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INVESTIGAÇÃO DO NÍVEL DE STRESS E QUALIDADE
DE VIDA NA POLÍCIA MILITAR NA CIDADE DE JOÃO
                   PESSOA
Investigation of the level of stress and quality of life in the
military police in the city of João Pessoa


Resumo
O aumento da violência põe em destaque a atuação dos policiais agentes de
segurança pública. O exercício da profissão de policial leva esses indivíduos
diariamente a enfrentarem contingências de muito desgaste psicológico. A
Organização Mundial de Saúde considera desde o ano de 1998 a profissão de
policial militar a segunda mais estressante de todas. Existe então a
necessidade de esses profissionais apresentarem a capacidade de perceber,
compreender e controlar suas emoções, o que pode propiciar melhor manejo
do stress, a fim de administrá-lo de maneira adaptável para si e para o meio em
que vivem. Oferecer-lhes, contudo uma maior qualidade de vida no trabalho
(QVT) é fator relevante para sua atuação. A partir dessas considerações, este
estudo buscou investigar a Qualidade de Vida no Trabalho e Estresse
Ocupacional de membros da Policia Militar da Cidade de João Pessoa-PB.
Participaram da pesquisa 178 policiais militares com idades variando de 18 a
acima 40 anos. Utilizou-se como instrumentos, duas escalas que avaliam os
sintomas de stress e a QVT, propostas por Lipp e Eda Fernandes
respectivamente. Foram avaliados os sintomas de estresse quanto a faixa
etária, ao tipo (se físico, psicológico), e o nível de satisfação sobre a QVT.
Encontrou-se que 56% dos participantes possuem sintomas de estresse, e o
tipo predominante é o psicológico. Foi confirmado que quanto maior a idade
associada ao tempo de serviço na Corporação, menor o nível de estresse, e
aumenta a percepção da QVT. Uma vez confirmada tal relação para o caso
 estudado, este trabalho de pesquisa traz algumas contribuições: do ponto de
vista teórico, amplia o debate sobre estresse e QVT, que nos modelos
propostos para estudos de QVT se contemplem elementos relacionados ao
estresse e vice-versa. Do ponto de vista prático, esta pesquisa se apresenta
como uma importante fonte de informação para elaboração e reestruturação
das políticas e estratégias da área de gestão de pessoas.


Palavras chave: Stress. Qualidade De Vida. Trabalho. Policial Militar.


Abstract
The increase of the violence puts in prominence the actions of Public Security
Police. The occupation of these individuals leads police to cope with daily
contingencies of a lot of psychological wasteain. The World Health Organization
considers since 1998 military policeman's profession the second most stressful
of all. Thus, there is a need for such professionals to present the ability to
perceive, understand and control their emotions, which can provide better
management of stress in order to manage it in an adaptable way for themselves
and for the environment in which they live. Offer them, a higher quality of work
life (QVT) is a relevant factor for their performance. Starting from those
considerations, this study investigates the Quality of Workink Life and
Occupational Stress of members of the Military Police of the City of João
Pessoa. Participants of the research were 178 policemen, with ages varying
above of 18 and 40 years old. We used as instruments, two scales that assess
symptoms of stress and QVT, proposed by Lipp and Eda Fernandes
respectively. The symptoms of stress realtive age, the type (if physical,
psychological), and level of satisfaction on QVT were analyzed. The research
verified that 56% of the participants have stress symptoms, and the
predominant type is the psychological. It was confirmed that as greater increase
the age associated to the time of service in the Corporation, lower the stress
level, and increases the perception of QVT. Once confirmed such relationship
for the studied case, this research provides some contributions: of the
theoretical point of view, expands the debate on stress and QVT, thus proposed
models for the studies of QVT, contemplate elements related to stress and
contrariwise. Under practical point of view, this research presents as an
important source of information for elaboration and restructuring of the politics
and strategies in the area of people management.



Keywords: Stress. Quality of Life. Work. Military Police
Introdução


      As preocupações com o bem estar das pessoas no trabalho existiram
desde a antiguidade. Porém, os primeiros estudos centrados nos aspectos
sobre Qualidade de vida no trabalho (QVT), foram realizados na década de
trinta com a Teoria das Relações Humanas, em contraposição as condições
desumanas, proporcionadas pelo uso dos métodos de racionalização do
trabalho propostos principalmente pelo Taylorismo. Variáveis como a
motivação, o moral, a liderança democrática, o treinamento, a participação,
entre outras, se apresentam como dimensões da qualidade de vida no trabalho.
(VIEIRA, 1996). A QVT é avaliada por quatro indicadores: econômico, político,
psicológico e sociológico. Os estudos propostos por Westley (1979)
contemplam que devem ser avaliadas as condições de trabalho, saúde, moral,
compensação, participação, comunicação, imagem da empresa, relação chefe,
organização do trabalho, considerando a relevância de um ambiente que
proporcione uma melhor QVT e a redução da presença de agentes
estressores.
      O stress é um desgaste geral do organismo ocasionado por alterações
psicofisiológicas diante de situações que despertem emoções, tanto boas
quanto más, que exijam mudanças. Essas situações constituem fontes de
stress chamadas estressores e podem ter causas internas (geradas no próprio
indivíduo, criadas e relacionadas ao tipo de personalidade) e externas (eventos
que ocorrem na vida da pessoa, podendo ser agradáveis ou desagradáveis
(LIPP 2000). O stress em si não é considerado uma doença, mas poderá se
transformar em um potencial desencadeador de doenças. A abrangência do
trabalho policial militar é ampla, atuando em todos os segmentos da sociedade,
mas principalmente, quando as ações preventivas não são suficientes e se faz
necessário agir reativamente, o policial tem que trabalhar com determinados
componentes da sociedade que são marginalizados e excluídos.
Essa linha tênue entre o “bem e o mal” traz ao policial militar um
estresse sobrecomum. Com isso, a sobrecarga psíquica traz ao policial
síndromes e transtornos que não interferem apenas na qualidade de seu
trabalho, mas também em sua vida pessoal, trazendo conseqüências a todo o
seu núcleo familiar. Além de lidar diretamente com fatias marginalizadas da
sociedade, o policial está suscetível, no que se refere ao público interno, ao
assédio moral e aos mais diversos tipos de pressões no ambiente de trabalho.
Com isso tendem a apresentar um alto índice de stress, pois são expostos ao
perigo, à agressão e à violência, precisando intervir em situações
problemáticas de muita tensão. O presente estudo visou verificar se existe
relação entre a Qualidade de Vida no trabalho e o stress.


Método


       Tratou-se de um estudo de campo do tipo descritivo, numa abordagem
quantitativa.


Amostra


       A população investigada são membros da Polícia Militar na Cidade de
João Pessoa-PB, que possui um efetivo de 1.131 policiais que atuam
diretamente nas ruas. Participaram da pesquisa 178 policiais sendo 150
homens e 28 mulheres, com idades variando de 18 a acima de 40 anos.


Instrumentos


       As informações foram obtidas através de aplicação de dois tipos de
questionários estruturados.
O primeiro questionário destinado a verificar a percepção da QVT teve
como base o modelo proposto por FERNANDES (1996): “Auditoria Operacional
de RH para a Melhoria da Qualidade de Vida”, onde são considerados nove
blocos, cada um contendo quatro variáveis, excetuando-se o primeiro bloco,
que contemplava apenas uma variável. O segundo questionário destinado a
identificar a presença (ou não presença) de sintomas de estresse, baseou-se
integralmente no modelo proposto por LIPP (2000): “Inventário de Sintomas de
Stress para Adultos”. Esse teste é constituído de um caderno de aplicação com
53 sintomas divididos em três quadros O primeiro quadro, composto de 15
itens refere-se aos sintomas físicos ou psicológicos que a pessoa tenha
experimentado nas últimas 24 horas. O segundo, composto de dez sintomas
físicos e cinco psicológicos, está relacionado aos sintomas experimentados na
última semana. E o terceiro quadro, composto de 12 sintomas físicos e 11
psicológicos, refere-se a sintomas experimentados no último mês. Alguns dos
sintomas que aparecem no quadro 1 voltam a aparecer no quadro 3, mas com
intensidade diferente. Após a contagem bruta dos sintomas assinalados pelo
examinando, consulta-se uma tabela de porcentagens para diagnosticar se a
pessoa apresenta ou não stress.


Análises


      Utilizou-se para a análise o pacote estatístico Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS), utilizando-se da estatística descritiva e inferencial.


Procedimentos


      Sessões foram marcadas para aplicação dos dois testes, mediante
explicação aos participantes sobre a finalidade da pesquisa, bem como foi
entregue o termo de consentimento para que autorizassem ou não suas
participações na pesquisa. Os dados foram coletados de forma individual e a
aplicação alcançou uma média de 20 minutos.


Resultados e Discussões


      Quanto à QVT, consideraram-se as médias dos indivíduos por domínio,
são eles: seu posicionamento pessoal dentro do trabalho, as condições de
trabalho, a saúde no trabalho, o aspecto moral dentro do trabalho, a
compensação e motivação.
 No outro instrumento sobre o nível de estresse (Lipp 2002) as informações
foram categorizadas através da observação de freqüência e presença de
sintomas físicos e psicológicos as fases de: Fase de Alerta: é a fase positiva do
estresse, quando a pessoa automaticamente se prepara para a ação. A Fase
de Resistência: se a fase de alerta é mantida por períodos muito prolongados
ou se novos estressores se acumulam. E a Fase de Exaustão: quando a
tensão excede o limite do gerenciável, a resistência física e emocional começa
a se quebrar.


      Na figura 1 será demonstrado o índice de estresse encontrado nos
policiais militares. Quanto a avaliação da presença de sintoma de estresse,
observa-se que 56% dos pesquisados apresentaram tais sintomas. Para
Romano (1996) o trabalho na polícia militar pode ser uma fonte importante de
estresse, pois esses indivíduos diariamente enfrentam contingências de muito
desgaste psicológico.
Figura 1: índice de estresse nos policiais militares




       A figura 2 mostra as fases de estresse em que se encontram os policiais.
Eles se encontram em três fases distintas de estresse: 1% está na fase de
alerta; 72% na fase de resistência/quase exaustão e 27% na fase de exaustão.
       De acordo com os dados observa-se que maior parte está na fase de
resistência/quase exaustão. Segundo LIPP (2000), a persistência em
freqüência e intensidade dos fatores estressantes, ao passo em que o indivíduo
não consegue adaptar-se ou resistir aos elementos estressores, pode levar a
uma quebra de resistência e a um processo de adoecimento. Segundo a
autora, iniciando pelos órgãos com maior vulnerabilidade genética ou adquirida,
passando a exibir sinais de deterioração. Caso não haja a remoção de fatores
estressores ou pelo uso de estratégias de enfrentamento, o estresse poderá
evoluir para a fase de exaustão, conforme observado a seguir:
Figura 2: fases de estresse



       Quanto aos tipos de sintomas de estresse apresentados, observou-se
que: 49% apresentam sintomas psicológicos, 41% apresentam sintomas físicos
e 10% apresentam dupla tendência (físico e psicológico).
   O   quadro     de    estresse   presente   na   Corporação   é   manifestado,
individualmente por sintomas mentais, principalmente por sofrimento psíquico e
falta de energia vital. Em suas atividades diárias o policial enfrenta
contingências de muito desgaste psicológico, considerados profissionais de
grupos de risco (LIPP, 2000). Em contrapartida, as manifestações físicas de
estresse encontram-se mais baixas, no entanto a presença de manifestações
mentais em níveis elevados pode alterar o estado físico, à medida que haja a
somatização destas, conforme a figura 3:
Figura 3: sintomas de estresse




       A seguir pode-se observar a distribuição do estresse por faixa etária.
Desta forma verificou-se o sintoma de estresse nos militares de 18 a 40
anos. Este alto índice nesta faixa etária, provavelmente se deu por
apresentarem em sua maioria características pessoais de elevada
competitividade e ênfase em objetivos, características estas que são
utilizadas na realização dos objetivos institucionais e manutenção da ordem
organizacional.
   Já nos indivíduos acima de 40 anos com predomínio de maior tempo na
Corporação, observa-se um menor índice de estresse, provavelmente,
devido a uma certa estabilidade profissional.
Figura 4: Relação entre faixa etária e nível de estresse dos militares




      Para uma análise mais geral sobre a percepção da QVT por todos os
indivíduos entrevistados, considerou-se o cálculo de um índice geral de
percepção da QVT, o qual foi obtido a partir da média das respostas médias
associadas aos 178 entrevistados.
   O índice geral encontrado foi 2,81. Considerando este índice podemos
verificar que se encontra no intervalo de percepção um pouco abaixo da
média, considerando a mediana igual a 3. Neste sentido o índice geral de
QVT da amostra estudada, representa uma média baixa de satisfação
acerca da QVT por parte dos entrevistados.
   O menor índice encontrado na avaliação corresponde a compensação e
motivação, que demonstra ser imprescindível a realização de um programa
eficiente de cargos e salários que venha a contribuir com o aumento do
nível de satisfação da Corporação, conforme verificado Na tabela 1:
Média    DP
                    MÉDIA GERAL                    2,81    0,82
           SEU POSICIONAMENTO PESSOAL
                                                   3,10    1,085
                DENTRO TRABALHO
          QUANTO AS SUAS CONDIÇÕES DE
                                                   2,72    1,140
                   TRABALHO
        EM RELAÇÃO A SAÚDE NO TRABALHO             2,74    1,096
        QUANTO AO ASPECTO MORAL DENTRO
                                                   3,09    1,131
                 DO TRABALHO
             QUANTO A COMPENSAÇÃO E
                                                   2,42    1,143
                   MOTIVAÇÃO




   Quadro 1: médias de percepção da QVT



    Após uma categorização dos dados intervalares da QVT, tomando
como referência os intervalos propostos para avaliar os resultados da
escala utilizada, chegou-se aos seguintes resultados: 5% dos pesquisados
estão no intervalo de 1 a 2 representando uma percepção de QVT
insatisfatória; 31% dos pesquisados estão no intervalo entre 2 a 3 que
indicam uma percepção de QVT mediana e 64% entre 3 a 5 representando
uma percepção satisfatória, conforme a figura 5:
Figura 5: nível de satisfação sobre a QVT



      No quadro a seguir a análise revelou que quanto maior a percepção da
QVT      por   parte     dos     militares,       principalmente    no     que   tange   ao
posicionamento pessoal dentro no trabalho e a compensação e motivação,
menor será a possibilidade da presença de sintomas de estresse,
confirmando que existe uma relação entre se ter uma melhor percepção da
QVT e o estresse ocupacional, que aponta propensão a níveis mais altos de
estresse nesse tipo de população em razão do trabalho que exercem (LIPP
2000).


                                         tem
                                      estresse?    Média     DP           P
           SEU POSICIONAMENTO            sim        2,92    1,017        0,01
           PESSOAL DENTRO
                                        não         3,33    1,129
           TRABALHO
           QUANTO A                    sim      2,20      1,069       0,00
           COMPENSAÇÃO E
                                       não      2,70      1,181
           MOTIVAÇÃO
           Quadro 2: relação de percepção da QVT X sintomas de estresse
Esta tabela mostra que o nível de satisfação aumenta com a idade
associado ao tempo de serviço. Com o tempo, o estresse vai diminuindo e a
satisfação vai aumentando, provavelmente por além de se adaptarem melhor
ao regime militar, também vão alcançando maiores patentes, gratificações
salariais, etc.



                                                         media      DP            p
            SEU                    DE 18 A 30 ANOS        2,76     1,10
            POSICIONAMENTO         DE 31 A 40 ANOS        3,20     1,03
            PESSOAL DENTRO                                                   0,00
            TRABALHO               ACIMA DE 40 ANOS       3,38     1,04
                                   Total                  3,10     1,08
            QUANTO AS SUAS         DE 18 A 30 ANOS        2,49     1,00      0,00
            CONDIÇÕES DE           DE 31 A 40 ANOS        2,58     1,13
            TRABALHO
                                   ACIMA DE 40 ANOS       3,21     1,18
                                   Total                  2,72     1,14
            EM RELAÇÃO A           DE 18 A 30 ANOS        2,86     1,07      0,02
            SAÚDE NO               DE 31 A 40 ANOS        2,46     1,11
            TRABALHO
                                   ACIMA DE 40 ANOS       2,98     1,02
                                   Total                  2,74     1,09
            QUANTO A               DE 18 A 30 ANOS        2,08     0,896     0,00
            COMPENSAÇÃO E          DE 31 A 40 ANOS        2,48     1,22
            MOTIVAÇÃO
                                   ACIMA DE 40 ANOS       2,75     1,19
                                    Total              2,42         1,14
            Quadro 3: idade associada a percepção da QVT e sintomas de estresse




       Analisando a tabela 4, pode-se concluir que existe a relação entre
percepção de QVT e presença de sintomas de estresse. Tratando de verificar
uma possível relação entre a percepção de QVT e a presença de sintomas de
estresse, um teste Qui-quadrado foi aplicado.
       A figura abaixo revela que aqueles indivíduos que apresentam sintomas
de estresse, tendem a pontuar uma satisfação mais medianamente do que
aqueles que não possuem estresse, provavelmente por se mostrarem apáticos
quanto a sua percepção de QVT. A chance de o indivíduo apresentar sintomas
de estresse diminui à medida que o nível de percepção de QVT aumenta.
Figura 6: análise quanto a percepção da QVT com sintomas de estresse
Considerações Finais


      Contudo os resultados desta pesquisa mostraram que existe uma
relação entre a percepção de QVT e a presença de sintomas de estresse, ou
seja, aqueles que possuem estresse apresentam uma percepção sobre sua
QVT de forma mediana, principalmente por se mostrarem apáticos em relação
a suas próprias QVT.
      Aqueles que não possuem sintomas de estresse se mostraram mais
satisfeitos quanto a percepção de QVT, Verificou-se que com a idade
associada ao tempo de serviço na Corporação o nível de estresse diminui e a
satisfação quanto a percepção da QVT vai aumentando, sendo considerado
este resultado como um dos principais dados obtidos durante a pesquisa. Uma
vez confirmada tal relação para o caso estudado, este trabalho de pesquisa
traz algumas contribuições: do ponto de vista teórico, amplia o debate sobre
estresse e QVT, que nos modelos propostos para estudos de QVT se
contemplem elementos relacionados ao estresse e vice-versa. Do ponto de
vista prático, esta pesquisa se apresenta como uma importante fonte de
informação para elaboração e reestruturação das políticas e estratégias da
área de gestão de pessoas.
      Com relação às recomendações decorrentes desta pesquisa, no que se
refere ao estresse ocupacional e a melhoria da qualidade de vida na Polícia
Militar de João Pessoa-PB, é importante repensar a organização do trabalho.
      Para o indivíduo é importante participar do processo de trabalho como
um todo, sendo essencial que estes percebam significado no que fazem e se
percebam como parte integrante do processo. Para uma tentativa de relação
entre o processo de trabalho e o trabalhador, poderão ser criados meios
através dos quais seja dada, aos policiais de todos os níveis hierárquicos, a
possibilidade de maior expressão e de serem ouvidos, estabelecendo assim
um canal de comunicação eficaz e sincero dentro da PMJP. Um treinamento e
tratamento adequados pode ainda resgatar a auto-estima destes policiais que
há muito se encontra perdida, bem como a sua imagem diante da sociedade
que também se encontra desacreditada.
É importante que sejam realizados treinamentos em equipes, tanto para
os praças quanto para os oficiais, já que todos trabalham em conjunto e
necessitam de uma inter-relação apropriada para tal. Da mesma forma torna-se
imprescindível a realização de um programa eficiente de cargos e salários que
venha a contribuir como aumento de satisfação da Corporação, diminuindo ou
até mesmo extinguindo a necessidade de realização de trabalhos extras, que
contribuam para o equilíbrio da renda familiar.
Referências Bibliográficas:


FERNANDES, Eda. Qualidade de vida no trabalho como medir para
melhorar, 2ª ed. Salvador, Casa da Qualidade, 1996.

LIPP, Marilda N. Manual do inventário de sintomas de stress para adultos. 2º
ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.


LIPP,Marilda N e colaboradores. Como enfrentar o stress. 5ª Ed. São Paulo:
Ícone; Campinas, Unicamp, 2002.

VIEIRA, A. Qualidade de vida no trabalho e o controle da qualidade total.
Florianópolis: Insular, 1996.

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ARTIGO - Por Fabrício Oliveira

  • 1. INVESTIGAÇÃO DO NÍVEL DE STRESS E QUALIDADE DE VIDA NA POLÍCIA MILITAR NA CIDADE DE JOÃO PESSOA Investigation of the level of stress and quality of life in the military police in the city of João Pessoa Resumo O aumento da violência põe em destaque a atuação dos policiais agentes de segurança pública. O exercício da profissão de policial leva esses indivíduos diariamente a enfrentarem contingências de muito desgaste psicológico. A Organização Mundial de Saúde considera desde o ano de 1998 a profissão de policial militar a segunda mais estressante de todas. Existe então a necessidade de esses profissionais apresentarem a capacidade de perceber, compreender e controlar suas emoções, o que pode propiciar melhor manejo do stress, a fim de administrá-lo de maneira adaptável para si e para o meio em que vivem. Oferecer-lhes, contudo uma maior qualidade de vida no trabalho (QVT) é fator relevante para sua atuação. A partir dessas considerações, este estudo buscou investigar a Qualidade de Vida no Trabalho e Estresse Ocupacional de membros da Policia Militar da Cidade de João Pessoa-PB. Participaram da pesquisa 178 policiais militares com idades variando de 18 a acima 40 anos. Utilizou-se como instrumentos, duas escalas que avaliam os sintomas de stress e a QVT, propostas por Lipp e Eda Fernandes respectivamente. Foram avaliados os sintomas de estresse quanto a faixa etária, ao tipo (se físico, psicológico), e o nível de satisfação sobre a QVT. Encontrou-se que 56% dos participantes possuem sintomas de estresse, e o
  • 2. tipo predominante é o psicológico. Foi confirmado que quanto maior a idade associada ao tempo de serviço na Corporação, menor o nível de estresse, e aumenta a percepção da QVT. Uma vez confirmada tal relação para o caso estudado, este trabalho de pesquisa traz algumas contribuições: do ponto de vista teórico, amplia o debate sobre estresse e QVT, que nos modelos propostos para estudos de QVT se contemplem elementos relacionados ao estresse e vice-versa. Do ponto de vista prático, esta pesquisa se apresenta como uma importante fonte de informação para elaboração e reestruturação das políticas e estratégias da área de gestão de pessoas. Palavras chave: Stress. Qualidade De Vida. Trabalho. Policial Militar. Abstract The increase of the violence puts in prominence the actions of Public Security Police. The occupation of these individuals leads police to cope with daily contingencies of a lot of psychological wasteain. The World Health Organization considers since 1998 military policeman's profession the second most stressful of all. Thus, there is a need for such professionals to present the ability to perceive, understand and control their emotions, which can provide better management of stress in order to manage it in an adaptable way for themselves and for the environment in which they live. Offer them, a higher quality of work life (QVT) is a relevant factor for their performance. Starting from those considerations, this study investigates the Quality of Workink Life and Occupational Stress of members of the Military Police of the City of João Pessoa. Participants of the research were 178 policemen, with ages varying above of 18 and 40 years old. We used as instruments, two scales that assess symptoms of stress and QVT, proposed by Lipp and Eda Fernandes respectively. The symptoms of stress realtive age, the type (if physical,
  • 3. psychological), and level of satisfaction on QVT were analyzed. The research verified that 56% of the participants have stress symptoms, and the predominant type is the psychological. It was confirmed that as greater increase the age associated to the time of service in the Corporation, lower the stress level, and increases the perception of QVT. Once confirmed such relationship for the studied case, this research provides some contributions: of the theoretical point of view, expands the debate on stress and QVT, thus proposed models for the studies of QVT, contemplate elements related to stress and contrariwise. Under practical point of view, this research presents as an important source of information for elaboration and restructuring of the politics and strategies in the area of people management. Keywords: Stress. Quality of Life. Work. Military Police
  • 4. Introdução As preocupações com o bem estar das pessoas no trabalho existiram desde a antiguidade. Porém, os primeiros estudos centrados nos aspectos sobre Qualidade de vida no trabalho (QVT), foram realizados na década de trinta com a Teoria das Relações Humanas, em contraposição as condições desumanas, proporcionadas pelo uso dos métodos de racionalização do trabalho propostos principalmente pelo Taylorismo. Variáveis como a motivação, o moral, a liderança democrática, o treinamento, a participação, entre outras, se apresentam como dimensões da qualidade de vida no trabalho. (VIEIRA, 1996). A QVT é avaliada por quatro indicadores: econômico, político, psicológico e sociológico. Os estudos propostos por Westley (1979) contemplam que devem ser avaliadas as condições de trabalho, saúde, moral, compensação, participação, comunicação, imagem da empresa, relação chefe, organização do trabalho, considerando a relevância de um ambiente que proporcione uma melhor QVT e a redução da presença de agentes estressores. O stress é um desgaste geral do organismo ocasionado por alterações psicofisiológicas diante de situações que despertem emoções, tanto boas quanto más, que exijam mudanças. Essas situações constituem fontes de stress chamadas estressores e podem ter causas internas (geradas no próprio indivíduo, criadas e relacionadas ao tipo de personalidade) e externas (eventos que ocorrem na vida da pessoa, podendo ser agradáveis ou desagradáveis (LIPP 2000). O stress em si não é considerado uma doença, mas poderá se transformar em um potencial desencadeador de doenças. A abrangência do trabalho policial militar é ampla, atuando em todos os segmentos da sociedade, mas principalmente, quando as ações preventivas não são suficientes e se faz necessário agir reativamente, o policial tem que trabalhar com determinados componentes da sociedade que são marginalizados e excluídos.
  • 5. Essa linha tênue entre o “bem e o mal” traz ao policial militar um estresse sobrecomum. Com isso, a sobrecarga psíquica traz ao policial síndromes e transtornos que não interferem apenas na qualidade de seu trabalho, mas também em sua vida pessoal, trazendo conseqüências a todo o seu núcleo familiar. Além de lidar diretamente com fatias marginalizadas da sociedade, o policial está suscetível, no que se refere ao público interno, ao assédio moral e aos mais diversos tipos de pressões no ambiente de trabalho. Com isso tendem a apresentar um alto índice de stress, pois são expostos ao perigo, à agressão e à violência, precisando intervir em situações problemáticas de muita tensão. O presente estudo visou verificar se existe relação entre a Qualidade de Vida no trabalho e o stress. Método Tratou-se de um estudo de campo do tipo descritivo, numa abordagem quantitativa. Amostra A população investigada são membros da Polícia Militar na Cidade de João Pessoa-PB, que possui um efetivo de 1.131 policiais que atuam diretamente nas ruas. Participaram da pesquisa 178 policiais sendo 150 homens e 28 mulheres, com idades variando de 18 a acima de 40 anos. Instrumentos As informações foram obtidas através de aplicação de dois tipos de questionários estruturados.
  • 6. O primeiro questionário destinado a verificar a percepção da QVT teve como base o modelo proposto por FERNANDES (1996): “Auditoria Operacional de RH para a Melhoria da Qualidade de Vida”, onde são considerados nove blocos, cada um contendo quatro variáveis, excetuando-se o primeiro bloco, que contemplava apenas uma variável. O segundo questionário destinado a identificar a presença (ou não presença) de sintomas de estresse, baseou-se integralmente no modelo proposto por LIPP (2000): “Inventário de Sintomas de Stress para Adultos”. Esse teste é constituído de um caderno de aplicação com 53 sintomas divididos em três quadros O primeiro quadro, composto de 15 itens refere-se aos sintomas físicos ou psicológicos que a pessoa tenha experimentado nas últimas 24 horas. O segundo, composto de dez sintomas físicos e cinco psicológicos, está relacionado aos sintomas experimentados na última semana. E o terceiro quadro, composto de 12 sintomas físicos e 11 psicológicos, refere-se a sintomas experimentados no último mês. Alguns dos sintomas que aparecem no quadro 1 voltam a aparecer no quadro 3, mas com intensidade diferente. Após a contagem bruta dos sintomas assinalados pelo examinando, consulta-se uma tabela de porcentagens para diagnosticar se a pessoa apresenta ou não stress. Análises Utilizou-se para a análise o pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), utilizando-se da estatística descritiva e inferencial. Procedimentos Sessões foram marcadas para aplicação dos dois testes, mediante explicação aos participantes sobre a finalidade da pesquisa, bem como foi entregue o termo de consentimento para que autorizassem ou não suas
  • 7. participações na pesquisa. Os dados foram coletados de forma individual e a aplicação alcançou uma média de 20 minutos. Resultados e Discussões Quanto à QVT, consideraram-se as médias dos indivíduos por domínio, são eles: seu posicionamento pessoal dentro do trabalho, as condições de trabalho, a saúde no trabalho, o aspecto moral dentro do trabalho, a compensação e motivação. No outro instrumento sobre o nível de estresse (Lipp 2002) as informações foram categorizadas através da observação de freqüência e presença de sintomas físicos e psicológicos as fases de: Fase de Alerta: é a fase positiva do estresse, quando a pessoa automaticamente se prepara para a ação. A Fase de Resistência: se a fase de alerta é mantida por períodos muito prolongados ou se novos estressores se acumulam. E a Fase de Exaustão: quando a tensão excede o limite do gerenciável, a resistência física e emocional começa a se quebrar. Na figura 1 será demonstrado o índice de estresse encontrado nos policiais militares. Quanto a avaliação da presença de sintoma de estresse, observa-se que 56% dos pesquisados apresentaram tais sintomas. Para Romano (1996) o trabalho na polícia militar pode ser uma fonte importante de estresse, pois esses indivíduos diariamente enfrentam contingências de muito desgaste psicológico.
  • 8. Figura 1: índice de estresse nos policiais militares A figura 2 mostra as fases de estresse em que se encontram os policiais. Eles se encontram em três fases distintas de estresse: 1% está na fase de alerta; 72% na fase de resistência/quase exaustão e 27% na fase de exaustão. De acordo com os dados observa-se que maior parte está na fase de resistência/quase exaustão. Segundo LIPP (2000), a persistência em freqüência e intensidade dos fatores estressantes, ao passo em que o indivíduo não consegue adaptar-se ou resistir aos elementos estressores, pode levar a uma quebra de resistência e a um processo de adoecimento. Segundo a autora, iniciando pelos órgãos com maior vulnerabilidade genética ou adquirida, passando a exibir sinais de deterioração. Caso não haja a remoção de fatores estressores ou pelo uso de estratégias de enfrentamento, o estresse poderá evoluir para a fase de exaustão, conforme observado a seguir:
  • 9. Figura 2: fases de estresse Quanto aos tipos de sintomas de estresse apresentados, observou-se que: 49% apresentam sintomas psicológicos, 41% apresentam sintomas físicos e 10% apresentam dupla tendência (físico e psicológico). O quadro de estresse presente na Corporação é manifestado, individualmente por sintomas mentais, principalmente por sofrimento psíquico e falta de energia vital. Em suas atividades diárias o policial enfrenta contingências de muito desgaste psicológico, considerados profissionais de grupos de risco (LIPP, 2000). Em contrapartida, as manifestações físicas de estresse encontram-se mais baixas, no entanto a presença de manifestações mentais em níveis elevados pode alterar o estado físico, à medida que haja a somatização destas, conforme a figura 3:
  • 10. Figura 3: sintomas de estresse A seguir pode-se observar a distribuição do estresse por faixa etária. Desta forma verificou-se o sintoma de estresse nos militares de 18 a 40 anos. Este alto índice nesta faixa etária, provavelmente se deu por apresentarem em sua maioria características pessoais de elevada competitividade e ênfase em objetivos, características estas que são utilizadas na realização dos objetivos institucionais e manutenção da ordem organizacional. Já nos indivíduos acima de 40 anos com predomínio de maior tempo na Corporação, observa-se um menor índice de estresse, provavelmente, devido a uma certa estabilidade profissional.
  • 11. Figura 4: Relação entre faixa etária e nível de estresse dos militares Para uma análise mais geral sobre a percepção da QVT por todos os indivíduos entrevistados, considerou-se o cálculo de um índice geral de percepção da QVT, o qual foi obtido a partir da média das respostas médias associadas aos 178 entrevistados. O índice geral encontrado foi 2,81. Considerando este índice podemos verificar que se encontra no intervalo de percepção um pouco abaixo da média, considerando a mediana igual a 3. Neste sentido o índice geral de QVT da amostra estudada, representa uma média baixa de satisfação acerca da QVT por parte dos entrevistados. O menor índice encontrado na avaliação corresponde a compensação e motivação, que demonstra ser imprescindível a realização de um programa eficiente de cargos e salários que venha a contribuir com o aumento do nível de satisfação da Corporação, conforme verificado Na tabela 1:
  • 12. Média DP MÉDIA GERAL 2,81 0,82 SEU POSICIONAMENTO PESSOAL 3,10 1,085 DENTRO TRABALHO QUANTO AS SUAS CONDIÇÕES DE 2,72 1,140 TRABALHO EM RELAÇÃO A SAÚDE NO TRABALHO 2,74 1,096 QUANTO AO ASPECTO MORAL DENTRO 3,09 1,131 DO TRABALHO QUANTO A COMPENSAÇÃO E 2,42 1,143 MOTIVAÇÃO Quadro 1: médias de percepção da QVT Após uma categorização dos dados intervalares da QVT, tomando como referência os intervalos propostos para avaliar os resultados da escala utilizada, chegou-se aos seguintes resultados: 5% dos pesquisados estão no intervalo de 1 a 2 representando uma percepção de QVT insatisfatória; 31% dos pesquisados estão no intervalo entre 2 a 3 que indicam uma percepção de QVT mediana e 64% entre 3 a 5 representando uma percepção satisfatória, conforme a figura 5:
  • 13. Figura 5: nível de satisfação sobre a QVT No quadro a seguir a análise revelou que quanto maior a percepção da QVT por parte dos militares, principalmente no que tange ao posicionamento pessoal dentro no trabalho e a compensação e motivação, menor será a possibilidade da presença de sintomas de estresse, confirmando que existe uma relação entre se ter uma melhor percepção da QVT e o estresse ocupacional, que aponta propensão a níveis mais altos de estresse nesse tipo de população em razão do trabalho que exercem (LIPP 2000). tem estresse? Média DP P SEU POSICIONAMENTO sim 2,92 1,017 0,01 PESSOAL DENTRO não 3,33 1,129 TRABALHO QUANTO A sim 2,20 1,069 0,00 COMPENSAÇÃO E não 2,70 1,181 MOTIVAÇÃO Quadro 2: relação de percepção da QVT X sintomas de estresse
  • 14. Esta tabela mostra que o nível de satisfação aumenta com a idade associado ao tempo de serviço. Com o tempo, o estresse vai diminuindo e a satisfação vai aumentando, provavelmente por além de se adaptarem melhor ao regime militar, também vão alcançando maiores patentes, gratificações salariais, etc. media DP p SEU DE 18 A 30 ANOS 2,76 1,10 POSICIONAMENTO DE 31 A 40 ANOS 3,20 1,03 PESSOAL DENTRO 0,00 TRABALHO ACIMA DE 40 ANOS 3,38 1,04 Total 3,10 1,08 QUANTO AS SUAS DE 18 A 30 ANOS 2,49 1,00 0,00 CONDIÇÕES DE DE 31 A 40 ANOS 2,58 1,13 TRABALHO ACIMA DE 40 ANOS 3,21 1,18 Total 2,72 1,14 EM RELAÇÃO A DE 18 A 30 ANOS 2,86 1,07 0,02 SAÚDE NO DE 31 A 40 ANOS 2,46 1,11 TRABALHO ACIMA DE 40 ANOS 2,98 1,02 Total 2,74 1,09 QUANTO A DE 18 A 30 ANOS 2,08 0,896 0,00 COMPENSAÇÃO E DE 31 A 40 ANOS 2,48 1,22 MOTIVAÇÃO ACIMA DE 40 ANOS 2,75 1,19 Total 2,42 1,14 Quadro 3: idade associada a percepção da QVT e sintomas de estresse Analisando a tabela 4, pode-se concluir que existe a relação entre percepção de QVT e presença de sintomas de estresse. Tratando de verificar uma possível relação entre a percepção de QVT e a presença de sintomas de estresse, um teste Qui-quadrado foi aplicado. A figura abaixo revela que aqueles indivíduos que apresentam sintomas de estresse, tendem a pontuar uma satisfação mais medianamente do que aqueles que não possuem estresse, provavelmente por se mostrarem apáticos quanto a sua percepção de QVT. A chance de o indivíduo apresentar sintomas de estresse diminui à medida que o nível de percepção de QVT aumenta.
  • 15. Figura 6: análise quanto a percepção da QVT com sintomas de estresse
  • 16. Considerações Finais Contudo os resultados desta pesquisa mostraram que existe uma relação entre a percepção de QVT e a presença de sintomas de estresse, ou seja, aqueles que possuem estresse apresentam uma percepção sobre sua QVT de forma mediana, principalmente por se mostrarem apáticos em relação a suas próprias QVT. Aqueles que não possuem sintomas de estresse se mostraram mais satisfeitos quanto a percepção de QVT, Verificou-se que com a idade associada ao tempo de serviço na Corporação o nível de estresse diminui e a satisfação quanto a percepção da QVT vai aumentando, sendo considerado este resultado como um dos principais dados obtidos durante a pesquisa. Uma vez confirmada tal relação para o caso estudado, este trabalho de pesquisa traz algumas contribuições: do ponto de vista teórico, amplia o debate sobre estresse e QVT, que nos modelos propostos para estudos de QVT se contemplem elementos relacionados ao estresse e vice-versa. Do ponto de vista prático, esta pesquisa se apresenta como uma importante fonte de informação para elaboração e reestruturação das políticas e estratégias da área de gestão de pessoas. Com relação às recomendações decorrentes desta pesquisa, no que se refere ao estresse ocupacional e a melhoria da qualidade de vida na Polícia Militar de João Pessoa-PB, é importante repensar a organização do trabalho. Para o indivíduo é importante participar do processo de trabalho como um todo, sendo essencial que estes percebam significado no que fazem e se percebam como parte integrante do processo. Para uma tentativa de relação entre o processo de trabalho e o trabalhador, poderão ser criados meios através dos quais seja dada, aos policiais de todos os níveis hierárquicos, a possibilidade de maior expressão e de serem ouvidos, estabelecendo assim um canal de comunicação eficaz e sincero dentro da PMJP. Um treinamento e tratamento adequados pode ainda resgatar a auto-estima destes policiais que há muito se encontra perdida, bem como a sua imagem diante da sociedade que também se encontra desacreditada.
  • 17. É importante que sejam realizados treinamentos em equipes, tanto para os praças quanto para os oficiais, já que todos trabalham em conjunto e necessitam de uma inter-relação apropriada para tal. Da mesma forma torna-se imprescindível a realização de um programa eficiente de cargos e salários que venha a contribuir como aumento de satisfação da Corporação, diminuindo ou até mesmo extinguindo a necessidade de realização de trabalhos extras, que contribuam para o equilíbrio da renda familiar.
  • 18. Referências Bibliográficas: FERNANDES, Eda. Qualidade de vida no trabalho como medir para melhorar, 2ª ed. Salvador, Casa da Qualidade, 1996. LIPP, Marilda N. Manual do inventário de sintomas de stress para adultos. 2º ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. LIPP,Marilda N e colaboradores. Como enfrentar o stress. 5ª Ed. São Paulo: Ícone; Campinas, Unicamp, 2002. VIEIRA, A. Qualidade de vida no trabalho e o controle da qualidade total. Florianópolis: Insular, 1996.