. Como eu disse
anteriormente, e como dizem os antigos, o Universo conspira a favor de tudo o que é verdadeiro em nossa vida e esta é
a mensagem máxima que a Estrela traz.

Mais impressões
A Estrela me é tão querida... Uso o Baralho Lenormand como oráculo desde nova. Por muitas vezes na vida ela me
apareceu como alento, renovando minhas forças. Foram muitas ocasiões, são muitos exemplos. O mais significativo me
lembra minha avó materna (sempre as avós!). Vocês já devem ter escutado esta comparação, onde as pessoas dizem
que serão como estrelas depois que se forem deste plano, sempre olhando pelos entes queridos de lá de cima. Eu
sempre dizia a ela, já idosa, que eu sentia muita falta dela, pois morávamos em estados diferentes. Ela dizia que era
boabagem, essas coisas... Um vez, entretanto, quando eu falei isso ela me disse que nunca estaria longe se “aquela
estrela ali, a que mais brilha, continuasse por lá.” Ela falava da Estrela Vésper, e me mostrou a mesma Estrela no
Baralho Lenormand que ela usava. Viajamos de volta das férias e ela faleceu.
Para mim, a Estrela fala das bênçãos que recebemos, das dádivas do Universo. Por definição,
uma dádiva é algo que se recebe de graça. Uma dádiva pode vir de um alento, um sorriso, um
presente, um agrado... E ela é sempre sincera; se não o for, não é dádiva. Será que você merece?
Será que deve dar algo em troca? Não se grile: lembre-se que dádiva não é “dívida” e nem
“dúvida”, rs... Esses últimos são seus dois extremos: tem gente que recebe dádiva achando que
agora “deve algo” e tem quem receba se perguntando “porque ganhou, o que se esconde através
do gesto”... Uma dádiva não é um ponto de interrogação, muito menos moeda de troca.
Uma as coisas que esta carta me trouxe foi a noção de completude do TODO, que nos é tão
vaga... De acordo com a Teoria Gestáltica, não se pode ter conhecimento do “todo” por meio de
suas partes, pois o todo é maior que a soma de suas partes: “(...) “A + B” não é simplesmente
Lenormand Art Nouveau,
Lo Scarabeo
“(A + B)”, mas sim um terceiro elemento “C”, que possui características próprias”. A Estrela me
traz esta sensação... É algo tão magnífico, tão integro e completo que às vezes não vemos em sua totalidade, mas
pequenas partes que reluzem na vida... Partes estas de felicidade e benesses que temos que honrar sempre que
recebemos. Ou que às vezes vemos somente em partes que reluzem, e nos enganamos, achando que é aquilo e só.
Há também a questão da benção que se ganha quando se está no caminho correto da vida. Aquela sensação que “as
coisas entraram no eixo”, entendem? E você se vê no início do caminho com ares renovados! Joseph Campbell, o
mitólogo norte-americano, tinha uma maravilhosa forma de instigar seus alunos. Quando questionado por eles sobre o
que deveriam fazer na vida ele costumava dizer: “Follow your bliss”. A expressão, marcante no trabalho de Campbell,
não é de fácil tradução para o português. No entanto, no prefácio de seu livro “A Jornada do Herói”, organizado por
Phil Cousineau, esta simples sentença encontra uma maravilhosa tradução, na página 13, em nota de rodapé: "A
palavra 'bliss' é frequentemente traduzida como felicidade. No conceito ‘campbelliano’, porém, representa a busca
pelo caminho pessoal, ainda que nele possamos passar por dores, alegrias, sofrimento ou êxtase". De toda forma,
como continua a nota do escritor: “Bliss é algo que não podemos deixar de fazer, é um chamado.” Quando se chamado
acontece, as coisas se ajeitam abençoadamente! Não desanime e acredite: a Estrela brilha mesmo para todos.

:: POEMA:
"Eu não sei se são verdes
os caminhos por onde ela passa...
Mas quando chega desnuda toda a dor.
Sobre a sombra, se debruça e diz
'te contarei um segredo'
e baixinho sussurra:
- Seja você um grão de areia
ou uma gigante galáxia,
traz em si, no todo,
mais que a soma de suas partes
e terá sempre como guia
a luz que transborda em mim...
Ela é benção, encantantamento;
dos homens, todos os sonhos
e dos deuses, o amor sem fim."
¬ Poema sobre a carta 16, "A Estrela", do
Baralho Petit Lenormand, feito em Julho de 2012.

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A Estrela no Petit Lenormand: símbolo de inspiração e guia

  • 1. :: CARTA 16 | A ESTRELA Por Chris Wolf Ao analisar as cartas do meu oráculo pessoal, o Baralho Petit Lenormand, para iniciar o meu blog sobre este tema eu pensei que deveria começar do começo, sem redundância. Porém, esta carta é tão amada que se impôs. Decidi que seria assim, ela será a primeira e as demais virão aleatoriamente... E daí, por conta de uma excelente ideia de blogagem coletiva vinda de meu ‘irmão’ Emanuel J. Santos, ela vem ao mundo. Eis a Estrela. Carta de número 16 do Petit Lenormand, agregada ao 06 de Copas, a Estrela vem nos falar praticamente as mesmas mensagens, seja na escola européia ou na brasileira. E dentre os muitos símbolos que o Petit Lenormand tem em comum com o Tarô, um deles é a carta da Estrela - que, por muito pouco, não tem o mesmo número! No Tarô, ela é o arcano 17; no Lenormand, a carta 16. Creio que isto só reforça a força que este símbolo tem em nossas vidas. Pixie’s Lenormand (2nd Edition) A Estrela fala do bem maior. Numa consulta ela representa tudo o que está além de nós, a ação do que é transcendental, espiritual, energias elevadas. Fala de inspiração, e transmite paz e serenidade àqueles que a recebem, pois mesmo em meio a mares turbulentos existe algo que nos guia... Ela vem para dizer “não se preocupe, você não está só”. Dizem os antigos que o Universo conspira a favor de tudo o que é verdadeiro em nossa vida, e esta é a mensagem máxima que a Estrela traz. É o sucesso e a prosperidade, mas em todos os sentidos. É uma carta de sorte e proteção. Pode estar mostrando no jogo algo predestinado em nossa vida, é como se fosse a ação do Destino se manifestando na tiragem. A Carta 16 fala de realizações, sorte, inspiração, habilidades específicas... É a “estrela” que carregamos, as nossas potencialidades, nossos dons e habilidades. A Estrela fala do infinito, do que é visionário, de algo “estelar” em nós. Quando ela sai numa consulta nos fala que é chegado o momento de seguir adiante: tenha plena confiança de si mesmo e faça planos, trace metas, pois haverá ajuda, um “empurrãozinho” do céus... Como é bem dito num provérbio persa, “vá e acorde a sua sorte”. Conspire, a seu favor. “Confira tudo que respira conspira.” - Paulo Leminski - Estudo simbólico O simbolismo do Baralho Petit Lenormand é próprio e muito próximo de nós também, fazendo com que ele seja um oráculo do cotidiano. Seus símbolos são atuais até hoje, pois mostram coisas, objetos e itens presentes em nossa vida e facilmente entendíveis e transponíveis por seus leitores. O estudo das lâminas e dos símbolos deste oráculo amplificam os significados e devem sempre ter como ponto de referência o momento onde foram criados e o que significavam naquela época. A meu ver, não se pode fugir da matriz simbólica, tampouco se limitar a ela. Vamos em frente. Eu poderia falar horas sobre ela... É um assunto muito rico. Estudando sobre a Estrela, para um melhor entendimento do símbolo e, consequentemente, da carta e do que ela representa vejo que não há povo no mundo que não tenha projetado nos céus estrelados as principais forças e mitos de seu cosmo. Para muitas culturas, as estrelas exercem influência direta na vida do Homem e o interesse dele por aquilo que se reflete no céu é ancestral, mítico e científico. Uma série de acontecimentos são necessários para se dar nascimento a uma estrela. Nuvens de gás e pó levam milhões de anos para formar uma imensa bola com brilho próprio cuja radiação provém de inúmeras e constantes explosões e reações nucleares em seu núcleo. Essa bola se mantém intacta e unida com
  • 2. outras estrelas e planetas por conta da gravidade de sua matéria escura, e embora Platão a tenha descrito como “a imagem móvel da eternidade”, uma estrela acaba quando seu combustível nuclear se esgota, em uma imensa explosão em si mesma. Ainda assim, ao morrer, ela nos dá mais estrelas, e um brilho que ainda chega até nós anos-luz depois de sua “passagem”. A meu ver, o nascimento de uma estrela é algo tão assombroso e milagroso como o nascimento de uma pérola. É observando a dança das estrelas e as rotas dos planetas que medimos o tempo. Muitas mitologias afirmam que somos feitos delas e que no final dos tempos voltaremos a ser, enquanto para outros povos basta falecermos no mundo que iremos tomar nosso espaço no céu escuro. Estrelas específicas podem ser anjos, fontes de vida, centelhas de luz divina. “Ideais são como estrelas: não podemos alcançá-las, porém podemos nos orientar por elas.” - Carl Schurz - As estrelas eram vistas pelos homens como deuses, que foram muitas vezes representados por estes pontos de luz. Os deuses, em contrapartida, usavam as estrelas para enaltecer seus heróis e dar-lhes um espaço eterno nos céus, onde suas estórias seriam usadas como exemplos de conduta e fé por milhares de anos, espelhos por onde os mortais deveriam se guiar. A característica de “guia” das estrelas é presente até hoje: usamos as estrelas para criar mapas de nossa personalidade e vida, nos mostrando o melhor a se “Não tenho certeza de fazer em nosso dia-a-dia, usamos também para navegarmos através dos mares e nada, mas a visão das para sabermos quando mudam as estações, por exemplo. Utilizada como padrão estrelas me faz sonhar.” geométrico, vista muitas vezes em adereços que decoram desde palácios até - Vincent Van Gogh mesquitas, a estrela faz referência às qualidades dinâmicas de ordem, harmonia e unidade que caracterizam as leis da Natureza que regulam o nosso Universo. Em suas representações, a quantidade de pontas faz diferença entre deidades mitológicas, hierarquia monástica, direções cardeais, sinais dos tempos, locais sagrados, virtudes a se espelhar. A estrela é um símbolo tão forte de proteção e esperança que até hoje povoa nosso mundo, presente nas mais diversas maneiras. Olhamos as estrelas para fazer um desejo, oramos às estrelas e vemos nelas os fósforos do nosso firmamento psíquico. Isto me lembra ouvir quando mais nova muitas histórias sobre estrelas, mas uma delas me marcou: uma fábula de Hans Christian Andersen, “A Pequena Vendedora de Fósforos”, com uma bela mensagem e um triste fim. “Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz”, diz uma canção. “Quando você pede algo a uma estrela, não faz difença quem você é... Se seu coração deseja intensamente isto será concedido...”, diz outra. E são tantas! Presentes na arte, poesia, música, cinema, literatura, todas as formas de inspiração tem um pouco de poeira de estrelas, como musas que habilmente abrilhantam os artistas desde o início dos tempos. "Starry Night over the Rhone", de Vincent Van Gogh (1888) Nos filmes, por exemplo, elas aparecem em profusão. Um deles trata da questão da Estrela bem como está presente na carta do Petit Lenormand: “GATTACA” (1997), de Andrew Niccol, uma ficção científica que aborda as preocupações sobre as tecnologias reprodutivas que facilitam a eugenia e as possíveis consequências de tais desenvolvimentos tecnológicos para a sociedade. O personagem de Ethaw Hawke, “Vincent Freeman” (a tradução literal do sobrenome significa ‘homem livre’, não por acaso), é um homem considerado geneticamente inferior em seu mundo que assume a identidade de um superior a fim de perseguir seu sonho de realizar uma viagem espacial. Ele persegue seu sonho por caminhos intrincados, difíceis, com vários obstáculos, mas não desiste. Sem contar muito do filme, cito apenas uma das frases de Vincent, como me lembro: “Para alguém que não foi feito para este mundo, está sendo bem difícil ir embora... Bem, eles nos dizem que todos os átomos de nosso corpo eram parte de uma estrela. Talvez eu não esteja indo embora... Talvez eu esteja indo para casa.”
  • 3. Recomendo à todos. Duas curiosidades: ele foi eleito como o filme de ficção científica mais plausível pela NASA. E uma cena final foi cortada depois de algumas apresentações porque algumas pessoas reagiram mal a ela, sentindo-se pessoalmente “atingidas”. Eu gosto muito do final que ficou, mas acho uma pena que esta cena tenha sido retirada: vale a pena assistir para nos lembrarmos de outra visão da Estrela, as pessoas famosas, conhecidas, virtuosos em suas áreas que ganharam destaque no mundo. Não à toa que a chamada “Calçada da Fama”, em Hollywood, é feita de estrelas. Outro filme que (amo!) recomendo é “Stardust” (2007), adptação de Matthew Vaughn para uma graphic novel de Neil Gaiman, ilustrada lindamente por Charles Vess e originalmente publicada pela DC Comics em 1998. Para quem puder ler o quadrinho, recomendo mil vezes mais. A história se passa num mundo fantasioso, onde um muro delimita uma vila inglesa e o reino mágico de Stormhold. O personagem de Charlie Cox, “Tristan Thorn”, faz uma promessa para a moça por quem ele esta enamorado ao ver cair uma estrela, dizendo a ela que irá buscar o mimo como presente, para ganhar de uma vez por todas o seu coração. A estrela, porém, caiu no outro lado do muro e para surpresa de Tristan não é só este obstáculo que ele se depara: ela é uma linda donzela chamada Yvaine. Uma das frases que mais gosto é dita pelo narrador, aqui transcrita como me recordo: “Um filósofo certa vez se perguntou: ‘Somos humanos porque nós olhamos as estrelas, ou olhamos para elas porque somos humanos?’ Direto ao ponto, realmente... ‘E será que as estrelas olhar para baixo?’ – e isto sim é uma boa pergunta.” E não é mesmo? A partir de então são apresentados os personagens e todos os perigos ligados à contenda de Tristan. E é interessante perceber como, ao longo da história, Tristan consegue deixar de lado sua existência sem muito sentido e passa a ser exatamente o que deveria, descobre a sua história e aprende o que é um amor de verdade. Ele se engrandece ao se encontrar com a estrela Yvaine, e com ela achar o seu lugar no mundo. Como eu disse anteriormente, e como dizem os antigos, o Universo conspira a favor de tudo o que é verdadeiro em nossa vida e esta é a mensagem máxima que a Estrela traz. Mais impressões A Estrela me é tão querida... Uso o Baralho Lenormand como oráculo desde nova. Por muitas vezes na vida ela me apareceu como alento, renovando minhas forças. Foram muitas ocasiões, são muitos exemplos. O mais significativo me lembra minha avó materna (sempre as avós!). Vocês já devem ter escutado esta comparação, onde as pessoas dizem que serão como estrelas depois que se forem deste plano, sempre olhando pelos entes queridos de lá de cima. Eu sempre dizia a ela, já idosa, que eu sentia muita falta dela, pois morávamos em estados diferentes. Ela dizia que era boabagem, essas coisas... Um vez, entretanto, quando eu falei isso ela me disse que nunca estaria longe se “aquela estrela ali, a que mais brilha, continuasse por lá.” Ela falava da Estrela Vésper, e me mostrou a mesma Estrela no Baralho Lenormand que ela usava. Viajamos de volta das férias e ela faleceu. Para mim, a Estrela fala das bênçãos que recebemos, das dádivas do Universo. Por definição, uma dádiva é algo que se recebe de graça. Uma dádiva pode vir de um alento, um sorriso, um presente, um agrado... E ela é sempre sincera; se não o for, não é dádiva. Será que você merece? Será que deve dar algo em troca? Não se grile: lembre-se que dádiva não é “dívida” e nem “dúvida”, rs... Esses últimos são seus dois extremos: tem gente que recebe dádiva achando que agora “deve algo” e tem quem receba se perguntando “porque ganhou, o que se esconde através do gesto”... Uma dádiva não é um ponto de interrogação, muito menos moeda de troca. Uma as coisas que esta carta me trouxe foi a noção de completude do TODO, que nos é tão vaga... De acordo com a Teoria Gestáltica, não se pode ter conhecimento do “todo” por meio de suas partes, pois o todo é maior que a soma de suas partes: “(...) “A + B” não é simplesmente Lenormand Art Nouveau, Lo Scarabeo “(A + B)”, mas sim um terceiro elemento “C”, que possui características próprias”. A Estrela me traz esta sensação... É algo tão magnífico, tão integro e completo que às vezes não vemos em sua totalidade, mas
  • 4. pequenas partes que reluzem na vida... Partes estas de felicidade e benesses que temos que honrar sempre que recebemos. Ou que às vezes vemos somente em partes que reluzem, e nos enganamos, achando que é aquilo e só. Há também a questão da benção que se ganha quando se está no caminho correto da vida. Aquela sensação que “as coisas entraram no eixo”, entendem? E você se vê no início do caminho com ares renovados! Joseph Campbell, o mitólogo norte-americano, tinha uma maravilhosa forma de instigar seus alunos. Quando questionado por eles sobre o que deveriam fazer na vida ele costumava dizer: “Follow your bliss”. A expressão, marcante no trabalho de Campbell, não é de fácil tradução para o português. No entanto, no prefácio de seu livro “A Jornada do Herói”, organizado por Phil Cousineau, esta simples sentença encontra uma maravilhosa tradução, na página 13, em nota de rodapé: "A palavra 'bliss' é frequentemente traduzida como felicidade. No conceito ‘campbelliano’, porém, representa a busca pelo caminho pessoal, ainda que nele possamos passar por dores, alegrias, sofrimento ou êxtase". De toda forma, como continua a nota do escritor: “Bliss é algo que não podemos deixar de fazer, é um chamado.” Quando se chamado acontece, as coisas se ajeitam abençoadamente! Não desanime e acredite: a Estrela brilha mesmo para todos. :: POEMA: "Eu não sei se são verdes os caminhos por onde ela passa... Mas quando chega desnuda toda a dor. Sobre a sombra, se debruça e diz 'te contarei um segredo' e baixinho sussurra: - Seja você um grão de areia ou uma gigante galáxia, traz em si, no todo, mais que a soma de suas partes e terá sempre como guia a luz que transborda em mim... Ela é benção, encantantamento; dos homens, todos os sonhos e dos deuses, o amor sem fim." ¬ Poema sobre a carta 16, "A Estrela", do Baralho Petit Lenormand, feito em Julho de 2012.