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PROFESSORA MADALENA A BORDO

Divulgação da minha participação, como "professora a bordo", na Campanha
EMEPC/M@rBis/SELVAGENS 2010, 1 a 17 de Junho


Dia 1

 À chegada, sou apanhada de surpresa: viajar numa caravela nunca me passou pela
cabeça, nem sequer sabia que ainda navegavam…e assim, embarco nesta aventura.

 Sob um calor abrasador fazemos os preparativos para partir. Já está tudo pronto. Na
breve reunião o imediato explica o papel de cada um a bordo e a responsabilidade que
lhe cabe na navegação. Também nos informam do sistema de separação do lixo. A
nossa, é uma embarcação ecológica!

 Partimos ao cair da tarde. Com a Mónica, o Nelson e o João Baracho (chefe do Q1)
tomo posição à proa.
 O vento sopra forte: abrir pano! Pela primeira vez ocupo o meu lugar na 1ª
carregadeira a contar da proa, a estibordo.




         A nossa caravela quinhentista – Vera Cruz


 Depois de cumpridas todas as tarefas podemos apreciar a paisagem e vemos pela
“primeira vez”, Ponte 25 de Abril, Torre de Belém … e depois o mar. Mas já anoiteceu
e é hora de jantar, todos se sentam à volta da grande mesa e temos tempo para
conversarmos e nos conhecermos.

 A grande Lua vermelha não ofusca as estrelas, visíveis em grande número. O quarto
começou às 5h e o amanhecer encontra-me ao leme, na tarefa mais difícil de todas as
que me cabem. A iluminação a bombordo indica-nos a presença de terra, que ainda
nos irá acompanhar por algum tempo.
Dia 2

 De manhã avistamos o promontório de Sagres. Tiro umas fotografias e faço uma
última chamada para terra. A partir daqui estamos por nossa conta.




         O promontório de Sagres

 O balancé continua, bombordo, estibordo. O Sol prometido não aparece. Aparece o
vento! Abrir pano, de novo.

 Depois de um excelente jantar vamos logo dormir. O quarto começa às 2h e é
preciso descansar até lá. Os que terminam o quarto acordam-nos e nós vestimo-nos,
rapidamente, mas a rigor: camisola polar, gorro, corta-vento, luvas (e colete salva-
vidas), porque as noites são muito frias e estamos ao ar livre. O quarto decorre
calmamente, só há alguma actividade quando nos cruzamos com outro navio. Dormir
de novo até à hora de levantar, às 7h30. O pequeno almoço está na mesa às 8h e não
quero falhar.
Dia 3

 Só mar. Só vento. Só azul.
 Quem tem tempo livre instala-se na proa e desfruta do sol, do mar e do ar puro.
 O acontecimento do dia são os golfinhos. Muitos. Acompanham-nos por momentos.
A Catarina não perde a oportunidade e regista estas imagens.




            Os golfinhos.                          Foto da Catarina


  O quarto hoje começa ao meio dia e por isso temos de pôr a mesa e lavar a louça.
Enquanto isso, Adriana Calcanhoto ecoa no convés:
 “… Ah, se eu fosse marinheiro
era eu quem tinha partido
mas meu coração ligeiro
não se teria partido
Ou se partisse colava
com cola de maresia…”

 A maresia e a cor do mar que está em todo lado, o (verdadeiro) azul marinho que tem
muitas nuances, mais claro, mais escuro, mais transparente ou menos, mais ou menos
brilhante, mas sempre muito, muito azul. Um azul profundo, intenso e brilhante como
um cristal. Todos tentam registar esta cor espantosa e conservá-la na memória, (quem
sabe se alguma vez voltaremos a navegar…) mas a fotografia não lhe faz justiça.
Mais uma tentativa de registar a cor do mar


 De repente, avistamos uma baleia a bombordo, infelizmente ninguém tem uma
máquina e não dá tempo para a ir buscar. Ela afasta-se e já só vemos um chuveiro
intermitente, qual géiser em pleno oceano!

Depois do jantar temos sessão de astronomia: avistamos Marte, a Ursa maior, a
Estrela polar, … e ensaiamos a navegação pelas estrelas. Do céu desviamos os olhos
para o mar onde as noctilucas* acendem milhares de estrelas.

* Noctiluca é um género de dinoflagelados bioluminescentes em que a emissão de luz
é ativada pelo movimento e portanto as nossas noites foram sempre acompanhadas
por um rasto luminoso.


Dia 4

 Pelas 10h o Sol já brilha intensamente. Uma tartaruga cruza-se connosco.
Terminamos rapidamente as tarefas e vamos para o nosso sítio preferido: a proa, de
onde abarcamos todo o horizonte, o céu e o mar unidos pelo azul que o sol clareia a
cada instante.

 Aula de cartografia náutica. Com mapas e esquadros o chefe de quarto explica-nos
como se determinam com precisão as coordenadas que indicam o nosso caminho.

O sino chama para o almoço. Todos se apressam a sentar-se à mesa. Os que estão
de quarto revezam-se ao leme para todos poderem almoçar.

Depois de almoço dedicamo-nos a pequenas tarefas de manutenção. O sino fica a
brilhar e os outros dourados também refulgem como puro ouro.
O sino da caravela                        Foto de João Baracho

 Monta-se a cana de pesca, mas não temos sorte.
Porto Santo está próximo. Depois de vários dias com o mar como único horizonte, a
perspectiva de avistar terra é emocionante. Fazem-se contas para saber quem vai
estar de quarto quando avistarmos terra pela primeira vez. Partir é bom, mas chegar é
melhor.


Dia 5

 O quarto começa às 5h de uma manhã escura e friorenta. Logo nos apercebemos do
clarão intermitente do farol de Porto Santo. Olhares atentos perscrutam o horizonte
cinzento até que, de repente, lá está: a ilha materializa-se perante os meus olhos, é só
um perfil, longo e irregular, mais escuro do que o céu, mas está lá! Sinto-me como os
marinheiros do século XV quando a avistaram pela primeira vez, sob o comando de
João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira.




            Ao longe, Porto Santo
Quando nos aproximamos podemos ver o tom castanho dourado da vegetação,
revelando um clima árido. As pessoas no cais olham-nos, curiosas, também não
parecem estar familiarizadas com caravelas.

 Depois da acostagem, a refeição junta, pela primeira vez, todos à mesa ao mesmo
tempo.
 A visita à cidade ocupa-nos a tarde. A praia, lindíssima, estende-se pela costa Sul,
numa baía azul e verde.




            A espectacular praia de Porto Santo


 Ao jantar ficamos a conhecer o interior da ilha, onde o dourado só é interrompido pelo
verde de alguma árvore ou o branco das casas.


Dia 6

 Depois de uma noite mais longa do que o habitual, (estando o navio atracado, não
fazemos quartos noturnos), acordamos com o tilintar de pratos e canecas. O chefe do
Q1 acorda os retardatários com um carinhoso “meninos”!

Hora de partir - faina geral: todos aos seus postos. Depois de largarmos há que içar as
vergas. Com o trabalho sincronizado de todos e comandados pelo imediato,
rapidamente terminamos a tarefa e rumamos à Madeira que mal se vislumbra, pela
proa, num matinal novelo de nuvens. Mais ao lado, as misteriosas Desertas.

 Coberta por uma densa floresta verde, a Madeira é muito diferente do Porto Santo.
Como viajamos de norte, contornamos grande parte da ilha até alcançarmos o
Funchal, mas aqui o verde deu lugar a muitas cores, já que o casario trepou encosta
acima e em alguns locais já quase atingiu o topo.
 No que já se tornou uma rotina, a manobra de acostagem exige a colaboração de
todos. Quando chegamos o navio oceanográfico NRP Gago Coutinho já está atracado
à nossa frente.
O porto situa-se em frente ao Funchal e à noite deslumbramo-nos com o mar de luzes
que pontilha toda a encosta.




             A cidade do Funchal vista do porto, à noite


Dia 7

 O dia amanhece soalheiro, mas as nuvens cedo fazem a sua aparição. Apesar disso
o tempo está quente e agradável. A manhã é dedicada ao reabastecimento e à visita à
lavandaria da marina, já que ainda temos muitos dias de navegação pela frente.
 Em seguida, vamos ao Gago Coutinho para ver o Rov Luso – robot capaz de operar a
grandes profundidades. Ouvimos as explicações sobre o seu funcionamento e ficamos
a saber que pode recolher todo o tipo de amostras e captar imagens com alta
definição.




             A estrela da expedição: o rov luso
De tarde, os que vão desembarcar visitam a cidade. Eu permaneço a bordo.
 Chega o NTM Creoula. À noite reunimo-nos num jantar muito animado, de reencontro
de todos aqueles que viajaram em navios diferentes. Todos estão ansiosos por partir e
iniciar a investigação.


Dia 8

 Grande agitação no convés: a bagagem dos que partem, a bagagem dos que
chegam, os que chegam, os que partem, os que permanecem… na confusão, partem
as malas dos que chegam, mas com um telefonema lá as recuperamos. Afinal os
telemóveis têm alguma utilidade.
 As formalidades que dão início à expedição incluem um almoço servido no cais, a que
todos comparecemos. Durante este convívio conheço os recém-chegados, entre os
quais estão duas professoras, Beatriz e Carla que me vão acompanhar durante o resto
da viagem. No fim de almoço vamos à cidade assistir à sessão solene de inauguração
da expedição.




             Uma linda praça no Funchal


 Quando regressamos a bordo, ao fim da tarde, há mais uma reunião, para os novos
embarcados, voltam as explicações da rotina a bordo e os termos estranhos:
carregadeira, orça, arriar a mezena, abrir pano… No fim de jantar partimos para Sul,
em direcção às Selvagens: Selvagem Grande e Selvagem Pequena.


Dia 9

 No início da manhã o vento sopra favorável, e progredimos rapidamente. Uma chuva
miudinha acompanha-nos, assim como o mar que entra e sai do convés como de sua
casa.

 No fim do almoço o Sol aparece e o mar, agitado, exibe de novo aquela fantástica
cor,” …todo de lapis lazúli e coral…”. A tarde decorre calma, trava-se conhecimento
com os novos embarcadiços que se integram com facilidade. À conversa, ficamos a
conhecer-nos melhor e a saber o que cada um faz. Com as instruções pacientes do
chefe do Q1, lá nos iniciamos na difícil arte de fazer nós, primeiro volta de fiel e depois
lais de guia.

 O Creoula e o Gago Coutinho já nos passaram. Seguimos atrás, à velocidade de 4
nós, a este ritmo chegaremos dentro de 10 horas.
Como o céu está limpo passo muito tempo a admirar as estrelas; a pouca luz artificial
oferece-nos este espectáculo a que os citadinos, como eu, raramente podem assistir.



Dia 10

Por volta das sete acordo e estranho o silêncio. Subo ao convés e a primeira coisa
que vejo, em frente, é a Selvagem Pequena, onde se destaca uma pequena elevação
– Pico do veado.
Do lado esquerdo, o Ilhéu de Fora. Estão todos a tirar fotografias. Corro a buscar a
máquina e junto-me a eles. Explicam-nos que algumas aves - os calcamares, fazem o
ninho no chão e por isso só podemos circular na ilha pelos trilhos autorizados. fotos
Tudo muito sereno e pacífico. O único ruído é o da ondulação.

Do lado esquerdo, o Ilhéu de Fora. Estão todos a tirar fotografias. Corro a buscar a
máquina e junto-me a eles. Explicam-nos que algumas aves - os calcamares, fazem o
ninho no chão e por isso só podemos circular na ilha pelos trilhos autorizados. fotos
Tudo muito sereno e pacífico. O único ruído é o da ondulação.




             O Pico do Veado é o ponto mais alto da ilha.

 Depois do pequeno almoço, começa a actividade, uns partem para a ilha, outros
começam logo a mergulhar. Os fatos usados nos mergulhos são postos a secar ao fim
do dia, conferindo ao convés um aspeto peculiar que se vai repetir durante toda a
estadia.
Dia 11

 Primeiro dia em terra. Desembarcamos numa pequena praia de areia branca e preta,
que é o quartel-general da expedição na ilha. À chegada, por volta das 10h,
encontramos reunida a equipa responsável pelo estudo da zona entre-marés e
participamos desde logo. A reunião é na cabana dos vigilantes, a única construção
existente. A Selvagem Pequena faz parte do Parque Natural da Madeira e tem dois
vigilantes da Natureza que velam pela sua conservação.




         O trilho leva do acampamento à cabana dos vigilantes.
          Foto de Beatriz Oliveira


  O início das actividades no setor 1 (norte) é marcado, de acordo com a maré, para as
17h15. Depois de almoçarmos, a bordo, regressamos e dirigimo-nos ao local
combinado. Este é o mais distante e de mais difícil acesso. Primeiro, o trilho leva-nos
da enseada à casa. Depois desta, continuamos até à bifurcação que dá para o Pico do
Veado, e para o outro lado da ilha, por onde seguimos. A certa altura deixa de haver
trilho: subimos e descemos rochas, enfrentamos as ondas e o piso escorregadio,
(coberto pela alga Padina pavonica), até alcançarmos o setor norte.
   No local recebemos mais algumas indicações (nunca voltar as costas ao mar e usar
calçado adequado) e iniciamos o trabalho de amostragem. Recolhem-se, registam-se
e etiquetam-se grande diversidade de moluscos, algas, peixes, caranguejos. A maré
baixa é breve e o trabalho moroso, quando terminamos já é tarde e o mar ameaça
cortar-nos a retirada.

 À noite estamos muito cansados e é bom ir dormir. Mas por pouco tempo, às 3h
começa mais um quarto.


Dia 12

 Dia dedicado à triagem do material recolhido no dia anterior. Vários grupos começam
a trabalhar. Cada um deles separa e etiqueta os organismos recolhidos de modo a
poderem ser conservados. Os que podem ser imediatamente identificados são logo
registados com o respectivo nome científico, os outros serão identificados
posteriormente, no laboratório. O meu trabalho consiste em colaborar na realização de
um algário.
Durante a pausa de almoço nadamos um pouco e fazemos um piquenique na praia.
Antes de recomeçar o trabalho damos um passeio pela ilha. Vamos ao Pico do Veado,
onde se encontram alguns ninhos de cagarras.




        A nossa presença não perturba a cagarra.            Foto de Beatriz Oliveira


 Continuamos a nossa exploração, sem nunca abandonar os trilhos, e fotografamos
alguns exemplares da fauna terrestre da ilha, as lagartixas, e uma grande diversidade
da flora local constituída por vegetação rasteira.




           A dificuldade em ver a lagartixa deve-se à sua excelente camuflagem
           Foto de Beatriz Oliveira
Vera Cruz e Creoula                   Foto de Beatriz Oliveira


 Depois da caminhada continuamos o trabalho, até nos virem buscar.

À noite, quando subo ao convés deparo com mais uma noite maravilhosamente
estrelada. O tempo passa rapidamente na identificação de estrelas, constelações e
ainda conseguimos ver Marte e Júpiter.


Dia 13

 De novo amostragem, agora no sector 2 – sul.




           A amostragem na zona entre-marés.
A atividade começa cedo, temos de aproveitar a maré baixa. Há uma grande
extensão de rocha a descoberto, onde é visível grande variedade de seres vivos –
paguros (casa-alugada), moluscos (univalves), anémonas, esponjas, estrelas do mar.




           Quadrado de amostragem


 Debaixo das pedras há todo um mundo a descobrir, por exemplo o temível verme de
fogo, que deve o seu nome ao ardor intenso que provoca nos distraídos que lhe
tocam. Também descobrimos um lindíssimo cavaco.




           Verme de fogo: se o virem, não lhe toquem
Aqui está o cavaco. Também lhe chamam “lagosta de pedra”


 Pelo caminho ainda há tempo para perceber a geologia destas ilhas – rochas
vulcânicas escuras, em parte cobertas por sedimentos que evidenciam a erosão a que
estão submetidas.




              A origem vulcânica da ilha é bem visível
De volta à praia aproveitamos ao máximo o intervalo de almoço: banho, piquenique e
um curto descanso.
 De tarde procede-se à triagem dos organismos recolhidos. Durante todo o dia somos
acompanhados por dois jornalistas da Sic, que recolhem imagens e depoimentos para
uma reportagem a transmitir mais tarde.


Dia 14

 O dia começa com um contratempo; o motor do semi-rígido avariou e foi necessário
repará-lo, por isso chegamos um pouco mais tarde. Depois do ritual da hora de
almoço, começamos a triagem.




              O trabalho de triagem            Foto de Beatriz Oliveira


 Munidos de frascos e frasquinhos, etiquetas, fichas de registo, pinças, água salgada e
mais um sem número de outras coisas, lá continuamos a registar minuciosamente os
organismos recolhidos de manhã, desta vez ocupo-me a identificar, registar e
conservar moluscos. O trabalho progride lentamente, pois há muitos organismos a
inventariar. Trabalhamos sentados na areia, em pequenos grupos, protegidos por
coloridos guarda-sóis, disfrutando de uma paisagem deslumbrante.




               O nosso local de trabalho        Foto de Beatriz Oliveira
Quando nos vêm buscar, ao fim da tarde, ficamos a saber que o motor do bote tinha
avariado mais uma vez e que estivemos em risco de ter de pernoitar na ilha.


Dia 15

 Hoje é dia de fazer a limpeza das praias. Inacreditavelmente, esta ilha deserta tem
muito lixo, trazido pelo mar. Encontra-se de tudo: garrafas de plástico, sapatos,
cotonetes, e algo de que já não me recordava – tazos – brindes de plástico para as
crianças, distribuídos nos anos noventa, e que aqui aportaram vindos sabe-se lá de
onde, resíduos de uma civilização distante.




             Lixo no paraíso!                    Foto de Beatriz Oliveira


No fim de almoço continuamos com a triagem, desta vez dos organismos recolhidos
no sector 3: algas, moluscos, caranguejos, ouriços – aqui encontra-se uma espécie
designada diadema com espinhos enormes e que provoca picadas dolorosas aos
mergulhadores.
À hora do jogo de futebol de Portugal com a Costa do Marfim chegam mais visitantes
à ilha. Eu e as minhas colegas optamos por um banho… com sabor a despedida.

Regressamos ao fim da tarde. A forte ondulação origina muitos salpicos e chegamos
a bordo todos molhados.
O comandante decide levantar ferro no fim do jantar e… já estamos de novo a
navegar. Gosto de partir à noite pois assim não vemos o que deixamos para trás.



Dia 16

  Vento forte, 25 a 30 nós. O mar está cada vez mais agitado. A viagem já não é um
calmo passeio. As ondas atravessam o convés. É difícil realizar as tarefas normais,
comer (só agora vejo a utilidade das barras que rodeiam a mesa), lavar a loiça, até no
leme nos desequilibramos com facilidade. O número de nódoas negras aumenta.
Muitos enjoam e por isso cada vez pomos menos lugares na mesa.
O mar não está para brincadeiras!     Foto de Beatriz Oliveira


Dia 17

 Tenho alguma dificuldade em dormir: às vezes parece que as ondas vão partir a
embarcação ao meio, mas não, avançamos rapidamente e, ao amanhecer, já se
vislumbra no céu a claridade que anuncia a Madeira.
 Mal se desenha o contorno escuro da ilha, começa a sinfonia dos telemóveis que
começam a receber, ao mesmo tempo, todas as mensagens atrasadas. Os que estão
acordados começam logo a telefonar, despertando os familiares que, muito longe dali,
ainda dormiam em sossego.
 Por volta das 10h avistamos o Funchal. O mar já não parece o mesmo… muito calmo
e com uma cor totalmente diferente.




            Regresso ao Funchal
Agradecimentos

À equipa de “Professores a bordo” que me proporcionou esta experiência científica
valiosa.
À tripulação da caravela Vera Cruz (APORVELA) que me proporcionou preciosos
momentos de navegação.
Aos autores das fotografias, gentilmente cedidas

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Professora embarca em aventura pelas ilhas atlânticas

  • 1. PROFESSORA MADALENA A BORDO Divulgação da minha participação, como "professora a bordo", na Campanha EMEPC/M@rBis/SELVAGENS 2010, 1 a 17 de Junho Dia 1 À chegada, sou apanhada de surpresa: viajar numa caravela nunca me passou pela cabeça, nem sequer sabia que ainda navegavam…e assim, embarco nesta aventura. Sob um calor abrasador fazemos os preparativos para partir. Já está tudo pronto. Na breve reunião o imediato explica o papel de cada um a bordo e a responsabilidade que lhe cabe na navegação. Também nos informam do sistema de separação do lixo. A nossa, é uma embarcação ecológica! Partimos ao cair da tarde. Com a Mónica, o Nelson e o João Baracho (chefe do Q1) tomo posição à proa. O vento sopra forte: abrir pano! Pela primeira vez ocupo o meu lugar na 1ª carregadeira a contar da proa, a estibordo. A nossa caravela quinhentista – Vera Cruz Depois de cumpridas todas as tarefas podemos apreciar a paisagem e vemos pela “primeira vez”, Ponte 25 de Abril, Torre de Belém … e depois o mar. Mas já anoiteceu e é hora de jantar, todos se sentam à volta da grande mesa e temos tempo para conversarmos e nos conhecermos. A grande Lua vermelha não ofusca as estrelas, visíveis em grande número. O quarto começou às 5h e o amanhecer encontra-me ao leme, na tarefa mais difícil de todas as que me cabem. A iluminação a bombordo indica-nos a presença de terra, que ainda nos irá acompanhar por algum tempo.
  • 2. Dia 2 De manhã avistamos o promontório de Sagres. Tiro umas fotografias e faço uma última chamada para terra. A partir daqui estamos por nossa conta. O promontório de Sagres O balancé continua, bombordo, estibordo. O Sol prometido não aparece. Aparece o vento! Abrir pano, de novo. Depois de um excelente jantar vamos logo dormir. O quarto começa às 2h e é preciso descansar até lá. Os que terminam o quarto acordam-nos e nós vestimo-nos, rapidamente, mas a rigor: camisola polar, gorro, corta-vento, luvas (e colete salva- vidas), porque as noites são muito frias e estamos ao ar livre. O quarto decorre calmamente, só há alguma actividade quando nos cruzamos com outro navio. Dormir de novo até à hora de levantar, às 7h30. O pequeno almoço está na mesa às 8h e não quero falhar.
  • 3. Dia 3 Só mar. Só vento. Só azul. Quem tem tempo livre instala-se na proa e desfruta do sol, do mar e do ar puro. O acontecimento do dia são os golfinhos. Muitos. Acompanham-nos por momentos. A Catarina não perde a oportunidade e regista estas imagens. Os golfinhos. Foto da Catarina O quarto hoje começa ao meio dia e por isso temos de pôr a mesa e lavar a louça. Enquanto isso, Adriana Calcanhoto ecoa no convés: “… Ah, se eu fosse marinheiro era eu quem tinha partido mas meu coração ligeiro não se teria partido Ou se partisse colava com cola de maresia…” A maresia e a cor do mar que está em todo lado, o (verdadeiro) azul marinho que tem muitas nuances, mais claro, mais escuro, mais transparente ou menos, mais ou menos brilhante, mas sempre muito, muito azul. Um azul profundo, intenso e brilhante como um cristal. Todos tentam registar esta cor espantosa e conservá-la na memória, (quem sabe se alguma vez voltaremos a navegar…) mas a fotografia não lhe faz justiça.
  • 4. Mais uma tentativa de registar a cor do mar De repente, avistamos uma baleia a bombordo, infelizmente ninguém tem uma máquina e não dá tempo para a ir buscar. Ela afasta-se e já só vemos um chuveiro intermitente, qual géiser em pleno oceano! Depois do jantar temos sessão de astronomia: avistamos Marte, a Ursa maior, a Estrela polar, … e ensaiamos a navegação pelas estrelas. Do céu desviamos os olhos para o mar onde as noctilucas* acendem milhares de estrelas. * Noctiluca é um género de dinoflagelados bioluminescentes em que a emissão de luz é ativada pelo movimento e portanto as nossas noites foram sempre acompanhadas por um rasto luminoso. Dia 4 Pelas 10h o Sol já brilha intensamente. Uma tartaruga cruza-se connosco. Terminamos rapidamente as tarefas e vamos para o nosso sítio preferido: a proa, de onde abarcamos todo o horizonte, o céu e o mar unidos pelo azul que o sol clareia a cada instante. Aula de cartografia náutica. Com mapas e esquadros o chefe de quarto explica-nos como se determinam com precisão as coordenadas que indicam o nosso caminho. O sino chama para o almoço. Todos se apressam a sentar-se à mesa. Os que estão de quarto revezam-se ao leme para todos poderem almoçar. Depois de almoço dedicamo-nos a pequenas tarefas de manutenção. O sino fica a brilhar e os outros dourados também refulgem como puro ouro.
  • 5. O sino da caravela Foto de João Baracho Monta-se a cana de pesca, mas não temos sorte. Porto Santo está próximo. Depois de vários dias com o mar como único horizonte, a perspectiva de avistar terra é emocionante. Fazem-se contas para saber quem vai estar de quarto quando avistarmos terra pela primeira vez. Partir é bom, mas chegar é melhor. Dia 5 O quarto começa às 5h de uma manhã escura e friorenta. Logo nos apercebemos do clarão intermitente do farol de Porto Santo. Olhares atentos perscrutam o horizonte cinzento até que, de repente, lá está: a ilha materializa-se perante os meus olhos, é só um perfil, longo e irregular, mais escuro do que o céu, mas está lá! Sinto-me como os marinheiros do século XV quando a avistaram pela primeira vez, sob o comando de João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira. Ao longe, Porto Santo
  • 6. Quando nos aproximamos podemos ver o tom castanho dourado da vegetação, revelando um clima árido. As pessoas no cais olham-nos, curiosas, também não parecem estar familiarizadas com caravelas. Depois da acostagem, a refeição junta, pela primeira vez, todos à mesa ao mesmo tempo. A visita à cidade ocupa-nos a tarde. A praia, lindíssima, estende-se pela costa Sul, numa baía azul e verde. A espectacular praia de Porto Santo Ao jantar ficamos a conhecer o interior da ilha, onde o dourado só é interrompido pelo verde de alguma árvore ou o branco das casas. Dia 6 Depois de uma noite mais longa do que o habitual, (estando o navio atracado, não fazemos quartos noturnos), acordamos com o tilintar de pratos e canecas. O chefe do Q1 acorda os retardatários com um carinhoso “meninos”! Hora de partir - faina geral: todos aos seus postos. Depois de largarmos há que içar as vergas. Com o trabalho sincronizado de todos e comandados pelo imediato, rapidamente terminamos a tarefa e rumamos à Madeira que mal se vislumbra, pela proa, num matinal novelo de nuvens. Mais ao lado, as misteriosas Desertas. Coberta por uma densa floresta verde, a Madeira é muito diferente do Porto Santo. Como viajamos de norte, contornamos grande parte da ilha até alcançarmos o Funchal, mas aqui o verde deu lugar a muitas cores, já que o casario trepou encosta acima e em alguns locais já quase atingiu o topo. No que já se tornou uma rotina, a manobra de acostagem exige a colaboração de todos. Quando chegamos o navio oceanográfico NRP Gago Coutinho já está atracado à nossa frente.
  • 7. O porto situa-se em frente ao Funchal e à noite deslumbramo-nos com o mar de luzes que pontilha toda a encosta. A cidade do Funchal vista do porto, à noite Dia 7 O dia amanhece soalheiro, mas as nuvens cedo fazem a sua aparição. Apesar disso o tempo está quente e agradável. A manhã é dedicada ao reabastecimento e à visita à lavandaria da marina, já que ainda temos muitos dias de navegação pela frente. Em seguida, vamos ao Gago Coutinho para ver o Rov Luso – robot capaz de operar a grandes profundidades. Ouvimos as explicações sobre o seu funcionamento e ficamos a saber que pode recolher todo o tipo de amostras e captar imagens com alta definição. A estrela da expedição: o rov luso
  • 8. De tarde, os que vão desembarcar visitam a cidade. Eu permaneço a bordo. Chega o NTM Creoula. À noite reunimo-nos num jantar muito animado, de reencontro de todos aqueles que viajaram em navios diferentes. Todos estão ansiosos por partir e iniciar a investigação. Dia 8 Grande agitação no convés: a bagagem dos que partem, a bagagem dos que chegam, os que chegam, os que partem, os que permanecem… na confusão, partem as malas dos que chegam, mas com um telefonema lá as recuperamos. Afinal os telemóveis têm alguma utilidade. As formalidades que dão início à expedição incluem um almoço servido no cais, a que todos comparecemos. Durante este convívio conheço os recém-chegados, entre os quais estão duas professoras, Beatriz e Carla que me vão acompanhar durante o resto da viagem. No fim de almoço vamos à cidade assistir à sessão solene de inauguração da expedição. Uma linda praça no Funchal Quando regressamos a bordo, ao fim da tarde, há mais uma reunião, para os novos embarcados, voltam as explicações da rotina a bordo e os termos estranhos: carregadeira, orça, arriar a mezena, abrir pano… No fim de jantar partimos para Sul, em direcção às Selvagens: Selvagem Grande e Selvagem Pequena. Dia 9 No início da manhã o vento sopra favorável, e progredimos rapidamente. Uma chuva miudinha acompanha-nos, assim como o mar que entra e sai do convés como de sua casa. No fim do almoço o Sol aparece e o mar, agitado, exibe de novo aquela fantástica cor,” …todo de lapis lazúli e coral…”. A tarde decorre calma, trava-se conhecimento com os novos embarcadiços que se integram com facilidade. À conversa, ficamos a
  • 9. conhecer-nos melhor e a saber o que cada um faz. Com as instruções pacientes do chefe do Q1, lá nos iniciamos na difícil arte de fazer nós, primeiro volta de fiel e depois lais de guia. O Creoula e o Gago Coutinho já nos passaram. Seguimos atrás, à velocidade de 4 nós, a este ritmo chegaremos dentro de 10 horas. Como o céu está limpo passo muito tempo a admirar as estrelas; a pouca luz artificial oferece-nos este espectáculo a que os citadinos, como eu, raramente podem assistir. Dia 10 Por volta das sete acordo e estranho o silêncio. Subo ao convés e a primeira coisa que vejo, em frente, é a Selvagem Pequena, onde se destaca uma pequena elevação – Pico do veado. Do lado esquerdo, o Ilhéu de Fora. Estão todos a tirar fotografias. Corro a buscar a máquina e junto-me a eles. Explicam-nos que algumas aves - os calcamares, fazem o ninho no chão e por isso só podemos circular na ilha pelos trilhos autorizados. fotos Tudo muito sereno e pacífico. O único ruído é o da ondulação. Do lado esquerdo, o Ilhéu de Fora. Estão todos a tirar fotografias. Corro a buscar a máquina e junto-me a eles. Explicam-nos que algumas aves - os calcamares, fazem o ninho no chão e por isso só podemos circular na ilha pelos trilhos autorizados. fotos Tudo muito sereno e pacífico. O único ruído é o da ondulação. O Pico do Veado é o ponto mais alto da ilha. Depois do pequeno almoço, começa a actividade, uns partem para a ilha, outros começam logo a mergulhar. Os fatos usados nos mergulhos são postos a secar ao fim do dia, conferindo ao convés um aspeto peculiar que se vai repetir durante toda a estadia.
  • 10. Dia 11 Primeiro dia em terra. Desembarcamos numa pequena praia de areia branca e preta, que é o quartel-general da expedição na ilha. À chegada, por volta das 10h, encontramos reunida a equipa responsável pelo estudo da zona entre-marés e participamos desde logo. A reunião é na cabana dos vigilantes, a única construção existente. A Selvagem Pequena faz parte do Parque Natural da Madeira e tem dois vigilantes da Natureza que velam pela sua conservação. O trilho leva do acampamento à cabana dos vigilantes. Foto de Beatriz Oliveira O início das actividades no setor 1 (norte) é marcado, de acordo com a maré, para as 17h15. Depois de almoçarmos, a bordo, regressamos e dirigimo-nos ao local combinado. Este é o mais distante e de mais difícil acesso. Primeiro, o trilho leva-nos da enseada à casa. Depois desta, continuamos até à bifurcação que dá para o Pico do Veado, e para o outro lado da ilha, por onde seguimos. A certa altura deixa de haver trilho: subimos e descemos rochas, enfrentamos as ondas e o piso escorregadio, (coberto pela alga Padina pavonica), até alcançarmos o setor norte. No local recebemos mais algumas indicações (nunca voltar as costas ao mar e usar calçado adequado) e iniciamos o trabalho de amostragem. Recolhem-se, registam-se e etiquetam-se grande diversidade de moluscos, algas, peixes, caranguejos. A maré baixa é breve e o trabalho moroso, quando terminamos já é tarde e o mar ameaça cortar-nos a retirada. À noite estamos muito cansados e é bom ir dormir. Mas por pouco tempo, às 3h começa mais um quarto. Dia 12 Dia dedicado à triagem do material recolhido no dia anterior. Vários grupos começam a trabalhar. Cada um deles separa e etiqueta os organismos recolhidos de modo a poderem ser conservados. Os que podem ser imediatamente identificados são logo registados com o respectivo nome científico, os outros serão identificados posteriormente, no laboratório. O meu trabalho consiste em colaborar na realização de um algário.
  • 11. Durante a pausa de almoço nadamos um pouco e fazemos um piquenique na praia. Antes de recomeçar o trabalho damos um passeio pela ilha. Vamos ao Pico do Veado, onde se encontram alguns ninhos de cagarras. A nossa presença não perturba a cagarra. Foto de Beatriz Oliveira Continuamos a nossa exploração, sem nunca abandonar os trilhos, e fotografamos alguns exemplares da fauna terrestre da ilha, as lagartixas, e uma grande diversidade da flora local constituída por vegetação rasteira. A dificuldade em ver a lagartixa deve-se à sua excelente camuflagem Foto de Beatriz Oliveira
  • 12. Vera Cruz e Creoula Foto de Beatriz Oliveira Depois da caminhada continuamos o trabalho, até nos virem buscar. À noite, quando subo ao convés deparo com mais uma noite maravilhosamente estrelada. O tempo passa rapidamente na identificação de estrelas, constelações e ainda conseguimos ver Marte e Júpiter. Dia 13 De novo amostragem, agora no sector 2 – sul. A amostragem na zona entre-marés.
  • 13. A atividade começa cedo, temos de aproveitar a maré baixa. Há uma grande extensão de rocha a descoberto, onde é visível grande variedade de seres vivos – paguros (casa-alugada), moluscos (univalves), anémonas, esponjas, estrelas do mar. Quadrado de amostragem Debaixo das pedras há todo um mundo a descobrir, por exemplo o temível verme de fogo, que deve o seu nome ao ardor intenso que provoca nos distraídos que lhe tocam. Também descobrimos um lindíssimo cavaco. Verme de fogo: se o virem, não lhe toquem
  • 14. Aqui está o cavaco. Também lhe chamam “lagosta de pedra” Pelo caminho ainda há tempo para perceber a geologia destas ilhas – rochas vulcânicas escuras, em parte cobertas por sedimentos que evidenciam a erosão a que estão submetidas. A origem vulcânica da ilha é bem visível
  • 15. De volta à praia aproveitamos ao máximo o intervalo de almoço: banho, piquenique e um curto descanso. De tarde procede-se à triagem dos organismos recolhidos. Durante todo o dia somos acompanhados por dois jornalistas da Sic, que recolhem imagens e depoimentos para uma reportagem a transmitir mais tarde. Dia 14 O dia começa com um contratempo; o motor do semi-rígido avariou e foi necessário repará-lo, por isso chegamos um pouco mais tarde. Depois do ritual da hora de almoço, começamos a triagem. O trabalho de triagem Foto de Beatriz Oliveira Munidos de frascos e frasquinhos, etiquetas, fichas de registo, pinças, água salgada e mais um sem número de outras coisas, lá continuamos a registar minuciosamente os organismos recolhidos de manhã, desta vez ocupo-me a identificar, registar e conservar moluscos. O trabalho progride lentamente, pois há muitos organismos a inventariar. Trabalhamos sentados na areia, em pequenos grupos, protegidos por coloridos guarda-sóis, disfrutando de uma paisagem deslumbrante. O nosso local de trabalho Foto de Beatriz Oliveira
  • 16. Quando nos vêm buscar, ao fim da tarde, ficamos a saber que o motor do bote tinha avariado mais uma vez e que estivemos em risco de ter de pernoitar na ilha. Dia 15 Hoje é dia de fazer a limpeza das praias. Inacreditavelmente, esta ilha deserta tem muito lixo, trazido pelo mar. Encontra-se de tudo: garrafas de plástico, sapatos, cotonetes, e algo de que já não me recordava – tazos – brindes de plástico para as crianças, distribuídos nos anos noventa, e que aqui aportaram vindos sabe-se lá de onde, resíduos de uma civilização distante. Lixo no paraíso! Foto de Beatriz Oliveira No fim de almoço continuamos com a triagem, desta vez dos organismos recolhidos no sector 3: algas, moluscos, caranguejos, ouriços – aqui encontra-se uma espécie designada diadema com espinhos enormes e que provoca picadas dolorosas aos mergulhadores. À hora do jogo de futebol de Portugal com a Costa do Marfim chegam mais visitantes à ilha. Eu e as minhas colegas optamos por um banho… com sabor a despedida. Regressamos ao fim da tarde. A forte ondulação origina muitos salpicos e chegamos a bordo todos molhados. O comandante decide levantar ferro no fim do jantar e… já estamos de novo a navegar. Gosto de partir à noite pois assim não vemos o que deixamos para trás. Dia 16 Vento forte, 25 a 30 nós. O mar está cada vez mais agitado. A viagem já não é um calmo passeio. As ondas atravessam o convés. É difícil realizar as tarefas normais, comer (só agora vejo a utilidade das barras que rodeiam a mesa), lavar a loiça, até no leme nos desequilibramos com facilidade. O número de nódoas negras aumenta. Muitos enjoam e por isso cada vez pomos menos lugares na mesa.
  • 17. O mar não está para brincadeiras! Foto de Beatriz Oliveira Dia 17 Tenho alguma dificuldade em dormir: às vezes parece que as ondas vão partir a embarcação ao meio, mas não, avançamos rapidamente e, ao amanhecer, já se vislumbra no céu a claridade que anuncia a Madeira. Mal se desenha o contorno escuro da ilha, começa a sinfonia dos telemóveis que começam a receber, ao mesmo tempo, todas as mensagens atrasadas. Os que estão acordados começam logo a telefonar, despertando os familiares que, muito longe dali, ainda dormiam em sossego. Por volta das 10h avistamos o Funchal. O mar já não parece o mesmo… muito calmo e com uma cor totalmente diferente. Regresso ao Funchal
  • 18. Agradecimentos À equipa de “Professores a bordo” que me proporcionou esta experiência científica valiosa. À tripulação da caravela Vera Cruz (APORVELA) que me proporcionou preciosos momentos de navegação. Aos autores das fotografias, gentilmente cedidas